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A Autoridade da Palavra Tom Ascol

Durante a história, especialmente depois da Reforma, é notório que os protestantes têm tido um respeito
profundo pela Bíblia. As melhores DECLARAÇÕES DE FÉ que nós temos começam com uma afirmação
de nossa submissão a esta Palavra de Deus.
Por exemplo:
O primeiro parágrafo da Confissão de Fé Batista de 1689 começa assim:
"A Sagrada Escritura é a única regra suficiente certa e
infalível de conhecimento para a salvação, de fé salvadora e
de obediência...".
Isto tem sido aceito por todos os batistas através da História, e isso por si só explica por que temos
classes de estudos bíblicos nas nossas igrejas; explica por que nós lemos grandes porções da Palavra de
Deus em nossos cultos de adoração; explica, também, por que nossos cultos deveriam ser centrados na
Palavra de Deus. Ajuda até a explicar um pouco da nossa arquitetura; qual é o enfoque, qual é o ponto
principal daquela construção das igrejas que foram centradas nessas verdades que estamos nós
enfocamos.
O enfoque, no caso, é o púlpito, o local de onde a Palavra de Deus vai ser lida, vai ser pregada. Isso não é
uma coisa acidental, ela é feita com propósitos definidos. Tudo porque a Bíblia deve ser central à nossa
vida, à nossa adoração. Meu querido irmão pastor, à medida que o irmão está semana após semana
diante da sua congregação, espera-se, exige-se, que o irmão esteja ali pregando a Palavra de Deus. Nunca
devemos esperar que o irmão esteja ali para falar do seu conhecimento próprio, da sua sabedoria pessoal.
O chamado para ser um pregador da Palavra é um chamado a sermos submissos à Palavra. Por que é que
nós fazemos isso? Por que devemos ter uma visão tão elevada das Escrituras, e não dos livros santos dos
hinduístas ou dos muçulmanos? Há uma resposta simples a esta pergunta: porque a Bíblia é Palavra de
Deus escrita para o nosso benefício.
Há algum tempo eu estava falando numa conferência de jovens e, depois de uma das mensagens, vários
jovens vieram conversar comigo. Eu gosto muito de conversar com jovens. E eles tinham perguntas com
relação à mensagem, com relação às inquietações que estavam enfrentando. Enquanto nós
conversávamos, eu percebi que havia um jovem que estava meio retraído, num cantinho. Ele esperou que
todos fossem embora, e aí ele se achegou para mim com um olhar que o denunciava estar muito
perturbado. Disse-me: "Pastor Ascol, eu espero que o senhor possa me ajudar! Eu tenho um problema
sério para o qual não encontro resposta. Eu quero que o senhor me prove que a Bíblia é verdadeira. Prove
que ela é verdadeiramente Palavra de Deus". Eu olhei para ele e disse assim: "Eu não consigo fazer isso".
O jovem demonstrou ficar chocado com a minha resposta. Eu acho que o que ele estava realmente
procurando era um debate, uma discussão. Ele começou a explicar todo o seu ceticismo, todas as suas
dúvidas e confusões. Ele estava esperando ou que eu desse uma resposta bem simples ou que eu me
deixasse envolver pelas armadilhas do seu ceticismo. Por um lado, não era consistente dizer que a Bíblia é
a Palavra de Deus e que nós devemos nos submeter à sua autoridade quando estava falando para um
cético; mas por outro lado, eu dizer que nós não podemos provar que ela é a Palavra de Deus repleta da
autoridade de Deus não é isso inconsistente, na verdade.
Na verdade eu estou convencido de que a Bíblia é a Palavra escrita de Deus. Eu estou tão convencido
disto quanto estou convencido que a distância mais curta entre dois pontos é uma linha reta. Mas eu não
posso provar nenhum dos dois pontos de forma dedutiva. No entanto, a evidência para os dois casos é
algo que nos deixa maravilhados. Você já tentou provar, de forma dedutiva, que a distância mais curta
entre dois pontos é a linha reta? Não dá para se fazer isso. Eu pedi que meus filhos fizessem isso há
alguns meses. Sabe o que eles fizeram? Eles pegaram um pedaço de papel e começaram a encher de
pequenos pontos; então, eles começaram a juntar os pontos com linhas nas várias direções. E depois de
uma hora de conversa nós tínhamos dúzias de papéis cheias de linhas retas ligando dois pontos. E o que
eles conseguiam dizer para mim era: "Está vendo, papai, a distância mais curta entre dois pontos é a linha
reta". E eu continuava dizendo para eles: "Mas ainda havia outras opções que vocês não tentaram". De
forma dedutiva não há como você provar esta verdade, mas isso não faz com que a coisa não seja
verdade. Todo o sistema matemático e da Física se estrutura sobre este ponto; da mesma forma nós temos
uma multidão de razões para submeter-nos e obedecermos a Palavra de Deus. Eu gostaria que nós
considerássemos algumas destas razões que a própria Bíblia enumera.
II Tm 3.14-17
Esta é a última carta que o Apóstolo Paulo escreveu; ele estava perto do final da sua vida. A melhor
evidência que temos da morte de Paulo sugere que isto aconteceu não muitos meses após ele terminar
esta carta. Ele está escrevendo ao seu jovem colega de ministério, Timóteo. Timóteo era pastor da Igreja
em Éfeso. Aqui está o velho Apóstolo Paulo, o idoso Apóstolo Paulo, escrevendo as instruções finais
àquele jovem pastor. Ele passa uma boa parte de seu tempo escrevendo esta epístola, enfatizando a
importância da Palavra de Deus. Estes versículos, eles compreendem uma porção clássica a respeito da
Palavra de Deus, e do que ela é em relação ao restante da Escritura. Vamos ouvir o que o próprio Deus
diz à respeito de Sua própria Palavra. Vers.14:-17.
"Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste, e de que foste inteirado,
sabendo de quem o aprendeste. E que desde a infância sabes as Sagradas
Letras que podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus.
Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a
repreensão, para a correção, para a educação na Justiça. A fim de que o
homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda a boa
obra."
Nós vamos gastar um tempo razoável abordando dois pontos: "A origem e o propósito da Bíblia".
Primeiro: A Bíblia vem de Deus. O versículo dezesseis diz que toda a Escritura é dada por inspiração de
Deus. A palavra "inspirada", é uma palavra importantíssima. Paulo não está falando aqui de uma
experiência subjetiva; não é aquele sentido de inspiração em que se tem uma noção mais profunda de que
algo está por acontecer ou acontecendo. Todos nós já experimentamos o que é inspiração nesse sentido
que eu acabei de descrever. Eu já fui inspirado pelo pôr do sol, por exemplo! Eu já fui inspirado por
algum ato heróico de alguém. Nós falamos de inspiração com esta conotação subjetiva. Não é isto que o
Apóstolo Paulo tem em mente, quando ele usa a expressão inspirada; literalmente traduzindo esta
expressão, nós teríamos que dizer: "soprada por Deus". O que o Apóstolo Paulo está dizendo é que:
"Deus soprou as suas Escrituras". Na verdade ele esta dizendo: "Deus expirou as Escrituras." Saindo de
sua boca como seu próprio respiro.
Não existe na própria Bíblia nenhuma afirmação, categórica, cristalina, que explica como Deus fez isso!
Sabemos que Deus usou autores humanos, mais de quarenta deles. Eles escreveram num período
compreendido entre 1.500 a 2.000 anos. Escreveram a partir de contextos diferentes, pano de fundo
histórico diferente, escreveram com estilos diferentes; é fácil nós vermos, por exemplo, a diferença de
estilo entre um Marcos e um João. O Evangelho de Marcos é cheio de ação, ele quer descrever os eventos
da vida de Cristo de forma vívida para nos dar um bom resumo de todos esses eventos. O Evangelho de
João, por outro lado, procura descrever, em minúcias, alguns eventos chaves da vida de Jesus. Então,
cada um desses autores está escrevendo por perspectivas diferentes, por visões diferentes, com estilos
diferentes. Mas o propósito de Paulo ao se referir acerca de todos os escritores bíblicos, é que Deus os
dirigiu sobrenaturalmente, à medida que eles iam escrevendo. De forma que aquilo que eles escreveram,
na verdade, foi Deus quem "expirou" (soprou). No evento da inspiração das Escrituras, nós somos mais
uma vez confrontados com aquele relacionamento chave entre a SOBERANIA DE DEUS E A
RESPONSABILIDADE HUMANA. A Soberania de Deus não nega a Responsabilidade Humana! Mas
ainda assim, a responsabilidade humana não suprime a SOBERANIA DE DEUS! O apóstolo Pedro sabia
disso muito claramente e por isso ele escreve em II Pe.1:20,21:
"Sabendo, primeiramente, isto, que nenhuma profecia da Escritura provém de particular elucidação; porque nunca,
jamais, qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto homens [santos] falaram da parte de Deus
movidos pelo Espírito Santo".
Em outras palavras: A inspiração é algo que vem da Soberania de Deus e da responsabilidade humana. O
Apóstolo Paulo está tecendo esse argumento como referindo-se a toda as Escrituras, (a Bíblia completa). É
verdade que, quando ele escreveu a Timóteo, tinha em mente primordialmente o Antigo Testamento.
Porque os trinta e nove livros do Antigo Testamento eram a Bíblia do Apóstolo Paulo. Na mente dos
escritores do Novo Testamento, há uma equação entre Deus e as Escrituras; não é idolatria de forma
alguma, não é confundir Deus com um livro, é um reconhecimento dum livro que vem de Deus. (Refere-
se às Escrituras, na própria Bíblia, como sendo o próprio Deus). E as palavras escritas nas Escrituras são
equacionadas com as palavras que vêm da boca do próprio Deus. Por exemplo: Gálatas. 3:8. Aqui o
Apóstolo Paulo escreve o seguinte: "Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios,
preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti serão abençoados todos os povos". Você percebe o que Paulo diz acerca
da Escritura? Ele diz: "A ESCRITURA PREGOU A ABRAÃO!" Ele está citando Gênesis:12:3. Se você
abrir em Gênesis 12:3 encontrará o seguinte: É Deus que está falando diretamente a Abraão. São as
palavras verbais de Deus que Paulo cita aqui. E Paulo diz: "Ora, a Escritura anunciou a Abraão". O que
isso nos diz a respeito do pensamento de Paulo com relação às Escrituras? Ele equaciona as palavras das
Escrituras com as palavras do próprio Deus. O que a Escritura diz, Deus diz! Nós encontramos isto
claramente, em Romanos.9:17: "Porque a Escritura diz a Faraó: Para isso mesmo te levantei, para mostrar em ti o
meu poder, e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra". Paulo diz em Romanos, "a Escritura diz
isso a Faraó"; é como se ele estivesse conferindo à Escritura uma voz.
Mas o que encontramos em Êxodo 9:16?
Nós descobrimos que as palavras que Paulo cita aqui, são as palavras audíveis de Deus pronunciadas
naquela oportunidade. Então o que é que Paulo pensa das Escrituras? "O que a Escritura diz, Deus
afirma!" Nós vemos isso na direção oposta também. A Escritura não é apenas mencionada como sendo o
próprio Deus falando, mas fala-se de Deus pronunciando palavras como se fora a Escritura! Jesus nos dá
um exemplo disso em Mt.19:04,05. Ele está respondendo algumas dúvidas, algumas perguntas dos seus
críticos. Veja o que diz esta passagem (Mateus.19:04-05): "Então respondeu Ele: Não tendes lido que o Criador
desde o princípio os fez homem e mulher, e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua
mulher, tornando-se os dois uma só carne?".
Jesus está dizendo que: "Deus disse isso a Adão e a Eva". Ele está citando Deus! Mas se você abrir em
Gênesis 2:24, verá que essas não são as palavras audíveis de Deus, não foi Deus que falou isso de forma
audível. Na verdade elas são a descrição inspirada que Moisés narrou naquele trecho. Jesus fala a respeito
de Deus como se Suas palavras fossem a própria Escritura. Em Hebreus 3:07, o autor diz o seguinte:
"Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se ouvirdes a sua voz....". O autor está dizendo que foi o Espírito
Santo que pronunciou estas Palavras. É o que diz o Salmo 95.7: "Ele é o nosso Deus, e nós ovelhas de sua mão.
Hoje, se ouvirdes a sua voz." Em nenhum lugar dessa passagem as palavras são atribuídas ao Espírito
Santo. Mas o autor de Hebreus diz que o Espírito Santo pronunciou estas Palavras. Nós vemos o mesmo
tipo de raciocínio em Atos 4. Os discípulos haviam passado por perseguição. Fora dito a Pedro e João
que não pregassem mais em nome de Jesus; eles levaram o seu relato de volta para a Igreja (Pedro e João).
Em Atos 4:24,25 vejamos o que aconteceu: "Ouvindo isto, unânimes levantaram a voz a Deus e disseram: Tu,
Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que neles há; que disseste por intermédio do Espírito
Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram cousas
vãs?" Aqui há uma equação daquilo que o homem disse, com aquilo que Deus está dizendo! O Espírito
Santo é tido como tendo proferido as palavras das Escrituras. Na mente dos escritores do Novo
Testamento não existe essa tendência moderna que nós encontramos mais e mais nos dias de hoje: de
separar a autoridade de Deus da autoridade das Escrituras. O que as Escrituras dizem, Deus diz; o que
Deus diz, as Escrituras dizem!
Quando Paulo disse que toda a Escritura é inspirada por Deus, ele estava pensando, primordialmente, no
Antigo Testamento. Mas essa afirmação certamente inclui os livros do Novo Testamento, porque no
Novo Testamento se equaciona os escritos dos Apóstolos com a Palavra de Deus. O Apóstolo Paulo teve
esta compreensão em I Ts 2.13, quando ele escreveu o seguinte: "Outra razão ainda temos nós para
incessantemente dar graças a Deus: É que, tendo vós recebido a Palavra que de nós ouvistes, que é de Deus,
acolhestes não como palavra de homens, e, sim, como, em verdade é, a Palavra de Deus, a qual, com efeito, está
operando eficazmente em vós, os que credes". Vocês não receberam, diz Paulo, as nossas palavras, como se
fosse meramente

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