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Nota: 2,0
Questão 1 (valor: 2,0) – Extensão mínima e máxima da resposta: 500 a 1000 palavras.
R. Em relação ao que é teoria, Culler (1999) tem uma concepção extremamente simplista,
como se a teoria ou a busca pela definição de teoria fosse buscar saber quem ou o que é
Odradek em Kafka, como se fosse algo inútil, incógnito, porém, desinteressante. Só bastasse
saber que existe e que está lá, ou não está. Apesar dele reconhecer as diferenças entre textos
literários e não literários, a importância de defini-los é irrelevante para Culller (1999), pois
tanto faz estudar um ou outro. Ainda que eu entenda e concorde, em partes com algumas
dessas concepções relacionadas ao extremo dos estudos de teorias que, às tantas, acabam
sendo irrelevantes em alguns pontos, não acredito que o estudo teórico e a definição do
literário ou não literário ou da literariedade dos textos seja, de fato, sem importância. Acredito
que entender o literário e a teoria é um complemento do conhecimento acerca desse tema que
se engloba a diversos outros estudos de outras esferas de conhecimento e que, apenas
entendendo, em partes ao menos, o que é teoria ou sobre qual perspectiva se estude
determinada teoria é que se pode chegar àquilo que os filósofos céticos chamam de
tranquilidade da alma, a sképsis que começa a partir da inquietação com as incoerências do
mundo.
Além disso, Culler (1999) segue uma linha de raciocínio como se todos os teóricos que
abordam a questão da teoria ou “do que é literatura” estejam engajados na grande descoberta
das Ciências Humanas. A verdade é que essa inquietação com a dificuldade de definir teoria e
de se definir literatura, ou o que é ou não literário, é bastante progressista, ao meu ver, pois a
trajetória da investigação e dos diversos pontos de vista sobre o tema, trazidos ao longo do
tempo, contribuem para que se agregue conhecimentos outros a áreas correlatas como
Antropologia, Sociologia, Psicanálise, Linguagem etc.
Enfim, a investigação trouxe, por exemplo, a concepção de que há um conceito extremamente
importante que é o de literariedade, onde é possível reconhecer textos considerados literários
com pouca literariedade ou textos considerados não literários com uma carga considerável de
literariedade.
Concluindo, teorizar sobre o que é ou não teoria é a metalinguagem da investigação, é
adentrar o conhecimento através do próprio conhecimento, é, acima de tudo, continuar a
investigação e, fazendo um paralelo com Odradek, é ir para além do “qual é seu nome” e do
“onde reside”.
Questão 1 (valor: 2,0) – Extensão mínima e máxima da resposta: 500 a 1000 palavras.
Comparar Platão e Aristóteles é essencial, levando em consideração que Platão foi seu mestre.
Essencial porque ambos têm ideias distintas sobre muitas coisas, apesar de seguirem os
preceitos de Sócrates. É disso que se trata, talvez, a teoria: a observação do mundo, o
conhecimento enquanto troca, a escuta e a contestação de ideias. Aristóteles, em a Poética,
trata do modo de composição do poema mimético através da tragédia e da construção de uma
imagem poética (mímēma) que não pode ser reduzida à imitação, pois seu caráter “verossímil
e necessário” não se trata da experiência objetiva que temos das coisas, mas do efeito
mimético produzido. O mímēma não é uma imagem dos eventos tal qual aconteceram, pois a
imagem poética produz algo de novo, como o caráter enobrecedor da mímēsis trágica.
Em relação aos pontos em comum, acredito que sejam apenas a investigação a partir da
tragédia e a congruência de que a tragédia é mimesis, além da conceituação de mimesis
enquanto imitação.
Comentário: Como fiz muitos apontamentos nos comentários, resolvi não escrever muito mais
aqui, ok? Só um último dado: a abordagem crítica dos texto é super importante, mas não
esqueça que o gênero aqui é de prova, avaliação escrita, etc., e que você tem que atender ao
que foi perguntado no enunciado da questão. Então, procure misturar suas posições críticas
com a resposta efetiva do que foi perguntado.