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SIMULADO ENEM DE REDAÇÃO – 2.

º semestre
Nome: Nº

3ª série PRODUÇÃO E ESTUDO DE TEXTOS – Profa. Luciana Data / 09 /21

INSTRUÇÕES PARA A REDAÇÃO


● O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.

● O texto definitivo deve ser escrito a tinta, na folha própria, em até 40 linhas.

● A redação que apresentar cópia dos textos da proposta de redação ou do caderno de


questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.

● Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a seguir, a redação que:

1. tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada ‘texto insuficiente’.


2. fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo.
3. apresentar parte do texto deliberadamente desconectada do tema proposto (por
exemplo, desenhos, receitas, piadas e intervenções intencionais).
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TEXTOS MOTIVADORES

TEXTO 1.

O hóspede do bispo acordou alta noite. Jean Valjean era oriundo de uma pobre família de
camponeses de Brie. Na sua infância não aprendera a ler. Depois de homem fizera-se podador em
Taverolles. (...) Chegou um inverno muito rigoroso, em que Jean Valjean não encontrou que fazer.
Ficou sem trabalho e a família sem pão. (...) O ladrão largara o pão no caminho durante a corrida, mas
tinha ainda o braço ensanguentado. Era Jean Valjean. Passava-se isto em 1795. Jean Valjean foi levado
aos tribunais daquele tempo "pelo crime de roubo noturno com arrombamento, praticado numa casa
habitada". (...). Os termos do código eram formais. (...). Desde então, tudo o que constituíra a sua
existência até aí se desvaneceu, incluindo o nome; deixou de ser Jean Valjean para ser apenas um
número, o 24601. (...) Jean Valjean entrara para as galés soluçante e trêmulo; saiu de lá impassível.
Entrara angustiado, saiu sombrio. Que se passara naquela alma?

(Victor Hugo, Les Miserables, França, 1862.)

TEXTO 2.

Se um homem superior arrancar o olho de outro homem superior, deverá ter seu olho arrancado.

(Código de Hamurabi, Babilônia, cerca de 3.800 anos atrás)


TEXTO 3.

Quadro geral da população carcerária por faixa etária, segundo levantamento do


SISDEPEN/2020. Note que metade da população é de jovens entre 18 e 29 anos e mais de 60% é
de negros.

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TEXTO 4.

3
TEXTO 5.

Presos provisórios

Em 2017, 37,3% dos encarcerados são formados por presos provisórios (contra 40% do Infopen
2016). Em 2021, embora o Infopen não tenha sido atualizado pelo governo, o levantamento feito com
dados de cada região mostra que a população de presos provisórios está em torno de 31,9% da
população carcerária (746,8 mil).
Os crimes relacionados ao tráfico de drogas em 2016 constituíam a maior incidência que levava
pessoas às prisões, com 28% da população carcerária total. Roubos e furtos somados chegavam a 37%.
Homicídios representavam 11% dos crimes que causaram a prisão. A tendência se manteve no país, até
o ano de 2021. Uma amostra representativa disso está no gráfico abaixo com os dados de estados com
grande população carcerária como o de São Paulo.

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TEXTO 6.

5
(Rebelião na Casa de Detenção do Carandiru em 2001, São Paulo. Nove anos antes, outra rebelião
resultara em massacre quando a intervenção da Polícia Militar do Estado resultou na morte de 111
detentos).

TEXTO 7.

(Brasil é o terceiro país com maior número de pessoas presas, atrás dos Estados Unidos e
China. Foto de Wilson Dias/Agência Brasil)

6
TEXTO 8.

A expansão carcerária é uma ampla e profunda tendência que atinge tanto o Primeiro Mundo
quanto o Segundo Mundo: no quarto de século que se seguiu à publicação de Vigiar e Punir, a taxa de
encarceramento na França, na Itália e na Bélgica duplicou, quase triplicou na Inglaterra, na Suécia e na
Holanda, e quadruplicou nos Estados Unidos. Ela também cresceu espetacularmente na América Latina,
quando o continente fazia a “dupla transição” para a democracia eleitoral e para o mercado global, e
irrompeu na Europa Oriental após o colapso do império soviético. Após a explosão fundacional do
século XVII e da consolidação do século XIX, a virada do século atual pode ser classificada como a
terceira “era do confinamento” que o penologista Thomas Mathiesen (1990) previu por volta de 1990.

(Loic Wacquant, extraído de “Bourdieu, Foucault e o estado penal na era neoliberal”, Revista
Transgressões: Ciências Criminais em Debate. Natal, n. 1, maio de 2015.)

TEXTO 9.

https://aosfatos.org/media/cke_uploads/2019/05/31/sistema-prisional.png. Acesso em 23/08/19.

TEXTO 10.

De tempos em tempos, um presídio brasileiro amanhece coberto de cadáveres. A superlotação


somada à guerra entre facções criminosas pelo domínio do tráfico de drogas costuma ser o disparador
dessas matanças. A última aconteceu em Manaus, cidade notabilizada pelas cadeias especialmente
violentas. Cinquenta e cinco presos foram mortos em uma ação orquestrada que se desenvolveu em
quatro presídios do município entre domingo e segunda-feira 27 [maio/19], se prolongando por 48
horas. A maior parte das mortes foi causada por asfixia provocada por um mata-leão ou outra forma de
enforcamento. Quarenta detentos morreram assim dentro das celas.
(...)
7
A nova atrocidade em Manaus tem a mesma escala que a registrada em janeiro de 2017, quando 56
presos foram mortos no Compaj, em uma das maiores carnificinas já vistas nas cadeias brasileiras. A
rebelião se prolongou por 17 horas e os presos mortos foram degolados e esquartejados. Até o muro que
dividia os pavilhões do presídio foi bombardeado. Na ocasião, estavam em choque a FDN e o CV.
Desde 2016 foi registrado pelo menos um massacre em presídios por ano no País. Em janeiro de 2018
houve uma matança na Cadeia Pública de Itapajé, no Ceará, onde dez homens foram assassinados. Em
2017, foi a vez de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, que teve 26 mortos.*
(https://istoe.com.br/massacre-anunciado/Acesso em 20/08/19)

*Em tempo: em 28 de julho, dois meses depois dos massacres em Manaus, 58 presos foram mortos
no Centro de Recuperação Regional de Altamira, no Pará.

TEXTO 11.

“(...) o efeito mais importante talvez do sistema carcerário e de sua extensão bem além da prisão
legal é que ele consegue tornar natural e legítimo o poder de punir, baixar pelo menos o limite de
tolerância à penalidade. Tende a apagar o que possa haver de exorbitante no exercício do castigo,
fazendo funcionar um em relação ao outro os dois registros, em que se divide: um, legal, da justiça,
outro, extralegal, da disciplina. Com efeito, a grande continuidade do sistema carcerário por um lado e
outro da lei e suas sentenças dá uma espécie de caução legal aos mecanismos disciplinares, às decisões
e às sanções que estes utilizam. De um extremo a outro dessa rede, que compreende tantas instituições
“regionais”, relativamente autônomas e independentes, transmite-se, com a “forma-prisão”, o modelo da
grande justiça. Os regulamentos das casas de disciplina podem reproduzir a lei; as sanções, imitar os
veredictos e as penas; a vigilância, imitar o modelo policial; e acima de todos esses múltiplos
estabelecimentos, a prisão que é em relação a todos eles uma forma pura, sem mistura nem atenuação,
lhes dá uma maneira de caução de Estado”.

(Michel Foucault, extraído de Vigiar e Punir: história do nascimento das prisões. São Paulo: Vozes
Ed., 5.ª edição, pp. 264-265)

Proposta de redação
Os textos motivadores, bem como os conhecimentos construídos ao longo de sua formação e da
discussão iniciada na aula passada, apresentam aspectos que envolvem o sistema prisional em países
como o Brasil. Esses aspectos têm explicitado que a questão carcerária no país, especificamente, reflete
a necessidade de se discutirem mais profundamente os fundamentos da justiça penal no Brasil, sejam
eles com relação à chave criminalização-punição ou à concepção de justiça, propriamente, sejam eles
com relação aos vínculos da justiça penal com a política de Estado. Ao mesmo tempo, a questão
carcerária reflete a necessidade de se discutirem as causas para a crise do sistema prisional no contexto
atual, e de se buscarem soluções. Pensando sobre isso, redija um texto dissertativo-argumentativo, em
modalidade de escrita padrão da língua portuguesa, sobre o tema: “Como enfrentar o colapso do
sistema prisional no Brasil?”, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos
humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de
seu ponto de vista.
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ESPAÇO PARA RASCUNHO

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