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MARCELO CEZAR
estupenda.
a paz interior.
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suas palestras:
dos desencarnados.
convenções do mundo.
fenômenos paranormais.
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- Triste, não?
mão da amiga.
aqui viemos.
hospital, revezar.
- Você também.
- Acha mesmo?
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tanta resistência.
- Será que algum espírito o prende aqui?
- Tem razão.
- O quê?
- O que foi?
- Sei.
- Um nome?
- Lina?
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- Estranho.
- indagou Nádia.
- Aceito.
gostavam de verdade.
- Para mim?
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desencarna.
Amanda.
interveio Nádia.
- Como?
- Lina.
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Amanda e Nádia arregalaram os olhos.
- 14 -
cidade que era puro deserto. Chovia a cada dois, três anos.
para o Norte.
- Vamos descer.
- Melhor arriscar.
- Está certo.
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do sério.
um suspiro.
condições de mudar?
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- Qual?
Bibiana riu.
- 18 -
- Está bem. Tem certeza de que vou me lembrar de
todo o sonho?
- Quem?
vai nascer.
- Está bem.
lembra do homem?
- Não.
Desconversou:
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- Entre!
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tentar descobrir...
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- Lá tem água?
- Deve de ter.
- Muita água?
- Sim. Agora coma, querido.
morreremos de fome.
mastigou e engoliu.
tripa, a contragosto.
morna e dura.
Cícera, sorrindo.
completou a mãe.
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lágrima escapar.
um deles.
e argumentou, humilde:
avançou e alcançou-a.
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olhos rancorosos.
Estava sofrendo.
Durvalina.
- Dez.
- As regras já vieram?
Tenório.
- Pode ser.
Tenório fixou os olhos no pescoço dela.
rápido:
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ela, chorosa.
concordou.
desvaneceu no ar.
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no corpo todo!
e achegou-se à menina.
- Vem.
- Não!
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- Ou ele, ou eu.
- Maldito!
sacudia.
- Está se banhando.
- Até agora?
- É.
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Estranho.
da cachaça.
um cochilo?
umas folhagens.
estou pelado?
- E daí?
sentiu um excitamento.
- 30 -
- Está me deixando doidinho. Se continuar
me olhando...
levantou o vestido.
- Pode provar.
- Não!
- Me faz mulher.
- Gosta assim?
acariciando-o.
de falar.
Com a outra mão, Durvalina cravou-lhe o facão no
- Está morto?
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- E o quê?
- Não, mas...
ideias embaralhadas.
próprios algozes.
- 32 -
- Durvalina.
- Morreram.
- Como assim?!
- Onde estão?
- Tem certeza?
- Sim.
- Mesmo?
o interior da caminhonete.
- Suba.
- Teófilo Otoni.
- Sente fome?
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- Gostava deles?
- O que foi?
de você?
me tornado mocinha.
- Como assim?
Aderbal sorriu.
- Não.
- Também não.
- Então... Se não for comigo, será encaminhada
para um orfanato.
sertão.
Aderbal riu.
- Sim.
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- Tem filhos?
- Tuberculose.
- O que é?
- Depois explico.
sorriso forçado.
com gosto.
- Porquê?
gostei de Durvalina.
- Não?
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- Seria bom.
vida no sertão.
- Chegamos.
Ele riu.
os pulmões.
visto verde.
e colher.
Uma mulher de estatura média, cabelos presos
uma pergunta.
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e indagou, nervosa:
pequenina.
- mandou Aderbal.
uma toalha.
- Frieza? Eu?!
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muitas necessidades.
- E daí?
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nossa filha.
- Bom, e daí?
- E daí o quê?
- Não.
um molenga.
- 41 -
pelo tempo.
bem-apessoado.
novinhas.
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- Para mim?
bem largo.
- Dona Eugênia.
de costura.
já estava ajustado.
- Sim, senhor.
e adormeceu.
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Lina despertou com batidas de panelas na cozinha.
a tirar a mesa.
- Lá.
- Ainda é cedo.
- Quer ajuda?
- Não.
Sou rápida.
Eugênia pensou e sorriu, maliciosa.
a separar as roupas.
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Aderbal deixá-la partir. Dou dois dias para ela sumir daqui.
escorressem.
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- De novo?
deixar uns bifes para você comer agora à noite, mas essa
recuperar peso.
- Oi.
Ela levantou a cabeça e sorriu.
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mais brancos.
Pigarreou:
- É, tem razão. Agora vamos. Deixe o serviço e
- Sim, senhor.
a Aderbal.
- O que é isso?
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- O que é isso?
- O quê?
- É. Sou.
do barracão?
umas velharias.
de pensar.
- Quem está aí abraçado a você?
- Um vizinho lá de Uberlândia.
tremendo alívio.
Nada de maquiagem.
ouvir do namorado.
estar em transe.
família.
aos berros:
tristeza.
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com isso.
- Bem.
de voz.
Mais seguro.
- Não creio. São quase dez anos e Eunice não sai
- 53 -
baque que sua irmã sofreu, ela é culpada por estar nesse
vai melhorar.
- 54 -
na filha.
vou permitir.
- 55 -
alguns petiscos.
Solange dizia:
Leonor a censurou:
acomodou-se no sofá.
e abraçou-a:
- Como não?
vendê-los e...
Leonor a cortou:
filha.
- Tenho medo.
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de Leonor.
Solange.
- Não?
- O padre disse.
acontecendo conosco.
primeiro lugar.
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- E?
ela frequenta.
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na minha vida.
momento da revolta.
saber, o dinheiro não era meu. Era do papai. Foi ele quem
Amy Vanderbilt.
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- Não é mais.
- Sempre será.
- Para eu me lembrar.
- Mas...
diz que essa menina vai ficar aqui por muito tempo?
- Por quê?
ficando velhos.
- É remorso.
de Estela.
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o galinheiro...
Dizia que ela iria sofrer de novo, que Lina logo chegaria à
dar amor?
- 63 -
dormiu rápido.
terreno.
beijou-lhe a testa.
- Maruska.
- Não me lembro.
- A reencarnação apaga as memórias passadas.
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franja de Lina.
para sempre.
- O que fomos?
Lina se entristeceu.
quebrar a ilusão.
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- Quando eu gosto, faço tudo pela pessoa, você
da pessoa.
outra maneira.
- Outra maneira?
Você pode ser o remédio de que ela tanto precisa para voltar
a ser feliz.
- Será?
- Não?
- Como?
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Maruska sorriu.
- Feche os olhos.
- Lembra-se agora?
As cenas vieram de maneira rápida. Lina via-se em
enfrentar o problema.
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tortuoso e dolorido.
- Adoraria.
uma delas.
- E a outra?
voltar, não?
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nova ferida?
Lina riu.
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- Por isso a trouxe até aqui.
- Tão rápido?
- Eu me sinto insegura.
- Não entendi.
- Pois faça.
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- Eles já voltaram.
- Ya tebya lyublyu.
- Eu também a amo.
- 71 -
- O que é isso?
Lina aproximou-se.
no rosto.
se queimar no fogão.
no forno.
- Sim, senhora.
Lina pegou a travessa com as broas e colocou-a
- Bom dia.
- Não me recordo.
- questionou Eugênia.
Aderbal considerou:
Aderbal riu.
- 73 -
explicar:
se acertando.
- Pode.
sua casa?
-se de Estela.
- 74 -
essa mocinha.
que você precisa criá-la. Lina veio para alegrar seu coração.
Não se recorda?
barracão.
- Oi, Lina.
- Algum problema?
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- Voltou tarde.
- Cor?
no queixo.
cor-de-rosa.
- Gosto de azul.
- 76 -
e Selma considerou:
- Algo importante?
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e ele a chamou:
- Por favor, Selma, não vá. Pode ficar.
- Eu?
e da mediunidade.
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quarto dela.
a ela?
- E a mãe dele?
reencarnatório.
- 79 -
a Eunice.
- Meu Deus!
podem nos ajudar, mas eles fazem por meio de nós. Por
isso, precisamos estar bem para que eles façam, para que
vida dela.
Fico assustada.
- 81 -
- Mesmo?
- Sim. Não é à toa que Chico Xavier faz seus trabalhos
mediúnicos em Minas.
- acrescentou Orlando.
o rosto.
cheia de entusiasmo.
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- 83 -
até a janela.
as broas e os pãezinhos.
cumprimentou, surpresa:
- Sei lá.
Aderbal.
Melissa não fica aqui conosco. Quero que ela tenha uma
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possibilidade...
queima-roupa:
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- E se os pais também não tiverem certidão? Eram
-É?
próximos.
afilhada.
Aderbal.
- 87 -
- Está bem.
- Você me surpreende!
- 88 -
Melissa o cortou:
- 89 -
Aderbal interveio:
prosseguiu:
apresentação:
para o quarto levar sua mala. Vai ficar até o fim da outra
- repetiu.
Eugênia abraçou-a.
- Como não?
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- Sua mãe está querendo dar um herdeiro para
Jurandir.
aliviada.
do olho da garota.
- Está sensível.
o assunto:
- Gostei muito da Lina.
- 91 -
- Não sei.
Eugênia emocionou-se.
- Verdade?
desde sempre.
desconcertante.
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10
- Claro!
de Melissa.
vira miss.
é eleita?
Lina riu.
muito sensível.
- É natural. Penha está grávida. É uma mudança e
abraçou?
de Lina?
- Como assim?
- Mas...
e não temos opção a não ser rezar para que ela esteja bem,
você é católica.
rápido e emendou:
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- Medo de quê?
- Tem razão.
- Sim.
- E a outra?
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do marido.
pais maravilhosos!
Preferia esperar.
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entenderia.
que tem.
a tremer.
quem desabafar.
com amargura:
com você?
- 98 -
Aderbal.
Você foi violentada. Esse cão dos infernos não pode ficar
impune.
Agora não.
- Será?
Melissa a cortou:
- Não!
- Como assim?
- 99 -
mais calma.
- Sumir?
de Olério e Tenório.
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viver a plenitude.
Pode acreditar.
uma lição.
- Obrigada.
sugeriu:
- Por quê?
com os dedos.
acolhedora.
- Boa ideia.
- 102 -
- Sim.
- Obrigada.
- 103 -
Depois de três reuniões espirituais na casa de
de residência.
na voz.
dinheiro.
Com uma filha de três anos e com outro filho prestes
como garantia, deu outros bens, tudo para que seu sonho
- 105 -
do banheiro de casa.
na sala e anunciou:
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nada, não é?
tantos dissabores.
Leonor enrubesceu.
- Verdade?
- Por quê?
com ternura:
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da saleta.
ao longo do corpo.
nada.
- Não entendi.
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- 110 -
esta família.
corpo emocional?
- 111 -
mais lúcidos, menos presos às convenções do mundo, sem
moça? Eunice.
ganhado um túmulo.
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e abatido.
- Como assim?
- 113 -
- Frustração. Raiva.
- Raiva de quê?
- Feche os olhos.
- Hã?
- Vamos, feche os olhos.
dizia e...
não sou minha mãe e não penso como ela. Eu sou livre
firme:
- 114 -
alterada, sugeriu:
mentalmente.
- Estêvão.
ministrou-lhe um passe.
mudança.
segurando as mãos:
- E então?
um lindo sorriso:
- Aceito.
- 116 -
É um cômodo grande.
de nossa Estela.
de misses.
um dia?
- Gostaria?
saber Lina.
Eugênia riu.
- Não!
a negativa.
onde dormir.
- 118 -
- Sim.
- Obrigada.
choro de felicidade.
e emocionada.
pouco tempo.
- Não fique.
- Não quero voltar para aquela casa. O ambiente
- 119 -
- Porquê?
- Como?
- Quando ele olhar para você com cara de bobo,
Inverta o jogo.
sim, ele poderá dizer à sua mãe que você é louca e agressiva.
dado, certeiro, ele não vai ter do que reclamar. Só vai sentir
Muita dor.
- 120 -
me preparar para eu passar no curso de admissão. Dona
- Eu adoraria.
-É?
- Sinal.
- Vamos!
- 121 -
abraçou-a.
rápida.
de sua ajuda.
Ou irmãzinha?
tímido.
no concurso de miss.
- E quando é isso?
com Aderbal.
- Obrigada, querida.
Ouviram o apito, e Melissa subiu no vagão.
a Lina.
- 123 -
embaciados da esposa.
do mundo.
ao marido, baixinho:
- Fizemos sim.
- 124 -
para o ambiente.
de uma cirurgia.
- Sei.
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e perguntou:
- Beba.
- É normal.
- Nunca o vi antes.
em perguntar:
- Como se sente?
- rebateu Solange.
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tem culpa.
de uma obsessão à sua irmã. Ela sempre foi uma boa pessoa.
bem... daquela...
menor sentido.
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Ligado a mim?
- Sim.
de perguntar.
- É. Era ele?
- Quem era?
os travesseiros.
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até quase o fim do século passado. No início deste século
ao longo do tempo.
Solange.
harmoniosa e feliz.
- Não entendi.
você sabe que roubar não é bom. O seu espírito sabe disso.
- 129 -
vão aprender.
É diferente.
conhece.
- 130 -
poder desposá-la?
- Quero morrer.
abraçou Eunice.
convento.
penetrantes, declarou:
- 131 -
- O que fazer?
- Como?
- Será?
o melhor, sempre.
descerem.
- De onde surgiu?
- No hospital.
- 134 -
caprichada.
- 135 - -
diz que devo dizer. Meu peito está tão dolorido - suspirou.
gravidez de Penha?
de um bebê.
chorar?
- Não sei...
saber:
- Não é nada.
- Vamos aproveitar que Aderbal foi cuidar das
- 136 --
e vai ajudar.
as mãos de Eugênia.
- Mas terei.
- Difícil.
- Está certo.
- Conte.
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- Bateu nela?
- Pior.
- Como assim?
- sussurrou, envergonhada.
tamanho o enjoo.
- É, sim.
- Tenho.
- Jura?
besteira.
É inadmissível.
- 138 - -
muito nervosa.
algumas horas.
pensou.
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por Aderbal.
- 140 -
iria se casar? Iria viver ao lado dele por toda uma vida,
da sociedade.
- E o outro?
- Que outro?
- Não sinto.
Nunca mais.
- Não vai.
- Vou.
- Não.
- Então... - a voz riu. - Eu vou levar você até ele!
de suor.
aproximando.
Aceitam?
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Eunice sorriu.
espiritual.
- observou Solange.
Selma.
- Tem razão.
muito de romances.
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- Adoro.
Agatha Christie.
Conde de Rochester.
da literatura espírita.
vou devorá-los.
Estamos cansadas.
indagou a Selma:
perdoar a si mesma.
- 144 -
- Não é egoísmo?
Como podemos exigir que alguém nos ame se não nos damos
nós mesmos?
- 145 --
circunstâncias.
- É, isso é verdade.
filme Marrocos.
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Solange indagou:
- Gostei dela.
nossa partida.
Será que tem a ver com vidas passadas? Será que estou
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respondeu:
- O que disse?
passadas.
bom para você pode não ser bom para mim e vice-versa.
rumo, fazer uma escolha, seja ela qual for. E, claro, ser o
- observou Leonor.
- Eu rezo.
em primeiro lugar.
convicção.
- 149 - -
Otoni. Não era uma mansão, mas também não era uma
bem tranquila.
as malas do bagageiro.
denotava tristeza.
antiga e pesada.
algumas flores.
- 150 -
vai ver.
- Assim espero.
do seu Deoclécio.
- Olá.
me chamou a atenção.
eu os estava aguardando.
- 151 --
nossa atenção.
jeito de pensar.
coisas boas.
Leonor, desconfiada.
- Dar aulas.
admirada:
- 153 -
para responder.
para os filhos?
- 154 --
Leonor ruborizou:
ficando tarde.
- Obrigada.
com Deus.
para os lados:
vai acontecer.
- 155 -
confortável.
a esposa.
- No quarto.
- Está estudando.
de miss?
e jogou-se na cama.
- 157 -
de desajuste.
- 158 -
- Tem razão.
- 159 -
ir.
de sono tranquila.
no marido.
- O que aconteceu?
- Sente-se melhor?
- Sim.
carregada de preocupação.
Aderbal sorriu.
do olho.
- Eu o amo, Aderbal.
- 160 -
- Eu também a amo, minha querida.
- Não precisa.
- Hã?
Estêvão a inspirá-lo.
bem...
- 161 - -
- E queriam.
- Certíssima.
- Mas...
homem.
- 162 - -
- Transformar como?
- Carma?
ela e Jurandir.
- Ele é asqueroso!
- É. Seria.
- 163 -
mais dona de si. Fazendo a parte que lhe cabe, logo Penha
- Sim.
de ajudar Jurandir.
- Duvido.
muito tempo.
e se aquilo?
- 165 -
As duas sorriram.
tudo certo.
que está, que é isso mesmo que Deus quer. Porque, se Ele
- Que bom!
- 166 -
- Obrigada.
bons sonhos.
- 167 -
com jeitinho, a trazer Melissa para cá. Ela vai morar conosco.
Simples assim.
Abriu um largo sorriso e foi encontrar Aderbal
no mercado.
- O que foi?
para Lina?
- E daí?
meu coração.
uma contradição?
bem gostosa.
na mesa.
- Trouxe a renda?
- A Neide vai trazer - tornou Eugênia. - Quero
- 169 -
cabeça, tem?
saiu na frente:
- Logo o quê?
reinava no ambiente.
- 170 -
- 171 -
- Gosto de geografia.
apontou no mapa.
- É... Ceilão.
- E este?
- Rodésia do Norte.
- Parabéns!
os coletivos.
- É sobre Melissa.
- 172 -
das costas.
que aconteceu?
ficar aqui?
- Claro! Ela está ansiosa por nossa aprovação.
das manequins.
mais companhia.
- Eu vou.
- Não e...
- Está bem.
de Jurandir.
- A Europa também é.
- 174 -
de justiça?
- O que disse?
justiça e vingança?
- 175 -
- Então me mostre.
- Melhor ou pior?
- Você me confunde.
Neide riu.
a Neide.
- Obrigada!
- 176 -
- Como assim?
- Sim.
Lina entendesse.
um monte de vezes?
- Que Jurandir?
- 177 -
espirituais.
sua mente.
levemente alterada:
perplexa.
de limonada?
Penha deu à luz uma menina. Telma era uma fofura, calma,
mim...
casa. Não quero mais que você faça o que eu deveria fazer.
coisa boa. Nossa vida vai mudar. Você vai ver - Jurandir
mais tarde.
- 180 -
queria acreditar.
bom homem.
- 181 -
negativamente:
pessoa intratável!
- Quem é?
Albuquerque.
- Sou eu.
- Quem é o senhor?
- Sou advogado. Meu nome é Gregório Pontes.
seu interesse.
- Meu interesse?
- É assunto de família.
Penha adiantou-se:
- É minha filhinha.
- 182 -
- Pois diga.
Menezes, certo?
de bens?
ao peito:
- Um botequim?
- Sim. Todo equipado. Dona Eurídice o reformou
- 183 -
- Quem é ele?
mão, ordenou:
- Atende, Melissa.
abrir a porta?
me dirija a palavra.
para Niterói.
- 184 -
- Já disse que não vou. Eu não vou com vocês.
vão para Niterói. Eu vou seguir o meu destino. Sei lá, vou
para eu esquecer?
- Eu errei.
e a abraçou.
da madrinha.
- 185 -
e respirar.
posso julgá-lo.
Por quê? Porque é mais fácil atirar uma pedra do que mudar
- 186 -
quase dez anos. Agora sou outra pessoa. Estou até querendo
voltar a trabalhar.
se desfez.
- Não.
mas não para si. Enquanto não estiver cem por cento livre
dessa praga que é o vitimismo, estará com o canal aberto,
- Tire-me daqui...
Eunice balbuciou:
- Deus tenha piedade de você. Fique em paz - ela
- 188 -
- Sente-se melhor?
- Sim.
- Não entendi.
Ele riu.
preparando.
- Vai voltar?
reencarnações.
- 189 -
mental, muitos pedaços de nossa alma a ser resgatados.
escapar dela.
de mim.
um local de tratamento.
- Que tragédia!
anos.
- 190 -
de um professor, de um curso...
nossa casa.
de cura.
- Gostei dela.
- 191 -
alvos e perfeitos.
Os dois riram.
ligavam a Paulo?
- Então...
- Não acredito!
- 192 -
tão cedo.
dos dois.
- Isso mesmo.
redor deles.
Na manhã seguinte, Daniel pediu uma ligação para
chamou e nada.
- Ei!
- 193 -
- Em dar aulas.
- É. Aulas.
- Aulas de delicadeza.
jeito brasileiro.
- 194 -
- Diga.
- A possibilidade de intermediar a compra do
Leonor indagou:
- Estava, mãe.
na compra de um negócio?
- 195 -
- Ele mesmo.
- Confia nele?
deu as costas.
se cheire.
- Eu sei bem por quê - devolveu Daniel.
Leonor o censurou:
- Mesmo?
- 196 -
- Solange pode ser uma menina para a frente, de
dela. É muito fácil dizer aos outros o que fazer. Sua irmã
agora está nessa fase. Diz o que Eunice deve fazer, como
- A senhora é terrível!
Daniel abraçou a mãe com carinho.
certeza. É só aguardar.
- 197 -
do sofá.
- Você?!
morar conosco.
- Vou subir para arrumar minhas coisas! - exclamou
Eugênia prosseguiu:
em uma criança.
de compras no outro.
um grito:
a choramingar.
- 199 -
Jurandir interveio:
cabeça de caraminholas.
- Nada disso, Penha. Acorde para a realidade.
Jurandir é um doente.
- suspirou.
- 200 -
troco de nada.
um boçal.
Eugênia.
um monstro.
como padrasto.
- Mudei porque...
- 201 -
Está enfeitiçada.
de deboche.
Eu a proíbo!
- Vai me desafiar?
- 202 -
e Penha a empurrou:
- Podemos ir à delegacia.
Para nada.
constante ameaça.
- Podemos ir ao cinema.
- 203 -
Brasil.
quietude do mato?
- Vou, tia. E a cidade está tão pertinho. Fazendo
nosso recanto.
de vocês.
- Às onze.
- Tem razão.
santa de devoção.
da caminhonete.
- Vai. Logo.
- Nada.
a dor passou.
velha.
- Não creio.
para sempre.
- Infelizmente isso não é possível, minha querida
a caminhar.
- Não?
fazer mal...
Lina o cortou.
- 207 - -
aprenderia na escola.
- Como o quê?
Deus me deu.
de maneira carinhosa.
- perguntou Eugênia.
- 208 -
- Vi. Notei como ficaram felizes. Você também
para baixo...
- Não.
- Estranho.
de Lina.
Só com você.
para a chácara.
- 209 -
- Sim.
o chamou:
- Venha cá.
Ele foi e ela perguntou:
- 210 -
os impulsos.
pensamento.
o corpo.
- 211 -
comprar...
o envolviam.
e os chocolates.
Enquanto a menina, sorriso cativante, apreciava os
sórdidos e doentes.
- 212 -
na bagagem.
Colombo.
- Linda.
- De morrer! - suspirou.
pela televisão.
- Não tem problema. Ouvimos pelo rádio, e a senhora
um concurso de miss.
- Como funciona?
habilidade, tia.
ser pecaminoso.
sorriso.
livro - apontou.
cursar o científico.
Eugênia as convidou:
Pode ser?
que vem.
interveio:
- Tem.
- 215 -
- É, sim.
- Que pena!
- considerou Lina.
- 216 -
perder assim...
de Eugênia.
não passar mais pela dor. Venceu. Mas a vida só nos traz
- 217 -
Neide concluiu:
novidades.
- Não entendi.
- 218 -
- Não tem problema - Eugênia riu. - Um dia vai
a preparar o bolo?
- Sim, senhora.
Vamos.
- Mãos à obra!
- Fui aprovada!
- Que beleza!
- Obrigada.
é de fingimentos.
não tem boa índole. A energia dele não é boa. Tenho medo
- 219 --
si mesmo.
- Mas se algo ruim vier a acontecer...
- Não é isso.
- Bom...
- 220 -
muito do assunto.
- Isso é egoísmo.
espirituais negativas.
- 221 -
- Tudo aconteceu para que ela pudesse amadurecer
emperram a felicidade.
o cobriu, chorosa.
- Desculpe-me, Neide. Eu me faço de forte. Procuro
- É.
triste e desiludida.
Luís Sérgio?
- 222 -
minha vida.
entender.
atenções?
cortejada.
- 223 -
atender hoje.
- Está bem.
- 224 -
Na semana seguinte, Neide chegou com a boa-nova:
desanimada.
tenho dinheiro.
Melissa abraçou-a.
para trás.
- Sim.
- De que maneira?
natural.
- 226 -
- Tenho medo.
- Porquê?
Neide sorriu.
Melissa perguntou:
- O que aconteceu?
Neide prosseguiu:
- 227 -
Neide prosseguiu:
suas vontades.
e Melissa indagou:
- 228 -
- Um pouco.
e adormeceram.
- Ui!
emocionado.
marcou positivamente.
na última vida?
- 229 -
concluiu.
- Só isso?
Ele riu.
as pessoas.
- Qual é o momento?
Defenda-se, oras.
Maruska interveio:
- 230 -
- Não adianta gostar ou não gostar. A vida trabalha
compreender?
- Já?
ouvido dela:
Doveriye zhizrí.
- Isso mesmo - sorriu Maruska. - Confie na vida
Beijaram-na e partiram.
- 231 -
- Hora de acordar.
os olhos.
- Já?
espreguiçava, falou:
é estranho...
- O que é estranho?
minha testa e disse para eu não ter medo. Que tudo ia dar
- Depois do almoço.
- Tem razão.
- Bom dia!
Eugênia a cortou:
o café.
de dona Leonor?
mais esbelta.
de casa.
como ninguém.
Eugênia na bochecha.
- 234 -
- Qual é a piada?
nos pulsos.
de Melissa.
- Está bem.
- 235 -
Melissa riu.
um pouco no rosto.
alguma coisa?
- O Hermes, lá do cartório.
- Quer dizer...
Aderbal abraçou-a.
querida. Não.
- Não? Não está bravo comigo?
- 236 -
- Em quê, querido?
Mudar daqui.
a diferença é pouca.
- 237 -
que aconteceu.
com força.
silenciando-o.
- É contra a lei.
- 238 -
perguntou:
- Vamos, ao menos, pensar na possibilidade de
a cidade.
- Porquê?
- Obrigado.
Eugênia sorriu.
pronta, aguardando.
no rosto.
- 239 -
ao peito.
- O que foi? De novo as dores?
- Um pouco. Cansaço.
vai conviver.
na caminhonete.
com alecrim.
- 240 -
galhinhos.
de ódio.
- 241 -
às palavras do padre.
das enfermeiras.
- Bom dia.
- Não soube?
- O quê?
Ester a cortou:
- Um funcionário morreu.
- Sério?
na enfermaria.
comigo. Rápido.
o curativo.
- Dói muito.
ao mesmo tempo:
- Hermes?!
- Eunice?!
espatifar-se no chão.
Chorou convulsivamente.
- 244 -
entre soluçõs:
- O passado voltou para me atormentar!
na calçada.
- Será?
desesperada mesmo.
- O senhor a conhece?
- Não.
- Sim. Prazer.
- Olá. Sou Ione - ela falou e encarou Melissa.
- 245 -
- Espero.
- Obrigada.
- Bom dia.
- 246 -
um funcionário morreu.
Aderbal despediu-se.
- Igualmente.
- 247 -
- Seja bem-vinda, Melissa.
no sítio.
de você. Acertou.
curso de etiqueta.
bem mais!
- 248 -
eu estaria desesperada.
Leonor deu de ombros.
esposo e pai.
atrás da escrivaninha.
mais clareza.
bonito.
- 249 -
arrancando os cabelos.
Leonor riu.
grávida de Solange.
- Adoraria conhecê-los.
- E vai. Eunice e Solange moram comigo. Estão
- 250 -
- Da mesma forma que Neide tem ensinado a
mim, talvez.
São Paulo.
- Orlando...
da nova capital...
- Mas já?
das aulas.
- 251 -
Leonor pediu:
- Sim, senhora.
- 252 -
Quanta hipocrisia!
- Não creio. Você deve ter tido uma boa razão para
novo dia.
abraçou-se a ela.
Foi discreta.
- Bondade sua.
Eunice riu.
- O quê?
- Sim. A Melissa.
- 255 -
para Eunice.
Lina perguntou a Aderbal:
para a Melissa?
- É.
Eugênia.
um aceno e acelerou.
absolutamente nada.
- Hã? O quê?
- O... quê?
Eunice sentiu um frio na espinha e percebeu a
- Sou.
- 256 --
- Como se sente?
- 257 -
para cá. Vai ficar doente e vai morrer. E sabe quem vai ser o
esta menina.
- Vamos.
- Malditas!
acabava de chegar.
- Obrigada.
- 258 -
um passe.
Neide pediu:
- De mim?
- Eu?!
curiosa.
sussurrou-lhe:
- 259 -
sigo mesma:
serena o coração.
- 260 -
num murmúrio.
por vítima.
O guardião ordenou:
de espetáculo!
- 261 -
- A gente se recupera.
- Essa mesma.
caísse no chão.
passado. O meu amor por ela parece que está mais forte.
com Eunice.
- Foi tudo muito ruim. Eunice não acreditou
doença de Doroteia.
- 263 -
Doroteia.
- Como assim?
Eu tenho tido uma vida tão triste nos últimos anos, tão
sem sal... agora que revi Eunice, descobri por que minha
vida andava tão sem sentido, por que os dias eram sem
graça e arrastados.
- Sim.
***
- 264 -
- Difícil.
a cabeça.
para mim.
- Tem razão.
- 265 -
- Por quê?
e marchinhas de carnaval.
- 266 -
bem-estar.
- Quem é o compositor?
deixe-me lembrar.
Bach. Acertei?
- Sim. Parabéns!
têm idade.
- 267 -
ou manequim?
- Não?
- E estudar?
uma escola.
Leonor sorriu.
- Ainda é jovem.
- 269 -
seus pés.
- Posso mesmo?
- Pode.
não trazê-la.
tamanho interesse.
- Como vai?
- 270 -
Melissa.
da caminhonete.
- 271 -
conversaremos.
Eunice.
incorporação.
Eu sei bem o que ela está passando! É por isso que não
está bem.
que a atormenta.
participar, se quiser.
sem pensar:
- E como sei!
- 273 -
- Sim.
com você.
- 274 -
cadeira - apontou.
- Veja.
- Mais ou menos.
- Ei.
- Ei.
- O que deseja?
para conversarmos.
- 275 -
é essa?
Neide sorriu.
- Você vem me falar em invasão? Logo você, que
se aproximar de Lina.
- Porquê?
forma?
- Eu só queria me divertir.
- 276 -
- Pense.
embaralhadas.
para Maruska.
- 277 -
do guardião, lá fora.
- Beba.
- 278 -
- A sua oração foi de grande valia para o evento.
essa conversa.
- É?
- O que é?
Eunice prosseguiu:
à testa.
- 279 -
equilíbrio emocional?
Eugênia foi sincera:
- Nem em sonho?
um contato direto.
- Sim.
foi mágico.
- emendou Neide.
- 280 -
olhos e declarou:
- Eu a amo muito.
Neide. - Hoje não vou dar aula para Lina. - O seu corpo
- Não notei.
- Mas ficou. Baixou o seu nível energético, e esse
- esclareceu Neide.
Eugênia indagou:
- Quando?
- 281 -
- Quando o quê?
Eunice.
encontramos lá.
lembra-se?
- Sim.
- Primeiro ou único?
a olhou admirada.
- 282 -
dessa forma.
cada um.
não vou...
- Não?
- 283 -
- Não.
- Também não.
dela, oras.
- Nós também.
se quer saber.
- 285 -
- Quem?
- Em quê?
com dicção.
- É. Pode ser.
- É? O que é dom?
- É um presente de Deus?
Eugênia concordou:
- E qual é a resposta?
- 286 -
bom assim.
- Casar?
convicção.
nunca teve.
- Por quê?
pergunta:
que responder:
- Vamos tirar o pano da panela e despejar o
queijo ralado?
- 287 -
- Bem.
- E Melissa?
Ione o interrompeu:
- Não. Imagine.
dela, certo?
- 288 -
pobrezinha...
comprimido.
- 289 -
- Dona Leonor?
- Entre. A porta está destrancada.
- O que foi?
- Ele chegou!
- Obrigada.
- E as meninas?
- Melissa já acordou?
Ione pigarreou.
- O que foi?
- Tem mais um moço com Daniel.
informado.
para abraçá-lo.
Ione
- 291 -
coisas!
- Cadê as meninas?
- E as aulas de etiqueta?
melhor isso.
antes?
- 292 -
- Como está sua amizade com ele?
- Sei disso.
- Qual é?
- Como?!
Daniel perguntou:
- O que foi, mamãe?
- Como vai?
- 293 -
- Seja bem-vindo.
- Obrigado.
de toques.
Ione interveio:
vai voar.
e engoliu a raiva.
- 294 -
vou ficar.
velha, e...
para cinco.
- Sim, senhora.
adequado ao clima.
- 295 -
- É fantástico.
ao redor.
- Sei.
- Não.
- Quanto trabalho!
me perdoar.
Maruska riu.
outra vida.
- 296 -
- Não me recordo.
mórbido:
na fogueira.
- Fogo não!
Ela esbravejou:
- 297 -
o polegar.
- O que me diz?
- Todos.
vítimas no mundo?
- 298 -
- E agora?
- Tenho medo.
- Como?
de ninguém.
- 299 -
- É muito difícil.
Maruska sorriu.
suas vontades.
- 300 -
- Olá.
- Quem é você?
de sociedade.
queridinha ou queridinho.
da escada.
- O que foi?
- 302 -
- Está bem?
morrendo de fome.
beicinho, de propósito.
- Muito bem.
- Meu noivo.
- 303 -
pensou, enciumada.
a cidade.
Rosana.
- Como não? - retrucou Melissa e, voltando-se
de arquitetura?
- Aprecio.
deixar barato:
pedras preciosas.
- Gosto sim.
- Eu?
fria e possessiva. Luís Sérgio não tem jeito de ser igual a ela.
de dentro:
- Entre.
- 305 -
dez minutos.
- O quê?
um sorriso contagiante.
- Prazer. Daniel.
- Obrigada.
- Por quê?
- 306 -
- É determinada.
- Bastante.
- Namora?
descontraída:
prosseguiu:
- Sua mãe pediu que eu viesse chamá-lo para o
perguntou, simpática:
- Obrigada.
- afirmou Leonor.
- É o que mais desejo!
- 307 -
não me apaixone?
minha prioridade.
a dizer:
- 308 -
apática.
- Vamos?
- Não.
Leonor acrescentou:
gorgorão.
- 309 -
- Venha.
- É?
- Sim.
- Se a senhora insiste...
até ele.
cansado.
- Tomei - mentiu.
ao médico.
- Pode deixar.
até a cozinha.
Lina.
o doutor Almeida.
- Não é má ideia.
muito bem.
- A Neide me ensinou.
a admiração.
emoção.
abriu a boca.
- Só estava admirando.
o meu gosto.
Rosana?, pensou.
- 312 -
para a saída:
comportamento.
- Não.
- E se gostasse de alguém?
Luís Sérgio.
bem disputado.
Ele riu.
- Depois que o mundo soube que estávamos
- Acho ótimo.
- O quê?
sou interessante?
- 313 -
uma mulher.
- Pois bem...
por Melissa?
- Será?
- 314 -
preferiram guaraná.
ele, envergonhado.
importante.
- 315 -
Rosana não estava gostando da melação. Bebericou
Daniel sorriu:
damos bem.
respiração e respondeu:
vez de Daniel.
- 316 -
bem urbana.
de romance e sugeriu:
o cenho.
- Conhece?
- O que foi?
no cinema.
o doutor Almeida.
- considerou Daniel.
indignada.
- Que conversa?
- 319 -
Só isso.
- Simpática, sei.
- Feia!
- Feia e pobre.
- Pare com isso, Rosana. Olha a compostura.
- Argh!
- 320 -
- Venha cá.
Ela se aproximou e ele a abraçou.
- Deveria... tirar.
Ele ruborizou.
pequeno detalhe...
ombro dele.
- 321 -
boa hora, mas não era a mulher que Luís Sérgio idealizara-
na praça e sorriu:
a calçada.
Daniel.
cinco minutos.
- Sim, senhor.
- 322 -
terminar a frase.
Lina a censurou:
Vamos rezar.
- Está certo.
quadras de distância.
- 323 -
tão rápido?
- Olá.
- Vamos, entrem.
Lina avisou:
- E então, doutor?
- ofereceu-se Daniel.
a Aderbal.
- 324 -
carregá-lo. Já!
- Sim, senhor.
Por favor.
na garganta.
- Você não vai morrer!
- 325 -
eram assassinos!
- 326 -
Fique no casarão.
Estou decidida.
serão bem-vindas.
conversar.
- Precisamos conversar.
- Conversa particular.
- Não muito.
- Está bem.
- 328 -
surpresa:
- Sim.
- E?
encontrou nada.
no Jequitinhonha.
- Viu.
meu irmão?
dois matadores?
- Poderia ter ido à polícia, poderia ter dado um
tiro, poderia ter passado com essa lata velha sobre eles,
nada? É isso?
- Não!
calada? É isso?
a descer.
- 330 -
- Não mataram. Você está aqui. Veio para nossa casa, foi
têm. Deve ter sido por isso que seu Aderbal morreu.
dele!
comigo.
a pedra?
- 331 -
de roupa dentro.
quente, Lina.
- Estou de saída.
- Aonde vai?
- 332 -
mocinha atendeu:
- Oi.
- É para atendimento?
Eugenia?
- Eu mesma.
- É?
- Sim.
- 333 -
- Como sabe?
- Mentora?
-se vagamente dos seus sonhos com Maruska. Mas era tudo
- Grande coisa!
- 334 -
impulso, mas não era do tipo que voltava atrás. Seu orgulho
- Interessante.
- Não sei.
e habilidade.
parar e refletir.
- 335 -
- Hã?
prosseguiu:
guias. Continuou:
não se dá?
- 336 -
dessa bolha de plástico que havia criado para não ter contato
amigos espirituais.
- Oi, queridinha.
- Oi.
provocativa.
- Falou? O quê?
- 337 -
- Ahã.
- Nada.
- Ela não faz meu tipo, você sabe. Por que tanta
implicância?
- 338 -
esperanças.
como emagreceu?
O que será?
- 339 -
- Não sei. Para mim, ela está assim por conta daquele
- Será? Ainda?
Eunice, que ficou dez anos presa num quarto, está tendo a
Isso é injusto.
- 340 -
- Como vai?
- Faz tempo que não nos vemos. Desde a morte de
desvencilhar-se de Neide.
apreensiva:
- Imagine! Eu?!
hoje em diante, pode ter certeza de que não vou mais parar
de voz.
- Como assim?
para a testa.
decidiu que você não era a mulher ideal para ele, vamos
- 342 -
- Comparar-se é saudável.
verdadeira espiritualidade.
- Bom... eu...
- Eu me aceito.
- 343 -
- O que é?
incomodava sobremaneira?
- 345 -
redecoraram os cômodos.
- 346 -
de Telma.
sobre Telma.
banho nela.
a menina no colo.
todo ensopado.
- Papai molhado!
- 347 -
- Hã?
tenha me escutado.
- Não contar.
- 348 -
- Tá bom - respondeu, de maneira inocente, sem
- É alta.
- Está bem.
o trinco e abriu.
- 349 -
o mesmo.
arrependida.
preciosa.
- Não diga isso. Ela não armou nada. Acho que foi
tudo uma grande má interpretação, isso sim.
indignação.
Lina abraçou-a.
- É a mesma coisa.
- E não fizeram?
- Difícil.
- Lina, vamos esquecer. Eu e Daniel estamos pensando
em nos casar.
- Sério? Já?
Melissa riu.
indagou, curiosa:
- O que é? Diga!
- 351 -
- Fotografar?
- E Daniel?
- Não se incomoda?
apoia totalmente.
abraçou-a novamente.
a três meses e nos mudar para São Paulo. Depois vou fazer
- Qual é?
- 352 -
infeliz do Jurandir?
- 353 -
três anos, mas nem parece que pegou fogo. O triste mesmo
tudo se consegue.
diferente.
satisfeita.
e foi perguntando:
Abraçaram-se.
- Burocracia.
Eugênia.
- A Eunice virá?
- Ela vai?
- 355 -
amizade, é a Lina.
- Tem razão.
conversa conciliadora.
os olhos de Eugênia.
- 356 -
um chá de cidreira.
calcanhar no chão.
Repouso total.
no que deu.
- 357 -
- Precisamos de você.
- Um minuto.
Ela foi para a salinha de orações, acendeu as velas,
- 358 -
energias vitais.
O que está fazendo?, perguntou Hilda em
pensamento.
- Como?!
de Telma.
- Sim.
- É?
- Sim.
eu falar.
- 360 -
Penha assentiu, um tanto temerosa, porém continuou
de desagrado no rosto.
do Congo.
O espírito ao lado de Telma imediatamente deu um
no sono rapidinho.
- 361 -
Feia.
no sofá.
- Eu já vou, Penha.
- Que bom!
- 362 -
levam a Deus.
satisfação:
atenção.
- Papai, mamãe...
- 363 -
impressionada.
- Já sei!
- O quê?
- Vou descer e volto num minuto.
nas mãos.
- Palhacinho!
à matinê.
Camarote!
- 365 -
na face da Terra.
- 366 -
morreu?
recaída.
- Porquê?
- Mas...
hoje. Sei, pelo menos, o que não quero. Isso está bem
- Pois eu sei.
- O que é?
levantaram-se e abraçaram-se.
- 368 -
em São Paulo.
à esposa:
-É.
que desejamos.
- 369 -
Passou.
- Escrever.
- Sim.
tudo é proibido.
sobre as humilhações...
- 370 -
prosseguiu:
- Não sei.
pega aqui?
- Pois tente.
- É?
Coisa esquisitíssima.
- 372 -
Daniel a cortou:
degrau é um vilão!
Ione riu.
- 373 -
Chega de ostentação.
- E a casa? É grande!
- Escola?
- 374 -
- 375 -
Solange acreditou ter uma espécie de revelação. Sonhou
pão doce:
- É para você.
- É.
olhos e tateou:
- Onde estou?
- Na festa.
- Que festa?
- Gosta de dançar?
- Gosto.
- Venha comigo.
- Solange.
- É amiga da Mara?
- Sou.
era o de Valter.
Solange não sabia que rumo dar à sua vida. De uma coisa
- O que fazer?
Selma.
escola de etiquetas...
- 377 -
- Então, ouse.
- Danada!
- Não é isso.
- Claro que é. Eu e Orlando gostamos do nosso
- Não?
- 378 -
- Não.
- E vê como?
minha amiga.
sobremaneira.
- Por quê?
tê-los.
Solange abraçou-a.
- 379 -
- E daí?
fumaça, esclareceu:
- Como?
os rapazes.
- Bom dia!
os olhos e sorriu.
justificar-se.
- Relaxa, gata.
por trás.
- Oi.
apresentou Mara.
- 381 -
para a Guanabara!
- 382 -
- orientou Arthur.
Valter fez sim com a cabeça e seguiram viagem.
Sociedade Alternativa.
- 383 -
- 384 -
contratar os professores.
do Anhangabaú.
num buraco sem fim, num poço que não tinha fundo. Não
havia salvação.
é mesmo?
como toda mulher sente, que ele não a amava mais, ou,
- 386 -
contentamento.
deste casamento.
- Sim.
para melhor.
- 387 -
- Chegou tarde.
- Muito trabalho.
saliva amargou:
- 388 -
- E eu com isso?
sou eu.
acontecendo?
Luís Sérgio correu até a filha e a abraçou.
das mãos.
- Gos... gostei.
- 389 -
- Perdeu o sono?
- Hum, hum.
muxoxo.
escondida no quarto.
Até quando?
- 390 -
questão de comentar:
pequenas tarefas.
a organizar o barracão.
- 391 -
- O que foi?
- Nada.
- Se ela morrer...
vá até o sítio.
É minha amiga.
- 392 -
até aqui. Ela disse que o coração está fraco e não vai
você e cochilou.
da cruz.
Neide.
- 393 -
- Sim.
- está tudo o que deve ficar com você e com Neide, depois
que eu morrer.
- 394 -
dia a dia sem ter sua filha ao seu lado. É uma mulher forte.
as costas:
- Querida, por favor, deixe-a.
- 395 -
que eu tive nesta vida. Ela foi como uma mãe para mim.
- 396 -
morrer, Lina foi até o sítio com Neide para pegar a caixa.
Lina sorriu.
- Tem razão.
a alguns dias.
- 398 -
- Intuição.
- 399 -
- Pode deixar.
- Aprendi a me controlar.
vai reagir?
São Paulo.
felicidade do mundo para você. Quero que seja feliz, que viva a
vida, experimente, ame, saboreie cada momento. Mas noto
filhinha dela...
- 400 -
de Melissa.
várias vezes:
- E Daniel?
- 401 -
- Como assim?
- sugeriu Melissa.
esperta, inteligente.
- 402 -
Às onze e meia.
- A vaga é sua.
começar, Lina.
de março.
a Melissa.
- 403 -
- Mil perdões.
bem interessante.
Lina riu.
- Está grávida?!
- 404 -
em quando.
Estendeu a mão:
- 405 -
Daniel.
- Pode ser...
- 406 -
e frieza.
Qualquer coisa.
na cabeça de Rosana:
hora...
- 407 -
no dia 31.
ano juntos!
- 408 -
- Poderia me levar.
família. Prometo que ano que vem você estará lá, sentada
ao meu lado.
Lina riu.
Beijaram-se novamente.
- O que é?
com outra.
voltou a dormir.
- 410 -
cardápio de ano-novo.
- O que foi?
De novo...
do marido.
Era fim de mês. Rosana iria acabar uma vez por todas
- 411 -
- Amelinha está mal.
uma voz chorosa. Teatro total. - Parece que vai... que vai...
- Parece o quê?
- Porquê?
a mangueirinha do ar e contou:
- Um, dois, três...
nas narinas.
consultou o relógio:
- 412 -
- Nada. É que...
- Sim, senhora.
de mim.
- É entrega de flores.
- 413 -
número da tonta.
ou coisa pior.
com a coroa.
Quanta decadência!
- O que é isso?!
- Feche a porta.
a Lina?
- Quem é você?
sem rodeios.
Lina demorou um pouco para concatenar as ideias.
Rosana gargalhou.
- 414 -
morte? Quer?
me contou nada...
um marido carente?
de verdade.
- 415 -
- Suzete?!
- Mas é.
No trabalho.
- Não. Vou hoje mesmo.
- Já disse. Amanhã.
mulher direita.
não é direita.
- Pois agora sabe. E não vai falar com ele hoje. Ele
- 416 -
- Caso contrário?
Lina estremeceu.
Sérgio que tem de viajar, que vai partir, que vai sumir,
que conheceu outro, sei lá. Mas vai lá dizer, para que a
- 417 -
Não de Rosana. Ela não tinha nada a ver com aquilo. Pelo
notícia alguma.
- 418 -
espíritos amigos.
Amiga,
não sei.
Estou precisando ficar comigo, seguir meu destino
longe daqui.
Lina
- Sim. Um momento.
- 419 -
Voltou e informou:
É muito urgente?
pé.
mais confortável.
- 420 -
existência.
grandes proporções.
- 422 -
- Um pronto-socorro.
- Então eu me queimei.
- Queimou. Bastante.
- Quem é você?
- Eu me chamo Estêvão.
- Eu me lembro de você.
Sentiu segurança.
- Eu conheço você!
- Claro, meu amor. Sou eu, Maruska.
- 423 -
- Estêvão.
voltar. Se tudo correr bem, será filho dela daqui a uns anos.
fez o mesmo.
abraçá-la de novo.
- Morri?
As duas assentiram.
- 424 -
- Acabou?
satisfações.
se alterando.
frente sabendo que ele está lá, no mundo, livre, leve e solto?
- 425 -
do acampamento.
para o inferno?
ainda fechados.
Prestou atenção.
vale nada.
- 426 -
tanto?
que fazer?
nada a fazer.
com vagabunda.
você inteira.
- 427 -
pensou.
Num primeiro momento, alimentou expectativas de
que era o fim, que seria inútil manter Luís Sérgio preso a
pensou.
Tinha de espezinhá-lo.
assim, do nada.
- 428 -
para ele, uma carta, uma pista que pudesse levá-lo até ela.
a lei lhe permitir. Nem mais nem menos. Pode ficar nesta
- 429 -
de cabeça.
- 430 -
- 432 -
- Ela que apodreça e mofe ali até morrer - era
Estava no sangue.
dois anos que ela segurava a bicicleta. Até nas crises mais
largava a bicicleta.
- Não sei.
- Já perguntou?
gente ruim.
- Tudo.
- A Lina?
- 433 -
- Que pena!
a bicicletinha.
com Lina.
não tem uma posição boa para dormir. Logo o bebê vai
Como assim?
- 434 -
- Tem razão.
e sussurrou:
- Está bem.
- 435 -
- O que tem?
- É conhecido?
aparecer. Vá ver.
do portão.
- Pois não?
- Jurandir!
- 436 -
sobre a testa. O olho esquerdo era de vidro, todo branco;
- O que é?
do circo em Niterói.
nova oportunidade?
- 437 -
desligou-se de Jurandir.
continuar assim.
- 438 -
Voltar para onde? Lina não sabia para onde voltar nem
em particular.
- Onde?
Descansem em paz
2 de fevereiro de 1974
A voz riu.
o contrário, concorda?
- 440 -
é famosa.
- É. Você e os demais.
Edifício Joelma.
- Eu sei que morri no Joelma.
- Sei.
- 441 -
menos?
- 442 -
- Pode me contar?
mãe de Paulo.
extremas.
- E nunca descobriram?
- Os vizinhos acharam estranho a falta de
- 444 -
- O fogo...
de indignação.
- Não entendi.
- É verdade.
- Eu queria.
- 445 -
o porquê.
perceber que a vida é curta, nos faz refletir sobre uma série
a vislumbrar.
- Como assim?
- 446 -
- Desencarnes coletivos?
simpático, apresentou-se.
- 447 -
- Mesmo?
- 448 -
mais antigas matavam por matar, cometiam crimes
Deus. Com o passar dos séculos, tocados pela luz das escrituras
- 449 -
- contra-argumentou Lina.
- 450 -
deita no túmulo.
vozes, gemidos.
ao corpo de carne.
fazer nada.
- Os gemidos são terríveis. Outro dia teve um
- Só eu.
- Gostaria de partir.
de encarnados e desencarnados.
- João.
- Prazer, João.
- 453 -
e entendidas...
atitudes melhores.
- 454 -
reencarnatório do indivíduo.
- Porquê?
minha amiga.
um cemitério?
- Quais?
- 455 -
dela não veio junto. Então, por que ela não pode se aproximar?
é patente.
maneira alguma.
Estou muito aflita com aquela senhora que pede pela mãe
- Muito.
- Só?
impressionada.
- 457 -
amorosamente, a doente.
no bem.
impulsos se abrandavam.
que têm força, que são mais fortes do que qualquer forma-
- Começo a entender.
- 458 -
que aquilo ficara tão forte em seu espírito que ela naturalmente
acreditou que podia criar coisas boas e impor
- 459 -
encarando Amanda.
curiosa.
- Talvez seja esse o motivo pelo qual Orlando quer
Melissa sorriu.
morrera?
anos que Lina partira que Melissa nem mais sabia o que
se emocionar.
de Melissa?
- 461 -
estivera ausente.
- E Nádia?
- Não.
- É Telma.
- A irmãzinha!
- 462 -
- Simples assim?
a si mesmo.
- Tem razão.
- Por certo.
Lina emocionou-se.
- Quanta mudança!
fica parado.
- Sim.
- 463 -
Maruska riu.
- Eunice e Hermes?
- Dona Leonor?
sua família.
- Falando em Paulo...
- considerou Maruska.
- Meus pais?
- Vivem no Haiti.
Lina surpreendeu-se.
- 464 -
- Haiti?
dominar os impulsos.
milhares de desencarnados.
- 465 -
Maruska.
para sentir.
sábias palavras.
- Eu também.
nos braços.
- 466 -
- Está bem.
Deseja falar.
- Quem?
- Lina?!
o bilhete.
- Meu Deus! Como? O que aconteceu?
- 467 -
Melissa, sinceramente.
dos vivos, que meu espírito está bem, e logo Luís Sérgio
é coisa nossa...
alguns dias.
EPÍLOGO
corria perigo.
- 470 -
ver-me.
- Qual é o problema?
- Não sei. Estou sentindo algo diferente, algo estranho.
Luís Sérgio...
ajudá-lo a se recuperar.
bom tempo.
- Acha?
- 471 -
da vida?
importa a situação.
- Sim.
branca, suave.
Abaixou-se e fez:
- Psiu!
- 472 -
- Lina!
-se com ardor. Luís Sérgio falava com a voz que a paixão
tornava rouca:
a doença.
- Como não?
Maruska os interrompeu:
- É?
- 473 -
nada menos.
- Manuela...
que dizer.
- Também o amo.
as duas.
- 474 -
- Sim, mas o perispírito foi bastante afetado pela
- Entendo.
Por quê?
Maruska prosseguiu:
- 475 -
- Ya tebya lyublyu.
- De nada, mamãe.