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GESTÃO DO

CONHECIMENTO E 1

INOVAÇÃO
Volume 3

Leopoldo Mendonça
(Organizador)
Leopoldo Mendonça
(Organizador)

Gestão do Conhecimento e
Inovação
Volume 3

1ª Edição

Belo Horizonte

Poisson

2017
Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade

Conselho Editorial

Dr. Antônio Arthur de Souza – Universidade Federal de Minas Gerais


Dra. Cacilda Nacur Lorentz – Universidade do Estado de Minas Gerais
Dr. José Eduardo Ferreira Lopes – Universidade Federal de Uberlândia
Dr. Luiz Cláudio de Lima – Universidade FUMEC
Dr. Nelson Ferreira Filho – Faculdades Kennedy
Dr. Otaviano Francisco Neves – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


G393
Gestão do Conhecimento e Inovação volume 3/
Organizador Leopoldo Mendonça - Belo
Horizonte (MG : Poisson, 2017)
257 p.

Formato: PDF
ISBN: 978-85-93729-20-1
DOI: 10.5935/978-85-93729-20-1.2017B001

Modo de acesso: World Wide Web


Inclui bibliografia

1. Conhecimento. 2. Inovação. I. Mendonça,


Leopoldo II.Título

CDD-658.8

O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade


são de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.

www.poisson.com.br

contato@poisson.com.br
APRESENTAÇÃO

Notadamente, nas últimas décadas, os processos de Gestão do


Conhecimento e a dita “Sociedade da Informação” se caracterizam como um
movimento social em formação e expansão. Estamos atravessando um
período de novos paradigmas e novos valores, onde indivíduos e
organizações tem se adaptado a essa nova realidade.

A Gestão do Conhecimento trata-se de uma área de atuação transdisciplinar


envolvendo conceitos relacionados à tecnologia, sistemas de informação,
teoria organizacional e gestão estratégica, e ligada às tradicionais áreas de
conhecimento como a economia, administração, sociologia, antropologia,
psicologia, marketing dentre outras.

Esse livro apresenta uma reunião de vinte artigos escritos por pesquisadores
que são o resultado de pesquisas delineadas e aplicadas nos mais diversos
setores e nos revelam um conjunto de práticas adotadas em situações reais.

Essa oportunidade de leitura é fruto de esforços científicos de diversos


autores, devidamente referenciados ao final dessa publicação. Aos autores e
aos leitores, agradeço imensamente pela cordial parceria.

Leopoldo Mendonça
Capítulo 1: Os websites como ferramenta de promoção e venda: um estudo
nas agências de viagens tradicionais de Natal/RN .......................................................................
7
(Aylana Laíssa Medeiros Borges, Mabel Simone de Araújo Bezerra Guardia, Sérgio Ramiro
Rivero Guardia)

Capítulo 2: Avaliação do processo de formulação de estratégias na gestão do


conhecimento, a partir da percepção do dirigente empresarial....................................................
18
(Ademir Rodrigues de Mattos)

Capítulo 3: Arquitetura para interconexão de redes de sensores sem fio e


redes TCP/IP ..................................................................................................................................
36
(Daniel Adorno Gomes, David Bianchini, Omar Carvalho Branquinho)

Capítulo 4: Inovação e gestão do conhecimento no desenvolvimento de novos


produtos: um estudo de caso em uma organização do setor metal mecânico .............................
46
(Paula Patricia Ganzer, Eduardo Robini Da Silva, Fernanda Pauleto D´Arrigo, Ana Cristina
Fachinelli, Pelayo Munhoz Olea)

Capítulo 5: Estilos de Aprendizagem e Gestão do Conhecimento como


Práticas no Ensino Profissionalizante ............................................................................................
55
(Eduardo Robini da Silva, Paula Patricia Ganzer, Fernanda Pauleto D´Arrigo, Ana Cristina
Fachinelli, Pelayo Munhoz Olea),

Capítulo 6: Capacidade absortiva individual: uma perspectiva com alunos de


administração.................................................................................................................................
67
(Eduardo Robini da Silva, Fernanda Pauletto D’Arrigo, Juliana Furlan, Paula Patricia Ganzer,
Pelayo Munhoz Olea, Fabiano Larentis, Eric Charles Henri Dorion, Cristine Hermann Nodari,
Adrieli Alves Pereira Radaelli, Cleber Cristiano Prodanov)

Capítulo 7: Recursos Humanos para Inovação: Desafios e Soluções em um


Novo Modelo em Parceria entre a Natura e a FAPEAM .................................................................
79
(Marta Pinheiro Silva Siza, Zení Silva Jucá Bessa, Leonardo Augusto Garnica, Henriette Soares
Pereira Paskinn),

Capítulo 8: Cooperação, aprendizagem e inovação na cadeia têxtil da região


de Americana (SP) .........................................................................................................................
88
(Marcos de Carvalho Dias)

Capítulo 9: Uma análise das influências dos fatores de contribuição dos


empreendimentos de base tecnológicas da região do vale do Paraíba Paulista ..............................
103
(Walter Saraiva Lopes, Renato José Sassi, Antônia Francisca da Silva Saraiva)

Capítulo 10: Análise do acompanhamento e controle de projetos: um estudo


de caso para identificação das falhas ocorridas no desenvolvimento de um
projeto de capital ...........................................................................................................................
115
(Fabio Rodrigues Santos, Fernanda Maciel Zeferino, Jussara Fernandes Leite, Wagner
Ricardo Ribeiro, Thiago Cristian Barbosa Nunes)
Capítulo 11: O comprometimento na gestão de projetos: um estudo na
administração pública....................................................................................................................
125
(Antonio de Souza Silva Júnior, Silvio Luiz de Paula, Camila Thayná Santos, Andrezza
Marianna Pinto de Oliveira)

Capítulo 12: Treinamento e desenvolvimento em gestão de projetos ..........................................


136
(Antonio Carlos de Lemos Oliveira, Guilherme Rezende Ferreira)

Capítulo 13: Proposição de um roadmap simplificado para posicionamento


estratégico de produção................................................................................................................
145
(Marcos Leandro, Gustavo Adami, Lia Denize Piovesan)

Capítulo 14: Contribuição do sistema de informação na gestão do cuidado em


uma instituição de longa permanência para idosos ......................................................................
153
(Amanda Priscila da Fonseca Baptistini, Celeste José Zanon)

Capítulo 15: Planejamento de Sistemas Organizacionais com Utilização de


Tecnologia da Informação nas Atividades de uma Mina Subterrânea ..........................................
162
(Jussara Fernandes Leite, Luciano José Vieira Franco, Fernanda Maciel Zeferino, Wagner
Ricardo Ribeiro, Fagner Pereira)

Capítulo 16: A contribuição da vigilância tecnológica para a inovação em


organizações .................................................................................................................................
175
(Luani Back Silvina, João Luiz Kovaleski, Pedro Paulo de Andrade Junior)

Capítulo 17: Gestão da inovação em organizações – um estudo bibliométrico ...........................


183
(Vinícius Gomes Pereira, Larissa Camila Gonçalves, Roberto Costa Moraes)

Capítulo 18: Escritório de gerenciamento de projetos: implantação em uma


empresa de montagens industriais ................................................................................................
194
(Thiago Francisco Malagutti, Diego Fernandes Silva, Elvisney Aparecido Alves)

Capítulo 19: Proposta de aplicação de práticas de gestão do conhecimento


para auxílio no relacionamento fornecedor-comprador .................................................................
209
(Alana Deusilan Sester Pereira, Isabela Carvalho de Morais, Mariana dos Santos Alves
Mendes)

Capítulo 20: Proposta de metodologia para a fase de análise de requisitos de


software baseado em práticas de gestão do conhecimento para obtenção de
qualidade de software ...................................................................................................................
219
(Suelyn Fernanda da Silva, Paulo Ricardo de Souza e Silva, Luiz Antônio Zanlorensi Junior)

Autores ....................................................................................................................................
243
Capítulo 1

Aylana Laíssa Medeiros Borges


Mabel Simone de Araújo Bezerra Guardia
Sérgio Ramiro Rivero Guardia

Resumo: As agências de viagens por muito tempo dominaram o setor de viagens e


turismo. Contudo, o surgimento da internet transformou a forma de distribuição dos
serviços do setor, tendo em vista que essa ferramenta possibilitou aos próprios
fornecedores de serviços turísticos estarem à frente de suas vendas a partir do uso
de websites. Assim sendo, buscou-se identificar como as agências de viagens
tradicionais da cidade do Natal – RN, cadastradas na associação brasileira das
agências de viagens (ABAV), estão disponibilizando seus websites na internet a fim
de promover e comercializar seus serviços. Para tanto, utilizou-se de um formulário
como ferramenta de avaliação. E quanto aos elementos avaliados estes foram:
design e funcionalidade; conteúdo/informação; quanto à reserva on-line; links e
idiomas de cada website. Ao final do trabalho, pode-se observar que ainda é
significativa a quantidade de websites que precisam melhorar seu design, bem
como disponibilizar recursos e informações que podem estar sendo úteis para o
público que estas empresas se propõem a atender.

Palavras-chave: Agências de Viagens. Internet. Websites.

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1. INTRODUÇÃO cliente, é que se apresenta um estudo cujo


intuito foi identificar como estão sendo
As agências destacaram-se, por muito tempo,
disponibilizados os Websites das agências de
como organizações essenciais no mercado
viagens, tradicionais da cidade de Natal – RN,
de viagens, tendo em vista a finalidade
cadastradas na ABAV.
dessas empresas de intermediar a prestação
de serviços turísticos entre fornecedores e
consumidores. Contudo, devido a fatores
2. A IMPORTÂNCIA DAS AGÊNCIAS DE
como a globalização e em virtude,
VIAGENS PARA O TURISMO
principalmente, do surgimento da Internet
como possível canal de distribuição de Em se tratando dos equipamentos que
serviços, as agências de viagens passaram a organizam e promovem as atividades
enfrentar mudanças expressivas no mercado. realizadas no turismo, têm-se as agências de
E essas mudanças devem-se especialmente à viagens como infraestruturas construídas para
possibilidade que as empresas do setor de intermediar a comercialização de produtos e
viagens passaram a ter de comercializar seu serviços turísticos entre fornecedores e
próprio serviço diretamente com os consumidores.
consumidores. Em virtude disso, as agências
Sendo assim, para Tomelin (2001, p. 17) as
de viagens, mesmo ainda com certa
agências dentro de um destino “servem como
resistência, vêm tentando utilizar o ambiente
intermediárias e distribuidoras na prestação
eletrônico para manterem-se competitivas.
de serviços entre a oferta e a demanda, ou
Em se tratando, portanto, da competitividade
seja, entre aqueles que desejam receber os
ocasionada em função do uso da Internet
turistas e aqueles que desejam viajar”. Diante
para venda de serviços, torna-se válido
disso, percebe-se que as agências
entender que a ferramenta em questão não
constituem um importante canal de
surgiu com o intuito de substituir as
intermediação e distribuição dos serviços
intermediárias da prestação de serviços do
turísticos, já que permitem que esses serviços
setor de viagens, mas sim com a intenção de
cheguem até o consumidor final.
oferecer suporte para o desenvolvimento
dessas. Nesse sentido, nota-se que cabem às Assim sendo, a combinação dos elementos
organizações, de um modo geral, utilizar o (transporte, hospedagem, lazer, dentre outros,
ambiente virtual a seu favor, na busca de o entretenimento) que compõem uma viagem
manterem-se de forma competitiva no torna-se responsabilidade dessas empresas
mercado. Com relação à pesquisa realizada, turísticas, considerando que sua atividade é
portanto, destaca-se que por meio dessa foi justamente ofertar, reservar e vender serviços
possível conhecer qual a finalidade das turísticos fornecidos por terceiros (BRAGA,
agências de viagens na atividade turística, 2008).
suas responsabilidades e sua forma de
É preciso saber, portanto, que mesmo com o
atuação no mercado, assim como suas
surgimento da Internet e sua utilização como
estratégias para manter-se nesse, tendo em
novo canal de distribuição dos serviços
vista as modificações sofridas na área em
turísticos, as agências tradicionais continuam
virtude da utilização do meio eletrônico. Assim
tendo sua importância dentro do setor de
sendo, levando em consideração a
viagens e turismo, pois ainda existem pessoas
necessidade de estratégias para as empresas
que preferem confiar sua viagem nas mãos de
do setor de viagens devido às mudanças na
profissionais especializados. Isso significa,
forma de comercialização dos serviços, viu-se
então, que as empresas do setor devem
como eficaz que as agências tradicionais
acompanhar as tendências mercadológicas
desenvolvam páginas na Internet para
na busca de melhorias, bem como devem
divulgar e distribuir os serviços
qualificar seus profissionais para melhor
comercializados pela empresa, bem como a
atender seus clientes.
fim de atrair a atenção dos usuários para os
serviços que são prestados pelo Durante muito tempo, as agências de viagens
empreendimento. Ressalta-se que a forma dominaram o setor de viagens por
como essas páginas estarão disponíveis para constituírem um importante canal de
o consumidor fará a diferença. De tal modo, distribuição dos serviços de terceiros. No
entendendo que a forma como essas páginas entanto, como qualquer outro negócio na
serão apresentadas no meio eletrônico atualidade está sujeito a modificações, a
influenciarão na escolha da empresa pelo avanços que requerem novas estratégias,

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inovação, ou até mesmo um reposicionamento possibilidade de transações (comprar e


no mercado, sendo este um fato que chegou vender) on-line (MARIN, 2004). Isso significa
a essas empresas e a tornaram apenas mais que as agências de viagens, em virtude da
um canal de distribuição dentre muitos que criação de sites, estão tendo a possibilidade
surgiram (REJOWSKI; PERUSSI, 2008). de estarem mais próximas do consumidor,
bem como dos serviços e produtos
Logo, as agências como distribuidoras ou
disponíveis na rede, tendo a oportunidade de
intermediárias dos serviços turísticos, assim
estabelecer um contato direto tanto com os
como fornecedoras de informações que
clientes quanto com os fornecedores dos
facilitam o consumo de serviços e contribuem
serviços.
para o desenvolvimento do turismo em uma
localidade, devem identificar nas mudanças Entende-se, neste espaço da Web, que as
do mercado, a oportunidade para manter-se agências têm a possibilidade de disponibilizar
nesse de forma a contribuir para o informações sobre os serviços e produtos que
desenvolvimento do turismo. podem ser encontrados na empresa, assim
como é uma oportunidade de estabelecer um
contato direto com o consumidor através do
3. A INTERNET COMO OPORTUNIDADE meio digital. Nesse sentido, destaca-se que a
PARA AS AGÊNCIAS DE VIAGENS vantagem de utilizar a ferramenta é que os
consumidores terão acesso às informações
A Internet, como ferramenta que permite
de qualquer lugar onde estejam.
compartilhar informações, tornou-se tendência
para os envolvidos no setor de turismo, pois Diante do exposto, considerando as
possibilitou aos fornecedores de produtos e mudanças do mercado devido ao uso da
serviços turísticos estabelecer um contato Internet como canal de distribuição e a
direto com o consumidor. Isso indica que a necessidade das empresas atualmente se
Internet proporcionou o surgimento de novos adequarem ao cenário atual para que se
intermediários no mercado de viagens. mantenham competitivas, é importante que as
agências de viagens tradicionais passem a
Nesse sentido, A Internet foi “vista por muitos
criar seus endereços na Web de forma a
fornecedores como a oportunidade de
melhorar o produto e/ou serviço prestado pela
estabelecer uma comunicação mais direta
empresa e estabelecer um contato com os
com seus consumidores, reduzir o custo de
consumidores e fornecedores do setor de
distribuição e também a dependência dos
viagens, salientando que a elaboração do
intermediários” (MARIN, 2004, p. 45).
site, ou melhor, a aparência e a disposição
De tal modo, a Internet representa um dos das informações farão toda a diferença no
fenômenos mais importantes da informática, momento de atrair e conquistar o cliente para
passando a ser um ambiente decisivo no utilizar a ferramenta.
mercado das agências de viagens e turismo.
Para Marujo (2008, p. 8) “a Internet, mais
propriamente a Web, pode apresentar ao 4. OS WEBSITES COMO PROMOÇÃO
potencial turista uma informação minuciosa e ELETRÔNICA DAS AGÊNCIAS DE VIAGENS
atualizada sobre um destino”.
A inserção das agências de viagens
Dessa maneira, é pertinente ressaltar que o tradicionais no meio eletrônico vem dando-se
uso do meio eletrônico facilitou a interação a partir da construção de sites que
entre fornecedores e consumidores, mas em disponibilizam informações sobre os serviços
contrapartida, em um primeiro momento, prestados pela empresa, bem como a
apresentou-se para as agências de viagens apresentam ao público em geral. De acordo
como concorrentes, pois passou a permitir o com Anjos, Souza e Ramos (2006), por meio
contato direto dos fornecedores com dos sites, é possível efetuar planejamento,
consumidores, eliminando algumas vezes, a buscas, reservas, dentre outros, aquisição de
necessidade de um intermediário para serviços turísticos. O consumidor, neste caso,
prestação do serviço turístico. torna-se o organizador de sua própria viagem,
sendo ele o responsável por decidir os
As empresas passaram, portanto, a criar
serviços que deseja utilizar. Em virtude disso,
Websites com mecanismos de venda direta,
de acordo com a OMT (2003) é preciso definir
pois trata-se de uma ferramenta que
o que se pretende com o uso da ferramenta, e
usualmente inclui informações sobre a
refletir como o site poderia estar contribuindo
empresa, produtos, e serviços, e oferece a

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para atingir determinados objetivos. Desse eletrônico sejam facilmente encontradas por
modo, são apresentados alguns pontos que seus possíveis consumidores.
podem estar sendo observados e
Assim, conforme a OMT (2003) é preciso
disponibilizados no site para que objetivos
refletir sobre o que os consumidores em seus
sejam alcançados. Sendo esses pontos então:
segmentos de mercado esperam do site e a
partir daí avaliar alguns pontos que
necessitam ser oferecidos, ou melhor, que
 Aumentar o volume dos negócios:
poderiam estar incluídos nos sites para
 Fornecer informações sobre o que é facilitar o uso da ferramenta por parte dos
possível fazer no destino e locais onde é usuários/clientes. Deste modo, são
possível se hospedar e/ou se alimentar; estabelecidos 11 (onze) pontos que merecem
 Permitir que os atenção no momento de construção de um
usuários/consumidores façam reservas site voltado para o consumidor, sendo eles:
online de forma segura, garantindo
dessa forma, negócios para a empresa.
 Melhorar a comunicação com os  Visibilidade – o site deve ser fácil de
consumidores: ser encontrado, registrado com um
endereço claro e estar inserido nos
 Oferecer funções, como espaço
principais mecanismos de busca.
destinado para comentários, que
 Velocidade – o site deve ter uma
permitam estabelecer um relacionamento
operação rápida, com o mínimo de
com os consumidores.
imagens em função dos usuários que
 Gerar boas relações:
possuem equipamentos lentos.
 Oferecer links para sites de  Design – o site deve ser atraente e
organizações que podem ser úteis para fácil de utilizar, de forma a criar interesse
o usuário; no usuário e tornar a navegação simples
 Oferecer informações sobre a de entender.
empresa.  Conteúdo – o conteúdo deve ser
atualizado, preciso e relevante. E a
utilização de vídeos, animações e
Ainda de acordo com a OMT (2003) é preciso
imagens deve ser feita de forma
compreender que o desafio da construção de
controlada para que o desempenho da
um site na Web está justamente em
ferramenta não seja afetado.
desenvolver um design que passe confiança
 Ferramenta de pesquisa – auxilia os
aos usuários.
usuários a encontrar o que procuram
Conforme Nielsen e Loranger (2007) um bom com facilidade por meio de uma
design navegacional deixa claro onde os ferramenta de pesquisa.
usuários se encontram, onde as coisas estão  Capacidade de reserva – facilita a
localizadas e como conseguir o que se quer. verificação de disponibilidade, reservas
Os autores ainda destacam que um Website e/ou pagamentos por produtos e
com uma arquitetura de informação serviços on-line.
apropriada faz com que os usuários sintam-se  Links – oferecer links para outros
à vontade para explorar o ambiente. sites, que sejam úteis para os usuários.
 Personalização – é importante
De tal modo, em se tratando dos sites das
reconhecer os clientes que já visitaram o
agências de viagens, nota-se que a forma
site e oferecer informações para atender
como esses estarão sendo apresentados aos
as suas exigências.
usuários/clientes farão toda diferença no
 Ajuda – deve-se fornecer ajuda para
momento de decidir por determinada
navegar no site.
empresa, além do que a aparência e
 Respostas a consultas – deve-se
disposição das informações, sem dúvida,
oferecer um mecanismo eficiente para
proporcionarão uma nova visita, tornando
lidar com consultas sobre o conteúdo ou
assim, o visitante um consumidor dos serviços
reservas.
prestados no ambiente virtual. Nesse
contexto, os sites das agências de viagens
 Idiomas – devem-se fornecer opções
em outras línguas para que o usuário
devem ser elaborados de modo a permitir que
possa visualizar o site em sua própria
as informações disponibilizadas no ambiente
língua.

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Os elementos citados foram apresentados mas diferentemente do questionário, quem


pela OMT no ano de 2003, porém assinala as respostas é o pesquisador
considerando-os ainda como elementos (VERGARA, 2007). É válido enfatizar que
pertinentes para a realização da pesquisa é como trata-se da análise de sites na Web, a
que fez-se uso deles. No entanto, é preciso própria pesquisadora avaliou e marcou as
esclarecer que, com relação ao ponto respostas coerentes ao questionamento
velocidade, os avanços tecnológicos foram elaborado para a realização do estudo.
acontecendo e em virtude disso,
Com relação ao processo de seleção dos
equipamentos melhores e mais velozes
elementos da amostra para realização do
surgiram. Entretanto, é válido destacar, que
estudo utilizou-se de uma tabela (Planilha
de acordo com os conhecimentos empíricos
Excel) que apresenta o intervalo de confiança
da autora deste trabalho apesar da existência
para realização de uma pesquisa.
de equipamentos mais aperfeiçoados,
Destacando que essa tabela é de autoria de
quando se trata de velocidade, ainda existem
Nogueira (2010). Trata-se, portanto, de uma
locais e consequentemente pessoas que
técnica de amostragem simples, que requer a
dispõe de Internet com velocidade não
margem de erro, o tamanho da população
favorável à abertura das páginas que compõe
(N), o nível de confiança e o valor
um Website. Diante desse contexto, é que se
planejamento para a proporção na fórmula
questionou na análise dos sites quanto a esse
(p), para obtenção do tamanho da amostra (n)
fator.
para uma estimativa, por intervalo de
Em suma, considerando a possibilidade das confiança (IC), de uma proporção da
agências de viagens de se inserirem no população.
mercado eletrônico a partir da elaboração de
Assim sendo, considerando os fatores que
sites, vê-se como pertinente destacar que é
influenciam e os valores para identificação da
essencial que as empresas busquem
amostra, obteve-se como resultado que a
responder às necessidades de seus clientes.
pesquisa deveria ser realizada com 31 dos 80
E por esse motivo segundo Oliveira (2008, p.
Websites filiados a ABAV para ser
35) atentar-se “para as características usuais
considerada suficientemente informativa.
do Website passa a ser predominante diante
Identificado, portanto, o número mínimo para
da realidade competitiva”.
realização da pesquisa, de forma aleatória,
selecionou-se as agências para o estudo.
5. METODOLOGIA
Neste artigo, discute-se sobre a elaboração 6. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS
de Websites das agências de viagens RESULTADOS
tradicionais, cadastradas na ABAV, para
A pesquisa considerou alguns elementos que,
comercialização e promoção eletrônica dos
segundo a Organização Mundial do Turismo,
serviços prestados pela empresa. Utilizou-se,
facilitam a utilização dos Websites pelos
portanto, de pesquisa bibliográfica e pesquisa
consumidores. Sendo assim, observou-se nos
exploratória para levantar as informações
Websites o Design e Funcionalidade; o
pertinentes a serem disponibilizadas neste
Conteúdo/Informações; a Reserva On-line; os
trabalho.
Links; e os Idiomas.
A pesquisa bibliográfica, então, permitiu
Com relação aos elementos analisados é
desenvolver o estudo com base em materiais
importante explicar que apenas alguns foram
publicados em livros, revistas, rede eletrônica,
selecionados para a pesquisa em virtude do
isto é, materiais que estão acessíveis ao
objetivo do trabalho. Logo, segue a descrição
público em geral (VERGARA, 2007). Já com
dos resultados da pesquisa:
relação à pesquisa exploratória, é importante
ressaltar que, segundo Souza, Fialho e Otani
(2007, p. 38) esse tipo de pesquisa “consiste
6.1 DESIGN E FUNCIONALIDADE
em explorar o tema buscando criar
familiaridade em relação a um fato ou 6.1.1 QUANTO AO VISUAL DA PÁGINA
fenômeno”. INICIAL
Quanto ao instrumento de pesquisa para Para Nielsen e Loranger (2007) um bom
coleta dos dados, utilizou-se do formulário. design e uma boa organização permitem aos
Esse instrumento é apresentado por escrito, usuários saberem onde estão e

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principalmente onde estão as informações 6.1.3 QUANTO À DISTRIBUIÇÃO DOS


que procuram. Assim, é importante que as ELEMENTOS QUE CONSTITUEM O SITE
páginas, ao serem desenvolvidas, sejam
Os recursos (menu, pesquisa por palavras-
capazes de atrair a atenção do usuário, ou
chave, dentre outros, mapas) que são
seja, de despertarem o interesse do usuário
distribuídos na página dos Websites, a fim de
em estar utilizando os serviços disponíveis no
espalhar ou dividir as informações e/ou
ambiente em questão. É preciso saber que,
serviços prestados pela empresa é algo que
considerou-se como atraente uma página sem
deve ser levado em consideração, pois a
acumulação de informações, bem como com
organização desses recursos pode contribuir
uma quantidade de imagens que não poluem
significativamente para que as informações
visualmente a homepage.
sejam encontradas pelos usuários de forma
De tal modo, a partir da pesquisa verificou-se rápida. Nesse contexto, a alternativa rápida
que 39% dos sites possuem suas páginas significa a facilidade com que o usuário
atraentes, ou seja, são capazes de despertar encontra a informação disposta no site,
o interesse do usuário em estar utilizando a considerando a distribuição dos recursos
ferramenta disponibilizada no meio eletrônico. distribuídos na homepage.
Tendo sido obtido como resultado também
Assim, quanto à distribuição dos recursos que
que 6% dos sites são muito atraentes, 36%
compõem os Websites, constatou-se que
pouco atraentes e 19% são pouquíssimos
apenas 6% encontram-se muito bem
atraentes. Percebe-se que, mesmo diante de
distribuídos, 29% estão bem distribuídos, 19%
uma quantidade significativa de sites que
muito mal distribuídos e 46% estão mal
possuem suas homepages atraentes, ainda
distribuídos. Diante dos dados apresentados,
tem-se uma quantidade considerável desses
percebeu-se que 18 dos sites possuem uma
que se apresentam no meio eletrônico de
boa distribuição com relação à forma de
forma a não atrair a atenção do usuário para o
disposição dos recursos disponíveis em suas
uso da ferramenta.
páginas, o que significa que é significativo o
número de sites que precisam ser melhorados
em se tratando da organização dos seus
6.1.2 QUANTO À FACILIDADE EM ABRIR AS
recursos utilizados.
PÁGINAS QUE APRESENTAM AS
INFORMAÇÕES DO SITE
Quanto à facilidade em abrir as páginas que 6.1.4 QUANTO À NAVEGABILIDADE
contêm informações, verificou-se que 93%
Para Nielsen e Loranger (2007) um bom
das páginas dos sites estudados abrem de
design navegacional deixa claro onde os
forma satisfatória, enquanto 7% apresentam-
usuários se encontram, onde as coisas estão
se de forma insatisfatória. Isso significa que
localizadas e como conseguir o que se quer.
de um universo de 31 sites constatou-se que
Os autores ainda destacam que sites
29 (vinte e nove) desses, as imagens
organizados possibilitam que os usuários
disponibilizadas não dificultam a
prossigam na realização dos seus objetivos
movimentação do usuário pelas páginas que
com facilidade.
compõem o site, e em virtude disso os
usuários/consumidores não precisam esperar Assim, com relação ao questionamento sobre
muito tempo para que as páginas carreguem quanto à navegabilidade dos sites, ou melhor,
e assim abram. Com relação a este quanto à facilidade com que é possível
questionamento, é importante entender que, percorrer as informações contidas nos sites,
teve-se como intenção identificar com que verificou-se que 10% dos sites são muito
velocidade as páginas que compõem os sites fáceis de navegar, 48% possuem uma fácil
abrem. Assim sendo, notou-se que as navegabilidade, 3% possuem navegabilidade
imagens e figuras disponibilizadas não muito difícil, ao passo que 39% apresentam-
dificultam a movimentação dos usuários pelas se com uma difícil navegabilidade.
páginas dos sites. Significando que
Destaca-se que é interessante no momento
provavelmente essas imagens não irão
de elaborar um Website e definir seu design
comprometer a utilização da ferramenta pelas
que pelo menos as informações principais
pessoas que dispõe de uma internet com
sobre os serviços que são oferecidos pela
sinal de frequência baixo.
empresa, estejam à primeira vista. Isso
facilitará a navegação ou utilização do site

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pelo usuário, pois permitirá que todas as estes encontrarem as informações que
informações pertinentes disponíveis no desejam no ambiente disponibilizado. Assim
ambiente sejam encontradas sem maiores sendo, quanto à existência de recursos
dificuldades. (pesquisa por palavras-chave e conversor de
moedas) que facilitam o uso geral de um site,
constatou-se que 26% desses apresentam
6.1.5 QUANTO À EXISTÊNCIA DE MENU sim tais recursos, enquanto que 74% não
dispõem de nenhum desses.
Segundo Nielsen e Loranger (2007) a
existência de menus, bem como de Ressalta-se que a finalidade dessas
submenus como uma ferramenta ferramentas é facilitar a busca por
navegacional, tem o intuito de poupar espaço informações específicas (palavras-chave),
em telas que possuem uma área limitada, assim como de proporcionar ao
porém destaca que esses recursos devem ser usuário/consumidor se informar quanto a
utilizados sem exageros, para que não valores em moedas estrangeiras (conversor
deixem os usuários confusos. de moedas).
De tal modo, questionou-se a respeito da
existência de menu de informações contendo
6.2 CONTEÚDO/INFORMAÇÕES
os tipos de serviços prestados pela empresa,
e quanto à forma de disposição das 6.2.1 QUANTO ÀS INFORMAÇÕES
informações nesse referido espaço. INSTITUCIONAIS
Identificou-se, portanto, que quanto à
Para a OMT (2003) os Websites devem dispor
existência do recurso menu, 97% dos sites
de páginas com conteúdo relevante e preciso
apresentam sim o recurso em suas páginas,
para que tenham eficácia na venda dos
enquanto que 3% dessas não possuem tal
serviços prestados pela empresa. Sendo
recurso em sua estrutura.
assim, quanto à existência de informações
institucionais nos Websites, identificou-se que
74% dos sites disponibilizam informações
6.1.6 QUANTO ÀS INFORMAÇÕES
sobre a empresa, ao passo que 26% não
DISPOSTAS SOBRE OS SERVIÇOS
oferecem tais informações.
Antes de apresentar o resultado do
Nota-se, que é significativa a quantidade de
questionamento é importante esclarecer que
organizações que têm a preocupação de
com relação às alternativas regular e ruim,
apresentar para seus clientes informações
essas intencionam indicar que as informações
relevantes sobre sua empresa.
estão dispostas de uma forma que confundem
e dificultam aos usuários estarem
encontrando de forma rápida a informação
6.2.2 QUANTO A MEIOS PARA CONTATO
que deseja.
Com relação à disponibilização de meios para
Assim, quanto à forma como as informações
contato (telefone fixo comercial, telefone
estão dispostas no espaço destinado a elas,
celular comercial, e-mail, MSN, dentre outros),
tendo em vista o menu ser apenas um recurso
identificou-se que 100% dos sites apresentam
indicativo de onde pode-se encontrar
esse tipo de informação.
determinada informação, obteve-se a seguinte
resposta para o questionamento: 3% dos
Websites apresentam uma ótima forma de
6.2.3 QUANTO À POSSIBILIDADE PARA
disposição das informações, 33% apresentam
CONTATO
uma boa forma de disposição, 44% estão
dispostas de forma regular e 20% estão Quanto à possibilidade para contato
dispostas de forma ruim. identificou-se que 29% dos sites informam,
além do telefone fixo, o telefone celular
comercial da agência, 74% apresentam e-mail
6.1.7 QUANTO A FERRAMENTAS DE e 22% oferecem MSN. Destaca-se que além
PESQUISAS desses elementos disponíveis, 32% dos sites
oferecem também contato de fax.
Segundo a OMT (2003) existem alguns
recursos que podem contribuir para o uso
geral de um site pelos usuários, que permite a

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


14

6.2.4 ESPAÇO PARA COMENTÁRIOS SOBRE sobre assistência médica. Lembrando, ainda,
A EMPRESA que para as organizações que dispõem do
recurso, essa é também uma forma de gerar
É interessante oferecer um espaço para
receitas para a empresa.
comentários, para que seja possível
estabelecer um relacionamento com os
consumidores (OMT, 2003). Ressaltando que
6.2.7 QUANTO AO ACESSO À EMPRESA
esse espaço permite aos
(GOOGLE MAPS)
usuários/consumidores darem sugestões,
opiniões, elogiarem ou até mesmo fazerem Conforme a OMT (2003) o recurso de mapas
reclamações sobre determinado serviço. disponibilizado nos sites pode contribuir para
o uso geral da ferramenta, pois trata-se de um
Com relação a esse questionamento,
recurso que pode auxiliar os
observou-se que 81% dos sites apresentam
usuários/consumidores do ambiente
espaço para comentários, ao passo que 19%
eletrônico estarem encontrando locais
não possuem esse espaço.
específicos. Assim sendo, em se tratando do
questionamento feito quanto ao acesso à
empresa, foi possível constatar que 61% dos
6.2.5 QUANTO A INFORMAÇÕES DE
sites oferecem a possibilidade de localizar-se,
SUPORTE VIAGEM
enquanto que 39% não apresentam
Existem recursos possíveis de serem orientação de acesso.
disponibilizados nos Websites que podem
estar contribuindo para o uso geral do site,
assim como apresentando informações 6.2.8 QUANTO AOS SERVIÇOS DISPONÍVEIS
pertinentes para quem está pretendendo NO SITE
viajar (OMT, 2003).
Quanto aos serviços disponíveis nos Websites
Assim sendo, quanto a informações de estudados pode-se observar que 71% dos
suporte viagem, verificou-se que 71% dos sites oferecem serviços de reserva de hotéis,
Websites oferecem o recurso, ao passo que 74% ofertam serviços de passagens aéreas,
29% não o apresentam. 3% oferecem reservas de restaurantes, 90%
disponibilizam serviços de passeios e/ou
pacotes de viagens, 58% locam carros, 35%
6.2.6 QUANTO AOS SUPORTES DE VIAGEM oferecem serviços de cruzeiros, 61% prestam
DISPONIBILIZADOS NO SITE serviço de traslados e 61% correspondem a
outros serviços disponíveis.
Com relação ao questionamento feito quanto
à existência de suportes de viagem Como outros serviços têm-se a venda de
disponibilizados nos sites, constatou-se que passagens rodoviárias, receptivo, seguro-
45% dos sites dispõem de dicas de viagens, viagem e a elaboração de eventos. Ressalta-
13% oferecem seguros de viagem, 55% se ainda que o serviço de passeios e/ou a
informam quanto ao clima dos destinos e 10% comercialização de pacotes de viagens
informam quanto a transportes disponíveis de podem ser encontrados em praticamente
serem utilizados nos destinos. todos os Wesites.
Essas informações são importantes de serem
apresentadas, principalmente, porque existem
6.3 RESERVAS ON-LINE
pessoas que ainda não conhecem o destino
ao qual pretendem viajar. Nesse sentido, as Em se tratando do serviço de reservas on-line,
dicas de viagens, assim como informações buscou-se identificar se os sites oferecem a
sobre clima dos destinos e como se deslocar possibilidade dos usuários reservarem e/ou
dentro desses, são recursos adequados de comprarem serviços diretamente no site.
serem disponibilizados no meio eletrônico, Assim sendo, verificou-se que quanto à
pois permitem que os usuários/consumidores possibilidade de reservar e/ou comprar
sintam-se mais seguros. serviços on-line, observou-se que 32% dos
sites dispõem de tal recurso, ao passo que
Quanto à disponibilização do recurso seguro
68% não dispõem. Nota-se que é significativa
de viagem, essa é uma forma de demonstrar
a quantidade de Websites que ainda não
o cuidado da empresa com seus clientes,
apresentam tal possibilidade.
tendo em vista ser um recurso que informa

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


15

Diante desse resultado, torna-se pertinente Assim, considerando a existência de


destacar que a possibilidade de realizar ferramentas disponíveis na Internet que
reservas e/ou compras on-line permite gerar podem contribuir ainda mais para a
receitas para a empresa, tendo em vista ser divulgação e promoção dos serviços de uma
possível aos usuários/consumidores empresa, questionou-se quanto a indicativos
efetivarem sua reserva em tempo real (OMT, de redes sociais em que é possível encontrar
2003). as agências de viagens estudadas. Destaca-
se que segundo Gonçalves (2010, 41) tornou-
se “comum possuir conta ao menos em uma
6.4 LINKS mídia social, seja ela Orkut, Facebook,
Twitter”.
6.4.1 OFERECE LINKS DE SITES
ESPECÍFICOS PARA SERVIÇOS DE TURISMO Tendo em vista que essas ferramentas
permitem a interação entre o público em
Disponibilizar links de serviços específicos
geral. Portanto, como resposta a esse
para os usuários nos Websites é interessante,
questionamento, verificou-se que 35% dos
pois permite que a empresa crie boas
sites estudados apresentam indicativos de
relações públicas (OMT, 2003). Além do mais,
presença nessas redes, enquanto que 65%
permite, ainda, que os usuários/consumidores
não apresentam nenhum indicativo.
possam conhecer melhor e obter mais
informações dos serviços que estão dispostos Logo, é preciso entender que não ter
no meio eletrônico. encontrado indicativos das redes sociais em
uma quantidade expressiva de Websites não
Com relação a este ponto, portanto, observou-
significa que as empresas não possuem tal
se que 32% dos sites oferecem sim o recurso
ferramenta disponível no ambiente eletrônico,
links, enquanto que 68%, o que significa uma
contudo, percebe-se que se perde a
parcela considerável dos sites estudados, não
oportunidade de divulgar em que rede social
disponibilizam tal recurso.
os serviços da empresa vêm sendo
apresentados.
6.4.2 QUANTO AOS LINKS DE SERVIÇOS
DISPONÍVEIS
6.4.4 QUANTO A INDICATIVOS DE
Em se tratando do questionamento feito PRESENÇA DAS AGÊNCIAS NAS REDES
quanto aos links de serviços disponíveis nos SOCIAIS
sites estudados, verificou-se que 3% desses
Buscou-se, então, verificar se além dos
sites oferecem links de restaurantes, 16%
Websites disponibilizados no meio eletrônico,
links de hotéis, 13% de companhias aéreas e
as agências de viagens tradicionais utilizam
10% correspondem a outros tipos de serviços
das redes sociais (Twitter, Orkut e Facebook)
e/ou informações adicionais que podem ser
com o intuito de promover e divulgar os
úteis aos usuários/consumidores que
serviços da empresa, assim como, a fim de
pretendem viajar.
estabelecer uma boa relação com os usuários
Destaca-se que os outros 10% dos links do meio eletrônico.
encontrados correspondem a links que
Para tanto, questionou-se quais os indicativos
apresentam informações sobre vistos, vacinas
de presença das redes sociais em que é
e passaporte. Informações importantes para
possível encontrar a empresa cujo site faz
quem deseja viajar para o exterior.
referência no meio eletrônico.
Logo, identificou-se que 10% dos Websites
6.4.3 QUANTO A INDICATIVOS DE REDES apresentam indicativos da presença da
SOCIAIS EM QUE É POSSÍVEL ENCONTRAR empresa no Orkut, 26% possuem presença no
A AGÊNCIA DE VIAGEM Facebook e 100% possuem indicativo no site
de presença no Twitter (microblog).
É pertinente destacar que a Internet tornou-se
um canal facilitador do contato tanto das
empresas intermediárias dos serviços
turísticos quanto dos fornecedores desses
serviços com os consumidores.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


16

6.5 IDIOMAS ferramenta para a venda, compra e promoção


dos serviços turísticos.
6.5.1 QUANTO A VISUALIZAR O SITE EM
OUTRO IDIOMA Logo, no que se refere à utilização das
possibilidades que a Internet oferece aos
De acordo com a OMT (2003) o recuso idioma
prestadores de serviços, destacando o uso
permite que o Website seja visitado por um
das mídias sociais (Orkut, Facebook e Twitter)
público mais amplo, então, considerando o
atrelado a disponibilização de Websites,
crescente número de pessoas que vem
observou-se que as agências, em sua
utilizando a Internet, vê-se como importante
maioria, considerando o resultado da
disponibilizar esse recurso proporcionando a
pesquisa, não disponibilizam em seus
possibilidade de mais pessoas estarem
Websites indicativos da presença da empresa
acessando a ferramenta disponível.
em redes sociais.
Assim sendo, quanto ao questionamento feito
Sendo, portanto, importante salientar que
com relação ao atendimento dos sites em
essas são ferramentas de contribuição para
outros idiomas, ou seja, quanto à
promoção dos serviços prestados pela
possibilidade de visualizá-los em outros
empresa e, que devem estar sendo utilizadas
idiomas, além do português, constatou-se que
a fim de estabelecer uma relação com seu
apenas 10% desses oferecem sim o recurso,
público consumidor.
enquanto que 90% não o disponibilizam.
Assim sendo, diante dos resultados obtidos
por meio da pesquisa, percebeu-se que, em
6.5.2 QUANTO AO ATENDIMENTO DO SITE sua maioria, é interessante que os Websites
EM OUTROS IDIOMAS das agências de viagens tradicionais da
cidade de Natal-RN sejam revistos com o
Quanto ao atendimento do site em outros
objetivo de que haja melhorias na estrutura de
idiomas, verificou-se que 7% dos sites podem
navegação do site, a fim de permitir que as
estar sendo visualizados em inglês e
informações sejam mais facilmente
espanhol, enquanto que 3% permitem que os
encontradas, bem como para disponibilizar
sites sejam visualizados em inglês, espanhol,
informações que são úteis para pessoas que
italiano e francês.
pretendem viajar.
Diante desse resultado, nota-se que é
Perante esse contexto, sugere-se para futuros
pertinente para as empresas estarem
estudos que: A percepção do usuário, quanto
disponibilizando esse tipo de recurso em seus
à utilização dos Websites das agências de
Websites a fim de permitir que um público
viagens tradicionais, seja estudada com o
mais amplo possa visualizar as informações e
intuito de identificar quais as dificuldades
serviços disponíveis na ferramenta em
encontradas por esses
questão.
usuários/consumidores no momento de
pesquisar e/ou adquirir determinado serviço
nessas páginas virtuais; e Identificar se o uso
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
da Internet, a partir da criação de Websites,
Mediante realização da pesquisa, para tem favorecido a promoção das agências de
identificar como os Websites das agências de viagens tradicionais e se essa ferramenta vem
viagens tradicionais vêm sendo contribuindo para um aumento nas vendas
disponibilizados no meio eletrônico, foi dos serviços prestados por estas empresas.
possível verificar que a Internet está sendo
Acredita-se que a contribuição desse estudo
utilizada pelas agências da cidade de Natal-
é poder proporcionar um maior conhecimento
RN com o propósito de compra e venda de
para os gestores das agências de viagens
serviços turísticos.
sobre como disponibilizar Websites eficientes
Contudo, considerando as vantagens do uso de maneira que esses possam aperfeiçoar as
da Internet (atingir um público amplo, baixo vendas dos serviços prestados pela empresa,
custo para promover os serviços da empresa, utilizando a Internet como canal de
por exemplo), dando destaque a forma de distribuição. Este trabalho, então, não objetiva
distribuição dos Websites estudados, notou- encerrar a discussão com relação à utilização
se que é pertinente que as empresas da Internet como canal distribuidor de
busquem por melhorias em suas páginas serviços em favor das agências de viagens,
virtuais, tendo em vista a contribuição dessa mas sim contribuir para novos estudos que

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


17

enfatizem a elaboração correta e eficaz de Websites.

REFERÊNCIAS tamanho da amostra, margens de erro e intervalos


de confiança com a técnica de amostragem
[1] ANJOS, Edwaldo Sérgio dos; SOUZA,
aleatória simples envolvendo problemas de
Felipe de Paula; RAMOS, Karen Vieira. Novas
estimação de médias e proporções. UNEMAT -
Tecnologias e Turismo: um estudo do site Vai
Campus de Tangará da Serra, 2010.
Brasil. Caderno Virtual de Turismo. vol. 6, n. 4,
2006. Disponível em: [8] OLIVEIRA, Ana Paula dos Santos.
<http://www.sumarios.org/sites/default/files/pdfs/56 Avaliação da usabilidade de Websites de hotéis
546_6520.PDF>. Acesso em: 22 de setembro 2011. segundo as Heurísticas de Nielsen: pesquisa
exploratória em hotéis da região nordeste do Brasil.
[2] BRAGA, Debora Cordeiro. Discussão
Tese (Mestrado) – Universidade Federal do Rio
Conceitual e tipologias das agências de turismo.
Grande do Norte - UFRN, Centro de Tecnologia,
In: BRAGA, Debora Cordeiro (Org.). Agências de
Programa de Engenharia de Produção, Natal (RN),
viagens e turismo práticas de mercado. Rio de
2008. Disponível em: <
Janeiro: Elsevier, 2008.
ftp://ftp.ufrn.br/pub/biblioteca/ext/bdtd/AnaPSO.pdf
[3] GONÇALVES, Marília Barbosa. As mídias >. Acesso em: 25 de setembro de 2011.
sociais no marketing turístico: um levantamento
[9] OMT. E-bussiness para turismo. Porto
sobre seu uso na promoção e comercialização do
Alegre: Bookman, 2003.
Roteiro Seridó. 2010. Monografia – Universidade
Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, Currais [10] REJOWSKI, Mirian; PERUSSI, Regina
Novos, 2010. Ferraz. Trajetória das agências de turismo:
apontamentos no mundo e no Brasil. In: BRAGA,
[4] MARIN, Airton. Tecnologia da informação
Debora Cordeiro (Org.). Agências de viagens e
nas agências de viagens: em busca da
turismo práticas de mercado. Rio de Janeiro:
produtividade e do valor agregado. São Paulo:
Elsevier, 2008.
Aleph, 2004.
[11] SOUZA, Antônio Carlos de; FIALHO,
[5] MARUJO, Maria Noémi Nunes Vieira. A
Francisco Antônio Pereira; OTANI, Nilo. TCC:
internet como novo meio de comunicação para os
métodos e técnicas. Florianópolis: Visual Books,
destinos turísticos: o caso da ilha Madeira. Turismo
2007.
e Análise, v. 19, n. 1, maio. 2008. Disponível em: <
http://www.revistasusp.sibi.usp.br/pdf/rta/v19n1/03. [12] TOMELIN, Carlos Alberto. Mercado de
pdf>. Acesso em: 25 de setembro de 2011. agências de viagens e turismo: como competir
diante das novas tecnologias. São Paulo: Aleph,
[6] NIELSEN, Jakob; LORANGER, Hoa.
2001.
Usabilidade na web: projetando websites com
qualidade. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. [13] VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e
Relatórios de Pesquisa em Administração. 9ª Ed.
[7] NOGUEIRA, Leandro Salles. Inferência
São Paulo: Atlas, 2007.
estatística: planilhas eletrônicas para o cálculo de

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Capítulo 2

Ademir Rodrigues de Mattos

Resumo: A globalização em ritmo acelerado exige das organizações uma postura inovadora e que
seja constantemente revisada. O crescimento organizacional deixou de ser apenas condicionado
aos fatores de oferta e demanda, e se caracteriza, atualmente, por um amálgama de interpretações
externas e internas dos processos de negócio. O grande desafio é a gestão dos ativos intangíveis
que compõem a organização. Este trabalho elenca, na revisão bibliográfica, as mudanças
ambientais e os aspectos estratégicos fundamentais para se entender as organizações. Na
sequência, vale-se da Gestão do Conhecimento (GC), estratégias de GC, modelos de GC, e
tecnologias utilizados para capturar, gerir, armazenar e internalizar o conhecimento organizacional.
Entender a mudança implica entender o processo analítico e político da organização, no que tange
ao resultado das pessoas em situações de crise, momento em que suas habilidades e
conhecimentos são testados frente ao desafio da mudança. Assim, este trabalho tem como objetivo
geral avaliar o processo de formulação de estratégias de GC da empresa Emp.XYZ, com base na
percepção de seu dirigente. Visa, também, identificar as mudanças ambientais ocorridas na
empresa ao longo do período estudado e descrever como ocorreu o processo de formulação
estratégica na organização, considerando conteúdo, contexto e processo. A pesquisa elenca as
principais práticas e tecnologias de GC adotadas pela empresa, analisa as mudanças estratégicas,
baseadas na utilização de tecnologias de GC. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter
contextual processual e descritivo, de cunho exploratório, desenvolvida de uma maneira histórica
mediante um estudo de caso simples. Dessa maneira, o trabalho almeja contribuir para a criação de
alternativas ao processo de formulação de estratégias na Gestão do Conhecimento, adaptadas às
características da empresa estudada.

Palavras–chave: Gestão do conhecimento. Estratégias. Conteúdo. Contexto. Mudanças.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


19

1 INTRODUÇÃO a) Os clientes assumem o controle das


negociações, devido ao aumento da
A mudança faz parte da sociedade moderna
concorrência, maior possibilidade de
e, consequentemente, das organizações
escolha, maior acesso às informações e
(GOHR; SANTOS, 2011). Por esse motivo, o
maior conhecimento do mercado.
termo “mudança” é tão utilizado em estudos
Tornam-se mais exigentes, demandando
organizacionais, o que gera diversas linhas de
produtos customizados;
pesquisa em torno do tema. A mudança pode
b) A concorrência assume padrões
ser concebida por meio de um ciclo
diferentes, com outras características
adaptado, que começa com uma modificação
além da disputa por preço, como
em algum aspecto do ambiente
qualidade, confiabilidade, velocidade e
organizacional e termina em uma situação de
capacidade de inovar. Assume também
equilíbrio mais adaptada e dinâmica, para
um escopo global, em que empresas
enfrentar tal modificação (SCHEIN, 1982).
operam em um mercado
Conforme Ruas (2002, p. 7), “os processos de c) mundial; e
mudanças, quando consistentes, acabam
d) A mudança em si própria é uma
gerando transformações significativas nas
força constante na conjuntura atual,
estratégias, métodos, normas e
fortemente presenciada na diminuição
procedimentos empregados nas atividades e
do ciclo de vida dos produtos e nas
relações internas e externas da empresa”.
constantes mudanças estruturais das
No que tange ao contexto organizacional, o empresas.
conhecimento pode ser considerado o
A interpretação das forças apresentadas por
principal diferencial para que as empresas
Hammer (1994) permite uma análise do
possam se adaptar ao ambiente competitivo:
processo de mudanças estratégicas
“Ao contrário dos ativos materiais, que
empresariais, por meio da GC. Nesse sentido,
diminuem à medida que são usados, os ativos
é possível realizar uma análise mais aguçada
do conhecimento aumentam com o uso:
dos cenários e a criação de vantagem
ideias geram novas ideais e o conhecimento
competitiva, por meio da utilização de
compartilhado permanece com o doador ao
práticas e ferramentas que permitem criar,
mesmo tempo em que enriquece o
identificar, armazenar, disseminar,
recebedor” (DAVENPORT; PRUSAK, 2003, p.
compartilhar e usar o conhecimento
20).
organizacional para gerar resultados
O termo “Gestão de Conhecimento” pode ser econômicos para a empresa (TERRA, 2000).
conceituado como a revisão dos principais
Pettigrew (1987) propõe que a mudança
processos, políticas, ferramentas gerenciais e
estratégica da empresa deve ser observada
tecnológicas, à luz de uma melhor
sob três aspectos: o “contexto”, o “conteúdo”
compreensão do processo de
e o “processo”.
geração/criação, identificação,
armazenamento, disseminação, A dimensão do contexto está relacionada ao
compartilhamento e uso do conhecimento “porquê” da mudança e é derivada da análise
organizacional para gerar resultados do ambiente interno e externo da
econômicos para a empresa (TERRA, 2000). organização. Em outras palavras, o contexto
referese às forças ambientais e aos aspectos
As constantes alterações na economia
internos que restringem e habilitam as
mundial se refletem em todos os mercados
mudanças estratégicas no nível da firma. O
industriais, estimulam as empresas a
conteúdo está relacionado ao “o quê” da
percorrer novos caminhos, ainda pouco
mudança e pode estar relacionado ao
conhecidos, o que, para Mello (1997), resulta
equilíbrio das ações de exploração e de
da baixa previsibilidade e inter-relação entre
explotação, o que corresponde às estratégias
os elementos ambientais, tornando mais
que são de fato realizadas. O processo, por
difícil, para as organizações, a elaboração de
sua vez, diz respeito ao “como” da mudança
estratégias que orientem seus negócios
(isto é, a como ela ocorre) e está relacionado
diante das condições ambientais.
ao caráter dinâmico e temporal da mudança
Hammer (1994) menciona três forças estratégica (GOHR, 2011).
condicionadoras da baixa previsibilidade e
inter-relação entre os elementos ambientais:

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


20

2 REFERENCIAL TEORICO decisões estratégicas somente podem ser


explicadas se forem conhecidas as decisões
2.1 MUDANÇA AMBIENTAL
e os eventos ocorridos anteriormente, visto
A necessidade de promover mudança que seus efeitos estratégicos se prolongam
organizacional e de assimilar sua através do tempo.
consequente compreensão não constitui um
fenômeno novo (BORGES; MARQUES, 2011).
Segundo os autores, as mudanças que estão 2.2 MUDANÇA E ADAPTAÇÃO
ocorrendo no contexto organizacional são ESTRATÉGICA
diferentes daquelas que ocorriam no
Em resposta às constantes alterações no
passado, em que predominava um confortável
ambiente externo e interno, estão ocorrendo,
padrão de continuidade. Rodrigues et al.
nas empresas, mudanças ou intervenções
(2004) asseveram que a mudança ambiental
organizacionais de cunho estratégico,
acarreta o reposicionamento ideológico das
tecnológico, estrutural e sócio
coalizões dominantes, com consequências
comportamental, cada vez mais profundas e
para o tipo de demandas institucionais que
complexas (MARINHO; SYLOS, 1999). Com o
repercutem nas organizações.
avanço dos estudos no campo da estratégia,
Marinho e Sylos (1999) propõem que a e sua consequente institucionalização, pode-
intervenção no processo de gestão que gera se perceber uma passagem da preocupação
mudança pode ser entendida como: [...] com o “planejamento” (dando ênfase à reação
qualquer alteração significativa, articulada, da empresa às pressões ambientais) para a
planejada e operacionalizada por pessoal preocupação com a “administração
interno ou externo à organização, que tenha estratégica” (enfatizando a gestão das
apoio e a supervisão da administração relações das empresas com seus diferentes
superior [e que] atinja, integradamente, os stakeholders) (CASTILLO, 2011).
componentes de cunho comportamental,
Essa nova interpretação coincide com uma
estrutural, tecnológico e estratégico.
mudança na própria concepção de ambiente
Os autores listam três grandes motivos devido (SERVA; ANDION, 2006). Esse processo de
aos quais as empresas realizam mudanças: mudança se refere às ações, reações e
mudanças ambientais que ameaçam a interações das várias partes interessadas, à
sobrevivência da organização; mudanças medida que procuram alterar a empresa e seu
ambientais oferecem novas oportunidades de estágio presente, tendo em vista o futuro
prosperidade; a estrutura das organizações (ESTEVÃO, 1995).
está reduzindo sua velocidade de adaptação
Assim, os fatores mudança e adaptação
às mudanças ambientais (MARINHO; SYLOS,
estratégica não são ações que se façam
1999, p. 4).
todos os dias. Basicamente, consistem em
Van de Ven (1992), por sua vez, argumenta uma significativa alteração de variáveis
que o processo de mudança deve ser estruturais e se realizam em um período de
entendido de três maneiras: como uma lógica tempo limitado, para sanear a empresa
utilizada para explicar uma relação causal em (BELASCO, 1997). Marinho e Sylos (1999)
uma teoria de mudança; como uma categoria consideram que há pelo menos três motivos
de conceitos que se referem a atividades de para as empresas realizarem mudanças:
indivíduos ou organizações; e como uma
a) mudanças ambientais que ameaçam
sequência de eventos que descrevem como
a sobrevivência da organização: a empresa
as coisas mudam ao longo do tempo.
faz parte de um sistema externo, que tem
Dessas três abordagens, apenas a terceira, relação direta com sua permanência no
de forma explícita e diretamente, observa o mercado. As mudanças devem ser
processo em ação e, assim, é capaz de constantes, para que a empresa não perca
descrever e explicar como alguma seu vínculo com o ambiente onde está
organização ou questão se desenvolve e inserida. Dessa maneira, a capacidade de
muda ao longo do tempo. resposta às mudanças organizacionais
sustenta a empresa no ambiente;
Dessa maneira, para Pettigrew (1987), atrás
b) mudanças ambientais oferecem
dessa definição genérica do processo,
novas oportunidades de prosperidade: uma
encontra-se uma infinidade de distinções e
mudança ambiental pode oferecer uma
complexidades. Cunha (1996) conclui que as
oportunidade ou um problema, tudo

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


21

depende da perspectiva adotada e da forma estratégica. Corroborando esse processo,


como é gerida; Beppler, Pereira e Costa (2011) afirmam que,
c) a estrutura das organizações está entre as diversas etapas do processo de
reduzindo sua velocidade de adaptação às estratégia, destacam-se a concepção, a
mudanças ambientais: essa é a força formulação, a implementação e a execução, o
impulsionadora de muitas mudanças que, por sua vez, dificulta a confluência das
planejadas atualmente, quando as formas de análise desse processo.
organizações lutam para responder a um
Dessa maneira, o processo da formulação
ambiente externo complexo e mutável.
estratégica se consolida no ambiente
organizacional como algo complexo e
inevitável, de caráter único e de grande
2.3 O PROCESSO DE FORMULAÇÃO DE
importância. Essa grande importância é
ESTRATÉGIAS
influenciada pela acirrada competição por
Os constantes problemas encontrados pelos novos mercados, por consumidores mais
gestores das organizações os fazem pensar exigentes e difíceis de fidelizar, e por várias
continuamente em métodos, ferramentas e fontes de informação, produção e aplicação
conceitos que visam assegurar o de conhecimentos relacionados à área de
desempenho organizacional e agregar valor gestão que afirmam essa necessidade
ao seu negócio. Essa abordagem pode ser (BEPPLER, 2011). Assim, Salazar (2010)
interpretada como sendo uma herança do ratifica que as empresas buscam
reconhecimento das funções de constantemente superar seus concorrentes e
planejamento, organização, comando, se manterem ativas no mercado. No entanto,
coordenação e controle (FAYOL, 1990). A é necessária a elaboração de estratégias, que
partir do reconhecimento dessas funções, sejam soluções únicas, refletindo a clara
percebeu-se a necessidade de interpretar as interpretação das situações particulares
organizações como sistemas, o processo de analisadas (PORTER, 1991).
decisões tomou caráter homogêneo, ou, ao
Em linhas gerais, abordam-se formulação e
menos, mais consistente ao longo do tempo
implementação como momentos distintos, e
(CASTILLO, 2011).
considera-se a formulação como um processo
Em meados da década de 1960, foi inserido o deliberado de escolha da estratégia, ou seja,
conceito de estratégia dentro do ambiente que passa por uma análise planejada e formal
organizacional (BEPPLER, 2011). Dessa (CASTILLO, 2011); enquanto a
maneira, o processo de formulação de implementação é a aplicação dos
estratégias passa por reformulações e conhecimentos no ambiente organizacional.
adaptações fomentadas pelo cenário em Assim, Whittinghton (2002, p. 13) entende que
estudo. Com o intuito de melhor entender e “o apego à análise racional, o distanciamento
organizar essa evolução, Mintzberg, Ahlstrand entre concepção e execução, e o
e Lampel (2000) sistematizaram o compromisso com a maximização do lucro
pensamento estratégico em dois grandes estabelecem relação com as principais
grupos: o das escolas prescritivas e o das características da abordagem clássica da
escolas descritivas, e cada um desses grupos administração”.
enfoca o processo estratégico de maneira
Nesse sentido, Mintzberg (1990) expõe sua
diferente.
teoria sobre a base clássica da formulação de
As escolas prescritivas preocupam-se em estratégias, enfatizando o que chamou de
relação ao modo como as estratégias devem premissas básicas do pensamento clássico. A
ser formuladas, descrevendo fórmulas gerais primeira crítica desse autor consiste na
para a criação das estratégias empresariais. formulação da estratégia como um processo
As escolas descritivas direcionam sua análise consciente e controlado, derivado da noção
para o modo como as estratégias são de homem econômico racional. A segunda
formuladas, centrando suas observações e premissa afirma que o estrategista deve
explicações nos diversos fenômenos que possuir a responsabilidade sobre a
podem criar as estratégias empresariais formulação da estratégia. A terceira premissa
(MINTZBERG, 1988). Para o autor, o processo define que a implementação é uma fase
de formulação de estratégias fundamenta-se distinta da formulação, concordando com as
em três fases que não são, necessariamente, principais características observadas
sequenciais: formulação, análise e formação (MINTZBERG, 1990).

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


22

O processo de formação da estratégia nas estratégias passam a ser adotadas


organizações tem como foco um fenômeno incrementalmente, perseguindo o horizonte
intangível – o fluxo de decisões – e as organizacional, que envolve os membros da
estratégias tornam-se padrões nesse fluxo própria organização, caracterizando a
(BEPPLER, 2011). Mintzberg (1978) comenta formulação da estratégia como uma relação
que a formulação da estratégia pode ser do conhecimento organizacional relevante ao
pensada como resultado de três forças propósito da empresa.
básicas: a) um ambiente que muda contínua,
mas irregularmente, com grande variação em
sua taxa de mudança; b) uma organização ou 2.4 GESTÃO DO CONHECIMENTO
burocracia que busca estabilizar suas ações,
A busca das empresas por elementos
apesar das características do ambiente em
capazes de gerar vantagens competitivas que
que atua; e, uma liderança cujo papel é
sejam sustentáveis e oportunizem condições
mediar essas duas forças, manter a
de sucesso na chamada Nova Economia
estabilidade da organização e, ao mesmo
conduz as organizações a gerenciar sua
tempo, assegurar sua adaptação às
principal matéria-prima, o conhecimento. Para
mudanças ambientais.
Sá e Costa (2011), vários países observam um
Para Salazar (2010), os conceitos de crescimento gradativo do recurso
estratégia surgiram devido aos conhecimento nas organizações, o qual tem a
questionamentos de Mintzberg. Um desses missão de oportunizar crescimento, frente aos
questionamentos proposto por Mintzberg desafios impostos pela abertura econômica
(1978) foi: Como as organizações tomam mundial. Mülbert, Mussi e Angeloni (2005)
importantes decisões, e como isso se conecta acreditam que o desafio organizacional é criar
para formar estratégias? Salazar (2010), ao estruturas em que o trabalho possa ser
buscar a resposta, observou que o processo realizado de forma diferente, inovador,
de formação das estratégias poderia ocorrer criativo, e em que seja possível atender às
de três modos, a tipologia formada pelo modo necessidades de uma economia de alta
empreendedor, o modo adaptativo e modo de competitividade.
planejamento: a) O modo empreendedor
Terra (2005) entende que a GC (GC) é o ato
pode ser identificado por algumas
de organizar as principais políticas, processos
características: o ambiente em que a empresa
e ferramentas gerenciais e tecnológicas, para
atua é relativamente maleável, como uma
melhor compreender os processos de
força que pode ser confrontada e controlada.
geração, identificação, validação,
As tomadas de decisões estratégicas são
disseminação, compartilhamento, proteção e
impulsionadas pela busca de oportunidades,
uso dos conhecimentos, para gerar
tendo uma orientação ativa ou passiva. b) O
resultados.
modo adaptativo tem como principal
característica fazer parte de um ambiente Salazar (2002) considera a GC como um
externo e complexo, controlado por coalizões processo sistemático, focado na capacidade
de interesses. c) Já no modo de de adquirir e utilizar a informação dentro de
planejamento, o gestor desempenha um uma empresa. Nesse contexto, o processo de
papel de analista do processo, podendo GC não pode ser visto de forma isolada
utilizar-se de técnicas da ciência dentro das empresas, ele interage com as
administrativa e das políticas de análise para estratégias de negócio e com todos os
delinear estratégias (SALAZAR, 2010). processos organizacionais, conforme
demonstrado pelo autor na Figura 1.
Dessa maneira, Hamel e Phahalad (2001)
corroboram Salazar, afirmando que as

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


23

Figura 1 – O processo de GC

Fonte: Salazar (2002)

Assim, a prática gerencial torna-se um explícito. Este compartilhamento, por sua vez,
importante fator a ser estudado e analisado se desenvolveria sob uma perspectiva
nas organizações, firmando-se como o ponto evolutiva, a partir do aporte continuado, vindo
de impacto no processo de GC. Para tratar dos mais diversos pontos da empresa (SÁ;
sobre os níveis de percepção, geração, COSTA, 2011).
difusão e armazenamento de conhecimentos
Para praticar a GC, as empresas precisam
na empresa, Sveiby (1998) considera que
desenvolver uma estratégia de gestão focada
deve haver uma classificação para abordar o
no tipo de conhecimento que se faz
campo da GC, que pode ser entendido da
necessário, promovendo, dessa forma, a
seguinte maneira: a) áreas do conhecimento:
valorização da cultura do conhecimento
gestão da informação,gestão de pessoas; b)
(DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Os autores
níveis de percepção: perspectiva individual:
ressaltam a importância da infraestrutura para
inclui as motivações e as capacidades dos
a comunicação e o armazenamento do
indivíduos, perspectiva organizacional: inclui
conhecimento, e o fortalecimento dos
os recursos e as competências essenciais
relacionamentos com a rede de fornecedores
das organizações.
externos de informação e conhecimento.
As afirmações apresentadas ressaltam que,
Sveiby (1998) elaborou um perfil comparativo
no processo de GC, o importante são os
dos princípios da organização da era
mecanismos de compartilhamento e
industrial e da era baseada no conhecimento,
transferência de conhecimento tácito,
conforme o quadro 1.
presente nos indivíduos, para o conjunto da
organização, na forma de conhecimento

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


24

Quadro 1 – Perfil dos princípios organizacionais da Era Industrial e da Era do Conhecimento.

Paradigma da Era do
Fatores Paradigma da Era Industrial Conhecimento

Pessoas Geradoras de custos e Geradoras de receita


recursos

Nível hierárquico na
Fonte de poder dos gerentes organização Nível de conhecimento

Trabalhadores do
Luta de poder Operários versus capitalistas
conhecimento versus gerentes

Principal responsabilidade da
gerência Supervisionar os subordinados Apoiar os colegas

Ferramenta para o recurso da


Informação Instrumento de controle comunicação

Trabalhadores do
Operários processando conhecimento convertendo
Produção recursos físicos para criar conhecimento em estruturas
produtos tangíveis intangíveis

Fluxo de informação Via hierarquia organizacional Via redes colegiadas

Gargalos na produção Capital financeiro e habilidade Tempo e conhecimento


humanas s

Regido pelas máquinas,


Fluxo de produção sequencial. Regido pelas ideias, caótico.

Economia de escala no
Efeito do tamanho processo de produção Economia de escopo das redes

Relações com os clientes Unidirecional pelos mercados Interativo pelas redes pessoais

Uma ferramenta ou um recurso


Conhecimento entre outros O foco do negócio

Aplicações de novas
Propósito do aprendizado ferramentas Criação de novos ativos

Valores de mercado (ações) Regido pelos ativos tangíveis Criação de novos ativos

De aumento e redução de
Economia De redução de custos custos

Fonte: O autor, baseado em Sveiby (1998).

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


25

O grande avanço, apresentado no quadro 1, tradicionalmente reconhecidos como


elucida a evolução, em termos de tecnologia, responsáveis pela geração de vantagem
para a comunicação. Por exemplo, o controle competitiva, como, por exemplo, a localização
que esses mecanismos oportunizam é maior: geográfica e a mão de obra barata, são
ainda que a era do conhecimento seja suplantados pela crescente importância do
direcionada pelas ideias, nem todas as conhecimento (TERRA, 2000). Ou seja, a nova
práticas são caóticas, existem aquelas sociedade empresarial, regida pela GC,
focadas na sistematização do conhecimento. demanda flexibilidade no modelo de
Por outro lado, embora haja um processo de produção, exige pessoal polivalente,
transição da era industrial para a era do qualificado e empreendedor, que possa gerar
conhecimento, muitas práticas da era respostas em tempo real (CAVALCANTI et al.,
industrial sobrevivem, por adequar-se a 2001).
determinados contextos organizacionais
Dessa maneira, as organizações devem dirigir
(CRUZ, 2007).
sua atenção para as estratégias de GC, com
Logo, torna-se explícita a necessidade de foco na criação de conhecimentos, por meio
administrar o conhecimento que surge, de espaços que possibilitem a conversão de
mediante a criação de vantagem competitiva, conhecimento tácito em conhecimento
uma vez que, por meio de um conjunto de explícito, criando um núcleo central para a GC
conhecimentos e as habilidades dos na organização (SILVA, 2004). Nonaka e
funcionários, a empresa se torna apta a inovar Takeuchi (1997) e Nonaka e Konno (1998)
produtos, processos e serviços, ou, detalharam essa conversão de
simplesmente, aprimorar os já existentes conhecimentos (nos formatos tácito/explícito)
(NONAKA; TOYAMA; NOGATA, 2000). em quatro fases: a) de conhecimento tácito
em conhecimento tácito (através da
A GC promove, nas empresas, uma série de
socialização); b) de conhecimento tácito em
mudanças, sobretudo no modelo de
conhecimento explícito; c) de conhecimento
produção, evidenciando ser uma
explícito em conhecimento explícito (através
contraposição ao modelo clássico de gestão
da combinação); e d) de conhecimento
organizacional, voltado para a capacidade
explícito em conhecimento tácito (na sua
produtiva da empresa, por meio de máquinas
internalização).
(SANTOS, 2005). Desse modo, os fatores

Figura 2: Dimensões de criação do conhecmento

Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997)

A figura 2 apresenta o modelo proposto por intelectual, que representa o capital humano,
Nonaka e Takeuchi (1997) para as dimensões que precisa ser lapidado conforme a
da criação do conhecimento, em que o foco estratégia de gestão de conhecimento de
do conhecimento não é uma estrutura cada empresa.
organizacional física, mas uma estrutura

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


26

Dessa maneira, na figura 2 se percebe que a (classificação, sumarização), análise e


evolução da dimensão epistemológica darse- processamento de diferentes conhecimentos
á pela disseminação do conhecimento, no explícitos (SILVA, 2004). Para o processo de
processo em que, à medida que o combinação, é necessário que o nível médio
conhecimento tácito é compartilhado com o da organização socialize as visões
grupo, ele se converte em conhecimento empresariais, os conceitos, os projetos de
explícito. A socialização é entendida como o produtos, o que oportuniza ao processo
momento em que há o compartilhamento de atingir seu ápice.
conhecimento tácito de um indivíduo para
A sequência dos modos de conversão do
outro, ou seja, também há uma apropriação
conhecimento, apresentada na figura 2,
de comportamentos e atitudes, que são
ocorre por meio da internalização
modelados por valores, crenças e normas.
(conhecimento explícito convertido em
Esse tipo de conversão é comumente
conhecimento tácito), como a forma de aplicar
abordado pelas teorias ligadas à cultura
as experiências e informações obtidas e
organizacional e ao trabalho em grupo.
disponíveis no meio organizacional (PEREIRA,
Para Silva (2004) e Fialho et al. (2010), esse 2002).
conhecimento compartilhado aparece quando
A viabilidade para a criação do conhecimento
ocorre diálogo frequente e comunicação;
na organização passa pela socialização do
quando o brainstorming, os insights e as
conhecimento tácito, que se acumula na
intuições são valorizados, disseminados e
mente dos membros da empresa. Dessa
analisados (discutidos), sob várias
maneira, dar-se-á início à espiral do
perspectivas (por grupos diversos e
conhecimento (FIALHO et al., 2010), conforme
heterogêneos); e quando há
a figura 7, que apresenta, de forma lúdica,
compartilhamento de experiências e modelos
uma interpretação da GC nas organizações,
mentais, via trabalho em equipe. Assim, esse
analisando, de forma sintética, a geração do
processo de socialização tem a característica
conhecimento, no desenvolvimento de meios
de preservar o conhecimento tácito, uma vez
que possibilitem a interação do conhecimento
que o deixa acessível às pessoas, tornando-
com os diferentes tipos de tecnologia da
se explícito diretamente de sua fonte, quando
organização.
isso se torna possível (SÁ; COSTA, 2011).
Corroborando Nonaka e Takeuchi (1997),
A conversão de parte do conhecimento tácito
Hansen, Nhoria e Tierney (1999) apresentam
do indivíduo em algum tipo de conhecimento
dois tipos de estratégias para a GC: a
explícito é chamada de externalização. Em
codificada e a personalizada, conforme o
geral, esse processo acontece por meio de
quadro 2. Na primeira delas, existe a
representação simbólica, com a criação de
possibilidade de codificar e armazenar o
modelos, conceitos, mapas mentais,
conhecimento em uma base de dados; já a
hipóteses etc., apresentados por
estratégia personalizada ocorre quando o
metáforas/análogas ou dedução/indução,
conhecimento é disseminado por meio da
externalizando, dessa maneira, o
proximidade das pessoas (CRUZ, 2007). Para
conhecimento pelo sentido figurado (SILVA,
Hansen, Nhoria e Tierney (1999), a escolha de
2004).
qual a melhor estratégia depende dos
O terceiro fundamento dos modos de seguintes aspectos: a) se a empresa oferece
conversão do conhecimento para as um produto de padrão customizado; b) se a
estratégias de GC, a combinação, é proposto empresa trabalha com produto maduro ou
com foco nos processos, em que a gestão por inovador; e, c) se as pessoas que resolvem os
processos enfatiza a busca de modelos problemas possuem habilidades para lidar
orientados para a organização horizontal com o conhecimento tácito ou explícito.
(HARRINGTON, 1993). Este tipo de
conhecimento tem enfoque sistêmico, por
meio do agrupamento

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


27

Quadro 2 – Tipos de estratégias de GC

Estratégia codificada Classificação Estratégia personalizada

Prover criatividade, comunicação


Prover alta qualidade, confiança e analiticamente rigorosa nos problemas
rapidez na implementação dos Estratégia de nível estratégico, pela canalização
sistemas de informação através do competitiva da especialidade individual.
reúso do conhecimento codificado.

Economia reutilizável: investir uma Economia expert: investir grandes


vez no conhecimento e reutilizá-lo honorários em soluções altamente
várias vezes; usar grandes customizadas; usar pequenas equipes
Modelo econômico
equipes, com alta taxa de com baixa taxa de parcerias; focar na
parcerias; focar na generalização manutenção de lucros marginais.
dos rendimentos.

Pessoas-documentos: desenvolver
um sistema de documentação Pessoa-pessoa: desenvolver redes
eletrônica que codifique, Estratégia de GC para relacionar as pessoas, a fim de
armazene, dissemine e permita a que o conhecimento tácito seja
reutilização do conhecimento. compartilhado.

Investir pesadamente em Investir moderadamente em


tecnologia de informação: a meta é tecnologia de informação: a meta é
possibilitar a interface das pessoas Tecnologia de facilitar conversas e
com conhecimento codificável informação compartilhamento de conhecimento
reutilizável. tácito.

Admitir recém-graduados os quais Admitir MBA´s aos que gostam de


se adaptam à reutilização do solucionar problemas e podem tolerar
conhecimento e implementação de ambiguidade: treinar pessoas por
soluções: treinar pessoas em Recursos humanos meio de mentores, um a um;
grupos e através de ensino à recompensar pessoas que
distância; recompensar as pessoas compartilham conhecimento
que utilizam e contribuem com diretamente com outros.

banco de dados.
Fonte: Hansen, Nhoria e Tierney (1999)

As estratégias comumente utilizadas na conhecimento, concebendo, dessa forma, o


empresa são repensadas sob o modelo aprendizado e o desenvolvimento
proposto por Hansen, Nhoria e Tierney (1999), organizacional (AMORIM; TOMAÉL, 2011).
entendendo-se a GC sob o aspecto da
Segundo Barclay e Murray (1997), as
codificação e personalização.
abordagens sobre GC variam de acordo com
A GC pode propiciar a ampliação da a ênfase tratada, que pode ser: cultural, com
capacidade empresarial de criar ênfase nas relações humanas; de
conhecimento novo e de compartilhá-lo na reengenharia, com ênfase nas tecnologias de
organização. Dessa maneira, o conhecimento informação e processos; de pensamento
dentro da organização é construído por meio sistêmico, com ênfase na compreensão de
da coletividade, do envolvimento das pessoas todo o sistema e de suas dependências e
que compartilham informações e interdependências.Para elucidar de forma
experiências, as quais são transformadas em mais clara aGC vários autores (Wiig (1993),

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


28

Von Krogh e Ross (1995), LeonardBarton contempla as seguintes etapas: identificar e


(1995), Nonaka e Takeuchi (1997), Speck e coletar informação; estruturar: organizar e
Spijkevert (1997), Davenport e Prusak arquivar; facilitar o acesso: disponibilizar e
compartilhar; utilizar e aplicar.
(1998), Beckman e Liebowitz (1998),
Edvinsson e Malone (1998), Boisot (1998), Beckman e Liebowitz (1998) afirmam que a
Sveiby (2001), Stewart (2002), Lindsey (2002), GC pode ser conduzida de forma estratégica
Massey, Montoya-Weiss e O'Driscoll (2002), nas organizações, por meio de oito estágios:
Jennex e Olfman (2003), Choo, (2003)) identificar, capturar, selecionar, armazenar,
criaram suas propostas para explicar esse compartilhar, aplicar, criar e vender
processo. conhecimento. Para Edvinsson e Malone
(1998), a GC apresenta três tipos de recursos
A GC é fundamentada em três pilares,
organizacionais e seus inter-relacionamentos:
definidos por Wiig (1993) como primordiais
a) capital humano: conhecimento que cada
para o sucesso organizacional: explorar os
indivíduo da organização possui e sua
conhecimentos e sua adequação; avaliar os
capacidade de gerar novos conhecimentos;
benefícios e o valor do conhecimento; e
b) capital organizacional: conhecimento
gerenciar conhecimento de forma ativa.Para
institucionalizado sob a forma de estruturas,
Von Krogh e Ross (1995) o conhecimento está
processos e cultura da organização; c) capital
tanto no indivíduo de uma organização como
do cliente: traduz-se pela percepção de valor
em nível social e nas relações entres
pelo cliente, ao fazer negócios com
indivíduos. Assim Von Krogh e Ross (1995)
determinado fornecedor de bens e serviços.
atribuem a esse gênero o conexismo (o
Nesse sentido, os gerentes que têm como
conhecimento não está apenas na mente dos
objetivo aumentar o capital intelectual da
indivíduos, mas também nas ligações entre os
organização devem ser capazes de expandir
pares), que admite não poder haver
a expertise; encorajar a inovação e exercitar a
conhecimento sem um conhecedor.
integridade. Segundo os autores, na verdade,
Segundo Leonard-Barton (1995), o essas são as três competências essenciais do
conhecimento pode ser interpretado como capital intelectual.
quatro atividades cruciais para as empresas
Boisot (1998) apresenta o modelo I-Space,
da sociedade do conhecimento. Buscar
uma premissa simples: o conhecimento
soluções alternativas de forma compartilhada,
estruturado é conduzido de forma mais
que auxiliem na resolução dos problemas da
simples e ampla do que o conhecimento não
organização; a) planejar/programar e integrar
estruturado. Para esse autor, o conhecimento
novas metodologias e ferramentas aos
tácito só é acessível por meio de interações,
processos, como forma de melhorar o
enquanto que o conhecimento explícito
desempenho atual; b) instigar a criatividade
apresenta-se em forma de resumo simbólico
por meio da experimentação, c) construção
de preços e quantidades disponíveis no
de protótipos e a realização de projetos-piloto,
mercado global. Contudo, o modelo proposto
que têm como objetivo central o
por Boisot introduz uma dimensão extra
desenvolvimento de competências; e, d)
(abstração, no sentido de que o
buscar tecnologias externas ao ambiente
conhecimento pode ser generalizado para
organizacional, importar e absorver.
diferentes situações).
Nonaka e Takeuchi (1997) afirmam que é
Segundo Sveiby (2001), a GC tem pelo menos
importante entender e estudar o modelo de
três origens. Nos Estados Unidos da América,
GC aplicado nas organizações. Para esses
ela surgiu da teoria da Inteligência Artificial,
autores, as organizações podem ser regidas
quando se observou que a maioria dos
por dois modelos de GC: o modelo midle-up-
sistemas se tornava obsoleta após seis meses
down (do meio para cima e para baixo); e o
de uso. Nesse momento começou-se a avaliar
modelo topdown e bottom-up. Nonaka e
o contexto do conhecimento na condução dos
Takeuchi (1997) consideram o primeiro
negócios, e a pensar em criação,
modelo superior aos demais, por redefinir o
aprendizado compartilhado e transferência de
papel da gerência e dos colaboradores da
conhecimento. Para Stewart (2002), a GC
linha de frente. Speck e Spijkevert (1997)
corresponde a identificar o que se sabe,
apresentam um ciclo de quatro estágios para
captar e organizar esse conhecimento e
a GC: conceituar, refletir, agir e fazer uma
utilizá-lo de modo a gerar retornos. O autor
retrospectiva. Já o modelo americano,
observa que a GC surge, de certa maneira,
proposto por Davenport e Prusak (1998),

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


29

como criatura da tecnologia, apesar de, na ofereça um diferencial competitivo (TEIXEIRA,


sua definição, não haver, explicitamente, a 2000). Pereira (2002) alerta que, para se obter
necessidade de um sistema computacional. resultados satisfatórios por meio da GC, é
necessário definir as principais fontes de
Massey, Montoya-Weiss e O'Driscoll (2002) se
criação do conhecimento, que, segundo esse
apoia em um framework (conjunto de
autor são: a autoaprendizagem, a
conceitos usado para resolver um problema
aprendizagem por meio de especialistas, os
de um domínio específico) esse modelo
clientes, os fornecedores e concorrentes, a
reconhece que a GC é um processo de
aprendizagem por experimentação, e a
mudança organizacional, e o seu sucesso não
adoção de pensamento sistêmico e criativo.
pode ser separado do sucesso das
mudanças organizacionais. Assim Bots e De Após as organizações identificarem as fontes
Bruijin (2002), afirmam que a GC pode ser de criação do conhecimento, estarão aptas a
mais bem entendida por meio da cadeia de operacionalizar os processos de GC
valor do conhecimento.Lindsey (2002) propôs (PEREIRA, 2002). Os gestores têm à sua
seu modelo efetivo para GC baseado na disposição diversas práticas para o processo
combinação da teoria da perspectiva da de construir conhecimento e gerar inovação,
capacidade organizacional e na teoria da as quais podem ser elencadas em três
perspectiva de contingência. Dessa maneira, categorias (BATISTA, 2005 apud PIEKARSKI
Lindsey (2002) apresenta um modelo de GC et al., 2009): a) práticas relacionadas à gestão
com foco em duas capacidades: a de Recursos Humanos: são as que auxiliam
capacidade de infraestrutura do na transferência, disseminação e
conhecimento e a capacidade do processo compartilhamento de informações e
de conhecimento. conhecimento entre os indivíduos; b) práticas
relacionadas a processos facilitadores da GC:
O modelo de GC proposto por Jennex e
auxiliam na geração, retenção, organização e
Olfman (2003) sugere alguns atributos que
disseminação do conhecimento
podem ser aplicados a sistemas que
organizacional; c) práticas relacionadas à
controlam a memória organizacional e o
base tecnológica e funcional de suporte à GC:
conhecimento nas organizações, sendo o
auxiliam na GC organizacional, incluindo
único trabalho com foco em GC. Para estes
automação da gestão da informação,
autores a GC e a memória organizacional são
aplicativos e ferramentas de Tecnologia da
processos relacionados, que, além de
Informação.
identificar e capturar o conhecimento crítico,
geram impacto na efetividade da organização Assim á o surgimento das organizações que
(JENNEX, 2007). aprendem quando as pessoas envolvidas
nesta expandem continuamente a capacidade
Choo descreveu sua teoria de GC como
de criar resultados que elas desejam, e,
sendo - sense-making ou criação de
segundo Senge (2000). A transversalidade da
significados: “[...] pode-se dizer que a criação
GC se desdobra em vários campos de
de significados é um processo social
aplicação, que envolvem a ciência
contínuo, em que os indivíduos observam
econômica, as administrativas, as
fatos passados, recortam pedaços da
engenharias, a psicologia e a informática.
experiência e selecionam determinados
Runte (2011) propõe que os meios e
pontos de referência para tecer redes de
ferramentas de compartilhamento eficazes
significados” (CHOO, 2003, p. 128).
precisam de redes de comunicação social
Assim Murray (2006) pode concluir que formal e informal, equipes de trabalho,
grande maioria dos sistemas de GC comunidades de práticas, aprendizagem
ébaseada na observação de cenários organizacional e um sistema de comunicação
organizacionais de departamentos de GC ou tecnológico formalmente estruturado.
da aplicação de sistemas de GC nas
organizações.
3. METODOLOGIA
O escopo da pesquisa abrange as mudanças
2.4.2 TECNOLOGIAS DE GC
ocorridas em nível estratégico, levando em
A Gestão do Conhecimento é uma forma de consideração a organização, o ambiente e a
olhar a organização, em busca de processos estratégia da empresa. Para Pettigrew (1987),
e pontos de negócio em que o conhecimento entender a mudança implica em entender o

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


30

processo analítico e político da organização, Foi utilizado para isso, o modelo de Pettigrew
no que tange ao resultado das pessoas em (1985), em suas três dimensões: o processo,
situações de crise, momento em que suas ou como mudou; o contexto, ou o porque
habilidades e conhecimentos são testados mudou; e o conteúdo, ou o que mudou. Para
frente ao desafio (mudança). analisar essas dimensões nas quais
ocorreram as mudanças, realizou-se a análise
Esta pesquisa teve o objetivo de avaliar o
do ambiente objetivo da empresa Emp.XYZ,
processo de formulação de estratégias no
resgatando a história da empresa e dividindo
processo de GC, a partir da percepção do
os principais fatos ocorridos ao longo de sua
dirigente empresarial. Com base em uma
existência em oito períodos estratégicos.
fundamentação teórica, esta pesquisa aborda
as principais características da mudança O ambiente subjetivo foi estudado a partir das
organizacional, elencando pontos específicos percepções do dirigente da empresa em
e claros sobre estratégias. O trabalho aborda, relação ao ambiente objetivo. Foram
ainda, o Conhecimento, a GC e os modelos analisadas as mudanças ambientais ocorridas
de GC, identificados na bibliografia em cada período estratégico e os eventos
especializada e globalizada, modelos, críticos do processo de adaptação da
práticas e tecnologias para a GC, que empresa no intuito de explicar a formulação
pudessem possibilitar a clara análise sobre a de estratégias de GC adotadas.
empresa estudada.
Inicou-se descrevendo a entrada e
Nesta pesquisa, os dados foram coletados posicionamento da empresa no mercado em
primeiramente em fonte primária, por meio de 1939. Nessa época, a estratégia adotada
entrevistas semiestruturadas com o dirigente pelos sócios empreendedores foi apenas de
da empresa pesquisada. Na sequência, foram delimitar o segmento de mercado em que a
analisados os dados obtidos em fontes empresa iria atuar baseado no conhecimento
secundárias, tais como jornais, revistas em comum que os sócios empreendedores
especializadas, periódicos e livros. possuíam. Assim iniciou-se a exploração e o
comércio de madeiras em geral, carpintaria,
Iniciou-se o processo pela coleta dos dados
marcenaria e a fabricação de móveis de
secundários, necessários para construir o
madeira. Esse período foi marcado pela
ambiente real (geral e específico). Em
instabilidade social e política brasileira,
seguida, foram coletados os dados primários,
influenciada pelas transições políticas e pelo
mediante entrevistas semiestruturadas, com
realinhamento da indústria nacional.
perguntas elaboradas com base nos dados
secundários obtidos. As entrevistas foram No segundo período compreendido entre
gravadas e transcritas, assim como as 1945 a 1954 a empresa estrategicamente
diversas conversas ocasionais a respeito do mudou sua carteira de produtos, e passou a
assunto, para a obtenção dos dados fabricar portas e janelas de madeira para
necessários à pesquisa. Os dados qualitativos atender uma necessidade de mercado
foram analisados por meio da técnica de fomentada pelo crescimento populacional nos
análise do conteúdo. centros urbanos. Nesse período surge a
preocupação com a qualificação profissional,
Dessa maneira, este trabalho visou contribuir
que se tornou o fator chave para a
para o entendimento dos fundamentos e
continuidade do negócio. Ainda no segundo
técnicas da GC, ao desenvolver uma análise
período a empresa implanta sua primeira filial,
das competências necessárias para a
que tem a função de preparar a matéria-prima
elaboração de estratégias de GC nas
para o produto final.
organizações e pela análise crítica do
ambiente organizacional. O terceiro período que compreende 21 anos
apresenta em seu histórico as ações que
redirecionaram a empresa. Apesar do cenário
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS econômico nacional não ser favorável devido
ao momento de transição política e pela
Este estudo de caso teve como objetivo geral
escassez de recursos financeiros e
avaliar o processo de formulação de
tecnológicos, os sócios decidem transferir a
estratégias no processo de GC da empresa
matriz da empresa para um centro maior. Para
Emp.XYZ, baseado na percepção de seu
Serva e Andion (2006), essa nova
dirigente, por meio de uma pesquisa de
interpretação coincide com uma mudança na
caráter contextual-processual e descritivo.
própria concepção de ambiente. Essa

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


31

mudança estratégica pode ser interpretada processual, que reflete o aprendizado


sob a ótica de Marinho e Sylos (1999) que organizacional, acreditando que as
afirmam que mudanças ambientais oferecem estratégias emergem a partir da compreensão
novas oportunidades de prosperidade. e envolvimento íntimo com as operações
organizacionais.
O ambiente externo a empresa nesse período
auxiliou o seu crescimento, a melhoria da Para que o processo de mudança
estrutura logística, a integralização vertical da organizacional fosse possível, o dirigente
indústria e a diversificação industrial foram os reestruturou a diretoria da empresa no sexto
principais fatores que contribuíram para a período (1994-1997), com as diretrizes
decisão estratégica de reestruturar a empresa focadas na gestão de pessoas. A empresa
e fabricar apenas um único item, portas de passa a ter um processo mais eficaz de
madeira. Essa mudança foi conduzida pela seleção de pessoas, a educação corporativa
chegada do atual dirigente da empresa em é implantada como forma de qualificar os
1976, que realinhou a visão da empresa, funcionários e envolver seus familiares. A
focou na infraestrutura e passou a buscar nos formulação dessa estratégia é caracterizada
colaboradores um diferencial para a empresa. como uma relação do conhecimento
organizacional relevante ao propósito da
O quarto período foi marcado pela última
empresa.
mudança societária da empresa (1984) em
que a sociedade é destituída por completa e O novo processo de administração focada em
a direção passa a ser unicamente do atual pessoas fez a empresa ser diferenciada no
dirigente, e diretor presidente. Deste momento mercado, a estratégia de ouvir os
em diante a empresa um nome fantasia. Esse colaboradores, analisar o conhecimento
período pode ser compreendido interno da empresa e tomar as decisões a
estrategicamente dentro da escola do design partir de análises estruturas pelos envolvidos
proposta por Mintzberg, Ahlstrand e Lampel no problema específico fez da Emp.XYZ um
(2000), em que a formação da estratégia é diferencial de mercado, entendido por Fialho
delineada pela obtenção do ajuste entre as et al (2010) como o processo em que o
forças e fraquezas da empresa, com as conhecimento é criado e expandido por meio
ameaças e oportunidades externas a seu da interação social – reconhecida como o
ambiente. O novo dirigente conduz assim a momento em que há a conversão de
adaptabilidade da empresa ao cenário conhecimento tácito em conhecimento
externo, e percebe a necessidade de criar explicito.
para a empresa um novo modelo de
O processo de mudança organizacional aos
administração.
poucos foi enraizado na empresa, logo no
Entre os anos de 1985 e 1993, quinto período sétimo período compreendido entre os anos
analisado, houve na Emp.XYZ a formulação de 1998 e 2006 as políticas de educação
de estratégias focadas no conhecimento corporativa se tornam mais agressivas. O
organizacional. Logo no início desse período dirigente da empresa nesta ocasião
o dirigente percebeu a necessidade de fazer aproveitando-se do bom momento brasileiro
uma reestruturação no modelo de gestão da com as exportações em alta, otimiza o parque
empresa. Para isso a opção foi conhecer o fabril investindo em tecnologia. O feeling do
modelo de administração participativa vigente líder da empresa impulsiona as estratégias
em algumas empresas no Japão. Esse empresarias. Inicia-se então a busca por
direcionamento demonstra características da parcerias com profissionais da área da
escola descritiva proposta por Mintzberg, educação e instituições de ensino para
Ahlstrand e Lampel (2000), em que as qualificar seus funcionários às bases
estratégias seriam o aprendizado da tecnológicas de produção e de operação de
organização, que emerge por intermédio do computadores.
fluxo das ações organizacionais.
O início do trabalho no sétimo período (1998-
A busca pelo conhecimento do processo de 2006) foi de aprimorar a educação dos
administração participativa apresenta a colaboradores e investir em tecnologia para
preocupação do dirigente em valorizar o modernizar a empresa, essas ações
conhecimento dos colaboradores da empresa oportunizaram a abertura de mais uma filial.
nas decisões estratégicas. Esse processo é Essas decisões estratégicas marcam a
reconhecido segundo Whittington (2002) introdução da tecnologia de GC na
como uma perspectiva com abordagem

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


32

organização, que se torna mais evidente no 8º A capacidade da empresa em se manter no


período. mercado por mais de 70 anos em constante
evolução se adaptando as abruptas
O período analisado, entre 2007 e 2013, pode
mudanças de cenário é atribuída a percepção
ser considerado como o auge da empresa
do dirigente, aos investimentos em educação
durante a sua história. Nesse período é criado
e qualificação dos funcionários, por meio das
a Universidade Corporativa Emp.XYZ, o
diversas técnicas e programas criados na
Centro de Desenvolvimento Humano
empresa ao longo do período.
Emp.XYZ, e o programa de extensão
educacional aos prestadores de serviços. Os Assim a empresa Emp.XYZ apresenta a
resultados obtidos no último período formulação de suas estratégias baseadas na
analisado refletem uma somatória das GC, mesmo que não exista um processo
decisões estratégicas formuladas ao longo da formal implantado na empresa para o
trajetória da empresa. A empresa passa a ser processo de GC. Partindo deste contexto foi
uma das melhores empresas do país para se possível elencar as práticas, tecnologias e
trabalhar, com inúmeros prêmios recebidos. métodos de GC utilizados pela empresa ao
Essa coroação segundo o dirigente da longo de sua trajetória que á mantiveram
empresa é mérito de todos os membros da atualizada e competitiva no mercado,
empresa, que aderiram aos programas de conforme Quadro 1 abaixo.
educação e transformaram o conhecimento
no principal ativo intangível da empresa.

Quadro 1 – Práticas, tecnologias e métodos de GC ao longo do tempo na empresa Emp.XYZ

Período Práticas, tecnologias e métodos de GC

1º – 1939-1944. Comunidades de prática.

2º – 1945-1954. BSC-Balanced Scorecard.

3º – 1955-1976. Normalização e padronização.

4º – 1977-1984. Inteligência empresarial.

Benchmarking.
5º – 1985-1993.
Melhores Práticas.

Mapeamento ou Auditoria de conhecimentos, memória


6º – 1994-1997 organizacional.
Gestão por competência.

Aprendizagem organizacional.
7º– 1998-2006 Comunicação institucional.
Crowdsourcing.

Educação corporativa.
Gestão do capital intelectual.
8º– 2007-2013 Inteligência empresarial.
Inteligência competitiva.

Fonte: O autor (2014).

Para a empresa Emp.XYZ a criação de uma ambiente para criação do conhecimento


cultura organizacional baseada na educação pressupõe a interação entre tempo e espaço
foi o ponto chave para sua sobrevivência, o provendo um lugar que permita o surgimento

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


33

de ideias e onde as pessoas possam se sentir O estudo também possibilitou ao dirigente da


confiantes. Emp.XYZ ter conhecimento do processo de
formulação de estratégias na GC da empresa.
Tornou claro que o sucesso da empresa está
5. CONCLUSÃO condicionado a continuidade da eficácia na
gestão de pessoas, e do monitoramento do
Para Orofino (2011), não existe um método ou
conhecimento organizacional.
técnica que possa ser classificado como o
melhor para a criação do conhecimento, Por isso, à partir do que foi estudado até aqui,
depende do contexto e da situação para que acredita-se que a conciliação entre a análise
sejam avaliados e utilizados. Assim os do ambiente interno e externo da empresa é
métodos e técnicas destinam-se a buscar a fundamental para determinar as futuras ações
solução de problemas e geração de valor estratégicas da organização. A cultura
para o cliente através do redesenhar dos organizacional implantada na empresa
negócios visando avançar no processo de necessita de manutenção constante, e o
inovação e eficácia empresarial. processo de educação corporativa é o
combustível para a continuidade do negócio.
Por fim, conclui-se que os objetivos propostos
Assim a formalização do processo de GC da
para este estudo de caso, traçados a partir
empresa Emp.XYZ deve ser a preocupação
das dimensões de Pettigrew, foram
principal do dirigente, pois, as mudanças que
alcançados. Seus resultados podem ser úteis
ocorreram na história da empresa
para a construção de um referencial teórico
possibilitaram que as mudanças ocorressem
empírico sobre o processo de formulação de
gradativamente, atualmente o mercado exige
estratégias na GC na empresa Emp.XYZ e a
mudanças rápidas e constantes.
continuidade de seu sucesso.

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Capítulo 3
Daniel Adorno Gomes
David Bianchini
Omar Carvalho Branquinho

Resumo: Este trabalho propõe um modelo de arquitetura denominado Gateway


HTTP, para interconexão de redes de sensores sem fio (RSSF) com redes TCP/IP
utilizando a camada de aplicação e o protocolo HTTP, através de uma aplicação
web capaz de interconectar as duas redes, prover as funções de gerenciamento da
RSSF e disponibilizar tais funções no formato de web services. O objetivo é permitir
que o gerenciamento da RSSF e dos dados captados por ela, seja realizado de
forma remota, inclusive através de aplicações móveis. Foi realizada a
implementação do gateway de forma prática, utilizando recursos open-hardware e
open-source, interconectando uma intranet TCP/IP e uma RSSF, e desenvolvida
uma aplicação móvel baseada na plataforma Android, para monitoramento da
RSSF. Também foi realizada uma comparação com pesquisas relacionadas. Os
resultados demonstraram a viabilidade de implementação de um gateway baseado
nessa arquitetura, visto que ele atingiu o objetivo proposto de interconexão dos
dois padrões diferentes de rede, através de uma solução robusta, de baixo-custo,
independente de plataforma de hardware e software, e compatível com a
tecnologia de web services, que é a base para a construção de aplicações móveis
e integração com sistemas como ERPs.

Palavras-chave: Gateway HTTP, Interconexão de redes

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


37

1. INTRODUÇÃO seção 5, serão exibidos os resultados. E


finalmente, na seção 6, serão apresentadas
A tecnologia das redes de sensores sem fio
as conclusões e trabalhos futuros.
(RSSF) integra elementos de sensoriamento,
comunicação em rede, processamento
computacional e armazenamento de
2. TRABALHOS RELACIONADOS
informações, através dos quais podemos
viabilizar funcionalidades tais como Nesta seção serão apresentados os métodos
monitoramento, atuação e controle em de interconexão de RSSFs com redes TCP/IP,
ambientes específicos (SOUSA; LOPES, citados anteriormente.
2011). Basicamente, uma RSSF é composta
O Delay Tolerant Network (DTN) consiste em
por um determinado número de nós-sensores,
um método de interconexão que adiciona uma
os quais se encontram distribuídos dentro do
camada denominada bunddle layer, acima da
espaço monitorado e associados por uma
camada de transporte de ambas as redes
conexão sem fio, um nó-base e uma estação
interconectadas. O DTN utiliza um mecanismo
de controle, normalmente representada por
do tipo store-and-forward para transmitir os
um microcomputador e um software
pacotes, proporcionando um desempenho
responsável pelo gerenciamento da RSSF.
relativamente aceitável da rede,
Devemos salientar, que o acesso aos dados principalmente em ambientes onde é comum
captados por uma RSSF limita-se ao próprio ocorrer perda de pacotes, atrasos excessivos
ambiente monitorado, sendo necessária a e perda de conexão, como é o caso das
integração das RSSFs com redes TCP/IP, em RSSFs (KIM et al., 2007). Através do DTN
especial a internet, para estender essa pode-se conectar RSSFs com a internet de
acessibilidade. maneira confiável, mas é necessário
considerar a alta complexidade para a
A necessidade de integração das RSSFs com
implantação desse método (CHEN et al.,
redes TCP/IP vem se tornando algo cada vez
2009).
mais evidente e desejado, de forma a permitir
que o gerenciamento tanto da rede de Outro método de interconexão é o Overlay-
sensores sem fio quanto dos dados captados based. Essa abordagem consiste na
por ela, seja executado de maneira remota. modificação da pilha de protocolos de uma
No entanto, o avanço dessa tecnologia se deu das redes interconectadas. Pode-se usar a
com o desenvolvimento de protocolos pilha de protocolos da RSSF sobre o TCP/IP,
proprietários, o que acabou se tornando uma como proposto por DAI e HAN (2004). Nesse
barreira para a interconexão das RSSFs com caso, cada host da rede TCP/IP é
redes TCP/IP (CAMPOS et al., 2011). considerado um nó-sensor virtual, podendo
trocar informações diretamente com os nós-
Nos últimos anos muitos estudos tem sido
sensores da RSSF e processando pacotes
realizados acerca da interconexão de RSSFs
exatamente como eles. É necessário destacar
e a internet, e dentre esses estudos, quatro
que este método aumenta a sobrecarga de
principais métodos de interconexão se
cabeçalhos do TCP/IP, que já é considerada
destacam: o Delay Tolerant Network, o
pesada (SHU; WU; HU, 2006). Na outra forma
Overlay-based, o TCP/IP para RSSF também
de implementação do Overlay-based, a pilha
conhecido como 6LoWPAN (Ipv6 over Low
de protocolos TCP/IP é implementada em nós-
Power Wireless Personal Area Networks) e o
sensores, causando uma sobrecarga aos
application-level gateway.
pacotes da RSSF, em conseqüência do
Neste artigo é apresentada uma arquitetura, cabeçalho TCP/IP ser muito pesado, elevando
denominada Gateway HTTP, para assim, o consumo de energia. O fato do TCP
interconexão de RSSFs com redes TCP/IP, não possuir uma boa performance em redes
utilizando a camada de aplicação, através do que apresentam uma taxa de erro de bit
Hypertext Transfer Protocol (HTTP), definido (BER) muito alta, também acarreta um
na especificação RFC 2616 (W3C HTTP, problema de eficiência energética, pois, as
1999). retransmissões fim-a-fim utilizadas pelo TCP
levam a um aumento do consumo de energia
Os detalhes sobre os demais métodos de
por parte da RSSF (DUNKELS et al., 2004).
interconexão serão apresentados na seção 2
deste trabalho. Na seção 3 será apresentado A solução para a utilização do protocolo
o Gateway HTTP. Na seção 4 serão discutidos TCP/IP em RSSFs, de forma que cada nó-
os aspectos relacionados a metodologia. Na sensor possua um endereço IP e possa ser

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


38

acessado diretamente, veio com a XIAOYAN; YAN, 2009). Outras vantagens


padronização do método de interconexão desse método, são o baixo custo, a facilidade
denominado IPv6 over Low-power Personal de implementação e a grande diversidade de
Area Networks, também conhecido como padrões de redes de sensores suportados,
6LowPAN. Neste método, uma camada de devido ao fato das redes TCP/IP e a RSSF
adaptação é introduzida abaixo da camada trabalharem isoladamente (KIM et al., 2007).
IP, permitindo a transmissão de pacotes IPv6 No entanto, este método apresenta
sobre o protocolo utilizado na RSSF (HUI; problemas relacionados à flexibilidade da
CULLER, 2008). Em suma, a camada de solução, pois, normalmente existe um alto
adaptação cria um novo cabeçalho, composto acoplamento entre o protocolo da RSSF e a
somente de alguns bytes, a partir da aplicação responsável pela interconexão.
compressão dos cabeçalhos das camadas Sempre que houver uma alteração na RSSF,
IPv6 e de transporte, tornando viável a como a adição de um novo nó-sensor, por
utilização do IPv6 pelas redes de sensores exemplo, a aplicação do gateway deverá ser
sem fio, a partir de pacotes mais leves e que refatorada (WANG et al., 2009), como
exigem menos processamento por parte de podemos observar na implementação de
cada nó-sensor. É importante ressaltar que a CYRIACO (2011), onde a Management
utilização do 6LowPAN não conecta RSSFs a Information Base, MIB, foi inserida
redes IPv6, e sim, permite que os nós- diretamente no código da aplicação, sem
sensores recebam pacotes provenientes de parametrização. Nesse caso, o processo de
uma rede IPv6. O contrário, no entanto, não é crescimento da rede torna-se moroso e é
contemplado por esse método de executado de forma artesanal, impactando
interconexão, pois, os dispositivos da rede negativamente na flexibilidade e
IPv6 não reconhecem a compressão, a escalabilidade do sistema.
fragmentação e os esquemas de
endereçamento do 6LowPAN. É necessário,
de forma complementar ao 6LowPAN, a 3. O GATEWAY HTTP
implementação de meios que permitam aos
O Gateway HTTP, apresentado neste artigo,
dispositivos das rede IPv6 o recebimento dos
consiste em uma nova visão arquitetônica
pacotes 6LowPAN provenientes da RSSF.
para interconexão de RSSFs com redes
Outra limitação do 6LowPAN, é a exclusão de
TCP/IP. Esta arquitetura, baseada no conceito
dispositivos que utilizam o protocolo IPv4
de application-level gateway, busca
(CAMPOS et al., 2011), além do fato de que o
principalmente uma maior flexibilidade do
acesso aos nós-sensores é feito de forma
sistema gerenciador e escalabilidade da
direta, o que compromete a eficiência
RSSF, através de uma solução robusta e
energética da RSSF.
confiável, e que possa ser implementada com
O último método de interconexão a ser baixo custo e grau complexidade reduzido.
apresentado é o application-level gateway,
A proposta também inclui uma inovação em
onde um dispositivo físico, dotado de
relação aos sistemas remotos de
capacidade de processamento
monitoramento e controle que conectam
computacional e armazenamento de
redes TCP/IP e RSSFs através de gateways
informações, é instalado entre a RSSF e a
tradicionais. Nesses casos, o software de
rede TCP/IP, convertendo os dados vindos
gerência, normalmente fica localizado num
nos pacotes TCP/IP para o protocolo da RSSF
host pertencente à rede TCP/IP, e todas as
e vice-versa, programaticamente, por meio de
requisições de informações obtidas pelos nó-
recursos de software, permitindo que ambas
sensores da RSSF, partem dele. Já na
as redes troquem informações de forma
arquitetura do sistema que utiliza o Gateway
transparente. Geralmente, um computador
HTTP, o software de gerência fica autocontido
pessoal é utilizado como o dispositivo físico
no próprio gateway, como uma aplicação web
do gateway, mas existem propostas que
(ORACLE J2EE, 2005), ou seja, uma
fazem uso de access points (CHEN et al.,
aplicação executada num servidor de
2009) e micro-controladores ARM (SONG et
aplicações ou web, que recebe requisições,
al., 2008). Esse método atua no nível da
normalmente provenientes de um web
camada de aplicação (KARL; WILLIG, 2005),
browser, executa um determinado
isolando a rede de sensores da rede TCP/IP,
processamento no servidor, e retorna uma
e aumentando a eficiência energética da
resposta ao cliente solicitante. Toda a
RSSF, além de diminuir a latência (TING;
comunicação entre essas partes é realizada

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


39

com a utilização do protocolo HTTP. de buscá-las diretamente na RSSF.


Nessa arquitetura, a aplicação web será Essa forma de operação reduz o tráfego de
configurada para solicitar da RSSF as dados na rede TCP/IP, pois, as requisições
informações que se deseja monitorar, das informações provenientes da RSSF,
armazenando-as posteriormente, num banco ocorrem do gateway para a RSSF. E as
de dados. Quando um usuário do sistema solicitações dos usuários para a aplicação
realizar uma consulta dessas informações web, ocorrem do cliente web para o gateway,
através da mesma aplicação web, os dados e somente sob demanda, como ilustrado na
retornados ao usuário serão fornecidos a Figura 1.
partir do banco de dados, sem a necessidade

Figura 1 - Arquitetura de um sistema baseado no Gateway HTTP

Fonte: Os autores
O fato do software de gerência ser uma Unidade Computacional (UC) é o hardware
aplicação do tipo web, ou seja, ter como base responsável por todo processamento e
o protocolo de aplicação HTTP, nos permite armazenamento de informações, necessários
disponibilizar os dados coletados pela RSSF e para que a integração entre a RSSF e a rede
as informações da própria rede, através de TCP/IP ocorra. Este componente deve estar
web services, pois, ambos os padrões conectado fisicamente à rede TCP/IP e à
atualmente utilizados, SOAP (W3C SOAP, RSSF, e deve ser dotado de um sistema
2007) e RESTFul (FIELDING, 2000), rodam operacional.
sobre o protocolo HTTP. Isto coloca o sistema
Toda a inteligência do Gateway HTTP está
dentro do universo da Service Oriented
concentrada na aplicação web, denominada
Architecture (SOA) (W3C SOA, 2004), e
Unidade de Inteligência (UI), a qual, de fato, é
permite a sua integração com sistemas de
a parte que torna a integração entre as duas
grande porte do tipo Enterprise Resource
redes possível, uma vez que a proposta
Planning (ERP) (HARIKUMAR et al., 2005).
desse trabalho é utilizar somente a camada
Além desse fato, os web services constituem
de aplicação sem alterar o funcionamento das
a tecnologia que suporta toda a gama de
demais. A aplicação web ou Unidade de
aplicações móveis desenvolvidas atualmente,
inteligência (UI), deverá estar instalada na
independente das plataformas de hardware e
Unidade Computacional (UC), e pode ser
software utilizadas (WAGH; THOOL, 2012),
subdividida em três módulos, o Módulo
proporcionando que o monitoramento e
Gerenciador (MG), o Módulo de Integração
controle do sistema seja efetuado através de
Lógica (MIL) e o Módulo Web Services
smartphones e tablets.
(MWS). É importante ressaltar a necessidade
Em termos de hardware o Gateway HTTP de um servidor web e um banco de dados
limita-se à Unidade Computacional (UC). A relacional instalados na UC, para que a

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


40

aplicação web seja executada e armazene solicitações do MG, traduzindo tais


suas informações. solicitações para o protocolo da RSSF, e
enviando-as para a rede de sensores. Após o
O Módulo Gerenciador (MG) é a parte da
retorno da resposta, o MIL deve repassar os
aplicação web que representa todas as
dados recebidos ao MG. Este último, ao
funções de monitoramento e controle. A
receber tais dados, deverá armazená-los, e
parametrização das informações que devem
em seguida, interpretá-los, podendo
ser coletadas a partir da RSSF, monitoradas e
desencadear uma ação, como o envio de um
controladas pelo sistema, também é realizada
e-mail de alerta ao administrador do sistema,
por este módulo. Ou seja, esse módulo deve
por exemplo.
oferecer ao administrador do sistema a
possibilidade de configurar uma ou mais Por fim, temos o Módulo Web Services (MWS),
redes de sensores sem fio, seus nós-sensores que disponibiliza as funções do Módulo
e as informações de cada nó-sensor que Gerenciador (MG) por meio da tecnologia de
devem ser monitoradas. Além disso, é web services. Isto permite a integração do
necessário que o MG seja programado de Gateway HTTP com outros sistemas
forma a permitir a configuração de RSSFs de compatíveis com essa tecnologia, criando
diferentes padrões, tornando assim o sistema independência em relação às plataformas de
mais flexível e escalável, à medida que reduz hardware e software utilizadas, e
o grau de acoplamento com um protocolo proporcionando a utilização das informações
específico de RSSF. provenientes da RSSF por aplicações móveis
e por sistemas desenvolvidos por terceiros. A
O Módulo de Integração Lógica (MIL), faz a
Figura 2 apresenta uma visão geral da
comunicação direta com a RSSF, recebendo
arquitetura do Gateway HTTP.

Figura 2 - Arquitetura do Gateway HTTP

Fonte:Os autores

Deve-se buscar o desenvolvimento dessa RESTFul. A utilização de mais de uma


aplicação com a utilização de uma única linguagem de programação para a criação
linguagem de programação, que seja robusta dessa aplicação acrescentaria mais
o suficiente para contemplar as tecnologias complexidade ao processo de implementação
envolvidas nos três módulos citados. Ou seja, do gateway, tornando a solução mais cara e
para desenvolvimento de aplicações web, menos flexível, devido ao aumento da
aplicações de mais baixo nível, devido à dificuldade para a sua manutenção.
integração física necessária entre a UC e a
RSSF, e disponibilização de web services
tanto do padrão SOAP quanto do padrão

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


41

4. METODOLOGIA BeagleBoard, além de ser uma distribuição


Linux já consolidada, há cerca de nove anos
Para a demonstração prática da proposta
no mercado.
apresentada, um gateway foi implementado,
integrando uma RSSF e uma intranet TCP/IP.
Buscando demonstrar que o Gateway HTTP
4.2 A RSSF E A INTRANET TCP/IP
pode ser implementado como uma opção
alternativa e de baixo custo, foram levados em Para esse experimento foi utilizada a
consideração somente opções de hardware e plataforma de rede de sensores sem fio
software que se enquadrassem nas Radiuino (RADIUINO, 2014.), por ser uma
categorias de open-hardware e open-source. plataforma aberta, de baixo custo e pela infra-
estrutura de suporte a essa tecnologia,
Também será apresentado um quadro
disponibilizada no Laboratório de Meios de
comparativo com as pesquisas relacionadas
Transmissão da Pontifícia Universidade
apresentadas anteriormente.
Católica de Campinas, onde o experimento foi
realizado.
4.1 O HARDWARE DO GATEWAY HTTP A RSSF foi implementada com um nó-sensor,
responsável por captar as informações
Para a definição do hardware da Unidade
monitoradas, como a temperatura, e enviá-las
Computacional (UC), foram levados em
ao outro componente da rede denominado
consideração requisitos como capacidade de
nó-base.
processamento e armazenamento, custo,
tamanho físico, comunicação Ethernet e USB, O hardware do nó-sensor utilizou um rádio
e quantidade de memória RAM. BE900 acoplado a uma placa DK103,
composta por dois relés de atuação, um
Dentre as opções de open-hardware com
transdutor de temperatura, um resistor
custo inferior a 50 dólares e tamanho físico
sensível a espectro luminoso e diodos
reduzido, de tal forma que viabilizasse a sua
emissores de luz (LEDs).
utilização em locais remotos onde muitas
vezes as RSSFs são instaladas, chegou-se a Para o nó-base foi utilizado um rádio BE900
três opções: BeagleBone Black ligado a um gravador UartSBee, conectado ao
(BEAGLEBOARD, 2014), Arduino Uno microcontrolador BeagleBone Black via USB.
(ARDUINO, 2014) e Raspberry Pi
Para a intranet TCP/IP, foi utilizado um access
(RASPBERRY PI, 2014).
point Linksys, modelo WRT54G com cinco
A opção selecionada foi o BeagleBone Black saídas RJ-45 para conexão cabeada. Além do
por ser um microcontrolador extremamente Gateway HTTP, foram conectados à intranet
poderoso, acessível economicamente, TCP/IP, através do access point, três
podendo em muitas ocasiões ser utilizado dispositivos, um microcomputador rodando
como um microcomputador. sistema operacional Windows 7, um tablet
Apple iPad 2 com IOS 6.0.1 e um smartphone
A utilização deste hardware juntamente com a
Sony Xperia ZQ utilizando Android 4.1.2. O
necessidade de suporte a um banco de
microcomputador e o gateway foram
dados relacional e um servidor para
conectados à intranet TCP/IP via cabo de par
aplicações web, orientaram para a escolha de
trançado utilizando conector RJ-45. Já o tablet
um sistema operacional baseado em Linux.
e o smartphone utilizaram conexão WI-FI.
Entre as distribuições Linux disponíveis para
BeagleBone Black optou-se pelo Linux A estrutura física do experimento pode ser
Ubuntu 3.8.13 para ARM, uma vez que esta é verificada na Figura 3.
uma indicação do próprio projeto

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


42

Figura 3 - Estrutura física do sistema utilizando o Gateway HTTP.

Fonte: Os autores

4.2 O SOFTWARE DO GATEWAY HTTP devido à compatibilidade com o ScadaBR,


por serem gratuitos e open-source, e os mais
Foram avaliadas as seguintes aplicações
leves de suas categorias, se adequando ao
web, open-source e com perfil de sistema
perfil do hardware definido para a UC.
supervisório, para representar a UI: Stantor
(STANTOR, 2014) e ScadaBR (SCADABR,
2014). Optou-se pela utilização do software
5. RESULTADOS
ScadaBR, devido a sua estrutura funcional
muito semelhante à dos módulos A acessibilidade remota ao sistema de
Gerenciador, de Integração Lógica e Web gerência foi testada a partir dos três
Services, que compõem a UI, e pela sua dispositivos da intranet TCP/IP. Todos eles
compatibilidade com a plataforma Radiuino. utilizaram web browser para acessar o
software gerente, e executaram funções de
O ScadaBR 1.0 Community Edition é um
monitoramento dos dados capturados pela
software gratuito, de código-aberto e
RSSF, como temperatura, e do nível de
desenvolvido em Java (ORACLE JAVA, 2014),
intensidade do sinal de rádio entre os
apresentando total afinidade com os objetivos
sensores, received signal strength indication
da proposta, contribuindo para o baixo custo
(RSSI). Os testes de configuração da RSSF e
e uma maior robustez do Gateway HTTP. Por
a parametrização das informações
ser uma aplicação web, o sistema pode ser
monitoradas, também foram realizados
acessado via navegador web a partir de
através dos três dispositivos, novamente
qualquer computador ou dispositivo móvel
utilizando a interface web do sistema de
conectado à uma rede TCP/IP, seja uma
gerência através de web browser.Tanto os
intranet ou a internet.
testes de monitoramento quanto de
Seguindo a especificação do Gateway HTTP, configuração e parametrização, obtiveram
é necessário um servidor de aplicações ou sucesso em todos os dispositivos testados. A
web, e um servidor de bancos de dados, que Figura 4 apresenta o resultado de alguns
suportam a aplicação web. Para tanto, foram testes realizados nos 3 dispositivos.
utilizados o servidor web Apache Tomcat 6.1,
e o banco de dados relacional Apache Derby,

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


43

Figura 4 - Testes de monitoramento e configuração.

Acesso via
microcomputador com
Windows 7

Acesso via Apple


iPad com IOS 6.0.1

Acesso via
smartphone com
Android 4.1.2

Fonte: Os autores

A comprovação da eficácia do Gateway atualizadas no aplicativo através de


HTTP, foi realizada através da análise dos chamadas a web services que compõem o
registros de monitoramento da temperatura e MWS do sistema de gerência. A resposta do
RSSI obtidos a partir da seguinte sistema de gerência ao aplicativo móvel é
parametrização: ambas as informações realizada com informações contidas no banco
deveriam ser solicitadas ao nó-sensor da de dados, sem a necessidade de solicitá-las
RSSF de 1 em 1 minuto, e registradas no diretamente aos nós-sensores da RSSF cada
sistema. Esse monitoramento foi realizado por vez que o aplicativo requisita tais
um período de 30 dias, e as consultas aos informações.
dados capturados pela RSSF e armazenados
no sistema, verificados todos os dias dentro
do período definido, a partir dos três 5.1 COMPARAÇÃO COM PESQUISAS
dispositivos pertencentes a rede TCP/IP, RELACIONADAS
utilizando a interface web do sistema de
A Tabela 1 apresenta uma comparação do
gerência.
Gateway HTTP com as pesquisas
Para a demonstração da aplicabilidade do relacionadas, discutidas na seção 2 deste
Módulo Web Services, foi desenvolvido um trabalho. O objetivo é explicitar que a solução
aplicativo baseado na plataforma Android, proposta não somente cobre os tópicos
que permite o monitoramento de informações abordados pelos demais métodos de
captadas pela RSSF, como temperatura e interconexão, como traz outras vantagens.
RSSI. Nesse caso, as informações são

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


44

Tabela 1 - Comparação entre métodos de interconexão


Eficiência Compatível
Complexidade de Compatível
Custo Energética com IPv4 e
Implementação com a SOA
da RSSF IPv6
DTN Alta Alto Alta Sim Não
Overlay-based Alta Alto Baixa Sim Não
6LowPAN Alta Baixo Baixa Não Não
App-Level Baixa Baixo Alta Sim Não
Gateway
Gateway HTTP Baixa Baixo Alta Sim Sim
Fonte: Os autores

6. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS complexidade da solução e, uma vez


baseada no protocolo HTTP, a aplicação
O gateway HTTP mostrou-se uma opção
ganha um horizonte maior de possibilidades
viável de ser implementada uma vez que
para utilização de recursos de cloud
cumpre o seu objetivo principal de maneira
computing e integração com outras
eficaz, interconectando uma RSSF a uma rede
aplicações também baseadas no mesmo
TCP/IP, através de uma solução robusta e de
protocolo, inclusive através de web services,
baixo custo, permitindo assim, estender o
como foi demonstrado praticamente neste
acesso ao ambiente monitorado e controlado
trabalho.
por uma RSSF, de forma que a gerência dos
dados e da própria rede de sensores, seja Os trabalhos futuros incluem testes práticos
realizada a partir de qualquer dispositivo relacionados à diminuição do tráfego de
conectado a uma rede TCP/IP. pacotes na rede TCP/IP e comparações mais
detalhadas com soluções de baixo-custo
A interconexão entre RSSFs e redes TCP/IP
baseadas em application-level gateway.
utilizando a camada de aplicação, reduz a

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


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1160 - 1163.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


46

CAPÍTULO 4

Paula Patricia Ganzer


Eduardo Robini Da Silva
Fernanda Pauleto D´Arrigo
Ana Cristina Fachinelli
Pelayo Munhoz Olea

Resumo: Com o surgimento da Sociedade do Conhecimento, os novos modelos


econômicos precisam incorporar o conhecimento como um fator do processo de
produção e geração de riqueza. Desta forma, a gestão do conhecimento surge
como uma prática para a geração de novos produtos e inovação. O objetivo da
pesquisa foi identificar o papel da gestão do conhecimento no desenvolvimento de
novos produtos e inovação nas empresas. Com abordagem qualitativa, objetivo
exploratório e descritivo, foi por meio de entrevista semiestruturada, apoiada em um
roteiro de entrevista com o gestor de design de produto de uma indústria de grande
porte, do setor metal mecânico na região da Serra Gaúcha. Foram analisadas as
categorias resultantes com os construtos a partir da literatura e percepção do
entrevistado. Concluiu-se que as principais variáveis e decisões envolvidas, de
gestão do conhecimento podem promover a inovação. Desta forma, as empresas
podem utilizar a gestão do conhecimento para otimizar o processo de inovação
como um diferencial competitivo.

Palavras-chave: Gestão do Conhecimento; Desenvolvimento de Novos Produtos;


Inovação.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


47

1 INTRODUÇÃO De acordo com o Manual de Oslo (2005), a


inovação é classificada em quatro dimensões:
Com o surgimento da Sociedade do
produto, processo, marketing e
Conhecimento (Drucker, 1993; Crawford,
organizacional. As inovações são
1994) os novos modelos econômicos
classificadas em quatro tipos: a) a inovação
precisam incorporar o conhecimento como o
de produtos ou serviços: consiste no
fator essencial do processo de produção e
desenvolvimento e comercialização criativa
gerar riqueza. O conhecimento pode ser
de novas tecnologias, acopladas a
considerado o recurso econômico básico
necessidades insatisfeitas de clientes; b) a
além do capital, força de trabalho ou os
inovação de processos: consiste em
recursos naturais. O investimento em
desenvolver novas formas de fabricação de
conhecimento pode ser um fator
produtos ou prestação de serviços; c) a
preponderante para o desenvolvimento
inovação de gestão: consiste na introdução
organizacional.
de novas maneiras de conduzir negócios que
A estabilidade e o crescimento das empresas providenciem uma vantagem competitiva; d) a
no mercado têm forte correlação com a inovação de negócios ou de mercados:
gestão do conhecimento, a inovação e o consiste na relação do desenvolvimento de
desenvolvimento de novos processos e novos novos negócios, que permitam a
produtos. Robert (1995) define o consolidação de vantagem competitiva
desenvolvimento de um novo produto como (JONASH; SOMMERLATE, 1999).
uma forma de inovação, que pode propiciar
O foco desta pesquisa foi na inovação de
novas oportunidades para uma empresa. De
produto, conforme o Manual de Oslo (2005), a
acordo com o autor, as organizações que
inovação de produto trata-se da introdução de
obtém sucesso, desenvolvem uma forma para
um bem ou serviço novo ou significativamente
gerir as mudanças que emergem com a
aprimorado, no que pertence às
inovação, de modo a gerar novos produtos.
características de bens ou serviços, envolvem
A estrutura do artigo parte da seção de incrementos de melhoria em especificações
referencial teórico, seguido pelo método de técnicas, componentes e materiais, a
pesquisa, onde são descritas as técnicas e facilidade de uso, a incorporação de
procedimentos da pesquisa que utilizou. Na softwares e características funcionais. De
seção de análise de resultados são acordo com Jonash e Sommerlatte (1999), a
desmembradas as análises da entrevista e inovação de produtos ou serviços, incide na
sua correlação com os conceitos acadêmicos fonte de mudança, possibilitando vantagem
ligados à gestão do conhecimento e competitiva, já nos serviços, a inovação inclui
inovação. Por fim, segue a seção das o fornecimento de um novo serviço. A partir
considerações finais onde são evidenciados da revisão sobre inovação de produto, segue
os resultados alcançados perante o objetivo na próxima seção uma revisão sobre a gestão
de pesquisa. do conhecimento e o desenvolvimento de
novos produtos (DNP).
2.2 Gestão do Conhecimento e o
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Desenvolvimento de Novos Produtos (DNP)
2.1 INOVAÇÃO
A gestão sistematizada do conhecimento
Inovação é a habilidade de transformar algo já como uma alternativa estratégica se
existente em um recurso que gere riqueza. apresenta como uma nova alternativa. O
"[...] Qualquer mudança no potencial produtor conhecimento como um ativo intangível
de riqueza de recursos já inexistentes tornou-se cada vez mais um diferencial
constitui inovação” (DRUCKER, 1987, p. 40). estratégico para organizações que pretendem
Segundo Schumpeter (1988) é necessário cumprir a sua missão e permanecer em um
que se desenvolvam meios para se integrar mercado competitivo. A diferença encontra-se
"materiais" e conhecimento para se alcançar o no reconhecimento do conhecimento como
desenvolvimento econômico, e, para isto, é um ativo estratégico e na necessidade de
necessário a introdução descontínua de ações gerenciais sistemáticas para a sua
novas combinações dos elementos citados, a promoção (BITENCOURT, 2010).
formação destas novas combinações é o
O conhecimento é discutido como fator
processo inovador”.
fundamental para a criação de sucesso
competitivo (Kogut e Zander, 1992),

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


48

crescimento das empresas (Ruggles, 1998), seu valor nas práticas e assim inclinar os
responsável pelo funcionamento das demais indivíduos a usar esses
organizações (Davenport e Prusak, 1999), e conhecimentos em situações futuras
para a criação de novos conhecimentos (CARLILE, 2002).
organizacionais (Nonaka e Takeuchi, 1995).
Mas as discussões sobre o papel do
conhecimento também se expandem na 3 MÉTODO DE PESQUISA
dificuldade de transformá-lo em um nível mais
A pesquisa utilizou como método a
concreto, como é o caso do DNP.
abordagem qualitativa, que conforme Flick
Na relação conhecimento e DNP, Carlile (2004, p. 17) a relevância específica da
(2002) utiliza a abordagem sintática, pesquisa qualitativa para o estudo das
semântica, e pragmática de como o relações sociais deve-se ao fato da
conhecimento pode ser interpretado tanto pluralização das esferas de vida. Levanta
como uma barreira quanto uma fonte de problemas ao nível da pertinência dos índices
inovação. Por meio da abordagem retidos, visto que seleciona estes índices sem
pragmática, o autor trata o processo em que o tratar exaustivamente todo o conteúdo,
conhecimento pode ser representado, existindo o perigo de elementos importantes
aprendido e transformado quando localizado serem deixados de lado, ou de elementos não
e incorporado nas práticas e assim ser uma significativos serem tidos em conta (BARDIN,
fonte de inovação. Todavia o conhecimento 2004). A partir das definições da pesquisa
pode ser um problema quando os desafios qualitativa, justifica-se a escolha da
são complexos e assim é necessário chegar abordagem da pesquisa, devido a
até a “fronteira do conhecimento” para se necessidade de identificar a visão gerencial
extrair o seu real valor na resolução deste sobre os temas gestão do conhecimento e
determinado problema. inovação, em como estão relacionados.
Em ambas as perspectivas é possível Quanto ao objetivo, foi adotada a pesquisa
perceber a necessidade contínua das exploratória, que segundo Hair, et al., (2005),
empresas para se adaptar a diferentes tipos a pesquisa exploratória é útil quando o
de conhecimentos individuais aplicados nas responsável pelas decisões dispõe de poucas
diversas situações problemáticas. Neste informações, no entanto é útil na identificação
ponto é importante ressaltar que por meio da de práticas inovadoras de produção e
interação entre os indivíduos envolvidos nas administração. Na pesquisa exploratória há
práticas das organizações, o conhecimento diversas técnicas de entrevista, nesta
pode ser localizado em torno de problemas pesquisa foi utilizada a técnica de entrevista
específicos, e ser semelhante ou diferente de em profundidade, onde ocorre uma sessão de
acordo com cada membro envolvido. Por isso, discussão individual entre um entrevistador
para o desenvolvimento do conhecimento nas treinado e um entrevistado. Também como
empresas é necessário que os indivíduos objetivo utilizou-se a pesquisa descritiva, que
interajam em torno de diferentes problemas em geral é estruturada e criada para medir as
(CARLILE, 2002). características descritas em uma questão de
pesquisa. Na pesquisa descritiva, podem-se
Ainda ao se abordar o conhecimento
adotar procedimentos de estudos (HAIR, et
incorporado às práticas, é importante
al., 2005). No caso da pesquisa, utilizou-se o
ressaltar o trabalho de Polanyi (1966), como
estudo transversal apoiado por um roteiro de
um dos primeiros autores a relatar a dimensão
questões abertas a fim de nortear a entrevista.
tácita do “saber fazer”, ou seja, o
Quanto ao procedimento técnico, a pesquisa
conhecimento presente no indivíduo pelas
utilizou o estudo de caso, em uma empresa
experiências antes vividas, então associadas
de grande porte do setor metal mecânico
às práticas. Essa interação do conhecimento
localizada na Serra Gaúcha - RS, que para
possibilita que atividades distintas sejam
Roesch (2005) e Triviños (2012) pode ser
desenvolvidas através de experiências
único ou múltiplo e a unidade de análise pode
(Taylor, 1992) e das capacidades de
ser um ou mais indivíduos, grupos,
interação entre os membros e o grupo,
organizações, eventos, países ou regiões.
podendo constituir rotinas e processos
Nesta pesquisa foi utilizado o estudo de caso
organizacionais com competências viáveis em
único, com um entrevistado.
diferentes linhas de produtos (TEECE et al.,
1997). No DNP o conhecimento pode mostrar

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


49

Quanto a entrevista, foi utilizada a entrevista A partir da análise aberta, axial e seletiva da
semiestruturada, que ocorre de forma que o entrevista realizada, o resultado de categorias
pesquisador fica livre para exercitar sua foi: Inovação, DNP, Gestão do Conhecimento,
iniciativa no acompanhamento da resposta a Informações a partir do Mercado, Orientação
uma pergunta. Esta forma de entrevista possui Organizacional, Sinais de Mercado, Cultura,
uma estrutura e orientação gerais, mas Retenção do conhecimento, Desempenho
permitem muita flexibilidade para incluir Organizacional e Vantagem Competitiva. A
perguntas não estruturadas. Essa abordagem partir dos achados, são abordadas nesta
pode resultar no surgimento de informações seção a relação das falas do entrevistado
inesperadas e esclarecedoras, melhorando as com a literatura. Em relação aos resultados da
descobertas (HAIR, et al., 2005). Para a pesquisa, advindos da entrevista, pode-se
análise da entrevista a técnica utilizada foi a observar que o entrevistado atua no setor
análise de conteúdo. Deste modo, a análise metal mecânico, e de 2010 até atualmente o
de texto faz ponte entre um formalismo gestor assumiu a gestão de sua
estatístico e a análise qualitativa dos especialidade, que é design do produto. Em
materiais. No divisor quantidade/qualidade 2012 foi criado um centro de inovação,
das ciências sociais, a análise de conteúdo é nominado pelo entrevistado como “Innovation
uma técnica híbrida que pode mediar esta Center”, uma área com pessoas dedicadas a
improdutiva discussão sobre virtudes e inovação.
métodos (BAUER; GASKELL, 2011).
[...] eles são responsáveis por serem agentes
Para a análise de conteúdo, seguiu-se o da inovação contínua aqui dentro, eles tem
roteiro de análise de Flick (2004) partindo da uma ligação com varias áreas com o objetivo
gravação da entrevista, posterior transcrição, de gerar inovação, eles não tem parte do
codificação e categorização. Quanto à trabalho focado na inovação, é 100% do
codificação, foram realizadas a codificação tempo deste grupo é focado na inovação.
aberta, que tem por objetivo expressar dados Tem todo o processo de inovação desenhado,
e fenômenos na forma de conceitos, a com pessoas dedicadas.
codificação axial, que se trata da etapa que
consiste em aprimorar e diferenciar as
categorias resultantes da codificação aberta e 4.1 GESTÃO DO CONHECIMENTO E DNP
a partir das categorias que se originaram,
Na relação conhecimento e DNP, Carlile
selecionam-se aqueles que pareçam mais
(2002) utiliza a abordagem sintática,
promissoras para um posterior
semântica, e pragmática de como o
aperfeiçoamento e, por fim a codificação
conhecimento pode ser interpretado tanto
seletiva foi realizada, sendo esta a terceira
uma barreira como uma fonte de inovação.
etapa, que dá continuidade à codificação
Em relação ao centro de inovação, o
axial em um nível mais alto de abstração,
entrevistado afirmou que a iniciativa de
portanto o objetivo desta etapa foi elaborar a
criação veio da própria diretoria, com
categoria essencial em torno da qual as
variáveis estratégicas, de ter um P&D forte, e
outras categorias desenvolvidas possam ser
vinham se estruturando nesse sentido por que
agrupadas e pelas quais elas são integradas.
segundo o entrevistado, a inovação precisa
Nesta análise, foram definidas como ser separada dos projetos. Quanto ao DNP, o
categorias baseadas na literatura (Whyte e entrevistado afirma:
Classen, 2011), compartilhamento do
[...] dentro do setor nós temos em torno de 8
conhecimento, retenção do conhecimento,
profissionais, não é muita gente, eles tem que
inovação, cultura do conhecimento, novos
preparar as dinâmicas que envolvem a
conhecimentos, aplicação e reutilização de
própria engenharia corporativa, que temos em
conhecimentos, boas práticas, vantagem
torno de 140 pessoas, a engenharia local é
competitiva, trabalhadores do conhecimento,
envolvida, o marketing, então passa a ter um
integração do conhecimento, risco,
universo de mais gente inovando, no
conhecimento dos clientes, benefícios do
processo de inovação. Então estas 8 pessoas
conhecimento.
não são as que inovam, eles criam as
condições de alinhamento estratégico, que
tipo de pesquisa deverá ser feita e como que
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
vai ser feita as dinâmicas de geração de
ideias, o processo é desenhado assim [...].

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


50

A forma de interação entre a equipe pode ser questionada, se a ela aplica a orientação
considerada como uma gestão do empreendedora ou orientação para o
conhecimento, no DNP. De acordo com o mercado, e conforme o entrevistado a
entrevistado, atualmente o fluxo dos empresa pratica as duas formas de
processos é físico, mas possuem intenção orientação, sendo que a 80% da inovação,
futura digital, interações sistêmicas, com mais como ele classifica, é incremental, para
pessoas da empresa participando. O satisfazer os clientes atuais, no entanto citou a
entrevistado relatou a gestão do questão da incerteza técnica e de mercado,
conhecimento como um recurso para que leva a empresa a pesquisar, o que a
inovação. Segundo o entrevistado [...] a classifica como orientada para o mercado.
gestão do conhecimento visa identificar uma Sobre a inovação de acordo com o
necessidade e uma tecnologia, mobilizar uma entrevistado:
ideia para endereçar essa necessidade e
[...] a inovação para as empresas brasileiras
operacionalizar para tornar isso algo que vá
ainda é nova. Tivemos um movimento da
para o mercado. Então nesse processo de
qualidade nos anos 80 e estamos tendo um
identificar, mobilizar e operacionalizar, a
agora no sentido da inovação. E a visão das
primeira etapa que é identificar depende da
empresas estão completamente perdidas,
gestão de conhecimento [...]
elas estão tentando entender o que é
inovação. Então claro, tem inovação em
matéria de negócio, de serviço e de produto.
4.2 ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA
Inovação é a criação de um novo valor e não
Narver e Slater (1990) delinearam a um valor que tu já ta vendendo, tem que criar
orientação para o mercado como um e captar um novo valor. Isso é o básico, fora
construto constituído por três componentes isso pode ser má interpretação ou um erro
comportamentais – orientação para o cliente, [...].
orientação para os concorrentes e
coordenação interfuncional – que seriam as
ações e os padrões de comportamento da 4.3 SINAIS DE MERCADO
empresa. Kohli e Jaworski (1990) citam a
Ansoff (1975) afirma que sinais fracos são
orientação para o mercado em três pontos
fundamentais nas decisões estratégicas. A
básicos, quais sejam, a geração de
grande dificuldade é captar o sinal dele se
inteligência de mercado, a disseminação da
tornar evidente. Sinais fracos são "uma
inteligência de mercado gerada e a resposta
indicação pouco precisa sobre eventos
da empresa à inteligência gerada. De acordo
iminentes e de impacto, embora a forma,
com Miller (1983), uma organização
natureza e fonte desses sinais ainda não
empreendedora empenha-se em inovação em
sejam conhecidas”. Ainda sobre sinais fracos
produtos e/ou mercados, empreende com
Christensen (2001) aborda como grande
algum risco e atua de forma proativa diante
segredo a maneira como as empresas
de seus competidores. O gerenciamento
reagem a esses sinais e os incorpora a
empreendedor reflete os processos
empresa. Por essa razão as empresas devem
organizacionais, métodos e estilos que uma
estar aptas para prováveis descontinuidades
organização utiliza para atuar de forma
de estratégia. Mesmo que estas
empreendedora. Stevenson e Jarillo (1990). A
descontinuidades sejam ocasionais, a
OPM (orientação para o mercado) consiste na
empresa necessita uma visão periférica mais
geração de inteligência de mercado, na
ampla requer busca em lugares inesperados.
disseminação dessa inteligência e na
No caso da inovação, os sinais podem
resposta da empresa à inteligência gerada.
aparecer nos lugares mais inesperados,
Jaworski e Kohli (1993). A OPM é uma cultura
normalmente “fora” do radar da empresa. A
empresarial que estimula comportamentos
visão periférica é necessária para o que o
que levam à criação de um valor superior ao
acontece além das barreiras da organização.
cliente e, assim, de uma vantagem
Quanto ao setor como intensivo em
competitiva superior para a empresa
conhecimento e troca de informação e
(NARVER; SLATER, 1990).
inovação, a cultura e os sinais são
Sendo assim, as informações utilizadas na importantes no ambiente empresarial, quanto
organização são advindas pelo mercado, a isso, o entrevistado afirmou:
tecnologia, economia, sociedade e meio
ambiente. A orientação da organização foi

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


51

[...] isso tem a ver com o ambiente físico e conhecimento retido permite um processo de
também com o ambiente virtual, minha visão é classificação, categorizando e tomada de
que a empresa tem que criar plataformas para sentido organizacional que cria o potencial de
compartilhar a informação, como intranet. Dar aplicar o conhecimento existente em maneiras
sinais aos colaboradores que a informação novas e estratégicas no futuro (MADSEN et
tem que ser compartilhada, que ele não al., 2003). Um meio de reter conhecimento é
precisa segurar a informação dentro da articulando ou codificando. Para que este
empresa [...]. conhecimento se estenda é necessário que
seja explícito. Conhecimento explícito é fácil
4.4 Cultura Organizacional
de ser transferido. A codificação do
Cada organização tem uma cultura única, que conhecimento pode também reduzir as
se desenvolve com o tempo e reflete na perdas de conhecimento quando os
identidade na dimensão visível e invisível. A funcionários deixam a organização. Com o
dimensão visível da cultura é refletida nos passar do tempo as atividades que retém o
valores expostos, filosofia e missão da conhecimento criado nos projetos de um novo
empresa. A dimensão invisível se encontra no produto leva as organizações a repetirem as
conjunto de valores tácitos que guiam as práticas de retenção de conhecimento
ações e a percepção dos funcionários na (MARSH; STOCK, 2006). Sobre a retenção do
organização (McDermott e O’Dell, 2001). conhecimento, foi questionado ao
Gupta e Govindarajan (2000) a cultura entrevistado se havia alguma forma de retê-lo
organizacional envolve seis categorias: na organização:
sistemas de informação, pessoas, processos,
[...] Aquilo que é inédito nós temos as
liderança, sistema de recompensa e cultura
patentes, é um documento que serve tanto
organizacional. A cultura organizacional
pra lidar com fornecedor com qualquer um
envolve o compartilhamento como
que esta envolvido, tem assinando também
pressuposto básico das organizações ao lidar
um termo de confidencialidade, mesmo para
com o ambiente e resolver os problemas de
as pessoas que estão aqui dentro. Temos que
adaptação externa e ao mesmo tempo lidar
tentar proteger, pois a inovação as vezes tem
com a integração interna que são ensinados a
que ficar maturando por um tempo, então é
novos membros como a forma correta de
obrigado a esconder a informação, ainda está
resolver esses problemas (Park et al., 2004).
em processo de patente, ainda vai ser
[...] mas a cultura da região não favorece testada, um protótipo físico, tem toda uma
também, mas vem mudando, eu to a 13 anos etapa é um processo bem difícil, até se
aqui, e a 10 anos atrás quem tinha informação chegar a inovação mesmo sendo bem
era um rei. Hoje já é diferente, se essa estruturado [...].
informação não for rapidamente levada a
Em se tratando de redes de relacionamento,
frente, pode perder oportunidades por não
relação entre clientes, informação dos clientes
disseminar ou problema pode voltar pra ele. É
existe perda na hora que este profissional se
uma questão que vem mudando e que vai
aposenta?
mudar ainda mais. Mas a empresa tem que
dar condições de mostrar o que ela quer, qual [...] esses experts, existem mas o importante é
é o caminho, se ela não faz nada ela esta que todas as vezes que desenhamos bem o
consentido que as pessoas ajam desta processo e perdemos a pessoa, não fez a
maneira. Além do ambiente virtual que é um menor diferença. Quando não existia um
facilitador. Pois depois que resolvemos o processo bem organizado e dependia-se do
virtual, o físico também se beneficia, começa conhecimento tácito da pessoa houve
a mudar a cultura do físico. Mas temos que prejuízo, pois a reestruturação era baseada
criar um link entre as pessoas que mostre que em uma pessoa e não em um processo [...].
a cultura não pode ser um entrave, mas isso é
bem difícil ainda mais quando é um nível mais
sistêmico [...]. 4.6 VANTAGEM COMPETITIVA
Para Porter (1985) a vantagem competitiva
surge do valor que uma empresa é capaz de
4.5 RETENÇÃO DO CONHECIMENTO
criar para seus consumidores excedendo o
O conhecimento retido influencia a custo para a criação desse valor. Porter
interpretação da informação recém adquirida (1986) a vantagem competitiva envolve uma
(COHEN e LEVINTHAL, 1990). O ou várias características como por exemplo: a

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


52

vantagem competitiva precisa ter valor para e/ou seu desempenho comercial. As
os clientes; ela não pode ter outras vantagens dimensões da inovação, que são quatro
competitivas substitutas disponíveis segundo o Manual de Oslo (2005), a inovação
prontamente aos concorrentes; a vantagem de produto, processo, marketing e
competitiva precisa ser sustentável; organizacional, foram abordadas a fim de
características estas que permitem a uma verificar se a empresa pratica alguma delas.
empresa ser diferente por entregar mais valor
Schumpeter abordou a inovação como a
sob o ponto de vista dos clientes, com isso
introdução de novos produtos, que
acaba diferenciando-se dos concorrentes e
transformam o ambiente competitivo: na
em consequência acaba obtendo vantagens
realidade capitalista, não é a competição que
no mercado em que se está inserida. A
conta, mas sim a competição do artigo novo,
estratégia competitiva visa estabelecer uma
da nova tecnologia, da nova fonte de
posição lucrativa e sustentável contra as
fornecimento, do novo tipo de organização,
forças que determinam a competição
competição por um custo decisivo ou uma
industrial. O desafio enfrentado pela gerência
vantagem de qualidade que não diminua as
consiste em escolher ou criar um contexto
margens de lucro e a produção das empresas
ambiental em que as competências e
(SCHUMPETER, 1988).
recursos da empresa possam produzir
vantagens competitivas. Conforme os autores, as dimensões mais
trabalhadas são de produto e processo,
A vantagem competitiva identifica
tentando entrar em serviço, o entrevistado
propriedades específicas e combinações
citou que na região da Serra Gaúcha no setor
individuais de produtos e mercados em suas
metal mecânico é difícil encontrar inovação de
respectivas áreas de negócio, dando à
serviço e que a empresa está em busca de
empresa uma forte posição competitiva. De
novos negócios, uma aliança estratégica, no
acordo com o entrevistado, a vantagem
qual ele denomina que não é inovação, mas
competitiva teoricamente tem que ser
que faz parte, mas acredita que a empresa
sustentável, ou seja, ela tem que se sustentar
perpassa nas 4 dimensões.
em longo prazo.
[...] sempre nos destacamos nos produtos e
[...] eu só consigo manter isso com recursos
design, e é obrigatório a empresa se destacar
raros e valiosos e difícil de gerir, se eu não
em design, temos que chamar a atenção com
souber criar isso eu estou trabalhando na
identidade de marca, mas não tratamos como
vulnerabilidade e com vantagem competitiva
inovação, e sim melhoria, já é uma prática
ou temporária ou sem qualidade, então a
para nós, assim como o ônibus ser mais
empresa tem que entender que o valor que
confortável, durável, mas temos que separar
ela está criando hoje pode não ser o mesmo
as coisas, os projetos de designer de
que ela precisa para amanhã, isso é uma
engenharia é uma coisa e projetos de
função da área de inovação que aponta o
inovação é outra, eles vão se incorporar aos
olhar, a empresa precisa ter esse recurso, ou
projetos (os de inovação) as coisas que estão
parte de um produto ou novo serviço, tem que
sendo criadas, o importante para as
apontar isso é o que vai me manter em
empresas é separar estas coisas que tem
vantagem de competitiva, e vai ser difícil de
timers completamente diferente [...].
imitar pelo concorrente, ou é um recurso
mesmo interno dela, como pessoas que é
valioso e raro, depende do que se esta
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
buscando [...].
A partir da revisão da literatura e análise da
entrevista foi possível estabelcer ligação entre
4.7 INOVAÇÃO o relato e as teorias abordadas na relação
Gestão do Conhecimento e DNP. Das
Uma empresa pode realizar vários tipos de
categorias abordadas a priori a partir da
mudanças em seus métodos de trabalho, seu
literatura (Whyte e Classen, 2012) se chegou
uso de fatores de produção e os tipos de
aos seguintes resultados, conforme Tabela 1.
resultados que aumentam sua produtividade

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


53

Tabela 1 – Relação teórica com os resultados da pesquisa.


Categorias
previamente Entrevistado Literatura
definidas
Gestão do
Interação entre a equipe proporciona Carlile (2002), Nonaka
Conhecimento e
alinhamento estratégico para a inovação e Takeuchi (1995)
DNP
Orientação Mercado brasileiro ainda não tem orientação
Narver e Slater (1990)
Estratégica estratégica sobre inovação
Compartilhamento de informações para Ansoff (1975),
Sinais de Mercado
verificação de sinais de mercado Christensen (2001)
Cultura da região não favorece, mas as
McDermott e O’Dell
Cultura para empresas devem incentivar as mudanças.
(2001) e Gupta e
inovação Cultura não pode ser um entreve para a
Govindarajan (2000)
inovação.
Retenção de Conhecimento através de Cohen e Levinthal
Retenção do
patentes. Confidencialidade e proteção das (1990); Marsh e Stock
Conhecimento
inovações ainda não patenteadas (1996)
Vantagem competitiva cria valor hoje, não é
Vantagem
duradoura. Tentar ser raro e valioso para se Porter (1985/1986)
Competitiva
destacar em relação aos concorrentes.
Destaque em produto e design é melhoria de
produto. Projetos de inovação são diferentes de
projetos de engenharia. Os projetos de inovação Schumpeter (1988)
Inovação
são incorporados a projetos de engenharia Oslo (2005)
quando necessário. Projetos de inovação não
tem tempo definidos para chegar ao mercado.
Fonte: Elaborado pelos autores.

Ao analisar a Tabela 1 foi possível perceber prática da organização. A vantagem


que a empresa leva em consideração a competitiva é vista como um recurso de
gestão do conhecimento no DNP quando diferenciação da concorrência e por fim, a
retém conhecimentos de produtos ainda não inovação na organização pesquisada é
patenteados, através de uma cultura de focada em duas dimensões: inovação de
compartilhamento favorável para estimular a produto e design.
gestão do conhecimento, quanto à orientação
Concluiu-se que as principais variáveis e
estratégica, sob o ponto de vista do
decisões envolvidas, de gestão do
entrevistado, pode-se concluir que as
conhecimento podem promover a inovação.
empresas não têm definidas qual a sua
Desta forma, as empresas podem utilizar a
orientação para inovar. Em questão dos sinais
gestão do conhecimento para otimizar o
de mercado, a empresa em estudo utiliza de
processo de inovação como um diferencial
forma interna de compartilhamento de
competitivo. A pesquisa possui a limitação de
informações entre os colaboradores, em
ter sido realizada em uma única organização
relação à cultura, pode-se afirmar que não
e somente uma entrevista, portanto, sugere-se
favorece a mudança organizacional, no
a ampliação de entrevistas com gestores de
entanto, ela não pode se tornar um obstáculo
áreas ligadas diretamente à produção e
para a inovação. As patentes são uma forma
inovação, também pode ser realizada uma
de reter o conhecimento na organização,
pesquisa quantitativa com colaboradores da
assim como a confidencialidade é uma
organização.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


54

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


CAPÍTULO 5

Eduardo Robini da Silva


Paula Patricia Ganzer
Fernanda Pauleto D´Arrigo
Ana Cristina Fachinelli
Pelayo Munhoz Olea

Resumo: A aprendizagem diz respeito à aquisição de conhecimentos a partir de


informações simbólicas vinculadas aos textos, que produzem conhecimentos
declarativos do tipo explícito. O conhecimento se dá a partir da evolução conjunta
da prática e da teoria e que tal simbiose está sempre presente onde quer que
ocorra o conhecimento e, por conseguinte, a gestão do conhecimento agrega valor
à informação e a distribui, tendo como tema central o aproveitamento dos recursos
existentes na empresa. A partir das afirmativas, a pesquisa teve como objetivo
identificar os estilos de aprendizagem dos alunos de uma escola de ensino
profissionalizante. Para atingir o objetivo, foi realizada uma pesquisa de abordagem
quantitativa, com objetivo exploratório e descritivo, tendo como estratégia de
pesquisa o estudo de caso em uma escola de ensino profissionalizante. Os
resultados identificaram que 83% dos alunos possuem estilo de aprendizagem
sensorial, 53% visual, 63% ativo e 77% sequencial. Os estilos de aprendizagem são
possíveis de adaptar ao método de ensino e podem implicar em aumento de
sinergia no processo de ensino e aprendizagem e consequentemente contribuir
para a melhoria do desempenho dos alunos.

Palavras-chave: Aprendizagem; Estilos de Aprendizagem; Gestão do


Conhecimento; Ensino profissionalizante.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


56

1 INTRODUÇÃO pesquisa quantitativa com análise descritiva,


visando contribuir com a identificação do
A aprendizagem diz respeito à aquisição de
perfil e estilo de aprendizagem para o
conhecimentos a partir de informações
conhecimento do corpo docente da
simbólicas vinculadas aos textos, que
instituição. Assim sendo, o mesmo, poderá
produzem conhecimentos declarativos do tipo
aprimorar métodos de ensino, para facilitar o
explícito. O conhecimento se dá a partir da
aprendizado.
evolução conjunta da prática e, da teoria, tal
simbiose está sempre presente onde quer A estrutura do artigo parte da seção do
que ocorra o conhecimento. A gestão do referencial teórico, no qual abordam os
conhecimento trata da prática de agregar construtos, aprendizagem e estilos de
valor à informação e distribuí-la, tendo como aprendizagem, embasando a pesquisa
tema central o aproveitamento dos recursos aplicada. Na segunda seção, segue o método
existentes na empresa (FIALHO, 2006). A de pesquisa adotado para a análise dos
pesquisa aborda os estilos de aprendizagem dados resultantes da pesquisa. A terceira
e a gestão do conhecimento como temas seção trata da análise dos resultados, onde
relacionados no campo do conhecimento. são descritos os resultados quantitativos
Quanto ao problema de pesquisa segue a descritivos da pesquisa. Na última seção,
seguinte questão: Qual o estilo de estão as considerações finais, as conclusões
aprendizagem dos alunos do curso de Gestão e as limitações da pesquisa.
Empresarial de uma escola de ensino
profissionalizante?
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Com a finalidade de responder a questão de
pesquisa, procurou-se identificar os estilos de 2.1 APRENDIZAGEM
aprendizagem dos alunos de uma escola de
A aprendizagem é definida como processo
ensino profissionalizante, dessa forma, nortear
em que o conhecimento é adquirido através
as ações práticas dos professores na
da experiência, que passa por quatro etapas:
melhoria de seus métodos de ensino, visando
a) envolver-se; b) observar; c) formular ideias
focar nos estilos de aprendizagem
e teorias; d) tomada de decisões. De acordo
identificados a partir do estilo de
com o autor, o sujeito pode evoluir para
aprendizagem predominante.
padrões estáveis que caracterizam a sua
A aprendizagem possui importância para os individualidade, ou seja, seu estilo de
professores, porque influi diretamente no aprendizagem (KOLB, 1984). Klein (1996)
modo de trabalho (Barreto, 1986) e por afirma que as teorias de aprendizagem
perceberem a existência de preferências individual dividem-se em duas grandes
estratégicas de aprendizagem dos seus perspectivas: behavioristas e cognitivistas
alunos. Conhecer o estilo de aprendizagem (FLEURY; FLEURY, 1997). As teorias
pode prover estratégias pedagógicas ou behavioristas focam no comportamento e
métodos de ensino eficazes, facilitando a partem do princípio de que os
aprendizagem e o desenvolvimento de novas comportamentos complexos podem ser
habilidades. O estilo de aprendizado do interpretados a partir de conceitos simples,
professor depende da maneira que o sem recorrer a processos mentais superiores
considera ideal ou na qual gostaria que fosse ou forças psíquicas internas. De acordo com
utilizada, da forma como ele aprendeu. É um estas teorias, a aprendizagem ocorre à
processo inconsciente, que pode modelar e medida que as pessoas mudam o seu
formar o estilo a ser usado no ato de ensinar comportamento em resposta a estímulos do
(BARRETO, 1986). Kolb (1984) afirma que ambiente.
para o estilo de aprendizagem do aluno, o
Na perspectiva behaviorista, a aprendizagem
modo que ele escolhe refere-se ao retorno
pode ser vista como a mudança do
que o estimula, e como está relacionado ao
comportamento induzida pela experiência.
seu dia-a-dia.
Assim, a aprendizagem é tratada como um
O objetivo da pesquisa foi identificar o perfil e processo de tentativa e erro que leva a uma
estilo de aprendizagem em uma amostra melhor adaptação do indivíduo ao contexto,
composta por 30 alunos, de um curso de permitindo que este se ajuste ao meio
Gestão Empresarial localizado na Serra ambiente em que está inserido. Desse modo,
Gaúcha, no Estado do Rio Grande do Sul. o sujeito é passivo e, a aprendizagem não é
Para atingir o objetivo da pesquisa, utilizou-se uma qualidade intrínseca do organismo, mas

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


57

dependente de ser impulsionada a partir do socialização como tipo de aprendizagem, a


ambiente (SEQUEIRA, 2008). qual se dá nas relações em que o professor
passa as habilidades para o aprendiz.
As teorias cognitivistas, por sua vez,
abrangem o fenômeno da aprendizagem
como o estudo das formas, em que as
2.2 ESTILOS DE APRENDIZAGEM
cognições, percepções, atitudes e crenças
são remodeladas pela experiência e atingem O aprendizado individual pode ser entendido
o comportamento. Dessa forma, a como um ciclo no qual as pessoas assimilam
aprendizagem ocorre a partir da reflexão da um novo dado ou informação e neste estágio
compreensão das relações lógicas entre os indivíduos refletem sobre as experiências
meios e fins e entre causa e efeito. Ou seja, o passadas, chegam a uma conclusão ou à
sujeito no seu processo de aquisição de concepção de um novo conhecimento e agem
conhecimento, não interpreta o que ocorre em de forma a atingir um objetivo (FIALHO, 2006).
função de acumular sensações ou O termo estilo cognitivo na década de 70 era
associações individuais, mas sim em função reservado para descrições teóricas
de uma estrutura global organizada (AGUIAR, acadêmicas, e o termo estilo de
1989). aprendizagem era voltado para aplicações
práticas. O foco do estilo de aprendizagem é
O ponto fundamental da aprendizagem
a maneira estável com que o aprendiz utiliza
reforça-se na relação entre o processo de
estratégias para a construção do
assimilação e acomodação. Dessa forma, o
conhecimento (LINDEMANN, 2008). Os estilos
sujeito assimila os dados que adquire do
cognitivos estão relacionados à estratégia de
exterior e adapta-os à estrutura mental já
processamento da informação, já os estilos de
existente. Este processo demonstra que
aprendizagem relacionam-se as preferências
nenhum conhecimento chega do exterior sem
dos indivíduos em relação as estratégias para
que sofra alguma alteração pela parte do
a construção do conhecimento (PENNINGS;
sujeito, ou seja, tudo o que se aprende é
SPAN, 1991).
influenciado por aquilo que já se tinha
aprendido (PIAGET, 1976). Bandura (1997) De acordo com Dunn e Dunn (1978), estilos
analisa os processos cognitivos da de aprendizagem é um conjunto de
aprendizagem individual, onde desenvolveu a condições que permitem ao indivíduo
teoria da Cognição Social. O autor refere que concentrar-se, absorver, processar e reter
nem sempre as pessoas têm a oportunidade novas informações e habilidades. Keirsey e
de aprender no meio, visto que, por vezes Bates (1984) desenvolveram um modelo para
estas não podem ter um papel ativo, mapear e identificar diversos estilos de
entretanto, conseguem aprender observando aprendizagem que visa demonstrar como
o comportamento de outros e, as acontecem as interações e comunicações. O
consequências do seu próprio modelo pretende reconhecer: a) de onde
comportamento. A esta forma de provem a motivação do indivíduo; b) como ele
aprendizagem o autor designou adquire a informação e exibe o modo como a
aprendizagem vicarial, defendendo que no pessoa procede para a tomada de decisão; c)
contexto das interações sociais apreendem- como é dado o relacionamento com as outras
se comportamentos permitindo que o sujeito pessoas e; d) como evidencia de que forma a
viva em sociedade e desenvolva capacidades pessoa trabalha.
especificamente humanas.
Estilo de aprendizagem é “um estado
A aprendizagem social desenrola-se ao longo duradouro e estável que deriva de
de toda a vida, através do processo de configuração consistente das interações entre
socialização. Nesse sentido, para Corcuff o indivíduo e o seu meio ambiente”. O autor
(2001), qualquer interpretação do mundo desenvolveu um paradigma prático que
baseia-se numa reserva de experiências facilita o entendimento dos estilos de
prévias, as nossas próprias e as que nos aprendizagem, cujo objetivo é identificar a
transmitiram os nossos pais ou professores, preferência de aprendizagem pelos
estas experiências sob forma de indivíduos, entre as quatro habilidades: sentir,
“conhecimentos disponíveis” funcionam como pensar, fazer e observar. A partir destas
uma estrutura de referência. As formas de habilidades, o autor propõe uma
conversão de conhecimento são identificadas categorização dos estilos de aprendizagem:
por Nonaka (1994), onde aponta a

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


58

divergente, assimilador, convergente e relações, lidam com novos conceitos e


acomodador (KOLB, 1984, p. 24). abstrações e são inovadores;
Rinding e Cheena (1991) abordam o conceito
b) Retenção da informação: dimensão
sobre os diversos estilos, iniciando pelo
visual, onde os sujeitos lembram do que
cognitivo, que é um modo habitualmente
veem; dimensão verbal, os sujeitos
usado de realização, pensamento e
aproveitam as explicações orais ou
percepção de problemas. Em contrapartida,
escritas;
Gregorc (1979) verificou que apenas uma
parte das manifestações é feita externamente,
c) Processamento da informação:
e o restante é produto das aprendizagens que
dimensão ativa, onde os sujeitos
o indivíduo adquiriu no decorrer de sua vida.
discutem, aplicam conceitos e trabalham
Os estilos de aprendizagem são preferências
em grupos; dimensão reflexivo, os
e características dominantes no recebimento
sujeitos precisam refletir e preferem
e processamento das informações, cujas
trabalhos individuais;
habilidades podem ser desenvolvidas pelos
sujeitos. Além de verificar a maneira como o
d) Organização da informação:
indivíduo retém a informação e revelar o modo
dimensão sequencial, o sujeito aprende
como são processadas e organizadas essas
de forma linear e em etapas sequenciais;
informações (FELDER-SILVERMAN, 1993).
dimensão global, os sujeitos aprendem
O modelo Felder-Silverman (1998) foi de forma aleatória formando uma visão
proposto para auxiliar no ensino da do todo e resolvem problemas
engenharia e, posteriormente foi utilizado em complexos.
diversas áreas da educação. O autor
apresenta quatro processos da informação: A fim de avaliar essas dimensões, Felder e
percepção, retenção, processamento e Soloman (1991) desenvolveram um
organização, repartidos em oito dimensões, instrumento denominado ILS (Index of
conforme descrito. Learning Styles), para identificação dos estilos
de aprendizagem propostos por Felder-
Silverman, desta forma, o questionário foi
a) Percepção da informação: dimensão composto por 44 questões objetivas, sendo
sensorial, onde os sujeitos aprendem 11 perguntas para cada dimensão, conforme
fatos, resolvem problemas e são a Tabela 1, na qual descreve as
detalhistas; dimensão intuitivo, os características de cada processo, dimensão e
sujeitos descobrem possibilidades e características do modelo de Felder-Silverman
(1993) que foi seguido.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


59

Tabela 1 - Resumo do Modelo Felder – Silverman.


Processo Dimensão Características
Sujeitos sensoriais gostam de aprender fatos; gostam de resolver
problemas com métodos estabelecidos, sem complicações e
Sensorial
surpresas; são mais detalhistas e saem-se bem em trabalhos
práticos (em laboratório, por exemplo).
Percepção da
Informação Sujeitos intuitivos preferem descobrir possibilidades e relações;
gostam de novidade e se aborrecem com a repetição; sentem-se
Intuitivo mais confortáveis para lidar com novos conceitos, abstrações e
fórmulas matemáticas; são mais rápidos no trabalho e mais
inovadores.
Sujeitos visuais lembram mais do que veem - figuras, diagramas,
Visual
Retenção da fluxogramas, filmes e demonstrações.
Informação Sujeitos verbais tiram maior proveito das palavras - explicações
Verbal
orais ou escritas.
Sujeitos ativos tendem a compreender e reter informações mais
Ativo eficientemente discutindo, aplicando conceitos e/ou explicando
Processamento para outras pessoas; gostam de trabalhar em grupos.
da Informação
Sujeitos reflexivos precisam de um tempo para refletir sobre as
Reflexivo
informações recebidas; preferem os trabalhos individuais.
Sujeitos sequenciais preferem aprender de forma linear, em
Sequencial etapas logicamente sequenciadas; tendem a seguir caminhos
lógicos para encontrar soluções.
Organização
da Informação Sujeitos globais tendem a aprender de forma aleatória, formando
uma visão do todo; são hábeis para resolver problemas
Global
complexos com rapidez, mas tem dificuldade para explicar como
fizeram.
Fonte: Felder-Silverman (1993).

2.3 GESTÃO DO CONHECIMENTO constituem elementos que embasam essa


temática, sendo essenciais no processo de
As mudanças econômicas, sociais e políticas
implementação da gestão do conhecimento.
oriundas do mundo globalizado
Sendo os dados, um conjunto de fatos
transformaram os valores e a estrutura da
distintos e objetivos, relativos a eventos, ou
sociedade. As organizações se diferenciam
seja, são elementos em sua forma bruta que
com base naquilo que sabem, por isso, cada
não conduz a nenhuma compreensão da
vez mais as atividades baseadas no
realidade, mas consiste a matéria-prima
conhecimento e voltadas para o
essencial para a geração de Informações,
desenvolvimento de produtos e processos
que são dados dotados de um significado,
tornam-se mais importantes. O gerenciamento
que tenha relevância e propósito. Conforme
deste conhecimento nas organizações exige
enfatiza Nonaka e Takeuchi (1997) a
uma postura estratégica fortalecida pela
informação consiste em uma mensagem, que
cultura da empresa, através do incentivo às
geralmente apresenta-se em forma de
iniciativas que valorize e aumente o
documento ou comunicação audível ou
conhecimento corporativo em todos os níveis
visível, colocando que a informação consiste
da organização (WERTHEIN, 2000).
em um fluxo de mensagens que resulta em
Antes de compreender o que é gestão do conhecimento, embasado nos valores de
conhecimento, é necessário conhecer a quem o detém.
diferença enfatizada por Davenport e Prusak
A partir do entendimento sobre dados,
(1999) entre dados, informações e
informações, conhecimentos e competências
conhecimentos, tendo em vista que

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


60

pode-se definir a gestão do conhecimento transferir conhecimentos, provendo o acesso


como: às fontes de conhecimento por meio de
mecanismos de identificação e recuperação
de informações, visando à aplicação do
“Um conjunto de práticas que proporciona conhecimento às necessidades específicas
ligação direta entre os conhecimentos de da organização.
uma organização – seu capital intelectual,
tanto tácito quanto implícito – e resultados
econômicos positivos” (MILLER, 2002, p. 3 MÉTODO DE PESQUISA
183).
O método de pesquisa utilizado
possui natureza aplicada, com abordagem
quantitativa, tendo o objetivo exploratório e
A informação e o conhecimento são armas
descritivo, o procedimento técnico utilizado foi
competitivas da atualidade e, o conhecimento
o estudo de caso em uma escola de cursos
é mais valioso que qualquer outro fator de
profissionalizantes da Serra Gaúcha, no Rio
produção. Os recursos econômicos
Grande do Sul. O método de pesquisa
fundamentais não são mais o capital, nem os
quantitativo envolve coleta e análise de dados
recursos naturais ou a mão de obra, mas o
numéricos, e os aplica a testes estatísticos.
conhecimento (FIALHO, 2006). De acordo
Na análise exploratória de dados, são
com o autor, em todos os setores, as
aplicadas técnicas aos dados como parte de
empresas bem-sucedidas são as que obtém
uma análise preliminar ou uma análise
as melhores informações ou utilizam de forma
completa, se não for exigido rigor estatístico
mais eficaz o seu conhecimento.
ou os dados não a justificarem. O objetivo da
De acordo com Fialho (2006) conseguir a pesquisa exploratória é realizado sobre um
efetividade organizacional e compreender o problema ou questão de pesquisa quando há
comportamento de grupos de pessoas dentro pouco ou nenhum estudo anterior em que se
de uma organização e como elas aprendem é possam buscar informações sobre a questão
um desafio. Desta forma, a gestão do ou o problema (COLLIS; HUSSEY, 2005). De
conhecimento nas organizações abre acordo com os autores, a análise exploratória
caminho para a reflexão sobre organizações de dados implica, entre outros, na
como sistemas de comportamento e apresentação de frequências por meio de
aprendizagem. Neste contexto, instituição de tabelas e formas gráficas.
ensino está inserida como uma organização
De acordo com Hair Jr. et al., (2005) os
que possui objetivo acadêmico e, também o
planos de pesquisa descritiva em geral são
propósito empresarial de gestão dos seus
estruturados e criados para medir as
recursos humanos.
características descritas em uma questão de
O conhecimento é um ativo corporativo. As pesquisa. Os estudos descritivos podem
organizações sempre usaram e valorizaram o oferecer ao usuário um panorama ou uma
conhecimento, ainda que implicitamente, descrição dos elementos administrativos em
contratando pessoas com alto grau de um dado ponto no tempo. Assim sendo, esse
experiência, inteligência e escolaridade. Para tipo de estudo fornece dados transversais, ou
tomar decisões difíceis, gestores tendem a seja, os dados são coletados em um único
buscar conhecimento em pessoas por eles ponto no tempo e sintetizados
respeitadas pelo conhecimento em suas estatisticamente. A pesquisa descritiva
áreas. Assim o conhecimento, é responsável demanda do pesquisador uma série de
pelo funcionamento das organizações. informações sobre o que se deseja pesquisar,
(DAVENPORT; PRUSAK, 1999). o seu foco está no desejo de conhecer a
comunidade e suas características
A capacidade de uma organização criar
(TRIVIÑOS, 2012; COLLIS e RUSSEY, 2005
conhecimentos, disseminá-los e incorporá-los
a produtos, serviços e sistemas são O estudo de caso representa a estratégia
considerados por Nonaka e Takeuchi (1997), preferida quando se colocam questões do
como gestão do conhecimento. Para tipo "como" e "por que", quando o pesquisador
potencializar essa capacidade, Alavi e possui pouco controle sobre acontecimentos
Leidner (2001), entendem que a gestão do e quando o foco se encontra em fenômenos
conhecimento acontece quando a contemporâneos inseridos em algum contexto
organização é capaz de reunir, armazenar e da vida real (YIN, 2005). Como estratégia de

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


61

pesquisa, utilizou-se o estudo de caso em Excel 2010, no qual foi realizada a análise de
muitas situações, para contribuir com o frequências das variáveis de perfil dos
conhecimento que temos dos fenômenos estudantes e estilos de aprendizagem, a
individuais, organizacionais, sociais, políticos interpretação foi feita por meio dos resultados
e de grupo. das tabelas descritivas.
Este estudo teve por objetivo identificar o 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
estilo de aprendizagem em 30 alunos de uma
O questionário foi aplicado para os alunos do
escola de cursos profissionalizantes da Serra
curso de Gestão Empresarial de uma escola
Gaúcha, no Rio Grande do Sul. Para
de cursos profissionalizantes, localizada na
identificar o estilo de aprendizagem, o
Serra Gaúcha. O curso é dividido em duas
instrumento de pesquisa utilizado foi o ILS
turmas: a primeira turma de 20 alunos e a
(Inventário de Estilos de Aprendizagem) por
segunda turma de 21 alunos, sendo que do
Felder e Soloman (1991), com instrumento de
total de 41 alunos obteve-se 30 respondentes
44 questões estruturadas. Os dados
no total da amostra (os outros 11 faltaram a
resultantes da pesquisa surgiram de
aula na data de aplicação do questionário).
entrevistas pessoais, com o uso de
Quanto a idade dos alunos, o resultado
questionário físico aplicado nos estudantes no
constatado foi que 63% possui de 15 à 25
dia 19 de maio de 2014 das 19h às 22h30min.
anos conforme ilustrado na Figura 1.
A análise dos dados foi realizada no software

Figura 1 – Idade

Fonte: Elaborado pelos autores

Ressalta-se que antes de iniciar a análise partir da conferência de 100% dos casos.
estatística dos dados, os instrumentos Posteriormente, os dados foram analisados e
respondidos pelos sujeitos da pesquisa, para tabulados de modo a atingir os objetivos
mapear os estilos de aprendizagem traçados para a presente pesquisa. Em
predominantes nas turmas, foram conferidos a relação ao Estilo de Aprendizagem, 83% dos
fim de verificar se os resultados finais, respondentes possui estilo sensorial de
calculados pelos próprios alunos, estavam aprendizagem, 77% classificam-se como
corretos. A seguir, procedeu-se à digitação estilo sequencial e 63% é considerado com
dos dados, cuja confiabilidade foi garantida a estilo ativo, conforme ilustrado na Figura 2.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


62

Figura 2 - Estilo de aprendizagem.

Fonte: Elaborado pelos autores

Quanto às preferências dos alunos em 2, sendo que os alunos na sua maioria são:
relação aos processos de processamento, Sensoriais (83%), Visuais (53%), Ativos (63%)
percepção, retenção e organização da e Sequenciais (77%).
informação podem ser observadas na Tabela

Tabela 2 - Estilos de Aprendizagem preferenciais.


Processo Dimensão Frequência Percentual

Percepção da Sensorial 25 83%


Informação Intuitivo 5 17%

Retenção da Visual 16 53%


Informação Verbal 13 47%

Processamento da Ativo 19 63%


Informação Reflexivo 11 34%

Organização da Sequencial 23 77%


Informação Global 7 23%
Fonte: Elaborado pelos autores

A análise estatística dos estilos de pesquisada foi Sensorial, enquanto que 17% é
aprendizagem é finalizada com a comparação Intuitiva, logo pode-se afirmar que os alunos
entre as dimensões de cada processo. A segundo Felder-Silverman (1993) preferem ou
Figura 3 representa as preferências dos se identificam em aprender sobre fatos,
sujeitos em relação à Percepção da resolvem problemas com métodos
Informação: Sensorial ou Intuitivo. O resultado estabelecidos, sem complicações e
entre as dimensões da percepção da surpresas, são detalhistas e são habilidosos
informação aponta que 83% da amostra em trabalhos práticos.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


63

Figura 3 - Percepção da informação.

Fonte: Elaborado pelos autores

As observações que resultam da descrição em relação a todos os processos e


apresentada na Figura 4 enfatizam a dimensões, trazendo uma preferencia de 53%
predominância dos estilos de alunos nas dos alunos serem visuais, os quais lembram
dimensões Visual e Verbal as quais se mais do que veem - figuras, diagramas,
referem ao processo de Retenção da fluxogramas, filmes e demonstrações de
Informação. Neste aspecto, resultou no menor acordo com Felder-Silverman (1993) e 47%
grau de variância entre uma dimensão e outra dos alunos tendem a serem verbais.

Figura 4 - Retenção da informação.

Fonte: Elaborado pelos autores

Os resultados apresentados na Figura 5 se (1993) são sujeitos que tendem a


referem ao processamento da informação nas compreender e reter informações mais
dimensões Ativo e Reflexivo. A dimensão eficientemente discutindo, aplicando
predominante foi composta por 63% dos conceitos e/ou explicando para outras
alunos Ativos, que conforme Felder-Silverman pessoas; gostam de trabalhar em grupos.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


64

Figura 5 - Processamento da informação.

Fonte: Elaborado pelos autores.

No processo de Organização da Informação preferem aprender de forma linear, em etapas


representado na Figura 6, a dimensão logicamente sequenciadas; tendem a seguir
predominante foi a sequencial composta por caminhos lógicos para encontrar soluções
77% da amostra. Sujeitos sequenciais Felder-Silverman (1993).

Figura 6 - Organização da informação.

Fonte: Elaborado pelos autores

A partir da análise dos resultados, seguem na fluxogramas, filmes e demonstrações, do que


próxima seção as considerações finais, onde escutam. Em relação ao processamento da
são apresentados os resultados, as limitações informação 63% possui estilo ativo, sendo
da pesquisa e oportunidade de pesquisas assim, tendem a compreender e reter
futuras. informações discutindo, aplicando conceitos
e/ou explicando para outras pessoas e
gostam de trabalhar em grupos. Quanto à
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS organização da informação, 77% possui o
estilo sequencial, estes preferem aprender de
A pesquisa teve como resultado, em relação
forma linear, em etapas sequenciadas e
ao Estilo de Aprendizagem, quanto à
tendem a seguir caminhos lógicos para
percepção da informação 83% dos
encontrar soluções, que vai de acordo com
respondentes possuem estilo sensorial de
Felder-Silverman (1993).
aprendizagem, ou seja, aprendem fatos,
gostam de resolver problemas com métodos Desta forma, os professores dos alunos
estabelecidos, sem complicações e entrevistados, a fim de conquistar o
surpresas, são detalhistas e saem-se bem em desenvolvimento de desempenho da turma
trabalhos práticos. Quanto à retenção da precisam aplicar métodos que contemplem a
informação, 53% dos entrevistados possui exposição visual do conteúdo, provocando
estilo visual, caracterizado por lembrarem discussão entre os alunos em sala de aula em
mais do que visualizam - figuras, diagramas, uma forma sequencial de exposição do

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


65

conteúdo. Assim, a gestão do conhecimento Após a identificação dos estilos de


se aplica como a administração de práticas aprendizagem mapeados a partir do objeto
de conhecimento dominado e do de pesquisa, é possível adaptar o método de
conhecimento em desenvolvimento, por parte ensino com base nos estilos de
dos professores, no fato de alterar a forma de aprendizagem. Este resultado pode implicar
transmitir conhecimento aos alunos e em aumento de sinergia no processo de
promover a evolução dos alunos por métodos ensino e aprendizagem, consequentemente
que facilitem a participação e reflexão dos contribuir para a melhoria do desempenho
assuntos discutidos. dos alunos.
Em busca do aumento da produtividade em Quanto às limitações do estudo, a pesquisa
sala de aula, procura-se canalizar esforços está limitada à amostra de alunos presentes
para aperfeiçoar as técnicas entre o professor no dia da aplicação dos questionários.
e o aluno. Porém para que o professor Quanto ao método, está limitado a uma
estabeleça seu plano de ensino, o análise descritiva, portanto não aplicou
cronograma de atividades e as formas de análises estatísticas além da descrição em
avaliações, há distância até o aluno. Ao iniciar gráficos. Como sugestão de pesquisas
as aulas, o docente tem em sua mente um futuras, sugere-se aplicar a pesquisa em uma
grupo de alunos, em que se possa população ou uma amostra maior que 30
desenvolver de forma homogênea o respondentes de instituições de ensino em
conteúdo. cursos profissionalizantes, graduação e
especialização. A abordagem qualitativa
A experiência demonstrou que este um grupo
também possui espaço em uma pesquisa que
não se configura na prática educacional, por
avalia estilo de aprendizagem, a fim de
isso se buscou identificar os estilos de
explorar percepções emergentes em questão
aprendizagem, a fim de aproximar o método
de aprendizagem.
de ensino dos professores e os seus alunos.

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


CAPÍTULO 6

Eduardo Robini da Silva


Fernanda Pauletto D’Arrigo
Juliana Furlan
Paula Patricia Ganzer
Pelayo Munhoz Olea
Fabiano Larentis
Eric Charles Henri Dorion
Cristine Hermann Nodari
Adrieli Alves Pereira Radaelli
Cleber Cristiano Prodanov

Resumo: A capacidade absortiva é definida como o processo de aquisição, assimilação,


transformação e exploração do conhecimento, com a intenção de criação de valor para as pessoas
e empresas. O objetivo da pesquisa foi analisar a capacidade absortiva no nível individual nas
dimensões de aquisição, assimilação, transformação e exploração. O método de pesquisa possui
natureza aplicada, com abordagem quantitativa, com objetivos exploratório e descritivo. Como
procedimento técnico, foi utilizado o levantamento de dados por survey. Os resultados indicaram
que, no nível individual, a aquisição e a assimilação do conhecimento são duas dimensões
identificadas do processo de forma independente. A dimensão da transformação e exploração é
percebida de forma integrada, onde simultaneamente o indivíduo transforma e explora o
conhecimento.

Palavras-chave: Capacidade absortiva. Capacidade absortiva individual.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


* Esse artigo foi originalmente publicado na Revista Espacios Vol 37 (nº1 – 2016)
68

INTRODUÇÃO as empresas a explorar novas descobertas e


conhecimentos, e servem como capacidade
O interesse pela capacidade de absorção das
intangível crucial para aumentar a perfomance
firmas tem crescido a partir do estudo de
da empresa, inovar e ser uma fonte de
Cohen e Levinthal (1990), que definiram
importante vantagem competitiva.
capacidade de absorção como a capacidade
de uma organização para reconhecer o valor O objetivo da pesquisa foi analisar a
de novas informações e conhecimentos, capacidade absortiva no nível individual. Para
assimilá-los e aplicá-los para fins comerciais. o alcance dos objetivos propostos foi
Pesquisas na área da capacidade absortiva realizada uma pesquisa quentitativa, com
têm se concentrado principalmente no nível objetivo s exploratório e descritivo, o
da empresa, em uma revisão da literatura procedimento o procedimento técnico
sobre a capacidade de absorção, Volberda, utilizado foi uma survey com alunos do curso
Foss e Lyles (2010) chegaram à conclusão de de Administração de uma instituição de
que o nível individual antecede o Ensino Superior da Serra Gaúcha, a técnica
organizacional e é negligenciado na literatura. utilizada para a análise dos dados foi a
estatística, com análise descritiva e análise
Volberda, Foss e Lyles (2010) afirmam que é
multivariada, por meio da análise fatorial.
necessário um entendimento claro sobre o
papel que os indivíduos desempenham em Quanto a estrutura do artigo, o mesmo está
efetivamente absorver conhecimento externo. organizado em cinco seções, incluindo a
Cohen e Levinthal (1990) abordam a introdução. Na segunda seção, segue
capacidade de absorção, em que os descrito o referencial teórico, com a base
indivíduos são vistos posicionados em frente e conceitual da capacidade absortiva e
assim permitem que as organizações capacidade absortiva a nível individual. Na
aprendam com as fontes externas de terceira seção, é descrito o método de
conhecimento, e isso depende de obtenção e análise dos dados, onde são
transferências de conhecimentos através de apresentados os procedimentos
fronteiras ambientais e das subunidades metodológicos utilizados na pesquisa para o
dentro da empresa. alcance dos resultados. Na quarta seção,
seguem os resultados da pesquisa, onde são
Corroborando com Cohen e Levinthal (1990),
analisados e discutidos. Na quinta seção,
Flatten et al. (2011) afirmam que para que a
seguem as considerações finais da pesquisa,
capacidade absortiva resulte em um melhor
onde são descritas as conclusões, frente ao
desempenho é necessário que a empresa
objetivo da pesquisa, as limitações da
desenvolva a habilidade de reconhecer o
pesquisa e sugestão de pesquisas futuras.
valor de novos conhecimentos, bem como sua
assimilação e aplicação para o mercado. O
avanço tecnológico requer que organizações
2. REFERENCIAL TEÓRICO
utilizem a integração tanto de conhecimento
externo quanto interno para obter vantagem 2.1 CAPACIDADE ABSORTIVA
competitiva, desta forma estão habilitadas a
explorar novas descobertas e conhecimentos Os primeiros estudos sobre a Capacidade
para evoluir seu desempenho (Flatten et al., Absortiva (ACAP) são do final da década de
2011). 80 e início de 90, os primórdios desta teoria
O artigo possui as questões estruturadas foram discutidos por Cohen e Levinthal
conforme as dimensões da capacidade (1990). Inicialmente o conceito da capacidade
absortiva, de acordo com os conceitos de absortiva foi apresentado como a capacidade
Zahra e George (2002), formadas pela para identificar, assimilar e aplicar o
aquisição, assimilação, transformação e conhecimento do ambiente externo. A Figura
exploração. Estas dimensões são divididas e 1 apresenta o modelo de capacidade
descritas em quatro fases que juntas habilitam absortiva de Cohen e Levinthal (1990).

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


69

Figura 1 - Modelo da ACAP

IDENTIFICAR ASSIMILAR APLICAR

Fonte: Adaptado de Cohen e Levinthl (1990)

Cohen e Levinthal (1990) descrevem que a Reconhecer e adquirir a informação externa


capacidade de absorção está relacionada são importantes, mas segundo Zahra e
com a maneira pela qual uma organização George (2002) esta informação, depois de
desenvolve rotinas e processos para reconhecida, deve ser incorporada e
internalizar e aplicar o conhecimento externo. transformada. Eles dividem a capacidade
Porém, nota-se uma maior pesquisa após os absortiva em duas dimensões, combinadas
anos 2000 com as contribuições de Lane, em dois subconjuntos: capacidade absortiva
Salk e Lyles (2001), Zahra e George (2002). potencial (potential absorptive capacity –
Pacap) formada pela aquisição e assimilação;
Zahra e George (2002) enfatizam que a capacidade absortiva realizada (realized
capacidade absortiva é uma série de rotinas absorptive capacity – Racap) formada pela
organizacionais e processos estratégicos. Kim transformação e a exploração. A Figura 2
(1997a; 1997b) definiu como capacidade de demonstra o modelo de ACAP de Zahra e
aprendizagem e solução de problemas das George (2002).
empresas. Este conceito inspirou uma
pesquisa sobre o tema da transferência de
conhecimentos.

Figura 2 - Modelo da ACAP

PACAP RACAP
POTENCIAL REALIZADA
Aquisição Transformação
Assimilação Exploração

Fonte: Zahra e George (2002)

A definição da capacidade absortiva traduz a Assimilação lida com os processos, os


habilidade da organização em primeira fase, hábitos, os métodos e as rotinas da empresa
identificar o conhecimento técnico e científico o que leva a uma efetiva avaliação,
disponível no ambiente externo que possui processamento e compreensão das
três atributos que podem influenciar ACAP, informações capturadas a partir fontes
intensidade, velocidade e direção (ZAHRA; externas (Kim, 1997a, 1997b; Szulanski,
GEORGE, 2002). 1996). Esta capacidade está enraizada na
compreensão dos indivíduos para a
A segunda fase refere-se às rotinas e interpretação do conhecimento. Esta fase de
processos que a empresa tem e que permite ACAP está mais próxima ao nível individual do
analisar, processar, interpretar e entender o que ao coletivo.
conhecimento externo, internalizando-o. Neste
sentido a compreensão promove a A habilidade da empresa de reconhecer
assimilação do conhecimento, que permite a conjuntos de informações e então combiná-
organização processar e internalizar o los para chegar a um novo esquema
conhecimento externamente gerado (Zahra; representa a capacidade de transformação,
George, 2002). ou seja, a aptidão da organização na
transformação desse conhecimento em algo

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


70

útil para a sociedade (Zahra; George, 2002 p. quatro dimensões de Zahra e George (2002)
190). Zahra e George (2002) sugeriram que habilitam as empresas a explorarem novas
esta dimensão "denota a capacidade de uma descobertas e conhecimentos para
empresa para desenvolver e refinar as rotinas aumentarem a performance da organização.
que facilitam a combinação de Flatten et al. (2011) propuseram a validação
conhecimentos existentes e o recém- dos construtos através de uma escala
adquirido e assimilado conhecimento”. norteadora para muitos trabalhos recentes
que avalia o grau de comprometimento da
A exploração refere-se à capacidade da empresa com as quatro dimensões propostas
organização baseada nas rotinas que permite por Zahra e George (2002) para fins
refinar, expandir e alavancar as competências comerciais e obtenção de vantagem
existentes, possibilitando a criação de novas, competitiva.
através da incorporação e transformação do De acordo com Lee e Wu (2010, p. 124) “o
conhecimento adquirido externamente conhecimento por si só não é suficiente. Uma
(Cohen; Levinthal, 1990; Zahra; George, empresa precisa ter ferramentas para explorar
2002). Esta fase tem sido tradicionalmente e se apropriar desse conhecimento
considerada como a mais relevante, quando incorporado nas novas inovações
Cohen e Levinthal (1990, p. 128) afirmaram organizacionais”. Isto significa que a
que “os funcionários devem ser capazes de aquisição e assimilação pode trazer
aplicar o novo conhecimento externo para fins conhecimento, mas não garante que ele será
comerciais”, isto sugere que, as outras fases transformado e explorado eficientemente.
não levam a exploração do conhecimento.
Todorova e Durisin (2007) buscam integrar as
Neste ponto da discussão, enfatiza-se a visões de Cohen e Levinthal (1990) e as de
divisão do construto da capacidade em duas Zahra e George (2002), propondo uma
dimensões (capacidade absortiva potencial e variável moderadora chamada de “Regimes
capacidade absortiva realizada), não de Apropriação”. Para os autores, a visão de
significou, no trabalho de Zahra e George Cohen e Levinthal (1990) sobre a capacidade
(2002), a realização de testes estatísticos que absortiva era uma questão de acesso,
as validassem. Foram os trabalhos enquanto para Zahra e George (2002), de
subsequentes como, de Jansen, Van den proteção.
Bosch e Volberda (2005), Camisón e Forés Todorova e Durisin (2007) afirmam que o
(2009) e Flatten et al. (2011) que buscaram conhecimento tanto precisa ser acessado
essa validação. como protegido, ambas as visões estão
corretas e devem fazer contexto da
Segundo Wang e Ahmed (2007), a capacidade absortiva, portanto, estas
capacidade absortiva é um dos componentes demarcações de registros e patentes,
das capacidades dinâmicas, e refere-se à proteções intelectuais e termos de restrição,
habilidade da organização em reconhecer o entre outros aspectos são aspectos que
valor de novas informações externas, controlam o acesso ao conhecimento para
assimilando-as e aplicando-as. organização, mas que simultaneamente
atuam como uma ação protetora que permite
Godolphim (2013) em estudo com as micro e à organização regular a exposição e
pequenas empresas indicou que há uma oferecimento do seu conhecimento ao
correlação significativa entre a capacidade ambiente.
absortiva, a orientação para o mercado e o O autor não discutiu o nível individual para a
desempenho das empresas. No entanto, capacidade absortiva conforme Cohen e
segundo Flatten et al. (2011), para que a Levinthal (1990), que afirmam que o
capacidade absortiva resulte em um melhor desenvolvimento da capacidade absortiva de
desempenho é necessário que a empresa uma organização é sustentado pelo
desenvolva a habilidade de reconhecer o investimento nas capacidades de absorção
valor de novos conhecimentos externos, bem dos seus membros.
como sua assimilação e aplicação no
mercado.
Para Flatten et al. (2011) o que faz da
capacidade absortiva uma importante fonte
de vantagem competitiva é o fato de que as

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


71

2.2 CAPACIDADE ABSORTIVA EM NÍVEL Lane et al., 2006). Cohen e Levinthal (1990)
INDIVIDUAL afirmam que a tarefa de trazer, processar e
utilizar o conhecimento externo em
Enquanto a construção da capacidade de
organizações acaba por recair na figura dos
absorção foi aplicada principalmente ao nível
indivíduos.
da empresa, seus fundamentos teóricos
residem nas estruturas cognitivas individuais Cohen e Levinthal (1990) utilizaram da
(Cohen; Levinthal, 1990). Capacidade de terminologia "capacidade de absorção" para a
absorção é baseada em agentes individuais capacidade geral de indivíduos, grupos e
que se engajam na resolução de problemas e empresas de reconhecer o valor de novas
atividades de aprendizagem que são informações, escolher o que adotar, e aplicá-
agregadas aos níveis de grupos e lo para a inovação. “A capacidade de
organizações. absorção das empresas depende dos
indivíduos que permanecem na interface tanto
Ao enfatizar o desafio de assimilar novos
da empresa quanto do ambiente e externo ou
conhecimentos ao conhecimento existente da
na interface entre as subunidades dentro da
organização, Lane e Lubatkin (1998)
empresa" (Cohen; Levinthal, 1990, p. 132).
discutem, em um primeiro momento, o
paradoxo entre o conhecimento externo e Allen (1977) trouxe a ideia de Gatekeeper,
interno na organização. De acordo com os que são pessoas que capturam e difundem o
autores, o conhecimento externo é susceptível conhecimento, para ajudar na transferência
de ser incompatível com o conhecimento de informação entre os limites da capacidade
interno, pois não é formulado no jargão interno de absorção da organização.
da companhia e não se alinha com nenhuma
Com base na literatura de Cohen e Levinthal e
categoria já existente.
os indícios levantados sobre a importância do
Nesse sentido, Cohen e Levinthal (1990) já indivíduo no processo de aquisição e
discutiam a respeito da necessidade das assimilação, pode-se definir a capacidade de
organizações contarem com uma equipe absorção do nível individual como o nível de
interna de especialistas, competentes em esforço que os indivíduos comprometem-se a
suas áreas e que estejam familiarizados com identificar o conhecimento externo, assimilá-lo
as necessidades, procedimentos, rotinas, e utilizá-lo. Embora reconheçamos que
recursos e relacionamentos organizacionais antecedentes organizacionais desempenham
para que possam interpretar determinadas um papel crucial na determinação de
classes de conhecimentos tecnológico, capacidade de absorção no nível da
complexo e sofisticado e as integrá-las com empresa, os esforços individuais constituem
êxito nas atividades da organização. importantes blocos de construção da
capacidade de absorção (Foss et al., 2011;
Cohen e Levinthal (1990, p. 134) afirma que
Volberd et al., 2010).
"um componente crítico (...) para certos tipos
de informações, tais como aqueles
associados com a inovação de produto e
3. MÉTODO DE PESQUISA
processo, muitas vezes é específico da
empresa e, portanto, não pode ser comprado Quanto ao método, a pesquisa é
e rapidamente integrado na empresa”. Em caracterizada por abordagem quantitativa
outras palavras, é somente quando os (HAIR et al., 2005), com objetivo exploratória
indivíduos fazem o esforço para assimilar o (Gil, 1996) e descritiva (Appolinário, 2011). Gil
conhecimento externo com conhecimento (2010) afirma que a pesquisa exploratória tem
interno e processos que o potencial de como objetivo proporcionar maior
conhecimento externo pode ser realizado e, familiaridade com o problema. Neste caso, a
portanto, traduzido em novos produtos, etapa exploratória ocorreu com a aplicação
processos e serviços (Zahra; George, 2002). de técnica estatística multivariada de análise
fatorial, que não somente descreve os
Existe uma preocupação em relação à
resultados, mas que os interpreta.
capacidade absortiva na dimensão individual
que embora a fundação do conceito baseia- Na pesquisa descritiva o pesquisador se
se nas teorias de aprendizagem individual limita a “descrever o fenômeno observado,
(Cohen; Levinthal, 1990), a teoria raramente sem inferir relações de causalidade entre as
foi investigada e testada a nível individual variáveis estudadas” (Appolinário, 2011, p.
(Volberda et al., 2010; Zahra; George, 2002; 147). Na etapa descritiva, o objetivo foi

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


72

mensurar a amostra da pesquisa para fins de escala o estudo de Flatten, Greve e Brettel
caracterização. (2011).
A pesquisa utilizou como procedimento O instrumento de pesquisa envolve 14
técnico de levantamento, o método survey de variáveis, sendo dividas conforme as
coleta de dados. Para Bryman (1989) e dimensões da capacidade absortiva, segundo
Figueiredo (2004) a pesquisa survey busca Zahra e George (2002). Assim, foram
dados ou informações sobre ações ou estruturadas: aquisição (três variáveis),
opiniões de determinado grupo de pessoas, assimilação (quatro variáveis), transformação
indicado como representante de uma (quatro variáveis) e exploração (quatro
população-alvo. variáveis). Para validação do questionário no
nível individual, o mesmo foi submetido para
Por meio de um instrumento de pesquisa, é
três especialistas, os quais refinaram o
coletado sistematicamente um conjunto de
questionário a fim de melhorar a compreensão
dados quantificáveis, a respeito de um
dos respondentes e suas experiências na
número de variáveis, que são então
dimensão individual, conforme ilustrado no
examinadas para discernir padrões de
Quadro 1.
associação. Por esta razão, foi desenvolvido
um instrumento estruturado de coleta de As variáveis da escala de capacidade
dados, aplicado junto aos alunos de absortiva foram montadas através da escala
Graduação e Pós-Graduação em Likert de sete pontos, variando de “discordo
Administração em uma instituição de Ensino totalmente” a “concordo totalmente”, sendo o
Superior da Serra Gaúcha, no Rio Grande do número 1 o ponto mais baixo (discordo
Sul. totalmente) e 7 o ponto mais alto (concordo
totalmente). Observa-se, no Quadro 1, que o
O instrumento de pesquisa foi formado por
instrumento está dividido em quatro grupos
questões compondo as quatro dimensões
de afirmações, assim formadas: assimilação,
referentes ao conceito de capacidade
aquisição, transformação e exploração.
absortiva de Zahra e George (2002),
entretanto esta pesquisa objetivou mensurar a A análise dos dados foi feita por estatística
capacidade absortiva na dimensão individual multivariada, por análise fatorial exploratória.
dos alunos de um curso de Graduação em A análise fatorial visa identificar os construtos
Administração. Por esta razão, o instrumento ou dimensões básicas relacionadas aos
de coleta de dados foi adaptado do trabalho dados e para produzir o número de
de Godolphim (2013) e Machado (2014) que dimensões de análise (Kumar, Aaker, Day,
retratam a capacidade absortiva nas 1999).
organizações. Ambos os autores utilizaram
como base teórica no desenvolvimento da

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


73

Quadro 1 - Questionário validado capacidade absortiva na dimensão individual


Dimensão Variável Descrição da variável
Busco informações relevantes aos meus estudos como uma
AQ1
atividade cotidiana.
Meus professores me incentivam a usar diferentes fontes de
Aquisição AQ2
informação.
Meus professores esperam que eu busque informações em outras
AQ3
fontes, além das transmitidas em sala de aula.
Em meu dia a dia, as ideias e conceitos apreendidos em aula são
ASS1
utilizados também em outras atividades da minha rotina.
Os professores incentivam a interação e o debate entre a turma
ASS2
para a resolução de problemas.
Assimilação
Na sala de aula existe um fluxo de informações entre os alunos e o
ASS3
professor.
Meus professores promovem debates e discussões para a troca
ASS4
de informações e desenvolvimento de novos conhecimentos.
Tenho a habilidade para estruturar e utilizar o conhecimento
TRANS1
adquirido.
Estou acostumado a absorver novos conhecimentos, bem como
TRANS2
Transformação utiliza-los para outras atividades cotidianas.
Tenho habilidade em articular o conhecimento já existente com
TRANS3
novas ideias.
TRANS4 Sou capaz de aplicar os novos conhecimentos em meu dia a dia.

Empenho-me no desenvolvimento de novas maneiras de fazer as


EXPL1
minhas atividades
Regularmente reconsidero novas maneiras de fazer as minhas
Exploração EXPL2
atividades de acordo com os novos conhecimentos que adquiro
Tenho habilidade de trabalhar/estudar com mais eficiência
EXPL3
adotando novas maneiras de fazer as minhas atividades.
Fonte: Elaborado pelos autores

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS Grande do Sul, 58% dos entrevistados estão


matriculados em cursos de Pós-Graduação e
A amostra da pesquisa foi composta por 113
26% estão matriculados no primeiro semestre
alunos do curso de Administração de uma
da Graduação, conforme ilustrado na Figura
Universidade localizada no Estado do Rio
3.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


74

Figura 3 - Caracterização da amostra

Fonte: Elaborado pelos autores

Com o objetivo de analisar os dados está adequadamente ajustado aos dados.


quantitativos da pesquisa, foi realizado o teste Para que a amostra seja mais adequada à
Kolmogorov-Smirnov de cada variável aplicação da análise fatorial é necessário que
questionada com o objetivo de identificar se o resultado da KMO seja próximo de 1. Na
os dados são normais. Assim pode-se análise, o resultado dos valores de KMO dos
identificar a distribuição de probabilidade dos fatores foi de 0,826 onde as amostras
dados, pois as variáveis com distribuição mostraram-se adequadas para a aplicação de
normal são simétricas em torno da média, e análise fatorial (KMO > 0,5) (Hair et al., 2005).
também da moda e da mediana (Giacomello,
No primeiro passo da análise fatorial,
2009).
analisou-se a comunalidade dos indicadores.
Por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov Na análise das comunalidades, Hair et al.
pode-se perceber que os dados apresentam (2005) indicam que sejam excluídas variáveis
simetria positiva, indicando a normalidade dos que apresentem o índice de comunalidade
dados obtidos. Dados normais diminuem a inferior a 0,5, e por isso as variáveis AQ1
chance do pesquisador de cometer erros (0,368) e ASS1 (0,483) foram retiradas da
estatísticos (Osborne, 2002). análise. Após a exclusão das variáveis, a
análise fatorial foi executada novamente. A
Para testar a consistência geral dos dados, foi
segunda rodada da análise fatorial foi
utilizada a medida de adequação da amostra
adotada o critério de carga fatorial mínima de
de Kaiser-Mayer-Olkin (KMO) (Hair et al.,
0,5 em cada um dos fatores, já que se trata
2005) que possibilita identificar se o modelo
de uma análise exploratória, de acordo com a
de análise fatorial que está sendo utilizado
Tabela 1.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


75

Tabela 1 – Comunalidade
Variáveis Extração Inicial Extração Final
AQ1 0,368 -
AQ2 0,730 0,720
AQ3 0,625 0,764
ASS1 0,483 -
ASS2 0,653 0,640
ASS3 0,718 0,801
ASS4 0,708 0,725
TRANS1 0,67 0,659
TRANS2 0,541 0,522
TRANS3 0,671 0,737
TRANF4 0,700 0,702
EXPL1 0,653 0,651
EXPL2 0,688 0,679
EXPL3 0,657 0,614
Fonte: elaborado pelos autores.

Com as comunidades alinhadas prosseguiu- (Kline, 2005). Segundo Hair et al. (2005), o
se a análise fatorial. A mesma resultou em três ideal é que o Alpha de Cronbach tenha
fatores que explicam 68,45% dos dados. Para resultado acima de 0,7. Entretanto em
facilitar a interpretação dos fatores, utilizou-se pesquisas exploratórias este valor pode
o método de componentes principais com diminui para 0,6. No quadro 1 também é
rotação ortogonal de fatores, a rotação possível perceber que o Alpha de Cronbach
Varimax (Tabela 2), o que minimiza o número de três fatores ficaram acima ou perto do
de variáveis com cargas altas sobre um fator valor ideal.
(Malhotra, 2006, Kumar; Aaker; Day, 1999)
No fator um, foram atribuídas as variáveis da
através da maximização das variâncias das
aquisição nomeadas AQ2 e AQ3 e o fator foi
cargas dos fatores (Johnson; Wichern, 2002).
renomeado para ADQUIRIR. O fator dois teve
Isso identifica que a matriz de correlações é
as variáveis da assimilação ASS2, ASS3 e
adequada à técnica de análise escolhida.
ASS4 incorporadas e o fator foi renomeado
Definidos e renomeados os fatores, realizou- para ASSIMILAR. Por fim, o fator três teve um
se a análise do Alpha de Cronbach de cada agrupamento das variáveis de transformação
novo fator, conforme a Tabela 2, com a e exploração TRANS1, TRANS2, TRANS3,
intenção de medir a confiabilidade da TRANS4, EXPL1, EXPL2 E EXPL3 e o fator foi
consistência interna dos fatores gerados renomeado para APLICAR.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


76

Tabela 2 - Matriz de componente rotacional


Cargas Fatoriais Nome do novo Alpha de
Variáveis
FATOR 1 FATOR 2 FATOR 3 fator Cronbach

AQ2 0,823 FATOR 1:


0,707
AQ3 0,868 ADQUIRIR

ASS2 0,757
FATOR 2:
ASS3 0,889 0,707
ASSIMILIAR
ASS4 0,730
TRANS1 0,798
TRANS2 0,676
TRANS3 0,810
FATOR 3:
TRANS4 0,817 0,898
APLICAR
EXPL1 0,770
EXPL2 0,811
EXPL3 0,740
Fonte: elaborado pelos autores

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS definições de Zahra e George (2002). Os


resultados desta pesquisa mostraram que, ao
O objetivo da pesquisa foi discutir as
se observar a dimensão individual da
dimensões da capacidade absortiva
capacidade absortiva, a dimensão da
(aquisição, assimilação, transformação e
transformação e exploração do conhecimento
exploração) do conhecimento adotando o
é percebida ao passo que o indivíduo
nível individual de análise. Utilizou-se como
transforma o conhecimento, após a
base teórica a perspectiva de Zahra e George
assimilação, ele já o explora ao aplicá-lo em
(2002), uma vez que estes autores apontaram
suas atividades.
as quatro dimensões acima citadas. Ao
adaptar as questões do nível organizacional e Ao analisar o resultado da pesquisa, traz-se à
aplicá-las a indivíduos para observar como os discussão a abordagem de Cohen e Levinthal
alunos adquirem, assimilam, transformam e (1990), capacidade absortiva utilizados como
exploram conhecimentos específicos do base teórica por Zahra e George (2002) na
ambiente organizacional, os resultados construção das dimensões da ACAP. Cohen e
seguiram parcialmente as definições de Zahra Levinthal (1990) defendem a capacidade
e George (2002). absortiva como a capacidade para identificar,
assimilar e aplicar o conhecimento do
Os resultados da pesquisa indicaram que a
ambiente como três fatores.
aquisição e a assimilação são dimensões
distintas, dentro do grupo da Capacidade A pesquisa contribui para os estudos de
Absortiva Potencial (PACAP). Até este ponto o capacidade absortiva ao passo que discute
conhecimento é percebido e interpretado pelo as dimensões em nível individual,
indivíduo, os novos conhecimentos são identificando que, neste nível os indivíduos
compreendidos e não aplicados, por isso a não reconheçam a transformação como algo
denominação “potencial” defendida por Zahra independente e separado da capacidade de
e George (2002). absorção, conforme defendido por Zahra e
George (2002).
As dimensões referentes a Capacidade
Absortiva Realizada (RACAP), a qual envolve Uma limitação da pesquisa é a composição
a transformação e exploração do da amostra, tendo em vista que o estudo foi
conhecimento nas atividades não seguem as aplicado a alunos do curso de graduação,

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


77

pode-se questionar se os resultados seriam uma amostra diferente, como profissionais


diferentes quando aplicados a profissionais liberais atuantes no mercado de trabalho ou a
atuantes no mercado. Como proposta de um grupo de trabalhadores da indústria,
pesquisas futuras, sugere-se uma segunda comércio e serviços quando expostos a novos
explicação para este resultado, aplicado em conhecimentos.

REFERÊNCIAS para o mercado no desempenho das


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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


CAPÍTULO 7

Marta Pinheiro Silva Siza


Zení Silva Jucá Bessa
Leonardo Augusto Garnica
Henriette Soares Pereira Paskinn

Resumo: A gestão da inovação é uma competência crucial para o desenvolvimento


de sistemas locais e regionais de inovação. De difícil obtenção pelos métodos de
ensino convencionais, as habilidades e conhecimentos do gestor de inovação
podem ser desenvolvidos de forma efetiva em programas integrados prevendo
atividades no modelo on-the-job. Na Amazônia em particular, faz-se necessário o
estímulo e disponibilização de programas de formação que preparem profissionais
para atuar como catalisadores do ecossistema regional, favorecendo redes
colaborativas, alianças interinstitucionais e a inovação aberta. O objetivo deste
trabalho é apresentar um programa pioneiro para formação de competências em
gestão de inovação na região amazônica. O modelo tem base em uma parceria
estratégica entre a Natura e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do
Amazonas (FAPEAM). Os métodos adotados remetem a um estudo exploratório,
qualitativo com a estratégia de estudo de caso. Os resultados mostram o processo
de implementação, configuração de conteúdo, pontos de sucesso e oportunidades
de evolução do programa analisado. Espera-se que a avaliação dessas iniciativas e
políticas de inovação contribua para sua permanente melhoria e difusão do modelo
para outras regiões do país.

Palavras-chave: Recursos Humanos; Gestão de Inovação, Sistemas de Inovação,


Parcerias Empresa-Governo

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


80

1. INTRODUÇÃO viabilizou a operacionalização de diversas


iniciativas para alavancar a inovação, tais
Num mundo globalizado e altamente
como a qualificação de recursos humanos,
conectado, a inovação é palavra de ordem,
criação de infraestrutura de pesquisa e
especialmente por conta da economia vigente
desenvolvimento de tecnologia, bem como a
de uma sociedade dita do conhecimento
poio efetivo para a emergência de um habitat
(Drucke,1993) que impulsiona e alimenta a
de inovação amazonense.
demanda por novos e distintos produtos.
Assim sendo, empresas que inovam e
diferenciam têm algo a mais, alcançando uma
2. PROBLEMÁTICA E OBJETIVO
parcela maior de mercado. Tal movimento já é
preconizado por Joseph Schumpeter (1984), Não obstante aos esforços dispendidos para
na primeira metade do século XX, quando o impulsionar a inovação no país, há muito a ser
economista cunha o termo “destruição feito, como o aprimoramento de políticas
criativa”, para descrever o que deve públicas, redirecionamento da formação de
impulsionar as empresas inseridas no sistema recursos humanos (RH) para áreas
capitalista. estratégicas em CT&I, e apoio à configuração
de um ecossistema de inovação, de modo a
No Brasil, a inovação tornou-se parte de uma
propiciar maior impacto no desempenho
agenda pública há aproximadamente quinze
inovador das empresas brasileiras tornando-
anos, quando articulações de incentivo e
as globalmente competitivas e valorizando
promoção da atividade inovadora começaram
diferenciais brasileiros, conforme contextos
a ser delineadas como parte de um plano
específicos, a saber, na Amazônia a maior
estratégico de desenvolvimento do país,
agregação de valor a produtos e serviços a
sendo o tema assumido como primordial e
partir da sociobiodiversidade daquela região.
capaz de promover crescimento,
competitividade e notoriedade frente ao Grande parte do empenho na formação de
cenário global. O marco desse movimento RH para inovação no Brasil tem se
pró-inovação protagonizado pelo Estado, concentrado nas atividades técnicas ou
ganhou contornos em 2003, com divulgação específicas privilegiando áreas e setores
das Diretrizes de Política Industrial, diretamente ligados as atividades de P&D,
Tecnológica e de Comércio Exterior, obtendo desenvolvimento tecnológico e de inovação
maior força em 2008 com o lançamento do propriamente dito.
Plano de Desenvolvimento da Produção e tem
Em se tratando do tema Gestão de Inovação,
seu marco legal estabelecido em dezembro
a temática tem recebido menor atenção,
de 2004, com a Lei 10.973 (Lei de Inovação),
sendo subestimadas as peculiaridades
em 2005 com a Lei 11.196 (Lei do Bem) e em
necessárias ao processo de gerir a atividade
2006 com o Decreto 5.798 que regulamentou
inovadora. Embora, na modalidade clássica,
a concessão de incentivos fiscais à inovação.
cursos de formação e qualificação nesta área
Todo esse movimento impulsionou a agenda sejam ofertados, tornam-se insuficientes ante
de interação das organizações entre si e a a demanda e a necessidade de se alavancar
acelerou o desenvolvimento de Sistemas a inovação no País, ressaltando-se que a
Regionais de Inovação (SRI), que na maior parte de tais ofertas concentram-se no
concepção de Douloureux e Parto (2003) eixo Sul-Sudeste brasileiro.
podem ser compreendidos a partir das
Na região Amazônica, o cenário não é
interações entre interesses públicos e
diferente, possuindo maior impacto e
privados, instituições formais e outras
complexidade, contudo merece menção o
organizações que funcionam de acordo com
Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação para
arranjos organizacionais e relacionamento
o Desenvolvimento da Amazônia Legal
que conduzem a geração, disseminação e
(PCTI/Amazônia) que apresenta uma proposta
uso de conhecimento, de forma que as
de desenvolvimento alinhada à premissa de
políticas nacionais e as características
fomentar um modelo que se seja
regionais trabalhem juntas para alavancar a
“economicamente viável, socialmente justo e
economia local.
ambientalmente equilibrado” (GALVÃO;
Alinhado com a estratégia nacional o Estado FERRERA, 2014).
do Amazonas ganha destaque tornandose em
Não obstante ao brilhantismo da proposta,
2006, o primeiro Estado brasileiro a possuir
mais uma vez o tema de gestão da inovação
uma Lei estadual de Inovação, a qual

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


81

recebe menor conotação se comparado à Natura e da FAPEAM, uma experiência


ênfase e montante de esforços previstos ao pioneira de parceria entre uma entidade de
fortalecimento da base técnico-científica fomento à CT&I e uma empresa do segmento
regional, tais como priorização de formação e cosmético para o desenvolvimento autóctone
agregação de pesquisadores às empresas de recursos humanos qualificados para
regionais, programas de atração e fixação de atuarem no Sistema Regional de Inovação
mestres e doutores de “linha de frente” (leia- (SRI).
se: atividades fins de inovação), entre outros
explicitados por Galvão e Ferreira (2014), a
partir do PCTI/Amazônia. 4. RESULTADOS
Diante do exposto urge a necessidade da 4.1 ATORES ENVOLVIDOS
criação de novos modelos capazes de
4.1.1 NATURA
promover o desenvolvimento e aquisição de
competências para a gestão da inovação Natura Cosméticos, fundada em 1969, é uma
condizentes com as peculiaridades próprias multinacional brasileira líder de mercado em
aos processos e atividades inovativas, bem produtos de higiene pessoal, cosméticos e
como com as singularidades amazônidas, de perfumaria no Brasil. Atualmente está
forma a assegurar as devidas condições para presente em diversos países da América
o alcance do sucesso na geração de Latina e França e alcançou uma receita
inovação tornando a região mais relevante no líquida de R$ 7,4 Bilhões de reais em 2014.
cenário global.
A inovação e a sustentabilidade são
Nesse contexto, o presente artigo objetiva destaques da atuação da empresa que é
apresentar o processo de implementação de reconhecida mundialmente, vistas premiações
um modelo inovador de formação de RH por relevantes tais como, em 2013 figurando entre
meio de uma parceria estratégica entre a as dez empresas mais inovadoras do mundo
empresa Natura e a Fundação de Amparo à no ranking da revista Forbes e alcançando
Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM). reconhecimento nacional por dois anos
Respondendo a um conjunto de demandas e consecutivos por meio do prêmio da
oportunidades, são abordadas as motivações, Financiadora de Estudos e Projetos em 2012
pilares e avaliação dos resultados do (FINEP, 2012) e 2013 (FINEP, 2013) na
Programa implementado que tem como sede categoria grande empresa.
das atividades o Núcleo de Inovação Natura
Desde 2001 atua no modelo de inovação
Amazônia (NINA).
aberta colaborando atualmente com cerca de
200 parceiros de inovação entre empresas,
universidades, governo, cooperativas entre
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS
outros. Em 2010 nasceu corporativamente o
Seguindo os pressupostos do método Programa Amazônia, que dentre seus eixos
qualitativo em vias de compreender um de atuação viabiliza a instalação do Núcleo
fenômeno contemporâneo nas organizações e de Inovação Natura Amazônia (NINA), na
entre organizações, o estudo possui caráter cidade de Manaus em 2012, materializando o
exploratório. O delineamento da pesquisa é engajamento da empresa no fortalecimento
de caso único com foco no entendimento da do SRI (OLIVEIRA; GARNICA; COSTA, 2013).
dinâmica presente de fatos recentes
(EISNHARDT, 1989).
4.1.2 FAPEAM
Para o estudo de caso, foram utilizados
instrumentos diversos de coleta de dados, já Instituída em 2002, a Fundação de Amparo a
que pesquisas qualitativas são Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM)
caracteristicamente multimetodológicas tem como objetivo financiar projetos de
(ALVES‑MAZZOTTI; GEWANDSZNAJDER, pesquisa, tecnologia, inovação e difusão
1998), em especial realização de avaliações científica relevantes para o desenvolvimento
com os gestores e clientes do programa, das econômico do Estado do Amazonas, bem
pessoas em processo de capacitação e como apoiar a formação de recursos
acesso aos resultados das atividades humanos, desde o ensino fundamental até o
realizadas. O objeto focal do estudo foi o pós-doutorado em distintas áreas do
Programa de Formação de Competências em conhecimento e promover diversas ações de
Gestão de Inovação, de responsabilidade da apoio ao desenvolvimento e fortalecimento do

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


82

ecossistema de inovação regional 4.3 MODELO ESCOLHIDO


(FAPEAM,2012, p. 13).
O Projeto Piloto desenvolveu-se por meio do
Em 2009, de acordo com o professor Modelo de Treinamento On-the-job (MTOJ)
Dr.Odenildo Sena, a fundação já figurava que é caracterizado pelo ensino formal de
como a quarta maior instituição estadual de habilidades, conhecimento e atitudes que são
fomento à ciência e à tecnologia do país, necessárias a uma área para performance
ficando atrás apenas das fundações especifica de tarefas, sendo necessariamente
estaduais de São Paulo, Minas Gerais e Rio dentro do ambiente de trabalho, e durante o
de Janeiro (Acrítica, 2009), a posição deve-se desenvolvimento das atividades do mesmo.
ao volume de financiamentos realizado pelo Ressalta-se a importância da capacitação e
órgão em desenvolvimento de pesquisa e treinamento em sintonia com o
formação de recursos humanos. Este desenvolvimento do trabalho proposto ao
resultado é muito significativo uma vez que funcionário, posto que a estrutura de ensino
neste período a FAPEAM possuía apenas sete formal esteja sempre correlacionada ao
anos de atividades frente às outras fundações ambiente educacional escolar.
citadas que possuem em média 42 anos de
Este modelo tem se destacado em
atuação.
modalidades profissionais por promover
agilidade e aperfeiçoar a carreira profissional
dos envolvidos e responder a novas
4.2 A PARCERIA NATURA/FAPEAM
necessidades exigidas pelo mercado, que se
A necessidade de formação de recursos reconfigura frequentemente dado o
humanos na área de gestão da inovação na surgimento constante de novas tecnologias.
Amazônia configurou-se como uma
Em especial, a formação em gestão de
oportunidade de ação conjunta da FAPEAM e
inovação envolve o desenvolvimento de um
da Natura. Desta maneira, delineou-se uma
conjunto de competências multidisciplinares
proposta de ação conjunta que viabilizasse o
composto pela compreensão de várias
desenvolvimento de competências em
ciências, tais como: engenharia de produção,
profissionais preferencialmente autóctones
administração e ciências jurídicas, além de
que desejassem atuar no estado do
habilidades e atributos comportamentais que
Amazonas na gestão da inovação e
envolvem comunicação, negociação, gestão
transferência de tecnologia no seu sentido
de mudança e gestão de conflitos,
mais amplo, envolvendo gestão de processos,
convergindo o conhecimento no âmbito
projetos e portfólios, captação e gestão de
acadêmico com a realidade de mercado.
fomento, negociação e contratação de
parcerias, articulação de redes para Ressalta-se a importância desta modalidade
pesquisa, desenvolvimento, tecnologia e de treinamento dado a grande necessidade
inovação. de aceleração da formação de capital
humano com estas expertises na Região
A Natura possui as competências em gestão
Norte, enfatizando a atuação profissional
da inovação em sua operação, a partir de um
efetiva com perspectiva regional alinhada as
ambiente repleto de ações estratégias e
peculiaridades locais.
atividades inovadoras, que somados
alavancam a formação de capital humano
para futuras atuações desses profissionais no
4.4 O PROJETO PILOTO
sistema regional de inovação do Amazonas. A
FAPEAM, como agência de fomento, possui a O Projeto Piloto desenvolvido por meio da
capacidade de conceder bolsas que parceria Natura/FAPEAM teve como objetivo a
possibilitaram os ciclos de formação. Deste Formação de Competências em Gestão da
modo por meio de um programa de Inovação, e trouxe em sua primeira edição a
cooperação, estas instituições pilotaram um formação de quatro profissionais para atuar
modelo de capacitação inovador, ampliando na articulação e no desenvolvimento do
assim as fronteiras das modalidades de Sistema Regional de Inovação. Desenvolvido
formações tradicionais. sob a estrutura do modelo on-the-job,
promoveu em um ciclo de12 meses,
treinamentos formais programados e
desenvolvimento de projetos estruturantes
que compreenderam o âmbito mercadológico

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


83

quanto movimentação do SRI, e a inserção no Uma vez selecionadas, as quatro bolsistas


ambiente empresarial. foram integradas ao hub de inovação da
empresa em Manaus, onde obtiveram total
Quanto à seleção, o processo foi inovador na
apoio de infraestrutura e integração com a
medida em que reuniu as competências da
equipe do NINA, bem como o apoio e
Natura em seleção de pessoas e a rede
estímulo à participação efetiva em eventos
Natura Campus dedicada à C&T&I, ao mesmo
que integram atores do SRI e discutem novas
tempo em que cumpriu os requisitos da
perspectivas para o desenvolvimento da
gestão pública integrando requisitos dos
inovação. Um dos destaques foi à
parceiros em um só processo. Os candidatos
participação das bolsistas no Fórum Nacional
foram avaliados a partir das etapas descritas
de Gestores de Inovação e Transferência de
a seguir:
Tecnologia (FORTEC), realizado em maio de
2014 na cidade de São Paulo, evento este
que busca discutir temas atuais do cenário de
a) Inscrição e elegibilidade; cabendo
inovação e a aproximação dos atores que
aos parceiros a avaliação dos requisitos e
envolvem o Sistema Nacional de Inovação
perfil necessários; e submissão de resposta
(SNI).
ao desafio lançado: Como a formação de
recursos humanos em gestão da inovação
contribui para o sistema estadual de
4.4.1 CAPACITAÇÃO E TREINAMENTO
inovação? – Lançado em site da Natura
especializado em desenvolvimento de Como parte do programa de formação, a
integrações científicas: Natura Campus empresa definiu um orientador às bolsistas,
(www.naturacampus.com.br). que passou a promover o direcionamento dos
b) Interação Presencial: processo de projetos individuais e desenvolver o conteúdo
dinâmicas de grupo no NINA, locus da programático dos treinamentos formais, que
atuação e desenvolvimento dos permearam conteúdos próprios aos temas de
projetos/desafios de formação, promovendo inovação e mercado, articulados por
a interação entre profissionais de inovação, diferentes gerentes, executivos e
membros da FAPEAM e candidatos pesquisadores da empresa como explicitado
selecionados na etapa anterior. no quadro 1:
c) Entrevista Individual: conduzida por
profissionais da Natura e FAPEAM.
.4.2 Projetos-Desafios
Quadro1 – Programa dos Treinamentos

Fonte: Elaboração própria

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


84

4.4.2 PROJETO-DESAFIOS ecossistema de inovação local. A demanda


dos projetos foi identificada pelo orientador do
No processo de integração, cada bolsista
Programa, conectando necessidades reais do
recebeu um projeto-desafio, que buscou uma
NINA e do SRI confluindo de forma integrada
perspectiva transversal dos temas de
com os treinamentos dirigidos.
Inovação com aplicação à realidade da
Natura, conforme ilustrado na figura 1. A partir da compreensão das propostas, as
bolsistas começaram a estruturação dos
Os quatro projetos interagiam entre si
projetos por meio de metodologias
compreendendo as dimensões da gestão da
adequadas, e aproximação de parceiros
inovação, levando em consideração as
estratégicos.
estratégias empresariais, e contribuição ao

Figura 1 – Transversalidade dos desafios dos projetos.

Fonte: Elaboração dos autores


4.4.3 Ambiente empresarial
4.4.3 AMBIENTE EMPRESARIAL 4.5.1 FACILITAÇÃO E IMERSÃO NOS
SISTEMAS DE INOVAÇÃO
Durante o projeto as bolsistas integraram
efetivamente o ambiente de trabalho do NINA, Durante o projeto piloto, as bolsistas
o que se faz imprescindível ressaltar, pois foi puderam acompanhar fóruns, reuniões de
construída uma relação sólida e oportuna com trabalho, congressos e treinamentos que
a equipe que compõe o núcleo, tomando contemplaram assuntos e atores do sistema
parte não somente nas obrigações relativas local de inovação, promovendo abertura a
aos seus projetos específicos, como também diálogos, conhecimento das atividades
colaboraram em atividades internas, próprias a cada ator e oportunidade de se
tornando-se partícipes do cotidiano da destacar por meio do pioneirismo do Projeto.
equipe, interagindo com diferentes interfaces Este fato oportuno concretizou-se como
da organização. imprescindível para formação das mesmas,
que necessitavam compreender as
características, fluxos e sinergias tanto do
4.5 DESTAQUES DO PROGRAMA DE âmbito empresarial quanto do SRI.
FORMAÇÃO
Em cada um dos projetos/desafios, as
Entre as diversas atividades e aprendizados bolsistas obtiveram a oportunidade de
proporcionados pelo piloto do Programa de interagir com a rede de multiagentes
formação, convém destacar os seguintes: regionais, como incubadoras, parque
científicos tecnológicos, startups, instituições
4.5.1 Facilitação e imersão nos sistemas de
de ensino superior, pesquisadores, entre
outros. Este relacionamento construiu novas
oportunidades para a evolução dos projetos e
do próprio Programa.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


85

sendo em sua essência prática e aplicada a


geração de valor ao negócio. Caráter este,
4.5.2 MULTIDISCIPLINARIDADE E
que se distingue do aprendizado ofertado
INTERDISCIPLINARIDADE NO PERFIL DE
academicamente, uma vez que cada módulo
BOLSISTAS
foi ministrado por profissionais imersos no dia
No quesito diversidade de formações a dia empresarial, proporcionando uma visão
apresentadas pelas bolsistas selecionadas, de mercado, tornando evidente a conexão
constatou-se um quadro peculiar, no sentido entre teoria e prática.
de que advinham de áreas do conhecimento
Este modelo de capacitação, sem dúvida
distintas entre si, bem como experiências
agrega distinto valor à formação de recursos
profissionais diversas que se propunham a
humanos em gestão da inovação, sendo
ingressar em um ramo diferente dos seus
capaz de conferir celeridade ao processo de
nichos de atuação. O que por si só poderia se
aquisição de competências nesta área que é
caracterizar como um obstáculo a ser
caracterizada pelo dinamismo e a integração
superado consolidou-se na verdade em
com outras áreas funcionais da organização.
oportunidade para multidisciplinaridade e
interdicisplinaridade, por meio das quais a
aquisição de competências foi ampliada.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E
Na perspectiva da multidisciplinaridade,1 o OPORTUNIDADES DE EVOLUÇÃO
natural agrupamento das formações
Desenvolver a inovação no país e construir
individuais das bolsistas foi fortalecida através
um ambiente de alta competitividade das
da interação de seus conhecimentos num
empresas com base na nova economia do
sentido complementar, de maneira que cada
conhecimento permanece como um grande
uma compartilhou seu saber em momentos
desafio ao Brasil, em especial no contexto
oportunos para a resolução de problemas
amazônico, mas que tem sido enfrentado com
técnicos específicos de forma a contribuir
crescente mobilização entre os diferentes
com o alcance do objetivo comum de
atores do sistema de inovação nacional.
suplantar gargalos no processo de gestão da
inovação. O sistema de inovação brasileiro se
2 robusteceu nas últimas décadas, com uma
Sob o prisma da interdisciplinaridade , a
infraestrutura relevante, um grande número de
integração de saberes ocorrida de forma
novos mestres e doutores formados a cada
endógena foi vivenciada, dada a sinergia e
ano. A despeito disso, o desafio de construir
disposição para o compartilhamento de
um ambiente menos burocrático, com
conhecimentos em prol da cocriação de uma
processos transacionais mais ágeis e
visão unificada e própria a cada dificuldade
portador de uma agenda mais integrada entre
encontrada no decorrer dos projetos/desafios,
os setores de pesquisa, desenvolvimento e
de maneira que soluções adequadas a
inovação foram destaques de uma pesquisa
peculiaridades dos projetos foram
recente com os atores mais ativos do sistema
desenvolvidas.
de inovação brasileiro realizada pela
Associação Nacional de Pesquisa e
Desenvolvimento das Empresas Inovadoras –
4.5.3 CAPACITAÇÕES
ANPEI em 2014 (ARANTES, 2014).
As capacitações formais se deram de maneira
Um fator que permeia de maneira altamente
distinta do que se convenciona como ensino
capilar e se mostra mais grave na região
formal, partindo da própria grade idealizada
amazônica, refere-se ao crescente valor da
para o projeto, que contemplou uma
colaboração e do empreendedorismo, da
perspectiva empresarial do começo ao fim,
perspectiva da inovação aberta e crescente
capital social de inovação. Essa perspectiva
1
Entendida como a interação de conhecimentos passa pelos recursos humanos necessários e
através do estudo de um objeto comum onde são adequadamente preparados para
conservados os limites de cada disciplina desenvolver, identificar, conectar e aplicar
(DELATTRE, 2006 e DOMINGUES, 2005, apud conhecimentos dentro e fora de suas
BICALHO e OLIVEIRA, 2011). instituições a fim de que os mesmos
2
Entendida como a combinação de disciplinas em transformem-se efetivamente em produtos e
prol de um objeto comum originando um
serviços em prol do desenvolvimento
conhecimento síntese comum a este objeto
(POMBO, 1994).
socioeconômico.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


86

Esse desafio, qual seja, o de formar Como resultado do Projeto-piloto objeto do


competências em gestão de inovação que relato observar-se que, apesar de o desafio
viabilizem a transferência de tecnologia e da educação e formação de profissionais de
arranjos eficientes de inovação possui primeira linha ser mais amplo, é possível
componentes de difícil orquestração. O implementar ações efetivas para acelerar
profissional precisa ter vivência em diversos ecossistemas de inovação por meio de
ambientes do sistema de inovação para ser pessoas capazes de buscar as sinergias
capaz de acelerar oportunidades em ciência entre propósitos e objetivos de diferentes
e tecnologia. Este artigo relatou uma organizações para elevar o patamar inovativo
experiência pioneira liderada em parceria da região, enriquecendo o nível de confiança,
pela FAPEAM e a Natura, as quais dedicaram usufruindo de grande discernimento entre
esforços para implementar um novo modelo diferentes linguagens e práticas
de desenvolvimento de competências em organizacionais existentes dentro das
gestão de inovação. empresas, da academia e do governo.
Como observado, o resultado foi As perspectivas futuras são muito favoráveis à
destacadamente positivo, havendo benefícios disseminação do modelo para que o mesmo
para o ecossistema de inovação com ações adquira escala e gere impacto também por
de curto-prazo oriundas dos projetos seu tamanho em número de pessoas
desenvolvidos pelas bolsistas, para a formadas. Cabe agora aos gestores do
empresa, por meio da troca de experiências e programa promover aperfeiçoamentos no
construção colaborativa e para as bolsistas modelo e a possibilidade das agências de
em formação, que obtiveram acesso à estímulo à pesquisa e inovação o aplicarem
formação on-the-job diferenciada, pela largamente. Os efeitos dessa mobilização
interação direta com executivos e pelas pessoas e pela inovação mostram-se
treinamentos realizados in company por sobremodo promissores e novas pesquisas
gerentes e especialistas atuantes no mercado de avaliação dessas políticas são também
de inovação. necessárias.

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87

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Capítulo 8

Marcos de Carvalho Dias

Resumo: As abordagens que tratam da cooperação entre empresas numa cadeia


de suprimentos geralmente consideram os aspectos benéficos desta cooperação,
como ganhos de competitividade e produtividade, porém não consideram o fato de
que as relações de cooperação ocorrem de forma assimétrica na cadeia, devido à
heterogeneidade dos participantes. Com objetivo de analisar a cooperação,
aprendizagem e processos de inovação em uma cadeia cujo relacionamento é
reconhecidamente assimétrico e que o grau de competitividade tem se acirrado
nos últimos anos, como no caso da indústria têxtil brasileira, este trabalho foi
realizado a partir de entrevistas, baseadas em questionários, com 14 empresas
têxteis da região de Americana (SP). Estas entrevistas mostraram a existência de
relações superficiais de cooperação entre os membros da cadeia entrevistados, e
que essa forma de cooperação implica na inexistência de um processo sistemático
e coordenado de aquisição de conhecimento, e por conseqüência, de inovações
tecnológicas e organizacionais entre as empresas.

Palavras-chave: Cooperação, Aprendizagem e Inovação

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


89

1. INTRODUÇÃO (Sinditec), que contribui com a indicação das


empresas e avaliação prévia do questionário
A cooperação entre empresas que compõem
antes a da aplicação nas empresas
uma cadeia de suprimento tem sido explorada
selecionadas.
na literatura, principalmente nas áreas de
organização industrial, administração e A realização deste trabalho é justificada pela
engenharia de produção. importância histórica da indústria têxtil na
região de Americana, pois representa a
Tais abordagens em geral consideram o
atividade produtiva em torno da qual as
aspecto benéfico desta cooperação, pois
cidades da região se desenvolveram. Além
resulta no aumento da competitividade e pode
disso, tal segmento produtivo possui
ultrapassar, inclusive, o aspecto
importância econômica por ser uma das
mercadológico, pois permite a inclusão de
principais atividades produtivas na geração
ações que permitem o aumento do processo
de emprego e renda em algumas destas
de aprendizagem e no surgimento de
cidades.
inovações de produtos e processos no âmbito
interno das empresas componentes. Apesar Assim sendo, as transformações pelas quais
disso, essas abordagens geralmente têm passado esta indústria afeta diretamente
negligenciam o fato de que as relações de a dinâmica social e econômica da região, e
cooperação ocorrem de forma assimétrica na abordar tais transformações em pesquisa
cadeia, devido à heterogeneidade dos representa uma forma de contribuição para o
componentes. debate sobre os caminhos a serem tomados
pela indústria têxtil regional.
Assim, em redes verticais de cooperação,
como é o caso das cadeias de suprimento,
por exemplo, a força tecnológica de grandes
2. INOVAÇÃO, COOPERAÇÃO E
fornecedores, por um lado, e a força
APRENDIZAGEM.
mercadológica de grandes empresas
varejistas, por outro, podem levar as A inovação tecnológica realizada pelas
pequenas empresas, que executam empresas representa uma das principais
atividades intermediárias, a uma posição condições para o estabelecimento de níveis
desfavorável quanto à apropriação dos de competitividade no mercado.
benefícios da cooperação.
Originário da Ciência Econômica, assim como
É a partir destas observações gerais sobre a os conceitos de competitividade e
cooperação em cadeias de suprimento que desenvolvimento, o conceito de inovação
surgiu o questionamento que deu origem a passou por transformações e foi adotado por
este artigo: como ocorrem as relações de diversas correntes teóricas e por diversas
cooperação e quais as consequências para a linhas de pensamento nas muitas áreas do
inovação e aprendizagem em cadeias cujo conhecimento, como Administração,
relacionamento é reconhecidamente Engenharia, Sociologia, História, Filosofia,
assimétrico e o grau de competitividade tem entre outras, conforme Tigre (2006).
se acirrado nos últimos anos, como no caso
Nestas áreas a inovação passou a ter
da indústria têxtil brasileira?
diversas abordagens, como a que trata do
Para responder tal questionamento, este processo inovador, dos contextos
artigo possui como objetivo principal avaliar a organizacionais, dos atributos da inovação e
forma de relacionamento entre membros de das perspectivas teóricas subjacentes
uma cadeia de suprimentos têxtil na região de (WOLFE, 1994).
Americana (SP), e de que forma este
Porém, tais variações resultam da releitura e
relacionamento permite a transmissão e
reinterpretação do conceito estabelecido por
apropriação de conhecimento (tácito e
Joseph Alois Schumpeter, introduzido em sua
explícito) e a adoção de inovações
obra em 1911, visando distinguir noções de
tecnológicas e organizacionais entre as
invenção, ligado à técnica, e a criação de
empresas da cadeia.
novos produtos com fins econômicos
O método utilizado para a realização da (produção e comercialização), e de forma
pesquisa foi, além da revisão bibliográfica dos geral as definições do conceito de inovação
temas abordados, uma sondagem baseada se aproximam desta concepção.
na aplicação de um questionário, em parceria
com o sindicato patronal do setor na região

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


90

No Manual Frascati (OCDE, 2007) a inovação a obtenção de lucro), e geralmente realizados


é definida como a criação de um produto, pelas firmas ou indivíduos.
processo, serviço, sistema ou método novos
Archibugi; Lundvall (2001) apresentam uma
ou substancialmente melhorados pela
definição mais ampla do conceito de inovação
empresa, e que é inserido no mercado com
tecnológica, ao apontar as origens do
êxito, sendo resultado de diversas atividades
processo de inovação tecnológica em
científicas, tecnológicas, organizacionais,
empresas e instituições como resultado de um
financeiras, comerciais e mercadológicas.
processo complexo de aprendizagem
Posteriormente este conceito foi aprimorado acumulada, e que resulta na criação de novos
no Manual de Oslo (OCDE, 2010), que conhecimentos ou no melhoramento de
considera a inovação como a implementação conhecimentos já existentes. Este autor
de um bem ou serviço significativamente considera o processo de aprendizagem como
melhorado, ou um novo método de marketing elemento fundamentalmente interativo e
ou organizacional. cumulativo, e essencial para o processo
inovativo nas empresas.
Desta forma, ambas as definições se referem
às inovações no âmbito da empresa e de De qualquer forma, existe consenso entre
suas relações com o mercado, ou vista como autores como Dosi (1988), Lundvall (1988) e
um processo que se desenvolve Edquist (1997) que o conceito de inovação
economicamente de forma endógena. Isso possui um significado econômico,
porque a inovação é considerada, no caso normalmente resultado das ações realizadas
destes Manuais, como resultado da interação pelas empresas, em alguns casos, por
das empresas com as atividades indivíduos. A capacidade de empresas e
desempenhadas “à jusante” (ligadas aos instituições de interpretar o mercado
clientes) e “à montante” (ligadas representa um dos principais elementos da
fornecedores), sendo o conhecimento no qual inovação tecnológico, que corresponde à
se originam as inovações resultado das possibilidade de identificar os principais
interações ocorridas no sistema econômico, e desejos dos consumidores em potencial, o
não fora dele. Por isso as empresas que permite a introdução de novos produtos e
desempenham um papel determinante no processos para satisfazer tais necessidades
processo de inovação. (NELSON, 1994).
Para Nelson; Rosenberg (1993) a inovação Portanto, as atividades inovativas resultam do
possui um sentido mais amplo, e engloba o comportamento das firmas em mapear as
processo pelo qual as firmas “criam e oportunidades existentes no mercado e
colocam em prática produtos, projetos e aproveitá-las por meio da criação de novos
processos de manufatura” (p. 03). Portanto, a produtos, serviços, processos ou modelos de
inovação se refere a um processo de negócio. Tais atividades inovativas estão
mudança tecnológica direcionado a ligadas à capacidade das firmas em utilizar o
comercialização de produtos e serviços, além conhecimento existente internamente ou de
da difusão do novo produto ou processo no fontes externas por meio da imitação,
sistema econômico. Ou seja, estes autores aquisições ou licenciamento (KYLÄHEIKO et
consideram que o conceito de inovação vai al. , 2011).
além da concepção de um novo produto ou
Outra forma de constituição de um processo
processo, incorporando também a difusão de
inovativo, pelas empresas, ocorre por meio do
algo novo, ou seja, sua disponibilidade no
estabelecimento de relações de cooperação
mercado ou utilização na produção. Isso
produtiva entre empresas que, de forma geral,
significa, para estes autores, que uma
concentram suas atividades produtivas em
empresa inovadora é aquela que comercializa
segmentos complementares entre si, como as
pela primeira vez um novo produto ou utiliza
que compõem uma cadeia produtiva, e que
pela primeira vez um novo processo
podem resultar na troca de informações e
produtivo, sejam estes novos ou não para
ideias que se consolidarão em um processo
seus concorrentes ou utilizadores.
de aprendizagem tecnológica (PENROSE,
Para Edquist (2001) a inovação tecnológica 2006).
corresponde à criação de novos produtos ou
Lööf (2000) aponta que os atuais processos
serviços com significado econômico
de inovação tecnológica se caracterizam por
(passíveis de serem comercializados visando
serem crescentemente complexos e

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


91

interdependentes entre os diferentes atores produtivos são compartilhadas e modificadas


que o realizam, e que os diversos obstáculos conjuntamente pelos agentes (PEREIRA;
existentes na busca pela inovação pelas DATHEIN, 2012).
empresas podem ser superados no momento
Assim, a aprendizagem no âmbito das
em que esta mesma empresa identifica suas
relações inter organizacionais se constitui de
próprias capacidades e fraquezas, e em
arranjos institucionais que permitem uma
seguida os potenciais parceiros (fornecedores
organização eficiente das empresas no
ou consumidores) que permitem a
mercado, por meio da coordenação das
constituição de uma rede informal de
ligações que são estabelecidas entre
distribuição de conhecimentos que podem
empresas independentes (AZEVEDO, 2011).
resultar em inovações.
Do ponto de vista da aprendizagem e
Estas abordagens sobre cooperação entre
inovação, tais ligações podem ser de três
empresas em cadeias passaram a ganhar
níveis, distintos qualitativamente (FONTES,
espaço a partir das tentativas de difusão do
2005): a) limitadas a um plano mercadológico;
modelo japonês de produção, quando esse
b) vinculadas à coordenação do processo
modelo passou a estabelecer um novo padrão
produtivo; c) baseadas na troca de
de subcontratação entre empresas, baseado
conhecimento e competências obtidos pelas
no relacionamento de longo prazo e na
empresas, permitindo o processo de
cooperação entre os diversos componentes
inovação.
de uma cadeia produtiva. Esta cooperação
não se baseava simplesmente no Porém Freeman (1991, apud FREITAG, 2011)
estabelecimento conjunto de quantidades a considera que tais relações de cooperação
serem produzidas, dos preços e qualidades entre empresas componentes de uma cadeia
do produto. Além disso, tinha como foco pressupõe a existência de relações de
central a redução dos estoques entre os elos confiança e lealdade entre estas, vinculadas
da cadeia (FREEMAN, 2008). aos padrões sociais, culturais e históricos,
além do contexto regional em que estão
Tal modelo produtivo propunha também a
inseridas. Isso porque, para esse autor,
cooperação para a inovação entre as
confiança e lealdade são atributos que, em
empresas da cadeia por meio do
oposição ao comportamento oportunista,
compartilhamento de conhecimento e do
assumem diversas dimensões em função do
aprendizado durante a execução do processo
ambiente e da cultura gerencial de um país ou
produtivo, entre estas empresas.
região.
Para Bessant, Kaplinsky e Lamming (2003), o
Outro aspecto apontado em trabalhos que
entusiasmo dos gestores ocidentais por este
tratam da gestão de cadeias de empresas é o
novo modelo produtivo resultou na criação de
carácter assimétrico das relações de poder
uma nova técnica gerencial: a Gestão da
estabelecida entre os membros da cadeia,
Cadeia de Suprimento (Supply Chain
gerando resultados insatisfatórios em termos
Management).
de inovação. Tais assimetrias, conforme
Outra abordagem teórica sobre a cooperação aponta Dias (2014) e Teixeira (2009)
em cadeias é a de autores como Freeman consistem nas relações de poder baseadas
(1994) e Lundvall (1992), resultado da na maior poder financeiro ou de influência
tentativa destes em entender o processo de política de um dos membros dessa cadeia,
inovação nas empresas que formam tais por exemplo.
cadeias. Para estes autores a inovação é o
Assim, as relações de cooperação entre os
principal motor do desenvolvimento das
membros de uma cadeia podem ser
empresas, e é resultado da interação entre
estabelecidas de forma polarizada, com a
estas no sentido de promover o
concentração de empresas que agregam
aprendizagem por meio da implementação de
maior valor ao produto final, por um lado, e
processos e produtos que geram informações
por outro por empresas que possuem pouco
qualitativas e que são trocadas ao longo da
poder de barganha no mercado, e competem
cadeia.
por meio de preços baixos (TIGRE, 2006).
Isso resulta num processo de aprendizagem
interativa estabelecido entre os diversos
agentes da cadeia, pois as rotinas
estabelecidas durante os processos

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


92

3. A CADEIA TÊXTIL TRADICIONAL Assim, o resultado final de cada etapa


constitui o insumo principal da seguinte, como
A cadeia é vista como uma rede de trabalho e
está demonstrado na figura a seguir, que
processos de produção cujo resultado é um
representa a forma do processo produtivo
produto acabado. Processos específicos
têxtil.
dentro de uma cadeia produtiva são
representados como "nós" interligados em O complexo têxtil, por sua vez, constitui o
redes. núcleo de uma cadeia produtiva à qual estão
associados segmentos de outros setores
A cadeia produtiva têxtil tradicional engloba a
industriais, como o químico, agroindustrial, o
produção de fios e filamentos, manufaturados
de máquinas e equipamentos, entre outros,
têxteis (tecidos ou malhas e tingimento ou
que estão ligados à cadeia como
estampagem) (La Rovere; Hasenclever; Melo,
fornecedores de matérias-primas, insumos e
2000), e pode ser dividida em segmentos
máquinas.
industriais: fiação, tecelagem e acabamento.
Quanto às etapas que compõem a produção
Conforme Cruz-Moreira (2003), estas
da cadeia têxtil, se caracterizam da seguinte
atividades podem ser realizadas de maneira
forma:
separada, ou seja, uma planta produtiva
executa somente uma parte do processo  Fiação: corresponde à produção de
(fiação, por exemplo), ou de forma integrada, fios naturais, artificiais ou sintéticos, a
em que uma planta executa várias etapas do partir da matéria-prima bruta. As
processo (tecelagem e acabamento de fibras naturais são obtidas a partir do
tecidos). beneficiamento de produtos de
origem animal (seda e lã), mineral
A atuação de uma mesma firma em dois ou
(amianto) e vegetal (algodão, linho,
mais segmentos da cadeia pode ser
juta, rami, etc). Já as fibras artificiais
explicada por problemas de fornecimento de
são obtidas por meio da regeneração
matérias-primas, produtos ou serviços, e
da celulose natural, resultando em
também por necessidades financeiras ou
fibras como viscose, acetato e
busca do aumento da competitividade, pois a
triacetato. As fibras sintéticas são
integração produtiva pode resultar em
derivadas de subprodutos do petróleo
redução nos custos devido aos ganhos
e dão origem a fios como poliéster,
obtidos com a maximização dos recursos
náilon, acrílico e polipropileno.
disponíveis, como instalações e mão-de-obra.

Figura 01: A cadeia têxtil tradicional

Fonte: Anuário BrasilTêxtil (2009).

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


93

 tecelagem/malharia: compreende a Portanto, de forma geral, as empresas que


produção de tecidos planos compõem esta cadeia são de baixa
(tecelagem) ou malhas (malharia), tecnologia, não havendo fortes barreiras à
que é resultado do entrelaçamento de entrada, pois a tecnologia é difundida e
conjuntos de fios, fornecidos pela disponível no mercado mundial. Entre as
fiação, realizados por um tear. Ao empresas líderes dos diferentes países, não
contrário da fiação, a tecelagem há um distanciamento tecnológico radical. Por
possibilita o ingresso de micro e essa razão, os dois insumos do processo
pequenas empresas na indústria. O produtivo – mão-de-obra e matéria-prima –
tear, por si só, é uma unidade desempenham um papel crucial na definição
produtiva independente, logo o da competitividade dessa indústria (RANGEL,
aumento de produção é 2008).
consequência da agregação de um
maior número de teares.
4. A REGIÃO TÊXTIL DE AMERICANA (SP)
 acabamento: corresponde a um
conjunto de operações visando A região conhecida como “região têxtil de
beneficiar o tecido cru, tornando-o Americana” corresponde a um conjunto de
confortável, durável e maleável, municípios interligados, localizado a Leste do
adequado ao uso pelo segmento de Estado de São Paulo e distante
confecção. Tal processo não é aproximadamente 120Km da capital, entre os
uniforme, sendo variável de acordo municípios de Piracicaba e Campinas. Estes
com as características que se municípios são: Americana, Santa Bárbara
pretende obter do tecido, utilizando D’Oeste, Nova Odessa e Sumaré, conforme
as várias formas de acabamento informações na figura a seguir:
existentes por meio da realização de
combinações entre as várias etapas
que compõem o processo.

Figura 02: A região têxtil de Americana/SP

Fonte: GoogleMaps, 2015

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


94

Esta região possuía em 2010 uma população fios sintéticos, que passou a fornecer o
em torno de aproximadamente 683 mil produto para as empresas da região.
habitantes em um território de
Neste mesmo período ocorre também a
aproximadamente 988Km2. Caracteriza-se
instalação, no município, da primeira fábrica
por ser um importante pólo industrial do
de máquinas e equipamentos têxteis, o que
Estado, devido à quantidade e diversidade de
incentivou a instalação de diversas outras
empresas localizadas na região. Além da
empresas têxteis na região. Esta
indústria têxtil, possui também importantes
disponibilidade de teares mais modernos e
empresas da indústria automobilística, metal-
produtivos permitiu a substituição das
mecânica, autopeças, borracha, química,
máquinas obsoletas pelos produtores têxteis
entre outras (IBGE, 2015).
locais, sendo estas máquinas adquiridas por
O surgimento e desenvolvimento da indústria outros produtores autônomos tercerizados,
têxtil se confundem com a própria história da dando início a uma terceira onda de
região, havendo, portanto, uma ligação entre crescimento da produção têxtil na região
o desempenho desta indústria e o (RODRIGUES, 1978).
comportamento sócio-econômico regional.
Desta forma a concentração e a
A primeira planta têxtil na região foi criada especialização produtiva, a divisão técnica de
após a chegada dos imigrantes norte- trabalho e o aumento do nível de renda real
americanos no final do século XIX. Em 1880 o na região resultaram no aumento da demanda
imigrante norte-americano Clement Wilmont por bens de consumo não duráveis e de
instalou na então Vila Americana uma unidade serviços. Isto resultou na expansão do número
produtiva de fiação e tecelagem de tecidos de empresas de prestação de serviços,
de algodão, com máquinas e equipamentos comerciais e de recreação.
importados da Europa. Esta unidade,
No início da década de 90 o novo cenário
denominada “Carioba”, ou “pano branco” em
internacional, com a maior participação dos
tupi-guarani, consistia em uma planta têxtil
países asiáticos na comercialização de
com todas as etapas incorporadas, desde a
produtos têxteis, acompanhado das medidas
produção do fio até a produção e
adotadas pelo governo federal (governo
acabamento de tecidos de algodão (IBGE,
Collor), representadas principalmente pela
2015).
redução das tarifas de importação de bens,
Na primeira década do século XX, com o resultou na alteração da estrutura produtiva
crescimento da produção e a modernização da cadeia têxtil nacional.
da empresa, alguns trabalhadores adquirem
Na região têxtil de Americana este novo
máquinas antigas vendidas por ela e passam
cenário resultou na demissão em massa de
a produzir em casa os mesmos tecidos
trabalhadores devido ao fechamento de
produzidos na fábrica, passando, depois de
plantas produtivas ou, no caso das empresas
alguns anos, a produzirem como
que se mantiveram no mercado, da
terceirizados. Surge, a partir de então, um
substituição técnica do trabalhador por novas
conjunto de pequenas empresas ligadas à
máquinas e equipamentos com o objetivo de
Têxtil Carioba, e que se tornaram, nas
aumentar a produtividade e a competitividade
décadas seguintes, empresas independentes
frente aos produtores asiáticos (DIAS, 1999).
que deram origem a aglomeração têxtil atual.
No início da década de 90 a região possuía
De acordo com Bryan (1971) a região já se
cerca de 1480 empresas têxteis, com um total
consolidava, década de 1920, na como um
de aproximadamente 31000 trabalhadores.
aglomerado industrial na região, onde se
No final desta mesma década o número de
encontrava instalada uma rede de produtores
empresas têxteis era de 620, e o de
têxteis, além de mão-de-obra especializada
trabalhadores contratados era de
na produção de tecidos. A partir de então
aproximadamente 13400 (DIAS, 1999). Tais
estas empresas passaram a fornecer tecidos
dados mostram que houve uma redução,
para diversas regiões do Estado e do país.
neste período, de aproximadamente 58% do
Na década de 1950 a região passou a se número de empresas e do total de
adaptar às novas condições impostas pelo trabalhadores empregados no setor têxtil
mercado internacional: a produção de tecidos regional.
sintéticos. Isso se deu pela instalação, no
Durante a década de 2000-2010 ocorre
município de Americana, de uma fábrica de
umaretomada na produção e no emprego nas

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


95

insdústrias têxteis da região, notadamente 31.100 trabalhadores, o que representava


devido ao aumento da renda e do 15,6% do total de trabalhadores formais da
consumonacional. região, e aproximadamente 5,4% do total de
estabelecimentos, conforme informações do
Em 2014 a região possuía 1779 indústrias
Ministério do Trabalho e Emprego
têxteis, que compunham todos os segmentos
(RAIS/CAGED/MTE, 2015).
da cadeia produtiva, empregando cerca de

Tabela 02: Região Têxtil de Americana. Total de trabalhadores têxteis. Região de empregados e
participação percentual. 2014 - Em unidades

Total Participação Total Participação


Subdivisão
trabalhadores percentual empreendimentos percentual

Todos os setores 199.663 100,00% 33.073 100,00%

Setor industrial 80.541 40,33% 4.529 13,70%

Indústria têxtil 31.101 15,57% 1.779 5,38%


Fonte: RAIS/CAGED/MTE (2015).

Isso mostra que o setor têxtil ainda possui tecelagem e 2 de acabamento. Quanto à
grande importância na região como principal localização, a maioria se encontra instalada
segmento produtivo da indústria de no município de Americana (10) e 1 em Nova
transformação, representando o principal Odessa e 1 em Santa Bárbara D’Oeste.
segmento empregador de mão de obra da
As empresas pesquisadas foram indicadas
região.
pelo sindicato têxtil patronal na região, que
apresentou uma relação de 268 empresas,
sendo deste universo selecionada a amostra
5. A PESQUISA NAS EMPRESAS DA REGIÃO
pesquisa. Não foram estabelecidos critérios
São apresentados a seguir os principais para a escolha desta amostra a partir do
aspectos da pesquisa realizada nas universo apresentado, sendo a única
empresas têxteis da região de Americana, condição a de pertencerem a uma mesma
como as características da amostra, cadeia e estabelecerem relações de
metodologia utilizada e resultados obtidos na produção entre si.
pesquisa.
As principais características desta amostra
são apresentadas no quadro seguir, com a
omissão dos nomes das respectivas
5.1 CARACTERÍSTICAS DA AMOSTRA
empresas por exigências dos entrevistados.
PESQUISADA
Estes nomes foram substituídos pelas letras
A pesquisa foi realizada no segundo semestre iniciais dos segmewntos da cadeia têxtil em
de 2014 em 12 empresas que compõem a que estas empresas estão (“F” de fiação, “T”
cadeia têxtil na região de Americana, sendo 2 de tecelagem e “A” de acabamento).
empresas de fiação, 8 empresas de

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


96

Quadro 01: Características da amostra pesquisada


Ano de No. de Faturamento
Empresa Produtos
fundação funcionários em 2013
F1 1972 filamentos de polyester e acetato 494 R$ 12
milhões
F2 1962 fios de algodão 100% e 738 não
algodão/poliéster declarado
T1 1968 tecido jacquard para estofados e 104 R$ 7,5
cortinas. milhões
T2 1962 tecidos industriais e de 267 não
acabamento em geral declarado
T3 1964 tecidos para forração de bolsas 09 R$ 1,2 milhão
femininas
T4 1973 tecidos planos sintéticos para 38 R$ 4,7
confecções em geral milhões
T5 1953 tecidos de algodão para jeans 589 não
declarado
T6 1966 tecido de nylon para jaquetas 89 R$ 8,7
milhões
1952 artigos de renda (toalhas de mesa, 182 R$ 9,2
T7 trilhos e cortinas) milhões
T8 1982 tecidos para decoração em geral 21 não
declarado
A1 1963 beneficiamento de tecidos planos 127 não
em geral declarado
1948 tingimento e estamparia de tecidos 244 R$ 8,5
A2 planos em geral milhões
Fonte: O autor, a partir da pesquisa realizada.

Figura 03: Posição das empresas pesquisadas na cadeia

Fonte: elaboração própria a partir das empresas pesquisadas

5.2 METODOLOGIA UTILIZADA questionário com questões abertas


previamente definidas, que tratavam das
A pesquisa foi realizada por meio de
relações entre empresas da cadeia, as
entrevistas com responsáveis administrativos
atividades de cooperação produtiva e como
(proprietários ou gerentes) das empresas da
isso resultava em processos de aprendizado
amostra escolhida, baseadas em um

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


97

e inovação tecnológica. Algumas das são então enviados pela fiação para serem
entrevistas foram realizadas in loco (8 testados na tecelagem.
empresas), outras por meio de correio
Esta relação de cooperação entre as
eletrônico (2 empresas) e por meio telefônico
empresas de fiação e as tecelagens resulta,
(2 empresas).
entretanto, em vantagens produtivas para as
primeiras, principalmente no aspecto
financeiro, pois as atividades desenvolvidas
5.3 RESULTADOS DA PESQUISA
em conjunto permitem a redução de alguns
OS RESULTADOS OBTIDOS A PARTIR DAS custos operacionais decorrentes dos testes
ENTREVISTAS REALIZADAS NAS EMPRESAS realizados, como os de devolução futuras de
DA AMOSTRA SÃO RELATADOS A SEGUIR: produtos sem conformidade. Isso foi
percebido no relato do entrevistado da
a) cooperação:
empresas “F2”, para quem os testes são
As relações estabelecidas entre as empresas importantes para a empresa porque evitam o
da amostra se caracterizam basicamente desperdício de material, e assim o
como sendo de cooperação produtiva entre desperdício de dinheiro, pois, quando a
empresas. A maioria das empresas tecelagem faz os testes nos teares das
pesquisadas (80%) declarou a existência tecelagens clientes ela antecipa vários
deste tipo de relacionamento, e considerou defeitos e problemas na produção do tecido,
isso importante para a obtenção de vantagens que só seriam observados posteriormente,
competitivas em relação aos concorrentes no quando a empresa já havia colocado o
mercado. produto no mercado.
As duas empresas de fiação pesquisadas (F1 As empresas de tecelagem declararam que
e F2) declararam que as ações de os testes realizados pelas fiações são a única
cooperação são estabelecidas principalmente forma de cooperação produtiva estabelecida
com as empresas de tecelagem (T1 à T8), entre estes membros da cadeia, e que é a
pela necessidade de desenvolvimento de partir dos novos fios fornecidos pelas mesmas
novos produtos, que são testados por estas que surgem as oportunidades de
tecelagens antes de serem lançados no desenvolvimento de novos produtos, como
mercado. Os entrevistados das fiações tecidos com novos desenhos e novas
declararam que esse procedimento é combinações de fios. Estas empresas
realizado não somente com estas tecelagens alegaram que geralmente os fios são
da amostra, mas também com diversas outras entregues na produção, aos cuidados de um
tecelagens da região, e que isso faz parte da responsável pela programação, com as
política mercadológica de suas empresas. especificações para a utilização do produto, e
que nenhum engenheiro ou técnico da
Conforme declaração do entrevistado da
empresa de fiação acompanha os testes
empresa de fiação “F1”, quando a empresa
feitos, limitando-se somente a solicitar
lança um novo tipo de produto no mercado, é
posteriormente um relatório simples sobre o
feito um teste preliminar nas tecelagens que
comportamento do novo fio
são seus clientes, para verificar a viabilidade
e o comportamento do produto durante o As empresas de acabamento da amostra
processo produtivo. declararam que promovem ações de
cooperação na cadeia, principalmente com as
Tal relacionamento de cooperação produtiva
empresas do segmento anterior, as
entre as empresas é realizado, conforme o
tecelagens. Tal relação de cooperação ocorre
entrevistado, de maneira informal, sem
por meio de modificações nos aspectos
nenhum contrato ou documento que
técnicos dos produtos, nas estampas e nas
regularize estas relações de cooperação. Ao
cores utilizadas no processo de acabamento
ser questionado se era estabelecido algum
do tecido cru. Este fato foi relatado por um
tipo de contrato formal entre a fiação e as
dos entrevistados das empresas de
tecelagens, este mesmo entrevistado apontou
acabamento (A1), ao declarar que as
que em muitos casos os acordos para os
tecelagens enviam para a empresa o tecido, e
teste de produtos são feitos por telefone ou e-
muitas vezes sugerem uma nova estampa ou
mail diretamente com os responsáveis pela
um novo tratamento, sendo a solicitação
produção na tecelagem. Quando esta pessoa
enviada ao departamento técnico, que analisa
aceita realizar o teste proposto, os produtos
a possibilidade de atendê-la, e caso isso seja

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


98

possível, a tecelagem é comunicada sobre os os trabalhadores da tecelagem, e que algum


testes de um novo acabamento. tipo de conhecimento somente é repassado
para as tecelagens, pela fiação, caso haja
Porém, da mesma forma que a relação entre
alguma solicitação ou iniciativa da primeira.
as empresas de fiação e as de tecelagem, as
relações entre as empresas de acabamento Estas declarações foram confirmadas pelas
ocorrem superficialmente, limitando-se à troca empresas de tecelagem, mencionando que as
de comunicados e de relatórios de operações informações e discussões realizadas com os
realizados na produção. Inexiste, portanto, profissionais das fiações não permitem, num
entre as empresas de tecelagem e primeiro momento, a absorção de
acabamento, um processo regular e conhecimento mais aprofundado sobre novas
coordenado de cooperação produtiva, sendo formas de aplicação do fio na produção, além
este processo de cooperação eventual e daquela sugerida pela empresa fornecedora.
pontual, relacionado às necessidades
Tanto o entrevistado da empresa “T2” quanto
específicas da produção num determinado
o da empresa “T6” declaram que não é
momento.
possível, com as informações repassadas
Estas empresas alegaram também, nas pela fiação, gerar conhecimento que possa
entrevistas, estabelecerem relações de ser replicado na empresas, por meio da
cooperação técnica com outros fornecedores utilização em outros produtos ou mesmo
fora da cadeia têxtil, principalmente as desenvolver novos tecidos que tenham como
empresas fornecedoras de produtos base a matéria-prima fornecida pela fiação.
químicos, por meio de testes de novos
O mesmo ocorre no relacionamento entre as
produtos no processo produtivo.
empresas de tecelagem e as de acabamento,
cuja cooperação técnica se resume à troca de
informações sobre aspectos relacionados ao
b) aprendizagem
acabamento do tecido, como cor do desenho
A natureza das relações estabelecidas entre e padronagem (tipo de desenho).
os membros da cadeia têxtil pesquisada
O entrevistado da empresa de acabamento
indica as implicações destas relações para a
“A2” declarou que a troca de informações
constituição de um processo de
entre a empresa e as tecelagens em relação
aprendizagem tecnológica entre estes
aos novos padrões a serem adotados nos
membros. Nesse sentido, todas as empresas
tecidos se limitam ao envio do desenho a ser
pesquisadas declararam que estas relações
estampado ou às novas cores a serem
se baseiam em visitas eventuais aos seus
utilizadas no tingimento, e que nenhum
fornecedores e clientes, e cuja troca de
acompanhamento é feito durante o processo
informações técnicas são pontuais, limitando-
de acabamento do tecido. Os técnicos da
se a resolução de problemas específicos.
tecelagem repassam poucas informações que
No caso da cooperação técnica entre a fiação possibilitem a adoção de novas formas de
e a tecelagem para teste de um novo produto, produção ou de novos produtos, pois não
a troca de informações é feita por um técnico existe a troca de conhecimento entre os
ou engenheiro da fiação junto a um outro técnicos destas empresas.
técnico da tecelagem, sendo que o primeiro
Percebe-se portanto, que não existe um
limita-se a discutir aspectos pontuais do
processo sistemático de transmissão de
produto e a solicitar informações específicas,
conhecimento (tácito ou explícito) nas
que por sua vez são repassadas, também de
relações de cooperação técnica entre as
forma pontual e específica, pelo segundo.
empresas que compõem a cadeia têxtil
Conforme declarações do entrevistado da pesquisada.
empresa “F1”, durante o processo de
cooperação técnica, as informações
repassadas à tecelagem são superficiais, e c) inovação
não é dado nenhum treinamento ou
O caráter superficial das relações de
qualificação anterior para que os operadores
cooperação resulta, portanto, na falta do
da tecelagem possam fazer os testes com o
estabelecimento de um processo de
produto (fio têxtil) enviado. Ele mencionou que
aprendizagem, que culmina na inexistência
nunca houve interesse da tecelagem e nem
de inovações resultantes da cooperação entre
da fiação em repassar informações ou treinar
as empresas da cadeia têxtil.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


99

As poucas inovações promovidas pelas determinado tipo de fio que havia sido
empresas pesquisadas resultaram, conforme enviado para a realização de testes pela
já mencionado anteriormente, de esforços empresa de fiação “F1” foi aplicado pelo
tecnológicos internos da empresa, e de tecnólogo da empresa na produção de um
conhecimento adquirido em ambientes outro tecido, a partir da mistura com outro fio
externos ao da cadeia, como instituições de de composição diferente, dando origem a um
ensino e pesquisa frequentados por outro tipo de tecido que foi muito aceito pelas
funcionários durante a realização de cursos empresas de decoração.
formais técnicos ou tecnológicos, ou feiras e
As declarações dos entrevistados das
eventos em que amostras de novos produtos
tecelagens indicam que as inovações nos
são obtidas e depois copiadas.
tecidos surgem, inicialmente, das inovações
Outro aspecto percebido durante as nos fios, e que as tecelagens criam este novo
entrevistas e já mencionado em trabalhos tecido a partir do novo fio. Assim, as
anteriores sobre a cadeia produtiva têxtil inovações na cadeia são originárias das
(GEREFFI, MEMEDOVIC, 2003; GIBBON, inovações na fiação.
2001) é que as inovações na cadeia
Além disso estas tecelagens apontaram que
geralmente são introduzidas pelas empresas
inovam também de forma incremental em
de fiação (principal fornecedor de matéria-
produtos, por meio do desenvolvimento de
prima), que são empresas de grande porte, e
novas características em tecidos já
algumas multinacionais, e que por isso
conhecidos no mercado, como novos
coordenam a cadeia. Esse fato é explicado,
desenhos, mistura de fios, novas cores, etc.,
segundo Viana, Barros Neto e Añez (2014),
desenvolvidas por profissionais das empresas
pelos ganhos financeiros e tecnológicos
pesquisadas e fornecidas aos clientes.
resultantes da cooperação em cadeias de
suprimentos que são influenciados pela Os entrevistados de quatro empresas de
existência de assimetrias na coordenação tecelagem a amostra pesquisadas declararam
destas, resultado das diferenças de que suas empresas têm buscado produzir
capacitação, recursos financeiros e tamanho tecidos com novos desenhos e relevos, para
dos agentes participantes. tentar conquistar novos clientes, e que isso
tem sido desenvolvido por desenhistas e
Conforme apontou o entrevistado da empresa
técnico de suas empresas. Esses novos
“F2”, as operações a serem realizadas pela
produtos são modificações incrementais nos
tecelagem, quando da realização de teste de
tecidos já produzidos pelas mesmas, e
algum produto, são previamente
utilizam as matérias-primas já utilizadas
determinadas pela fiação, e não cabendo à
atualmente.
tecelagem a adoção de novas formas de
realização do processo ou a introdução de O mesmo ocorre com as empresas de
novos produtos na produção de tecido a partir acabamento, cujas inovações também se
do fio fornecido pela fiação. Ele citou o caso caracterizam por serem incrementais e de
de testes que a empresa fez com um novo fio produtos, e são resultado, em sua maioria,
um pouco mais expesso e com um número de dos testes realizados no laboratórios químicos
torção diferente do convencional (o que a partir dos conhecimentos de seus técnicos.
mostra uma inovação incremental em um
O entrevistado da empresa “A2” exemplificou
produto já existente no mercado), e que os
este fato ao declarar que a empresa tem
teste com este novo fio têm sido feitos em
desenvolvido novas padronagens (desenhos),
duas tecelagens da região, cujas informações
a partir dos desenhos já existentes,
sobre os procedimentos durante o processo
geralmente copiados de amostras obtidas em
de produção do tecido foram previamente
feiras e eventos têxteis internacionais, e que
combinados com os técnicos das empresas.
tem buscado modificar algumas combinações
As inovações nas tecelagens são resultado, nos produtos químicos já utilizados no
geralmente, da ação de um técnico ou beneficiamento dos tecidos, inclusive com o
tecnólogo têxtil a partir de um processo de objetivo de gerar menos poluição e reduzir o
tentativa e erro, baseado em conhecimentos consumo de água no processo.
deste profissional adquiridos nos cursos
realizados externamente. Um exemplo é a
declaração do entrevistado da empresa “T3”,
que apontou uma situação em que um

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


100

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS as empresas pesquisadas ocorrem de forma


superficial, não havendo nenhum
A cooperação entre empresas do mesmo planejamento que estabeleça diretrizes, forma
setor e que compõem uma cadeia integrada, de coordenação e objetivos destas relações.
do tipo das cadeias de suprimentos, tem sido
tratada por diversos autores como um Por isso, as informações e conhecimentos
elemento resultante do aumento da inovação transmitidos entre as empresas da cadeia
e do aprendizado tecnológico nas empresas analisada são praticamente inexistentes, e se
componentes, e que podem resultar em resumem aos relatórios técnicos
aumento da produtividade e da simplificados, que não permitem às empresas
competitividade estas empresas pesquisadas a troca de conhecimento técnico
individualmente. Estas abordagens, porém, sobre o produto ou processo utilizado na
desconsideram na sua maioria algumas produção.
imperfeições do modelo e que podem Tal comportamento pode ser explicado pela
comprometer tais ganhos, como a assimetria forma assimétrica em que ocorrem estas
de poder e desequilíbrio na coordenação e na relações, sendo o fornecedor de fio (o
governança da cadeia. primeiro elo da cadeia) representado por uma
Os resultados destas imperfeições e empresa cujo tamanho, volume de produção
desequilíbrios podem ser representados, e forma de inserção e atuação no mercado se
inicialmente, pelas dificuldades nas relações diferencia das outras empresas da cadeia
de cooperação e na transmissão de (tecelagens e acabamento), que são, na sua
informações que resultem no aprendizado e maioria, empresas de pequeno porte e com
em inovações tecnológicas adotadas na atuação regional, não possuindo, portanto,
cadeia. poder dentro da cadeia.

No caso das empresas analisadas nesta Considerando o aumento da competitividade


pesquisa, que compõem uma amostra da observado nos últimos anos na indústria têxtil
cadeia têxtil da região de Americana (SP), tais nacional, em decorrência do aumento das
dificuldades nas relações de cooperação importações dos países asiáticos, a carência
foram percebidas nas entrevistas realizadas de inovações na indústria têxtil regional
com os responsáveis pela produção ou representa a perda constante de parcelas do
proprietários. Estas entrevistas mostraram a mercado já restrito, bem como a
existência de relações superficiais de sobrevivência desta indústria na região. Como
cooperação entre os membros da cadeia resultado tem-se o agravamento de
entrevistados, e que esta forma de problemas econômicos e sociais para os
cooperação implica na inexistência de um municípios onde esta cadeia está instalada,
processo sistemático e coordenado de por ser este segmento industrial um dos
aquisição de conhecimento, e por maiores empregadores e geradores de renda
consequência, de inovações tecnológicas e nesta região.
organizacionais, pelas empresas.
Isso porque as entrevistas indicam que as
relações de cooperação estabelecidas entre

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Capítulo 9

Walter Saraiva Lopes


Renato José Sassi
Antônia Francisca da Silva Saraiva

Resumo: As incubadoras de base tecnológica (IBTS) são ambientes planejados


que abrigam empresas inovadoras na fase inicial, proporcionando infraestruturas,
apoio gerencial e apoio tecnológico. As empresas de base tecnológica (EBTS)
fundamentam suas atividades produtivas no desenvolvimento de novos produtos ou
serviços com características inovadoras. Já os fatores de contribuição são todos os
suportes oferecidos pelas incubadoras, que possa vir a ser utilizado em apoio ao
desenvolvimento das empresas incubadas. Objetivo desta pesquisa foi analisar as
influências dos fatores de contribuição das IBTS e das EBTS da região do vale do
paraíba paulista como elementos fundamentais para o desempenho do negócio.
Optou-se pelo método qualitativo, do tipo exploratório e descritivo, na aplicação de
dois questionários: um para cinco IBTS e o outro para vinte e cinco EBTS na região
do Vale do Paraíba Paulista. As respostas obtidas da survey sobre o grau de
importância dos fatores de contribuição verificou que as IBTS apresentaram uma
conformidade nas respostas. Já as EBTS apresentaram um resultado em que não
consideraram os fatores de contribuição responsável pelo sucesso do
empreendimento. Conclui-se que, as IBTS consideram que os fatores de
contribuição tem uma relevância para o sucesso das EBTS. Para as EBTS os
fatores de contribuição são importantes, mas não decisivo no sucesso do
empreendimento.

Palavras-chave: Incubadoras de base tecnológica, Empresas de base tecnológica,


Empreendimentos de base tecnológica, Fatores de contribuição; Vale do Paraíba
Paulista.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


104

1. INTRODUÇÃO O crescimento da região do Vale Paraíba


Paulista tomou impulso a partir da
No atual ambiente empresarial os fatores de
inauguração da Rodovia Presidente Dutra no
contribuição são elementos fundamentais na
início da década de 1950, possibilitando a
busca pela competitividade das EBTs. Estes
entrada de grandes empresas para a região,
fatores são mais evidentes nas IBTs, pois são
estes elementos permitiram o
responsáveis em promover a maturidade
desenvolvimento de um importante parque
competitiva através dos fatores de
tecnológico do estado de São Paulo.
contribuição que tornou um mecanismo
essencial. Desta forma, a justificativa deste trabalho se
dá pela grande importância das IBTs e das
Os fatores de contribuição são ações
EBTs para o desenvolvimento econômico e
oferecidas pelas IBTs favorecendo as
tecnológico da região do Vale do Paraíba
habilidades necessárias para gerirem as EBTs
Paulista, adotando-se estratégicas em função
e promoverem oportunidades de negócios,
do sucesso da empresa como fatores de
durante o período de incubação. As IBTs
contribuição no suporte em desenvolver
neste propósito praticam o
habilidades, atitudes e conhecimentos para
empreendedorismo nas EBTs com apoio e
proporciona mecanismo de oportunidade de
capacitação gerencial e tecnológica,
negócio no cenário competitivo. Já a
transformando ideias em empreendimentos
motivação em compreender a importância da
inovadores.
influência dos fatores de contribuição na
Estes fatores de contribuição estão presentes busca por êxito empresarial.
nas incubadoras através das características
Com a estrutura atual que a região do Vale do
empreendedoras, os recursos oferecidos e as
Paraíba Paulista evoluiu e em especial a
exigências nos requisitos para instalação,
importância das incubadoras locais
recebem-se este conjunto de suportes
fomentando a inovação tecnológica nos
necessários para a implantação, crescimento
empreendimentos de base tecnológica. O
e desenvolvimento do negócio, durante o
papel das incubadoras são essenciais neste
período de incubação (RAUPP e BEUREN
cenário competitivo, no desenvolvimento das
2009; LOPES e SASSI, 2011).
empresas incubadas. Neste contexto surgem
Está relacionada à sobrevivência das EBTs um pergunta de pesquisa: Qual é o grau de
segundo Raupp e Beuren (2009), as várias importância dos fatores de contribuição no
iniciativas proporcionadas pelas incubadoras processo de incubação?
na geração de novos empreendimentos,
Buscando resposta ao problema proposto, o
espera-se que as empresas incubadas
objetivo geral desta pesquisa foi analisar as
tendem a estar mais bem preparadas quando
influências dos fatores de contribuição das
se inserem no mercado de forma autônoma.
IBTs e das EBTs da região do Vale do Paraíba
Na pesquisa realizada por Lopes (2011)
Paulista como elementos fundamentais para o
confirma-se que as empresas que passaram
desempenho do empreendimento.
por um processo de incubação evitam a
mortalidade na fase inicial do Para alcançar este objetivo, houve a
empreendimento. necessidade de alguns objetivos específicos,
sendo eles: Identificar o grau de importância
As EBTs são empreendimentos inovadores,
atribuídos aos fatores de contribuição:
devido estas características tornam um
Identificar quais os fatores de contribuições
empreendimento com grau elevado de risco
influenciam o desempenho das EBTs
na fase inicial, estando incubado este risco
conforme as IBTs. Analisar como os fatores de
torna mais maleável com a
contribuição influenciam no desenvolvimento
corresponsabilidade da incubadora na
das habilidades gerenciais e tecnológicas
formação dos empreendedores.
como elementos fundamentais para o
O grande sucesso das incubadoras no Brasil desempenho do negócio.
deu-se pela competência ao longo dos anos.
A contribuição desta pesquisa está
Na região do Vale Paraíba Paulista não sendo
relacionado com os fatores de contribuição
diferente do resto do país, pois as
como elementos potencializadores, que tem o
incubadoras de empresas estão ganhando
intuito de desinibir nos gestores competências
força e apoio dos órgãos públicos, está
empreendedoras.
confiabilidade estar relacionado com bom
desempenho destas instituições na região.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


105

2. EMPREENDIMENTOS DE BASE ou serviços são gerados a partir de resultados


TECNOLÓGICA do conhecimento técnico-científico.
Os empreendimentos de base tecnológica Paletta (2008), define as IBTs como centros
possuem características inerentes ao de excelência que reúnem profissionais com
conhecimento cientifico e tecnológico, capacidade técnica, gerencial e
proporcionando potencialização do administrativa com o objetivo comum de
desenvolvimento regional. fornecer suporte às pequenas empresas
incubadas no desenvolvimento e
Estes empreendimentos são formados pelas
consolidação empresarial.
incubadoras que favorecem o
desenvolvimento dos fatores de contribuição. Na tentativa de inserir conhecimentos e
Já as empresas incubadas utilizam dos potencializar novos empreendedores, as IBTs
fatores oferecidos pelas incubadoras para o acolhem e incubam empresas nascentes,
desenvolvimento gerencial e tecnológico. cujos processos produtivos empregam
tecnologias inovadoras e conhecimento
Na próxima subseção uma breve definição de
científico (STAINSACK, 2003; TOLEDO et al.,
incubadoras.
2008).
A essas empresas nascentes que passam por
3.1 INCUBADORAS DE EMPRESAS esse processo de incubação denominam- se
empresas de base tecnológica (EBTs), que
As Incubadoras de empresas são
serão abordadas na subcapítulo seguinte.
mecanismos úteis e encorajadores no
desenvolvimento para acelerar o crescimento
e o sucesso de empresas empreendedoras,
2.2 EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA
através de uma série de suporte empresarial e
tecnológico, que promovem iniciativas que A Associação Nacional de Entidades
possam dar respostas ao avanço econômico Promotoras de Empreendimentos Inovadores
e tecnológico (ANPROTEC, 2010; NBIA, (ANPROTEC, 2002), caracteriza empresa
2010). base tecnológica em dois pontos:
As incubadoras de empresas são ambientes  Processo ou produção que resulta da
que abrigam pequenas empresas na fase pesquisa científica e cujo valor
inicial, através de uma estrutura favorável que agregado advém das inovações
estimulam a criação e protegem seus tecnológicas;
desenvolvimentos, oferecendo suporte  Aplicação do conhecimento
técnico, gerencial e formação complementar científico, do domínio de técnicas
aos empreendedores (LOPES, 2011). complexas e do trabalho de alta
qualidade técnica.
A incubadora de empresa é útil para estimular
o surgimento e a consolidação de empresas No entanto, outras caracterizações são dadas
que amparadas em um espaço físico, com as EBTs, como aquelas que têm alto nível de
infraestrutura técnica e operacional podem ter capacidade tecnológica no produto da
as ideias inovadoras dos futuros empresários inovação sistêmica (TOLEDO et al., 2008).
transformadas em novos produtos ou
As EBTs têm como principal insumo o
processos (PORTON, LONGARAY; 2005).
conhecimento e as informações técnico-
Existem incubadoras especializadas em científicas, que fundamentam suas atividades
vários setores do mercado, mas a segui produtivas no desenvolvimento de novos
abordamos as incubadoras de base produtos ou processos, com a aplicação
tecnológica. sistemática desses conhecimentos e a
utilização de técnicas avançadas ou pioneiras
(TOLEDO et al., 2008).
2.1.1 INCUBADORAS DE BASE
As EBTs para atingir seus objetivos
TECNOLÓGICA
necessitam das IBTs, através dos fatores de
Segundo Lopes (2011), as incubadoras de contribuição, que será tratado a seguir.
base tecnológica (IBTs) destacam-se pelo
valor agregado com o domínio da tecnologia,
inovação e pesquisa. São organizações que
abrigam empresas cujos produtos, processos

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


106

2.3 FATORES DE CONTRIBUIÇÃO DOS Enfim, as incubadoras são mecanismos


EMPREENDIMENTOS DE BASE responsáveis pelos desenvolvimentos das
TECNOLÓGICA características empreendedoras, através dos
programas oferecidos e recursos disponíveis.
O grande desafio para os empreendimentos
É comum ações com características
de base tecnológica é desenvolver
empreendedoras nas empresas incubadas,
conhecimentos e habilidades que auxiliam
que confirmam a importância das
nos processos administrativos e tecnológicos,
incubadoras para o desenvolvimento destes
que possam proporcionar desempenho e
fatores de contribuição nos empreendimentos
maturidade na potencialização do
e desempenho na busca por oportunidade e
empreendimento.
sucesso do negócio no período de incubação
Os programas oferecidos nas incubadoras (LOPES e SASSI, 2012).
para potencialização das características
empreendedoras por meio dos recursos
disponibilizados contemplam as incubadas NO CAPÍTULO A SEGUIR A METODOLOGIA
através de: inovação tecnológica e gerencial, USADA NO TRABALHO.
habilidade para conduzir situações diversas,
4. METODOLOGIA
valorização do trabalho em equipe e entre
outros (RAUPP e BUEREN, 2009). Estas Esta é uma pesquisa com abordagem
formas de capacitação promovidas nas qualitativa, do tipo exploratório e descritivo,
incubadoras aproximam-se de pessoas mais que para Silva e Menezes (2005) visam
experientes, possibilitando o surgimento de proporcionar maior familiaridade com os
processos formais e informais, baseados na fatores de contribuição pesquisados e de
formação de redes de relacionamentos para o maneira objetiva na identificação dos fatores
desenvolvimento dos empreendedores de contribuição que vem promover o
incubados (LOPES, 2011). desenvolvimento dos empreendimentos de
base tecnológica, pelo meio dos métodos
Para Chiavenato (2012), o empreendedor
indutivamente.
consegue fazer as coisas acontecerem por
apresentar certas características O estudo foi uma survey em cinco IBTs e vinte
empreendedoras que favorecem para o e cinco EBTs, onde foi aplicado um
sucesso dos negócios. Os empreendedores questionário para as incubadoras de
ao buscarem uma incubadora, alguns fatores empresas e outro nas empresas incubadas. O
de contribuição são essenciais para o questionário está dividido em perguntas
requisito de incubação, como: inovação; fechadas, abertas e dissertativas.
viabilidade técnica e econômica;
As incubadoras e a empresas incubadas
sustentabilidade e outros, Tabelas 1, 4, 5 e 8.
estudadas estão localizadas na região do
Os fatores de contribuição são recursos Vale do Paraíba Paulista. As incubadoras
oferecidos pelas incubadoras às empresas oferecessem as empresas infraestruturas de
incubadas, para pode favorecer e instalações e serviços, apoio gerencial e
potencializar o desenvolvimento da tecnológico, por um período de dois anos.
continuidade do negócio (RAUPP e BEUREN
Com base nas respostas dos questionários
2009; LOPES e SASSI, 2012).
foram construídas tabelas que mostram o
Para os empreendimentos de base grau de importância atribuídos pelos gestores
tecnológica são ainda mais visíveis alguns das IBTs e das EBTs aos fatores de
fatores de contribuição. Segundo Lopes contribuição, a média aritmética, o desvio-
(2011), os fatores de contribuição configuram- padrão e o número de IBTs respondentes. A
se como uma contribuição indispensável para tabulação dos dados obtidos com as
desenvolvimento e continuidade do respostas dos questionários foi analisada
empreendedorismo. Ressalta-se Raupp e usando o software Microsoft Excel.
Beuren (2009) à necessidade das
Os resultados serão apresentados na próxima
incubadoras de disponibilizar recursos que
capítulo.
possam contribuir com as empresas durante o
processo de incubação, além de favorecer o
desenvolvimento dos fatores de contribuição
como características empreendedoras.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


107

5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS importância atribuído, a média aritmética, o


desvio-padrão, respectivamente.
Neste capítulo serão apresentadas as Tabelas
com o grau de importância que representam No subcapítulo seguinte, apresentam-se os
os dados obtidos através das IBTs e EBTs. dados dos fatores de contribuição das IBTs.
As Tabelas 1, 2, 3 e 4 que representam os
dados das IBTs: os fatores de contribuição, o
5.1 OS FATORES DE CONTRIBUIÇÃO DAS
número de IBTs respondentes, o grau de
IBTS
importância atribuído, a média aritmética, o
desvio-padrão, respectivamente. Na Tabela 1 pode-se verificar o grau de
importância dado pelas IBTs aos fatores de
As Tabelas 5, 6, 7 e 8 que representam os
contribuição com relação às características
dados das EBTs: os fatores de contribuição, o
empreendedoras.
número de EBTs respondentes, o grau de

Tabela 1 – Grau de importância das características empreendedoras


Fatores de Contribuição Número de Grau de Importância Desvio
IBTS 1 2 3 4 5 Média Padrão
Respondentes
Inovador 5 - - - 1 4 4,80 0,45
Líder 5 - - - 3 2 4,40 0,55
Assume Riscos 5 - - - 2 3 4,20 0,84
Independente 5 - - 1 2 2 4,00 0,71
Criativo 5 - - - 1 4 4,80 0,45
Possuir iniciativa 5 - - - 2 3 4,60 0,55
Perseverante 5 - - - 3 2 4,40 0,55
Persistente 5 - - - 2 3 4,60 0,55
Disposto a aprender 5 - - - 3 2 4,40 0,55
Identificado com novas oportunidades de 5 - - 1 4 - 3,80 0,45
negócios
Tomador de decisões 5 - - - 1 4 4,80 0,45
Sabe trabalhar em grupo 3 - - - 2 1 4,33 0,58
Possui visão sistêmica 3 - - - 2 1 4,33 0,58
Fonte: Dos Autores.

Na Tabela 2 pode-se verificar o grau de contribuição com relação aos recursos


importância dado pelas IBTs aos fatores de oferecidos pelas incubadoras.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


108

Tabela 2 – Grau de importância dos recursos oferecidos


Fatores de Contribuição Número de IBTS Grau de Importância Desvio
Respondentes 1 2 3 4 5 Média Padrão
Acesso aos laboratórios (equipamentos de alta 5 - 1 - 2 2 4,00 1,22
precisão ou de alto custo)
Acesso à biblioteca 5 - - 1 3 1 4,00 0,71
Utilização do módulo 5 - - 3 2 4,40 0,55
Disponibilidade de infraestrutura de instalações 5 - - - 3 2 4,40 0,55
(sala de reunião, refeitório, sanitários, entre
outros)
Disponibilidade de infraestrutura de serviços de 5 - - - 3 2 4,40 0,55
comunicação (telefone, fax, Internet, informática,
entre outros)
Existência de serviços de assessoria através de 5 - - - 2 3 4,60 0,55
consultores (contador, advogado,
Administrador, engenheiro, financeiro...)
Participação de pesquisadores universitários 5 - - 1 1 3 4,40 0,89
(professores e alunos)
Participação dos proprietários (empreendedores) 5 - - - 1 4 4,80 0,45
em eventos (seminários, feiras, cursos...)
Serviços de apoio empresarial e gerencial 5 - - - 2 3 4,60 0,55
Serviços de apoio a capacitação tecnológica 5 - - - 1 4 4,80 0,45
Fonte: Dos Autores.

Na Tabela 3 pode-se verificar o grau de oferecidos em parcerias com outros agentes


importância dado pelas IBTs aos fatores de de desenvolvimento.
contribuição com relação aos recursos

Tabela 3 – Grau de importância dos recursos oferecidos em parcerias com outros agentes de
desenvolvimento
Fatores de Contribuição Número de IBTS Grau de Importância Desvio
Respondentes 1 2 3 4 5 Média Padrão
Parceria com universidades 5 - - - 2 3 4,60 0,55
Parceria com centros de pesquisa e institutos de 5 - - - 3 2 4,40 0,55
P&D
Apoio do Programa Nacional de Apoio a 5 - - - 1 4 4,80 0,45
Incubadora de Empresa
Apoio dos Programas de Capacitação de 5 - - - 2 3 4,60 0,55
Recursos Humanos para Atividades
Estratégicas
Apoio dos Programas de Apoio Tecnológico Às 5 - - - 1 4 4,80 0,45
Micro e Pequenas Empresas
Apoio da Consultoria do SEBRAE através de 5 - - 1 3 1 4,00 0,71
Programas oferecidos
Apoio do Projeto Inovar para disponibilizar 5 - - - 1 4 4,80 0,45
financiamento
Apoio do Programa Brasil Empreendedor para 5 - - 1 2 2 4,20 0,84
Capacitação Empresarial
Apoio de Agentes Financeiros (Banco do Brasil, 5 - - 1 2 2 4,20 0,84
Caixa Econômica Federal, Banco do
Empreendedor, etc)
Acesso aos programas disponibilizado pelo 5 - - - 1 4 4,80 0,45
CNPq, FAPESP, entre outros
Fonte: Dos Autores.

Na Tabela 4 pode-se verificar o grau de contribuição com relação aos requisitos de


importância dado pelas IBTs aos fatores de seleção.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


109

Tabela 4 – Grau de importância dos requisitos de seleção

Fatores de Contribuição Número de IBTS Grau de Importância Desvio


Padrão
respondentes 1 2 3 4 5 Média
Exigência de um produto ou serviço 5 - - - 1 4 4,80 0,45
com viabilidade técnica e
econômica
Exigência por produto ou serviço 5 - - - - 5 5,00 0,00
com características inovadoras
Qualificação técnica do(s) 5 - - 1 - 4 4,60 0,89
proprietário(s)
Habilidade gerencial do(s) 5 - - - 3 2 4,40 0,55
proprietário(s)
Perfil do(s) proprietários(s) e da 5 - - 1 2 2 4,20 0,84
equipe
Setor de atuação do 5 - - - 1 4 4,80 0,45
empreendimento
Experiência do(s) proprietário(s) no 5 - - - 2 3 4,60 0,55
setor de atuação
Possibilidade de geração de novos 5 - - - 3 2 4,40 0,55
empregos
Possível contribuição no 5 - - - 3 2 4,40 0,55
desenvolvimento econômico da
região
Possibilidade de interação com 5 - - - 1 4 4,80 0,45
universidades ou centros de
pesquisa
Possível retorno financeiro do 5 - - - 1 4 4,80 0,45
empreendimento
A utilização de um processo de 5 - - - 2 3 4,60 0,55
produção não poluente ou baixo
poluente
A sustentabilidade do projeto 5 - - - - 5 5,00 0,00
apresentado pela incubada
Fonte: Dos Autores.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


110

5.2 OS FATORES DE CONTRIBUIÇÃO DAS contribuição com relação às características


EBTS empreendedoras.
Na Tabela 5 pode-se verificar o grau de
importância dado pelas EBTs aos fatores de

Tabela 5 – Grau de importância das características empreendedoras


Fatores de Contribuição Número de Grau de Importância Desvio
EBTS Média Padrão
Respondentes 1 2 3 4 5
Inovação 25 - - - 9 16 4,64 0,49
Liderança 25 1 - 2 15 7 4,08 0,86
Assumir riscos 25 - - 5 13 7 4,08 0,70
Independência 25 1 - 5 11 8 4,00 0,96
Criatividade 25 - 1 4 5 15 4,36 0,91
Iniciativa 25 - - 1 13 11 4,40 0,58
Perseverança 25 - - 1 7 17 4,64 0,57
Persistência 25 - - 3 6 16 4,52 0,71
Disposição de Aprendizagem Do 25 - 1 1 6 17 4,56 0,77
Proprietário
Identificação de novas oportunidades de 25 - - 4 4 17 4,56 0,77
negócios
Tomada de decisões 25 - - 2 9 14 4,48 0,65
Fonte: Dos Autores

Na Tabela 6 pode-se verificar o grau de contribuição com relação aos recursos


importância dado pelas EBTs aos fatores de oferecidos pelas incubadoras.

Tabela 6 – Grau de importância dos recursos oferecidos


Fatores de Contribuição Número de Grau de Importância Desvio
EBTS 1 2 3 4 5 Média Padrão
Respondentes
Acesso a laboratórios (equipamentos de 21 2 2 7 2 8 3,57 1,36
alta precisão ou de alto custo)
Acesso à biblioteca 25 3 2 9 5 6 3,36 1,29
Utilização do módulo 24 1 1 3 9 10 4,08 1,06
Disponibilidade de infraestrutura de 25 - - 2 8 15 4,52 0,65
instalações (sala de reunião, refeitório,
sanitários, entre outros)
Disponibilidade de infraestrutura de 25 - 1 2 9 13 4,36 0,81
Serviços de comunicação (telefone, fax,
Internet, informática, entre outros)
Existência de serviços de assessoria e 25 1 - 6 8 10 4,04 1,02
consultoria (contador, advogado,
Administrador, engenheiro, financeiro...)
Participação de pesquisadores universitários 20 - 3 8 5 4 3,50 1,00
(professores e alunos)
Participação dos proprietários em eventos 25 1 - 3 7 14 4,32 0,99
(seminários, congressos, feiras, cursos,
etc.)
Serviços de apoio empresarial e gerencial 25 1 - 1 12 11 4,28 0,89
Serviços de apoio a capacitação 25 2 - 5 7 11 4,00 1,19
tecnológica
Fonte: Dos Autores.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


111

Na Tabela 7 pode-se verificar o grau de oferecidos em parcerias com outros agentes


importância dado pelas EBTs aos fatores de de desenvolvimento.
contribuição com relação aos recursos

Tabela 7 – Grau de importância dos recursos oferecidos em parcerias com outros agentes de
desenvolvimento
Fatores de Contribuição Número de Grau de Importância Desvio
EBTS
1 2 3 4 5 Média Padrão
respondentes
Parceria com universidades 25 1 2 8 9 5 3,60 1,04
Parceria com centros de pesquisa e 21 1 2 6 3 9 3,81 1,25
institutos de P&D
Apoio do Programa Nacional de Apoio a 25 2 - 6 13 4 3,68 1,03
Incubadora de Empresa
Apoio dos Programas de Capacitação de 25 2 2 5 10 6 3,64 1,19
Recursos Humanos para Atividades
Estratégicas
Apoio dos Programas de Apoio 21 1 - 5 7 8 4,00 1,05
Tecnológico Às Micro e Pequenas
Empresas
Consultoria do SEBRAE através de 25 - 3 2 10 10 4,08 1,00
Programas oferecidos
Acesso ao Projeto Inovar para 25 3 2 6 8 6 3,48 1,29
disponibilização de financiamento
Apoio do Programa Brasil Empreendedor 25 3 4 9 4 5 3,16 1,28
para Capacitação Empresarial
Apoio de Agentes Financeiros (Banco do 25 5 5 9 2 4 2,80 1,32
Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do
Empreendedor...)
Acesso aos programas disponibilizado pelo 23 2 2 2 8 9 3,87 1,29
CNPq, FAPESP, entre outros
Fonte: Dos Autores.

Na Tabela 8 pode-se verificar o grau de contribuição com relação aos requisitos de


importância dado pelas EBTs aos fatores de seleção.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


112

Tabela 8 – Grau de importância dos requisitos de seleção.


Fatores de Contribuição Número de Grau de Importância Desvio
EBTS 1 2 3 4 5 Média Padrão
Respondentes
Exigência de um produto ou serviço com 25 1 - 1 8 15 4,44 0,92
viabilidade técnica e econômica
Exigência por produto ou serviço com 25 2 - 2 12 9 4,04 1,10
características inovadoras
Capacidade técnica do(s) proprietário(s) 25 1 - 5 7 12 4,16 1,03
Habilidade gerencial do(s) proprietário(s) 25 1 1 11 9 3 3,48 0,92
Perfil do(s) proprietários(s) e da equipe 25 1 - 7 16 1 3,64 0,76
Setor de atuação do empreendimento 25 2 2 6 4 11 3,84 1,31
Experiência do(s) proprietário(s) no setor 25 1 - 6 10 8 3,96 0,98
de atuação
Possibilidade de geração de novos 25 2 4 1 7 11 3,84 1,37
empregos
Possível contribuição no desenvolvimento 25 1 2 3 8 11 4,04 1,14
econômico da região
Possibilidade de interação com 25 4 2 9 5 5 3,20 1,32
universidades ou centros de pesquisa
Possível retorno financeiro do 25 - - 3 8 14 4,44 0,71
empreendimento
A utilização de um processo de produção 25 2 3 3 7 10 3,80 1,32
não poluente ou baixo poluente
A sustentabilidade do projeto apresentado 25 1 2 2 9 11 4,08 1,12
pela incubada
Fonte: Dos Autores.

6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS As EBTs atribuíram o grau de importância em


vários níveis de importância aos fatores de
Os fatores de contribuição são fatores
contribuição. As empresas não consideraram
voltados para o desenvolvimento de
os fatores de contribuição com a mesma
competências e habilidades relacionado com
importância das incubadoras.
uma gestão eficiente. Estes fatores de
contribuição são características, recursos e Uma análise em que as IBTs e as EBTs
exigências que bem fundamentado com os atribuíram graus de importância igual ou
objetivos do planejamento do negócio irão semelhante para os fatores de contribuição
nortear as práticas de gestão empresarial e com as maiores médias aritméticas para as
responsável pelo sucesso das empresas de incubadoras e empresas:
base tecnológica.
 a inovação, assumir riscos e a
Pode-se observar que para as IBTs os fatores busca por aprendizagem foram
de contribuição tiveram grau de importância considerados importantes
atribuído relevante, sendo considerados os (Tabelas 1 e 5);
fatores como uma ferramenta de estratégica
 a infraestrutura de instalações e
empresarial. Representa-se a importância
serviços, a participação dos
dada aos fatores no período de incubação
proprietários em eventos e a
para o desenvolvimento das EBTs.
capacitação gerencial e
Para as IBTs alguns destes fatores de tecnológica (Tabelas 2 e 6);
contribuição são tão importantes que fazem
 a participação do SEBRAE foi
parte das exigências no processo de seleção
considerada importante, parceria
das empresas para ingressarem nas
com centros de pesquisas, os
incubadoras, como: inovação;
programas de apoio às micro e
desenvolvimento regional; sustentabilidade;
pequenas empresas e os
viabilidade do produto; setor de atuação do
recursos disponibilizado pelas
empreendimento.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


113

instituições de pesquisas como de importância 4 e 5 na maior das atribuições


CNPq e FAPESP (Tabelas 3 e 7); dada pelas IBTs. Pode-se verificar que as
IBTs tem uma visão unânime ao concentrar os
 o produto ou serviço com
graus de importância atribuídos.
características inovadoras e
viabilidade técnica, econômica e Para as EBTs a concentração dos graus de
sustentável considerado relevante importância (Tabelas 5, 6, 7 e 8) em relação
para o sucesso do negócio, aos fatores de contribuição variando de 1 a 5
principalmente para as IBTs como pode ser verificado principalmente nas
(Tabelas 4 e 8); Tabelas 6, 7 e 8. A falta de unanimidade por
parte das EBTs com os fatores de
 a qualificação técnica para
contribuição representam a falta de formação
ingressar na incubadora, que a
e conhecimento gerencial.
empresa contribuir para o
desenvolvimento econômico da Analisar como os fatores de contribuição
região e trazer retorno financeiro influenciam no desenvolvimento das
para os sócios (Tabelas 4 e 8). habilidades gerenciais e tecnológicas como
elementos fundamentais para o desempenho
A análise dos resultados mostrou que o grau
do negócio. Estes fatores de contribuição
de importância atribuído pelas IBTs aos
influenciam estimulando à busca por
fatores de contribuição teve maior
aprendizagem e oportunidades, que são
concentração nos graus 4 e 5, Tabelas 1, 2, 3
condições básicas para contemplar o
e 4. Com o único fator de contribuição
conhecimento com as práticas.
identificação com novas oportunidades de
negócios que não foi atribuído valor para o Concluiu-se, que a diferença na compreensão
grau de importância 5 (muito importante), da influência dos fatores de contribuição para
sendo a única média aritmética baixa, com as IBTs e para as EBTs. Pode-se afirmar que
3,80, Tabela 1. as IBTs tem a convicção que os fatores de
contribuição são pilares de sustentação no
Já as EBTs, o grau de importância atribuído
desenvolvimento de novos empreendimentos
variou 1 a 5, Tabelas 5, 6, 7 e 8, contribuiu
incubados. No entendimento das EBTs os
para que dezoito fatores de contribuição
fatores de contribuição não são fatores
obtivessem médias abaixo de 4,0 e com o
decisivos para o desenvolvimento na fase de
fator de contribuição apoio de agentes
incubação.
financeiros (Banco do Brasil, Caixa
Econômica Federal, Banco do De modo geral, os fatores de contribuição
Empreendedor...), com a menor média influenciam no desenvolvimento dos
aritmética 2,80, Tabela 7. empreendimentos. Os resultados obtidos nas
EBTs representam a falta de formação ou
Enfim, no capítulo seguinte será a conclusão
conhecimento gerencial, está evidente na
do tratamento baseado no objetivo e
Tabela 5, onde foram considerados os fatores
respondendo o problema de pesquisa.
relacionados com as características
gerenciais, como: indiferente ou pouco
importante ou sem importância.
5. CONCLUSÃO
Esta pesquisa tem papel em contribuir com os
Este trabalho foi realizado uma análise das
gestores das incubadoras apresentado a
influências dado aos fatores de contribuição
importância desses fatores de contribuição
pelas IBTs e pelas EBTs da região do Vale do
para o desenvolvimento das EBTs. A
Paraíba Paulista. Por meio da coleta de dados
contribuição aos empreendedores das EBTs
junto a uma amostra de cinco incubadoras e
que por meio do apoio que as IBTs
vinte e cinco empresas, cujos resultados
desenvolvem no período de incubação vão
obtidos por meio da estatística.
promover os fatores de contribuição para a
Na análise dos fatores de contribuição dos escolha do rumo do empreendimento ao
empreendimentos de base tecnológica é longo da sua existência.
possível identificar os impactos que cada fator
As limitações dessa pesquisa, principalmente
influência no desempenho do
o contato (acesso) aos gestores das
empreendimento.
incubadoras e aos empreendedores das
Possibilitou identificar (Tabelas 1, 2, 3 e 4) empresas.
que os fatores de contribuição tiveram grau

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


114

Como continuidade da pesquisa a sugestão é fatores de contribuição importantes não terem


usar a metodologia usada em outras regiões. sido considerados por estes gestores como
Propõe-se também uma análise mais relevantes.
profunda do perfil dos gestores das EBTs do
Vale do Paraíba Paulista, pelo fato de alguns

REFERÊNCIAS [8]. PALETTA, F. C. Tecnologia da informação,


inovação e empreendedorismo: fatores críticos de
[1]. ANPROTEC – Associação Nacional de sucesso no uso de ferramentas de gestão em
Entidades Promotoras de Tecnologias Avançadas. empresas incubadas de base tecnológica. 143 p.
Glossário dinâmico de termos na área de Tese (doutorado) – Instituto de Pesquisa
tecnópoles, parques tecnológicos e incubadoras Energéticas e Nucleares, Universidade de São
de empresas. Anprotec/Sebrae, Brasília, 2002. Paulo, São Paulo, 2008.
[2]. ANPROTEC – Associação Nacional de [9]. PORTON, R. A. B.; LONGARY, A. A.
Entidades Promotoras de Tecnologias Avançadas. Análise das características empreendedoras dos
Disponível em: <www.anprotec.com.br>. Acesso criadores de empresas de base tecnológica
em: 16/mar/2010. instaladas na incubadora CELTA/SC. In: XXV
[3]. CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE
Dando asas ao espírito empreendedor. Saraiva, PRODUÇÃO, Porto Alegre/RS, 2005.
São Paulo, 2012. [10]. RAUPP, F. M.; BEUREN, I. M. Programas
[4]. LOPES, W. S. Uma análise da contribuição oferecidos pelas incubadoras brasileiras às
das incubadoras no desenvolvimento e na redução empresas incubadas. Revista de Administração e
da moralidade das empresas de base tecnológica Inovação – RAI, São Paulo/SP, v. 6, n. 1, p. 83-107,
na região do Vale do Paraíba Paulista. 118 p. 2009.
Dissertação (mestrado) - Programa de Pós- [11]. SILVA, E. L.; MENEZES E. M. Metodologia
Graduação em Engenharia de Produção – da pesquisa e elaboração de dissertação. 4.ed,
Universidade Nove de Julho, São Paulo, 2011. Florianópolis, 2005.
[5]. LOPES, W. S.; SASSI, R. J. Um estudo da [12]. STAINSACK, C. Estrutura, organização e
contribuição das incubadoras de base tecnológica gestão de incubadoras tecnológicas. 113 p.
no desenvolvimento das características Dissertação (mestrado) – Programa de Pós-
empreendedoras das empresas incubadas na Graduação em Tecnologia, Centro Federal de
região do Vale do Paraíba Paulista". XVIII Simpósio Educação Tecnológica do Paraná, Curitiba, 2003.
de Engenharia de Produção, Bauru, SP, 2011.
[13]. TOLEDO, J. C.; SIVA, S. L.; MENDES, G.
[6]. LOPES, W. S.; SASSI, R. J. The H. S.; JUGEND, D. Fatores críticos de sucesso no
contribution of technology-based incubators in the gerenciamento de projetos de desenvolvimento de
development of the incubated companies of the produto em empresas de base tecnológica de
region of the Vale do Paraíba Paulista. In: VII pequeno e médio porte. Revista Gestão e
Conferencia Ibérica de Sistemas y Tecnologías de Produção, São Carlos, v. 15, n. 1, p. 117-134,
Información – CISTI, Madri – Espanha, 2012. jan/abr, 2008.
[7]. NBIA (NATIONAL BUSINESS
INCUBATION ASSOCIATION). Disponível em:
<http://nbia.org>. Acesso em: 22 out. 2010.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Capítulo 10

Fabio Rodrigues Santos


Fernanda Maciel Zeferino
Jussara Fernandes Leite
Wagner Ricardo Ribeiro
Thiago Cristian Barbosa Nunes

Resumo: Com a retração do mercado da mineração, as empresas estão cada vez


mais preocupadas em adotar estratégias e, assim, investem em suas infraestruturas
para aperfeiçoar sua produção e operação. Neste sentido, para se adequar às
mudanças e limitações do momento, torna-se necessário o estabelecimento de
mecanismos inovadores para melhorar o processo. Baseando-se neste contexto,
este artigo tem como objetivo identificar e corrigir as falhas nos métodos e
ferramentas utilizadas no gerenciamento de acompanhamento e controle do
Projeto. Esta pesquisa é um estudo de caso de natureza exploratória e documental,
que foi desenvolvido no Projeto de Capital na Região de Itabirito (MG), que
corresponde à execução de duas linhas de captação de água. Para elaboração do
estudo de caso, os pesquisadores utilizaram a observação in loco e de
documentos da empresa. Assim, os dados foram coletados por meio de
observação dos autores na área de trabalho e por meio de relatórios de
acompanhamento e controle do projeto. Com o desenvolvimento da pesquisa, foi
identificada a falta de qualificação de vários envolvidos no empreendimento, com
ênfase maior para o Gerente de Planejamento, que não possuía perfil de liderança
para acompanhar, orientar e conduzir seu time. Além disso, continham também
relatórios com informações não precisas, inconsistentes e divergentes.

Palavras-chave: Gerenciamento. Projeto. Planejamento. Falhas.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


116

1. INTRODUÇÃO obedece às especificidades dos clientes. É


caracterizado por ter início e fim bem
O minério de ferro é um dos mais importantes
definidos, e o período entre o começo e o final
commodities do Brasil. Nos anos de 2014 e
é consideravelmente longo em relação aos
2015, esse produto sofreu queda em seu
outros tipos de produção. Os custos desse
preço unitário da tonelada, o que impactou a
tipo de sistema são elevados, as tarefas são
economia nacional pois, ele destaca-se na
complexas e possuem poucas ou nenhuma
área de extração mineral, que representa
repetitividade. (MOREIRA, 2004).
grande parcela no Produto Interno Bruto (PIB).
Muitas empresas desse setor fecharam, Nesse tipo de sistema produtivo, segundo
outras buscaram reduzir o custo do produto Tubino (2000), o planejamento é um processo
para sobreviverem no mercado. de tomada de decisões que objetivam
delinear um resultado desejável, e elaborar
Vários foram os métodos utilizados por
condições e formas de alcançá-lo. A função
organizações desse setor para reduzir o custo
do planejamento é organizar estrategicamente
do produto. Pode-se citar a redução do
as tarefas que devem ser exercidas no
número de mão de obra e a melhoria nos
decorrer do período do projeto, tais como o
processos internos. Ao enfatizar essa última
sequenciamento, o tempo, os procedimentos
estratégica, as empresas buscam melhorar
e os recursos necessários para execução.
seus sistemas para produzir mais a custos
menores. Desta forma, buscam ser mais
eficientes e eficazes.
2.1. DEFINIÇÃO DE PROJETO
Devido a necessidade de produzir mais, as
Para Chase, Aquilano e Davis (2001), o
minerações tendem a estender seus
projeto deve ser entendido como sendo um
negócios. Um método utilizado é o
conjunto de tarefas inter-relacionadadas que
desenvolvimento de projetos de capital. Esses
objetivam o alcance de metas pré-
envolvem a abertura e expansão de lavras,
estabelecidas. As atividades do projeto são
como também a ampliação da área de
orientadas para gerar um resultado e
beneficiamento e transporte do produto.
necessitam de determinados tempos para
Com tudo, os projetos de capital devem ser serem executadas.
planejados e controlados adequadamente
Na mesma linha de pensamento de Chase,
para se obter bons resultados. Caso contrário,
Aquilano e Davis (2001), no livro PMBOK do
o custo do produto (minério) torna-se mais
Project Management Institute (PMI, 2004),
elevado. Neste sentido, para se adequar às
projeto é apresentado como sendo de
mudanças e limitações do momento, torna-se
natureza temporária e tem datas de início e
necessário o estabelecimento de mecanismos
fim definidas. O projeto termina quando seus
inovadores para melhorar o processo e
objetivos e metas satisfazem as partes
eliminar as não conformidades.
interessadas. Às vezes, terminam quando se
Este artigo é consistente com o ponto de vista chega à conclusão de que não é possível
operacional, onde que, para uma empresa, o cumprir suas metas e objetivos, ou quando o
diferencial pode estar contido na qualidade produto, serviço ou resultado do projeto não
do gerenciamento de seus projetos. Assim, são mais necessários.
um estudo sobre a identificação e correção
Percebe-se nas definições citadas
das falhas nos métodos e ferramentas de
anteriormente, que os projetos sempre têm
acompanhamento e controle do projeto faz-se
um objetivo e é um empreendimento que já
necessário para neutralizá-las e evitar custos
começa com datas definidas desde o seu
desnecessários.
planejamento até a sua conclusão.
Desta forma, este trabalho tem como objetivo
2.2. ORGANIZAÇÃO DO PROJETO
identificar e tratar as não conformidades do
processo de acompanhamento e controle do Antes de iniciar um projeto, é necessário que
projeto. os objetivos e a organização das equipes
estejam bem definidos, do contrário, corre o
risco dos procedimentos para alcançar seus
2. SISTEMA DE PRODUÇÃO DE PROJETOS resultados serem mal interpretados. Desse
modo, ocorrem as falhas (CORRÊA E
O sistema de produção de projetos é
CORRÊA, 2012).
compreendido como um produto único, que

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


117

Desta forma, deve ser realizado o controle de projetos envolvem manter a


planejamento do projeto, que segundo Project integridade da linha de base de performance
Management Institute (2004), conforme consta estabelecidas no planejamento e gerenciar as
no livro PMBOK, o planejamento do projeto é mudanças por meios das áreas do projeto,
o processo para quantificar o tempo e garantindo uma execução sob controle em
orçamento que um projeto custará. Sua todos os âmbitos. (VARGAS, 2002).
finalidade é criar um plano do projeto que um
gestor de projeto possa usar para
acompanhar o progresso de sua equipe. 3. METODOLOGIA DO TRABALHO
Métodos importantes utilizados no plano do
Esta pesquisa é um estudo de caso de
projeto são a Estrutura Analítica do Projeto
natureza exploratória e documental.
(EAP), do Inglês, Work Breakdown Structure
(WBS) e o Cronograma. O estudo de caso foi desenvolvido em um
projeto de capital na região de Itabirito (MG),
Assim, como o planejamento do projeto deve
que corresponde à execução de duas linhas
ser desenvolvido, o controle deve ser
de captação de água. Também estão
realizado para obter a eficiência e a eficácia
incluídas a montagem de uma linha para
no desenvolvido das atividades e com isso o
adução de rejeitos e outra de mineroduto.
sucesso do projeto.
Deste modo, o escopo compreende na
Estabelecer o controle depois do início de um execução dos serviços de montagem
projeto é necessário para que todo o lead eletromecânica.
time apresente o menor índice de desvios
A empresa responsável pelo Projeto de
possível quando comparado ao projeto
Capital apresenta-se como um nome fictício,
previsto. Nesta etapa, são realizados a coleta
criado excepcionalmente para fins de
e processamento dos dados e informações do
ambientação do leitor, não havendo quaisquer
andamento e do status do empreendimento
ligações com empresas existentes no
(CORRÊA E CORRÊA, 2012).
mercado. Deste modo, foi adotado no nome
Vargas (2002) descreve que juntamente à FRS Engenharia.
execução dos pacotes de trabalho do projeto,
A FRS trata-se de uma empresa que atua com
uma série de atividades são exigidas para
montagem eletromecânica e industrial nos
que os processos de controle obtenham
segmentos da mineração, metalurgia,
sucesso. Dessa forma, o autor aponta alguns
siderurgia, petróleo, energia, papel e celulose.
processos de áreas específicas:
Seus clientes são algumas das maiores
 comunicação: as informações empresas do Brasil e do mundo: Vale,
pertinentes ao projeto devem circular de Usiminas, Petrobrás, Samarco, Acesita,
forma clara e objetiva para toda a equipe e a Votorantim, Cenibra, Novelis e V&M do Brasil,
todos os interessados, no prazo e dentre outras.
detalhamento desejado pelo cliente e/ou
O caráter exploratório refere-se identificar e
definido no plano de comunicação;
tratar as falhas nos métodos e ferramentas
 recursos humanos: treinamento utilizadas no gerenciamento.
adequado para toda a equipe, implementação
Para elaboração do estudo de caso, os
de políticas de recompensas por resultados,
pesquisadores utilizaram a observação in loco
dentre outras atividades que valorizem e
e de documentos da empresa. Assim, os
estimulem o trabalho das pessoas;
dados foram coletados por meio de
 qualidade: os mecanismos de observação dos autores na área de trabalho e
qualidade devem estar presentes para através de relatórios de acompanhamento e
garantir que os processos estejam dentro das controle do projeto.
especificações estabelecidas pelo cliente ou
Os documentos utilizados foram cronograma
pelo projeto;
e gráfico Gantt, estrutura analítica do projeto
 suprimentos: trabalha os processos (EAP), curva de avanço físico (gráfico de
voltados à aquisição recursos, contratação de objetivo), planilha de quantidades (gráfico de
mão de obra e serviços, fornecedores e quantidades), histograma de Mão de Obra,
administração de contratos conforme plano histograma de equipamentos, relatório diário
de suprimentos. de obras (RDO), relatório diário de campo
(RDC), relatório de desvios (lista de críticas),
 De uma forma geral, os objetivos do

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


118

reunião e programação semanal, relatório  organização: não ordenava os


mensal de obra (RMO) e relatório semanal de procedimentos adequadamente, sem
obra (RSO). estabelecer com clareza os objetivos e metas,
e nem analisar os resultados e as
Informações a respeito das características
necessidades para sugestionar mecanismos
pessoais, interpessoais e habilidades técnicas
para gerenciar mudanças em geral;
dos indivíduos, bem como da eficácia dos
métodos e procedimentos tratados neste  gerenciamento da equipe: não
estudo, originam-se de dados informais, possuía empatia relevante. Em outras
obtidos através de conversas, debates e palavras, não era capaz de motivar os
reuniões com as pessoas envolvidas no membros da equipe, e nem de garantir sua
projeto. harmonia. Por iguais razões, o grupo não
estabelecia acordos quanto aos cargos e
funções a serem desempenhados, gerando
4. DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS DE conflitos entre os membros;
PLANEJAMENTO E CONTROLE DO
 liderança: não administrava seu
PROJETO
trabalho de maneira totalmente ética,
Diversos fatores, que envolveram o manuseio utilizando comentários abusivos e pouco
incorreto das ferramentas voltadas ao exemplares, perdendo a confiança e
planejamento e controle da obra, levaram ao motivação da equipe. Além desse fator, o
descontrole do setor e seus envolvidos, da Gerente de Planejamento não contava com
confiabilidade das informações e, uma visão macro em relação ao departamento
consequentemente, à insatisfação do cliente. e à obra.
Neste contexto, foram abordados os
procedimentos utilizados no processo, bem
como suas deficiências específicas no 4.2. FALHAS DA EQUIPE
empreendimento.
O time destinado ao setor de Planejamento
Para demonstrar como o baixo envolvimento não tinha conhecimentos e habilidades
do líder e da equipe na obra, bem como a técnicas suficientes, espírito de equipe,
utilização incorreta das ferramentas podem comprometimento com resultados
influenciar no gerenciamento de projetos, satisfatórios, quanto menos para analisar e/ou
foram descritas a seguir algumas das sugerir melhorias. Fatores como boa
principais técnicas de controle, das diversas comunicação, confiança mútua, qualidade na
áreas de conhecimento, empregadas pela execução de um serviço, postura e
empresa FRS, que apresentavam falhas em autodesenvolvimento eram características
suas operações. distantes dos membros daquele grupo.
Todas as ocorrências a seguir foram
constadas por meio de reuniões realizadas
4.3. FALHAS NO CONTROLE DO ESCOPO E
internamente e externamente, entre os
PRAZOS
membros da equipe de Planejamento e
através das solicitações e exigências No cronograma e no gráfico de gantt,
estabelecidas pelo cliente, gerenciadora e apresentam estimativas de duração e datas
gerência da FRS. das atividades do projeto. Essas ferramentas
não somente ajudam a controlar, mas também
a visualizar o progresso do projeto.
4.1. FALHAS DA GERÊNCIA
As complicações observadas neste
O papel do Gerente, neste estudo de caso é documento eram ocasionadas principalmente
controlar o projeto, porém o líder pecava em pela pouca qualificação da equipe para
diversas habilidades, dentre elas: operá-lo. Deste modo, erros na alimentação
de datas e durações na linha de base, nos
 comunicação: não tinha o hábito de
dados e informações da execução, e dos
escutar sugestões ou solicitações dos
términos dos pacotes de trabalho tornaram-se
subordinados, e nem conseguia impelir
comuns.
desempenho ao trabalho executado pela
equipe; A estrutura analítica do projeto (EAP) deve
apresentar, de forma detalhada e
hierarquizada, todos os pacotes de trabalho

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


119

do projeto. É fundamental, pois ajuda a  erros nas fórmulas que compunham a


visualizar as atividades a serem entregues, planilha;
além de exibir todo o conteúdo do projeto de
 ausência de alguns pacotes de
forma estruturada.
trabalho;
O problema que envolveram a EAP era a
 vários membros da equipe
incompatibilidade das mesmas informações
alimentavam o documento de forma aleatória;
dispostas em outros documentos. Por
exemplo: os avanços dos pacotes de trabalho  falta de liderança para analisar e
e da obra como um todo eram diferentes alinhar as falhas.
daqueles apresentados pelo cronograma. Isto
Os erros contidos na EAP geravam status e
revela que pelo menos um dos documentos
resultados duvidosos, atrapalhando as
apresentava falhas quanto ao avanço físico do
tomadas de decisões que necessitavam de
Projeto.
sua análise.
Essa incompatibilidade decorria
A curva de avanço físico é a representação
principalmente dos erros do cronograma, pois
gráfica da EAP. Deve apresentar de forma
muitos dados eram exportados dele e
clara as informações do avanço físico (real
utilizados na EAP. Contudo também, outras
executado), previsto da linha de base e a
falhas geravam desvios no documento. São
tendência para o período restante do
elas:
empreendimento.
 os membros da equipe não possuíam
Neste caso, os gráficos não ilustravam
conhecimentos suficientes para operar a
corretamente o status do projeto por causa
ferramenta;
dos erros contidos na EAP. Uma das
 os dados apresentados pela equipe principais falhas da curva eram os trajetos
de campo estavam incorretos e não percorridos pelas linhas do previsto e da
condiziam com a realidade, ou simplesmente, tendência, conforme pode ser verificado no
as informações lançadas eram digitadas gráfico da figura 1.
incorretamente;
Figura 1 – Curva de Progresso Físico do Projeto

Fonte: Dados da Pesquisa (2015)

A linha da tendência (amarela) deveria partir início, no ponto zero, até o final do período,
do final da linha do real (vermelha), e alcançar atingindo também 100%. Entretanto, nesta
o valor de 100% no final do período. Já a linha situação, observa-se exatamente o oposto,
do previsto (azul) deveria ser traçada desde o indicando erros tanto na Curva de Progresso,

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


120

quanto na EAP. distribuição do esforço da mão de obra no


decorrer tempo. Contribui para a análise da
Outra inconsistência presente neste
eficiência do recurso e auxilia nas tomadas de
documento era a legenda, que não possuía
decisões, como por exemplo, o nivelamento
organização ou padronização, confundindo
dos colaboradores utilizados no projeto.
quem tentasse analisar os dados.
A falha presente nessa ferramenta era de
lançamentos incorretos e informações não
4.4. FALHAS NO CONTROLE DOS confiáveis apresentadas pela equipe de
RECURSOS campo. O Gráfico da figura 2, a seguir, ilustra
o Histograma.
O histograma de mão de obra representa a

Figura 2 – Histograma de Mão de Obra do Projeto

Fonte: Dados da Pesquisa (2015)

Aparentemente não havia nada de errado pessoas não qualificadas preenchiam o


com o documento. Porém, se comparado ao relatório, gerando inconsistências no RDC.
efetivo contratado pelo departamento de Entre as falhas, destacam-se:
recursos humanos, era possível identificar
 membros das equipes mal
diversas variações nos dados da linha “Real”.
estabelecidos;
 compartilhamento de membros entre
4.5. FALHAS NA COMUNICAÇÃO equipes mal controlados;
O relatório diário de campo (RDC) deve ser  informações sobre máquinas e
elaborado diariamente por um responsável da equipamentos duvidosas;
equipe de execução e entregue ao setor de
 avanço físico inconsistente.
planejamento e controle do projeto. Por meio
dele, são coletadas informações sobre
avanço físico dos pacotes de trabalho, efetivo
5. ADEQUAÇÕES NO CONTROLE DO
presente e destinado à sua execução, desvios
PROJETO
percebidos, observações dos mestres de
obras, equipamentos, etc. Esta fase do Estudo de Caso é caracterizada
por todas as tomadas de decisões que foram
O principal problema desse relatório era a
realizadas e aplicadas para retificar as falhas
baixa confiabilidade das informações, pois,

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


121

na gestão e na operação dos procedimentos  treinamentos dos responsável pelo


envolvidos no setor de planejamento do controle do cronograma;
projeto.
 identificação e reparo dos erros de
5.1. MUDANÇAS DA GESTÃO software de gerenciamento;
A grande modificação realizada na gestão do  busca de suporte em membros de
Projeto foi a substituição do seu respectivo outras equipes da FRS, que possuíam
Gerente de Planejamento que, incumbido de conhecimento e prática em conflitos similares;
gerenciar as mudanças necessárias para
 ajuste dos dados a serem exportados
adequação dos procedimentos de controle,
do cronograma para lançamento na EAP.
não retornou resultados satisfatórios, pois não
possuía visão, conhecimentos técnicos sobre Todos estes aspectos, quando aplicados,
o empreendimento, e nem mesmo espírito de contribuíram para que o cronograma
liderança para orientar sua equipe. A partir apresentasse informações concisas, quesito
disso, foi definido que deveria ocorrer a fundamental para o efetivo controle do
contratação de um novo profissional para o projeto. A partir disso, os erros oriundos
setor, com experiência na área de projetos. dessa ferramenta, contidos em outros
documentos, foram gradativamente
suprimidos.
5.2. MUDANÇAS NA EQUIPE
Por conter elevado nível de detalhamento de
Uma mudança realizada na equipe do informações, a EAP costumava camuflar
planejamento do projeto foi a substituição de alguns erros considerados graves. Essa
alguns funcionários que não possuíam o perfil ferramenta foi um dos principais documentos
para as atividades rotineiramente executadas que sofreram alterações. A seguir, são
no setor. apresentados alguns métodos de ajuste
utilizados na recomposição da EAP:
O processo de correção das falhas, além de
exigir conhecimentos técnicos agregados,  revisão dos dados gerados no
necessitava também de bastante empenho do relatório exportado do cronograma;
grupo envolvido. Para isso, foi implementada
 elaboração de uma nova EAP, -
a rotina de realização de treinamentos
quando criada a partir do ponto zero, são
específicos sobre planejamento e controle de
extintas quaisquer inconsistências
projetos, envolvendo todos os membros da
camufladas, garantido maior integridade da
equipe, para aprimorar a utilização de
organização e sistematização dos dados;
ferramentas, adequar e elaborar novos
relatórios, que exigiam do setor alto nível de  busca de suporte em membros de
sinergia e grandes esforços. outras equipes da FRS, que possuíam
conhecimento e prática em conflitos similares;
 confronto dos resultados
5.3. MUDANÇAS NO CONTROLE DO
apresentados pelo cronograma e a EAP, que
ESCOPO E PRAZOS
devem ter as mesmas informações.
As falhas do cronograma do projeto foram
Pode-se dizer que a Curva de Avanço Físico é
supridas por meio de uma análise completa
uma projeção gráfica da estrutura analítica do
em todo o documento. Foram identificadas
projeto, pois é gerada completamente a partir
inconsistências referentes às datas, durações
dela. Desse modo, quando todos os conflitos
e avanços lançados. Além disso, outras
contidos na EAP foram reparados, a curva se
tratativas foram realizadas, tais como:
adaptou e dispôs de seus corretos resultados,
 revisão das informações vindas do conforme apresenta no gráfico da figura 3.
RDC;

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


122

Gráfico 3 – Curva de Avanço Físico após adequações

Fonte: Dados da Pesquisa (2015)

5.4. MUDANÇAS NO CONTROLE DOS 5.5. MUDANÇAS NA COMUNICAÇÃO


RECURSOS
O relatório diário de campo é o documento
As adequações geradas no histograma de que mais sofre com a falta de confiabilidade
mão de obra foram necessárias de suas informações. A seguir, estão
principalmente para distribuição precisa das discriminadas as principais medidas tomadas
equipes em cada área do projeto. Antes para aprimoramento desse relatório:
disso, não era possível fazer uma correta
 orientação para que cada mestre de
análise da quantidade de pessoas
obra defina um único membro de sua equipe
trabalhando na obra. Para evitar incoerências
como responsável pelo correto preenchimento
nas informações desse documento, foi-se
do documento;
necessário praticar:
 orientação para que cada mestre
 revisão das informações vindas do
verifique e analise as informações
RDC;
preenchidas no RDC, antes do envio à equipe
 confronto dos resultados de planejamento;
apresentados pelos histogramas do setor de
 o responsável pela coleta do relatório
planejamento com os departamentos
faz-se verificar imediatamente a coesão das
responsáveis por gerenciar recursos
informações.
humanos;

 verificação diária dos colaboradores
demitidos e/ou admitidos; 5.6. SÍNTESE DOS RESULTADOS
 controle de efetivo compartilhado com Aspectos como o manuseio incorreto das
outros projetos da FRS. ferramentas voltadas ao planejamento e
controle, bem como o baixo envolvimento do
líder e da equipe na obra, levaram ao
descontrole do setor e seus envolvidos e ao
baixo índice de confiabilidade em suas
informações. O Quadro 01 a seguir destaca
estes fatores.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


123

Quadro 1 – Fatores que influenciaram no descontrole do setor

Fator Descrição

A mudança realizada na gerência foi capaz de gerar maior


cumplicidade entre os membros da equipe, capazes de
desenvolver trabalhos mais eficientes. Seu envolvimento mais
Gerência
comprometido, possibilitou melhor comunicação entre os níveis
gerencias, operacionais e de controle, trazendo maior integração
e eficácia aos procedimentos de gerenciamento.
A reestruturação da equipe e capacitação (treinamentos),
possibilitou maior adesão de conformidades nas operações
Equipe específicas de cada procedimento de controle do projeto. Ou
seja, melhorou o índice de assertividade das informações
utilizadas e/ou fornecidas pelo setor.
As mudanças realizadas nessas ferramentas foram importantes
para adicionar consistência nas informações da programação
Cronograma e Gráfico Gantt das atividades do projeto. A adequação forneceu ao líder
melhores condições para analisar e tomar decisões e/ou
medidas baseadas no escopo e prazo.
A criação de uma nova EAP eliminou as incontáveis falhas. Os
Estrutura Analítica do Projeto resultados obtidos nela tornaram-se confiáveis e compatíveis
(EAP) com os demais documentos. Esses fatores reestabeleceram o
“tato” quanto às informações sobre o status da obra.
A partir da nova EAP, também se deu a nova Curva de Avanço
Curva de Avanço Físico Físico, que passou a apresentar uma visualização correta do
(Gráfico de Objetivo) status do projeto. Isto foi positivo porque tornou-se um
documento confiável, para rápida análise do processo.
A partir do momento em que essa ferramenta passaram a
fornecer informações condizentes à realidade, também mudaram
Histogramas de Mão de Obra suas aplicações. Foram então utilizados como mecanismos de
análise da gerência para elaboração de estratégias de
produção.
Pode-se considerar que as adequações realizadas nesse
Relatório Diário de Campo relatório contribuíram para aumentar a confiabilidade das
(RDC) informações oriundas das frentes de serviço, que eram então
verificadas pelos líderes responsáveis
Fonte: Dados da pesquisa (2015)

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS acompanhar, orientar e conduzir seu time.


Além disso, haviam também relatórios
Este Artigo buscou identificar e tratar as falhas
contendo informações não precisas,
nos métodos e ferramentas utilizadas no
inconsistentes e divergentes.
gerenciamento do acompanhamento e
controle do projeto. Um planejamento e controle sem as devidas
mudanças no gerenciamento e na equipe faz
Com o desenvolvimento deste trabalho,
com que haja um baixo desempenho do
tornou-se claro que os conflitos sofridos pelo
grupo, que sempre enfrentou de forma
setor de planejamento do projeto foram
ineficaz o atendimento às especificações do
gerados pela falta de qualificação de vários
contrato, bem como das necessidades e
envolvidos no empreendimento, com ênfase
exigências do cliente do projeto.
maior para o gerente de planejamento, que
não possuía perfil de liderança para A apresentação de relatórios contendo

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


124

informações não precisas, inconsistentes e Outras mudanças realizadas foram a


divergentes, aumentou o grau de insatisfação substituição de alguns membros da equipe
e desconfiança da gerenciadora e do cliente que não possuíam o perfil adequado para as
em relação ao serviço prestado pela equipe atividades rotineiramente executadas no
de planejamento da FRS. Dessa forma, foi setor; implementação de treinamentos com a
constatado a necessidade de implementar equipe sobre planejamento e controle de
melhorias, para gerar melhores resultados nos projetos; realização de reuniões rotineiras
procedimentos executados pela equipe, com o grupo para retificar e adequar os
visando reproduzir um novo ambiente procedimentos; e encontros com os
organizacional, onde todos os membros stakeholders do projeto para acompanhar os
possam se respeitar mutuamente e confiar resultados.
nos trabalhos uns dos outros.
Contudo, vale ressaltar que, para sair de suas
A partir disso, foi definido que deveria ocorrer crises ou prosperar seus negócios, as
a contratação de um novo profissional para o empresas devem verificar e analisar se seus
setor, com experiência em projetos. Este, por pensamentos e ações estão deixando-as em
sua vez, dispunha de várias técnicas para uma zona de conforto capaz de perder
gerenciar as mudanças necessárias como qualquer tipo de medo ou receio de fracassar.
melhorar a comunicação com stakeholders; Diversificar sua linha de produtos e/ou
expor e orientar sua equipe; observar e serviços é extremamente importante para seu
conhecer bem cada membro de seu setor; desenvolvimento. Essa estratégia proporciona
analisar todas as ferramentas de controle e ganhos em termos de competitividade. Para
realizar adequações; identificar e organizar isso, inovar, criar mudanças e gerar
sistematicamente todos os procedimentos; novidades, faz-se necessário ao processo de
acompanhar, participar, conduzir e estar evolução no mercado.
presente em todo o processo do
planejamento.

[4]. PMI. Guia PMBOK. Um Guia do Conjunto


REFERÊNCIAS de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos.
[1]. CHASE, Richard B.; AQUILANO, Nicholas Project Management Institute, Four Campus
J.; DAVIS, Mark M. Fundamentos da administração Boulevard, Newtown Square, 2004.PA 19073-3299
da produção. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. EUA.
598p.
[5]. TUBINO, Dalvio Ferrari. Manual de
[2]. CORRÊA, Henrique L.; CORRÊA, Carlos A. planejamento e controle da produção. 2ª. ed. São
Administração de produção e operações: Paulo: Atlas, 2000.
manufatura e serviços: uma abordagem
estratégica. São Paulo: Atlas, 2012. [6]. VARGAS, Ricardo V. Gerenciamento de
Projetos: Estabelecendo diferenciais competitivos.
[3]. MOREIRA, D. A. Administração da Rio de Janeiro: Brasport, 2002.
produção e operações. 3ª ed. São Paulo: Pioneira,
2004.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Capítulo 11

Antonio de Souza Silva Júnior


Silvio Luiz de Paula
Camila Thayná Santos
Andrezza Marianna Pinto de Oliveira

Resumo: O gerenciamento de projetos é considerado um importante meio que as


organizações possuem para atingir seus objetivos de maneira eficaz. Sua
metodologia pode ser aplicada em diferentes organizações e serve para
reestruturação dos processos oorganizacionais com o propósito de obter melhor
controle das ações e uso dos recursos existentes. A crescente pressão popular
para modernização da gestão pública abre espaço para a utilização das práticas
de gerenciamento de projetos em instituições públicas brasileiras. Este trabalho se
propõe a estudar as nuances relativas ao comprometimento dos envolvidos no
processo de gerenciamento de projetos. Para tanto, foi estudado o caso do
governo do estado de Pernambuco. A coleta de dados ocorreu através da
realização de entrevistas semi-estruturadas, com 20 indivíduos de três equipes de
projetos de diferentes secretarias, cuja análise ocorreu através da análise
pragmática da linguagem. A partir dos resultados conclui-se que o
comprometimento dos envolvidos no processo pode ser observado por dois
aspectos. o primero, em relação àqueles que atuam diretamente com a gestão, o
analista, o gerente e a equipe de projeto. O segundo diz respeito aos outros
envolvidos, tanto aos órgãos públicos, quanto as contratadas da iniciativa privada.
A partir deste trabalho discute-se a contextualização das ferramentas de
gerenciamento de projetos na esfera pública.

Palavras-chaves: Gestão de projetos; comprometimento; administração pública

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


126

1. INTRODUÇÃO intenções e os episódios conjuntos de


atividades. O foco na prática do indivíduo é
A acirrada competitividade do mercado,
reforçado por Cerqueira (2010), ao afirmar
aliada às rápidas mudanças e inovações
que os resultados dos projetos dependem da
tecnológicas, forçam as organizações a
percepção das pessoas sobre as ferramentas
buscarem ferramentas que permitam a
utilizadas e da mobilização destas para o
adaptação a estas demandas. O
trabalho.
gerenciamento de projetos, cujos benefícios
eram pouco reconhecidos anteriormente, é Neste contexto, esta pesquisa estudou as
agora considerado um importante meio que nuances relativas ao comprometimento dos
as organizações possuem para atingir seus envolvidos no processo de gerenciamento de
objetivos de maneira eficaz. A metodologia projetos no Governo do Estado de
em gerenciamento de projetos permite a Pernambuco.
organização utilizar as melhores práticas
gerenciais. (ZDANYTÈ; NEVERAUSKAS,
2011). 2. CARACTERIZANDO OS PROJETOS E SUA
GESTÃO
Para Andersen e Vaagaasar (2009) as
pesquisas em gestão de projetos devem ser Segundo Kerzner (2006, p. 15) “projeto trata-
realizadas nos mais diversos campos, e nos se de um empreendimento com objetivo bem
mais diversos tipos de organizações, em que definido, que consome recursos e opera sob
Du e Yin (2010) incluem as públicas. Para pressões de prazos, custos e qualidade. Além
Poister, Pitts e Edwards (2010) grande parte disso, projetos são considerados atividades
da literatura sobre a implementação de exclusivas em uma empresa”. Neste sentido,
projetos no setor público o descreve como são percebidas duas características
uma série de passos discretos ou ações, marcantes dos projetos, o caráter da
ignorando a forma como o processo se temporalidade e da clareza dos seus
desenrola entre as fases de implementação. objetivos. Esta perspectiva também é
Há a necessidade de perceber a apontada por autores como Prado (2004) e
interatividade entre as partes que compõem o Webster Jr e Knutson (2006). Além disso,
projeto durante o desenvolvimento deste. Rabechini Jr (2007) salienta que os projetos,
em geral, são caracterizados por conterem
Na literatura nacional, encontram-se alguns
atividades com forte dose de incerteza e
casos de implantação de práticas de
serem regidos pela necessidade de
gerenciamento de projetos na esfera pública,
integração de várias especialidades.
Santos e Martins (2008), Costa, Januzzi e
Santos (2008), Costa (2008), Toscano, Souza Crawford (2009) compreende o
e Barrence (2008), Grego, Lopes, Oliveira e gerenciamento de projetos como um campo
Leite (2009) e Santos, Gonçalves e Dias de prática, construído socialmente que se
(2012). Todavia, nenhum dos estudos citados desenvolve por meio de ferramentas, técnicas
focaliza o que está sendo feito enquanto as desenvolvidas para dar suporte o
pessoas gerenciam projetos, e se debruçam gerenciamento, além das interações entre os
sobre os modelos de implementação de cima praticantes e pelos seus esforços deliberados
para baixo. para definir um campo de atuação, a partir de
um corpo de conhecimento distinto e padrões
Neste contexto, pesquisas futuras devem
associados. Nesta pesquisa será adotado o
investigar implementações de práticas de
seguinte conceito sobre gerenciamento de
gerenciamento de projetos, com e sem êxito,
projetos: um campo de prática, socialmente
através de estudos de caso em profundidade,
construído entre os participantes, cujo
verificando subjetivamente como cada um
objetivo é planejar, monitorar e controlar as
deste contribuiu para uma maior
ações das pessoas no projeto e a
compreensão da gestão de projetos nas
racionalização dos recursos, por meio do
organizações públicas (SINGH, KEIL E KASI,
desenvolvimento de instrumentos, ferramentas
2009; NASCIMENTO et al, 2011;
e técnicas, a fim de que os requisitos pré-
PACKENDORFF, 2013). Conforme
determinados no tocante a qualidade, prazo e
preconizado por Blomquist et al (2010), a
custo sejam atendidos.
pesquisa baseada na prática de gestão de
projetos requer novas áreas de observação, a O gerenciamento de projetos surgiu na
partir do que as pessoas fazem, as década de 1950 e desde então têm ocorrido
ferramentas que usam, as interações e grandes avanços nesta área. A criação do

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


127

Project Management Institute (PMI), em 1969, organizacional; possibilita uma forma de se


foi um verdadeiro marco desta evolução no resolver problemas; aumenta a qualidade, e; é
ambiente empresarial. Na década de setenta uma ferramenta para que as pessoas tomem
as universidades americanas realizaram a melhores decisões para a empresa
formalização desta, que foi pioneiramente (KERZNER, 2006).
utilizada pelas empresas de construção
pesada, aeroespacial e da defesa,
particularmente nos EUA, Canadá, Europa e 2.1 METODOLOGIA DE GERENCIAMENTO
Japão. A partir da década de oitenta a gestão DE PROJETOS
de projetos incorpora a percepção de
As organizações podem alcançar um alto
satisfação do cliente como variável. Nas
nível de qualidade, otimizar tempo e recursos,
últimas décadas foi introduzido o
entender os riscos e aumentar a confiança de
gerenciamento da integração das diversas
seus produtos e serviços através do uso das
áreas e efetuada melhoria na gestão de riscos
técnicas e métodos e gerenciamento de
(PRADO, 2004).
projetos. Uma metodologia de gerenciamento
Segundo Kerzner (2011), atualmente a de projetos irá definir as melhores práticas da
implantação do gerenciamento de projetos organização, melhorar a comunicação
constitui a gestão avançada de projetos, que interorganizacional e minimizar a duplicação
pode ser aplicado em diferentes tipos de de esforços através de documentação e
negócios. A empresa que pretende alcançar treinamento (ZDANYTÉ; NEVERAUSKAS,
sucesso em gerenciamento de projetos deve 2011). Sem um método de gerenciamento de
desenvolver um processo de implantação projetos para estabelecer as políticas e os
bem sucedido, sendo fatores de sucesso, procedimentos, treinamentos e clarificar a
dentre outros: ter como base a cultura da expectativas das operações para os gerentes
organização, realizar treinamentos extensivos de projetos e suas equipes, os projetos estão
e contar com o comprometimento dos fadados a falhar (TAYLOR, 2006;
executivos, que devem reconhecer o valor SUTTERFIELD, FRIDAY-STROUD, SHIVERS-
que o gerenciamento BLACKWELL, 2007).
Formal de projetos acrescenta à empresa. Kerzner (2011) é enfático ao afirmar que a
Além disso, o fluxo de trabalho e a maioria das empresas parece reconhecer
coordenação do projeto devem ser estas vantagens, mas criam o método errado
administrados horizontalmente, não mais ou usam indevidamente métodos já
verticalmente, em que os trabalhadores são estabelecidos. Isto acontece porque a
organizados em cadeias de comando de cima pressão por resultados é tão grande que
para baixo e, por isso, têm poucas muitos gerentes, sem um claro entendimento
oportunidades de interagir com outras áreas da sua real necessidade e quais as
funcionais como ocorria na gerência possibilidades de método de trabalho, correm
tradicional. Na gerência horizontal, o trabalho para contratar uma consultoria que implante
é organizado ao longo dos vários grupos uma metodologia de gerenciamento já pronta.
funcionais que trabalham em interação
O desenvolvimento da metodologia requer
permanente (KERZNER, 2006, 2011;
uma análise de como os projetos são
NTLOKOMBINI, 2010).
gerenciados na organização e como eles
Para Srivannaboon (2009) o gerenciamento poderiam funcionar melhor. Então, algumas
de projetos é agora considerado o maior políticas e procedimentos são desenvolvidos
veículo para a implementação de estratégia e implementados para atingir as melhorias
organizacional pelas organizações. Lenfle e nas praticas de gerenciamento de projetos
Loch (2010) completam esta temática (TAYLOR, 2006). Hurt e Thomas (2009)
afirmando que os projetos da organização apontam que cabe ao líder do EGP e ao
conectam a estratégia dos negócios ao plano gerente de projeto participar do
operacional. Como benefícios, a gestão de desenvolvimento da metodologia de trabalho,
projetos: permite que se complete mais a fim de que esta de fato atenda às
trabalho em menos tempo e com redução de necessidades da organização.
pessoal; proporciona um maior e melhor
controle das mudanças de escopo; torna a
empresa mais eficiente e eficaz ao utilizar
melhores princípios de comportamento

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


128

2.2 GERENCIAMENTO DE PROJETOS EM YASIN, 2008; McPHEE, 2008;


ORGANIZAÇÕES PÚBLICAS
VERBEETEN, 2008). Isto pode ser constatado
As tentativas de inovação na administração através das publicações internacionais de
pública significam a busca da eficiência e da Crawford e Helm (2009), Olateju, Abdul-Azeez
qualidade na prestação de serviços públicos. e Alamutu (2011), Rosacker e Rosacker
Para tanto, é necessário o rompimento com os (2010), Nagadevara (2012). Além dos casos
modelos tradicionais e estruturar a gestão em relatados na literatura brasileira por Santos e
função dos resultados em benefício da Martins
sociedade (GUIMARÃES, 2000; MATIAS-
(2008), Costa, Januzzi e Santos (2008), Costa
PEREIRA, 2008). Para Klering, Porsse e
(2008), Toscano, Souza e Barrence (2008),
Guadanin (2010) a eficiência da
Grego, Lopes, Oliveira e Leite (2009) e
administração pública, a necessidade de
Santos, Gonçalves e Dias (2012). A seguir
reduzir custos e aumentar a qualidade dos
serão relatados os procedimentos
serviços, tendo o cidadão como beneficiário,
metodológicos utilizados neste estudo.
torna-se, então, primordial. Para atingir tais
objetivos, os autores supracitados apontam
novas tendências.
3. ASPECTOS METODOLÓGICOS
A primeira tendência é nomeada de “vertente
Este trabalho é um estudo de caso que pode
societal”. Esta caracteriza-se por um maior
ser classificado como uma pesquisa empírica
envolvimento da população na definição da
qualitativa. O estudo de caso visa o
agenda política, propondo um gerenciamento
entendimento abrangente de um só caso e
mais participativo, no qual o processo
proporciona ao investigador o entendimento
decisório é exercido por meio de diferentes
de um fenômeno social complexo, enquanto
sujeitos ou atores sociais. Os fóruns
preservam características holísticas e
temáticos, conselhos de órgãos e de
significativas de eventos diários (YIN, 2001).
administrações públicas e o planejamento via
Além disto, através da análise de pequeno
orçamento participativo são formas que a
grupo, foi buscada a exemplaridade do
gestor público utiliza para permitir a
fenômeno a ser estudado (DEMO, 2000).
participação social (KLERING; PORSSE;
GUADANIN, 2010). O “estado em rede” Para coletar as informações, primeiramente,
também é apontado por Klering, Porsse e foi realizada uma pesquisa exploratória, com
Guadanin (2010) como tendência da o objetivo de aproximação do campo de
administração pública. Nesta, é dada ênfase estudo. Foram realizadas quatro entrevistas
na descentralização, redistribuindo recursos, semi-estruturadas com consultores e gerentes
competências e poder para outras entidades. de projetos, a fim de serem obtidas nuances
As ações do estado são executadas de modo sobre o fenômeno imperceptíveis somente
descentralizado, incluindo também parcerias com a teoria. Este tipo de entrevista visa
e alianças com empresas privadas e com a possibilitar ao entrevistador explorar mais
sociedade civil. A terceira tendência é amplamente a questão estudada (MARCONI;
apontada por Matias-Pereira (2008), como o LAKATOS, 2006; CERVO, BERVIAN, SILVA,
“choque de gestão”, tendo o propósito de 2007). Após esta etapa foi feita adequação ao
modernização do Estado, para torná-lo menos roteiro de entrevista desenvolvido. Foram
burocrático emais competitivo. selecionadas três equipes de projetos de três
secretarias distintas, Secretaria das Cidades
Assim, a implementação de novos programas
(SECID), Secretaria de Recursos Hídricos e
governamentais apresenta os mesmos
Energéticos (SRHE) e Complexo Industrial
desafios da implementação de projetos e
Portuário de Suape (SUAPE). O perfil dos
deve ser considerado neste contexto.
entrevistados está representado no quadro 1.
(CHRISTENSON, WALKER, 2008; GOMES,

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


129

Quadro 1: Perfil dos entrevistados


Secretaria Cargo Nº respondentes
SECID Secretária executiva 1
SECID Gerente de projeto 2
SECID Analista de orçamento, planejamento e gestão 2
SRHE Secretária executiva 1
SRHE Coordenadora de obras 1
SRHE Gerente de projeto 2
SRHE Membro da equipe 4
SRHE Analista de orçamento, planejamento e gestão 2
SUAPE Coordenador de obras 1
SUAPE Gerente de projeto 3
SUAPE Analista de orçamento, planejamento e gestão 1
Fonte: Dados coletados.

A seleção dos membros da equipe foi 4. O COMPROMETIMENTO NA GESTÃO DE


baseada de duas formas. Por meio do método PROJETOS
da bola de neve, através da indicação de
4.1 SECRETARIA DAS CIDADES
pessoas por parte de um entrevistado inicial,
que De acordo com os relatos, a aplicação da
ferramenta de gestão de projetos aponta uma
Funciona através de uma rede de
falha: a gestão de projetos se presta mais em
amostragem, e é talvez uma das formas mais
informar a cúpula do governo sobre o que
comuns no propósito da seleção da amostra.
está acontecendo, do que permitindo a
Além da conveniência, através do convite a
interferência dos envolvidos para o fluxo mais
indivíduos que se mostraram mais aptos e
eficiente de trabalho. Isto não deveria ocorrer
dispostos a colaborar com o estudo. Os
já que para Srivannaboon (2009) o
métodos utilizados, segundo Merriam (1998),
gerenciamento de projetos é agora
são próprios da pesquisa qualitativa. Todas
considerado o maior veículo para a
as entrevistas ocorreram durante o período de
implementação de estratégia organizacional
agosto a setembro de 2013, tendo sido
pelas organizações. A ferramenta de
gravadas em meio digital e posteriormente
gerenciamento de projetos deveria priorizar a
transcritas, resultando em um documento
análise e gerenciamento das ações do projeto
único, contendo todas as transcrições com
de modo mais objetivo, pois há a sensação de
páginas numeradas. Foi acordado com os
que se perde muito tempo apenas registrando
entrevistados, que seus nomes não seriam
as informações de acordo com a ferramenta
divulgados neste trabalho.
estabelecida. Kerzner (2011) é enfático ao
A análise das entrevistas foi realizada a partir afirmar que na maioria das empresas são
da definição e arranjo das categorias criados métodos errados ou usam
analíticas. “(…) categorias podem vir pelo indevidamente métodos já estabelecidos de
menos de três fontes: o investigador, os gerenciamento de projetos, em virtude,
participantes, ou fontes fora do estudo, tal principalmente da grande pressão por
como a literatura” (MERRIAM, 1998). As resultados que muitos gerentes sofrem.
respostas foram interpretadas cada uma, de
(...) uma ferramenta de trabalho que seja mais
acordo com o método da análise pragmática
objetiva, no sentido de que permita que a
da linguagem, desenvolvido por Mattos
gente tenha mais tempo de analisar projeto do
(2005), relacionando-as com os resultados
que perdendo tempo com o operacional em si
obtidos a partir do referencial teórico utilizado
(Entrevistado A).
no estudo. Ademais, foram discutidos os
resultados e feitas as considerações finais (...) eu, especificamente só trabalho nesse
sobre estes. projeto, então eu só me reúno lá na SEPLAG
duas vezes por semana, mas imagine, por
exemplo, Beltrano, (...) ele passa mais tempo
monitorando do que indo em obra não sei o

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


130

que, e ai eu também não sei como melhorar ano, a gente não ia poder começar nunca a
isso. Realmente esse seria um ponto que a construir e isso o rios já tinha sido todo
gente termina muitas vezes, é muito dragado, as áreas das estações já eram
monitoramento e pouco trabalho (Entrevistado completamente antropizadas, os
D). estacionamentos que já foi concretado o
chão, já foi cavado, outro que já foi o parque
Neste contexto, o envolvimento dos outros
de Santana que já foi todo aterrado enfim já
órgãos é limitado, sendo restrito à concepção
não cabe na pratica o que a teoria apontava e
e à solicitação de tarefas, quando estas estão
ai ficou esse impasse de como é que
prestes a serem executadas no projeto. Isto
faríamos. Ai como resolvemos? Mandamos um
acarreta em baixo comprometimento destes
oficio por meio do Iphan até que ele se
órgãos no desenvolvimento do projeto, em
pronunciasse, reuniões, nota técnica dizendo
especial em relação aos requisitos pactuados,
que não seria necessário e no final depois de
os quais estes não fizeram parte, o que acaba
5 meses, eles se pronunciaram informando
impactando negativamente no atingimento do
que não seria necessário fazer essa
prazo estipulado. Segundo Crawford (2000) o
prospecção arqueológica nas áreas das
gerenciamento de projetos como um campo
estações previamente, eles recomendavam
de prática, deve ser construído socialmente,
que tivesse um arqueólogo acompanhando as
com envolvimento e participação de todos, se
obras porque se estivesse algum achado
desenvolvendo por meio de ferramentas e
fortuito (Entrevistado D).
técnicas que darão suporte ao
gerenciamento.
A única coisa que eu acho é a falta de 4.2 SECRETARIA DE RECURSOS HÍDRICOS
entrosamento, que eu acho que existe entre E ENERGÉTICOS
os órgãos do governo, eu acho por exemplo,
De acordo com os entrevistados, o fato dos
você faz um projeto onde a prefeitura está
outros órgãos do Estado, envolvidos no
envolvida e ela não veste a camisa, do
projeto, participam do processo, a partir do
mesmo jeito que você está vestindo a sua,
momento em que são solicitados, em virtude
então isso ai causa péssimo conflito de
de atividades concernentes a eles
decisão, às vezes de projeto que podia fluir
acompanhamento interfere no
bem e você acaba emperrando por causa
comprometimento deste. Os
dessa falta de comunicação dessa falta de
entrosamento (Entrevistado C). Entrevistados Q e O sugerem que estes sejam
incluídos na fase do planejamento e
Nas estações a gente teria, um EIA RIMA para
desenvolvimento do cronograma, além que
as estações (...) houve um estudo e a gente
este processo não vise apenas os prazos de
teria que fazer uma prospecção subaquática
execução. É importante para o
e terrestre no entorno de 50m das estações.
desenvolvimento adequado do projeto, que
Isso seria a parte teórica, os estudos apontam
haja a concentração nos principais elementos
isso, mas quando você vai para prática, por
do trabalho envolvido (SHENHAR; WIDEMAN,
exemplo, não era necessário isso o rio na
1997).
década de 70 quando houve aquelas
enchentes aqui já tinha sido todo dragado, foi Segundo o PMI (2008), o controle do
retificado, está completamente antropizado cronograma é um processo de monitorar o
por tudo que ele já passou, enfim, já não seria andamento do projeto para ter ciência do
necessária toda essa prospecção progresso do mesmo, fazendo o
arqueológica e a gente e o Iphan, responsável gerenciamento das mudanças quando
por fiscalizar essa parte de arqueologia. No necessário. Deste modo, o entrevistado N
EIA RIMA teria que fazer essa prospecção aponta a necessidade de disseminar a cultura
arqueológica antes de começar qualquer de gerenciamento de projetos para que estes
trabalho nas estações, então antes de cavar sejam desenvolvidos atendendo os requisitos
um dedinho tinha que ser feito esse estudo de de prazo, custo e qualidade requeridos pela
prospecção arqueológica, mas que o Iphan população beneficiada.
pra fazer isso você tem que fazer um projeto,
A única ferramenta que eu estou usando é o
que você manda pra lá e eles demoram até
Project, hoje e eu estou usando só para
noventa dias, vai para Brasília, vai para
determinar prazo, basicamente hoje é a
portaria pra gente poder começar os
secretaria que botando prazos, cobra os
trabalhos de prospecção. Então ai já vai meio
prazo, na hora que ela tivesse puxado (...)

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


131

deveria ter uma análise de projeto, uma como começar desde o início a desenvolver
analise de viabilidade econômica, se naquele eu acho que precisa. Precisa muito chegar lá
período teve incidência de recursos, olhar o (Entrevistado K).
programa naquele período, se eu tenho que
botar outra ordem mais prioritária que caiba
naquele negócio que está acontecendo 4.3 COMPLEXO INDUSTRIAL PORTUÁRIO DE
naquele período se não, planejar melhor. (...) SUAPE
Por exemplo a gente bota 12 meses e quando
Necessidade de integração dos envolvidos
chegar na pratica não vão ser 12, 15, 16.
em todas as etapas do projeto. É apontada a
Então, a gente vai abrir no Project
necessidade de trazer os outros órgãos
(Entrevistado Q).
públicos para fazer parte da equipe do
Eu no princípio reagi um pouco, porque planejamento, de forma a minimizar o impacto
existem tantas empresas fixadas na execução negativo que hoje o projeto sofre, em função
de uma obra que é muito difícil você fazer um do afastamento destes. Com isto, Cerqueira
planejamento e acompanhá- lo. Porque as (2010) afirma que os resultados dos projetos
imprevisibilidades da obra conduzem a dependem da percepção das pessoas sobre
exercer a um documento falso de as ferramentas utilizadas e da mobilização
planejamento ai tem que ser corrigido, às destas para o trabalho.
vezes até semanalmente, por cada
Às vezes, a gente em integração com outros
imprevisibilidade que acontece na obra, tanto
órgãos, que a gente trabalha, a gente o que
imprevisibilidade técnico (como de problema
podia ser feito, tipo o CPRH ter uma reunião
de solo, e outros tipos de problema como de
semestral, uma bimestral ou mensal de todos
topografia e etc.), como as imprevisibilidade
os problemas que a gente tem as
relativos aos órgãos (as exigências dos
necessidades, não é aquela reunião de definir
órgãos de fiscalização (como CPRH , IBGE e
metas, prazos. Seria uma boa ideia, essa
etc.) e o tribunal de contas da união ou do
reunião também podia ser com a equipe que
estado dependendo da verba da onde vier
trabalha com Celpe, que trabalha com, além
(Entrevistado O).
do CPRH, a gente trabalha com banco, então
O que precisa não só no processo das acho que ajudaria tipo caixa que é
barragens, mas é uma maior capacitação dita financiamento. Esse tipo de integração com
pelo pessoal da SEPLAG os analistas é outros órgãos melhoraria muito (Entrevistado
disseminar essa cultura de monitoramento H).
constante, porque depois que você vai
O não comprometimento dos envolvidos limita
fazendo o projeto e está focando a obra é
a atuação da equipe gerando dificuldades e
necessário você estar fazendo esse
atraso no cronograma. O papel do Sponsor
acompanhamento constante pra
em trazer todos os envolvidos no processo
retroalimentar o sistema (Entrevistado N).
para as reuniões de monitoramento agrega
É destacada a necessidade de haver valor, pois estes podem ser acionados
treinamentos para que todos os envolvidos imediatamente. Kerzner (2006) e Maximiano
possam utilizar com mais propiedade a (2002), afirmam que a existência de uma
ferramenta. Conforme Kerzner (2011), a metodologia, por si só, não faz com que haja
empresa que almeja sucesso em o alcance da excelência em gestão de
gerenciamento de projetos deve desenvolver projetos, mas sim a aceitação, conhecimento
um processo de implantação bem sucedido, e utilização pelos integrantes da organização
sendo fatores de sucesso, dentre outros: ter desta metodologia.
como base a cultura da organização, realizar
Uma coisa que é muito marcante é o
treinamentos extensivos e contar com o
monitoramento que a gente tem pelo
comprometimento dos executivos, que devem
secretário das cidades, por exemplo, que a
reconhecer o valor que o gerenciamento
gente faz rotineiramente toda semana é muito
formal de projetos acrescenta à empresa.
difícil não ter e ai essa meta da
Treinamento é muito importante, para nós navegabilidade é um projeto bastante
gestores, para a divagação desta ferramenta, complexo a gente costuma passar duas três
para que a gente absorva melhor a ferramenta horas no monitoramento com ele tudo é visto
e possa melhorar também o nosso feedback é tratado na nossa reunião. Então é um
junto ao EGP, eu acho que treinamento seria exemplo que a gente usa para outros órgãos
importante. Da ferramenta, como utilizá-la, outras secretarias e tudo e ai nessa reunião

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


132

estão todos envolvidos no projeto e são priorizar a análise e gerenciamento das ações
tratados todos os problemas questão do do projeto de modo mais objetivo, pois há a
Iphan, de licença para aquisição de barco, a sensação de que se perde muito tempo
questão das dragagens, a remoção das apenas registrando as informações.
palafitas, tudo isso é tratado na reunião. E
O segundo aspecto diz respeito aos outros
uma decisão dele muito importante é que ele
envolvidos, tanto aos órgãos públicos, quanto
trouxe todos os órgãos envolvidos para essa
as contratadas da iniciativa privada. No
reunião com a gente, então a gente precisava
tocante aos primeiros, o fato destes
da Prefeitura do Recife, ai ele trouxe o
participarem do processo apenas a partir do
secretário de habitação da prefeitura, ele
momento em que são solicitados, quando da
trouxe um representante da CPRH para o
execução de alguma atividade de
nosso monitoramento, então o que foi possível
responsabilidade destes; os segundos, pois,
ele agregou para que a decisões fossem
muitas vezes, estes não possuem a expertise
tomadas com mais agilidade para o
para a gestão de projetos. As situações
andamento do processo (Entrevistado T).
relatadas afetam o comprometimento destes
Esta dificuldade também acontece com as envolvidos, o que limita a atuação da equipe
empresas contratadas para executar o gerando dificuldades e atraso no cronograma.
projeto. Segundo o entrevistado G, o principal Neste momento, o Sponsor tem um papel
problema que afeta o comprometimento fundamental em trazer todos os envolvidos no
desta, é o fato de não possuírem expertise processo para as reuniões de monitoramento,
para a gestão de projetos que esta se a fim de agregar valor.
envolverá.
Este trabalho contribui academicamente na
Temos muitos problemas com isso em relação contextualização das ferramentas de
a construtora, elas não têm implantada no seu gerenciamento de projetos na esfera pública,
organograma empresarial essa parte de a partir do estudo do caso citado além de
gerência de projeto, então foi muito duro servir de subsídio para os gestores do EGP-
conseguir essa implementação (Entrevistado EP refletirem sobre as práticas desenvolvidas
G). nos projetos do Estado de Pernambuco.
Todavia, este estudo apresenta a limitação de
não ter sido realizada uma pesquisa
5. CONCLUSÕES SOBRE O CASO etonográfica, e nem de ciência da ação, de
ESTUDADO modo a acompanhar de perto a dinâmica da
gestão de projetos, a fim de perceber,
O comprometimento dos envolvidos no
inclusive, resistências veladas. Foi levado em
processo pode ser observado por dois
consideração, apenas a teoria exposada dos
aspectos. O primero, em relação àqueles que
entrevistados.
atuam diretamente com a gestão, o analista, o
gerente e a equipe de projeto. Para estes, a Para estudos futuros, sugere-se mapear todos
aplicação da ferramenta de gestão de os envolvidos no gerenciamento dos projetos
projetos aponta a falha de se prestar mais em em organizações públicas, identificar o papel
informar a cúpula do governo sobre o que exercido por estes e analisar os impactos
está acontecendo, em especial ao deste no gerenciamento, por meio de análise
gerenciamento do tempo, do que permitindo a multivariada e imerção no campo, a fim de
interferência deles para o fluxo mais eficiente confrontar as dinâmicas expostas pelos
de trabalho. Então, a ferramenta deveria envolvidos e as praticadas por estes.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


133

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Capítulo 12

Antonio Carlos de Lemos Oliveira


Guilherme Rezende Ferreira

Resumo: Este artigo tem por objetivo levantar informações sobre treinamento e
desenvolvimento de profissionais com experiência em gestão de projetos bem
como observar se os respondentes recebem algum tipo de treinamento e sua
periodicidade, quais treinamentos eles participam e quais eles classificam como os
mais importantes para o gerenciamento de projetos. Para atingir o objetivo
pretendido, fizemos uma breve revisão da literatura na área treinamento e
desenvolvimento em gerenciamento de projetos e elaboramos um questionário
composto por três conjuntos de perguntas (dados dos entrevistados, das empresas
e referentes a treinamento e desenvolvimento). O público alvo desse questionário,
criado em uma ferramenta de divulgação online chamada de Google Docs, foi
composto de gerentes de projetos. O estudo permitiu observar que há pontos
contraditórios sobre treinamento e desenvolvimento nas empresas dos
entrevistados.

Palavras-chave: Gerenciamento de Projetos. Desenvolvimento de Recursos


Humanos. Treinamento e desenvolvimento, Gestão do Conhecimento

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


137

1. INTRODUÇÃO projeto a fim de atender aos seus requisitos.


(XAVIER et al., 2005, p. 7).
Hoje em dia, o mundo está passando por uma
mudança radical. Essa mudança sempre Para Abreu (2006), o gerenciamento de
existiu na humanidade, mas não tão projetos é definido como um conjunto de
acelerada e globalizada. Segundo Chiavenato atividades desenvolvidas para a sua
(2009): implementação ou realização de uma missão.
A globalização, o desenvolvimento Segundo o Guia PMBOK (2017), o
tecnológico e a mudança e transformação da gerenciamento de projetos é a aplicação do
sociedade fazem com que a capacidade de conhecimento, habilidades, ferramentas e
sobrevivência e excelência das organizações técnicas às atividades do projeto para atender
passe cada vez mais a depender fortemente e os requisitos estabelecidos, sendo realizado
diretamente das habilidades e competências mediante aplicação apropriada dos
das pessoas que nelas trabalham. processos de gerenciamento de projetos
selecionados e identificados para uso no
Este artigo tem por objetivo levantar
projeto.
informações sobre treinamento e
desenvolvimento de pessoas com experiência Em sua nova versão, o Guia PMBOK (2017)
em gestão de projetos, já que o apresenta 10 áreas de conhecimentos
estabelecimento de um processo de distintas, com 49 processos de
desenvolvimento contínuo e adaptativo de gerenciamento de projetos. As áreas de
conhecimento, habilidades e competências, conhecimento são:
capaz de oferecer respostas flexíveis às
 Gerenciamento da integração do
diversas exigências do mercado cada vez
projeto – para Vargas (2005), o
mais exigente, torna-se vital para o
gerenciamento da integração é a área que
crescimento e sobrevivência das empresas.
engloba os processos requeridos a fim de
assegurar o bom funcionamento de todos os
elementos do projeto mediante coordenação
2. REVISÃO DE LITERATURA
e integração.
2.1 GESTÃO DE PROJETOS
 Gerenciamento do escopo do projeto
O Guia PMBOK, em suas últimas edições de – segundo Abreu (2006, p.8), essa área de
2013 e 2017, apresenta a definição de projeto conhecimento “descreve os processos
como “um esforço temporário empreendido necessários para assegurar que o projeto
para criar um produto, serviço ou resultado contemple todo o trabalho requerido, e nada
exclusivo”. mais que o trabalho requerido, para completar
o projeto com sucesso”.
Projeto é um empreendimento não repetitivo,
caraterizado por uma sequência clara e lógica  Gerenciamento do cronograma do
de eventos, com início, meio, e fim, que se projeto – segundo Xavier et al. (2005), esta
destina a atingir um objetivo claro e definido, área de conhecimento engloba os processos
sendo conduzido por pessoas dentro de necessários para que o projeto seja concluído
parâmetros predefinidos de tempo, custo, no prazo previsto.
recursos envolvidos e qualidade (VARGAS,
 Gerenciamento dos custos do projeto
2007, p. 5).
– o Guia PMBOK (2017) define que esta área
Para o Guia PMBOK (2017), o sucesso do de conhecimento inclui os processos para
projeto deve ser medido após a conclusão de planejar, estimar, orçar, financiar, gerenciar e
cada etapa, dentro das restrições de escopo, controlar os custos, de forma que o projeto
tempo, custo, qualidade, recursos e risco, finalize no orçamento aprovado.
conforme estabelecido e acordado entre os
 Gerenciamento da qualidade do
gerentes de projetos e a equipe envolvida no
projeto – Segundo Abreu (2006, p.8), esta
mesmo.
área de conhecimento “descreve os
O Gerenciamento de Projetos (GP) é um ramo processos necessários para assegurar que as
da Ciência da Administração que trata da necessidades que originaram o
iniciação, planejamento, execução, controle e desenvolvimento do projeto sejam satisfeitas”.
fechamento de projetos [...] envolve a
 Gerenciamento dos recursos do
aplicação de conhecimento, habilidades,
projeto – o Guia PMBOK (2017) define que
ferramentas e técnicas às atividades do

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


138

esta área de conhecimento aborda os  A metodologia ensinada por


processos para a identificação, aquisição e Chiavenato (2009) sobre as etapas do
gerenciamento dos recursos requeridos para desenvolvimento de pessoas é descrita, a
proporcionar uma conclusão exitosa do seguir:
projeto. Inclui-se aí o gerenciamento dos
 Transformar pessoas em talentos:
recursos humanos.
Talentos são pessoas dotadas de grandes
 Gerenciamento das comunicações do competências que agregam valor para as
projeto – segundo Xavier et al. (2005, p. 8), organizações. Transformar pessoas em
essa área de conhecimento envolve os talentos exige um grande esforço da
“processos relativos à geração, coleta, organização e a consequência disto, é uma
disseminação, armazenamento e destinação enorme robustez do desempenho individual.
final das informações do projeto de forma
 Transformar talentos em capital
oportuna e adequada”.
humano: Para que os talentos consigam ser
 Gerenciamento dos riscos do projeto traduzidos em capital humano, eles precisam
– segundo Vargas (2005, p.48), é a área de trabalhar em um contexto organizacional,
conhecimento “que visa planejar, identificar, dando-lhes apoio, motivação, autonomia e
qualificar, quantificar, responder e monitorar responsabilidade. O contexto organizacional
os riscos do projeto”. propício em transformar talentos em capital
humano é composto de uma estrutura
 Gerenciamento das aquisições do
organizacional flexível e integradora, com uma
projeto – segundo Abreu (2006), é a área de
cultura organizacional participativa e
conhecimento que descreve os processos
empreendedora e uma gestão baseada na
necessários para a aquisição de mercadorias
liderança, no coaching e no mentoring.
e serviços externos (feito por terceiros) da
empresa que desenvolve o projeto.  Transformar capital humano em
capital intelectual: Para que o capital humano
 Gerenciamento das partes
possa se transformar em capital intelectual, é
interessadas do projeto – o Guia PMBOK
preciso analisar dois aspectos
(2017) define que esta área de conhecimento
simultaneamente, o capital externo e o interno,
aborda os processos demandados para
ambos intangíveis. É o capital humano que
identificar continuamente todas as pessoas,
permite incentivar e estimular o capital interno
grupos ou organizações que podem causar
e externo da organização a fim de construir o
ou sofrer impacto em decorrência do projeto,
capital intelectual.
analisar as expectativas destas partes
envolvidas e interessadas bem como sua  Transformar capital intelectual em
influência e impacto no projeto, visando resultados tangíveis para a organização: O
desenvolver estratégias apropriadas para um capital intelectual precisar ser transformado
gerenciamento dessas expectativas e em resultados tangíveis para a organização.
engajamento eficaz destas partes Essa transformação depende de como a
interessadas nas decisões e execução do organização utiliza seus ativos intangíveis
projeto. para capturar e entregar valor. Exemplos:
lucratividade, crescimento organizacional,
valor agregado, imagem e reputação.
2.2 DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS
 Yoder (1956 apud CHIAVENATO,
HUMANOS
2009) diz que existem muitos significados
Abreu (2006) afirma que o sucesso da para a palavra treinamento. Alguns
atividade de Desenvolvimento de RH está especialistas de recursos humanos
compreendido em três pilares básicos: consideram treinamento como o meio de
desenvolver os colaboradores dentro de
 Necessidades claramente
cargos particulares. Já outros autores como
identificadas;
Whitehill Jr (1955 apud CHIAVENATO, 1997),
 Objetivos de aprendizagem dizem que a área genérica chamada
precisamente definidos; desenvolvimento, divide-se entre educação e
treinamento. O treinamento significa o preparo
 Plano estruturado para avaliação de
da pessoa para o cargo, e a educação é o de
processos e resultados.
preparar a pessoa para o ambiente dentro ou
fora do seu trabalho.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


139

 Abreu (2006) diz que a capacitação e  E Abreu (2006) exemplifica algumas


o desenvolvimento de pessoas trazem os metodologias:
seguintes resultados / benefícios:
 Aprender fazendo: Rodízio (Job
 Aumento de Produtividade rotation); Estágios profissionais; Delegação;
Benchmarking; Participações em eventos
 Ganhos de competitividade
ocasionais; Capacitação em serviço (on the
 Aumento dos padrões de qualidade job training); Aprendizagem profissional;
Simulação, nas mesmas condições da
 Melhoria no atendimento
realidade de trabalho; e Demonstração.
 Redução dos erros e retrabalhos
 Aprender por conceitos: Explanação
 Colaboradores mais comprometidos e ou exposição oral; Conferência; Debate
motivados cruzado; Discussão dirigida; Estudo dirigido;
Instrução programada; Painel; Simpósio;
 Para Chiavenato (2009), a primeira
Seminário; e Estudo de caso.
etapa do treinamento corresponde ao
diagnóstico preliminar sobre o que deve ser  Aprender por simulação:
feito. Isso ajuda identificar quais as Dramatizações (Role-playing); Dinâmica de
necessidades e carências de treinamento, Grupo; Jogos de empresa; Projeto; e T-grupo
seja ela na organização ou numa parte da (training-group).
mesma.
 Ensino a distância: a definição de
 Abreu (2006) exemplifica alguns educação a distância é a informação ou
instrumentos para a identificação de conhecimento dado entre o participante e o
necessidades de treinamento: professor separados em tempo e espaço.
Outra importância desse estudo é a auto
 Avaliação de desempenho
capacitação do participante ditando o seu
 Discussões em grupos ritmo, interesse e motivação (ABREU, 2006,
p74).
 Entrevistas com pessoal de
supervisão e de gerência  Tecnologias interativas para a
capacitação e desenvolvimento: a tecnologia
 Entrevista de saída
interativa mais utilizada para capacitação e
 Análise de índices de RH desenvolvimento é a capacitação on-line (e-
learning). Esse aprendizado remoto utiliza
 Listagem de atividades desenvolvidas
algum meio de comunicação. Com o advento
 Observação direta da Internet, o conceito de e-learning é
apresentado via internet, uma linguagem
 Pesquisa de clima organizacional
comum a todas as pessoas em todos os
 Provas e testes locais, idades, segmentos de negócios, e
graus de escolaridade. Essa tecnologia
 Questionários específicos
permite aprendizado mais rápido, custos
 Resultados de avaliação de projetos reduzidos, com uma clara responsabilidade
de capacitação e desenvolvimento de todos os envolvidos neste processo
(ABREU, 2006, p.76).
 Reuniões entre áreas de trabalho
 Solicitações de supervisores e
gerentes 3. METODOLOGIA
 Uris (1966 apud ABREU, 2006) 3.1 TIPO DE PESQUISA
classificam os esforços de desenvolvimento
Segundo Gil (2010), as pesquisas
em quatro categorias:
exploratórias têm como propósito
 Aprender pela experiência proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas a torná-lo mais explícito
 Aprender pela simulação
ou a construir hipóteses. Seu planejamento
 Aprender pela teoria tende a ser bastante flexível, pois interessa
considerar os mais variados aspectos
 Aprender pelo “desenvolvimento do
relativos ao fato ou fenômeno estudado.
espírito”
Segundo Selltiz (1967 apud GIL, 2010), a

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


140

coleta dados pode ocorrer de diversas O terceiro grupo, com 21 perguntas, coletou
maneiras, mas geralmente envolve os dados relacionados a treinamento e
seguintes passos: desenvolvimento dos respondentes.
[1]. Levantamento bibliográfico; O questionário foi elaborado em uma
ferramenta online, chamada de Google Docs,
[2]. Entrevistas com pessoas que tiveram
e divulgado em redes sociais e um grupo de
experiência prática no assunto;
e-mail voltado para profissionais da área de
[3]. Análise de exemplos que estimulem a gestão de projetos. O questionário ficou
compreensão. aberto para respostas por 15 dias.
Ao todo, 20 pessoas responderam ao
questionário que foi estruturado com uma
3.2 ESTRUTURAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
pergunta balizadora, a fim de assegurar a
Foi elaborado um questionário com o intuito conformidade ao público alvo dessa pesquisa
de levantar junto a gerentes de projetos exploratória. Por isso, três respostas foram
informações quanto aos treinamentos desconsideradas por não serem oriundas de
recebidos em sua área de atuação, tais como: gerentes de projetos.
tipos, periodicidade e quais eles classificam
como os mais importantes. Por motivo de
confidencialidade, foi assegurado o 4. ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS
anonimato dos respondentes e o sigilo quanto
4.1 ANÁLISE E RESULTADOS DO 1ª
às informações recebidas e recolhidas nesse
CONJUNTO DE PERGUNTAS - DADOS DOS
questionário.
RESPONDENTES
O questionário aplicado teve como público
O primeiro conjunto de perguntas tratou de
alvo os gerentes de projetos e foi composto
identificar as características acadêmicas e
de três conjuntos de perguntas: dados dos
profissionais dos gerentes de projetos
respondentes, das empresas e referentes a
respondentes. Os seguintes pontos foram
treinamento e desenvolvimento – T&D.
abordados: sexo, idade, grau de
O primeiro conjunto, com dez perguntas, escolaridade, experiência profissional,
coletou dados dos respondentes tais como experiência em gestão de projetos,
formação acadêmica, vivência profissional e treinamento em gestão de projetos,
treinamentos realizados em gestão de certificação e especialização em gestão de
projetos. projetos.
O segundo conjunto, com três perguntas, Na amostra obtida, há uma predominância do
coletou dados relacionados com as sexo masculino (82%) e de pós-graduação
características das empresas dos como escolaridade (53% com Especialização
respondentes, tais como: ramo de atuação, e 35% com Mestrado). A média da idade dos
faturamento anual e números de funcionários. respondentes é de 43 anos, tendo o mais
Foi utilizada a Classificação Nacional de jovem com 26 anos e o mais idoso com 57
Atividades Econômicas – CNAE (2015) para anos. Para esta amostra, ter uma certificação
enquadrar o ramo de atuação das empresas parece não ser um requisito essencial para
nas quais os respondentes trabalham. Para atuação na área, já que 71% afirmaram não
caracterizar o porte das empresas, utilizou-se possuir certificações em gestão de projetos.
o critério do BNDES (2015) em relação ao
faturamento, e do SEBRAE (2006) em relação
ao número de funcionários.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


141

Figura 1 – Experiência Profissional dos Respondentes.

40
35
Experiência Profissional (anos)

30 12
25
10 10
20 20 24
15 18
15 17
15 24
10 6
5 17 18
6
5 3 5 10 10 9
8 8 8
1 1 4 3 5 4 5 7
0 1 2
Respondentes
Experiência Profissional em Gestão de Projetos (em anos)

Fonte: elaborado pelos autores

Em relação a treinamento em gestão de 4.3 ANÁLISE E RESULTADOS DO 3º


projetos, 15 respondentes (88%) disseram CONJUNTO DE PERGUNTAS - DADOS
que possuem treinamentos em gestão de REFERENTES SOBRE TREINAMENTO E
projetos e outros 2 (12%) disseram que não DESENVOLVIMENTO - T&D
possuem treinamentos nessa área de
O terceiro conjunto de perguntas identificou a
conhecimento.
opinião dos respondentes sobre treinamentos
em suas empresas, a periodicidade e
patrocínio desse tipo de treinamento, a
4.2 ANÁLISE E RESULTADOS DO 2º
existência de política de investimento, a
CONJUNTO DE PERGUNTAS - DADOS DAS
identificação de necessidades de
EMPRESAS
treinamentos, o treinamento a distância e
O segundo conjunto de perguntas tratou de treinamento no local de trabalho, as
identificar as características das empresas metodologias de aprendizagem; os benefícios
nas quais os respondentes trabalham. Os de capacitar e desenvolver pessoas e a
seguintes pontos foram abordados: ramo de caracterização de um bom treinamento em
atuação, faturamento anual (receita gestão de projetos.
operacional bruta) e número de funcionários.
Apenas 24% dos respondentes classificaram
Como a amostra foi pequena, os resultados como bons os investimentos em capacitações
quanto ao ramo d atuação foram dispersos, de suas empresas, enquanto que 76%
porém observou-se a predominância de classificaram como regulares, deficientes ou
empresas de grande porte. Em relação ao muito deficientes. Este quadro é preocupante,
faturamento, de acordo com BNDES (2015), pois é nítida uma insatisfação da amostra
seis empresas (35%) podem ser classificadas pesquisada com suas empresas e isso pode
como de grande porte, já em relação ao acarretar em desmotivação e desinteresse.
número de funcionários, segundo a Segundo 47% dos respondentes, a empresa
classificação do SEBRAE (2006), dez em que trabalham não financiou nenhum tipo
empresas (59%) podem ser consideradas de treinamento nos últimos dois anos e 18%
grande porte. disseram que fizeram apenas 1 treinamento
neste período.
Verificou-se que 76% dos respondentes
participaram de treinamentos de
desenvolvimento técnico enquanto o restante
participou de treinamentos de
desenvolvimento gerencial. Sessenta e cinco
por cento dos respondentes (11 gerentes)

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


142

disseram que as empresas forneceram algum predominantemente internos e vêm sendo


tipo de treinamento em gestão de projetos. O reduzidos nos últimos anos. Para 11
conhecimento técnico é muito importante para respondentes (65%), suas empresas não
esses gerentes, mas, no cargo em que eles fazem periodicamente o levantamento das
estão, o melhor seria que esses respondentes necessidades de treinamentos.
participassem de treinamentos de
Quanto às formas utilizadas pela empresa
desenvolvimento gerencial, pois são gerentes
para identificar necessidades e carências em
de projetos e exercem cargos de liderança.
treinamentos, os respondentes podiam
Também 53% dos respondentes disseram marcar mais de uma alternativa, pois o intuito
que sentem algum tipo de dificuldade em dessa pergunta foi o de coletar o maior
conseguir patrocínio de treinamentos em sua número de instrumentos de identificação das
empresa, levando a percepção de que suas necessidades e carências em treinamentos,
empresas não se preocupam em treinar e conforme pode ser visto na figura 2. O
desenvolver seus funcionários. instrumento mais citado pelos respondentes
para identificar as necessidades e carências
Quanto à política de investir em treinamentos
em treinamentos, com 8 respostas foi a
ou capacitações para seus funcionários,
solicitação de supervisores e gerentes. Em
segundo 35% dos respondentes, as suas
segundo lugar, com 7 respostas, foi: “reuniões
respectivas empresas não investem em
entre as áreas de trabalho”. Já em terceiro
política de treinamento ou capacitação. Já
lugar, com 5 respostas tiveram dois
65% disseram que a empresa em que
instrumentos: a pesquisa de clima
trabalham tem por política investir em
organizacional e análise de índices de RH.
treinamentos, mas reclamaram que:
Teve também um entrevistado que não soube
contraditoriamente não são estimulados pela
dizer qual instrumento a sua empresa utiliza.
organização, quando ocorrem são

Figura 2 – Formas utilizadas pela empresa para identificar necessidades e carências em


treinamentos.

Se utiliza, eu desconheço 1
Solicitações de supervisores e gerentes 8
Reuniões entre áreas de trabalho 7
Resultados de aval. de proj. de capacit. e desenv. 2
Questionários específicos 2
Prova e testes 1
Pesquisa de clima organizacional 5
Observação direta 4
Listagem de atividades desenvolvidas 3
Análise de índices de RH 5
Entrevista de saída 1
Entrevistas com pessoal de supervisão e de gerência 2
Entrevistas com pessoal de linha 0
Discussões em grupos 2

0 2 4 6 8

Fonte: elaborado pelos autores

Treze gerentes (76%) disseram que local de trabalho.


participaram de treinamentos no local de
Oito gerentes (47%) responderam que as
trabalho específicos em sua área (exemplo:
suas empresas utilizam o ensino a distância
MS Project) ou relacionados com a função
para capacitar os seus respectivos
que iriam ocupar. Quatro gerentes (24%)
funcionários, enquanto nove respondentes
disseram não receberam treinamento em seu
(53%) responderam que as suas empresas

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


143

não utilizam esse tipo de treinamento. Abreu opinaram sobre esse tipo de treinamento.
(2006) argumenta que a importância desse
A metodologia de aprendizado mais utilizada
ensino é a auto capacitação do participante,
nas empresas, segundo os respondentes foi a
ditando o seu ritmo, interesse e motivação,
aprendizagem profissional (com sete
com mais flexibilidade de horário e
respostas), em segundo lugar vieram quatro
acessibilidade em relação ao ensino
metodologias (com seis respostas cada uma):
presencial. Quando perguntados sobre o que
estágios profissionais, benchmarking,
acham desse tipo de treinamento, 11 gerentes
explanação ou exposição oral e seminários.
(65%) disseram que acham esse treinamento
Em terceiro lugar tiveram outras três
interessante, e 5 (29%) disseram que esse
metodologias (com 5 respostas cada uma):
treinamento requer certos tipos de cuidado
capacitação em serviço, demonstração e
tais como: estar adequado à situação
conferência. As demais respostas podem ser
específica e cultural da empresa; a correta
visualizadas na figura 3. Vale ainda ressaltar
aplicação da metodologia e atenção a
que no campo comentários (coluna de cor
interação entre aluno com o professor. Já 4
vermelha no gráfico) um entrevistado disse
gerentes (24%) não gostam desse tipo
que a sua empresa não utiliza metodologia de
treinamento, e disseram que esse treinamento
aprendizagem e outro gerente disse que a
é superficial, deixando dúvidas e sendo
metodologia de aprendizado utilizada pela
pouco utilizado em ambiente corporativo. Os
sua empresa é o treinamento on-line que é
demais respondentes (2 gerentes - 12%) não
preparado/elaborado pela empresa dele.

Figura 3 – Metodologia de aprendizado mais utilizada nas empresas. Fonte: elaborado pelos autores

Não utiliza 1
Apenas on-line e preparadas pela mesma 1
T-grupo (training-group) 0
Dinâmica de Grupo 3
Dramatizações (Role-playing) 0
Estudo de caso 2
Seminário 6
Simpósio 3
Painel 3
Instrução programada 4
Estudo dirigido 2
Projeto 2
Discussão dirigida 1
Debate cruzado 0
Conferência 5
Explanação ou exposição oral 6
Demonstração 5
Simulação, nas mesmas condições da realidade de trab. 2
Aprendizagem profissional 7
Jogos de empresa 2
Capacitação em serviço (on the job training) 5
Participações em eventos ocasionais 3
Benchmarking 6
Delegação 2
Estágios profissionais 6
Rodízio (Job rotation) 3
0 1 2 3 4 5 6 7

Para 29% dos respondentes (5 gerentes), o (24%) foi apontado o aumento do


benefício de capacitar e desenvolver pessoas conhecimento, habilidades e técnicas bem
está voltado para o aspecto motivacional, como de produtividade. Também teve um
onde a pessoa se sente reconhecida gerente (6%) que citou como benefício a
agregando valor a si própria e a sua empresa. uniformização de procedimentos.
Já em segundo lugar, com quatro respostas
O que caracteriza um bom treinamento em

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


144

gestão de projetos para 12 respondentes possuir recursos humanos mais capacitados


(70%) é a existência de prática (experiência) pode ser uns dos facilitadores para uma boa
em gestão de projetos articulado com a teoria, gestão e para o alcance de metas e objetivos
extraindo o máximo das 10 áreas de corporativos.
conhecimento citadas pelo Guia PMBOK.
Chiavenato (2009) diz que “desenvolva
pessoas e elas desenvolverão a organização”.
Então o sucesso de um projeto ou a gestão de
5. CONCLUSÃO
uma empresa está relacionado ao modo como
O gerenciamento de projetos é uma prática os recursos humanos irão interagir entre si, a
complexa e que exige muito de quem está à fim de atender o que foi planejado no projeto
frente dele. É importante que as empresas ou pela organização.
possuam políticas de treinamento e
Os pontos positivos, negativos ou
desenvolvimento a fim de capacitar seus
contraditórios observados neste estudo, não
funcionários para que, além de crescer
devem ser extrapolados para quaisquer
profissionalmente, se sintam reconhecidos,
ambientes empresariais, mas sim servir de
incentivados e motivados. Já para a empresa,
base para novas investigações e estudos.

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Capítulo 13

Marcos Leandro
Gustavo Adami
Lia Denize Piovesan

Resumo: A dinâmica dos negócios na atualidade é constante, deste modo estar


preparado para os desafios é uma tarefa primordial dos tomadores de decisão.
Sendo assim, este artigo tem a proposição de desenvolver um roadmap
simplificado utilizando instrumentos consolidados na literatura. O intuito é de
facilitar a tomada de decisão no que tange o posicionamento estratégico da
organização. O roadmap proposto, apresenta os postos-chaves para a organização
e fornece um norte para dentro da sua estratégia priorizar ações, sejam de
investimento e/ou melhorias no processo como um todo.

Palavras-chave: ROADMAP. Estratégia de produção.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


146

1 INTRODUÇÃO surgiram, nos últimos tempos, mirando


especular a dinâmica das tecnologias
Muitos gestores estão conscientes da
emergentes nas indústrias, em um horizonte
importância estratégica da tecnologia na
de longo prazo e, principalmente, ampliar,
entrega de valor e vantagem competitiva para
implementar e executar mapas estratégicos
suas empresas. Estas questões estão se
de modo a alinhar a estratégia da empresa às
tornando mais críticas como o custo,
suas competências tecnológicas (FILHO,
complexidade, taxa de aumento da inovação
2007).
tecnológica da concorrência e fontes de
tecnologia globalizado. A gestão de Este artigo tem como objetivo principal propor
tecnologia para o benefício do negócio requer uma maneira simplificada de utilização de
processos e sistemas eficazes de ser modelos de posicionamento estratégico de
colocado em prática para garantir que os produções existentes (como por exemplo o
recursos tecnológicos dentro da organização framework de Miltenburg). O método de
estejam alinhados com suas necessidades, trabalho utilizado foi a revisão bibliográfica. A
agora e no futuro (PHAAL et al., 2001). seguir será apresentado o referencial teórico,
seguido da construção do raodmap. Ao final
Segundo Miltenburg (2008), a indústria
serão apresentados os resultados e as
transformadora é a principal responsável pela
possibilidades de trabalhos futuros.
forma, valor e os prazos e conta com
participação de marketing e contabilidade. A
indústria deve realizar as atividades de design
2 REFERENCIAL TEÓRICO
e produção em tempo hábil. Marketing e
contabilidade são responsáveis pelo valor e O referencial teórico tem como objetivo reunir
pelos tipos de atividades, tais como preços, um conjunto teórico alicerçado de
crédito, propaganda e serviço ao cliente. As embasamento técnico cientifico para a
fábricas podem ser grandes ou pequenas, e construção do presente trabalho.
podem consistir de uma ou mais fabricas
dentro-de-fábricas, (também chamado planta
2.1 UTILIZAÇÃO DE ROADMAPS
dentro de plantas).
Genericamente, um roadmap é um layout de
Estratégia de manufatura pode ser analisada
caminhos ou rotas que existe (ou poderiam
ao nível da indústria, empresa, unidade
existir) em algum espaço geográfico
estratégica de negócios. Porém, definir qual o
particular. Na vida cotidiana, mapas de
tipo de tecnologia a ser aplicada na
estradas são usados por viajantes para
manufatura é de extrema necessidade
decidir entre rotas alternativas em direção a
(WHEELWRIGHT, 1984). Ainda conforme
um destino físico. Assim, um roteiro serve
Miltenburg 2008, decisões operacionais são
como ferramenta de um viajante que oferece
decisões que a fábrica faz nas áreas
permanente essencial entendimento, a
estruturais e infra estruturais que a compõem.
proximidade, a direção, e algum grau de
Há quatro áreas estruturais: a capacidade,
certeza no planejamento de viagens
instalações, tecnologia e integração
(KOSTOFF; SCHALLER, 2001).
vertical/terceirização, e quatro áreas de
infraestrutura: força de trabalho, qualidade, A prática de elaboração de roadmaps
planejamento de produção e organização. geralmente envolve aprendizado, experiência
e como resultado a criação de uma
No estudo realizado por Miltenburg (2008), ele
ferramenta de comunicação para embasar os
separa as saídas de produção fornecidas por
participantes no seu objetivo. Galvin (1998),
uma fábrica dentro de uma fábrica em seis
ex-presidente da Motorola e defensor da S&T
saídas individuais: a entrega, custo,
(Science and Technology), ofereceu a
qualidade, desempenho, flexibilidade e
definição de roadmap como sendo um olhar
capacidade de inovação. No trabalho
ampliado sobre o futuro de um campo
realizado por Miltenburg (2008) ele utilizou as
escolhido, composto a partir do conhecimento
seis saídas e criou uma matriz. Matriz como a
coletivo e imaginação dos pilotos mais
criado por Miltenburg (2008) pode ser
brilhantes nesse campo. Roadmaps
representado de forma mais amigável
comunicam visões e estimulam investigações
utilizando um roadmap.
e auxiliam o monitoramento do progresso.
Os mapas tecnológicos ou technology
Segundo Garvin (1998), roadmaps na S&T
roadmaps fazem parte das ferramentas que
fornecem uma visão de consenso disponível

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


147

para os tomadores de decisão. O processo fornecem uma representação dirigida ao


de elaboração de roadmaps fornece uma tempo das relações entre tecnologias e
maneira de identificar, avaliar e selecionar produtos. Esse conjunto central de
alternativas estratégicas que podem ser relacionamentos é frequentemente aumentado
usados para alcançar um objetivo desejados com conexões para os mercados e de vez em
na S&T. quando para as organizações envolvidas no
fornecimento de tecnologias e produtos (ver
Filho (2007), ainda define o roadmap como
Fig. 1) (RINNE, 2003).
sendo um procedimento de planejamento
Segundo Rinne (2003), um dos roadmaps
incentivado pela necessidade de tecnologias,
tecnológicos mais conhecidos e mais
que ajuda a identificar, selecionar e
frequentemente citados, o roadmap de
desenvolver tecnologias alternativas para
semicondutores mantido por Sematech,
atenderem um determinado conjunto de
comunica e coordena os esforços dos
necessidades ou de produtos já definidos. As
membros do consórcio. Muitos roadmaps
principais funções do roadmap tecnológico
menores servem para coordenar os esforços
têm sido de representação, comunicação,
dos departamentos dentro de uma única
planejamento e coordenação e, de certa
empresa e alinhar seus esforços com os
forma, para a seleção de tecnologia. Os
objetivos globais da empresa.
roadmaps tecnológicos normalmente
.
FIGURA 1 - Roadmap genérico de tecnologia

Fonte: Adaptado de Rinne, 2003

Roadmaps podem também ser utilizados em recursos de cada empresa, com o objetivo de
outras disciplinas, não somente na área de melhorar o desempenho e assim sustentar de
definição estratégica. Neto (2010), propôs um sua estratégia competitiva (estratégia de
roadmap para a implantação da abordagem negócios) ao longo do tempo (DUPONT,
do pensamento sistêmico em organizações. 2011).
Através de um estudo de caso em uma
Skinner (1969), trata das necessidades de
empresa brasileira do ramo de mineração o
aproximação das relações existentes nas
referido autor, define os principais paços para
operações de produção com a estratégia da
a implementação da abordagem sistêmica e
corporação, afirma existirem trade-offs entre
faz uma compilação estruturada destes em
alguns atores do sistema de produção. O
um roadmap.
autor versa ainda sobre a necessidade das
companhias observarem os sistemas de
produção de uma maneira mais ampla do que
2.2 ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO
apenas um emaranhado tecnológico. Para
A estratégia da produção trata da definição Dupont (2011), essa proposição de Skinner
de políticas e planos de como utilizar os (1969) possui um viés sistêmico no sentido do

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


148

apontamento de um modelo em diversas Atributos competitivos são conjuntos de


dimensões para o gerenciamento da aspectos e critérios que cada empresa
produção, o qual considera uma abordagem precisa identificar e necessita valorizar para
top-to-down, partindo da estratégia conseguir competir em determinado mercado.
corporativa. De acordo com cada competência própria da
empresa, cada característica do mercado,
Seguindo no contexto histórico do tema,
dependendo do grau de concorrência do
Hayes e Wheelwright (1979), vinculam o
segmento e do tipo de produto produzido a
processo de produção ao ciclo de vida dos
empresa necessitará realizar escolhas entre
produtos e propõem uma matriz de
algumas das prioridades competitivas em
posicionamento estratégico da produção, a
detrimento de outras e deste modo fazer um
qual relaciona o volume de produção ao tipo
uso de maneira racional dos seus recursos,
de processo que deve ser empregado, é a
capacidades e oportunidades de mercado
chamada matriz produto X processo.
com o intuito de se tornar cada vez mais
Wheelwright (1984), reforça a importância da
competitiva (MILTENBURG, 2008). Pode-se
estratégia de produção na busca de
perceber a clara necessidade de se definir os
vantagem competitiva pelas indústrias.
atributos competitivos que mais se adaptam
O autor apresenta um quadro que visa
para cada empresa e estruturar a produção
estabelecer uma conexão entre os diversos
para que esta operação seja capaz de
níveis estratégicos de uma corporação. O
suportar a definição estratégica adotada pela
autor define estratégia de produção como
empresa (DUPONT, 2011).
sendo uma arma competitiva baseada em
decisões relacionada à estrutura, à Diversos autores destacam uma série de
infraestrutura e a competências decorrentes diferentes atributos competitivos. Nos textos
dessas decisões. mais seminais, poucos aspectos eram
apresentados, Skinner (1974), apresentou
Algumas fabricas-dentro-de-fábricas não
apenas 4 atributos (custo, qualidade, entrega,
possuem nenhuma dificuldade em fazer
e flexibilidade). Com o passar dos anos e
melhorias ou alterações, mesmo os muito
desenvolvimento de trabalhos na área, outros
grandes. Outros por sua vez, lutam para fazer
fatores foram apresentados. Dupont (2011)
pequenas mudanças. Um fator que tem um
apresenta o Quadro 1 no qual lista uma série
importante efeito sobre a capacidade de para
de pesquisadores do temário da estratégia de
fazer mudanças é o nível de produção de
produção com os atributos competitivos
capacidade do sistema de produção. Novas
apontados por cada autor. Vale ressaltar que
capacidades de fabricação são construídas
alguns dos atributos são comuns a todos os
sobre uma base de recursos existentes, desta
pesquisadores apresentados por Dupont
forma, as definições da tecnologia a ser
(2011), já em trabalhos mais recentes as
empregada nas mudanças sejam
dimensões competitivas relacionadas a
incrementais ou por melhoria, devem estar
inovação e satisfação do cliente (serviço)
alinhada com a capacidade tecnológica
estão presentes.
definida pela organização (MILTENBURG,
2008). Antunes Júnior et al. (2008) apud Dupont
(2011), versam sobre os critérios de
Diversos dos conceitos acerca de estratégia
atendimento no prazo e velocidade, atrelando
de produção tratam do temário das vantagens
estes dois itens a variável tempo. O
competitivas, (também chamados de atributos
atendimento no prazo refere-se ao fornecedor
competitivos, critérios competitivos ou
cumprir a data prometida para a entrega
competências competitivas). Skinner (1974)
(independente se esta é maior que a do seu
abre o debate afirmando que os clientes, para
concorrente, neste quesito o importante é
realizarem suas escolhas, consideram vários
cumprir a data prometida). Já a velocidade
aspectos antes de decidir sobre um
está vinculada com o quão rápido a produção
determinado fornecedor. O julgamento destes
se adapta a uma determinada demanda, em
pontos é fundamental para a decisão dos
outras palavras, velocidade de entrega tem
clientes efetuarem ou não uma determinada
por característica a capacidade da empresa
transação comercial. Cada consumidor tem
em entregar produtos com prazos menores
uma determinada percepção acerca de cada
que os seus concorrentes.
um dos itens, para determinada pessoa um
tipo de vantagem será interessante, já para Outro ponto que cabe menção no tema da
outro cliente outro tipo. estratégia de produção é a diferenciação

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


149

entre critérios qualificadores e critérios esperado, no entanto, não haverão


ganhadores de pedidos. Slack (1994) apud ganhos substanciais com este
Dupont (2011), classifica estes critérios da atributo, seu desempenho superior
seguinte maneira: trará apenas benefícios menores.
 Critérios Qualificadores: estes  Critérios Ganhadores de Pedido:
critérios dizem respeito ao padrão estes atributos contribuem de uma
mínimo exigido pelos consumidores. maneira direta e significativamente
Para que um determinado item possa para a realização de um negócio,
competir no mercado este deve para conseguir um pedido. São
atender um nível mínimo de considerados pelos consumidores
performance. Se o produto apresentar como razões-chave para comprar o
um padrão de desempenho acima do produto ou serviço.

Quadro 1 – Principais atributos competitivos presentes na literatura.


Dimensões Competitivas
Autores Inovati-
Custo Prazo Velocidade Flexibilidade Qualidade Serviço
vidade
Hayes &
Wheelwringh
(1984) x x x x x
Leong et al.
(1990) x x x x x x
Dangayach
(2001) x x x x x
Spring (1997) x x x x x
Skinner (1974) x x x x x
Brown (2007) x x x x x x
Cristiansen
(2003) x x x x x x
Acur (2003) x x x x x x x
Kim (2004) x x x x x x x
Paiva et al.
(2009) x x x x x x
Antunes et al.
(2009) x x x x x x
Ferdows & De
Meyer (1990) x x x x x
Slack (1994) x x x x x
Fonte: Dupont, 2011

Há ainda um terceiro nível de atributos 3 CONSTRUÇÃO DO ROADMAP


competitivos que segundo Slack (1994) apud
A partir do referencial teórico apresentado
Dupont (2011), são chamados critérios menos
acerca de estratégias de produção, com base
importantes, que são os itens que não
nos modelos apresentados, iniciou-se a
influenciam o consumidor de uma maneira
elaboração do roadmap. Inicialmente foi
direta, e caso estejam presentes serão
definida a formatação do instrumento que
apenas aditivos. A performance neste tipo de
deve seguir um modelo de fluxograma,
critério não influencia a decisão do
apresentando passos a serem seguidos,
consumidor comprar ou não determinado
portais de decisão, feed-backs do sistema e
item.
outros pontos inerentes a este tipo de
roadmap. Como o intuito do trabalho é
promover uma simplificação das principais
ferramentas de decisões estratégicas
pesquisadas (Framewok de Miltenburg, 2007,

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


150

Matriz importância desempenho de Slack, ao público. Na figura 2 é apresentado


2009, Modelo de Dupont, 2011, etc) o formato esquematicamente o roadmap proposto, que
de fluxograma foi selecionado por ser familiar é o objetivo deste trabalho.

Figura 2 - Roadmap para posicionamento estratégico de produção

Fonte: Autores, 2015

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


151

Definiu-se quais ferramentas existentes na supercapacidade por sua vez, acarreta uma
literatura seriam utilizadas na confecção do menor utilização dos ativos, porém abre a
roadmap. Optou-se por utilizar as que mais possibilidade de uma maior flexibilidade de
agregariam valor e que fossem de aplicação produção e de não perder vendas.
prática reconhecida, visto que não se tem por
Após, o roadmap guia o usuário para a
intenção a criação de um instrumento que
definição da elaboração da lista de ações
condense toda a informação necessária para
gerada da utilização do instrumento,
definição estratégica de uma unidade, mas
sugerindo que seja utilizado o método de
sim um guia simples para auxiliar a tomada de
PDCA para gerenciamento das ações.
algumas decisões importantes.
Inicialmente o usuário deve selecionar um dos
atributos competitivos para iniciar o fluxo. No 4 CONCLUSÕES E POSSIBILIDADE DE
roadmap estes estão apresentados no mesmo FUTUROS TRABALHOS
quadro, porém a utilização deve ser atributo
O Roadmap proposto pode ser entendido
por atributo. A primeira ferramenta de análise
como um roteiro que uma organização tem
é a matriz proposta por Slack (2009) para
para alcançar um objetivo específico no
análise de importância e desempenho de
tempo necessário. Deste modo, a
cada atributo. A matriz está apresentada em
organização pode monitorar as expectativas
dois portais de decisão. O primeiro diz
do mercado e assim posicionar-se sem
respeito a importância do determinado
perder espaço no mesmo. Os Roadmapping
atributo (classificador, ganhado de pedido ou
podem ser usados para diferentes aplicações,
menos importante) e o segundo ao
entre estes, para alinhar a estratégia com o
desempenho em relação ao mercado
que o cliente espera, assim como identificar
(desempenho fraco, neutro ou forte em
deficiências difíceis de visualizar e escolher a
relação ao mercado). Nestes dois passos de
melhor decisão para ser fazer.
decisão, estão definidos algumas
necessidades de ações pontuais de melhoria, A elaboração de roadmaps tem de ser
porém se tratar-se de critérios qualificadores entendido como um processo contínuo que
ou ganhadores de pedido são necessárias faz parte do ciclo de vida da organização. A
ações mais urgentes, desta maneira o utilização de Roadmap auxilia na contenção
roadmap segue no seu desenvolvimento. dos riscos existentes na organização. Como
exemplo podemos salientara a questão onde
Seguindo no roadmap proposto, uma das
o volume e flexibilidade muitas vezes são
possíveis ações para melhorar o
trade off’s e a definição da estratégia a ser
desempenho, pode estar ligada a
empregada é de suma importância, pois
discrepância em relação a matriz processo e
investimentos em equipamentos geralmente
produto proposta por Hayes e Wheelwright
acarretam dispêndio de valores elevados. No
(1979). Se o processo não estiver seguido a
roteiro (roadmap) proposto ele fornece uma
diagonal da matriz, sugere-se que este seja
informação clara para os tomadores de
adequado e após alguns resultados retome-
decisão avaliar diferentes cenários e
se a análise. Caso a o processo esteja
posicionamento estratégico da organização.
adequado à matriz de Hayes e Wheelwright
(1979), o roadmap sugere uma análise de No que tange a trabalhos futuros, seria
demanda e capacidade. interessante a aplicação do roadmap
proposta em um estudo de caso comparando
Uma estratégia de subcapacidade está
as ações estratégias da organização frente à
atrelada a uma maior utilização dos ativos,
ferramenta proposta. Ainda juntamente com o
porém acarreta em perda de vendas em
roadmap proposta, seria coerente a utilização
alguns casos, haja vista a demanda maior que
de ferramentas de planejamento por cenários,
a capacidade. Esta estratégia apresenta-se
pois o mercado é dinâmico e decisões
interessante quando o atributo competitivo
tomadas hoje, podem impactar de forma
está ligado, por exemplo, com a necessidade
negativa a organização no futuro.
de baixos custos. Uma estratégia de

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


152

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Capítulo 14

Amanda Priscila da Fonseca Baptistini


Celeste José Zanon

Resumo: O presente estudo trata do sistema de informação como recurso que visa
garantir a disponibilidade e distribuição de informações imprescindíveis para
orientar e guiar os profissionais na continuidade dos diferentes cuidados prestados
por uma instituição de longa permanência para idosos (ILPI). Foi realizado um
estudo de caso para compreender a relação entre o sistema de informação e a
comunicação dos profissionais que atuam no cuidado integral de uma ILPI.
Objetivou-se compreender como se estabelece o suporte proveniente do sistema
de informação mantido na instituição à comunicação entre os serviços. Os
resultados demonstraram que a ausência de sistemas de informação
fundamentados em recursos tecnológicos não apresentou impedimentos para a
gestão da ILPI disponibilizar recursos com a finalidade de sistematização das
informações inerentes aos cuidados prestados como previsto na legislação. As
conclusões apontaram que o sistema de informação vigente carece de
intervenções intencionais a fim de sanar os problemas encontrados os quais
prejudicam a comunicação entre os serviços e também de possibilitar a
manutenção de uma comunicação de qualidade entre serviços a fim de coibir mal-
entendidos e falhas que possam afetar a segurança dos residentes e prejudicar a
qualidade dos atendimentos.

Palavras-chave: Gestão do cuidado; Sistema de Informação

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


154

1. INTRODUÇÃO
O aumento da longevidade em nosso país 2. REFERENCIAL TEÓRICO
resultou numa crescente demanda por
2.1 INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA
Instituições de Longa Permanência para
PARA IDOSOS - ILPI
Idosos (ILPIs) de modo concomitante à
preocupação com a qualidade dos serviços As chamadas instituições para idosos são
prestados por estas instituições. Visando a denominadas por ILPIs, como já mencionado
qualidade do atendimento em ILPIs torna-se anteriormente a sigla se refere às Instituições
necessário aos profissionais da instituição que de Longa Permanência para Idosos. Esta
integram a gestão do cuidado o acesso às denominação segundo Araújo, Souza e Faro
informações referentes aos serviços (2010) foi adotada pela Sociedade Brasileira
prestados que influenciam direta ou de Geriatria e Gerontologia para padronizar a
indiretamente a continuidade do cuidado, nomenclatura dos estabelecimentos que
visto que estes profissionais são movidos por prestam serviços de cuidado integral aos
informações sistematizadas. idosos.
A gestão do cuidado de idosos em ILPIs deve As ILPIs asseguram o amparo à velhice,
compreender o cuidar como um exercício principalmente à velhice fragilizada. Essas
constante, baseado nas necessidades do instituições desde os primórdios foram se
idoso, atendendo as demandas que surgem configurando e se modificando no decorrer do
no decorrer do processo de tempo. Historicamente as ILPIs têm sua
institucionalização (ARAÚJO; SOUZA; FARO, origem fundamentada na caridade e no
2010). atendimento básico das necessidades de
manutenção da vida (WATANABE, 2010).
Com efeito, é significativa a comunicação
entre os profissionais do cuidado, pois como Camarano e Kanso (2010) afirmam que no
enfatiza Bricon-Souf et al. (2003) uma boa Brasil, “não há consenso sobre o que seja
comunicação da informação é o ponto crucial uma ILPI” (p. 233). Este termo é a
para melhorar a coordenação dos indivíduos. ressignificação de asilo que se constituiu na
Nesse sentido, torna-se relevante identificar a sua origem assistência aos necessitados
qualidade da comunicação que se estabelece diante da ausência de políticas públicas. As
a partir do sistema de informação corrente na autoras supracitadas definem ILPI como “uma
instituição. residência coletiva, que atende tanto idosos
independentes em situação de carência de
Ao passo que os sistemas de informação na
renda e/ou de família quanto aqueles com
área da saúde podem viabilizar processos
dificuldades para o desempenho das
que facilitem o trabalho da instituição, ao
atividades diárias, que necessitem de
mesmo tempo, possibilitam averiguação e
cuidados prolongados” (p. 234).
avaliação do atendimento e do cuidado.
Entre outros termos, para a ANVISA (BRASIL,
Segundo Jensen (2013) um sistema de
2005) as ILPIs são instituições
informação garante a disponibilidade imediata
governamentais ou não governamentais de
das informações relevantes que fomentam
caráter residencial destinado ao domicílio
uma interação interdisciplinar com foco no
coletivo de pessoas com idade igual ou
cuidado dos idosos. Do mesmo modo, para
superior a 60 anos, com ou sem suporte
Beuscart (2004) os sistemas de informação
familiar, em condição de liberdade, dignidade
facilitam a cooperação dos profissionais
e cidadania.
envolvidos no processo do cuidar,
melhorando a qualidade da gestão dos Segundo Camarano (2010) atualmente o
serviços. Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome (MDS) é o órgão
Os serviços pautados na distribuição de
responsável pelas políticas públicas de
informações fidedignas eleva a qualidade do
cuidados de longa duração. Desta forma, a
cuidado e propicia uma melhor comunicação
ILPI é preconizada pelas políticas como
entre os profissionais em suas diferentes
estabelecimento de atendimento integral
atribuições. Nesse sentido, o fluxo das
institucional que ofereça serviços em
informações torna-se de grande valia à
abrangentes áreas específicas à população
instituição para o aperfeiçoamento dos
idosa.
serviços prestados.
Segundo Born (2011) embora as ILPIs em

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


155

regime de internato ainda sofram com a alguns serviços são oferecidos pelo trabalho
rejeição da sociedade, não se pode ignorar voluntário, Souza (2014) define este trabalho,
seu importante papel na rede de serviços como aquele que é “prestado com ânimo e
geronto-geriátricos. Esta rejeição é fruto dos causa puramente benevolentes, de forma
resquícios históricos que estão arraigados na gratuita” (p. 37), ou seja, o cuidador voluntário
imagem destas instituições. pode desempenhar atividades por livre
vontade e disponibilidade, sem qualquer fim
Visto que atualmente, segundo Born e
lucrativo. Torna-se mais uma alternativa para
Boechat (2013) os serviços oferecidos por
as ILPIs a fim de suprirem e complementarem
essas instituições consistem em satisfazer
suas necessidades de serviços.
múltiplas necessidades dos residentes que
abarcam o caráter material, emocional e Martins et al. (2011) concebe o cuidado em
espiritual, cujo objetivo é incluí-los no convívio ILPI como uma prática de proximidade do
social e na assistência integral à saúde. profissional ao residente idoso, com o
propósito de “ amenizar os sentimentos de
abandono, tristeza, solidão e privação de
2.2 GESTÃO DO CUIDADO EM ILPIS liberdade por meio de um contato mais
próximo e de assistência direcionada também
A equipe multiprofissional atuante em ILPIs
aos familiares” (p.102).
deve ser destacada segundo o estudo de
Santos et al. (2008) devido a importância De acordo com Born e Boechat (2013) a
desta equipe para o desenvolvimento de um qualificação dos profissionais atuantes nas
trabalho adequado aos idosos residentes, ILPIs tem extrema relevância, visto que,
considerando uma prestação de serviços que “quanto maior o número de idosos
envolvam infraestrutura adequada, número de dependentes, maior e mais qualificado deverá
funcionários suficientes para a demanda e ser o quadro de pessoal” (p. 1827). Além do
qualificação na área gerontológica. mais, para os autores é indispensável que
estes profissionais recebam formação básica,
De acordo com Feuerwerker (2011) é
treinamentos e supervisão para
imprescindível o envolvimento e a integração
desempenharem suas atribuições.
dos profissionais dos diferentes serviços para
o alcance de resultados significativos à rotina
de trabalho, ao atendimento de requisitos
2.3 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM SAÚDE
inerentes aos serviços prestados e ao
cumprimento da legislação. A versatilidade dos sistemas de informação
possibilitou sua operação em muitas áreas,
Diante do exposto, é importante destacar o
especificamente em saúde, estes sistemas
art. 50 inciso XV do Estatuto do Idoso que
agregam valor aos serviços prestados em
obriga as entidades a prestarem atendimento
curto e longo prazo. De acordo com Branco
individualizado que requer a manutenção de
(1996) os registros são armazenados para
arquivo de anotações dos residentes que
serem criadas reservas de conhecimento
constem datas e circunstâncias dos
sobre a situação de saúde da população em
atendimentos (BRASIL, 2003).
um determinado período.
Os serviços oferecidos pelas ILPIs têm como
O sistema de informação possui papel
premissa suprir as necessidades da
fundamental no apoio à tomada de decisão
população atendida, ao mesmo tempo em
de uma organização, além do mais, possibilita
que é uma opção de lar aos idosos. De
respaldo à gestão para diagnosticar cada
acordo com Christophe (2009) uma ILPI pode
setor da instituição desde que se tratem de
organizar e oferecer uma variada gama de
informações completas e objetivas (STAIR,
serviços, como os essenciais, que preservam
1998).
a saúde e propiciam bem estar . Tais serviços
são oferecidos por profissionais que Para Laudon e Laudon (2010) o sistema de
compõem o quadro de funcionários da informação auxilia gestores e profissionais em
instituição, por prestadores de serviços, por analisar problemas, visualizar assuntos
meio de parcerias firmadas com órgãos, complexos, propiciar estratégias e inovações
instituições e com universidades. Por por meio das informações produzidas.
intermédio das universidades e escolas de
Os autores Krist e Woolf (2011) mencionam
formação técnica, os estagiários podem
que dentre importantes funcionalidades de
compor a equipe de cuidado. Além disso,
um sistema de informação pode-se ressaltar a

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


156

reunião organizada das informações dos também aos processos de registros nos
residentes, o controle do cuidado, o registro serviços de saúde. Por outro lado, deve-se
de diagnósticos e de medicamentos. Estas ponderar que TI inclui custos e dependem de
funcionalidades são importantes em ILPIs, ferramentas eficientes e aplicabilidade segura
visto que seus residentes geralmente aos serviços e à equipe. No Brasil,
apresentam quadros complexos e diversos. considerável parte das ILPIs opera com
sistemas não informatizados, pois seus
No contexto de uma ILPI pode-se citar o
estados financeiros são vulneráveis.
prontuário como suporte à equipe
multiprofissional, visto que a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária – ANVISA regulamenta
3. METODOLOGIA
a manutenção de um prontuário para cada
residente contendo todas as informações Trata-se de uma pesquisa com abordagem
pertinentes a seu estado de saúde (BRASIL, qualitativa, uma vez que se procurou
2004). responder questões particulares inseridas
num contexto em que regem diversos fatores.
Pereira e Angeloni (2007) alertam que o
A partir do estudo de caso, buscou-se como
sistema de informação deve estar adequado
esclarece Neves (1996) saberes de como e
para suprir as carências e necessidades
por que certos fenômenos ocorrem dentro de
informacionais de uma instituição, pois apesar
um contexto específico. A pesquisa realizada
do volume e tipos de sistemas disponíveis
procurou compreender o sistema de
para oferecer suporte ao gerenciamento das
informação como suporte à comunicação dos
organizações, a qualidade e adaptabilidade
profissionais que atuam na gestão de cuidado
nem sempre estão coerentes com as reais
de uma ILPI situada no interior de São Paulo.
necessidades.
Foram realizadas entrevistas com sete
Os autores Hirakawa et al. (2004) apontam
profissionais das seguintes áreas de atuação:
que um sistema de informação baseado na
administração, enfermagem, nutrição e
Tecnologia da Informação (TI) pode contribuir
fisioterapia. Conforme é apresentado no
para a comunicação entre os profissionais e
quadro 1.

Quadro 1 - Profissionais que integram a gestão do cuidado da ILPI estudada.

Área de atuação: Profissional:

Administração Administradora
Enfermeira RT
Enfermagem Enfermeira
Técnica em Enfermagem
Nutricionista
Nutrição
Cozinheira
Fisioterapia Fisioterapeuta

Fonte: elaborado pelos autores.

Para alcançar os objetivos deste estudo foram profissional.


desenvolvidos questionários fundamentados
A fim de clarificar o método de pesquisa, o
em conceitos teóricos para a realização de
processo (figura 1) foi esquematizado para
entrevistas estruturadas, distintas a cada área
ser melhor apreciado.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


157

Figura 2 – Diagrama do Método.

Fonte: elaborado pelos autores.

As respostas similares e as observações 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS


foram analisadas e categorizadas. Por
A partir dos dados coletados foi verificado
conseguinte, foram determinadas evidências
quanto ao quadro de profissionais que
fundamentais para o desvelamento dos
compõem a gestão do cuidado uma
fenômenos encontrados. Haja vista que o
considerável turnover. Com exceção da
estudo de caso possui a capacidade de
administradora a rotatividade de funcionários
trabalhar com uma variedade de evidências,
pôde ser identificada, visto que dos
documentos, artefatos, entrevistas e
profissionais que compõem a gestão do
observações (BRESSAN, 2000).
cuidado, os quais participaram da pesquisa,
O estudo procurou estabelecer a partir da foi identificado que o profissional com maior
categorização dos dados a manutenção de tempo de serviço, possui menos de três anos
uma linha de evidências constituída por de atuação na ILPI estudada.
cadeias de relações intrínsecas à
A instituição foco deste estudo mostrou
problemática de pesquisa como sugere Lima
disponibilizar recursos formais para registros,
et al. (2012), essas cadeias de evidências
consultas e transmissão de informações.
foram fundamentais para o delineamento das
Entende-se por recursos formais, àqueles que
conclusões e contribuições do presente
são estruturados de acordo com as regras e
estudo.
procedimentos da instituição (PLETSCH,
2003).
Estes recursos, os quais não utilizam suporte
tecnológico são descritos no quadro 2 sob a
ótica dos profissionais que compõem a
gestão do cuidado.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


158

Quadro 2 - Sistemas de Informação estabelecidos pela ILPI para o suporte à comunicação entre os
profissionais da gestão do cuidado.
Recursos Formais Descrição

São exposições escritas de forma detalhada contemplando as


Relatórios
informações inerentes à prestação do cuidado.

Reuniões (multidisciplinares e Momentos de encontros entre todos os profissionais das


multiprofissionais) diferentes esferas do cuidado.
As pastas são distintas por área de cuidado. Nas pastas da
equipe de enfermagem são arquivados os prontuários. Nas
Pastas
pastas das áreas de nutrição, fisioterapia e médica são
armazenadas a evolução dos residentes.

Destinado à passagem de plantão utilizado pelos


Cadernos
profissionais de enfermagem para registros e consultas.
Contempla as informações pertinentes ao residente, como
fichas de acolhimento; ficha de internação; ficha cadastral;
Prontuário do Residente
formulários; protocolos; folha de checagem de medicação;
entre outras.

É um livro, no qual são registradas as interações entre os


ATA
serviços e as discussões em reuniões.

O prontuário multiprofissional na ILPI estudada trata-se de


Prontuário Multiprofissional uma ficha reservada para o registro da evolução do residente,
utilizado pelas áreas de nutrição, fisioterapia e médica.

Fonte: elaborado pelos autores.

Dentre os recursos disponibilizados, foi rascunho.


possível observar que o armazenamento das
Nesse sentido, foi identificado o fluxo de
informações é fragmentado. Visto que os
informações entre os serviços (figura 2), o
registros são arquivados em pastas distintas,
qual se estabelece por meio da interação
pertinentes a cada área de cuidado. Foi
multiprofissional a partir dos sistemas de
verificado também que não há padronização
informação verificados.
na denominação dos recursos utilizados pelos
profissionais.
Nesse contexto, os dados analisados
Além dos recursos formais, foram assinalaram problemas como a insatisfação
identificados os recursos informais que são quanto à interação entre os profissionais e a
utilizados pelos profissionais a fim de falta de clareza nas informações transmitidas
favorecer a lembrança de que há informações devido letra ilegível. As intercorrências
não registradas. Esses recursos de cunho também foram apontadas pelos profissionais
pessoal tratam-se de lembretes, marcação em por considerarem restringir o tempo para os
dorso da mão, caderneta de bolso e devidos registros dos cuidados prestados.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


159

Figura 2 – Fluxo de informações.

Fonte: elaborado pelos autores.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS trabalhos exercidos, bem como de decisões.


O fato de não haver softwares ou banco de Apesar da fragmentação da informação, visto
dados para registros e recuperação de que a responsabilidade dos registros, bem
informações, demonstrou não ser problema como de seu armazenamento estão ligadas
aos profissionais para acessar informações às competências de cada área da gestão do
indispensáveis para atuação profissional. cuidado, as referidas informações são
disponibilizadas para consultas e feedbacks à
Pode-se compreender que o fluxo de
todos os profissionais da instituição. De modo,
informação dos profissionais do cuidado
que os profissionais do cuidado se utilizam
direcionado à administradora se estabelece
dos sistemas de informação vigentes na
de forma manuscrita e sem uso de tecnologia,
instituição para apoiar e gerenciar as ações
reforçando não haver barreiras ao acesso às
individuais e coletivas de trabalho.
informações, fenômeno pelo qual finda
favorecer a qualidade da gestão. Embora as informações registradas
permaneçam disponíveis para consulta, o
Dentre os sistemas de informação
profissional precisa adotar a postura de
disponibilizados com a finalidade de
buscá-las para a validação das mesmas, ou
sistematização da informação, destaca-se o
seja, dependem de confirmação das
prontuário como principal fonte de informação
informações comunicadas oralmente. Esse
designado a apoiar os profissionais em suas
fenômeno demostra a importância do
funções.
profissional de se perceber como parte dos
Os profissionais percebem as reuniões como sistemas de informação que oferecem suporte
meio de interação multiprofissional, portanto, aos seus serviços. Dentre as análises deste
as consideram como espaço para a estudo, uma postura ativa e consciente do
propagação das informações inerentes aos profissional não tem se mostrado tão relevante

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


160

no contexto estudado. sanar os problemas apontados pela gestão


do cuidado. Para que desse modo, possa
Nessa linha de pensamento, entendendo
propiciar a manutenção de uma comunicação
todos os envolvidos como parte do processo
entre serviços que seja de qualidade,
informacional, bem como das
afastando o surgimento de erros e falhas que
responsabilidades de cada profissional, se
possam afetar a segurança dos residentes e
mostrou raso, pouco eficiente. Essa conclusão
prejudicar a qualidade dos atendimentos.
pode ser contemplada devido à interação
cotidiana entre os profissionais das diferentes Nesse cenário, compreender que os
áreas não ser considerada satisfatória por processos que envolvem os profissionais, no
todos os profissionais da gestão do cuidado. que tangem a organização de treinamentos e
a padronização dos processos informacionais
Além disso, os sistemas de informação
devem ser reavaliados e aperfeiçoados por
apoiam a comunicação verbal entre os
profissional capacitado com o intuito de elevar
serviços, seja pela oralidade, quanto pela
a qualidade e prover segurança aos cuidados
escrita. Nesse sentido, a rotina de atividades
oferecidos aos idosos institucionalizados.
dos profissionais está fortemente relacionada
à comunicação entre os serviços. O presente estudo contribui para a prática ao
apontar os riscos provenientes de um SI
Fica clarificada a importância de adequação
inadequado e de uma comunicação deficitária
dos sistemas de informação, bem como da
para os serviços de atendimento ao idoso
conscientização das responsabilidades e
fragilizado. Ademais, contribui
seriedade de todos os profissionais que
academicamente por agregar o conhecimento
fazem parte do processo.
prático aos estudos que propiciam
Pretende-se chamar a atenção acerca dos conhecimento relativos às intervenções e
problemas identificados, pois falta clareza nas melhorias aos sistemas que subsidiam ações
informações transmitidas a partir dos registros e que são responsáveis pelas tomadas de
manuscritos. A letra ilegível de acordo com os decisões, especialmente, às instituições que
profissionais mostrou ser um obstáculo para a atendem idosos, dado que o envelhecimento
compreensão das informações. Outro populacional é cada vez mais crescente e por
elemento que prejudica a qualidade das consequência vêm aumentando a demanda
informações é o tempo, principalmente aos por institucionalizações.
profissionais de enfermagem, pois
Nesse enfoque, o presente estudo torna-se
comumente enfrentam intercorrências e
relevante para os saberes dos gestores de
algumas vezes podem deixar de registrar
ILPIs. Ao passo que o entendimento, de que
informações pertinentes ao cuidado no
um sistema de informação bem gerido pelo
momento em que é realizado.
administrador tende a atender de forma mais
A atenção clamada inicialmente corresponde eficiente os processos operacionais do
aos elementos constituintes dos sistemas de cuidado, bem como, de auxiliar os processos
informação vigentes na ILPI, os quais decisórios.
carecem de intervenções intencionais a fim de

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Capítulo 15

Jussara Fernandes Leite


Luciano José Vieira Franco
Fernanda Maciel Zeferino
Wagner Ricardo Ribeiro
Fagner Pereira

Resumo: As empresas, em busca da melhoria contínua em seus processos,


procuram ferramentas adequadas para um bom planejamento em diversos setores,
obtendo resultados expressivos em ganho de produção e redução de custos
através da execução em suas atividades. Com o avanço da tecnologia, empresas
investem em sistemas automatizados para agilizar e facilitar esses planejamentos.
Nesse sentido, este estudo tem como objetivo identificar as vantagens e
desvantagens de um sistema de organização das informações operacionais das
atividades de uma mina subterrânea na percepção dos usuários. Esta pesquisa é
um estudo de caso caracterizada como exploratória, descritiva e metodológica. Foi
realizada no centro de controle operacional de uma mina subterrânea. O controle
atual mostra uma deficiência nas informações de forma que os resultados
apresentados não permitiam ações preventivas/corretivas eficazes para a solução
dos problemas. Os resultados obtidos por meio de um questionário aplicado à
equipe de supervisão mostraram que a nova metodologia apresenta uma
favorabilidade de 81% em relação ao antigo processo. A implantação desse novo
sistema apresenta como pontos positivos um maior controle e confiabilidade das
informações, melhor planejamento das atividades e interação entre os níveis
hierárquicos, ao passo que como desvantagem tem-se a dificuldade de adaptação
de alguns supervisores com o sistema.

Palavras chave: Planejamento, Tecnologia, Mina Subterrânea.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


163

1 INTRODUÇÃO 2 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO


Para otimizar o tempo de processo produtivo Slack, Chambers e Johnston (2002) apontam
em qualquer empresa, é necessário planejar que as tecnologias de processamento de
corretamente as atividades a serem informação incluem qualquer dispositivo que
desenvolvidas pelos funcionários. colete, manipule, armazene ou distribua
Organizações que não possuem um controle informação. A maioria destes classifica-se sob
operacional eficiente das tarefas de seus o termo geral de “tecnologias de informação”
setores podem passar por diversas (TI), que são o tipo de tecnologia mais comum
dificuldades com informações duplicadas em produção. A presença da tecnologia da
e/ou falta delas, o que gera perda de tempo e informação em quase todos os tipos de
transtornos operacionais no processo operações e o ritmo intenso do
produtivo. desenvolvimento tecnológico fazem com que
esta seja particularmente importante. No
Informações divergentes e/ou duplicadas,
entanto, para esses autores, questões
além de ocasionar perda na produção,
operacionais e organizacionais são
podem dificultar as execuções das ações, o
geralmente os principais obstáculos na
que eleva os custos operacionais. Entretanto,
aplicação de tecnologia da informação
com o desenvolvimento da inovação
porque os gerentes sentem-se inseguros a
tecnológica, as organizações fazem grandes
respeito da melhor forma de usar o potencial
investimentos em sistemas de informação
tecnológico.
com o propósito de facilitar o planejamento
das rotinas organizacionais. Esses sistemas As rotinas organizacionais constituem a chave
também servem para dar suporte efetivo nas para resolver o enigma da informação, elas
tomadas de decisão, pois fornecem relatórios permitem aos gestores ter sucesso ao lidar
gerenciais com informações sobre os com a incerteza generalizada (BECKER E
processos da empresa. KNUDESEN, 2001, apud LEITE 2011), pois,
elas criam um padrão de comportamento para
A tecnologia da informação, assim como os
os empregados agirem diante de determinada
sistemas de informação (SI), está se tornando
situação.
peça indispensável para um ambiente que
apresenta uma competição acirrada. Seja Os benefícios provenientes do uso da TI estão
para agilizar seus processos e comunicação diretamente relacionados às mudanças nas
e/ou para reduzir seus custos, tendo em vista rotinas organizacionais (estratégias,
sobreviver e crescer no atual contexto estruturas, processos e cultura), além de
mercadológico, as empresas necessitam se mudanças no escopo dos negócios e na
informatizar. (ALBANO, 2001). operação da empresa (VENKATRAMAN,
1994).
Isso não é diferente em empresas de minas
subterrâneas, informações equivocadas e/ou Ao falar de informação, não pode-se esquecer
divergentes podem afetar seu resultado. do conhecimento que segundo Setzer (2014)
Acrescenta-se ainda que o direcionamento conhecimento é uma abstração interior,
das ações corretivas e preventivas podem ser pessoal, de algo que foi experimentado,
empregadas de forma inadequada, o que vivenciado, por alguém. Nesse sentido, o
pode aumentar mais as perdas de tempo nos conhecimento não pode ser descrito; o que se
processos produtivos e na execução das descreve é a informação. Também não
atividades. Assim, percebe-se que um depende apenas de uma interpretação
sistema informatizado é essencial para o pessoal, como a informação, pois requer uma
desenvolvimento de qualquer atividade em vivência do objeto do conhecimento. Assim, o
um processo produtivo. conhecimento está no âmbito puramente
subjetivo do homem ou do animal. Parte da
Neste contexto, esta pesquisa busca
diferença entre estes reside no fato de um ser
identificar as vantagens e desvantagens da
humano poder estar consciente de seu
utilização de um sistema de organização das
próprio conhecimento, sendo capaz de
informações operacionais das atividades de
descrevê-lo parcial e conceitualmente em
uma mina subterrânea na percepção dos
termos de informação. A informação pode ser
usuários.
inserida em um computador por meio de uma
representação em forma de dados (se bem
que, estando na máquina, deixa de ser
informação). Como o conhecimento não é

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


164

sujeito a representações, não pode ser jornada de trabalho e dificultava a tomada de


inserido em um computador. Assim, neste decisão.
sentido, é absolutamente equivocado falar-se
Para verificar as vantagens e desvantagens
de uma "base de conhecimento" em um
da metodologia proposta foi desenvolvido um
computador. O que se tem é, de fato, é uma
questionário que foi aplicado aos supervisores
tradicional "base (ou banco) de dados".
de produção bem como ao chefe de área da
Na atualidade, é notória a importância da operação que trabalhavam com as
tecnologia da Informação no cotidiano das informações no antigo e novo formato de
pessoas e das organizações. Segundo gestão do processo.
Pressman (2011), pessoas, negócios e
O questionário foi aplicado entre 10 a 31 de
governo dependem do software para tomada
agosto de 2015. Ele possibilitou uma
de decisões estratégicas, assim como para
avaliação do sistema pelos empregados. Esse
operações cotidianas, sendo essencial que o
constitui de 8 questões direcionadas para o
software apresente qualidade elevada.
sentido de obter uma favorabilidade na
implantação do novo sistema de
gerenciamento, que buscou identificar as
3 METODOLOGIA
vantagens e desvantagens da utilização de
Este trabalho consiste em um estudo de caso um sistema de organização das informações
realizado no centro de controle operacional operacionais das atividades de uma mina
de uma mina subterrânea. Tem como objetivo subterrânea na percepção dos usuários.
identificar as vantagens e desvantagens da
O cálculo do nível de favorabilidade é a média
utilização de um sistema de organização das
ponderada dos resultados em relação ao
informações operacionais das atividades de
número de respostas para o grau de
uma mina subterrânea na percepção dos
favorabilidade. Desta forma, o resultado do
usuários.
cálculo é obtido ao multiplicar o número de
Nesse passo, esta pesquisa caracteriza-se respostas de cada grau de favorabilidade
como exploratória, descritiva e metodológica. pelo seu percentual em relação ao de
resposta, o resultado é dividido pela soma
Em relação à característica exploratória, foi
das respostas. Para identificar o nível de
desenvolvido com os empregados do centro
favorabilidade, foi definido os limites de cada
de controle operacional que conviveram com
nível, ou seja, muito favorável ≥ 75% < 100%;
as informações antes e após a implantação
favorável ≥ 50% < 75%; pouco favorável ≥
do sistema desenvolvido a partir da
25% < 50%; desfavorável < 25%.
metodologia criada, a fim de identificar as
vantagens e desvantagens da utilização do O número de empregados que trabalham
sistema. diretamente no centro de controle, consiste
em 4 supervisores, em uma escala de
E como metodológica foi criado e
trabalho de 12 h e 1 chefe de área, que
implementado uma nova metodologia de
trabalha em turno administrativo. Neste grupo
controle para melhor gerenciamento,
de empregados, todos responderam ao
organização e confiabilidade das informações
questionário. Assim, foi realizado uma análise
na empresa.
de conteúdo das respostas dadas ao
A empresa de mineração estudada é uma questionário de pesquisa.
empresa de grande porte que seu foco é a
Com o propósito de sigilo dos empregados,
extração de ouro, localizada a 100 Km de
neste estudo os mesmos foram classificados
Belo Horizonte (Minas Gerais). A escolha do
como: (SUP1, SUP2, SUP3, SUP4, CA1).
local deu-se por questões de acessibilidade,
visto que um dos autores deste estudo
trabalha na empresa.
4 RESULTADO DA PESQUISA
Uma nova metodologia foi criada e
As atividades realizadas na mina subterrânea,
desenvolvida no período de setembro de
onde foi aplicada a metodologia, é dividido
2014 a junho de 2015, com o intuito de
em dois ciclos operacionais: o ciclo do
melhorar o sistema anteriormente utilizado,
desenvolvimento e o ciclo da lavra.
onde se gerava vários controles com as
mesmas informações, causava transtornos na O ciclo operacional do desenvolvimento é
busca correta do que realmente aconteceu na realizado por meio de sete atividades, isto é,

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


165

desmonte e ventilação, lavagem de frente, de performance da empresa. Desta forma,


limpeza de minério, saneamento de chocos passa a se tornar a base de informação oficial
mecanizados, saneamento de chocos manual, da empresa que posteriormente é compilado
perfuração para contenção, avanço e e enviado semanalmente para sua matriz.
instalação de tirantes. Sendo assim, estruturar as informações na
sua origem e tratá-la é fundamental no
O processo de produção de lavra tem a
objetivo de garantir a credibilidade e
finalidade de gerar a massa de minério com
confiabilidade dos dados, suportando as
teor especificado para alimentação da planta
tomadas de decisão necessárias para a
metalúrgica.
empresa.
Algumas etapas do ciclo de lavra são
parecidas com as atividades de
desenvolvimento com pequenas alterações 4.2 RELATÓRIOS OPERACIONAIS
técnicas e de qualidade.
Neste item, é apresentado quais são os
Para se gerar a massa da lavra é necessário relatórios operacionais gerados pelo CCO
um modelamento do corpo de minério que é antes da metodologia desenvolvida para
realizado pela equipe de geologia, as implementação do sistema.
informações são repassadas para a equipe
de planejamento que confecciona o projeto
de Leques (projeto de furos a ser realizado na  - Relatório Programação Diária: são
área de lavra). descritas todas atividades que devem ser
realizadas durante o turno em cada frente
O processo de lavra continua com o
de serviço, como a quantidade de
saneamento de rochas semi soltas, que
carregamento realizado, número de
garante à segurança da equipe operacional,
amostragens e a quantidade de cabo
com isso a área está novamente liberada para
instalados;
que as etapas do ciclo ocorram normalmente.
 - Relatório de Equipamentos: é
considerado um dos mais importantes no
4.1 PROCESSO DE CHEGADA DAS CCO pelo fato de monitorar a situação da
INFORMAÇÕES frota dos equipamentos. É atualizado a
todo momento para, no fim do turno, ser
Todas as informações geradas pela equipe
impressa uma versão final contendo a
operacional são direcionadas ao Centro de
situação de cada equipamento na mina,
Controle Operacional (CCO), que registra e
detalhando se ele está em manutenção
controla os dados em diferentes planilhas de
corretiva, manutenção preventiva ou
controle que quase sempre não possuem
liberado para operar. Dependendo das
sincronismo, o que dificulta o direcionamento
situações desses equipamentos no turno,
das atividades no seu dia a dia, além da
pode haver uma alteração da
dificuldade na tomada de decisão gerencial.
programação, afetando perdas ou ganhos
Os supervisores que atuam no CCO na produção;
trabalham em revezamento de turnos com
 - Relatório de Fogos: é utilizado para
diferentes equipes o que torna o controle das
registrar cada fogo executado na mina.
atividades fundamental para o atingimento de
Fogo é um termo utilizado em mina
todas as metas acordadas nos planos de
subterrânea, que significa a quantidade
produção das diferentes áreas dentro da
de frentes que foram detonadas em um
mina.
turno. As informações como qual frente foi
Todas as planilhas e suas informações são detonada, qual equipamento foi utilizado
repassadas em reuniões diárias no início do para a realização dessa atividade, se a
1º turno junto ao corpo técnico e gerencial da frente que foi detonada, referem-se à
empresa. Neste momento, a veracidade e lavra ou desenvolvimento, o nome do
exatidão das informações é, sem dúvida, o operador do equipamento, e qual o
ponto chave para definição da rotina diária de blaster (responsável pelo carregamento
trabalho. de explosivos), foi responsável por
manipular o explosivo naquela detonação,
Além das informações geradas pelo CCO,
constam-se no relatório de fogo;
compõe o Relatório Gerencial enviado a
Diretoria: o relatório de produção, de custos e

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


166

 - Relatório de Abertura e Fechamento para que possa ser realizado o tratamento


de Pilhas: tem como característica e beneficiamento do minério.
direcionar qual pilha deverá ser priorizada
decorrente da qualidade do minério,
permite a rastreabilidade de qualidade da 4.3 METODOLOGIA UTILIZADA PARA
lavra detonada, além de um controle DESENVOLVIMENTO DO SISTEMA DE
singular de qual pilha está fechada pronta INFORMAÇÃO
para ser realizada a limpeza e qual pilha
A metodologia proposta foi desenvolvida em
está aberta, onde é permitido o
Excel com a linguagem de programação em
enchimento com mais material. Essas
Visual Basic, com o objetivo de melhorar a
informações de abertura e fechamento
organização e chegada de informações ao
são passadas ao CCO por meio de
Centro de Controle Operacional. Na figura 1, a
telefone por uma empresa contratada
seguir, pode-se verificar a tela principal do
responsável por esta atividade de
sistema de gerenciamento de informação.
transporte de pilhas. Esse material é
transportado para outro setor da empresa

Figura 1 – Tela de Identificação

Fonte: Os autores

Por meio da figura 1, pode-se verificar que a Após o desenvolvimento da metodologia, que
tela de Identificação possui entrada do nome gerou o sistema de gerenciamento das
do usuário e a senha. O usuário é o supervisor informações da mina, foram realizados
do CCO que, ao inserir seus dados, realiza a treinamentos de como funciona o sistema
inicialização do sistema. para capacitação dos supervisores do CCO.
Após a inicialização do sistema, a próxima Para identificar as vantagens e desvantagens
tela é o Menu Principal, que apresenta as sub- da utilização do sistema de gerenciamento de
telas para o supervisor de produção inserir as informações, um questionário foi aplicado aos
informações no sistema. Com o Menu supervisores do CCO. Os resultados
Principal em aberto, o Supervisor do Centro encontrados sobre essa questão podem ser
de Controle Operacional alimenta o sistema verificados no item apresentado a seguir.
de acordo com a demanda e as atividades
realizadas na jornada de trabalho. A partir do
momento em que as informações são
recebidas pelo supervisor do CCO, este
lança-as no sistema de acordo com cada
frente de trabalho.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


167

4.4 RESULTADOS DOS QUESTIONÁRIOS os níveis hierárquicos, aumento da


APLICADOS AOS SUPERVISORES E CHEFE capacidade operacional e de mão de obra e
DE ÁREA DA OPERAÇÃO organização, controle e rastreabilidade das
informações do que a metodologia anterior.
Nesse item, é apresentado o resultado da
entrevista com os Supervisores e Chefe de A primeira pergunta buscou identificar se a
Área da Operação com o índice de nova metodologia proporciona uma melhor
favorabilidade da implantação da metodologia interação entre os níveis hierárquicos para o
proposta. planejamento das atividades.
A entrevista foi realizada com o propósito de Os resultados obtidos da pergunta um, num
identificar se a nova metodologia aplicada total de 5 respostas, pode ser verificado no
apresenta melhores resultados em redução ao gráfico apresentado na figura 2.
tempo para tomada de decisão, sinergia entre

Figura 2 – Nível de Interação Hierárquica

3

2
3
1 2

0
Muito Favorável Favorável Pouco Favorável Desfavorável

N° Amostras

Fonte: Os autores

Conforme demonstra o gráfico da figura 2, A figura 3 apresenta o índice de


pode-se dizer que todos os supervisores favorabilidade do nível de interação entre os
acreditam que o sistema é favorável ou muito níveis hierárquicos para o planejamento das
favorável. atividades.
Figura 3 – Faixa de Progressão de Nível de Interação Hierárquica

Fonte: Os autores

Conforme pode-se verificar na figura 3, o mina permite que as informações sejam mais
índice de favorabilidade do nível de interação confiáveis e se garante uma maior rapidez em
entre os níveis hierárquicos para o sua obtenção.
planejamento das atividades é de 85%.
O gráfico apresentado na figura 4 mostra o
A próxima pergunta buscou identificar se o resultado da apuração das respostas dos
sistema gerenciamento das informações da supervisores e chefe de área a pergunta 2.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


168

Figura 4 – Confiabilidade e Rapidez

3,5
3
2,5
2

1,5 3
1 2
0,5
0
Muito Favorável Favorável Pouco Favorável Desfavorável
N° Amostras

Fonte: Os autores

Em relação à questão sobre confiabilidade e o sistema de gerenciamento das informações.


rapidez das informações, conforme respostas
O índice de favorabilidade em relação a
dos supervisores e chefe de área
confiabilidade e rapidez das informações
apresentado na figura 4, pode-se afirmar que
pode ser observada na figura 5.
todos consideram muito favorável ou favorável

Figura 5 – Faixa de Progressão de Confiabilidade, Rapidez nas Informações

Fonte: Os autores

Com um índice de 85% de favorabilidade o isto é, eficaz, foram favorecidas com a


sistema se mostrou mais confiável e que implantação do sistema de gerenciamento
garante uma maior rapidez de obtenção das das informações.
informações.
Segundo informações dos supervisores e
A pergunta 3 buscou identificar se as chefe de área a questão três, o gráfico
tomadas de decisão com resultados positivos, ilustrado na figura 6 foi desenvolvido.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


169

Figura 6 – Obtenção de Resultados Positivos com Tomadas de Decisões

3,5
3
2,5
2

1,5 3
1
0,5 1 1
0
Muito Favorável Favorável Pouco Favorável Desfavorável

N° Amostras

Fonte: Os autores

Nota-se por meio do gráfico da figura 6 que favorável, ou seja, um entrevistado aponta
um supervisor considera que o sistema de que o sistema é muito favorável e três
gerenciamento das informações é pouco acreditam ser favorável.
favorável para tomadas de decisões que
Sobre o índice de favorabilidade em relação
possuem resultados positivos, o que
se as tomadas de decisão proporcionam
representa 20% da amostra. Por outro lado, é
resultados positivos, esse pode ser observado
importante ressaltar que 80% das amostras
na figura 7.
acredita que o sistema é muito favorável e

Figura 7 – Faixa de Progressão em Tomadas de Decisões

Fonte: Os autores

A pergunta três apresentou um resultado em utilização do sistema de gerenciamento de


relação se as tomadas de decisões seja fator informações foi pesquisado por meio da
predominante nos resultados positivos, pergunta quatro.
conforme pode-se notar no gráfico da figura 7
As respostas dos supervisores a questão
o índice de favorabilidade que corresponde a
número quatro pode ser observado no gráfico
essa questão foi de 75%.
da figura 8.
O grau de dificuldade dos supervisores na

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


170

Figura 8 – Grau de Dificuldade


2,5

1,5

N° 1 2

0,5 1 1 1

0
Alto Médio Baixo Muito Baixo

N° Amostras

Fonte: Os autores

Por meio do gráfico da figura 8, a pesquisa e dois muito baixo grau de dificuldade.
identificou que o grau de dificuldade dos
O índice de favorabilidade sobre o grau de
supervisores na utilização do sistema de
dificuldade dos supervisores na utilização do
gerenciamento das informações é
sistema de gerenciamento das informações
diversificado, isto é, um supervisor teve alto
foi realizado e pode ser verificado na figura 9.
grau de dificuldade, um teve médio, um baixo

Figura 9 – Faixa de Progressão em Grau de Dificuldade

Fonte: Os autores

Observa-se no gráfico da figura 9, que o permite uma redução no tempo gasto na


índice de favorabilidade foi de 55% em alimentação do sistema.
relação a dificuldade dos supervisores na
As respostas dos supervisores referente à
utilização do sistema de gerenciamento das
questão cinco pode ser observada no gráfico
informações.
da figura 10.
A pergunta a cinco buscou identificar se o
sistema de gerenciamento de informações

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


171

Figura 10 – Redução de Tempo para Alimentação do Sistema

3,5
3
2,5
2

1,5 3
1 2
0,5
0
Muito Favorável Favorável Pouco Favorável Desfavorável

N° Amostras

Fonte: Os autores

Nota-se por meio do gráfico da figura 10 que dados.


todos os supervisores são favoráveis ou muito
O gráfico da figura 11 apresenta o índice de
favoráveis ao sistema de gerenciamento de
favorabilidade que diz respeito ao estudo
informações em relação à redução no tempo
sobre à redução do tempo gasto pelo usuário
gasto pelo usuário na alimentação de seus
na alimentação dos dados no sistema.

Figura 11 – Faixa de Progressão em Redução de Tempo

Fonte: Os autores

O resultado obtido foi bem expressivo, pois o satisfação dos usuários com a implantação do
índice favorabilidade atingiu 90% do grau de novo sistema de gerenciamento de
satisfação dos supervisores em relação à informações.
redução de tempo gasto pelo usuário na
As respostas dadas pelos supervisores em
alimentação dos dados no sistema.
respeito a questão seis podem ser verificadas
A pergunta seis buscou identificar o grau de no gráfico da figura 12.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


172

Figura 12 – Grau de Satisfação

4
N° 3

2 4
1
1
0
Alto Médio Baixo Muito Baixo
N° Amostras

Fonte: Os autores

No gráfico da figura 12, observa-se que O índice de favorabilidade com a implantação


quatro supervisores, que representa 80% da do novo sistema de gerenciamento de
amostra, tem um alto grau de satisfação com informações, segundo resposta dos
a implantação do novo sistema de supervisores, pode ser verificado no gráfico
gerenciamento de informações. da figura 13.

Figura 13 – Faixa de Progressão em Satisfação

Fonte: Os autores

O índice de favorabilidade em relação a causava uma impressão de retrabalho.


satisfação com a implantação obteve um grau
O Supervisor SUP2 informou que:
de 95%.
Em relação ao novo sistema, as vantagens
As perguntas sete e oito buscaram identificar
são: informações mais confiáveis, rapidez,
as vantagens e/ou desvantagens ao utilizar o
melhor planejamento das atividades, e a
novo e antigo sistema de gerenciamento de
desvantagens é o tempo gasto para a
informações. As respostas são apresentadas
adaptação do novo sistema.
de acordo com classificação dos supervisores
e chefe de área. O Supervisor classificado Ao sistema antigo não vejo nenhuma
como SUP1 relatou que: vantagem e as desvantagens são as mesmas
informações em muitas planilhas gastando
O novo sistema otimiza o processo em
muito tempo na rotina de trabalho e
relação ao tempo, pois em um único sistema é
dificuldades em achar as informações
possível visualizar vários dados que se
necessárias.
encontravam em diferentes caminhos. Como
dificuldade será apenas no início, pois será As vantagens e desvantagens do novo e
necessário um pequeno treinamento com os antigo sistema de gerenciamento, relatado
usuários do sistema. pelo SUP3, foram:
O modelo antigo era bem mais simples, A nova metodologia concentra todas as
porém era muito repetitivo e se tratando de informações em um só lugar, não repete
uma grande quantidade de informações informações. Na metodologia anterior,

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


173

acontecia perda de informações e não 5 CONCLUSÃO


tínhamos controle efetivo dos turnos
Este trabalho foi desenvolvido com o objetivo
anteriores.
de objetivo identificar as vantagens e
O Supervisor SUP4 respondeu: desvantagens de um sistema de organização
das informações operacionais das atividades
As vantagens do novo sistema são: melhor
de uma mina subterrânea. O sistema de
planejamento das atividades, informações
informação que tem a finalidade de melhorar
confiáveis e tempo de preenchimento dos
as tomadas de decisão bem como sinergia
dados, como desvantagens é entender e
entre níveis hierárquicos por meio da
adaptar com o sistema.
utilização de um sistema informatizado, em
O sistema anterior tem a vantagem de uma mina subterrânea.
adicionar informações extras quando
Os resultados desta pesquisa foram obtidos a
necessário e desvantagens como muitas
partir de um questionário realizado com os
planilhas com as mesmas informações e
supervisores e chefe de área que trabalham e
preenchimento de várias planilhas gerando
gerenciam no centro de controle operacional
duplicidade.
ante e pós a metodologia implantada. Os
A resposta dada pelo Chefe de Área da dados do questionário foram tratados para
Operação classificado como CA1 responsável definir um índice de favorabilidade da
pelo Centro de Controle Operacional está a implantação do sistema informatizado através
seguir. de algumas questões aplicadas em relação a:
nível de interação hierárquica, confiabilidade,
A vantagem do novo sistema é garantir as
rapidez e clareza nas informações, tomadas
informações a todos os níveis hierárquicos
de decisão, grau de dificuldade na utilização
com confiabilidade e com menor tempo, desta
do sistema, redução de tempo, grau de
forma podendo tomar ações mais
satisfação e vantagens e desvantagens do
rapidamente, e a desvantagem é apenas
antigo e novo sistema.
adaptação ao novo sistema no princípio da
implantação. Apesar da nova metodologia obter uma
aprovação geral de 81% de favorabilidade
Não vejo vantagem do sistema antigo para o
para sua implantação, o resultado mostrou um
novo sistema, a não ser que somos
ponto a ser melhorado em relação ao grau de
acostumados e adaptados por ele, a
dificuldade pelos usuários na utilização do
desvantagem acredito ter algumas
novo sistema obtendo este um resultado de
principalmente em relação a tomada de
apenas 55% de favorabilidade não
decisões mais demoradas, seguido ao tempo
comprometendo a implantação do projeto.
gasto para alimentação de várias planilhas.
Como sugestão para a empresa solicitou-se
O novo sistema de gerenciamento de treinamentos de qualificação para todos os
informação possui vantagens de obter dados usuários no novo sistema de gerenciamento
mais confiáveis, precisos, organizados em para que se tenha um maior conhecimento em
menor tempo para a tomada de decisão entre seu uso.
os níveis hierárquicos da organização, além
Em relação as vantagens e desvantagens da
de permitir a criação de um banco de dados
implantação do sistema, os usuários
confiáveis, que possibilita a busca das
responderam que as vantagens são o controle
informações para análises posteriores. A
e confiabilidade das informações, melhor
desvantagem de uma implantação de um
planejamento das atividades e interação entre
sistema de TI é a dificuldade de alguns
os níveis hierárquicos. As desvantagens foram
supervisores do CCO para operação do
a dificuldade de adaptação de alguns
sistema.
supervisores do CCO com o sistema.
Com isto este trabalho pode significar a
importância de um sistema de gerenciamento
de informações das rotinas em uma empresa
de mineração subterrânea, onde o controle
das atividades são de extrema importância
para o dia a dia na organização.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


174

REFERÊNCIAS São Paulo, 12 set. 2014. Disponível em:


<http://www.ime.usp.br/~vwsetzer/dado-info.html>.
[1]. ALBANO, Cláudio S. Problemas e ações na Acesso em: 21 set. 2015.
adoção de novas tecnologias de informação: um [5]. SLACK, S.; CHAMBERS. S.; JOHNSTON. R.
estudo em cooperativas agropecuárias do Rio Administração da Produção. 2. Ed, São Paulo:
Grande do Sul. 2001. 122 f. Dissertação de Editora Atlas S.A, 2002.
Mestrado (Programa de Pós Graduação em [6]. VENKATRAMAN, N. IT-enabled business
Administração – PPGA). Universidade Federal do transformation: from automation to business scope
Rio Grande do Sul. Porto Alegre: UFRGS, 2001. redefinition. Sloan Management Review. Winter
[2]. LEITE, J. F. Análise das Rotinas 1994.
Organizacionais em Empresas com Projetos de
Inovação Financiados pelo Programa de Apoio à
Pesquisa em Empresas em Minas Gerais. Trabalho
de Dissertação apresentado para obtenção de
Título de Mestre em Administração (Pós-
Graduação em Administração). Faculdade
Integrada de Pedro Leopoldo, Pedro Leopoldo,
2011.
[3]. PRESSMAN, R.S. Engenharia de Software –
Uma abordagem profissional. 7.ed. Rio de Janeiro:
Bookman, 2011.
[4]. SETZER, V. W. Dado, Informação,
Conhecimento e Competência. Universidade de

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Capítulo 16

Luani Back Silvina


João Luiz Kovaleski
Pedro Paulo de Andrade Junior

Resumo: Diante da extrema competitividade e constante evolução do mercado, as


organizações necessitam reter conhecimentos relacionados às mudanças e
descobertas tecnológicas para que possam manter-se competitivas. Porém,
gerenciar informações é uma atividade complexa e um dos principais problemas
diz respeito ao excesso de informações. A gestão da informação e de suas fontes
pode ser usada de maneira estratégica em prol da inovação. Esse trabalho tem por
objetivo entender Como a vigilância tecnológica contribui para a inovação nas
organizações, através de uma revisão bibliográfica. Constatou-se que a inovação
pode ser promovida por intermédio de informações tecnológicas coletadas e
selecionadas pela vigilância tecnológica. Pois esta sistemática trata a informação
sobre o ambiente econômico, tecnológico, social e comercial da empresa, que
sejam relevantes para a organização, no sentido de oportunidade ou ameaça a
esta, traçando caminhos e oportunidades para a inovação.

Palavras-chave: Vigilância Tecnológica, Inovação, Informação Tecnológica.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


176

1. INTRODUÇÃO disseminação de informação, tanto interna


como externa á organização, de acordo com
Imersas em um contexto de extrema
seu plano e estratégia (BATISTA, 2003). Essa
competitividade e em constante evolução, as
prática auxilia na redução de erros e
organizações necessitam reter conhecimentos
maximização dos benefícios para a coleta de
relacionados às mudanças e descobertas
informações.
tecnológicas para que possam avaliar quais
tecnologias podem ser utilizadas por elas a Partindo dessa premissa, esse trabalho tem
curto, médio e longo prazo e assim tomarem por objetivo entender como a vigilância
decisões estratégicas. Para Huang (2009) e tecnológica contribui para a inovação nas
Courvisanos (2009), conhecimento é um dos organizações, através de uma revisão
principais recursos para indivíduos realizarem bibliográfica. Os conceitos de estratégia
inovações, e assim tornar ou manterem-se tecnológica, inovação e vigilância tecnológica
competitivos. Porém, gerenciar uma grande visam facilitar o entendimento em relação à
quantidade de informações é uma atividade aplicação destas práticas e relacionar uns
complexa e um dos principais problemas diz com os outros buscando alcançar o objetivo
respeito ao excesso de informações, que final da pesquisa.
compreendem informações inúteis ou de valor
secundário e aquelas de alto valor estratégico
para a organização, para a tomada de 2 ESTRATÉGIA TECNOLÓGICA
decisão.
Uma estratégia deve seguir a ideia do
As gerências empresariais de Pesquisa e mapeamento de futuras direções
Desenvolvimento tem mostrado grande organizacionais, avaliando os recursos
interesse em absorver tecnologia externa, disponíveis para a sua aplicação que esteja
explorando formas de relacionamento do vinculada ao conjunto de grandes propósitos,
negócio com fontes externas de tecnologia. objetivos ou metas relacionadas às
Associar tecnologia e competitividade é oportunidades oferecidas pelos ambientes
insuficiente, pois não existe ligação direta interno e externo (FERNANDES, 2005). Os
entre elas. A inovação é quem faz a investimentos em tecnologia, como uma
passagem de uma para a outra, alternativa estratégica, pelas organizações é
transformando o potencial (recursos visto como uma maneira de contribuir para a
tecnológicos) em bem econômico (produtos melhoria do desempenho competitivo
e/ou serviços) e pode resultar de pressão, (VOUDOURIS et al, 2012).
necessidade ou mesmo a adversidade
O planejamento estratégico é uma maneira de
(GOMES; KRUGLIANSKAS, 2009; OLIVEIRA;
detectar as necessidades do mercado, as
KAMINSKIB, 2012).
ações da concorrência, mudanças na
Para inovar, as empresas podem buscar tecnologia, na indústria e nos sistemas de
alternativas em outras empresas, porém negócio, assim como analisar as
raramente isso acontece de forma sistemática competências essenciais da empresa (atuais
e sob a perspectiva de uma estratégia e a serem desenvolvidas) e a partir da
explicita, muitas vezes limitam-se a uma única interação entre essas informações é possível
fonte, de forma isolada. A estratégia de determinar oportunidades. Já a estratégia
gestão de fontes de informação, tecnológicas tecnológica, diz respeito de como eleger as
ou não, raramente é utilizada visando à tecnologias mais pertinentes para a
inovação, gerenciando de forma integrada as organização e quais deve investir primeiro
diversas fontes para obter mais resultados (ZAPATA; CANTÚ, 2008).
(LINDER et al., 2003; GOMES;
Estratégia tecnológica é uma forma coerente,
KRUGLIANSKAS, 2009).
orientadora, unificadora, abrangente e,
As empresas devem reconhecer o aspecto inclusive, um modelo de uso tecnologia que
estratégico e utilizar a gestão das fontes de contribui para alcançar vantagens
informação, tanto externa como interna, para sustentáveis através de objetivos de longo
promover a inovação. Nesta lógica, vigilância prazo e programas de ação e decisões
tecnológica é uma prática de gerenciamento relacionadas com a aquisição,
de informações alinhada à estratégia que desenvolvimento, gestão e exploração de
funciona como um sistema estruturado que tecnologias, que permite à organização
permite coordenar as atividades de coleta, responder adequadamente às oportunidades
recuperação, processamento / análise e e ameaças emergentes de fora, tendo os seus

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


177

pontos fortes e fracos em mente. Constitui-se de todos os níveis organizacionais com a


como um elemento indispensável no estratégia a ser implementada (VOUDOURIS
planejamento, desenvolvimento, identificação, et al, 2012) .
avaliação e seleção de tecnologias, gerando
Um componente fundamental para a
inovação tecnológica, negociação, aquisição,
estratégia tecnológica é a aquisição de
contratação ou venda de tecnologia, através
tecnologias (BELTRÁN; BOSCÁN, 20111). A
da transferência de tecnologia, entre
seleção destas tecnologias deve acontecer
organizações, setores e países (FONSECA,
através de uma avaliação criteriosa e eficaz,
2012; PORTER, 1995).
considerando uma boa compreensão dos
Porter (1995) afirma que a formulação de uma objetivos e prioridades desenvolvidas no nível
estratégia tecnológica deve seguir uma de estratégia de negócios empresarial
sequência de etapas analíticas, a fim de (CETINDAMAR et al, 2009). Faz-se necessário
transformar a tecnologia em uma arma que as escolhas em cada área baseiem-se na
competitiva e não em uma curiosidade melhor forma de a estratégia de tecnologia
científica. Estas etapas ainda hoje são melhorar a vantagem competitiva sustentável
consideradas eficientes para traçar de uma empresa (PORTER, 1995).
estratégias competitivas, pois se baseiam em
É de suma importância que as empresa
uma metodologia de identificação e análise
invistam em tecnologia, pois ela permite que a
de possibilidades, que são:
empresa aumente sua capacidade, em
a) Identificar todas as tecnologias e volume e variedade de produtos, além de ser
subtecnologias distintas na cadeia de essencial para satisfazer as necessidades do
valores; mercado que mudaram drasticamente com o
passar do tempo (BROWN, 2001). Para que
b) Identificar tecnologias potencialmente
sirva como um componente da sua estratégia
relevantes em outras indústrias ou em
de tecnologia, a empresa deve escolher o
desenvolvimento científico;
modo apropriado para adquirir a tecnologia
c) Determinar a trajetória provável da necessária, ou seja, todas as opções
transformação de tecnologias disponíveis para uma empresa devem ser
essenciais; cuidadosamente consideradas, pois
juntamente com a aquisição é preciso
d) Determinar que tecnologias e
transferir o conhecimento tecnológico
transformações tecnológicas em
envolvido (HUNG; TANG, 2008).
potencial são mais significativas para
a vantagem competitiva e a estrutura Um dos principais requisitos para o
industrial; desenvolvimento de estratégias tecnológicas
é o entendimento das necessidades
e) Avaliar as capacidades relativas de
tecnológicas da organização, assim como dos
uma empresa em tecnologias
resultados obtidos com transferências de
importantes e o custo da realização
tecnologia anteriores (JAKUBAVIČIUS; VILYS,
de aperfeiçoamentos;
2008). Estas informações são coletadas
f) Selecionar uma estratégia de através da vigilância do meio externo e interno
tecnologia, envolvendo todas as à organização.
tecnologias importantes, que reforce a
Para se cumprir a estratégia tecnológica de
estratégia competitiva geral da
uma organização é necessário desenvolver e
empresa;
implementar um sistema de vigilância que
g) Reforçar as estratégias de tecnologias compreenda os processos de observação,
de unidades empresariais em nível de análise e difusão de informação tecnológica
corporação. (PÉREZ, 2010). Uma reflexão estratégica é
importante para a articulação da vigilância,
pois esta se projeta sobre as decisões
Ao desenvolver uma determinada estratégia, empresariais alertando as possíveis ameaças
é importante considerar a relação entre os e oportunidades, apontando novos elementos
seguintes aspectos: o mercado que se busca e enfoques, reduzindo o risco.
atingir, a verificação da capacidade
organizacional e operacional em relação ao
alcance e implementação de novas
estratégias; a identificação do envolvimento

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


178

3 INOVAÇÃO dos aspectos legais. (ZEN; FRACASSO,


2012).
Em decorrência da maior complexidade das
tecnologias disponíveis no mercado o grau de Aliar tecnologia e inovação significa fazer uso
globalização dos mercados se intensificou e da inovação tecnológica. Segundo a lei que
consequentemente ocorreu o aumento da dispõe sobre incentivos fiscais para a
concorrência em todos os níveis (GONZÁLEZ inovação tecnológica, a inovação tecnológica
et al, 2013). Nesse sentindo, a inovação se diz respeito à concep¬ção de novo produto
tornou um fator chave para o sucesso das ou processo de fabrica¬ção, bem como a
organizações, tanto para incremento de agregação de novas funcio¬nalidades ou
produtos e processos, quanto para serviços, características ao produto ou processo que
mantendo-a competitiva e permitindo o implique em melhorias incremen¬tais e em
alcance da liderança de mercados efetivo ganho de qualidade ou
(DRUCKER, 2005). produti¬vidade, resultando maior
competitividade no mercado (BRASIL, 2007).
A inovação é uma atividade de vital
importância para a maioria das empresas As inovações tecnológicas compreendem as
para criar e sustentar uma vantagem inovações de bens e serviços e processos,
competitiva (JOHANNESSEN et al., 2001; que sejam novos ou aprimorados. Tais
COURVISANOS, 2009). O termo inovação diz alterações podem envolver tecnologias
respeito à novidade, ou seja, a atividade ra¬dicalmente novas, basear-se na
inovadora pode estar ligada a novidade em combinação de tecnologias existentes em
produtos, serviços, métodos de produção, novos usos, ou podem ser provenientes do
mercados, fontes de fornecimento e formas uso de novo conhecimento (SAQUETTO;
de organização (EDWARDS-SCHACHTER et CARNEIRO, 2011).
al., 2011; GEHANI, 2011; DALMARCO et al.,
Reconhecer novas tecnologias, disponíveis no
2011).
mercado, em processos de patentes ou em
O termo inovação consiste na introdução de uso por concorrentes, e conhecimentos pode
novidade ou aperfeiçoamento no ambiente ocorrer por intermédio da vigilância
produtivo ou social que resulte em novos tecnológica. É de grande importância que as
produtos, processos ou serviços (BRASIL, empresas conhecem as mudanças e
2004). As atividades de inovação englobam descobertas tecnológicas que dizem respeito
integração tecnológica, processo de ao seu ramo de trabalho, para que possam
inovação, estratégia tecnológica, mudança avaliar aquelas que podem ser utilizadas a
organizacional e desenvolvimento de curto, médio e longo prazo para agregar
negócios. Integração tecnológica se refere à benefícios (BRANÍCIO et al, 2001).
integração entre tecnologias e os mercados
A sobrecarga de informações pode atrasar
de produtos ou serviços da empresa e
um processo inovativo, pois é preciso
enfatiza a importância de satisfazer o cliente
reconhecer as informações úteis e descartar
com as inovações da empresa (DREIJER,
aquelas que não agregam valor, e essa pode
2002; FAYET, 2010).
ser uma tarefa demorada. Porém, a ausência
A inovação pode ser caracterizada pela de uma sistemática que realize essa atividade
capacidade de uma organização de articular pode acarretar no insucesso de um processo
e mobilizar recursos, seja eles humanos, ou serviço, pelo desconhecimento de
financeiros ou materiais, para captar informações relevantes que afetem o
oportunidades e reduzir ameaças. Outra lançamento destes no mercado (BRANÍCIO et
característica pode ser definida pelo processo al, 2001). Isso é visível em mercados de alta
de transformar ideias em soluções que concorrência, em que empresas concorrentes
atendam às necessidades existentes conseguem lançar produtos com maior
(MACHADO et al, 2009). qualidade e menor custo por intermédio de
tecnologias de ponta, e o contrário acontece
As organizações que fazem uso de
com aquelas que desconhecem esses
estratégias tecnológicas aliadas à inovação
recursos, por exemplo.
ocupam um posicionamento competitivo no
mercado, onde o ambiente externo influencia
por meio da ação dos concorrentes, das
necessidades dos clientes, da relação com os
fornecedores, dos avanços tecnológicos e

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


179

4 VIGILÂNCIA TECNOLÓGICA tecnologias, mudanças em relação a


produtos, normativas, lideranças, evoluções
O avanço do mercado tem impulsionado o
de pesquisas e novas patentes, sendo estas
desenvolvimento tecnológico, fator resultante
informações a base para tomadas de decisão
também da competitividade econômica
(FERNÁNDEZ; AGÜERO, 2011).
(ALLARAKHIA; WALSH 2011). Atualmente há
um crescimento exponencial da produção Empresas que aproveitam oportunidades,
cientifica e suas aplicações tecnológicas, baseadas nos resultados da vigilância
assim como um aumento considerável das tecnológica, possuem capacidade de
fontes de informação e dos meios de compreender e adquirir conhecimento sobre
comunicação e acesso a estas (VARGAS; novos desenvolvimentos tecnológicos e de
CASTELLANOS, 2005). As tecnologias, se responder as novas tecnologias identificadas.
administradas corretamente, possibilitam Essas empresas veem nas informações
tornar os processos e recursos muito mais levantadas uma forma proativa de responder
eficientes e eficazes, além de aumentar sua as tecnologias e diminuir as ameaças
visão para o futuro podendo prever possíveis causadas por elas (SRINIVASAN et al., 2002;
inovações e assim estar à frente de seus CHEN; LIEN; 2012).
concorrentes (NATUME et al, 2008).
Vigiar tecnologias não é apenas realizar a
Para desenvolver um portfólio tecnológico cobertura de notícias, deve abranger todo o
diversificado é preciso construir documentário do processo informativo,
competências complexas, que envolvem coberto com adequada preparação e
diversas tarefas como buscar novas apresentação de todas as informações
tecnologias promissoras por intermédio da relevantes para a geração de inteligência e
vigilância tecnológica (GARCIA e VELASCO, decisões coerentes com garantias de sucesso
2008). (TOLEDO; ROMÁN, 2001). A inteligência
competitiva, por sua vez, consiste em utilizar
Para Palop e Vicente (1999) a vigilância é um
as informações levantadas pela vigilância
esforço sistemático e organizado para
tecnológica, para orientar-se ao mercado,
observação, capacitação, análise, difusão
identificando quais delas possuem maior
precisa e recuperação de informação sobre
importância e atingir objetivos e metas da
os feitos no entorno econômico, tecnológico,
organização (CASTELLS et al, 2006).
social e comercial da empresa, que sejam
relevantes para a organização, no sentido de
oportunidade ou ameaça a esta.
5 INOVAÇÃO E VIGILÂNCIA TECNOLÓGICA
A vigilância tecnológica é um conjunto de
As mudanças não afetam apenas a
ações coordenadas de busca, através da
competitividade do mercado, mas também
observação e análise do entorno, seguido do
altera o tecido social, político e econômico.
tratamento, distribuição e utilização de
Sendo assim, é essencial que os gestores
informações obtidas de modo legal, útil para
estejam sempre atentos aos novos processos
diversos membros de uma organização em
tecnológicos da área em que atua, planejando
processo de tomada decisão e para a
ações no campo da pesquisa cientifica e teco
reflexão estratégica (FERNÁNDEZ; AGÜERO,
lógica, para assim gerar conhecimentos e
2011; VARGAS; CASTELLANOS, 2005). Outro
tecnologias a serem incorporadas ao sistema
benefício desta ferramenta a é identificação
produtivo (REIS, 1998).
do desenvolvimento científico tecnológico,
assim como os paradigmas enfrentados pelas Inovar é gerar ideias e implementá-las, e o
empresas perante a competitividade e processo de gerenciar essas ideias é
exigência do mercado (QUIÑONES, 2008; essencial para o sucesso das mesmas.
MOSSO, 2010). Gerenciamento tecnológico pode-se dizer que
é a forma de administrar inovações
Esta busca de informações se dá através de
tecnológicas dentro de qualquer empresa.
documentos de patentes, publicações, e
Desta forma, Tecnologia e Inovação estão
investigações para conhecer estruturas,
intimamente ligadas (NATUME et al, 2008).
estratégias e a importância de tecnologias
específicas, assim como o ciclo de vida de Para que uma organização possa produzir
uma tecnologia específica. A vigilância deve inovações, é de suma importância fazer uso
constituir um serviço contínuo que promove de várias fontes de informações e
informações atualizadas sobre diferentes conhecimentos. A informação deve ser vista

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


180

como uma dinâmica organizacional que abre investigação, desenvolvimento e


possibilidades para a criação, a melhoria e a implementação de novos produtos/serviços
inovação dos processos e produtos (LIMA; no mercado (DURÁN et al, 2006).
CARVALHO, 2009).
A inovação é basicamente um processo de
6 CONCLUSÃO
vigilância e acumulação de conhecimento,
onde as organizações obtêm as suas Para conquistar posição no mercado, visto a
principais vantagens por intermédio da gestão acirrada competividade, as empresas não
da informação (SEGURA, 2013). Os agentes podem deixar de inovar. O termo inovação
produtivos necessitam e requerem consiste na introdução de novidade ou
informações sobre as oportunidades e meios aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou
para a inovação, em paralelo eles também social (BRASIL, 2004). Isto não deve
demandam por informações a respeito de acontecer apenas com seus produtos ou
patentes, regulamentos técnicos, literatura serviços, mas sim em todos os setores da
científica, dados econômicos e de mercado, organização, sejam eles de gestão, recursos
catálogos de equipamentos, disponibilidade humanos, marketing, etc. A forma de inovar
de crédito etc., que devem ser organizadas nem sempre é clara e precisa, e na grande
de acordo com suas necessidades. E isso maioria das vezes esta relacionada à
deve ser realizado por pessoas capacitadas e tecnologia, e para que se possam conhecer
por meio de ferramentas eficazes, assim as possibilidades em tempo hábil é
como é essencial que o usuário da necessário que se faça uso de informações
informação esteja adequadamente privilegiadas.
capacitado para utilizar, de forma eficiente, as
A inovação deve fazer parte da estratégia
informações coletadas, selecionadas e
tecnológica da organização, e estar entre as
disponibilizadas (PROGRAMAÇÃO FVA,
prioridades desta. Uma estratégia deve traçar
2002).
as direções organizacionais, avaliando os
Isto é possível por meio da utilização da recursos disponíveis para a sua aplicação
vigilância tecnológica, que realiza um que esteja vinculada ao conjunto de objetivos
acompanhamento que visa identificar as relacionados às oportunidades oferecidas
deficiências em termos tecnológicos dos pelos ambientes interno e externo. O
produtos (bens ou serviços) oferecidos pela gerenciamento do processo de inovação em
organização, com o objetivo de fomentar o uma organização deve acontecer através da
conhecimento desta quanto às tecnologias exploração do mercado, acompanhar suas
existentes e tendências que possam interferir alterações e assimilar as técnicas e conceitos
e tornar obsoletas as tecnologias internas da inovação dento do organismo corporativo
(MONTANHA JUNIOR, 2004). A vigilância (FERNANDES, 2005; XAVIER; CHICONATTO,
tecnológica tem grande importância para a 2011).
inovação, já que investigam informações
A coleta de informações, de cunho
voltadas aos avanços científicos e técnicos,
tecnológico, do mercado é possível através
os produtos e serviços, processos de
do uso da vigilância tecnológica, que
fabricação, materiais, transformações,
compreende um conjunto de ações para
tecnologias e sistemas de informação
busca, através da observação e análise do
(PALOP; VICENTE, 1999).
entorno, seguido do tratamento, distribuição e
A parir da vigilância de tecnologias é possível utilização de informações obtidas de modo
obter informações para aplicar novas legal, útil para diversos membros de uma
tecnologias, criar novos produtos e avaliar os organização em processo de tomada decisão
possíveis impactos de um evento ou mudança e para a reflexão estratégica (FERNÁNDEZ;
no ambiente. A maioria das informações para AGÜERO, 2011; VARGAS; CASTELLANOS,
obter novas ideias encontra-se no lado 2005).
externo da organização de forma complexa e
As informações oriundas do processo de
abundante, sendo assim é preciso organizar e
vigilância tecnológica possibilita aplicar novas
trata-las para agregar valor e servirem para a
tecnologias, criar novos produtos e
tomada de decisões no processo de
processos, e conhecer os possíveis impactos
inovação. A monitoração de informações
de uma mudança no ambiente (DURÁN et al,
contribui para reduzir o número de decisões
2006). Esses resultados promovem a
erradas dentro de um processo de
inovação, já que esta sistemática trata a

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


181

informação sobre o ambiente econômico, Desta forma, o uso da vigilância tecnológica


tecnológico, social e comercial da empresa, pelas organizações permite que elas
que sejam relevantes para a organização, no conheçam os nichos e oportunidades do
sentido de oportunidade ou ameaça a esta, mercado em que estão inseridas, indicando
traçando caminhos e oportunidades para a meios para inovar através do conhecimento
inovação. adquirido, reduzindo erros e aumentando as
chances de sucesso.

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Capítulo 17

Vinícius Gomes Pereira


Larissa Camila Gonçalves
Roberto Costa Moraes

Resumo: A questão da gestão da inovação em organizações tem assumido um


papel importante como fator de diferenciação frente à acirrada concorrência, tanto
nos mercados domésticos como no âmbito internacional. Dentro desse contexto
surgiu o seguinte questionamento de pesquisa: qual seria o perfil da produção
nacional em termos de artigos científicos, desenvolvida no período de 1997 a 2012,
nos anais do Encontro Nacional da ANPAD (ENANPAD), que tratam sobre o tema
gestão da inovação em organizações?Para atender a esta questão foi elaborado o
objetivo geral: analisar a produção nacional, desenvolvida no período de 1997 a
2012, em termos de artigos científicos que tratam do tema gestão da inovação nas
organizações. Foram estabelecidos os objetivos específicos: identificar as
principais características dos sistemas de inovação com foco nas
empresas;identificar as principais correntes teóricas que sustentam o tema gestão
da inovação nas organizações; e analisar o perfil das publicações científicas
nacionais que tratam do tema gestão da inovação nas organizações. Este estudo
tratou-se de uma investigação de caráter quantitativo, de cunho descritivo e
exploratório, na modalidade estudo bibliométrico.Nos artigos encontrados foi
realizada uma análise de conteúdo, envolvendo o período de 1997 a 2012, quando
foram utilizados os seguintes termos de busca nos títulos dos artigos científicos
para a construção da amostra da referida pesquisa: gestão da inovação nas
organizações .

Palavras chave: Gestão de inovação, Competitividade, bibliometria.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


184

1 INTRODUÇÃO a Associação Nacional de Pós-graduação e


Pesquisa em Administração.
Na atual conjuntura de mercados
globalizados as organizações têm buscado Em decorrência do estabelecimento da linha
constantemente mecanismos estratégicos central desta investigação, formularam-se os
para desenvolver e estabelecer relevantes seguintes objetivos específicos: identificar as
vantagens competitivas sustentáveis. Nesse principais características dos sistemas de
contexto a questão da gestão da inovação em inovação com foco nas empresas;identificar
organizações tem assumido um papel as principais correntes teóricas que
importante como fator de diferenciação frente sustentam o tema gestão da inovação nas
à acirrada concorrência, tanto nos mercados organizações; e analisar o perfil das
domésticos como no âmbito internacional. publicações científicas nacionais que tratam
do tema gestão da inovação nas
Na visão de Mattos & Guimarães (2012, p.53)
organizações , dentro do contexto do
“ a tecnologia ó o conhecimento (know how),
ENANPAD.
as instalações físicas e os procedimentos
utilizados para produzir produtos, isto é, bens Este artigo está estruturado da seguinte
e serviços”. forma: uma introdução, um capítulo destinado
ao desenvolvimento dos fundamentos teóricos
O desenvolvimento de estratégias
que proporcionarão um embasamento para as
tecnológicas está diretamente relacionado à
discussões posteriores, um capítulo referente
gestão da inovação na organização, seja em
aos procedimentos metodológicos, uma
produtos, serviços e processos.
análise dos resultados obtidos e as
Devido às atuais circunstâncias de ampla e considerações finais.
irrestrita concorrência e o crescimento
vertiginoso dos padrões de exigências do
consumidor o ciclo de vida dos produtos e 2. REFERENCIAL TEÓRICO
serviços torna-se cada vez mais curto,
2.1.CONCEITOS RELEVANTES
implicando em esforços crescentes das
organizações na busca de desenvolvimento No contexto da alta competitividade
de mecanismos de gerenciamento da empresarial a inovação tem se tornado foco
processo de inovação mais eficientes e de inúmeras empresas, sejam de pequeno,
eficazes. médio ou grande porte; constituindo-se ,
assim, um relevante fator para o sucesso das
Segundo de Mattos e Guimarães (2012, p.35)
organizações.
“ a inovação tornou-se a “religião” industrial a
partir das últimas décadas do século XX. O Inovação significa implantar ou comercializar
mundo empresarial a vê como a chave para um produto com características de
lucros e fatias de mercado crescentes”’ desempenho aprimoradas de modo a
fornecer ao consumidor serviços novos ou
Nesse contexto, surge o questionamento de
aprimorados. (Manual de Oslo; 1997).
como as organizações estão gerenciando a
questão da inovação ao longo dos últimos Por diferenciar produtos agregando valores
anos. Para tanto definiu-se o seguinte através da conciliação de conhecimentos e
questionamento de pesquisa :qual seria o avanços tecnológicos, inovar possibilita às
perfil da produção nacional em termos de organizações a tão procurada diferenciação,
artigos científicos, desenvolvida no período de aumentando sua competitividade.
1997 a 2012, nos anais do Encontro Nacional
Considerado o Pai da Inovação, Schumpeter
da ANPAD (ENANPAD), que tratam sobre o
(1984) argumenta que os empresários
tema gestão da inovação em organizações ?
procurarão fazer uso da inovação tecnológica
Na intenção de responder ao problema da - um novo produto/serviço ou um novo
referida pesquisa estabeleceu-se o objetivo processo para produzi-lo - afim de obter
geral da pesquisa: analisar a produção vantagem estratégica.
nacional, desenvolvida no período de 1997 a
As empresas ganham vantagens competitivas
2012, em termos de artigos científicos que
através de atos de Inovação. Estas encaram a
tratam do tema gestão da inovação nas
inovação em sentido amplo, incluindo o uso
organizações , no contexto do Encontro
de novas tecnologias e novas formas de fazer
Nacional da ANPAD (ENANPAD). A ANPAD é
as tarefas (Porter, 1990).

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


185

Produtos novos podem atrair outras fatias do Schumpeter (1961), caminhando no mesmo
mercado e aumentar a lucratividade. Mas sentido argumenta que inovação radical
inovar o modo de produzir e oferecer um pressupõe rupturas intensas e está
produto que já está inserido no mercado, de relacionada a produtos, serviços e processos
modo a fazer algo que ninguém mais pode, significativamente diferenciados,
ou fazê-lo melhor que outros, também representando rompimento com paradigmas
significa um grande diferencial. anteriores, e pode criar mercados para
organizações a partir da oferta de algo novo.
Movida pela habilidade de estabelecer
relações, detectar oportunidade e tirar Acompanhando o raciocínio de Schumpeter ,
proveito delas, a inovação não se restringe à Lastres e Albagli (1999) definem que, a
abertura de novos mercado, mas também inovação incremental busca aprimorar em
pode significar novas formas de suprir pequena escala produtos, serviços ou
mercados já estabelecidos. (Tidd et al.; 2008, processos já existentes, ou diminuição dos
p. 23) custos de tais, proporcionando maior
competitividade.
Chesbrough e Teece (1996; p.67)
argumentam que o tipo de organização a ser Pode-se dividir inovação em quatro categorias
utilizado depende fundamentalmente da abrangentes, conforme Tidd et al (2008).
modalidade de inovação, classificando os Inovação de produto - mudança nos produtos
tipos de inovação em autônoma e sistêmica. ou serviços que uma empresa oferece;
inovação de processo - mudanças na forma
A inovação autônoma é aquela que pode ser
em que o produto ou serviço são entregues
realizada de modo independente de outras
aos clientes; inovação de posição - mudanças
inovações. É o caso de inovações em
no contexto em que os produtos e serviços
pequenas partes de um produto ou de uma
são introduzidos; e inovação de paradigma –
evolução incremental em um produto. A
mudanças nos modelos mentais subjacentes
inovação sistêmica, em contraste, somente
que orientam o que a empresa faz. (Tidd et al,
pode ser realizada em conjunto com outras
2008; p. 30).
inovações relacionadas e complementares. O
desenvolvimento de um produto A tabela 1 apresenta várias tipologias de
completamente novo, baseado em novas classificação referentes ao conceito de
tecnologias e conceitos ou o redesenho inovação segundo o grau de novidade.
radical de um produto já existente são
inovações sistêmicas.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


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Tabela 1 - Tipologias de classificação referentes ao conceito de inovação segundo o grau de


novidade.
Número de Descrição Autores
Tipos
Schummpeter (1934); Stobaugh (1998); Freeman (1994);
Radical / Ruptura Lee e Na (1994); Atuahene-Gima (1995); Balachandra e
Friar (1997); Kessler e Chakrabarti (1990)
Sustentação /Ruptura Christensen (1997); Christensen e Overdorf (2000)
Autônomas / Sistêmicas Cheesbrough e Teece (1996)
Descontínua / Contínua Anderson e Tushman (1990); Robertson (1967)
Schimidt e Cantalone (1998); SONG E Montoya - Weiss
Realmente Novo / Incremental
(1998)
2 Instrumental / Fina Grossman (1970)
Variações / Reorientações Normann (1971)
Verdadeira / Adoção Maidique e zirguer (1984)
Original / Reformulada Yoon e Lilien (1985)
Inovação / Re-inovação Rothwell e Gardiner (1988)
Radical / Rotina Meyers e Tucker (1989)
Evolucionária / Revolucionária Utterback (1996)
Ruptura / Incremental Rice et al. (1998)

Baixa / Moderada / Alta novidade Kleinshimidt e Cooper (1991)


3
Incremental / Nova geração /
Weelwright e Clark (1992)
Radicalmente novo
Incremental / Modular /
Henderson e Clark (1990)
Arquitetural /Radical
Criação de Nicho / Arquitetural /
Abernathy e Clark (1985)
Regular / Revolucionária

4 Incremental /
Mercadologicamente
Chandy e Tellis (2000)
evolucionária / Tecnologicamente
evolucionária / Radical

Incremental/ Arquitetural / Fusão /


Tidd (1995)
Ruptura
Sistemático / Principal / Menor /
5 Freeman (1994)
Incremental / Sem registro

Reformulado / Novas partes /


Remerchandising / Novas
8 melhorias / Novos produtos / Johnson e Jones (1957)
Novo usuário / Novo mercado /
Novos consumidores

Fonte: Os autores

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


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2.2. FUNDAMENTOS DA GESTÃO DA substancial, trata-se do conhecimento


INOVAÇÃO adquirido pela empresa ou indústria como
forma de inovação, combinado com novas
Uma organização pode obter “lucros de
tecnologias ou com tecnologias já existentes
monopólio” por estar à frente de outras
(OCDE, 1997); porém, também desenvolvida
empresas por meio de sua inovação. Quando
a partir da premissa de competitividade.
a técnica for copiada por outra empresa, o
equilíbrio de vantagem é novamente De acordo com a quantidade de referenciais
reestabelecido. Este fato confirma o processo teóricos que consideram a inovação como
de “destruição criativa” desenvolvido por ferramenta que instrumentaliza a empresa na
Schumpeter, com base na teoria do busca de competitividade, pode-se notar com
desenvolvimento econômico, que seria a clareza que a inovação é o fundamento
busca incessante por algo novo, principal que viabiliza uma base tecnológica
estabelecendo novas regras e rompendo com capaz de fomentar o processo de
as velhas, sempre em busca da lucratividade. desenvolvimento,no contexto do ambiente
(TIDD, BESSANT, PAVITT, 2008). capitalista, considerando como aspecto de
grande importância o aprimoramento,
Segundo Drucker (2008) ninguém sabe as
acúmulo e valorização de capital, sendo a
chances de uma inovação baseada em uma
base principal para a razão de existência para
ideia brilhante ser um sucesso ou um
a própria empresa. (SCHUMPETER, 1954).
fracasso. Faz-se necessário muito mais do
que criatividade, como também De acordo com o desenvolvimento da
gerenciamento no processo de inovação. competitividade, o processo de gestão da
inovação pode constituir-se em um ciclo , A
A empresa que esquadrinha e pesquisa seu
reunião de ideias e necessidades da
cenário interno e externo, pode identificar
empresa, pode levar algum tempo para
sinais potenciais onde ela poderá mobilizar
atender totalmente a demanda de
recursos, seja por meio de P&D ( Pesquisa e
mercado,em consequência, tornar o processo
Desenvolvimento) ou por transferência de
de inovação moroso.
tecnologia; amadurecendo essa simples ideia
através de vários estágios de Porém, segundo Bateman e Snell (2009), após
desenvolvimento, até que um novo produto ou os primeiros problemas iniciais de
serviço no mercado externo, ou um novo desenvolvimento serem resolvidos, partem
processo ou método dentro da empresa seja para um projeto dominante, encontrando
implementado. (TIDD, BESSANT, PAVITT, assim uma vantagem competitiva em busca
2008; p61). de eficiência na redução de custos.
Como conceituação de inovação entende-se, Cada produto ou serviço novo pode ser o
segundo Bateman e Snell (2009 p.551), como aperfeiçoamento de algo já produzido, mas
o “encontro do melhor produto, processo, ou sempre mantendo a redução de custos, e
entendimento para realizar uma tarefa”. melhor acompanhamento das necessidades
dos consumidores.
Não se atentando a apenas mudanças
tecnológicas, os fundamentos de inovação Quando um produto passa por esse
podem tomar diferentes direções. aperfeiçoamento, chega ao fim um ciclo de
inovação, dando ao novo produto uma grande
O processo de inovação , tendo em vista o
gama de importantes modificações, atingindo
atual cenário de competitividade é um
os “benefícios obtidos pela sua
exemplo de fator relevante a ser considerado .
implementação” (BATEMAN e SNELL, 2009).
Coutinho & Ferraz (1994) assevera que a
A implementação da inovação pode parecer
capacidade que uma empresa ou setor tem
dessa forma que aconteça de forma
para desenvolver tecnologias, ou formular e
automática, ajustando-se às necessidades da
implementar estratégias para conservar ou
empresa, contudo as mudanças não podem
ampliar sua posição de mercado, é
ser consideradas de acontecimento natural.
fundamental para a competitividade.
Bateman e Snell (2009), comentam que “as
Percebe-se que o processo de inovação leva decisões sobre tecnologia e inovação”
em consideração o entendimento da dependem de novas estratégias e para que o
necessidade de manter seu desempenho ou fundamento funcione elas precisam ser
melhorar a competitividade. Outro fundamento abordadas de forma sistemática, para se
formulado que possui importância posicionar no mercado.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


188

Dois tipos de inovação genérica apontam estejam dispostos a pagar por algo mais caro
melhorias competitivas: pela liderança de (BATEMAN e SNELL, 2009).
baixo custo, onde a empresa obtém a
Pavitt et al. (2008, p.88), ao dissertar acerca
vantagem competitiva por manter seu custo
da inovação com processo central para a
mais baixo do que seus concorrentes; ou pela
organização, propõe uma representação
estratégia de diferenciação, onde a vantagem
simplificada do processo de inovação (Figura
é oferecer um produto ou serviço exclusivo
1).
para seus clientes, desde que os mesmos

Figura1 - representação simplificada do processo da inovação

Fonte: Tidd Et Al.( 2008)

Segundo os referidos autores o processo de Nos artigos encontrados foi realizada uma
busca envolve a análise do cenário (Interno e análise de conteúdo, envolvendo o período de
externo) com vistas a coleta de sinais 1997 a 2012, quando foram utilizados os
relevantes em termos de ameaças e seguintes termos de busca nos títulos dos
oportunidades. A seleção desses sinais leva artigos científicos para a construção da
em consideração uma visão estratégica de amostra da referida pesquisa: gestão da
como a empresa pode se desenvolver melhor. inovação nas organizações.
A aquisição de conhecimentos, para viabilizar
Com os dados bibliométricos procurou-se
a inovação, pode ser feita através de P&D,
caracterizar a dinâmica da evolução da
aquisição de conhecimento de outras fontes,
produção com o intuito de definir as grandes
através de transferências tecnológicas,
áreas envolvidas no campo científico
alianças estratégicas e etc. O modelo prevê
estudado.
também a execução do projeto, o lançamento
da inovação do mercado, a sustentabilidade Inicialmente foram lidos os títulos e os
da adoção e uso da inovação no longo prazo resumos das pesquisas, com o intuito de
e, finalmente, a aprendizagem com a identificar a aderência ao objetivo de estudo
construção de uma base sustentável de e,posteriormente, com a finalidade de refinar
conhecimento. a pesquisa, foram identificados os principais
aspectos metodológicos e as principais
correntes teóricas contidas nos trabalhos
3. METODOLOGIA
Assim, a coleta de dados secundários
Este estudo tratou-se de uma investigação de constituiu-se de artigos científicos nacionais
caráter quantitativo, de cunho descritivo e publicados em anais do ENANPAD.
exploratório, na modalidade estudo
Base de Dados: ENANPAD (1997/2012).
bibliométrico.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


189

Assim, o objeto de estudo da presente dos encontros nacionais da ANPAD –


investigação são os artigos científicos ENANPAD. Os dados foram retirados do site
publicados nos anais do ENANPAD , no dessa instituição e utilizados como objeto de
período de 1997 a 2012, que tratam do tema estudo.
gestão da inovação em organizações.
Através de estudo bibliométrico, constatou-se
que no período entre 1997 e 2011, somente
foram escritos artigos sobre a inovação das
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
organizações, ou de seus serviços, a partir de
Está análise corresponde ao perfil dos
2007, concluindo-se que a maior parte dos
estudos dos artigos, e reflete a visão dos
acadêmicos desenvolveram seus trabalhos
acadêmicos sobre a ideia de inovação dentro
neste mesmo ano.

Gráfico 1 – Anais
Ano Quantidade Percentual
1997 1 5%
1998 1 0%
1999 2 10%
2000 1 5%
2001 1 5%
2002 1 5%
2003 1 5%
2004 0 0%
2005 0 0%
2006 2 10%
2007 4 19%
2008 3 14%
2009 2 10%
2010 0 0%
2011 1 5%
2012 1 5%
Total 21 100%
Fonte: elaboração dos autores

Percebeu-se que mais de 900 citações foram apenas autores citados em mais de 3 artigos
feitas nos artigos alvos de estudo, porém, estão dispostos no Gráfico 2:

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


190

Gráfico2 – Autores mais citados

Fonte: elaboração dos autores

Nas bibliografias dos artigos, verificou-se a Outros seis autores são amplamente citados
preferência pelo autor Porter (1990), suas na grande maioria dos artigos, expandindo
teorias e estudos sobre os processos de ainda mais o perfil dos estudos da inovação e
inovação, a partir de seu diamante suas aplicações no contexto das
competitivo. organizações.
Como segundo autor mais citado, percebeu- No intuito de identificar as estratégias de
se, a forte influência de Schumpeter (1961), pesquisa empregadas pelos diversos autores,
um dos primeiros a tratar da temática da verificou-se uma predominância da análise
inovação, destacando-se como importante qualitativa (Gráfico 3)
estudo para o desenvolvimento e manutenção
da competitividade.

Gráfico 3 – Estratégia Metodológica

Fonte: autores

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


191

Quanto aos tipos de abordagem, foi verificado que a pesquisa empírica foi mais utilizada, seguida
da pesquisa exploratória, pesquisa descritiva e pesquisa explicativa (Gráfico 4).

Gráfico 4 – Pesquisas mais utilizadas

Fonte: elaboração dos autores

Na próxima análise foi possível identificar que Na busca pela identificação dos instrumentos
nos artigos constantes do contexto do estudo, de coleta de dados, verificou-se nos artigos
destacou-se um perfil equilibrado entre os uma maior utilização de entrevistas semi
métodos de pesquisa, sendo o estudo de estruturadas e questionários, coerentes com
caso o mais empregado (Gráfico 5) as estratégias qualitativas e quantitativas
(Gráfico 6).

Gráfico 6 - Dados

Fonte: elaboração dos autores

Quanto à técnica de pesquisa utilizada para o às outras formas de tratamento como


tratamento dos dados observou-se uma mostrado a seguir (Gráfico 7).
predominância da análise de conteúdo frente

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


192

Gráfico 7 – Técnicas de tratamento de dados

Fonte: Elaboração dos autores

Assim, a partir das interpretações anteriores 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS


observa-se que o perfil das publicações
O presente trabalho teve como
científicas objeto do presente estudo na sua
questionamento central verificar o perfil das
maioria são de natureza qualitativa, de
publicações nacionais, mais especificamente
abordagem empírica, utilizando como método
os artigos constantes dos anais do ENANPAD,
o estudo de caso, com o emprego de
no período de 1997 a 2012, quanto à questão
entrevistas semi-estruturadas para a coleta
da gestão da inovação nas organizações.
dos dados, e apresentando a análise de
conteúdo como técnica predominante para o Para tanto se estabeleceu como objetivo geral
tratamento qualitativo dos dados. a análise dessas publicações ao longo do
período considerado, e como objetivos
Quanto aos autores mais citados, observou-se
específicos a identificação das características
uma predominância de autores bem
dos sistemas de inovação das organizações,
conhecidos na literatura acerca da questão
a identificação das principais correntes
da inovação, ou seja, Porter e Schumpeter.
teóricas que tratam do tema gestão da
inovação, e a análise propriamente dita.
A partir dessas premissas foram definidas as
estratégias metodológicas centradas na
análise quantitativa das publicações, com o
estudo bibliométrico como pano de fundo.

REFERÊNCIAS princípios. São Paulo: Cengage Learning, 2008.


[1]. ARAUJO, C.A. Bibliometria: evolução [5]. LASTRES, M. M. H. e ABALGLI, S.
histórica e questões atuais. Em Questão, Porto Informação e globalização na era do
Alegre, v. 12, n. 1, p. 11-32,jan./jun.2006. conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1999. p.
[2]. 124
CHESBROUGH, H. W., TEECE, D. J. When is virtual
virtuous? organizing for innovation. Harvard [6]. SCHUMPETER, J. A. Capitalism, socialism
Business Review, Boston, January/February 1996, and democracy. 1ªed. Harper USA, 1984.
p. 67
[7]. SCHUMPETER, J.A. Teoria do
[3]. COUTINHO, L. & FERRAZ, J. C. (1994). desenvolvimento econômico. Editora Fundo de
Estudo da Competitividade Industrial Brasileira.São Cultura, Rio de Janeiro, 1961.
Paulo, MCT/Unicamp/Papirus.
[8]. REVISTA ADMPG: Gestão estratégica.
[4]. DRUCKER, P. F. Inovação e espírito Ano3, N.1. Ponta Grossa (PR). Anual.
empreendedor (entrepreneurship): prática e

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


193

[9]. TIDD, J.; BESSANT, J.; PAVITT, K. Gestão


da inovação. Porto Alegre: Bookman, 2008. p.23 [11]. OCDE. Oslo Manual: OECD proposed
guidelines for collecting and interpreting
[10]. PORTER, M. E. The Competitive technological innovation data. Paris, 1997.
Advantage of Nations. Macmillan: London, 1990.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


CAPÍTULO 18

Thiago Francisco Malagutti


Diego Fernandes Silva
Elvisney Aparecido Alves

Resumo: Nas empresas de hoje, é muito comum à aplicação e desenvolvimento de


projetos nos mais diversos ramos de atividades. Isto fez com que a metodologia de
Gestão de Projetos cada vez mais ganhasse espaço no ambiente corporativo. Uma
prática que vem sendo adotada atualmente para gerenciar tais projetos é a
implantação dos Escritórios de Gerenciamento de Projetos - EGP ou mais
conhecidos como PMO - Project Management Office. Este escritório tem a função
de centralizar as melhores práticas de Gestão de Projetos nas empresas em que
são implantados, assim como funcionar como uma fonte de consulta e
esclarecimento de dúvidas e problemas para os gestores das diversas áreas da
empresa. É neste cenário que se insere este trabalho, que visa apresentar uma
proposta de implantação de um EGP, demonstrando as etapas a serem
desenvolvidas conforme o cenário de atuação da empresa. Também serão
apresentados ações e documentos adotados na fase inicial de implantação que
está ocorrendo de forma gradual. Para motivação do trabalho serão expostos
fatores levantados por autores perante adoção da prática.

Palavras-chave: Projetos; Escritório de Projetos; Implantação.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


195

1. INTRODUÇÃO diminuição dos índices de falhas e garantindo


As empresas estão utilizando cada vez mais que os projetos mais importantes para a
métodos e ferramentas, como o organização sejam os mais prioritários.
gerenciamento de projetos, para alcançar
Em um contexto que gestores de negócios
seus objetivos e se manterem no mercado.
creditam à implantação de um EGP vinculado
Logo, torna-se interessante efetuar estudos
ao alto potencial de ganho para suas
que busquem identificar os fatores que mais
empresas, outros o colocam como uma moda
contribuem para o sucesso do projeto
passageira. Sendo assim, torna-se muito
(HYVÄRI, 2006).
importante o estudo do tema para elucidar os
Sendo assim, no final do século XX já se tinha reais pontos positivos e negativos da
uma clara noção que, o gerenciamento de utilização dos mesmos e as características de
projetos vinha se tornando cada vez mais sua implantação.
estudado e utilizado pelas empresas (FRAME,
O objetivo do presente artigo é identificar as
1995).
etapas e características que compõe a
Kate (2000), já alertava que o gerenciamento implantação de um EGP seguido de um
de projetos isolados representa somente parte estudo de caso realizado em uma Caldeiraria
do que uma empresa necessita fazer para ser na região de Ribeirão Preto/SP. Além dos
competitiva. Também é crítico o dados bibliográficos, esta pesquisa fará uso
conhecimento do que se passa em todos os de dados secundários por meio de análises
projetos da organização. A empresa necessita de documentos relacionados ao processo de
assegurar-se de que os projetos mais implantação do EGP na referida empresa
importantes para a organização tenham (LAKATOS, 2003).
acesso privilegiado, se há recursos
Para trabalhos futuros, sugere-se que seja
necessários, que permita produzir os
abordada a implantação de EGP em outros
melhores resultados possíveis, isto é, realizar
segmentos de mercado, uma vez que este
o processo de Planejamento Estratégico da
trabalho abordou somente o setor metal
Empresa.
mecânico.
Surgiriam aí, os primeiros conceitos de
2. REFERENCIAIS TEÓRICOS
Escritório de Gerenciamento de Projetos
Esta seção tem por objetivo fundamentar a
(EGP) ou Project Management Office (PMO),
discussão sobre o tema do trabalho. Para isto
segundo o Instituto Americano de
as duas próximas seções apresentam uma
Gerenciamento de Projetos (PMI). Surge como
revisão teórica sobre os temas que norteiam
um elemento organizacional responsável pela
este trabalho e o levam ao estudo de caso.
padronização dos processos, pela divulgação
2.1. PROJETO
das melhores práticas de gerenciamento de
O Project Management Institute - PMI (2008)
projetos e pelo fornecimento da infraestrutura
define projeto como um esforço temporário
necessária para um gerenciamento
empreendido para criar um produto, serviço
corporativo de projetos, possibilitando a

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


196

ou resultado exclusivo, compreendido entre empresas realizam ou para atender as


um início e fim definidos. necessidades do negócio, ou para objetivar
as normas regulamentadoras do mercado ou
Já Lewis (2000) define projeto como um
para obter melhorias de produtividade através
trabalho único que possui início e fim
da otimização dos processos administrativos
claramente definidos, um escopo de trabalho
e produtivos.
especificado, um orçamento e um nível de
desempenho a ser atingido. Além disso, o Após a definição de projeto é possível
mesmo autor considera que, para um trabalho compreender a definição de gerenciamento
ser considerado um projeto, este precisa ter de projetos presentes da APM (2006) que
mais de uma tarefa associada, ou seja, advoga que o gerenciamento de projetos é o
trabalhos constituídos de uma única tarefa processo responsável por definir, planejar,
não são considerados projetos. monitorar, controlar e entregar o projeto com
os requisitos esperados. Além disso, os
Por sua vez Nicholas (1990), diz que projeto
projetos acarretam mudanças e o modo mais
pode ser definido em termos de propósito,
eficiente de gerenciar essas mudanças é
estrutura organizacional, complexidade,
utilizando o gerenciamento de projetos.
interesse e ciclo de vida, conforme segue:
Finalmente observarmos que mesclando
 Um projeto envolve um propósito,
projetos mais o gerenciamento do mesmo, é
produto ou resultado único e definível,
importante haver uma estrutura para
geralmente especificado em termos
administrar isso tudo, desta forma se faz
de requerimentos de custo, prazo e
necessário verificar a definição de escritório
desempenho;
de gerenciamento de projetos, sendo o
 Projetos são empreendimentos
responsável por essa administração.
temporários, ou seja, possuem início e
fim definidos. O fim é alcançado
quando os objetivos do mesmo são
2.2. ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE
atingidos, quando se torna claro que PROJETOS
esses objetivos nunca serão Rozenfeld (2006) define Escritório de
alcançados ou quando a necessidade gerenciamento de projetos como uma
de que os objetivos sejam atingidos estrutura organizacional e especifica que
não mais existir; realiza serviços de suporte para o
 Finalmente, o projeto é um processo gerenciamento de projetos.
de trabalho para atingir uma meta.
Já Valeriano (2003 apud Mansur 2009) explica
Durante esse processo, existem fases
que o escritório de gerenciamento de projetos
distintas. O conjunto dessas fases é
é a estrutura organizacional com a atribuição
chamado de ciclo de vida do projeto.
de padronizar os processos.

Sendo assim, Mansur (2009) frisa que os Kate (2000) define o Escritório como uma
projetos são mudanças estruturadas que as unidade do negócio focada na eficiência do

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


197

gerenciamento de projetos e programas desempenho e priorização, além de servir de


dentro da organização. Não foge, portanto, fonte de recursos e boas práticas de
das outras definições já expostas acima, pois gerenciamento de projetos.
para garantir a eficiência do gerenciamento
Para se verificar a aplicabilidade do EGP na
de projetos e programas, o EGP deveria atuar
gestão de projetos corporativos, temos a
corporativamente, definindo padrões,
figura abaixo, feita a partir da definição de
processos, ferramentas, indicadores de
Gonsalez e Rodrigues (2002):

Figura 1 – Conceito do Escritório de Gerenciamento de Projetos

Fonte: Gonsalez e Rodrigues (2002)

Assim de forma geral, pode-se definir o EGP organizacionais, além de atuar na gestão dos
como sendo a entidade organizacional projetos da empresa.
responsável por:
Desta forma, dependendo em qual nível de
 Definir, adotar padrões, processos, maturidade se encontra o gerenciamento de
métricas e ferramentas de projeto dentro da organização, podemos
gerenciamento de projetos; explorar os modelos existentes de escritório
 Oferecer serviços de gerenciamento, de gerenciamento de projetos definidos por
treinamento e documentação de alguns autores e determinar em qual nível
projetos; está se encontra a empresa em estudo.
 Garantir o alinhamento das iniciativas
à estratégia organizacional;
2.2.1. MODELOS DE ESCRITÓRIO DE
 Receber os relatórios de progresso e GERENCIAMENTO DE PROJETOS
acompanhamento dos projetos e A maior parte dos autores divide os modelos
enviar para os patrocinadores os de EGP em níveis ou tipos. Crawford (2002)
relatórios consolidados. nomeia-os em níveis da seguinte forma:

 Nível 1: Escritório de Controle de


O Escritório poderia desta forma, atuar como
Projetos;
auxiliador da implantação das estratégias

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


198

 Nível 2: Escritório de projetos da a) Escritório corporativo de projetos;


unidade área de negócios; b) Escritório divisional de projetos;
 Nível 3: Escritório Estratégico de c) Escritório setorial de projetos;
Projetos. d) Escritório departamental de projetos.

Já Kate (2000), por sua vez, denomina-os: Apesar da diferença de nomenclatura, a


Escritório de Suporte de Projetos, Escritório de maioria das funções associadas a cada tipo
Projetos e Programas e Escritório de (ou nível) de EGP se mantém relativamente
Governança de Projetos e Programas. constante perante os vários autores citados. A
figura abaixo ilustra os níveis de um EGP
Outra nomenclatura é dada por Mansur (2009)
segundo Crawford (2002).
que os nomeia como:

Figura 2 – Modelos de EGP

Fonte: Crawford (2002)

Porém, a questão para a maioria das claramente cada um dos níveis propostos
organizações que lidam com projetos muitas segundo figura acima.
vezes não é se a empresa deve ou não
2.2.1.1. ESCRITÓRIO DE CONTROLE DE
implantar um Escritório de Gerenciamento de PROJETOS
Projetos, mas sim onde e de que tipo O Escritório de Controle de Projetos possui
(BRIDGES & CRAWFORD, 2001). Ter um EGP como principais funções o desenvolvimento
funcionando de maneira incorreta é tão ruim do planejamento do projeto e a emissão de
quanto não ter um EGP, já que isto pode relatórios de progresso. Apresenta foco em
reduzir ou mesmo eliminar os pontos positivos um único projeto, porém de grande porte e
de sua implantação (CRAWFORD, 2002). complexidade. (CRAWFORD, 2002).
Evidencia-se, assim, a importância de definir

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


199

2.2.1.2. ESCRITÓRIO DE PROJETOS DA  Tornar-se um centro de gestão do


UNIDADE DE NEGÓCIOS
conhecimento, através do
O Escritório de Projetos da unidade de
armazenamento de informações dos
negócios oferece suporte aos projetos da
projetos na forma de lições
área, de diferentes porte e complexidade.
aprendidas;
Crawford (2002) destaca como principais
 Validar as estimativas de recursos
funções do EGP a priorização entre os
feitas pelos projetos, baseado nas
projetos e o gerenciamento de recursos.
experiências de projetos anteriores.
Entretanto, a integração destes projetos
ocorre ao nível da Unidade de Negócios, não Após verificar quais os tipos de EGP
atingindo o nível corporativo. existentes se faz necessário elucidar as
principais atribuições e atividade de um EGP.

2.2.1.3. ESCRITÓRIO ESTRATÉGICO DE


PROJETOS 2.2.2. ATRIBUIÇÕES E ATIVIDADES DOS
ESCRITÓRIOS DE PROJETOS
As principais atribuições do Escritório
As funções expostas nos modelos de EGP
Estratégico de Projetos, segundo Crawford
descritas acima variam em função do grau de
(2002), são:
maturidade em gerenciamento de projetos,
 Selecionar, priorizar e garantir a
das necessidades da organização, do quanto
integração dos projetos que estejam
à empresa depende de projetos para obter
alinhados à estratégia da
resultados e dos benefícios esperados.
organização, inclusive no que se
Com relação ao relacionamento entre o grau
refere ao uso de recursos;
de maturidade em gestão de projetos com os
 Desenvolver, atualizar e divulgar a
modelos de EGP, a figura abaixo, adaptada
metodologia de gerenciamento de
de Gonsalez e Rodrigues (2002), exemplifica
projetos, bem como divulgar o
o mesmo na figura 3 logo abaixo:
conhecimento em gerenciamento de
projetos;

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


200

Figura 3 – Maturidade em gerenciamento de projeto x Modelo de EGP

Grau de Maturidade Modelo de EGP recomendado


Inicial

 Não há processos de gerenciamento de


projetos em operação; Modelo simplificado de EGP ou um estágio
embrionário do mesmo. Algo que introduza a
cultura de Gerenciamento de Projetos na
 Processos são vistos como únicos e há organização.
problemas de custos, qualidade e prazo;
 Não há documentação – Lições aprendidas
não são aproveitadas.
Repetitivo

 Há processos de gerenciamento de projetos


para planejamento, previsão de prazos,
acompanhamento e estimativas de custos;
EGP de Nível1 - Escritório de Controle de
 Utilizam-se softwares de gerenciamento de Projetos
projetos;
 Os dados não estão integrados;
 Resultados não são evidentes
 Falta visão Geral dos projetos.
Definido
 Abordagem padronizada de gerenciamento
de projetos;

 Sistemas de gerenciamento de projetos EGP de Nível1 - Escritório de Controle de


bem definidos, documentados e Projetos
padronizados;

 Gasta-se muito tempo com modelos, em


detrimento da análise e solução
Gerenciado
 Processos de gerenciamento de projetos
integrados, avaliados e controlados;
EGP de Nível1 - Escritório de Controle de
 Alta gerência interligada ao fluxo de Projetos
informação dos principais projetos;
 Alta taxa de sucessos em projetos;
 Banco de dados consolidado,
Otimizado
 Processos continuamente aperfeiçoados; EGP de Nível3 em conjunto com um Centro
de Gerenciamento de Transformação
 Sistemas atendem ás necessidades da alta
Organizacional, uma espécie de maestro das
gerência e da linha; de um ponto de visa
transformações organizacionais e da relação
corporativo;
da organização com o restante da rede na
 Recursos otimizados na só em termos de qual ela está inserida.
projetos mas em termos empresariais.
Fonte: adaptado de Gonsalez e Rodrigues (2002)

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


201

Valeriano (2003 apud Rozenfeld 2006) diz que Já Mansur (2009) cita as atribuições abaixo
o EGP pode receber diferentes atribuições, como atividades relacionadas a um EGP.
conforme o nível de evolução da empresa em
 Atribuições de suporte e apoio para
termos de maturidade da gestão de projetos.
os gerentes;
As atribuições conforme os níveis de
 Atribuições de suporte e apoio para
maturidade são:
os treinamentos;
1 – Estágio inicial:  Atribuições de suporte e apoio para
as padronizações;
 Prestação de serviços de controle de
 Atribuições de suporte e apoio para a
prazos e custos;
auditoria;
 Elaboração de relatórios multiprojetos
 Atribuições de suporte e apoio para a
e interdepartamentais;
qualidade;
 Treinamento em aspectos específicos
 Atribuições nas comunicações;
de gerenciamento de projeto;
 Ligações com gerentes  Atribuições para o desenvolvimento
dos relatórios;
departamentais;
 Melhoria continua de processos de  Atribuições de suporte e apoio para a
alta administração.
gerenciamento de projeto;
 Registro de lições aprendidas.

2.2.3. PAPÉIS E RESPONSABILIDADES DOS


2 – Estágio intermediário:
INTEGRANTES
 Arquivo do histórico de projetos; Independente de qual parte do organograma
 Administração dos processos de está encaixado, ou até mesmo conforme suas
gerenciamento de projeto; atribuições, o EGP tem que ser composto por
 Consultoria interna sobre um número mínimo de pessoas alocadas
gerenciamento de projeto; integralmente ou parcialmente, dependendo
 Desenvolvimento e aperfeiçoamento de como é tratado o gerenciamento de
de métodos e padrões; projetos dentro da empresa. Geralmente a
 Apoio a reuniões de avaliações e composição de um EGP conforme Mansur
revisões de projetos. (2009), conta com: Controller, Coordenador
do EGP e Patrocinadores. Já Crawford (2002)
3 – Estágio avançado:
diz que um EGP, independentemente do nível,
 Distribuição de recursos de acordo pode ser composto das seguintes posições,
com as prioridades estabelecidas; que geralmente podem ser ocupadas por um
 Avaliação externa de projetos; conjunto reduzido de pessoas: Diretor,
 Formação de gerentes de projetos; Gerente, Mentor, Planejador e Especialista.
 Gerência direta de grandes projetos
da organização.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


202

2.2.4. MOTIVAÇÃO E FASES PARA empresa, ele é uma estrutura organizacional


IMPLANTAÇÃO DO EGP
de vital importância para assegurar que os
Para iniciar o próximo tópico relativo a este
projetos sejam efetivos. Também acrescenta
trabalho, se faz importante pontuar dois itens
que sua implantação de forma bem sucedida,
na aplicação do estudo de caso. Estes são:
permite que a empresa tenha vantagens
os fatores de sucesso de um EGP e suas
competitivas em relação ao mercado.
fases de implantação.
Se tratando em termos de planejamento
Bridges e Crawford (2001) descrevem os
quanto a sua implantação Bridges e Crawford
fatores de sucesso da implantação de um
(2001) recomendam fazer um esforço
EGP. Os fatores de sucesso listados são:
deliberado para gerar valor imediato e
 Manter o processo simples; atender, o mais rapidamente possível, as
 Foco em valor; necessidades do negócio. A chave é manter a
 Planejamento; implantação simples, focada na obtenção de
 Patrocínio da alta administração; valor e o plano de implantação bem
 Comunicação. estruturado.

Porém, para que isso seja possível, os autores


Já Americo Pinto (2005) expõe outros fatores:
propõem quatro fases distintas:
 Criação de cultura de Projetos e
a) Fase I – Preparar o Terreno: são
conscientização para toda a
definidas as iniciativas de curto prazo
organização;
que serão tomadas e os objetivos de
 Definição da estrutura organizacional;
longo prazo;
 Desenvolvimento e implementação de
b) Fase II - Começar com iniciativas de
metodologias;
curto prazo: a operação do EGP é
 Desenvolvimento ou aquisição de
iniciada, com a alocação da equipe,
ferramentas de controle e
início das atividades de comunicação
administração do EGP;
e a divulgação para a organização do
 Capacitação e motivação das
EGP e de suas responsabilidades;
equipes;
c) Fase III – Caminhar com soluções de
 Definição clara dos índices de
longo prazo: O objetivo desta fase é
desempenho;
gerar valor para a empresa por meio
 Fazer Benchmarking;
da melhoria das práticas de
 Definição do tipo de EGP mais
gerenciamento de projetos e do
adequado organização;
desenvolvimento dos profissionais
 Utilização de métricas para redução
ligados a esse gerenciamento;
ciclo de vida do Projeto.
d) Fase IV – Manter e Aprimorar: Nesta
fase, deve conduzir as atividades
Mansur (2009) ainda cita que independente diárias, refinando continuamente o
de sua posição estratégica dentro da sistema de gerenciamento de projetos

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


203

e procurando sempre novas destacar as vantagens e os passos a serem


oportunidades de gerar valor para a tomados para a criação do escritório de
empresa. projetos.

O estudo de caso foi conduzido com a


criação do EGP na referida empresa, onde
3. METODOLOGIA DE PESQUISA.
foram descritas as atividades executadas,
Neste artigo foi utilizado o método do estudo
bem como as vantagens e desvantagens
de caso, que segundo Barros e Lehfeld
percebidas após a fase de implantação do
(2007) consiste na coleta e registro de
EGP.
informações sobre um ou vários casos,
elaborando relatórios críticos organizados e
4. ESTUDO DE CASO
avaliados, dando margem a decisões e
A CAMOI - Caldeiraria e Montagem Industrial
intervenções sobre o objeto escolhido para a
Ltda. está sediada na cidade de Ribeirão
investigação.
Preto e foi constituída com o objetivo de
Uma Caldeiraria localização na região de
fornecer equipamentos e mão de obra de
Ribeirão Preto, estado de São Paulo, foi alvo
montagens industriais para empresas em todo
do estudo. Para atingir o objetivo proposto, foi
o território nacional. Abaixo segue imagens da
realizada a revisão bibliográfica a fim de
empresa.

Figura 4 – Vistas da empresa

Fonte: autores

A empresa existe há aproximadamente nove oferecendo produtos e serviços de caldeiraria


anos no mercado e conta atualmente com um e montagem industrial, eficazes, com
quadro de aproximadamente 80 funcionários. qualidade e a preços competitivos.

Sua missão, visão e valores estão descritos Visão: Desenvolver parcerias ganha x ganha
abaixo: com nossos clientes e fornecedores; Buscar
sempre as melhores alternativas tecnológicas;
Missão: Desenvolver soluções que satisfaçam
Contribuir para o desenvolvimento da
as necessidades de nossos clientes,

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


204

sociedade; Conquistar o reconhecimento arquiteturas; Empresas parceiras na


pelos nossos produtos e serviços. terceirização de produtos, dentre outros.

Valores: Comportamento ético; Respeito aos Seu faturamento está divido entre indústria
nossos colaboradores, fornecedores e (fabricação de produtos); obras (Mão de obra
clientes; Manter sempre o foco no cliente, especializada para o cliente) e a junção das
buscando a melhoria contínua de todos duas (produção e montagem).
nossos produtos e serviços.
Seu organograma até o ano de 2011 está
Detêm em seu portfólio vários tipos de demonstrado abaixo:
clientes como: Usinas; Escritórios de
Figura 5 – Organograma seguido até o ano de 2011

Fonte: autores

A empresa em estudo não trabalhava com  Se os projetos estão sendo rentáveis


nenhuma metodologia em gerenciamento de ou não.
projetos, devido a isto, ocorriam várias falhas
durante a execução do projeto. Entre estas
falhas podemos citar: 3.3 IMPLANTAÇÃO DO EGP
Devido ao pouco tempo de existência no
 A não elaboração de um cronograma
mercado e ao seu rápido crescimento, a
identificando as atividades básicas
necessidade de implantação do EGP surgiu
que necessitam ser desenvolvidas;
como solução para sanar os problemas
 Situação de cada projeto;
citados acima. A implantação do EGP iniciou-
 Atraso no prazo de entrega;
se no início de 2012. A primeira ação a ser
 Ocorrências de muitos erros nos
tomada foi reorganizar o organograma,
processos de fabricação;
criando-se o departamento de EGP, conforme
 Priorização de projetos de forma
segue na figura 6.
inadequada;
 Elaboração de custos de forma Como todos os gestores das áreas citadas na
precária; figura 6 já estavam envolvidos em suas

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


205

atividades diárias e não dispunham do tempo contratação de um gestor focado somente


de dedicação exigido para conduzir o nos assuntos relacionados ao EGP.
departamento de EGP, fez-se necessário à
Figura 6 – Organograma iniciado em 2012

Fonte: autores

O departamento de EGP proposto de início e Seguindo as fases propostas pelos autores


conforme seu grau de maturidade identificado Bridges & Crawford (2001), foi elaborada a
como repetitivo seguiu as recomendações tabela abaixo, focando em iniciativas de curto
propostas por Gonsalez e Rodrigues (2002), prazo. As atividades propostas na Tabela 1
ou seja, é um EGP de nível 01 e a priori foi foram implantadas no horizonte de 03 meses,
tratado como um Escritório de Controle de conforme mostram as figuras na Tabela 2.
Projetos. Desta forma foi selecionado um
único projeto de grande porte para servir de
teste e aplicação nos próximos projetos.

Tabela 1 – Atividades propostas para a criação do EGP

Horizonte Função
Atividade Ação
(meses)
Convocar reunião com os
Elaboração de gestores das áreas e elaborar Estabelecer etapas, datas e
0-3
cronograma um cronograma com etapas, recursos.
recursos e datas definidas.
Divulgar a todos os gestores e
Relatório de Elaborar relatório de progresso
0-3 diretoria o andamento do
progresso padrão.
projeto
Estabelecer responsabilidade e
Matriz de Elaborar Matriz de
0-3 tomada de decisão de cada
Responsabilidade Responsabilidade
gestor no projeto.
Fonte: Elaborada pelo autor

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


206

Tabela 2 – Detalhamento das atividades propostas para a criação do EGP

Atividades Documentos implantados

Elaboração de
cronograma

Relatório de
progresso

Matriz de
Responsabilidade

Fonte: Elaborada pelo autor

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


207

Desta forma comparando-se a um projeto de 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS


mesmo porte que a empresa executou no ano A implantação inicial de um Escritório de
anterior foi possível detectar a melhora em Gerenciamento de Projetos Piloto foi uma
alguns aspectos (Essa melhora ocorreu após decisão estratégica acertada em virtude dos
a criação do EGP e aplicando-se os vários problemas citados.
documentos acima), como:
O Escritório de Gerenciamento de Projetos
 Comunicação mais acurada e melhor (EGP) se insere no contexto apresentado,
divulgada; propondo a existência de um elemento
 Tomada de decisão partindo organizacional responsável por pensar todo o
realmente do setor responsável; gerenciamento corporativo de projetos,
 Verificação de percentual de avanço potencializando os ganhos de sua utilização.
do projeto;
Este trabalho foi realizado de forma a analisar
 Acompanhamento do andamento do a implantação e utilização de um EGP como
projeto para ver se está em
instrumento de apoio à gestão de projetos,
conformidade com o cronograma. identificando os principais pontos positivos da
utilização.
Também foi criada uma planilha para controle
dos custos que envolvem o projeto. A ideia Fica evidente que o trabalho deverá continuar
desta planilha é comparar o que está sendo abrindo uma lacuna para apresentação de
gasto com o que foi previsto em orçamento, atividades a média e longo prazo.
desta forma é possível verificar se o mesmo
estava sendo viável ou não para a empresa.

REFERÊNCIAS Departamento de administração da Faculdade de


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Guia PMBOK. 5. Ed. Newtown Square, PA, USA
2008.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Capítulo 19

Alana Deusilan Sester Pereira


Isabela Carvalho de Morais
Mariana dos Santos Alves Mendes

Resumo: Este artigo teórico discute sobre como as organizações podem


desenvolver práticas voltadas para a melhoria do relacionamento fornecedor-
comprador estruturadas a partir de um modelo de gestão do conhecimento,
levantando indagações e refletinndo sobre o tema, sem ter a pretensão de exaurir
pontos específicos e suas tendências. Para tanto, fez-se um levantamento
bibliográfico sobre os temas gestão do conhecimento e seus modelos e sobre o
relacionamento fornecedor- comprador. Como resultado são apresentadas algumas
práticas de gestão do conhecimento e uma reflexão acerca das possíveis melhorias
que estas podem acarretar ao relacionamento entre fornecedor- comprador,
trazendo a este artigo uma discussão sobre como pode ser realizada a
operacionalização da gestão do conhecimento, ou seja, como podem ser criadas
práticas específicas que, tornando-se uma rotina, possibilitam um melhor
relacionamento entre fornecedores e compradores, promovendo a criação e a troca
de conhecimentos entre esses atores.

Palavras-chave: Gestão do Conhecimento, comprador, fornecedor, práticas de


Gestão do Conhecimento.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


210

1. INTRODUÇÃO relação, ou seja, provocar relações de


dependências entre as organizações
Permanecerem competitivas diante de
(compradores) com os fornecedores, custos
mercados turbulentos e de cenários
maiores e desgastes. Complementando,
complexos é o grande desafio das
Dayer e Singh (1998) apresentam que quanto
organizações. Embora considerado um ativo
maiores os investimentos em rotinas de
intangível, o conhecimento organizacional é
compartilhamento de conhecimento entre as
um dos principais recursos que permite o
firmas, maior poderá ser o potencial de
aperfeiçoamento contínuo dos processos e da
criação de valor. Estas rotinas pressupõem
inovação, que são fatores essenciais a
capacidade de aplicação do conhecimento
sobrevivência da organização.
recebido e existência de transparência e pró-
Nesse sentido, o ato de gerenciar o atividade no relacionamento.
conhecimento passou a ser visto como fonte
Dessa forma, para dar suporte às
de vantagem competitiva e iniciativa
organizações nestes desafios de identificar o
estratégica fundamental, uma vez que
conhecimento em suas diferentes formas,
compreende desde a definição dos
gerenciá-lo e ainda proporcionar sua
conhecimentos críticos inerentes aos
integração com os stakeholders, surgem os
processos produtivos e gerenciais, até a
modelos de gestão do conhecimento. E, por
implantação de práticas que têm como
meio de práticas dedicadas aos fundamentos
objetivo criar, armazenar, disseminar e utilizar
defendidos, guiam as organizações para que
o conhecimento tanto no ambiente interno
haja entendimento e melhor aproveitamento
como no ambiente externo da organização, a
do conhecimento.
fim de alcançar os objetivos estratégicos.
Diante do exposto, este artigo tem o objetivo
Conforme Teixeira (2000) afirma, com o
de apresentar como as práticas de gestão do
crescimento da importância da gestão do
conhecimento podem contribuir no
conhecimento, as organizações passam a não
relacionamento fornecedor-comprador,
se preocupar somente com o que sabem ou
baseando-se em estudos já desenvolvidos
com o que precisam saber, mas também com
sobre a teoria da Gestão do Conhecimento e
o conhecimento dos seus fornecedores e da
da teoria referente ao Relacionamento
sua concorrência. O compartilhamento de
Fornecedor-Comprador. Mais
conhecimento, tarefa realizada pela gestão do
especificamente, busca-se identificar como
conhecimento, por exemplo, contribui para a
práticas delineadas a partir de um modelo
identificação das potencialidades e fraquezas
específico de gestão do conhecimento podem
dos membros da cadeia de suprimentos.
auxiliar no relacionamento fornecedor-
Permitindo, assim, direcionar esforços e
comprador.
táticas no sentido de obter custos menores na
cadeia como um todo, bem como melhorar
seu desempenho operacional e financeiro a
2. GESTÃO DO CONHECIMENTO
partir do equilíbrio ideal de funções entre as
partes (CAO, & ZHANG, 2011; DYER, & A Gestão do Conhecimento pode ser definida
SINGH, 1998; NYAGA, WHIPPLE, & LYNCH, como a criação, identificação e integração do
2010). conhecimento entre os diferentes níveis
organizacionais (interno e externo) de forma a
A literatura indica que os relacionamentos e
incentivar o seu compartilhamento e
compartilhamentos de informações e
disseminação entre os ativos intelectuais da
conhecimentos entre fornecedores e
organização - colaboradores, capazes de
compradores podem trazer benefícios à
agregar valor aos fluxos de informação,
competitividade das empresas, tais como
transformando-os em práticas, soluções,
compartilhar riscos, acessar recursos
experiências e fontes de inovação.
complementares, reduzir custos de transação,
criar inovações, melhorar a qualidade dos De acordo com Gasparini (2014), um sistema
produtos e serviços e melhorar a de gestão do conhecimento pode ser
produtividade (CAO, & ZHANG, 2011; CARR, entendido como o delineamento de iniciativas
& PEARSON, 1999; JOHNSTON ET AL., 2004; para desenvolver fatores habilitadores,
KALWANI, & NARAYANDAS, 1995; NYAGA, capazes de criar, codificar, compartilhar e
WHIPPLE, & LYNCH, 2010). E, por outro lado, apropriar conhecimento interno e externo nos
a falta de compartilhamento de níveis individual, grupal e organizacional,
conhecimentos pode gerar “parasitismo” na desenvolvendo um contexto favorável e

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


211

visando sua eficácia, considerada sua envolvidas no processo de gestão do


capacidade absortiva alinhada ao alcance conhecimento na visão de alguns autores.
dos objetivos estratégicos organizacionais Cabe ressaltar que várias atividades se
nos quais se embasou. repetem na visão de mais de um autor ou
mudam apenas a nomenclatura, mas
Neste sentido, Sordi (2008), na figura 1,
possuem sentido próximo.
apresenta uma comparação das atividades

Figura 1 – Diferentes perspectivas sobre as atividades envolvidas no processo de gestão do


conhecimento

Fonte: Sordi (2008, p. 89)

Dessa forma, esses autores apresentados na  Desenvolvimento do conhecimento:


figura 1 propuseram modelos de gestão do Complementar ao elemento construtivo
conhecimento, compostos por diversas anterior, o desenvolvimento do conhecimento
etapas, tais como Probst, Raub e Romhardt tem o papel de estimular a organização a
(2000) que identificaram diversas atividades inovar, em habilidades, processos produtivos,
que podem ser consideradas os processos produtos e principalmente em ideias, em
essenciais de gestão do conhecimento, a síntese, gerar novos conhecimentos;
saber: identificar, adquirir, desenvolver,
 Partilha/Distribuição do conhecimento:
partilhar/distribuir, utilizar e rever. Tais
Este elemento construtivo, como o próprio
atividades podem ser definidas como:
nome já define, visa partilhar e distribuir o
 Identificação do conhecimento: Este conhecimento, promovendo a sua integração
elemento construtivo tem o objetivo de auxiliar com toda a organização. Dessa forma, todas
a organização a explorar e caracterizar o seu as informações, competências e habilidades
conhecimento interno e externo, para que, oriundas dos ambientes, interno e externo,
além de definir os dados, informações, serão disseminadas aos setores que se
habilidades e competências que geram o seu fizerem necessário, respeitando as premissas
conhecimento interno ela seja capaz de do planejamento estratégico da organização.
identificar e interpretar como isto se relaciona Por meio deste elemento, é possível
com os seus stakeholders, gerando o acompanhar a transformação do
conhecimento em um ambiente externo; conhecimento tácito em conhecimento
explícito numa dimensão macro da
 Aquisição do conhecimento: Este
organização;
elemento busca evidenciar para a
organização que além do ambiente interno,  Utilização do conhecimento: Mesmo
em que intuitivamente ela identifica a geração após realizar a identificação e partilha do
do conhecimento, é no externo que ele é conhecimento corretamente, as organizações
fundamentado em maior proporção, já que as ainda encontram barreiras para que ele seja
relações são mais diversificadas e assim efetivamente utilizado e associado como parte
estabelecem diferentes perspectivas. O integrante do seu planejamento estratégico,
conhecimento externo pode ser adquirido por principalmente os de origem externa. Assim,
meio de parcerias, consultorias ou até mesmo este elemento tem como objetivo criar
fusões; soluções para assegurar que conhecimento
seja, de fato, utilizado pela organização;

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


212

 Retenção do conhecimento: Este iv) são voltadas para produção, retenção,


elemento construtivo tem como objetivo alertar disseminação, compartilhamento ou aplicação
a organização sobre a importância da do conhecimento dentro das organizações, e
retenção seletiva do conhecimento visto, o na relação destas com o mundo exterior.”
ambiente dinâmico em que esta inserida.
Após aquisição do conhecimento, seja por
meio de competências, técnicas ou Batista (2005) utiliza uma tipologia para a
habilidades é necessário que este seja discussão das práticas de Gestão do
devidamente armazenado e revisado, de Conhecimento, classificadas em três
acordo com o seu nível de aproveitamento categorias:
futuro. Assim, o conhecimento será
 Práticas relacionadas principalmente
gerenciado de acordo com as necessidades
aos aspectos de gestão de recursos humanos
da organização.
que facilitam a transferência, a disseminação
Portanto, vale salientar que os modelos de e o compartilhamento de informações e
gestão do conhecimento além de auxiliarem conhecimento, como fóruns/listas de
no levantamento e análise de dados, também discussão, educação corporativa e coaching;
exercem o papel de orientar a organização na
 Práticas ligadas primariamente à
identificação de seus processos críticos e
estruturação dos processos organizacionais
áreas potenciais para que o conhecimento
que funcionam como facilitadores de geração,
seja trabalhado, permitindo-a analisar sua
retenção, organização e disseminação do
própria conjuntura e ao mesmo tempo
conhecimento organizacional, como
estruturar práticas de gestão do
exemplos: benchmarking, inteligência
conhecimento de acordo com o seu
organizacional e mapeamento do
planejamento estratégico. Assim, os modelos
conhecimento;
auxiliam no desenvolvimento de um sistema
confiável, não burocrático e que seja capaz  Práticas cujo foco central é a base
de disseminar, por meio de práticas tecnológica e funcional que serve de suporte
dedicadas, o conhecimento para toda a à gestão do conhecimento organizacional,
organização. incluindo automação da gestão da
informação, aplicativos e ferramentas de
Tecnologia da Informação (TI) para captura,
2.2. PRÁTICAS DE GESTÃO DO difusão e colaboração, tais como:
CONHECIMENTO portais/intranets/extranets, sistemas de
workflow e gestão de conteúdo.
As práticas de Gestão do Conhecimento
podem ser entendidas como todo tipo de Outra visão sobre as práticas de Gestão do
ação e/ou processo praticado na organização Conhecimento é proposta por Gaspar et al.
para que a Gestão do Conhecimento (2010), o quadro 1 apresenta uma lista das
efetivamente aconteça. Para Batista (2004), as práticas, divididas nos grupos: dimensão
ações são caracterizadas como práticas de estratégica, dimensão estrutura, dimensão
Gestão do Conhecimento quando: pessoas/cultura organizacional, dimensão
processos e dimensão tecnologia. Cabe
ressaltar que esse autor, em seu trabalho, faz
i) são executadas regularmente; um mapeamento na literatura e apresenta as
principais práticas consideradas para
ii) sua finalidade é gerir a organização;
gerenciar o conhecimento.
iii) baseiam-se em padrões de trabalho; e

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


213

Quadro 1 – Práticas de Gestão do Conhecimento


Dimensão Práticas
Estratégica declarada de gestão do conhecimento;
Políticas declaradas de gestão do conhecimento;
Dimensão Gestão da inovação;
estratégica Gestão por Competências;
Comunicação corporativa da gestão do conhecimento;
Benchmarking de conhecimentos.
Centros de inovação;
Call center/help edsk/suporte online;
CRKO/CKM - (Chief of Knowlwdge Managemente ou Certified;
Dimensão Knowlwdge Manager) - gestor de gestão do conhecimento ode PB10 - Centro
estrutura de competências;
Área interna ou departamento específico para a gestão do conhecimento;
Redes de especialistas;
Espaços e situações dedicadas á socialização de conhecimentos.
Mapeamento de competências
Mapeamento de conhecimentos;
Planos de carreira;
Sistema de reconhecimento e recompensa por gestão do conhecimento;
Coaching no (tutoria no desenvolvimento de competência) para formação de
líderes voltada á gestão do conhecimento;
Dimensão Mentoring (tutoria no desenvolvimento da carreira) para a formação de líderes
pessoas/cultura voltados para gestão do conhecimento;
organizacional Repositório de liçoes aprendidas;
Repositório de melhores práticas;
Comunidade de prática;
Educação corporativa;
Treinamentos presenciais com instrutores;
Multiplicadores de conhecimentos;
Story telling (repodução de histórias).
Banco de conhecimento;
Gestão de conteúdos;
Aplicações específicas para busca de conhecimentos;
Inteligência competitiva;
Business inteligence - BI (inteligência de negócios) (Wikis internos
(enciclopédias virtuais), blogs internos (diários virtuais) ou twitters internos
(página de publicação de notícias);
Páginas amarelas internas;
Dimensão Portal corporativo (ou de departamento específicos);
tecnologia Biblioteca corporativa/repositório de documentos (física ou eletrônica);
Reuniões e conferências virtuais;
Treinamentos virtuais com a presença de instrutores online;
E-learming (auto-aprendizagem sem presença de instrutores);
Universidade corporativa;
Datamining;
Sumarização de conhecimentos;
Inventários de conhecimentos;
Taxonomia (sistemática de classificação dos conhecimentos).
Fonte: Gaspar et al. (2010)

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


214

3.1. CONHECIMENTO NO parceria de compradores e fornecedores.


RELACIONAMENTO COMPRADOR- Essa parceria, vista também como
FORNECEDOR interdependência, pode ser analisada pela
conexão de atividades em determinada
Segundo Almeida e Marins (2010) em
cadeia de valor (DUBOIS, 1998); a partir das
dimensão global, a relação comprador-
atividades e dos recursos aportados pelos
fornecedor já foi moldada em defesa de várias
atores nos relacionamentos (HAKANSSON, &
teorias da administração acompanhando-as
SNEHOTA, 1995) ou, ainda, como sugerem
em suas melhorias e progressos. Logo, é
Brusoni, Prencipe e Pavitt (2001), enfatizando
possível observar que em um dos marcos
a ideia de que a interdependência de
iniciais da história da indústria, na década de
comprador e fornecedor extrapola o âmbito
50, esta relação era superficial, caracterizada
de atividades e/ou recursos para a esfera do
pela exploração dos fornecedores, exigência
conhecimento e que, portanto, uma forma
de menores preços, inexistência de vínculo
eficiente de assegurar a criação de um
comercial e comunicação limitada, defendida
relacionamento saudável entre comprador e
por Taylor na teoria da Administração
fornecedor, de forma que produtos mais
Científica e que com o passar dos anos foi
atrativos cheguem ao consumidor, é
confrontada com novas teorias que defendiam
integrando a gestão do conhecimento a ele.
um relacionamento mais íntimo e eficiente do
comprador com o seu fornecedor, como a O relacionamento entre esses atores pode
teoria embasada pelo modelo japonês de estar relacionado à transferência e/ou ao
produção na década de 70 e pelo modelo desenvolvimento de conhecimentos (KOGUT,
Supply Chain Management - SCM na década & ZANDER, 1993). Para Gulati e Gargiulo
de 90. (1999, p.12), “o relacionamento entre
comprador e fornecedor de longo prazo
Essas duas últimas teorias citadas defendem
transforma-se em repositório de informação e
que o relacionamento entre o comprador e o
conhecimento que permite que os atores se
fornecedor deve acontecer por meio de uma
engajem em atividades de exploração, ou
parceria, buscando harmonizar os interesses
seja, a inovação de processos e/ou produtos”.
e habilidades particulares em objetivos
comuns, em prol da melhoria dos Segundo Rezende et al. (2012), foram
produtos/serviços já disponíveis no mercado e identificados cinco tipos de conhecimento
criação de novos, comunicação mais efetiva que podem ser transferidos e/ou
para disseminação de conhecimento e desenvolvidos no relacionamento comprador-
competências e principalmente para o fornecedor. São eles: conhecimentos
fortalecimento da relação do comprador com tecnológicos, de mercado, de logística, de
um número limitado de fornecedores. Assim, processos e relacionais. Os conhecimentos
por meio de uma relação sincronizada e com tecnológicos dizem respeito ao conhecimento
projeção para longo prazo, comprador e teórico e empírico, habilidades e artefatos,
fornecedor são mais fortes para enfrentar os que podem ser utilizados para desenvolver
desafios do mercado (ALMEIDA; MARINS, produtos e serviços (LIN, 2003). Os
2010). conhecimentos de mercado referem-se aos
conhecimentos acerca de clientes finais e/ou
De acordo com Melo (2012), a parceria entre
compradores e suas necessidades, e do
comprador e fornecedor requer posturas
contexto no qual as transações entre esses
organizacionais compatíveis aos interesses
atores se inserem (Campbell, 2001). O
conjuntos. Um relacionamento duradouro,
terceiro tipo de conhecimento, conhecimentos
baseado na parceria, para o comprador pode
de logística, está associado com o
significar a segurança de produzir produtos
conhecimento do fluxo de mercadorias,
ou serviços de qualidade para seus clientes,
serviços e informações entre comprador e
subsidiando-se na confiança que tem da
fornecedor (HAKANSSON, & TUNISINI, 2002).
qualificação do seu fornecedor, ao passo que
Os conhecimentos de processo se referem a
esse terá a oportunidade de participar
capacidades relacionadas à produção de
ativamente dos projetos da organização do
produtos e/ou serviços (HATCH, & MOWERY,
comprador, investindo no aperfeiçoamento de
1998). Hakansson e Snehota (1995)
sua cadeia produtiva, para garantir a melhoria
concebem, por sua vez, os conhecimentos
contínua da qualidade dos processos de
relacionais a capacidade de formar, manter e
ambos.
desenvolver relacionamentos que possam
Existem várias alternativas para se analisar a propiciar a combinação de recursos dos

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


215

atores envolvidos. que auxiliem na realização das atividades de


gestão do conhecimento. Para tanto, serão
Dessa forma, é necessário que a organização
utilizadas as atividades propostas pelo
determine e estabeleça o tipo de relação com
modelo de Gestão do Conhecimento de
os seus fornecedores que será favorável para
Probst, Raub e Romhardt (2000) como
o subsídio de seus processos operacionais e
exemplo.
consequentemente a construção da ponte
que a une aos seus clientes finais. Ao compreender a inexperiência de algumas
organizações em relação à identificação e
manipulação do conhecimento, Probst, Raub
4. REFLEXÕES e Romhardt (2000) elaboraram um modelo
estruturado sob os desafios vivenciados por
Na literatura, diversos autores exploram a
várias organizações em mapear os principais
importância do conhecimento como um
processos de gestão do conhecimento e
recurso estratégico para a empresa, a relação
áreas críticas. Assim, o modelo, pode ser
da gestão do conhecimento com a gestão
interpretado como uma estrutura de
estratégica e com a gestão de operações.
referência, já que de certa forma foi testado e
Leitch e Rosen (2001) afirmam que entender e
comprovado ao passo em que foi construído.
aperfeiçoar os processos ligados à gestão do
conhecimento pode possibilitar à empresa Cabe ressaltar que, as práticas
vantagens competitivas, independentemente desempenham papel para as atividades
do segmento de mercado em que atue; Zack propostas por todos os autores apresentados
(1999) sustenta que a gestão do na figura 1. Entretanto, a escolha pelas tarefas
conhecimento deve ser ponto central da apresentadas por Probst, Raub e Romhardt
gestão estratégica da empresa, uma vez que (2000) é devido aos autores terem uma visão
trata de recursos baseados no conhecimento mais ampla e completa sobre a gestão do
e em habilidades valiosas, inimitáveis e conhecimento, dividindo-a em seis atividades
únicas; e pesquisas apontam a importância e ou “elementos construtivos”, como eles se
sugerem que, por meio do relacionamento referem.
comprador e fornecedor há a possibilidade de
Assim, o quadro a seguir apresenta uma
acessar silos de conhecimentos que lhes
sugestão de relação de práticas de gestão do
permita introduzir inovações de processos
conhecimento para cada fase do modelo de
e/ou produtos (DUANMU, & FAI, 2007).
Probst, Raub e Romhardt (2000), com o intuito
Portanto, esse artigo procura contribuir com a de guiar, principalmente as organizações, no
literatura, apresentando como operacionalizar desenvolvimento de suas próprias práticas de
a gestão do conhecimento para melhoria na gestão do conhecimento baseadas em seu
transferência de conhecimentos entre atores planejamento estratégico, além de estimulá-
os organizacionais: fornecedores e las a ter um relacionamento mais próximo com
compradores. Procurou-se então, identificar seus fornecedores, uma vez que esses
quais práticas, apresentadas por Gaspar et al. possuem muitos conhecimentos importantes
(2010) e Batista (2005), possuem objetivos para as organizações.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


216

Quadro 2 – Práticas de gestão do conhecimento

Fonte: Elaborado pelo autor

Ao apresentar uma gama de práticas, Dentre muitas outras que surgiram de acordo
organizadas nas diferentes etapas da gestão com os objetivos dos interessados.
do conhecimento, o quadro 2 permite que
Desse modo, é possível aplicar a gestão do
sejam realizadas diversas correlações e
conhecimento para a melhoria no
geradas propostas de implementação, como,
relacionamento fornecedor-comprador por
por exemplo, a prática “Repositório de Lições
meio do emprego de práticas adequadas
Aprendidas”, permite que os conhecimentos
para a criação, o compartilhamento e o
adquiridos pelos fornecedores em ações ou
armazenamento dos conhecimentos que são
projetos passados sejam codificados e,
adquiridos nessa relação. Essas práticas,
consequentemente, disponibilizados para
sendo executadas continuamente, se tornarão
consultas, tanto deles quanto dos
rotinas na organização e podem originar
compradores, para que os mesmos erros não
resultados positivos expressivos para que a
se repitam. As práticas de identificação como
organização se mantenha competitiva no
“mapeamento de processos” e “indicadores
mercado.
de desempenho” permitem que os
conhecimentos críticos sejam identificados e 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
trabalhados, acelerando o processo de
A partir dos desafios impostos às empresas
transformação de importantes conhecimentos
pelo contexto ambiental complexo e com
tácitos em explícitos, servindo de suporte
mudanças constantes, o presente estudo
para que práticas de partilha e
buscou verificar a influência de práticas de
desenvolvimento como “fóruns de discussão”
gestão do conhecimento a elas associadas no
e “comunicação e tecnologia colaborativa”
processo de melhoria do relacionamento
respectivamente, sejam executadas em prol
fornecedor-comprador.
de um relacionamento saudável e
colaborativo entre o fornecedor e comprador. Para tanto, foi realizada uma pesquisa

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


217

bibliográfica em livros e periódicos que desse.


abordassem os temas gestão do
Com isso, foi possível concluir que para uma
conhecimento e o relacionamento fornecedor-
organização desenvolver melhorias no
comprador. Diversos trabalhos utilizam, ao
relacionamento entre fornecedores e
mencionar o relacionamento entre os atores, a
compradores, é necessário reconhecer suas
importância do conhecimento. Todavia, foi
deficiências quanto à criação, ao
identificada uma lacuna quanto à
armazenamento e à transferência de
operacionalização, ou seja, de fato como
conhecimentos advindos do relacionamento
pode haver a contribuição da gestão do
entre fornecedores e compradores e, assim,
conhecimento na melhoria do relacionamento
selecionar práticas de gestão do
fornecedor-comprador referente à criação, ao
conhecimento que se transformem em rotinas,
armazenamento e à transferência de
podendo utilizar, para isso, ferramentas da
conhecimentos.
tecnologia da informação como auxílio e se
Assim, considerando a teoria de gestão do empenhar na realização e sucesso do
conhecimento, é possível constatar que as gerenciamento do conhecimento para se
atividades que constituem o processo de tornar competitiva e sobrevivente no mercado
gerenciamento do conhecimento, a saber: que muda rapidamente.
identificação, aquisição, desenvolvimento,
Também, faz-se relevante a indicação de
partilha, utilização e retenção, por exemplo,
outros estudos extensivos e complementares
são operacionalizadas por meio de práticas
a este, visando, assim, a evolução da teoria.
de gestão do conhecimento. As práticas,
Para trabalhos futuros, uma sugestão é
assim, desenvolvem o papel de colocar em
analisar, empiricamente, os resultados que as
ação tal gerenciamento.
práticas de gestão do conhecimento,
Dessa forma, este artigo buscou identificar explicitadas neste artigo, trazem como
possíveis práticas de gestão do conhecimento benefício no relacionamento entre
que podem ser empregadas para auxiliar a fornecedores e compradores. Além disso,
organização no desenvolvimento de um sugere-se que novas práticas de gestão do
melhor relacionamento de fornecedores e conhecimento sejam pesquisadas e
compradores com enfoque nos acrescentadas nestes mecanismos.
conhecimentos que são criados a partir

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Capítulo 20

Suelyn Fernanda da Silva


Paulo Ricardo de Souza e Silva
Luiz Antônio Zanlorensi Junior

Resumo: O presente trabalho tem por finalidade propor uma metodologia para a
fase de análise de sistemas, esta metodologia iria trabalhar diretamente na extração
de requisitos do software. Nesta fase é necessário a comunicação do analista do
sistema com o cliente, o que gera problemas pela dificuldade que existe em o
cliente conseguir transmitir um conhecimento tácito, e o analista compreender o
que foi transmitido e repassar para o papel de uma maneira consistente, podendo
interferir futuramente na qualidade do software. A metodologia que será proposta
utilizará o espiral do conhecimento, prática na Gestão do Conhecimento, como
ferramenta para comunicação e a relacionaria com análise de requisitos, prática de
Engenharia de Software, para identificar o que, e de que forma deve ser
comunicado, estes conceitos seriam direcionados para chegar a um software de
qualidade, para isso será apresentado o conceito de qualidade e qualidade de
softwares através de um estudo teórico-bibliográfico dos conceitos e práticas de
Gestão do conhecimento, engenharia de software e as metodologias existentes na
área de Análise de sistemas e qualidade de software. Através do estudo pode-se
perceber que o espiral do conhecimento é uma grande ferramenta para ser
utilizada na extração do conhecimento e este transformado em requisitos do um
software. O espiral modificado auxilia a criar uma nova metodologia para extração
de requisitos. De uma maneira teórica, pois não houve aplicação mas sim sugestão
para trabalho futuro, os requisitos obtidos serão mais completos e satisfatórios.
Com isso alguns problemas que poderiam ocorrer por falha de comunicação no
inicio do projeto e seriam repassadas para outras fases do projeto são eliminados
desde o inicio, gerando assim softwares com maior qualidade.

Palavras-chave: Espiral do Conhecimento; Analise de Requisitos; Qualidade de


Software.
Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3
220

1 INTRODUÇÃO desenvolvimento e manutenção do software


(FALBO, 1998). A especificação de software é
Os Sistemas de Informação são uma
definida por SCHWARTZ(1975),
importante ferramenta utilizada pelas
PRESSMAN(1997) e SOMMERVILLE(1995)
empresas em suas rotinas, o computador
como Análise de Sistemas fase onde ocorre o
processa os dados obtendo resultados com
levantamento das necessidades do software a
velocidade, qualidade e segurança. Com isso,
ser implementado. A Análise de sistemas tem
as tarefas a serem realizadas demandam
como objetivo produzir uma especificação de
menos tempo e a tomada de decisão
requisitos, que convencionalmente é um
baseada nestas informações é mais rápida,
documento onde está descrito o que o usuário
aumentando a competitividade da empresa e
deseja que o software realize.
diminuindo custos.
A comunicação entre o analista de sistema,
Os Sistemas de Informação podem ser
profissional que realiza a análise dos
encontrados em diversos setores da empresa
requisitos, e o cliente é fundamental na fase
como: RH, financeiro, estoque,
de análise de requisitos. Algumas técnicas
agendamentos, entre outros. Todo o setor que
são utilizadas nesta fase, os analistas seguem
possui um software para execução de suas
algumas rotinas para que a comunicação
funções precisa ser alimentado por
venha a ser mais proveitosa.
informações a serem processadas para gerar
os resultados. Porem mesmo utilizando técnicas existentes
como: entrevistas, etnografia, questionários,
O controle de estoque é um exemplo que
cenários, existem algumas dificuldades nesta
pode ser utilizado. Ao adquirir um produto é
comunicação das quais podemos citar: Os
realizado uma entrada do produto no estoque,
usuários não tem uma ideia precisa do
este valor é um dado a ser colocado no
sistema por eles requerido, Têm dificuldades
computador, o computador realiza o
para descreverem seu conhecimento sobre o
processamento e atualiza o estoque. Da
domínio do problema; Usuários e analistas
mesma maneira acontece na saída onde é
têm diferentes pontos de vista do problema
passado um valor de produtos a serem
(por terem diferentes formações).
retirados e o computador diminui do estoque.
Para resolver os problemas originados pela
A função de controlar um estoque e outras
dificuldade de comunicação a criação de uma
funções passiveis de informatização se
metodologia focada na a análise de
tornam complexas quando existe um grande
requisitos, iria auxiliar na correção dos
numero de dados a serem processados,
problemas, obtendo melhores resultados na
como produtos, fornecedores, funcionários,
construção do software.
relatórios e clientes. Já para o computador é
uma tarefa simples de executar. A área que a ser utilizada para auxiliar na
resolução deste problema é a de gestão do
Para LAUDON E LAUDON (2007) um sistema
conhecimento (GC) pois segundo a definição
de informação pode ser definido como um
de SALAZAR (2002) pode ser entendida como
conjunto de componentes inter-relacionados
um processo sistemático de detectar,
trabalhando juntos para coletar, recuperar,
selecionar, organizar, filtrar, compartilhar,
processar, armazenar e distribuir informações
adquirir e utilizar a informação dentro da
com a finalidade de facilitar o planejamento, o
empresa.
controle, a coordenação, a análise e o
processo decisório em organizações. Através da definição de SALAZAR (2002),
pode-se perceber que o processo sistemático
Os Sistemas de Informação computacionais
da GC pode ser uma possível solução para a
são utilizados para desenvolver as tarefas que
dificuldade de comunicação que interfere
o ser humano executa de maneira mais lenta,
diretamente na analise de requisitos. Esta
pois a sua capacidade de processamento é
solução criaria uma metodologia para Analise
menor que a de um computador. Porém, os
de requisitos, baseada em gestão do
computadores não são inteligentes e
conhecimento.
precisam ser programados para realizar as
funções desejadas. Neste sentido, para aumentar o seu
diferencial competitivo as empresas
Engenharia de software é uma área da
necessitam de uma ferramenta tecnológica
computação voltada ao desenvolvimento de
para auxilia-las em seus processos, pois os
sistemas através da especificação,
softwares aumentam a produtividade global

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


221

da empresa com uma gestão eficiente da de hardware e/ou software aos elementos do
informação (NEVES, 2006). usuário/cliente; capacidade de se comunicar
bem nas formas escrita e verbal.
As empresas adquirem softwares para auxiliar
em seus sistemas internos, interligando todas A Análise de requisitos é um processo
as fases do seu processo através de um cuidadoso de interação com pessoas aliado à
programa de computador que atue de necessidade de avaliação da organização, do
maneira continua e sem erros ao longo do domínio da aplicação e dos processos de
processo, prevendo possíveis erros e negócio em que o sistema operará. Pode
mostrando resultados para a empresa de parecer apenas um processo de transferência
maneira clara e objetiva. de conhecimento entre pessoas, e seria, se o
cliente soubesse exatamente o que está
Mas a realidade dos softwares existentes é
precisando, fato que raramente se encontra
muito diferente disso, os sistemas
no mundo real.
normalmente são incompletos e para executar
todas as funcionalidades dos processos da Outro fator a se considerar segundo STÁBILI
empresa são necessários vários softwares. et all (2005), é que o profissional da
Com isso se perde a noção do continuo, e os informática não tem como característica
resultados apresentados não são exatamente principal o perfil comunicativo, e o cliente,
como os desejados. assim como qualquer pessoa, tem
dificuldades em conseguir colocar por escrito
A maioria das empresas perdem recursos,
o que realmente deseja.
dentre eles recursos financeiros com
softwares que não tem em seu escopo todos Segundo STANDISH GROUP (1994) os fatores
os requisitos necessários para executar a que contribuem para o fracasso de um projeto
função com qualidade, velocidade e são:
confiabilidade. E a ideia de ferramenta de
auxilio acaba se desfazendo pela dificuldade
em obter um software nos moldes da 1º Requisitos incompletos (13,1%);
empresa. Segundo ROCHA (2001), muitos
2º Falta de envolvimento por parte do
desses problemas são derivados da falta de
usuário (12,4%);
atenção para a tarefa de definir e acompanhar
a evolução dos requisitos durante o processo 3º Falta de recursos (10,6%);
de construção de software.
4º Expectativas não realistas (9,9%);
Conforme PRESSMAN (1995) uma
5º Falta de apoio dos executivos (9,3%);
compreensão completa dos requisitos de
software é fundamental para um bem- 6º Modificações nos requisitos e nas
sucedido desenvolvimento de software. Não especificações (8,7%);
importa quão bem projetado ou quão bem
7º Falta de planejamento (8,1%);
codificado seja, um programa mal analisado e
especificado desapontará o usuário e poderá 8º O sistema não era mais necessário
trazer problemas ao desenvolvedor. Conforme (7,5%).
BURNETT (1998), requisitos, simplesmente
podem ser definidos como "algo que um
cliente necessita". Para LOPES (1999)
requisitos de um sistema definem os serviços
A criação de uma metodologia para a fase
que o sistema deve oferecer e as restrições
que ocasiona mais fracassos no
aplicáveis à sua operação.
desenvolvimento do software seria de grande
Segundo HATANO (2012) o analista para auxilio para profissionais da informática e
desempenhar bem suas funções deve ter clientes pois a qualidade do produto a ser
como características: capacidade de construído dependerá diretamente da
compreender conceitos abstratos, reorganizá- qualidade dos requisitos identificados. Como
los em divisões lógicas e sintetizar "soluções" as ferramentas existentes não resolvem este
baseadas em cada divisão; capacidade de problema é necessário estudar outras áreas
absorver fatos pertinentes de fontes do conhecimento para serem combinadas
conflitantes ou confusas; capacidade de gerando uma metodologia mais eficiente.
entender os ambientes do usuário;
EM virtude disso, o artigo propõe o seguinte
capacidade de aplicar elementos do sistema
questinamento:

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


222

GIANESI e CORRÊA (1996) afirmam que a


qualidade significa atender às reais
Como envolver a fase de requisitos de
necessidades dos clientes, sejam elas
software baseado em prática de Gestão
explícitas ou implícitas, dentro do prazo que o
do Conhecimento para a obtenção da
cliente deseja e a um justo valor.
Qualidade do Software?
Segundo CAMPOS (2004), um produto ou
serviço de qualidade é aquele que atende
Para isso, o artigo tem como objetivo geral perfeitamente às necessidades do cliente, de
propor uma metodologia para a fase de maneira confiável e segura, dentro de um
análise de requisitos de software baseado em tempo determinado.
práticas de gestão do conhecimento para
Os autores concordam que qualidade está
obtenção da qualidade de software. Em
diretamente ligada ao cliente e aos requisitos
termos específicos: a) analisar os requisitos
do cliente para o produto, os requisitos são
exigidos para considerar como um software
importantes pois através dele podemos
sendo de qualidade; b) identificar as
comparar com as características que eles
principais metodologias que visam obter
possuem, e assim definir se este é de
qualidade no software; c) apresentar práticas
qualidade ou não. Isto significa que quanto
de gestão do conhecimento que podem
mais longe o produto estiver das
auxiliar na fase de análise de requisitos;
especificações, menor será a sua qualidade.
Para auxiliar na comparação das
características os padrões foram criados e
2 REFERENCIAL TEÓRICO
permitem que consumidores encontrem
2.1 QUALIDADE compatibilidade entre produtos, processos e
serviços. Com isso surgiu a necessidade de
Qualidade é um conceito subjetivo que está
normas para regular as atividades ou seus
relacionado diretamente às percepções de
resultados, a fim de obter um ótimo grau de
cada indivíduo. Autores como CROSBY
ordenação em um dado contexto.
(1979), FEIGENBAUM (1991), JURAN (1991),
GIANESI e CORRÊA (1996), GARVIN (2002), A International Electrotechnical Commission
conceituaram qualidade de diferentes formas (IEC), de 1906, tem sido considerada a
como pode ser visto a seguir. pioneira na coordenação do processo para o
estabelecimento de medidas e critérios
CROSBY (1979) definiu qualidade como
unificados, respeitados entre indústrias de
conformação aos requisitos, ou seja,
diferentes países.
requisitos estabelecidos para produtos e
serviços, que devem ser cumpridos da melhor Em 1946, foi criada a International
forma possível. Conforme FEIGENBAUM Organization for Standardization, a conhecida
(1991), a palavra qualidade não tem o ISO, organização não governamental de
significado popular de melhor, no sentido órgãos de normalização de todo o mundo. A
absoluto. Ela significa melhor para certos ISO oferece soluções que vêm ao encontro
requisitos do cliente. Estes requisitos são o das necessidades das organizações, da
uso real e estão relacionados ao preço de sociedade e seus padrões já foram adotados
venda do produto, principalmente. Portanto, a por cerca de 630 mil organizações em 152
qualidade seria a maximização do valor do países, trazendo melhorias nas áreas de
produto, tratando valor como a relação entre desenvolvimento, produção e suprimentos
expectativa do cliente e preço de venda. Para das organizações. O Quadro 1 mostra as
JURAN (1991), qualidade é adequação ao áreas da indústria que possuem normas ISO e
uso. Assim, para que um produto tenha suas datas de criação.
qualidade, ele deve atender às necessidades
dos clientes.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


223

Quadro 1 – Normas ISO


Indústria 1991-95 1996-2000 2001-06
Qualidade ISO ISO 9000:2000 (ISO)
ISO 14001:2004 (ISO)
Ambiente 9000:1994(ISO) ISO 14000:1999 (ISO)
SMS
(Singapura,2002),
Segurança OHSAS18001:1999 (UK)
Cool Program
(Singapura, 2003)
Segurança BRC (UK, 1998),
HACCP
Alimentar SQF20000 ISSO 22000:2005
(Dinamarca,1994)
(Suíça)
Tecnologias de CMM (US, 2000).
BS7799-1
Informação BS7799-
(UK,1995) CMMI (US,2002)
(IT) 1/2(UK,1998/1999), ISO
17799-1(ISO,2000)
9000 QS 9000 (Big 3, 1998),
Automóvel QS ISO/TS 16949
(Big 3, 94 e 95) ISO/TS 16949
(ISO/IAOB, 2002)
(ISO/IAOB 1999)
Fonte: Autoria Própria

Das áreas existentes na ISO será apresentada padronização ISO/IEC 9126 outras também
a norma regulamentadora que representa a são utilizadas, o Quadro 2 mostra o organismo
atual padronização mundial para a qualidade normativo e a descrição das Normas
de produtos de software chamada ISO/IEC relacionadas com Softwares.
9126 e foi publicada em 1991. Além da

Quadro 2 – Principais organismos normativos

Organismo
Descrição
Normativo
ISO 9126 Características da qualidade de produtos de software
NBR 13596 Versão brasileira da ISO 9126
Guias para a avaliação de produtos de software, baseados na utilização
ISO 14598
prática da norma ISO 9126
Características de qualidade de pacotes de software (software de prateleira,
ISO 12119
vendido com um produto embalado)
IEEE P1061 Standard for Software Quality Metrics Methodology (produto de software)
Software Life Cycle Process. Norma para a qualidade do processo de
ISO 12207
desenvolvimento de software.
Sistemas de qualidade - Modelo para garantia de qualidade em Projeto,
NBR ISO 9001
Desenvolvimento, Instalação e Assistência Técnica (processo)
Gestão de qualidade e garantia de qualidade. Aplicação da norma ISO 9000
NBR ISO 9000-3
para o processo de desenvolvimento de software.
NBR ISO 10011 Auditoria de Sistemas de Qualidade (processo)
Capability Maturity Model. Modelo da SEI (Instituto de Engenharia de
Software do Departamento de Defesa dos EEUU) para avaliação da
CMM
qualidade do processo de desenvolvimento de software. Não é uma norma
ISO, mas é muito bem aceita no mercado.
Projeto da ISO/IEC para avaliação de processo de desenvolvimento de
SPICE ISO 15504 software. Ainda não é uma norma oficial ISO, mas o processo está em
andamento.
Fonte: Autoria Própria

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


224

O Quadro 2 mostra que a área de Engenharia do produto de forma espontânea. Ela tem de
de software possui regulamentações para ser construída. Assim, a qualidade do produto
avaliação de todo o processo de depende fortemente da qualidade de seu
desenvolvimento desde a qualidade do processo de desenvolvimento.
processo, até a qualidade final, os requisitos
Para analisar a qualidade de um software
necessários e a auditoria.
precisa-se definir quais critérios que servem
Segundo ROCHA (1994), no contexto de para julga-lo. A norma 9126 se foca na
desenvolvimento de software, qualidade pode qualidade do produto de software, propondo
ser entendida como um conjunto de Atributos de Qualidade, distribuídos em seis
características a serem satisfeitas, de modo características principais, com cada uma
que o produto de software atenda às delas divididas em sub-características,
necessidades explícitas e implícitas de seus conforme podemos o Quadro a seguir.
usuários. Entretanto, não se obtém qualidade

Quadro 3 – características de um software de qualidade

Característica Subcaracterística Pergunta chave para subcaracteristica


Adequação Propõe-se a fazer o que é apropriado?
Faz o que foi proposto de forma
Acerácea
correta?
Funcionalidade Interage com os sistemas
Interoperabilidade
(satisfaz as especificados?
necessidades?) Está de acordo com as normas, leis,
Conformidade
etc?
Evita acesso não autorizado dos
Segurança de acesso
dados
Maturidade Com que frequência apresenta falhas?
Confiabilidade Tolerância a falhas Ocorrendo falhas, como ele reage?
(É imune a falhas?) É capaz de recuperar dados em caso
Recuperabilidade
de falhas?
É fácil de entender o conceito e a
Intelegibilidade
Usabilidade aplicação?
(é fácil de usar?) Apreensibilidade É fácil aprender a usar?
Operacionalidade É fácil de operar e controlar?
Qual é o tempo de resposta, a
Eficiência Tempo
velocidade de execução?
(é rápido e
Quanto recurso usa? Durante quanto
“enxuto”?) Recursos
tempo?
É fácil de encontrar uma falha quando
Analisabilidade
ocorre?
Manutenibilidade Modificabilidade É fácil de modificar e adaptar?
(é fácil de Há grande risco quando faz
Estabilidade
modificar?) alterações?
É fácil testar quando se faz
Testabilidade
alterações?
Adaptabilidade É fácil adaptar a outros ambientes?
Capacidade para ser É fácil instalar em outros ambientes?
Portabilidade instalado
(é fácil de usar em Está de acordo com padrões de
Conformidade
outro ambiente?) portabilidade?
Capacidade para É fácil usar para substituir outro?
substituir
Fonte: Autoria Própria

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


225

Para poder se adequar as normas é técnicas, tais como a especificação do


necessário utilizar metodologias e ferramentas conhecimento, técnicas do projeto e
de apoio para o desenvolvimento do software, implementação, conhecimento dos fatores
estas metodologias e ferramentas serão humanos pelo engenheiro de software e ainda
utilizadas para garantir que os objetivos e a gestão do projeto.
características do software sejam obedecidos.
Para MAFFEO (1992) A ES é: “a área
Todo o processo de produção de software se
interdisciplinar que engloba vertentes
encontra na Engenharia de softwares que o
tecnológica e gerencial visando abordar de
próximo item irá abranger.
modo sistemático (modular) os processos de
construção, implantação e manutenção de
produtos de software com qualidade
2.3 ENGENHARIA DE SOFTWARE
assegurada por construção segundo
O termo Engenharia pretende indicar que o cronogramas e custos previamente definidos.
desenvolvimento de software deve submeter-
A seguir será apresentado as metodologias
se a leis similares as que governam a
existentes para a Engenharia de softwares e
manufatura de produtos industriais em
as metodologias mais utilizadas.
engenharias tradicionais, pois ambos são
metodológicos (MAFFEO, 1992). A
Engenharia Civil é um exemplo de engenharia
2.3.1 METODOLOGIAS PARA
tradicional metodológica que possui os
DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARES
seguintes passos: contexto, arquitetura,
projeto técnico, construção e validação. Existem diversas metodologias que são
Similarmente, num projeto de Construção de utilizadas, elas auxiliam o desenvolvimento do
Software as etapas são: Engenharia de softwares através de um conjunto de
Sistema, Analise de requisitos, projeto atividades.
técnico, construção e validação (MARTINS,
Segundo SOMMERVILE (2003) existem
2007).
atividades comuns em todas elas:
Segundo REZENDE (2005) nos dois casos
 - Especificação: definição das
(elaboração de produtos industriais e
funcionalidades e demais
elaboração de sistemas de software), o
características do produto;
processo exige que seja criticamente
considerada a análise e especificação de  - Projeto e Implementação: o
requisitos bem como a seleção criteriosa da software é produzido de acordo com
metodologia de “produção”. Distinções as especificações;
relevantes entre os dois tipos de “produtos”
 - Validação: atividade de revisão e
circunscreverão (limitarão) a apropriação do
testes visando assegurar que os
termo “engenharia” para a área de software.
requisitos sejam cumpridos;
Para REZENDE (2005) Engenharia de
 - Evolução: atividade de manutenção
Software é a metodologia de
do software.
desenvolvimento e manutenção de sistemas
modulares. Esta metodologia possui as
seguintes características: processo (roteiro)
Existem 2 tipos de metodologias para
dinâmico, integrado e inteligente de
desenvolvimento de softwares, as
soluções tecnológicas; adequação dos
metodologias tradicionais, e as ágeis.
requisitos funcionais dos negócios do cliente
e seus respectivos procedimentos A metodologia tradicional surgiu em um
pertinentes. Os procedimentos são: contexto de desenvolvimento de software
efetivação de padrões de qualidade, diferente do atual, a principal metodologia
produtividade e efetividade em suas tradicional é a clássica.
atividades e produtos, fundamentação na
A principal característica da metodologia
tecnologia da informação disponível, viável,
clássica é a inflexibilidade, ela esta dividida
oportuna e personalizada. Planejamento e
em fases, e após cada fase não se preveem
Gestão de atividades, recursos, custos e
mudanças das especificações. REIS (2001).
datas.
As metodologias ágeis são as mais utilizadas
Para SOMMERVILE (2003) A engenharia de
para o desenvolvimento de softwares pois
software (ES) envolve questões técnicas e não

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


226

elas trabalham com mudanças frequentes de totalmente funcional para avaliar. O cliente
requisitos. Ao invés de prever o futuro esta então constantemente sugere novas
metodologia trabalha com as mudanças. características e informações aos
desenvolvedores. Eventuais erros e não
Segundo BECK (1999) e SCHWABER E
conformidades são rapidamente identificados
BEEDLE (2002) as metodologias ágeis mais
e corrigidos nas próximas versões.
conhecidas são Metodologia Scrum e a
metodologia XP. Desta forma, a tendência é que o produto final
esteja de acordo com as expectativas reais
do cliente. É necessário coragem para
2.3.1.1 METODOLOGIA EXTREME implantar os três valores anteriores. Por
PROGRAMMING exemplo, não são todas as pessoas que
possuem facilidade de comunicação e têm
A Extreme Programming (XP) é uma
bom relacionamento. A coragem também dá
metodologia ágil para equipes pequenas e
suporte à simplicidade, pois assim que a
médias que desenvolvem software baseado
oportunidade de simplificar o software é
em requisitos vagos e que se modificam
percebida, a equipe pode experimentar. Além
rapidamente BECK (1999). Dentre as
disso, é preciso coragem para obter feedback
principais diferenças da XP em relação às
constante do cliente.
outras metodologias estão:
Segundo BECK (1999), a XP baseia-se nas 12
práticas a seguir:
 - Feedback constante;
- Planejamento: consiste em decidir o que é
 - Abordagem incremental;
necessário ser feito e o que pode ser adiado
 - A comunicação entre as pessoas é no projeto. A XP baseia-se em requisitos
encorajada. atuais para desenvolvimento de software, não
em requisitos futuros. Além disso, a XP
procura evitar os problemas de
A finalidade do princípio de comunicação é
relacionamento entre a área de negócios
manter o melhor relacionamento possível
(clientes) e a área de desenvolvimento. As
entre clientes e desenvolvedores, preferindo
duas áreas devem cooperar para o sucesso
conversas pessoais a outros meios de
do projeto, e cada uma deve focar em partes
comunicação. A comunicação entre os
específicas do projeto. Desta forma, enquanto
desenvolvedores e o gerente do projeto
a área de negócios deve decidir sobre o
também é encorajada.
escopo, a composição das versões e as datas
A simplicidade visa permitir a criação de de entrega, os desenvolvedores devem
código simples que não deve possuir decidir sobre as estimativas de prazo, o
Funções desnecessárias. Por código simples processo de desenvolvimento e o cronograma
entende-se implementar o software com o detalhado para que o software seja entregue
menor número possível de classes e métodos. nas datas especificadas.
Outra ideia importante da simplicidade é
- Entregas frequentes: visa à construção de
procurar implementar apenas requisitos
um software simples, e conforme os requisitos
atuais, evitando-se adicionar funcionalidades
surgem, há a atualização do software. Cada
que podem ser importantes no futuro. A
versão entregue deve ter o menor tamanho
aposta da XP é que é melhor fazer algo
possível, contendo os requisitos de maior
simples hoje e pagar um pouco mais amanhã
valor para o negócio. Idealmente devem ser
para fazer modificações necessárias do que
entregues versões a cada mês, ou no máximo
implementar algo complicado hoje que talvez
a cada dois meses, aumentando a
não venha a ser usado, sempre considerando
possibilidade de feedback rápido do cliente.
que requisitos são mutáveis.
Isto evita surpresas caso o software seja
A prática do feedback constante significa que entregue após muito tempo, melhora as
o programador terá informações constantes avaliações e o feedback do cliente,
do código e do cliente. A informação do aumentando a probabilidade do software final
código é dada pelos testes constantes, que estar de acordo com os requisitos do cliente.
indicam os erros tanto individuais quanto do
software integrado. Em relação ao cliente, o
feedback constante significa que ele terá
frequentemente uma parte do software

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


227

 - Metáfora: são as descrições de um prática é que, caso um membro da


software sem a utilização de termos equipe deixe o projeto antes do fim, a
técnicos, com o intuito de guiar o equipe consegue continuar o projeto com
desenvolvimento do software. poucas dificuldades, pois todos
conhecem todas as partes do software,
 - Projeto simples: o programa
mesmo que não seja de forma detalhada.
desenvolvido pelo método XP deve ser o
mais simples possível e satisfazer os  - Integração contínua: interagir e
requisitos atuais, sem a preocupação de construir o sistema de software várias
requisitos futuros. Eventuais requisitos vezes por dia, mantendo os
futuros devem ser adicionados assim que programadores em sintonia, além de
eles realmente existirem. Esta forma de possibilitar processos rápidos. Integrar
raciocínio se opõe ao “implemente para apenas um conjunto de modificações de
hoje e projete para amanhã”. cada vez é uma prática que funciona
bem porque fica óbvio quem deve fazer
 - Testes: a XP focaliza a validação do
as correções quando os testes falham: a
projeto durante todo o processo de
última equipe que integrou código novo
desenvolvimento. Os programadores
ao software. Esta prática é facilitada com
desenvolvem o software criando
o uso de apenas uma máquina de
primeiramente os testes.
integração, que deve ter livre acesso a
 - Refatoração: focaliza o todos os membros da equipe.
aperfeiçoamento do projeto do software e
está presente em todo o
 - 40 horas de trabalho semanal: a XP
assume que não se deve fazer horas
desenvolvimento. A refatoração deve ser
extras constantemente. Caso seja
feita apenas quando é necessário, ou
necessário trabalhar mais de 40 horas
seja, quando um desenvolvedor da
pela segunda semana consecutiva,
dupla, ou os dois, percebe que é
existe um problema sério no projeto que
possível simplificar o módulo atual sem
deve ser resolvido não com aumento de
perder nenhuma funcionalidade.
horas trabalhadas, mas com melhor
 - Programação em pares: a planejamento, por exemplo. Esta prática
implementação do código é feita em procura ratificar o foco nas pessoas e
dupla, ou seja, dois desenvolvedores não em processos e planejamentos.
trabalham em um único computador. O Caso seja necessário, os planos devem
desenvolvedor que está com o controle ser alterados, ao invés de sobrecarregar
do teclado e do mouse implementa o as pessoas.
código, enquanto o outro observa
 - Cliente presente: é fundamental a
continuamente o trabalho que está sendo
participação do cliente durante todo o
feito, procurando identificar erros
desenvolvimento do projeto. O cliente
sintáticos e semânticos e pensando
deve estar sempre disponível para sanar
estrategicamente em como melhorar o
todas as dúvidas de requisitos, evitando
código que está sendo implementado.
atrasos e até mesmo construções
Esses papéis podem e devem ser
erradas. Uma ideia interessante é manter
alterados continuamente. Uma grande
o cliente como parte integrante da equipe
vantagem da programação em dupla é a
de desenvolvimento.
possibilidade dos desenvolvedores
estarem continuamente aprendendo um  - Código padrão: padronização na
com o outro. arquitetura do código, para que este
possa ser compartilhado entre todos os
 - Propriedade coletiva: o código do
programadores.
projeto pertence a todos os membros da
equipe. Isto significa que qualquer A XP é ideal para projeto em que os cliente
pessoa que percebe que pode adicionar não sabem exatamente o que querem e
valor a um código, mesmo que ele próprio podem mudar muito de opinião no
não o tenha desenvolvido, pode fazê-lo, desenvolvimento do sistema, KOSCIANSKI E
desde que faça a bateria de testes MARTINS (2007).
necessária. Isto é possível porque na XP
todos são responsáveis pelo software
inteiro. Uma grande vantagem desta

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


228

2.3.1.2 METODOLOGIA SCRUM A utilização de metodologias que controlam


essas mudanças mostram o quão é
A metodologia Scrum propõe uma forma de
importante se obter requisitos de maneira
trabalho flexível que se adapte a ambientes
mais eficiente, estes requisitos são
muito dinâmicos. Segundo KOSCIANSKI E
determinantes para se verificar a qualidade
MARTINS (2007) visa tratar mudanças
do software.
frequentes de requisitos do software e outras
situações como troca de equipe, adaptação Na fase de analise de requisitos é necessário
de cronogramas e orçamentos, troca de saber exatamente o que construir. A partir
ferramentas de desenvolvimento ou destes requisitos podemos compara-los com
linguagem de programação. o projeto final e avaliar se os requisitos
definidos foram atendidos. Devido a sua
Na metodologia Scrum existem reuniões
importância no processo de produção o
diárias com duração de aproximadamente
capitulo seguinte abordará os requisitos de
15 minutos.
software.
O ciclo de vida da Scrum é baseado em três
fases principais, Pré-planejamento,
Desenvolvimento e pós-planejamento. 2.3.2 REQUISITOS DE SOFTWARE
No pré planejamento os requisitos são Segundo BRAUDE (2002) a análise de
descritos em um documento chamado requisitos é o processo de entender e colocar
backlog. Posteriormente são ordenados por no papel, uma declaração do que uma
prioridade e, para cada um, fazem-se aplicação destina-se a fazer depois de
estimativas de esforço para o construída.
desenvolvimento. Esta fase é concluída com a
Para KOSCIANSKI, MARTINS (2007) os
proposta de uma arquitetura de
requisitos de software são as descrições
desenvolvimento.
sobre seu comportamento, funções e
No desenvolvimento o software é especificações das operações que deve
desenvolvido em ciclos, em que novas realizar e especificações sobre suas
funcionalidades são adicionadas. Cada um propriedades ou atributos.
destes ciclos passa pela fase de Análise,
Os atributos compreendem as
projeto, implementação e testes. O tempo dos
funcionalidades presentes no software
ciclos devem durar entre uma semana a um
quando estiver pronto para ser executado
mês.
(KOSCIANSKI e MARTINS, 2007).
Na fase de pós planejamento é feito a
Os requisitos de software podem ser definidos
integração dos softwares, os testes finais e a
como “o que” o cliente deseja que o software
documentação para o usuário. A equipe se
realize. A qualidade dos requisitos depende
reúne para analisar o projeto e demonstrar o
das informações que o usuário precisa passar
software atual para o cliente.
para o analista e da experiência do analista
Com base no que foi apresentado sobre a para conseguir requisitos.
metodologia Scrum e XP pode-se perceber
A figura a seguir mostra como os requisitos
que as duas trabalham com a mudança
de software podem ser vistos pelos analistas
frequente de requisitos, estas metodologias
e pelos usuários.
foram criadas para que se possa alterar
rapidamente todas as fases do projeto
quando os requisitos forem modificados.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


229

Figura 1: Visibilidade dos requisitos implícitos e explícitos

Fonte: Koscianski e Martins (2007) pág. 176

De acordo com a figura 1 pode-se analisar diferente porque diversas pessoas a


que existem 4 quadrantes que representam utilizaram.
os requisitos de um software o que representa
Os métodos e ferramentas de engenharia de
os requisitos conhecidos por todos, os que
software servem, entre outras coisas, ao
somente o usuário conhece e deverá passar
propósito de garantir, ou pelo menos facilitar,
ao analista, os que somente o analista
a obtenção do objetivo de ter qualidade nos
percebe e é passado para o cliente e o que
programas.
ambos desconhecem.
Para realizar o levantamento de requisitos de
Segundo KOSCIANSKI e MARTINS (2007)
maneira mais adequada o analista pode
realizar corretamente o levantamento e
aplicar técnicas para tratar alguns problemas
administração dos requisitos é vital para a
que podem ser encontrados como:
qualidade do software.
As principais dificuldades de falhas em
projetos são relativas aos requisitos. Essas  - O Stakeholder mais influente, como
falhas se devem a dificuldade em entender o um gerente, poderá impor requisitos
que o usuário quer, descrições incompletas e que não sejam ideais ao software,
mudanças não controladas nos requisitos. pois ele pode não ser a pessoa que
(STANDISH GROUP, 1995) realiza aquela função;
Durante o desenvolvimento de um software os  - Não existir cooperação e a
requisitos sofrem influência de diferentes especificação gerada não é fiel;
pessoas ou grupos de pessoas como
 - Falta de tempo para a
gerentes, operadores, analistas,
especificação de requisitos;
programadores, leis, entre
outros.(KOSCIANSKI e MARTINS, 2007)  - O desenvolvedor não está
preparado para a fase de análise;
Segundo MORAES (2011), as dificuldades
encontradas na fase de levantamento de  - Alguns stakeholders podem
requisitos são: o usuário principal do sistema simplesmente não querer que o
não sabe o que quer que o sistema faça ou sistema seja desenvolvido.
sabe e não consegue transmitir para o
analista; requisitos identificados, mas que não
são realistas e não identificam os requisitos Como o analista precisará do maior número
similares informados por pessoas diferentes. de requisitos possíveis deverá ter a
habilidade de comunicação para abstrair
A automatização de algumas tarefas podem
todos os requisitos existentes. Segundo
diminuir a carga de trabalho das pessoas e,
KOSCIANSKI E MARTINS (2007) um
ao mesmo tempo, garantir uniformidade:
desenvolvedor pode ter a sorte de encontrar
quando é uma ferramenta que executa a
um cliente com habilidades pedagógicas
tarefa, há menos chances de o resultado ser

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


230

extraordinárias, que são motivados a dividir 2.4.1.ENTREVISTAS E QUESTIONÁRIOS


seu conhecimento e dão verdadeiras aulas
Entrevistas e Questionários é talvez a técnica
sobre suas profissões. Por outro lado
mais simples de utilizar. Ainda que seja
existem os que não gostam de descrever
bastante eficaz numa fase inicial de obtenção
sua função, ou não conseguem organizá-la
de dados e esclarecimento de algumas
para explicitar.
dúvidas, está condicionada a alguns fatores:
Não existe um processo ideal de
 Influência do entrevistador nas
levantamento de requisitos que seja
respostas do cliente: convém que o
adaptável a todas as empresas
entrevistador dê margem ao
KOSCIANSKI E MARTINS (2007).
entrevistado para expor as suas
Segundo PRESSMAN (1997) e ideias sem as enviesar logo à
SOMMERVILLE (1995) o processo de partida.
extração de requistos está dividido em 4
 Relação pessoal entre os
fases.
intervenientes na entrevista.
 Entendimento do domínio: os
 Predisposição do entrevistado: caso,
desenvolvedores devem entender o
por exemplo, o papel do
domínio da aplicação (documentos,
entrevistado venha a ser afetado
livros, pessoas).
pela introdução de um sistema na
 Extração e análise de requisitos: organização, este pode
acontece a descoberta, revelação e propositadamente dificultar o acesso
entendimento dos requisitos, através à informação.
de interação com o(s) usuário(s); e
 Capacidade de seguir um "plano"
desenvolvedores envolvendo:
para a entrevista: na ausência
 – Classificação e organização dos destes planos é natural que haja
requisitos; tendência para que os intervenientes
se dispersem um pouco, levando a
 – Determinação de suas prioridades;
que a entrevista demore mais tempo
 – Resolução de inconsistência; do que seria suposto. Caso a
entrevista se torne demasiado longa,
 – Conflitos e a descoberta de
as pessoas podem cair na tentação
omissões.
de "querer despachar" sendo os
 Especificação dos requisitos: últimos pontos da entrevista
armazenamento dos requisitos em abordados de forma superficial (ou
uma ou mais formas, incluindo podem nem chegar a ser
linguagem formal ou semiformal, abordados).
representações simbólicas ou
gráficas.
2.4.2 WORKSHOPS DE REQUISITOS
 Validação dos requisitos: verificação
dos requisitos, visando determinar se O Workshop de Requisitos consiste numa
estão completos com as técnica usada através de uma reunião
necessidades do usuário. estruturada, da qual devem fazer parte um
grupo de analistas e um grupo

representando o cliente, para então obter um
2.4.TÉCNICAS DE IDENTIFICAÇÃO DE conjunto de requisitos bem definidos. Ao
REQUISITOS contrário das reuniões, promove-se a
interação entre todos os elementos
Existem diversas técnicas de identificação
presentes no workshop fomentando
de requisitos, e que são adequadas a
momentos de descontração como forma de
diferentes situações, segundo KOSCIANSKI
dinamizar o trabalho em equipe, existindo
E MARTINS (2007) as principais são:
um facilitador neutro cujo papel é conduzir o
workshop e promover a discussão entre os
vários intervenientes (ainda que não tenha
realmente poder de decisão). As tomadas
de decisão devem seguir processos bem
definidos e devem resultar de um processo

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


231

de negociação, mediado pelo facilitador. acrescentado (principalmente na


Uma técnica que é também útil em prototipagem evolutiva, isto é, aquela que
workshops é o uso de brainstorming mais tarde é evoluída para a fase de
(tempestade de ideias) como forma de gerar desenvolvimento). O uso de protótipos deve
um elevado número de ideias numa ser considerado apenas mediante uma
pequena quantidade de tempo. Como análise custo-benefício, já que os custos de
resultado dos workshops deve ser produzida desenvolvimento de um protótipo podem
documentação que reflita os requisitos e facilmente crescer, sendo particularmente
decisões tomadas sobre o sistema a úteis em situações em que a interface com os
implementar usuários é, para eles, um aspecto crítico.

2.4.3 CENÁRIOS (SÉRIE DE EVENTOS 2.4.5 ESTUDO ETNOGRÁFICO


HIPOTÉTICOS)
Os Estudos Etnográficos são uma análise de
Uma forma de levar as pessoas a imaginarem componente social das tarefas
o comportamento de um sistema é o uso de desempenhadas numa dada organização.
cenários. Através de exemplos práticos Quando um dado conjunto de tarefas se torna
descritivos do comportamento de um sistema, rotineiro para uma pessoa, é de se esperar
os seus usuários podem comentar acerca do que esta sinta dificuldade em articular todos
seu comportamento e da interação que os passos que segue ou todas as pessoas
esperam ter com ele. Trata-se de uma com as quais interage para levá-las a cabo.
abordagem informal, prática e aplicável a Através de uma observação direta das
qualquer tipo de sistema. De um modo geral, atividades realizadas durante um período de
os cenários devem incluir os seguintes trabalho de um funcionário é possível
elementos: encontrar requisitos que não seriam
observáveis usando técnicas convencionais.
 Estado do sistema no início do
Esta observação pode ser acompanhada de
cenário;
registros áudio/vídeo, porém não convém usá-
 Sequência de eventos esperada (na los em demasia visto que o tempo necessário
ausência de erros) no cenário; para processá-los pode ser demasiado. Nesta
técnica assume-se que o representante do
 Listagem de erros que podem ocorrer
cliente observado desempenha as suas
no decorrer dos eventos do cenário e
funções "corretamente", pelo que convém ter
de como estes erros serão tratados;
algum cuidado na escolha do mesmo.
 Outras atividades que podem ser
As técnicas podem ser escolhidas de acordo
executadas ao mesmo tempo em que
com a empresa, pois o analista encontra
as deste cenário;
pessoas diferentes para obter os requisitos,
 Estado do sistema depois de o de acordo com cada pessoa muda a maneira
cenário terminar. de se comunicar e as técnicas a utilizar.
Nestas circunstâncias os analistas precisam
conversar com diversas pessoas ligadas ao
2.4.4 PROTOTIPAGEM
processo, cada uma com uma informação
O uso de prototipagem é feito em diversas que futuramente poderá se transformar em
fases do processo de engenharia de requisito e utilizando uma técnica para cada
requisitos (por exemplo na identificação, um. Controlar este número de informações se
análise e validação). Trata-se de uma versão torna cada vez mais difícil de acordo com o
inicial do sistema, baseada em requisitos numero de pessoas e técnicas envolvidas. E
ainda pouco definidos, mas que pode ajudar considerando a dificuldade de se abstrair o
a encontrar desde cedo falhas que através da conhecimento através da comunicação que
comunicação verbal não são tão facilmente por si já é difícil se torna necessário o uso de
identificáveis. Neste tipo de abordagem uma metodologia especifica para a analise de
apenas são desenvolvidas algumas requisitos.
funcionalidades sendo normalmente
Atualmente não existe nenhuma metodologia
desenvolvidas primeiro aquelas que são mais
que auxilie nas etapas da comunicação com o
fáceis de compreender por parte do utilizador
cliente em Engenharia de Software. A criação
e que lhe podem trazer maior valor
de um processo envolvendo etapas para a

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


232

comunicação e entendimento auxiliaria o pessoal de algo que foi experimentado,


analista a conseguir informação e organizar vivenciado por alguém”. Neste sentido o que
estas informações transformando-as em se descreveria seria a informação através do
requisitos. Este processo não existe em conhecimento que foi explicitado.
Engenharia de software porém em gestão do
Para NONAKA E TAKEUCHI (1997), o
Conhecimento ele é utilizado. A seguir será
“conhecimento humano é criado e expandido
explanado o conceito de gestão do
através da interação social entre
conhecimento e suas práticas.
conhecimento tácito e o conhecimento
explícito”.
2.5 GESTÃO DO CONHECIMENTO Para YOUSSEF (2003) uma vez assumido que
a maior parte do conhecimento é tácito, torna-
DAVENPORT E PRUZAK (1999) definem o
se mais difícil compartilha-lo com outras
conhecimento como uma mistura fluida de
pessoas ou organizações. Diz também que o
experiência que contempla valores,
fato de a maior parte do conhecimento ser
informação contextualizada e insight
tácita não invalida a necessidade de torna-la
experimentado, a qual proporciona uma
explicita.
estrutura para avaliação e incorporação de
novas experiências e informações. Ele tem Ao analisar os conceitos anteriores pode-se
origem e é aplicado na mente dos perceber que o conhecimento da organização
conhecedores. Nas organizações, ele pode ser encontrado de diversas maneiras,
costuma estar embutido não só em porém o conhecimento mais rico é o que se
documentos ou repositórios, mas também em encontra na mente das pessoas, o
rotinas, processos, praticas e normas conhecimento tácito, e é este conhecimento
organizacionais. O conhecimento deriva da tácito o mais importante e o mais difícil de ser
informação da mesma forma que a explicitado.
informação deriva dos dados.
Segundo OECD (2000) existem limites
MIRANDA (2004), define o conhecimento naturais que impedem a explicitação de
como um conjunto de saber na informação conhecimento tácito. Por este motivo observa
que se torna justificada, verdadeira e ser importante codificar o conhecimento para
confiável, assumindo o caráter cumulativo e poder compartilha-lo com um maior numero
compõe-se de duas vertentes: a tácita, de pessoas, enquanto o conhecimento não
própria do individuo e, portanto, subjetiva e a codificado permanece com o seu detentor e
explicita, externa ao indivíduo, também aprendiz.
denominada conhecimento objetivo.
A seguir será apresentado maneiras de se
MARIN-GARCIA E ZARATE-MARTINEZ (2007) realizar esta conversão de conhecimentos.
descrevem a Gestão do Conhecimento (GC)
como uma arte em que a informação e o
capital intelectual são transformados em 2.5.1 CONVERSÃO DO CONHECIMENTO
valores permanentes para a organização bem
DAVENPORT E PRUZAK (1999) questionam
como para seus parceiros e clientes. Eles
que a GC é a forma de codificar o
também definem como um processo em que
conhecimento existente e disponível na
o uso da tecnologia da informação
organização a fim de torna-lo acessível aquele
proporciona uma combinação sinérgica entre
que precisa dele, por meio de funções e
dados e informação, e a capacidade criativa e
qualificações para desempenhar o trabalho
inovação dos seres humanos pelo outro,
de aprender, distribuir e usar o conhecimento.
formando um grupo complexo de habilidades
dinâmicas em constante mudança. DEPRES E CHAUVEL(1999) estabelecem 6
processos para o processo da GC como
Segundo SALAZAR (2002), a GC pode ser
mostra a Figura 2.
entendida como um processo sistemático de
detectar, selecionar, organizar, filtrar, Já PROBST, RAUB E ROMBAERT (2002),
compartilhar, adquirir e utilizar a informação delinearam os seguintes passos para a GC
dentro da empresa. Já SETZER(1999), diz que conforme apresenta a Figura 3.
“o conhecimento é uma abstração interior,

Figura 2 - Processos da GC

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


233

Fonte: Autoria própria

Figura 3 - Passos da GC

Fonte: Autoria própria

Segundo NONAKA E TAKEUCHI(1997) o sempre gerado pelos indivíduos sendo


processo de criação de conhecimento ocorre ampliado intraorganizacionalmente e
quando a espiral do conhecimento (figura 4) interorganizacionalmente). Tal processo,
movimenta-se entre as duas dimensões conforme NONAKA E TAKEUCHI(1997) é
provocando a interação entre os operacionalizado pela “conversão do
conhecimentos (tácito e explícito) e entre os conhecimento” em quatro modos:
níveis de conhecimento (o conhecimento é
Figura 4: A espiral do conhecimento

Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997, p. 80)

 - Socialização: é o processo no qual pessoais são compartilhadas para


as experiências baseadas em criação de novos conhecimentos
modelos mentais ou habilidades tácitos. Pode ser representado

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


234

através de técnicas de observação, orais relatando as experiências dos


imitação e práticas de indivíduos são práticas de extrema
relacionamento entre aprendizes e relevância para a internalização.
mestres. No meio organizacional, a Após este processo o novo
socialização ocorre por meio de conhecimento deve ser socializado
atividades, treinamentos, interações com outros colaboradores (na forma
com clientes, sessões informais, de conhecimento tácito) iniciando
"brainstorms" entre outros. assim uma nova espiral da criação
do conhecimento.
 - Externalização: representa o
processo de transformação do O tópico anterior mostrou a dificuldade
conhecimento tácito em explícito existente na comunicação entre o analista e o
sendo expresso na forma de cliente, e a necessidade de uma metodologia
metáforas, analogias, conceitos, para guiar este processo para que se obtenha
hipóteses ou diálogos. O requisitos que levem a produzir software de
conhecimento decorrente da maior qualidade. A partir disso, o próximo
externalização e torna-se facilmente capítulo descreve uma metodologia que uniria
transmissível e articulo, geralmente estes dois conceitos, Análise de requisitos e
construído a partir de palavras ou Gestão do Conhecimento para resolução do
números. A externalização é a chave problema.
para a criação do conhecimento pois
cria modelos novos e explícitos a
partir do conhecimento tácito. 3 METODOLOGIA PROPOSTA
 - Combinação: é o processo de A maioria das mudanças nos projetos
conversão do conhecimento explícito ocorrem devido a alterações dos requisitos do
em explícito. Ocorre por meio da software pelo usuário. Muitas vezes o usuário
troca e combinação de conjuntos não sabe exatamente o que quer do sistema,
diferentes de conhecimento ou não sabe explicitar o que deseja,
explícito. A troca e a combinação KOSCIANSKI E MARTINS (2007). Este
entre os indivíduos ocorrem trabalho objetiva apresentar a proposta de
sobretudo por meio de documentos, uma nova metodologia, específica para a
reuniões, conversas ao telefone ou análise de requisitos, que será baseada em
redes de comunicação gestão do conhecimento, mais precisamente
computadorizadas. no espiral do conhecimento.
 - Internalização: processo que O objetivo desta metodologia é ser mais
ocorre a conversão do eficiente na análise dos requisitos, diminuindo
conhecimento explícito em tácito, assim as mudanças que podem ocorrer
caracterizando-se pelo “aprender durante o projeto do software. A metodologia
fazendo”. A verbalização e a baseada em GC está dividida em 5 etapas,
diagramação sob a forma de como mostra Figura 5.
documentos, manuais ou histórias

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


235

Figura 5: Metodologia para Análise de Requisitos

Fonte: Autoria própria


A metodologia proposta está dividida em 4 dividida em 2 etapas: Análise de Viabilidade
FASES: Socialização, Externalização, do Sistema e Mapeamento do Conhecimento
Combinação e Internalização. conforme o quadro 4 a seguir.
Fase 1: A primeira FASE da metodologia
proposta é a Socialização, esta fase está

Quadro 4 – FASE 1 Socialização


FASE 1 - SOCIALIZAÇÃO

1ª ETAPA - Deve ser desempenhada pelo Analista;


Análise de viabilidade do - Ocorrerá na empresa;
sistema. - Gerar um relatório de viabilidade;

2ª ETAPA
- Deve ser desempenhada pelo analista;
Mapeamento do
- Ocorrerá na Empresa
Conhecimento
- Gerar uma planilha de mapeamento do conhecimento;
Fonte: Autoria Própria

A 1ª ETAPA deverá resultar em um relatório de seguintes perguntas devem ser respondidas


viabilidade, para isso o analista irá as nesta primeira etapa:
dependências da empresa conversar com o
O sistema ira contribuir significativamente
profissional que deseja o sistema. As
para os objetivos da organização?

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


236

Dadas as restrições tecnológicas, continuidade a Análise de requisitos


organizacionais (econômicas, políticas, passando para a 2ª etapa.
ambientais, recursos disponíveis) e temporais
Não existe um padrão para realização desta
associadas ao projeto, o sistema pode ser
fase, fica a critério do analista como vai
implementado?
documentar as questões respondidas.
Caso haja necessidade de integração entre
A 2ª Etapa deverá resultar em uma Lista de
diferentes sistemas, será que esta é possível?
stakeholders relevantes para o processo de
Se o novo sistema não fosse implementado, Analise de requisitos, para isso o analista
quais seriam as alternativas para a identificará através da primeira etapa quais
organização? setores da empresa participarão do processo
de análise, e com o auxilio do Organograma
Quais são os problemas que os sistemas
apontará os profissionais que serão mais
atuais apresentam e como um sistema novo
relevantes para esta etapa.
irá resolver estas falhas?
É nesta etapa que ocorre a maior
De que forma o sistema irá contribuir
comunicação entre o cliente e o funcionário,
diretamente para os objetivos da
neste momento serão identificados as
organização?
habilidades do funcionário, que estruturas ele
É possível a integração com os outros precisa para desempenhar esta habilidade e
sistemas da organização (de um ponto de que relacionamentos são necessários.
vista tecnológico)? Com que facilidade que se
Estes 3 itens deverão ser organizadas em
consegue partilhar informação
forma de planilha contendo o setor, o cargo e
entre estes sistemas? as habilidades e nas habilidades a estrutura e
o relacionamento necessário. A figura 6
Respondendo estas questões o Analista
mostra um modelo de planilha.
poderá verificar se é possível dar

Figura 6: Modelo de Planilha paa Mapeamento de Competências

Mapeamento de Competências
Funcionário:
Setor:
Cargo:
Habilidade Estrutura Relacionamento

Fonte: Autoria própria

Fase 2: A segunda FASE da metodologia 5: elaboração de Documento de Requisitos


proposta é a Externalização. Esta fase está provisório, validação da documentação e
dividida em 3 etapas apresentadas no Quadro alterações do documento provisório.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


237

Quadro 5 – FASE 2 Externalização


FASE 2 - EXTERNALIZAÇÃO
1ª ETAPA - Deve ser desempenhada pelo Analista;
Elaboração de Documento - Ocorrerá no local de trabalho do Analista;
de Requisitos provisório. - Seleção de habilidades;
- Gerar um documento de requisitos provisório.
- Deve ser desempenhada pelo Analista;
2° ETAPA
- Ocorrerá na empresa;
Validação da
- Feedback com o Stakeholder para validar tópicos do
documentação
documento.
3ª ETAPA - Deve ser desempenhada pelo Analista;
Alterações do documento - Ocorrerá no local de trabalho do Analista;
provisório - Gerar um documento de requisitos provisórios atualizado.
Fonte: Autoria Própria

A 1ª Etapa devera resultar um documento de No documento provisório as planilhas


requisitos provisório. Este documento irá resultantes da primeira fase devem ser
conter somente as informações relevantes ao agrupadas por possíveis relacionamentos. O
processo de desenvolvimento de software na que dará noção do processo de execução
visão do analista. Estas informações foram das tarefas. A figura 7 apresenta um modelo
selecionadas das planilhas com as deste documento.
habilidades dos funcionários.
Figura 7: Possíveis relacionamentos

Mapeamento de Competências Mapeamento de Competências


Funcionário: Maria dos Santos Funcionário: Ana da Silva
Setor: Operacional Setor: At Cliente
Cargo: Enfermeira Cargo: Recepção
Habilidades Relacionamento Habilidades Relacionamento
Buscar paciente Recepcionista Informar Chegada Enfermeira

Fonte: Autoria própria

Na figura 7 pode-se perceber que existe uma também que o analista esclarece dúvidas
relação entre as funções descritas, a geradas na elaboração do documento
habilidade que a enfermeira deve ter para provisório de requisitos.
buscar a paciente depende de a
Na 3ª Etapa o documento provisório de
recepcionista informar sua chegada. Desta
requisito que foi apresentado ao stakeholder
maneira o processo pode ser entendido de
para o feedback recebe as alterações
uma maneira mais clara pelo Analista.
gerando um novo documento atualizado.
A 2ª Etapa é realizada através da
Fase 3: A terceira Fase da metodologia
comunicação do Analista com o stakeholder
proposta é a Combinação, esta fase está
para um feedback da primeira fase. O analista
dividida em 4 etapas: elaboração de
apresentará ao funcionário o novo documento
Documento de Requisitos provisório,
com o que ele entendeu da função do
validação da documentação de requisitos
funcionário no processo. Neste momento
provisória, alteração da documentação
haverá uma validação das informações
incluindo requisitos do benchmarking como
passadas pelo funcionário, é neste momento
mostra o quadro a seguir.

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


238

Quadro 6 – FASE 3 Combinação


FASE 3 - COMBINAÇÃO
 Deve ser desempenhada pelo Analista;
1ª ETAPA
 Ocorrerá em diversos locais;
Benchmarking com outras
Empresas do Ramo
 Seleção de melhores práticas;
 Gerar uma apresentação de processos ao gerente;
 Deve ser desempenhada pelo Analista;
2° ETAPA
Apresentação do
 Ocorrerá na empresa;
benchmarking a gerência  Realizar uma apresentação das melhores práticas
encontradas.
3ª ETAPA  Será realizado pelo analista;
Validação da  Será desempenhada na empresa;
documentação de  Apresentar documentação gerada pela 1ª fase;
requisitos provisória  Discutir processos realizados.
4ª ETAPA
 Será desempenhado pelo Analista
Alteração da
documentação incluindo  Alterar documentação de requisitos provisórios
requisitos do incluindo alterações informadas pela gerencia e
melhores práticas.
benchmarking
Fonte: Autoria Própria

Na 1ª Etapa o Analista deve pesquisar as Na 4ª Etapa Será realizado a alteração do


melhores práticas no segmento da empresa, e documento de requisitos provisório, conforme
propor algumas alterações nos processos da o desejado pela gerencia, e incluído melhores
empresa. Estas propostas devem ser práticas de acordo com a aprovação da
apresentadas a gerencia da empresa na 2ª gerencia.
Etapa. A forma como será apresentada é
Fase 4: A quarta e ultima FASE da
irrelevante.
metodologia proposta é a Internalização, esta
Na 3ª etapa será validado a documentação de fase está dividida em 2 etapas: documentar
requisitos provisória, elaborada a partir do os requisitos provisórios a partir de padrões
mapeamento do conhecimento dos de Análise de Requisitos, apresentar o
funcionários, à gerencia com intuito de Documento de requisitos aos integrantes do
apresentar os processos de uma maneira projeto de software, conforme mostra o
mais sistemática para possível alteração no Quadro 7.
documento.

Quadro 7 – FASE 4 Internalização


FASE 4 - INTERNALIZAÇÃO
1ª ETAPA
 Deve ser desempenhada pela Equipe de
Documentar os requisitos
desenvolvimento de software;
provisórios a partir de
padrões de Análise de
 Ocorrerá no local de trabalho do analista;
Requisitos.  Documento final de Requisitos;

2° ETAPA
 Deve ser desempenhada pelo Analista;
Apresentar o Documento
de requisitos aos
 Ocorrerá no local de trabalho do analista;
integrantes do projeto de  Realizar uma apresentação dos requisitos aos
software. integrantes do projeto de software.
Fonte: Autoria Própria

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


239

A 1ª etapa deve gerar o documento de Esta metodologia limita as outras fases do


requisitos final, este documento será projeto de software, pois bloqueia o projeto
apresentado de forma que seja entendido ate que todas as informações sejam colhidas,
pela equipe de projetos. Na 2ª etapa este e só depois pode ser colocado em pratica e
documento será apresentado a equipe de sofrer modificações. Neste trabalho a
projetos que poderá dar andamento ao metodologia não foi aplicada devido a
projeto do software. necessidade de delimitação do tema pelo
curto tempo para termino.
A metodologia apresentada visa dar maior
foco a análise dos requisitos através da Para que a metodologia fosse aplicada a uma
gestão do conhecimento, as atividades empresa de pequeno porte, que em grau de
desempenhadas pelas pessoas envolvidas no dificuldade pode ser considerada a mais
projeto ficam mais claras, podem ser simples pois teria um numero reduzido de
aperfeiçoadas e aplicadas ao projeto. setores, funcionários e habilidades,
necessitaria de um tempo de execução maior
A maior dificuldade desta metodologia seria
que o disponível. Preocupou-se então com a
encontrar um profissional capacitado a
delimitação do tema.
realizar esta gestão, pois alem do
conhecimento de analise de sistemas ela O tempo de aplicação desta metodologia
precisará de conhecimento da área de GC. pode ser mensurado pela figura a seguir que
apresenta uma tabela construída no Excel.

Figura 8: Estimativa de Tempo para Aplicação da metodologia

ESTIMATIVA DE TEMPO
FASES ETAPAS VARIÁVEIS VALOR ACUMULO

Porte da Empresa
Etapa 1 Pequena:1 Média:2 1 3
FASE 1 Grande:3

Etapa 2 20 40
Número de Funcionários?
Etapa1 20
FASE 2 Etapa 2 3
Etapa 3 3
Etapa 1 3
Etapa 2 1
FASE 3
Etapa 3 3
Etapa 4 3
Etapa 1 40
FASE 4
Etapa 2 1
Total Dias 120
Fonte: Autoria própria

Através da figura 8 pode-se perceber que o A metodologia depois de concluída beneficia


tempo de aplicação depende diretamente do as outras fases do projeto, pois apresenta de
porte da empresa e do número de uma forma muito mais detalhada e completa
funcionários. A estimativa foi feita baseado no as funcionalidades que o software deve
tempo médio de execução das fases da conter, e após esta primeira apresentação as
metodologia. mudanças que podem ocorrer no projeto são
reduzidas, pois não são identificados somente

Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


240

as funcionalidades desejadas, mas sim, fase. A metodologia utiliza a gestão do


identificado todo o processo dando mais conhecimento e das competências na
confiabilidade as especificações encontradas empresa, e as melhores práticas neste setor
pelo ao analista, que se tornou o detentor do para chegar as funcionalidades que deverão
conhecimento. estar contidas no software.
Desta maneira os requisitos encontrados
estarão altamente ligados aos processos da
4 CONCLUSÕES
empresa, pois foram abstraídos de uma
Atualmente o processo de análise de maneira mais confiável tornando o sistema
requisitos leva em conta as funcionalidades altamente personalizado.
que o usuário deseja em seu sistema, mas
A personalização de um sistema leva a
muitas vezes estas funcionalidades não são
empresa a conseguir informações mais
as mais relevantes para o sistema.
precisas, pois o sistema foi feito moldado nas
Este trabalho objetivou analisar os requisitos atividades executadas em sua rotina se
exigidos para considerar um software sendo tornando um grande diferencial competitivo.
de qualidade, no Capítulo 2.1 isto foi atendido
Isso se deve as 4 fases do espiral do
através de autores e Organismos normativos
conhecimento aplicadas a análise de
que foram citados. Outro objetivo era
requisitos, a forma de conseguir as
identificar as principais metodologias que
informações é diferenciada sendo mais
visam obter qualidade no software, no
efetiva, pois ao passar pela socialização,
Capitulo 2.3 foi apresentado as principais
onde a comunicação leva a externalização do
metodologias para desenvolvimento do
conhecimento e em seguida é combinada
software e as ferramentas utilizadas para a
com informações que fazem com que os
análise de requisitos.
requisitos possam ser utilizados de maneira
A problemática do trabalho pretendia resolver mais eficiente na próxima fase do software, é
a dificuldade de se obter requisitos de um forte diferencial.
software, e pode ser proposta através da
Se os requisitos do sistema não forem
apresentação de práticas de gestão do
atendidos, em teoria a gestão do
conhecimento que podem auxiliar na fase de
conhecimento e das competências da
análise de requisitos.
empresa está falho, precisando ser revisto e
A metodologia proposta baseada nos definido antes de iniciar a próxima fase da ES.
objetivos citados procura aumentar a Nesta metodologia a gestão do conhecimento
eficiência na fase de Análise de requisitos de e a Analise de requisitos são altamente
software, pois tratam especificamente desta dependentes.

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Gestão do Conhecimento e Inovação - Volume 3


Autores
AUTORES
Leopoldo Mendonça (Organizador)
Bacharelado em Psicologia (UFMG, 2000), Análise de Sistemas (Cotemig, 2001),
Especialização em Gestão da Informação (IEC-Pucminas, 2007). Implementação de sistemas
para otimização do atendimento ao público, Implementação de CMS (Content Management
System) na UFMG (campi Belo Horizonte e Montes Claros), Implementação de CMS no
Departamento de Registro e Controle Acadêmico central da universidade, interligando
setores como EAD, PROGRAD e COPEVE, Unidades acadêmicas e órgãos colegiados,
provendo informações sobre processos seletivos gerais e gerenciamento colaborativo de
informações, implementação de formato virtual Mostra das Profissões e Portal de Acesso a
Informação. Gerenciamento e manutenção de sistema financeiro de terceiros com interface
online para movimentações financeiras (Internet Banking). Desenvolvimento de trabalhos de
gerenciamento, análise e transmissão de dados junto a sistemas de informação criados pelo
DATASUS do Governo Brasileiro (Sinan, Siscan, Scpa, e-Gestor, Sisprenatal, Geicom, SiPNI,
e-SUS), produção e implementação de projetos de marketing digital em empresas.

Ademir Rodrigues de Mattos

Doutorando em Administração de Empresas, Mestre em Engenharia de Produção.


AUTORES

Especialista em Engenharia de produção e Metodologia do Ensino superior, Bacharel em


Administração. Atualmente é Professor no ensino superior do Centro Universitário de União da
Vitória e Consultor das empresas.

Adrieli Alves Pereira Radaelli

Aluna de Doutorado em Administração da Universidade de Caxias do Sul - PPGA/UCS,


realizando um período sanduíche no Cesaer Dijon, Centre d Economie et de Sociologie
appliquées à l Agriculture et aux Espaces Ruraux, como bolsista da Chaire UNESCO Culture e
Traditions du Vin, da Université de Bourgogne, França. Mestre em Administração pela
Universidade de Caxias do Sul, UCS, Brasil - 2012, sendo Bolsista CAPES - Modalidade I.
Graduação em Ciências Econômicas pela Universidade de Caxias do Sul, UCS, Brasil - 2010.
Atuou como bolsista iniciação científica junto ao Mestrado em Administração-UCS, de abril de
2008 a dezembro de 2009. Atuou como Docente da Faculdade da Serra Gaúcha e da
Falculdade Murialdo. Experiência na área de Inovação, Empreendedorismo, Economia e
Economia Brasileira

Alana Deusilan Sester Pereira

Doutoranda em Administração de Empresas pela Escola de Administração de Empresas de


São Paulo - Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV). Professora Assistente do Departamento
de Engenharia de Produção no Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas (ICEA) da
Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Mestre em Administração pela Universidade
Federal de Viçosa e bacharel em Sistemas de Informação pela Universidade Federal de Ouro
Preto. Atua em pesquisas nos seguintes temas: Estratégias Organizacionais e Gestão do
Conhecimento.
Amanda Priscila da Fonseca Baptistini

Graduanda em Gerontologia na Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Técnica em


Enfermagem e Especialista em Urgência e Emergência Intra e Extra Hospitalar pelo Centro
Paula Souza – CPS. Possui formação em Terapias Complementares pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial – SENAC. Atuou no Centro Cirúrgico da Santa Casa de Misericórdia
de São Carlos, em Instituições de Longa Permanência para Idosos – ILPIs, na Unidade Saúde
Escola – USE e no Hospital Universitário da UFSCar.

Ana Cristina Fachinelli

Ana Cristina Fachinelli é professora do Programa de Pós-Graduação em Administração e do


Centro de Ciências da Comunicação da Universidade de Caxias do Sul. É Pós-doutora em
Inteligência Estratégica - Universidad de Deusto (2010), Espanha, doutora em Ciências da
Comunicação e da Informação - Université de Poitiers (2002), França, mestre em Informação
Estratégica e Crítica Vigília Tecnológi - Université D'aix Marseille (1994), França, e bacharel
em comunicação Social pela Universidade de Caxias do Sul (1989). Atualmente é membro da
comunidade - Comunidad Iberoamericana de Sistemas de Conocimiento, membro do
AUTORES

executive board - Annual Knowledge Cities World Summit, membro do international advisory
board - World Capital Institute e professora do Programa de Pós-Graduação em
Administração e do Centro de Ciências da Comunicação da Universidade de Caxias do Sul.
Tem experiência e pesquisa na área de Comunicação, Informação e Estratégia, Inteligência
Estratégica, Gestão do Conhecimento e Desenvolvimento Baseado em Conhecimento.

Andrezza Marianna Pinto de Oliveira

É bacharel em Administração com habilitação em Marketing pela Faculdade de Ciências


Sociais Aplicadas (2006), bacharel em Psicologia pela Universidade Estadual da Paraíba
(2007), mestre em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco (2010).
Atualmente é professora da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, em Campina Grande -
PB, e cursa doutoramento em Administração pela UFPE, em Recife - PE, tendo como foco a
pesquisa da qualidade de vida no ambiente da pós-graduação.

Antônia Francisca da Silva Saraiva

Graduação em Ciências Contábeis (FAI), Graduação em Tecnologia em Recursos Humano


(UNINOVE), MBA em Recursos Humano (UNINOVE) e Mestranda em Desenvolvimento
Regional (UFT). Atuando em pesquisa sobre as pequenas no desenvolvimento regional. Com
experiência na Área de Recursos Humanos com ênfase em Departamento Pessoal.
Antônio Carlos de Lemos Oliveira

Doutorando em Engenharia de Produção pela Coppe-UFRJ. Mestre em Administração pelo


COPPEAD/UFRJ e Engenheiro Mecânico pela UERJ. Possui Especialização Lato Sensu (MBA)
em Gerenciamento de Projetos e Implementação de Empreendimentos pela FIA/USP. É
certificado como Project Management Professional (PMP) pelo PMI. Participou durante dois
anos da equipe de pesquisa do Construction Industry Institute (RT 292) que elaborou a
publicação “Transferring Experiential Knowledge from the Near-retirement Generation to the
Next Generation”. Trabalha no RH da Petrobras onde atuou como coordenador de conteúdo
local para projetos de Gás e Energia, como Gerente Setorial de Desenvolvimento de Recursos
Humanos da Estrutura Corporativa da Diretoria de Engenharia, Tecnologia e Materiais, como
Gerente Setorial de DRH da Engenharia da Petrobras e na Gestão do Conhecimento da
Engenharia da Petrobras. Professor de pós-graduação lato sensu na UERJ e Estácio.
Professor Tutor, Tutor-orientador e Mentor na Graduação Tecnológica da FGV. Ex-professor
de pós-graduação lato sensu da UVA e IDHGE. Ex-professor de graduação em Engenharia de
Produção da UERJ e da UVA. Ex-Consultor e Educador do Sebrae e Senac. Atuou como Líder
de Projetos na Shell Brasil, participando do Projeto de Reorganização Estratégica na América
Latina. Como Consultor da A.T.Kearney trabalhou junto a grandes clientes como Bradesco
Seguros e Toledo do Brasil. Atuou como Gerente de Engenharia Industrial da Planta Gráfica
AUTORES

da Souza Cruz.

Antônio de Souza Silva Júnior

Graduado em Administração de Empresas pela Universidade de Pernambuco (2006). Mestre


em Administração pela PROPAD/UFPE(2009). Doutor em Administração pelo PROPAD/UFPE
(2014). Professor da Universidade Federal de Pernambuco Campus Recife, Departamento de
Ciência da Informação. Tem experiência em gestão de projetos.

Aylana Laíssa Medeiros Borges

Doutoranda em Turismo pela UFRN, na linha de Desenvolvimento Regional. Atuou como


Cerimonialista na empresa Charms Cermonial. Atuou como Secretária Municipal de Turismo
Esporte e Lazer de Sítio Novo/RN. Mestra em Turismo pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte - UFRN. Graduada em Turismo pela Universidade Federal do Rio Grande do
Norte - UFRN. Técnica em Guia de Turismo pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Norte - IFRN.

Camila Thayná Santos

Graduada em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco. Atuou em projetos


de consultoria pelo SEBRAE/PE.
Celeste José Zanon

Doutor e mestre em Estratégia de Operações, especialista em Gestão da Produção e


Engenheiro Químico pela UFSCar. Possui pós-graduação em Gestão Empresarial pela FEA-
USP. Atualmente é professor adjunto do Departamento de Gerontologia da UFSCar. Algumas
de suas linhas de pesquisa residem em estratégias de marketing para o público sênior e
gestão de operações de serviços em saúde. Atuou em cargos gerenciais por mais de 16 anos
na Faber-Castell Brasil desenvolvendo trabalhos nas áreas de novos produtos e processos,
gestão de operações, logística e planejamento.

Cleber Cristiano Prodanov

Possui graduação em História pela Universidade do Vale do Rio do Sinos - UNISINOS (1987);
Mestre (1992) e Doutor (1998) em História Social pela Universidade de São Paulo -
FFLCH/USP. Atuou durante o período de 2011-2014 na função de Secretário de Ciência,
Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do Estado do Rio Grande do Sul. É professor títular
da Universidade Feevale, onde atua no corpo permanente do Programa de Pós-graduação de
Processos e Manifestações Culturais sendo pesquisador do grupo de Cultura e Memória da
AUTORES

Comunidade na mesma Universidade. Atua também no Grupo de Pesquisa Multidisciplinar em


Inovação e Competitividade da Universidade de Caxias do Sul. Exerce atualmente a função
de Pró-Reitor de Inovação da Universidade Feevale, responsável pelo Feevale Techpark e
pela Incubadora Tecnológica da Feevale

Cristine Hermann Nodari

Pós-Doutorado em Inovação pelo Programa Nacional de Pós-Doutorado da Coordenação de


Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (PNPD/CAPES). Doutora em Administração
pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Brasil e pela
Universidade de Caxias do Sul (UCS) Brasil, Bolsista do Programa de Suporte à Pós-
Graduação de Instituições de Ensino Particulares da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (PROSUP/CAPES). Mestra em Administração pela Universidade de
Caxias do Sul (UCS), Brasil. Especialista em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV) Brasil. Graduação em Administração pela Universidade do Vale do Rio dos
Sinos (UNISINOS). Principais temas de interesse e linhas de pesquisa: Inovação:
Competitividade e Mercado

Daniel Adorno Gomes

Daniel Adorno Gomes é graduado em Tecnologia em Processamento de Dados na Faculdade


de Tecnologia de Americana – FATEC-AM (1997). Em 2008 concluiu o curso de Pós-
Graduação Lato-Sensu em Java Corporativo na Faculdade Politécnica de Campinas –
Policamp. Autor do livro “Web Services SOAP em Java”, publicado pela editora Novatec em
2010, e tendo sua segunda edição lançada em junho de 2015. Em 2015 obteve o título de
Mestre Profissional em Gestão de Redes de Telecomunicações do Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Engenharia Elétrica na Pontifícia Universidade Católica de
Campinas (PUC-Campinas). Atualmente, trabalha como engenheiro de software para a IBM.
Suas pesquisas concentram-se em meios de interconexão de redes de sensores sem fio e a
Internet.
David Bianchini

David Bianchini é graduado em engenharia eletrônica na Escola de Engenharia Mauá (1979)


com 20 anos de experiência profissional em empresas de telecomunicações (Ecodata e
EMBRATEL). Sua formação compreende ainda a Pós-graduação em Administração pela
Universidade de São Francisco - USF, o Mestrado em Educação pela PUC-Campinas sobre a
Qualidade do Ensino Superior e o Doutorado em Educação pela Universidade Estadual de
Campinas - UNICAMP (2003) com foco em Ciência, Educação e Tecnologia. Professor titular
na PUC-Campinas na Faculdade de Engenharia Elétrica e Engenharia de Produção.
Pesquisador e professor nos Programas de Pós Graduação em Sistemas de Infraestrutura
Urbana e Pós Graduação em Engenharia Elétrica, sendo o Coordenador deste último.

Diego Fernandes Silva

Possui graduação em Engenharia de Produção pela Universidade de Franca (2012) e MBA


em Engenharia e Inovação no Centro Universitário Uniseb (2015). Mestrado em Administração
das Organizações na FEA-RP (USP) em andamento. Pós-graduação em Educação a
Distância: Planejamento, Implantação e Gestão no Centro Universitário Claretiano em
AUTORES

andamento. Atualmente é Professor e Auxiliar de Coordenação do curso de Engenharia de


Produção no Centro Universitário Claretiano. Estudante no grupo de pesquisa INGTEC -
Núcleo de Pesquisas em Inovação, Gestão Empreendedora e Competitividade da
Universidade de São Paulo.

Eduardo Robini da Silva

Graduado em Marketing pelo Centro Universitário UNIFTEC. Mestre em Administração na


Universidade de Caxias do Sul – UCS. Aluno do doutorado em Administração na Universidade
de Caxias do Sul – UCS. É fundador da Escola VER | Idiomas e Cursos Profissionalizantes;
Cofundador da TecSerra | Cursos Técnicos e da FAP | Faculdade de Antônio Prado; e Editor-
Chefe do Jornal Cidadania. Possui experiência na área da Administração, atuando
principalmente nos seguintes temas: Aprendizagem Organizacional, Gestão do
Conhecimento, Inovação e Empreendedorismo, Marketing, Estratégia Empresarial,
Planejamento Estratégico e Plano de Negócios.

Elvisney Aparecido Alves

Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar


(2007), mestre em Administração pelo Centro Universitário Municipal de Franca – Uni-FACEF
(2000) e bacharel em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Campinas –
UNICAMP (1986) e em Administração pelo CLARETIANO – Centro Universitário (2016). É
professor titular do Uni-FACEF, no curso de Ciências Econômicas, desde 1990. Atualmente é
professor e coordenador de Cursos Superiores de Tecnologia, na modalidade presencial e a
distância, na área de gestão, no CLARETIANO. Tem experiência nas áreas de Economia e
Gestão, com ênfase em finanças-orçamento e Responsabilidade Social Empresarial.
Eric Charles Henri Dorion

Professor na Universidade de Caxias do Sul (RS), Brasil e professor visitante a l’École de


Technologie Supérieure, Canadá. Dr. Dorion lidera um grupo de pesquisa intitulado
Multidisciplinar de Pesquisa em Inovação e Competitividade. Dr. Dorion tem experiência na
área de Administração com ênfase na Administração de Empresas em um contexto regional;
atuando principalmente nos seguintes temas: estudos de organização, gerenciamento de
inovação e sustentabilidade, gerenciamento de projetos, estratégia de negócios para
pequenas e médias empresas e empreendedorismo.

Fabiano Larentis

Graduado em Administração- Habilitação Comércio Exterior e Pós-Graduado em Marketing


pela UCS. Mestre e Doutor em Administração pela UFRGS. Professor da UCS nos cursos de
graduação (Administração e Comércio Internacional), de pós-graduação lato sensu (áreas de
Marketing, Gestão Comercial, Liderança e Metodologia de Pesquisa) e no Programa de Pós-
Graduação em Administração (Mestrado e Doutorado), com ênfase em Aprendizagem nas
Organizações e Pesquisa Qualitativa. Professor de pós-graduação lato sensu de outras
AUTORES

universidades comunitárias, como Univates e UPF. Diretor do Centro da Indústria, Comércio e


Serviços de Bento Gonçalves (CIC BG). Consultor em gestão.

Fabio Rodrigues Santos

Graduado em Engenharia de Produção pela Fundação Presidente Antônio Carlos de


Conselheiro Lafaiete (2015), curso livre em Administração Financeira pelo Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial (SENAC) (2016). Possui experiência profissional de 05 anos em
Gestão de Projetos nas áreas Engenharia Civil, Montagem Eletromecânica, Transporte e
Logística.

Fagner Pereira

Professor Especialista, possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade


Presidente Antônio Carlos (2015) . Atualmente é SUPERVISOR ADMISTRATIVO da
Universidade Presidente Antônio Carlos de Conselheiro Lafaiete.

Fernanda Maciel Zeferino

Pós graduada em Gerenciamento Estratégico de Projetos (FUMEC - 2012) e graduada em


Engenharia de Produção (UNIPAC Lafaiete 2010). Nos dias atuais, é docente no curso de
Engenharia de Produção com as disciplinas Pesquisa Operacional I, Pesquisa Operacional II,
Engenharia do Produto e Simulação de Sistemas, e no curso de Administração, com Pesquisa
Operacional e Gestão de Projetos, ambos na Faculdade Presidente Antônio Carlos de
Conselheiro Lafaiete (FUPAC / UNIPAC Lafaiete). Tem experiência profissional de mais de 4
anos na área da engenharia com gestão de projetos de investimento.
Fernanda Pauleto D´Arrigo

Possui graduação em Administração pela Universidade de Caxias do Sul (2012), mestrado em


Administração pela Universidade de Caxias do Sul (2016). Tem experiência na área de
Administração, com ênfase em Administração, atuando principalmente nos seguintes temas:
gestão do conhecimento, aprendizagem, inovação e crescimento sustentável.

Guilherme Rezende Ferreira

Especialista em Gestão de Projetos da Engenharia de Produção pela Universidade do Estado


do Rio de Janeiro e também graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Gama
Filho. Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Gerenciamento
de Projetos, Treinamento e Desenvolvimento, ISO 27001 e Segurança da Informação. Em
2011, estagiou na Empresa Júnior da sua faculdade, a Gama Júnior Consultoria, como
Consultor de Qualidade e de Projeto. Em 2012, estagiou na Petrobras na área de Segurança
Empresarial.
AUTORES

Gustavo Adami

Possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Federal do Rio Grande do


Sul(2005), especialização em Especialização em Engenharia da Produção pela Universidade
Luterana do Brasil(2009) e mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas pela
Universidade do Vale do Rio dos Sinos(2015). Atualmente é Gerente de Produção da
Arlanxeo. Tem experiência na área de Química, com ênfase em Química Inorgânica

Henriette Soares Pereira Paskinn

Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM (2007), é


mestra em Diversidade Biológica pela mesma instituição (2013). Integrou o Programa de
Formação de Competências em Gestão da Inovação, no âmbito da parceria Natura / Fapeam
com foco em habitats de inovação (2014). Possui experiência em Gestão da Inovação com
expertise na área de desenvolvimento de tecnologias para negócios. Atualmente exerce
docência do Ensino Superior no âmbito das ciências da saúde na Uninorte.

Isabela Carvalho de Morais

Possui graduação em Engenharia de Produção e mestrado em Ambiente Construído e


Patrimônio Sustentável pela Universidade Federal de Minas Gerais. Atualmente, é doutoranda
em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP), com ênfase em
Estratégia de Marketing, com realização de doutorado sanduíche na University of Southern
Denmark (SDU). É professora efetiva da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), no
departamento de Engenharia de Produção, na linha de Engenharia do Produto. É professora
integrante do quadro de Professores Avaliadores do BASIS, selecionada pelo INEP/MEC para
proceder avaliações de cursos superiores. Pesquisa comportamento do consumidor e cultura
e consumo.
João Luiz Kovaleski

Possui graduação em Engenharia Industrial Eletrônica pela Universidade Tecnológica Federal


do Paraná (1986), graduação em Técnologo em Automação Industrial - Universite de
Grenoble I (Scientifique Et Medicale - Joseph Fourier) (1985), mestrado em Informática
Industrial pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (1988), DEA em Sistemas
Eletrônicos no Institut Polithnique de Grenoble (INPG) e doutorado em Instrumentação
Industrial - Universite de Grenoble I (Scientifique Et Medicale - Joseph Fourier) (1992).
Atualmente é professor Titular da Universidade Tecnológica Federal do Parana - campus
Ponta Grossa, editor das Revistas Gestão Industrial (Online) e Revista Innovare, e revisor das
revistas RAI da PGT/USP. Tem experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase
em Gestão Industrial, atuando principalmente nos seguintes temas: transferência de
tecnologia, gestão industrial, agente de inovação, gestão do conhecimento e inovação
tecnológica. Foi Diretor Geral do Campus Ponta Grossa da UTFPR por 8 anos. Vice reitor por 4
anos da UTFPR. Foi Membro do Conselho Universitário da UTFPR por 12 anos. Atualmente 1-
Presidente da APREPRO - Associação Paranaense de Engenharia de Produção. 2- Diretor de
Relações Empresariais e Comunitárias da UTFPR. 3- Professor e Fundador do
Mestrado/Doutorado em Engenharia de Produção.
AUTORES

Juliana Furlan

"Mestra em Administração pela Universidade de Caxias do Sul - UCS. MBA em Gestão de


Operações Logísticas e Supply Chain pela Faculdade da Serra Gaúcha - FSG

Especialista em Docência do Ensino Superior pelo Instituto UCAM Prominas. Graduada em


Administração de Empresas com Habilitação em Comércio Internacional pela Faculdade da
Serra Gaúcha - FSG. Coordenadora e Professora do Curso Técnico em Logística pela Escola
São Pelegrino - ESP."

Jussara Fernandes Leite

Possui mestrado em Administração, graduação em Administração de Empresa, Matemática e


Engenharia de Produção. Atualmente, é Coordenadora do Curso de Administração e
Engenharia de Produção e Professora de Gestão de Custos e Preços, Gestão de Processo,
Logística e Cadeia de Suprimentos, Planejamento e Controle da Produção e Projeto de
Pesquisa do Curso de Administração da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Conselheiro
Lafaiete (MG) e Barão de Cocais(MG). Tem experiência profissional de 12 anos em empresas
da área de reflorestamento e carvão vegetal, e de mineração; e possui mais de 15 anos de
experiência na área de educação.

Larissa Camila Gonçalves

Graduado em Tecnologia em Processos Gerenciais


Leonardo Augusto Garnica

Graduado em Administração Pública pela Universidade Estadual Paulista UNESP (2004) e


mestre em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar (2007)
na área de gestão de tecnologia e inovação. Atualmente é Gerente Científico para Sistemas
de Inovação na Natura, empresa multinacional brasileira do segmento de cosméticos.
Responsável por parcerias estratégicas de inovação com instituições de ciência e tecnologia,
agências de fomento e empresas inovadoras. Atua também como Coordenador do Comitê de
Interação ICT-Empresa da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das
Empresas Inovadoras (ANPEI).

Lia Denize Piovesan

Graduada em Engenharia de Produção Mecânica pela Universidade do Vale dos Sinos,


UNISINOS. Experiência profissional na área de Engenharia de Produção, com ênfase em
Qualidade de Processo e Fornecedores. Na área acadêmica atuou como bolsista do grupo de
pesquisa NUCMAT
AUTORES

Luani Back Silvina

Doutorado em andamento em Engenharia de Produção, pela Universidade Tecnológica


Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. Mestre em Engenharia de Produção - Stricto
Sensu, pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Campus Ponta Grossa, na
área de concentração de Gestão Industrial e linha de pesquisa Transferência de Tecnologia.
Bacharel em Engenharia de Produção pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná
(UTFPR), Campus Medianeira. Atualmente é professora na UDC Medianeira, nos cursos de
Administração e Tecnologia em Gestão Comercial.

Luciano José Vieira Franco

Mestre em Educação e Sociedade pela Universidade Presidente Antônio Carlos (2008).


Graduado em Engenharia de Operação Mecânica pela Universidade Federal de São João
Del-Rei (1978), graduado em engenharia Civil pela Escola de Engenharia Kennedy (1981).
Pós graduado em Engenharia de Segurança do Trabalho pela FUMEC/FUNDACENTRO
(1980), Pós graduado em Engenharia Econômica pela Fundação Don Cabral (1986), Pós
graduado em Higiene Ocupacional pela Faculdade de Ciências Medicas BH (2000).
Atualmente é coordenador e professor dos cursos de Engenharia de Segurança do Trabalho e
Engenharia Mecânica da Faculdade Presidente Antônio Carlos de Conselheiro Lafaiete,
Coordenador e professor do curso de Engenharia de Produção da Faculdade Presidente
Antônio Carlos de Barão de Cocais.
Luiz Antônio Zanlorensi Junior

Aluno de Doutorado em informática na Universidade Federal do Paraná. Mestre em


Computação aplicada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2016). Graduado em
Bacharelado em Informática pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (2013). Possui
experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Processamento Digital de
Imagens, automação e Inteligência Artificial.

Mabelsimone de Araujo Bezerra Guardia

Doutora pela Universidade Federal de Campina Grande, programa de pós graduação em


Engenharia Agrícola na área de Construções Rurais e Ambiência, mestre em Engenharia de
Produção pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Especialista pela Universidade
Federal do Rio grande do Norte na área de Gestão da Qualidade pelo Programa em
Engenharia de Produção. Graduação em Turismo pela Universidade Potiguar. Experiência na
área de Gestão da Qualidade e agenciamento atuação de mercado nas áreas: Transportes
aéreos, Agências de viagens e Consultoria em gestão da qualidade aplicada a restaurantes e
hotéis.
AUTORES

Marcos de Carvalho Dias

Possui graduação em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de


Campinas (1995), Mestrado pelo Departamento de Política Científica e Tecnológica da
Universidade Estadual de Campinas- Unicamp (1999) e doutorado no Departamento de
Engenharia de Produção da Universidade Federal de São Carlos - UFSCar (2011). Atualmente
é professor titular (nível III) da disciplina de Economia e pesquisador em regime integral na
Fatec/Americana. Atuou como professor titular da disciplina de Introdução à Economia para
diversos cursos na Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), na
Faculdade de Americana (FAM) e na Universidade Salesiana de Americana (Unisal), e como
professor substituto da disciplina de Introdução à Economia para os cursos de Geografia e
Engenharia Ambiental da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Rio Claro. É autor
do livro "Economia Fundamental: um guia prático", pela Editora Érica (Saraiva), do livro
"Economia no dia a dia", pela Editora Clube de autores.

Marcos Leandro

Possui graduação em Engenharia de Produção pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos -
UNISINOS e Mestrado em Engenharia de Produção da Universidade do Vale do Rio dos Sinos
- UNISINOS. Possui 14 anos de experiência profissional no setor Petroquímico, atuando nos
setores de Marketing e PCP, desenvolvendo modelos de otimização para suporte à decisão.
Professor nos curso de Engenharia de Produção e Gestão da Produção Industrial na Unisinos.
Mariana dos Santos Alves Mendes

Graduanda do 9º período de Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Ouro


Preto, cursou um semestre letivo de Ingeniería en Gestión Empresarial no Instituto Tecnológico
de Roque em Guanajuato, México (2016/2). Técnica em Administração pela Escola Técnica
de Formação Gerencial – SEBRAE (2009). Trabalhou em projetos de pesquisa em parceria
com organizações que possibilitaram experiência nas áreas de Gestão por Processos, Gestão
da Qualidade e Gestão do Conhecimento. Atuou como assessora de acompanhamento
empresarial na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica do CenTev/UFV (2017). E
atualmente é estagiária de nível superior da Cervejaria AmBev de Sete Lagoas.

Marta Pinheiro Silva Siza

Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Amazonas – UEA (2010). Possui MBA em
Gestão da Inovação e Criatividade (2014) e MBA em Gerenciamento de Projetos (2014). Atuou
como no Programa de Formação de Competências em Gestão da Inovação Natura/ Fapeam,
nas modalidades Júnior e Sênior (2013-2016), desenvolvendo projetos no âmbito da interação
público privado para inovação.
AUTORES

Omar Carvalho Branquinho

Possui graduação em Engenharia Elétrica pelo Instituto Nacional de Telecomunicações


(1985), com mestrado (1991) e doutorado (2001) em Engenharia Elétrica pela Universidade
Estadual de Campinas. Desenvolve pesquisa em redes de sensores sem fio (RSSF) interligada
à Internet para criação da Internet das Coisas. Idealizador de uma plataforma de RSSF para
ensino e pesquisa, com ambiente de programação adequado para desenvolvimento de
aplicações em Engenharia Elétrica, denominado Radiuino. Trabalha na área de propagação
de sinais em RSSF investigando os efeitos na intensidade de sinal em diferentes cenários,
com especial atenção aos ambientes agrícola e industrial. Trabalha na integração de RSSF
com a rede TCP/IP, para criação da Internet das Coisas.

Paula Patrícia Ganzer

Doutorado em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,


PUCRS, Brasil e pela Universidade de Caxias do Sul, UCS, Brasil. Mestrado em Administração
pela Universidade de Caxias do Sul, UCS, Brasil. Graduação em Administração pelo Centro
de Ensino Superior Cenecista de Farroupilha, CESF, Brasil. Atuou como Bolsista de Iniciação
Científica Voluntária junto ao Programa de Pós-Graduação em Administração, PPGA/UCS, no
Projeto de Pesquisa Caracterização e Análise das Inovações no Setor da Saúde de Caxias do
Sul. Coordenadora do Curso de Administração na Faculdade CNEC Farroupilha.
Paulo Ricardo de Souza Silva

Especialista em Redes de Computadores pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná -


UTFPR, possui licenciatura em Computação e bacharelado em Sistemas de Informação pela
Universidade Estadual do Norte do Paraná - UENP - Campus Luiz Meneghel. Experiência na
área de Tecnologia da Informação, com ênfase em Engenharia de Software, Informática
Aplicada na Educação e Sistemas de Informação. Atualmente é professor do ensino básico,
técnico e tecnológico no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná.

Pedro Paulo de Andrade Junior

Doutorado em Engenharia de Produção e Graduação em Economia pela Universidade Federal


de Santa Catarina. Professor Adjunto da Universidade Federal de Santa Catarina atuando nos
cursos de graduação em engenharia e no Programa de Pós-Graduação em Engenharia e
Ciências Mecânicas. Orienta dissertações de mestrados e de especialização, bem como
alunos de iniciação científica, tecnológica e de trabalho de conclusão de curso, buscando
atender a premissa da universidade pública brasileira: ensino, pesquisa e extensão, atuando
nos últimos 5 (cinco) anos, principalmente, nas áreas de engenharia econômica e análise de
AUTORES

custos; gestão da inovação tecnológica; e economia e planejamento dos transportes.

Pelayo Munhoz Olea

Bolsista de Produtividade em Pesquisa CNPq. Pós-Doutorado em Gestão Ambiental pela


Universidad de Extremadura, UEX, Espanha, Bolsista do Programa de Intercâmbio de
Formação de Investigadores entre a União Européia e a América Latina, Programa ALFA2
(América Latina Formación Académica) da Rede Jean Mermoz/ESPAÑA. Doutorado em
Administração e Direção de Empresas pela Universitat Politècnica de Catalunya, ETSEIB/UPC,
Espanha, Bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior,
CAPES/BRASIL. Mestrado em Engenharia de Fabricação de Papel pela Universitat Politècnica
de Catalunya, ETSEIAT/UPC, Espanha, Bolsista do Instituto de Cooperación Iberoamericana,
ICI/AECI/ESPAÑA. Graduação em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS e Graduação em Engenharia Mecânica pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, PUCRS. Atualmente é Professor da Universidade
de Caxias do Sul, UCS.

Renato José Sassi

Bacharel em Ciências Econômicas (FEFASP), Especialista em Administração de Empresas


(FECAP), Especialista em Didática do Ensino Superior (UNI-SANT’ANNA), Mestre em
Administração de Empresas (UNI-SANT’ANNA) e Doutor em Engenharia Elétrica (USP).
Atualmente é pesquisador e docente permanente do Programa de Mestrado e Doutorado em
Informática e Gestão do Conhecimento na Universidade Nove de Julho, na área de
Inteligência Computacional.
Roberto Costa Moraes

Possui graduação em Administração de Empresas pela Universidade de Taubaté (1992),


graduação em Bacharelado em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras
(1985), mestrado em Administração pela Universidade Federal de Uberlândia (2006) e
doutorado em Administração pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade -
USP (2017). Atualmente é prof. de ensino básico, técnico e tecnológico do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. Tem experiência na área de Administração,
com ênfase em Administração, atuando principalmente nos seguintes temas: análise
econômico-financeira, finanças, gestão de custos, administração hospitalar e gestão de
inovação.Cursou Gerência de Manutenção de Aeronaves Panther na Airbus Helicopters
(França) e Manutenção de Motores Arriel na Turbomeca (França). Possui estágio de
doutorado na Linkoping Universitet , Linkoping , Suécia

Sérgio Ramiro Rivero Guardia

Doutorando em turismo (2016), mestre em sistemas e computação na área de engenharia de


software pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte UFRN (2002). Graduado em
AUTORES

processamento de dados pela Universidade Federal de Campina Grande UFCG (1987).


Atualmente é engenheiro de sistemas e consultor em tecnologias da informação e
comunicação na DATANORTE (Companhia de Processamento de Dados do RN) e professor
da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Com larga experiência na área de
sistemas de informação empresarial e assessoria na gestão de empresas, tendo participado
na modelagem de processos de negócios e no desenvolvimento de sistemas
computadorizados, atuando principalmente nas áreas de: Inovação, gestão da TIC,
gerenciamento de projetos, integração, desenvolvimento e implantação de sistemas de
informação, negócios eletrônicos, sistemas de qualidade ISO e mais recentemente em
marketing digital. No momento interessado em cidades e destinos inteligentes.

Silvio Luiz de Paula

Autor de livro, possui mestrado e graduação em administração pela Universidade Federal de


Pernambuco-UFPE. Atualmente é professor de Gestão da Informação no Departamento de
Ciência da Informação na Universidade Federal de Pernambuco-UFPE. Tem experiência na
área de administração, com ênfase em gestão de pessoas, comunicação organizacional,
responsabilidade social, comportamento organizacional e mediação da informação.

Suelyn Fernanda da Silva

Mestra em Computação Aplicada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, Especialista


em Gestão da Produção com ênfase em Conhecimento e Inovação pela Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Tecnóloga em Sistemas de Informação e Licenciada
em Informática pela UTFPR. Atualmente atua como professora efetiva no Instituto Federal do
Paraná - Campus Telêmaco Borba.
Thiago Cristian Barbosa Nunes

Prof. Thiago Cristian Barbosa Nunes é graduado e licenciado em Filosofia na Pontifícia


Universidade Católica de Minas Gerais – PUC-MINAS. É bacharel em Direito pela Faculdade
de Direito de Conselheiro Lafaiete – FDCL. Especialista em Filosofia da Educação e Filosofia
Pura pela Faculdade dos Padres Clarentianos de São Paulo e pela Universidade Federal de
Ouro Preto – UFOP. Especializou em Gestão Empresarial e Meio-Ambiente pela FUMEC em
Belo Horizonte. Especializou em Direito Público pela Universidade Federal de Minas Gerais –
UFMG. Na Unipac/Lafaiete coordenou os Cursos de Pós-graduação e Projetos de extensão.
Atualmente, coordena os Cursos de Extensão e Qualificação Profissional e está na docência a
14 anos. É Advogado e atua também como Professor de Filosofia, Sociologia, Ética e Direito.

Thiago Francisco Malagutti

Mestre em Educação com foco de pesquisa nos engenheiros-professores (CUML).


Especialista em Gestão de Projetos (Uninter). Graduado em Engenharia de Produção
(Unifran). Atualmente é Coordenador/Professor nos cursos de
Engenharia/Administração/Tecnólogos/Sistemas de Informação, presencial e a distância no
AUTORES

Centro Universitário Claretiano, pertencente ao Claretiano - Rede de Educação. Tem


experiência na área de Engenharia de Produção, com ênfase em Gestão, Planejamento e
Desenvolvimento de Projetos e Produtos, Logística e Pesquisa Operacional.

Vinícius Gomes Pereira

Graduado em Tecnologia em Processos Gerenciais

Wagner Ricardo Ribeiro

Pós Graduando MBA Executivo em Gestão de Negócios e Marketing, Pós Graduado MBA em
Gestão de Pessoas, Pós Graduado em Gerenciamento em Redes Linux, Graduado em
Sistemas de Informação. Atualmente é Vice-Diretor Geral e Diretor Acadêmico da Faculdade
Presidente Antônio Carlos de Conselheiro Lafaiete, UNIPAC Lafaiete. Experiência de 17 anos
em Gestão Administrativa e Educacional.

Walter Saraiva Lopes

Possui graduação em Ciências Contábeis (UNITAU), MBA-Gerência Financeira e


Controladoria (UNITAU), Especialização em Metodologia do Ensino na Educação Superior
(FACINTER), MBA em Controladoria (UNINOVE), Mestre em Engenharia de Produção
(UNINOVE) e Doutorando em Engenheira Biomédica (UMC). Atualmente professor da
Coordenação Curso de Ciências Contábeis do Campus de Imperatriz da UFMA.
Desenvolvendo pesquisa sobre empreendedorismo e gestão de custos.
Zení Silva Jucá Bessa

Bibliotecária e Analista de informação, atua desde 2007 com gestão estratégica da


informação para ciência, tecnologia e inovação. Especialista em Inovação e Difusão
Tecnológica (2015) e mestranda do programa de pós-graduação de Ciência da Comunicação
da universidade Federal do Amazonas, sob o foco temático de ecossistemas comunicacionais
e as redes de colaboração científica. Integrou o Programa de Formação em Gestão de
Inovação Natura/Fapeam (2013-2016) nas modalidades júnior e sênior desenvolvendo
projetos de monitoramento e inteligência tecnológica.
AUTORES

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