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Psicanálise e Cinema

Psicanálise
Noções básicas de psicanálise - Freud (19o0 / A Interpretação dos
Sonhos) - médico neurologista, que através da investigação dos
sonhos e do psiquismo cria a psicanálise.
Psicanálise
Lacan - 1953, funda a Sociedade Francesa de Psicanálise; médico,
filosofo e pesquisador de literatura. Produz, a partir de 1953, Os
Seminários (12), que são sua releitura da psicanálise freudiana.
Da linguistica à psicanálise
Deslocamento da linguistica para a psicanálise (segunda
semiologia) - foco = efeitos subjetivos produzidos pelo
dispositivo cinematográfico.

Edgar Morin (O Homem Imaginário - 1958) - tratava o cinema


como um meio capaz de infantilizar e subjugar o espectador.
(tema retomado mais tarde pelos psico - semioticistas.

Tb na década de 50 - estudos do cinema como cristalizador de


mitos, sonhos, etc
Da linguistica à psicanálise
Comentário sobre o uso da psicanálise Lacaniana e a teoria do
cinema - (síntese - noção de sujeito X inconsciente; processos de
identificação no qual o sujeito constitui a si mesmo; noção do
desejo;

Deslocamento das questões de Imagem x realidade para a noção do


dispositivo, entendido como um aparato que envolvia câmera,
projeção e tela, mas também o espectador como sujeito desejante,
da qual depende a instituição cinematográfica como objeto e
cúmplice (formas de ativar e regular o desejo do Espectador)
Da linguistica à psicanálise
Questões; 1) Quais são nossos investimentos espectatoriais no
texto; 2) Qual a natureza da nossa identificação com o dispositivo
cinematográfico?; 3) Como o espectador/ destinatário é interpelado
como sujeito?; 4) Que tipo de sujeito/ espectador é modelado pelo
dispositivo cinematográfico? 5) Em que medida as narrativas
filmicas reencontrava a história edipiana, o conflito entre lei e
desejo?
Da linguistica à psicanálise
Linguagem como centro da psicanálise lacaniana (inconsciente
como efeito da entrada do sujeito na ordem linguística - simbólica).
Linguagem como condição do inconsciente.

Dimensão psíquica da “impressão de realidade”

Capacidade de persuasão do dispositivo foi analisada como: a


situação cinematográfica (imobilidade, escuridão); mecanismos
enunciativos da imagem (câmera, projeção ótica, perspectiva
monocular) - que induzem o sujeito a se projetar na representação.
Da linguistica à psicanálise
Autores como Jean Louis Baudry, Christian Metz, Comolli,
analisaram a questão da impressão de realidade na relação com o
posicionamento e identificação espectatoriais.

Baudry e os "efeitos subjetivos" da máquina cinematográfica.

Baudry… a cena da caverna de Platão e o dispositivo da projeção


cinematográfica - o cinema como um simulacro total e perfeito

Condições materiais do dispositivo cinematográfico para o efeito


da impressão de realidade - imagens em forma de sombra, a
escuridão da sala de cinema, passividade do espectador,
imobilidade, isolamento do mundo externo; produzem um estado
de regressão que simulam os momentos arcaicos de fusão do sonho
(realização de desejo - esfera psíquica), auto centramento
narcísico, processo primário de condensações e deslocamentos que
Da linguistica à psicanálise
Produção do sujeito iludido no cinema, segundo Baudry através do
uso das ferramentas da psicanálise lacaniana, vêem ou identificam
nesse sujeito espectador o mesmo processo da "identidade
psíquica" construída através de misturas de identificações
efêmeras.

A Fase do Espelho de Lacan (criança - constituição do ego infantil)


e o mecanismo do cinema -

1) fase do espelho - percepção hiperativa coincide com baixa


atividade motora; ego infantil se constitui por identificação com a
sedutora imagem do espelho, que oferece uma imagem imaginária
da sua presença autônoma (falso reconhecimento)

Metz (para Metz com a restrição que o cinema não devolve para o
espectador sua própria imagem) e Baudry - comparam a situação
Da linguistica à psicanálise
Imaginário lacaniano / presença x ausência

Investimento nas imagens como fantasias e projeções;


identificação com o próprio olhar (puro ato de percepção);
identificação com um sujeito transcendental (que tudo vê e refere
ou projeta sua visão ou seu olhar como o produtor da visão, pq
tudo se passa do seu ponto de vista, controle e negociação com a
cena, as imagens)

Prazer e desprazer no cinema segundo Metz; questão psicanalítica


(critica dos filmes pelo impacto emocional que ele tem sobre os
desejos do espectador; “Porque esse filme desagradou a min?”….;
Metz como o psicanalista dos teóricos e dos críticos.
Da linguistica à psicanálise
Feminismo - percebeu essa teoria como uma negação machista da
diferença sexual; gênero masculino para as feministas era esse
espectador;

Metz e O Significante Imaginário (1977) - a dupla natureza


imaginária do significante cinematográfico (pelo que ele
representa, e pela natureza do seu significante/ as imagens) -
aumenta as possibilidades de identificação
Da linguistica à psicanálise
Cinema e sonho segundo Metz - identificação com estados oníricos
pela passividade, crença na realidade do sonho (sonho como
experiência vivida); sonho = processo psíquico interno, cinema =
percepção real das imagens registradas (objeto real) que produz
fantasmagorias…

ilusão de realidade no sonho # impressão de realidade no cinema

Hollywood como uma fábrica de sonhos escapistas da realidade;


crítica não tratar os sonhos como somente válvulas de escape da
realidade, mas como tb um impulso utópico na direção do
desconhecido (surrealistas = sonho = desejo = lógica que quebra a
racionalidade e expressa conteúdos mais vitais, inconscientes)
Da linguistica à psicanálise
Metz explorou o cinema como duas máquinas; a industrial e a
mental (Glauber contra o cinema como industria); lucro (externo)
associado a recompensa do prazer vivido (interno)

Terceira máquina= discurso crítico

Temas explorados por Metz (o fetichismo -carência e negação;


voyeurismo - observação dos outros de uma posição resguardada;
narcisismo - sensações auto afirmadoras de um sujeito que tudo
percebe)
Da linguistica à psicanálise
O Complexo de Édipo no cinema - a encenação da pulsão do
desejo X a lei paterna (conflito)

Hitchcock e a Janela Indiscreta, como a quebra do olhar voyeurista


A intervenção feminista
A decadência do triunvirato - marxismo, semiótica e psicanálise
(Althusser, Sausurre e Lacan) - emergência do feminismo,
ecologia, movimentos gays, apoio as minorias em geral.

Declínio das teorias totalizantes

Raça, gênero e sexualidade - temas recorrentes

Feminismo - no século do cinema 2 ondas feministas no Ocidente;


Luta pelo sufrágio universal (direito de voto das mulheres); a outra
nos movimentos de liberação feminina na década de 60 (aborto,
pílula anticoncepcional, sexo livre, direito ao trabalho, etc)

Teve como modelo o movimento de liberação dos negros /


abolicionismo x critica a sociedade patriarcal (filme de Lars Von
Triers, Vanderley - 2005)
A intervenção feminista
Textos que dialogaram com a questão do feminismo e a teoria do
cinema (Um Teto Todo Seu, de Virginia Woolf, e O Segundo Sexo,
de Simone de Beauvoir)

Contra a teoria freudiana que não considera o sexo feminino como


autônomo; crítica ao domínio masculino na teoria freudiana (libido
única que definia toda a sexualidade)

Década de 60/70 - criticas quanto a representação das mulheres no


cinema hollywoodiano e machismo do cinema de arte europeu
(contra os estereótipos femininos; puta, virgens, vampiras, sem
cérebro, etc - mulhere como objeto sexual)
A intervenção feminista
Crítica ao Clube do Bolinha da teoria do autor (busca de inclusão
de mulheres que são autoras no cinema)

Agnes Varda e Germaine Dulac - apontadas como autoras que tem


uma escrita feminina, capaz de expressar o desejo da mulher

Algumas teóricas começam a deslocar a crítica feminista da


identidade sexual biológica, para a construção do gênero, visto
como um construtor social, delimitado por questões culturais,
sociais, históricas, etc. (Teresa de Lauretis, Rosalind Krauss, Laura
Mulvey, etc)

Contra a subordinação feminina nos enredos fílmicos, que só


colocam os homens como protagonistas, individualizados, ativos,
etc
A intervenção feminista
Laura Mulvey (Visual Pleasure and Narrative Cinema - 1975) - o
masculino como sujeito ativo e o feminino como objeto passivo do
olhar espectatorial. A lógica dos olhares reafirmando os valores
modelares da sociedade patriarcal - ativo=masculino, passivo=
feminino.

Por isso propunha a rejeição total do prazer fílmico (Mulvey) / faz


depois uma auto crítica pelo determinismo do esquema proposto e
pelo uso do instrumental lacaniano; a questão do híbrido, mas
misturas, faz parte da auto critica.
O nascimento do espectador
Barthes e a morte do autor e o nascimento do leitor / a teoria do
cinema sempre fez uma reflexão sobre o espectador (Munsterberg,
Eisenstein, Bazin, Mulvey, etc)

Anos 80 e 90 - teorias da espectatorialidade incluem formas


diferenciadas socialmente de espectatorialidade;

Teoria da Recepção (Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser) -


enfatizam a relação entre o leitor e um texto virtual; o
preenchimento das lacunas pelo leitor; mudança do espectador
passivo para o ativo
O nascimento do espectador
Não era mais interpelado para ocupar uma posição pré definida na
relação com o filme; ele constitui agora o texto e é por ele
constituído.

Contra a submissão do espectador na teoria do dispositivo - o


espectador era investido agora por sua história, experiência,
cultura, etc pra ler e se relacionar com o texto.

Stuart Hall (Encoding and Decoding - 1980) - rejeita a tradição


Lacaniana que o sujeito é falado pelo texto pq a linguagem
determina a posição do sujeito no mundo, Hall postula três amplas
estratégias de leitura;
O nascimento do espectador
1 - A leitura dominante - realizada pelo espectador que está
propenso a aceitar a ideologia dominante e a subjetividade por ela
produzida;

2- A leitura negociada - o espectador que aceita a ideologia


dominante, mas por sua situação de vida reflete criticamente
“locais”específicas.

3- A leitura resistente - Aqueles que por sua situação e consciência


no mundo, fazem uma oposição direta à leitura/ texto dominante
O nascimento do espectador
Texto, dispositivo, história, discurso - estão em jogo para produzir
sentidos múltiplos a partir da relação com um espectador X.

A espectatorialidade deve levar em conta múltiplos registros; 1) o


espectador conformado/ modelado pelo próprio texto (focalização,
convenções de ponto de vista, estrutura narrativa. Mis-en-scène,
etc; 2) O espectador modelado pelos dispositivos técnicos; 3) O
espectador modelado pelos rituais de cada meio; 4) o espectador
modelado pelos discursos e ideologias do ambiente; 5) o
espectador real, com um corpo específico, uma história,
nacionalidade, cultura, etc
O nascimento do espectador
Pesquisas no campo da recepção e espectatorialidade no cinema
(audiências no cinema primitivo; composição da audiência de
acordo com classe social, urbanização, etc; papel do fã e lugar de
culto no cinema, etc)

liberdade espectatorial é a tônica da teoria atual X pessimismo da


década de 70

Falta preparação cultural e/ou política que capacite o leitor a ler


criticamente, em face de um sistema midiático altamente
concentrador.

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