Você está na página 1de 4

Beatles, beatniks e bitolados.

Esclarecendo Escurecendo o desnecessário, principio com uma tentativa


análoga, substancialmente cabível. Não vamos aqui entender, ou sequer ter
como mote os Beatles, beatniks e nem bitolados. Porém são de grande
importância ilustrativa para o caminho a percorrer. A contracultura. Está que
não pode ser limitada em conceito em um livro, quanto menos em um pequeno
texto, mas ao desenvolver ideias e flanar por esses três “bês”, talvez desperte
uma ideia inicial no que pode representar essa manifestação de quebra com a
massificação das culturas.

Beatniks. Consta ao final da década de 1950, as ideias que semeariam novas


maneiras de pensar. Embatendo com as relações religiosas, o ideário de uma
estabilidade profissional e sua resultante segurança financeira, entre outros
pontos potencialmente reconhecidos como parâmetros sociais, o movimento
denominado beat surge para romper com essas ditas necessidades, e
apresentar um “não padrão” à esses conceitos. Engomados por uma vontade
exacerbada de experimentar novas formas de viver e sentir. Movimentos
sempre paralelos as questões artísticas, literatura e cinema, exatamente nessa
ordem, de se pensar que o intelecto artístico era passado desapercebido por
aqueles que cuidavam da manutenção da “ordem”, visto que a literatura era
insufuciente, sozinha, de atingir a massa, (massificada), já que passava de um
a um seu conteúdo, o cinema dissiminaria com maior prontidão tais pontos a
serem questionados.

Beatles. Quatro garotos de liverpool, que revolucionam a cena rock nos anos
60, onde as convenções já não eram mais sustentadas e as formulas caiam por
agua. Os Beatles são um dos nomes expoentes do que se concretizaria como
contracultura. com a música e outras artes em alta difusão, protestando
incansavelmente contra a guerra no Vietnã, nasce em forma de rock e poesia
uma busca pelo belo, “paz e amor”, ou melhor dizendo all you need is love.
Tirar todo peso estrutural e hierárquico do sistema, criar novas possibilidades,
apostar nas sensibilidades, era a proposta desse novo expoente.

Bitolado. figurado (sentido)•figuradamente; que tem ideias, opiniões ou


conhecimentos estreitos, rígidos, limitados, ultrapassados; quadrado, careta.

Cultura. De conceito amplo, podendo quase se resumir a tudo que não se


refere a natureza, e ainda assim com ressalvas, entendemos cultura como um
ciclo que define um certo ciclo de experiências e vivencias de um determinado
grupo de pessoas. Ainda assim muito amplo para o que queremos dialogar.
Numa citação de Francis Bacon, Terry Eagleton, dentre suas inúmeras
tentativas de canalizar a idéia de cultura nos apresenta uma forma ideal para
levarmos em frente com maior aproveitamento do discurso:
[...]A palavra coulter, que é cognata de cultura, significa a
lamina do arado, derivamos, assim, a palavra que
utilizamos para descrever as mais elevadas atividades
humanas, do trabalho e da agricultura, das colheitas e do
cultivo. Francis bacon escreve sobre “ a cultura e o
abundamento das mentes” numa sugestiva hesitação entre
estrume e distinção mental[...] eagleton. T pag12.

falamos assim para melhor entendimento, sobre a possibilidade da cultura ser


fruto de um cultivo de fato. As perspectivas individuais sobre o quadro
patrimônio do coletivo é o que semea as possíveis “futuras culturas” o quanto
um coletivo é capaz de manter um sentido para qualquer que seja o aspecto, é
o mais próximo que precisamos de enteder cultura nesse momento. Obvio que
não se trata de algo simples, como pode-se pensar em enquadrar essa
concepção de forma geral à um coletivo, para estreitar mais ainda o sentido
dessa cultura recorro a mais uma afirmação de eagleton:

As pessoas que pertecem a um mesmo lugar, profissão ou


geração, não constituem uma cultura, fazem-no apenas
quando começam a partilhar hábitos de linguagem, folclore,
formas de agir, quadros valorativos, uma auto imagem
coletiva. Eagleton. T. pag 56

Teatro. Talvez seja de fato complicado adiantar nosso dialogo, vendo a


utilização de vários termos que não se podem definir com brevidade, tomemos
algum direcionamento para facilitar o caminho para o ponto crucial. Teatro,
uma arte presencial, que acontece apenas uma vez de fato, mesmo que um
espetáculo fique um ano em cartaz, cada apresentação será um novo
espetáculo. A arte de representar, colocando artistas e espectadores em uma
proximidade peculiar, mas assim como os três bês, não é exatamente
conceituar teatro que me interessa. Sobre o nascimento do teatro no brasil,
Décio de almeida Prado se coloca em entender onde exatamente começamos
a fazer teatro.

Se por teatro entendermos espetáculos amadores isolados,


de fins religiosos, ou comemorativos, o seu aparecimento
coincide com a formação da própria nacionalidade[...] se no
entanto, para conferir ao conceito a sua plena expressão,
exigirmos que haja uma certa continuidade de palco, com
escritores, atores e público relativamente estáveis, então o
teatro só terá nascido alguns anos após a independência,
na terceira década do século XX (prado, 1993, p 15)

Relembrando que, a citação de prado refere-se ao nascimento do teato no


brasil. E o trago por concordar em aspectos com isso. No caso a segunda
hipótese que vem a ser mais defendida pelo autor, mas para além disso o que
complemento é o interesse em entender o teatro o mais próximo de hoje
possível. Sempre com caráter questionador, o teatro por si só poderia ser
entendido como contracultura, salvo casos específicos, talvez nem tanto, no
mais, desde os primeiros escritores de teatro brasileiro, desde o surgimento do
encenador no teatro, essa arte traz em si um proposito de ruptura com o
cotidiano, impondo uma reflexão instantânea ao seu público, e esse quesito
nos interessa.

Contracultura. finalizando nossos termos levemente indefinidos, esse ultimo de


maior importância, é o que nos interessa como ponto de partida para a
discussão. A contracultura para roszak segundo as palavras de Chintia Jardim

foi um movimento de jovens interessados pela psicologia


da alienação, pelo misticismo oriental, pelas drogas
psicodélicas e pelas experiências comunitárias cuja
concepção era absolutamente oposta aos valores e
pressupostos que constituíram os pilares da sociedade pelo
menos desde a Revolução Científica do século XVII. (J.
apud Roszak, 1972)

não se resumindo a isso, a contracultura oferece essa possibilidade do


encontro lírico e com a conveniência de conhecer-se melhor, e conhecer outras
manifestações artísticas e culturais, o que é movimentado por grupos como os
hippies nos estados unidos, e logo chega ao brasil, com propostas similares
lançadas por tropicalistas e grupos distintos, se nos estados unidos há pouco
se viu a necessidade de dizer um basta, em relação as guerras, no brasil, a
causa era um pouco mais particular, já que na altura dos anos 60-70
estariamos conhecendo um tempo de ditadura militar, e com isso, censuras e
regimentos que estreitavam as abrangências de cultura no país. O que fascina
no grande acontecimento de contracultura é o seu surgimento não estar ligado
à uma posição política, religiosa ou nada do tipo que se dividia as sociedades
em poder e oposição, o que de fato pega o sistema de surpresa, já que a
alternativa foi não aceitar imposições de táis regras, e muito menos confronta-
las ostensivamente, o que era o papel da esquerda radical do país. Extravasar
no jeito de se vestir, o consumo de drogas as manifestações artísticas de
cunhos amorosos, a libertação do corpo e da sexualidade, de forma
individualizada, mesmo que isso se voltasse para o grupo, foi uma forma de
mobilização contra a massificação das ideias não aceitas pelos mais jovens,
em uma atitude de não se posicionar, isso já era um grande posicionamento.

E hoje.

Você também pode gostar