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EM NOME DO PAI: ANÁLISE

DO MAUSOLÉU FAMILIAR
COMO FATO DE
DISTINÇÃO DENTRO
DA ARTE TUMULAR*

ARTIGO
CLARISSA GRASSI**
FABIO DOMINGOS BATISTA***

Resumo: partindo-se das similitudes encontradas entre a cidade dos mortos e a cidade dos

Goiânia, v. 10, n.2, p. 241-257, jul./dez. 2012.


vivos, o presente artigo objetiva traçar um paralelo entre a arquitetura praticada pela socie-
dade do Ancién Régime no séc. XVIII e as características do mausoléu da família de Carlos
José Franco Oliveira de Souza, localizado no Cemitério Municipal São Francisco de Paula
em Curitiba, utilizando-se a estética como fator de distinção.

Palavras-chave: Arte tumular. Distinção. Arquitetura. Mausoléu.

N o silêncio do campo santo mais antigo de Curitiba, entre múltiplas formas de construções
tumulares, elementos arquitetônicos reiteram na cidade dos mortos o papel que seus ocu-
pantes buscaram entre a sociedade dos vivos. Tal qual a cidade de Curitiba, o Cemitério
São Francisco de Paula apresenta uma paisagem visualmente segmentada em bairros com
características que definem períodos e materiais utilizados, assim como delimitam a área
ocupada pelas famílias mais abastadas e distintas da sociedade de outrora.
Essa divisão é tão acentuada, que até mesmo os terrenos que abrigam os mau-
soléus e esculturas importadas de países como Itália, França e Portugal, possuem um

* Recebido em: 01.07.2012.


Aprovado em: 08.12.2012.
** Especialista em Marketing pela FAE Business School. Graduada em Relações Públicas pela Uni-
versidade Federal do Paraná. Presidente da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais. Autora do
livro Um olhar... A arte no silêncio. E-mail: clarissa.grassi@gmail.com

*** Especialista em Estética e Filosofia das Artes pela Universidade Federal do Paraná. Graduada em
Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná. Mestre em Projeto e Tecnologia do
241 Ambiente Construído pela Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: fabiousul@gmail.com
traçado totalmente diverso do restante do cemitério e encontram-se aglutinados em um
espaço visualmente delimitado. É como se antigos bairros nobres, como o Batel, conhe-
cido por ter abrigado as maiores mansões de Curitiba, tivessem sido recriados bem no
centro do mapa do cemitério.
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Figura 1: Foto aérea do Cemitério Municipal São Francisco de Paula


Fonte: Arquivo SMCS/Cesar Brustolin.

É nesse cenário de edificações, concorrentes entre si em altura, elementos de-


corativos e suntuosidade, que se destaca o mausoléu da família de Carlos José Franco
Oliveira de Souza, devido ao seu porte e complexidade arquitetônica. Construído em
dois pavimentos, em uma área de 107m2, o mausoléu alberga uma capela em seu pavi-
mento superior, sendo que a área de enterramentos localiza-se no pavimento inferior.
A separação destes dois ambientes, assim como os acessos independentes (enquanto
a capela é acessada pela entrada principal e a área de enterramentos pela entrada dos
fundos), fornecem elementos para que se proceda uma leitura crítica sobre a construção
dessa edificação como representação social no cemitério.
Partindo-se das similitudes apontadas por autores como Coelho (1991) e Ca-
troga (1999) entre a cidade dos mortos e a cidade dos vivos, objetiva-se traçar um
paralelo entre a arquitetura praticada pela sociedade do Ancien Régime da Paris do séc.
XVIII, analisada por Elias (2001) e as características do referido mausoléu da família de
Carlos José Franco Oliveira de Souza, utilizando-se a questão estética, segundo aponta
Bourdieu (2008) ,como fator de distinção e unificação dos iguais.

NECRÓPOLE COMO ESPELHO DA POLIS

A organização dos cemitérios, com seu traçado de ruas, avenidas e diferentes


tipos de habitação, relações de vizinhança e, principalmente, a hierarquização do es- 242
paço, segundo Coelho (1991, p. 8) obedece a critérios semelhantes à cidade dos vivos.
Nesse sentido, tais espaços podem ser trabalhados como micro-espaços a partir da con-
ceituação que Argan (2010) dá à cidade, como um “grande espaço composto por vários
outros micro-espaços e micro-lugares que adquirem significações que se adéquam aos
usos que lhes é dado”.
Como necrópoles, os cemitérios ao contrário de serem feitos para os mortos,
são, sobretudo, feitos para os vivos, espelhando as cidades que os produzem. Repro-
duzindo em sua topografia a sociedade global, como um mapa reproduz um relevo ou
uma paisagem, o cemitério reúne a todos em um mesmo recinto, segundo Ariès (1982,
p. 547). Para o autor, família real, eclesiásticos, assim como categorias de distinção con-
forme o nascimento, ricos e pobres, ocupa cada um seu lugar devido, já que a finalidade
do cemitério é representar um resumo simbólico da sociedade.
A sociedade do Ancien Régime da Paris do séc. XVIII ornamentava suas casas
pelo prestígio e representação, para realçar a posição social. Elias (2001), em seu livro
Sociedade de Corte, ao analisar as estruturas de habitação como indicadores sociais,
apontam de que forma as diversas funções sociais correspondem aos modos arquitetô-
nicos de construir as casas. Essa preocupação atinge não somente as camadas superiores
da sociedade, como corte e burguesia, mas também as camadas mais baixas. Nível
social e configuração visual testemunham e expressam a situação social. A França,

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segundo Elias (1993, p. 17) foi a mais influente das sociedades de corte, gerando, a
partir de Paris, códigos de conduta, maneiras, gosto e linguagens que se difundiram,
em variados períodos, por todas as cortes europeias.
Nesse contexto fica premente a obrigação dos indivíduos de se mostrarem de
acordo com a posição, manifestando através da casa a que nível social o proprietário
pertence. Nessas moradias o valor do prestígio encobre o valor meramente utilitário.

A configuração da casa da aristocracia, em se tratando da camada determinante em todas


as questões de estilos de vida, também constitui o modelo para a estrutura da casa da alta
burguesia (ELIAS, 2001, p. 78).

Essa luta entre as tendências de economia e ostentação, segundo o autor, que


servia ao mesmo tempo como símbolo do prestígio e do status, estendeu-se até nossos
dias, ainda que o caráter representativo dos ornamentos tenha desaparecido. Nos cemi-
térios essa busca pela distinção social e individualização não foi diferente, sendo guiada
pela burguesia afortunada da segunda metade do século XIX que, criando espaços de
sepultamento altamente segregativos, repetia o que ocorria em suas vivendas nas cida-
des (MOTTA, 2008, p. 29). O túmulo torna-se um signo identitário do morto.

O CEMITÉRIO MUNICIPAL SÃO FRANCISCO DE PAULA

Criados no Brasil a partir do século XIX, seguindo medidas higienistas já


aplicadas aos países europeus, os cemitérios extra-muros – que passam a substituir o
enterro ad sanctos (dentro das igrejas) – desempenham uma espécie de eficácia simbó-
lica da conservação da memória ao materializar monumentos arquitetônicos de jazigos
individualizados, em torno dos quais se desenvolvem práticas, cultos e produções de
natureza simbólica diversa. É o chamado período áureo da arte tumular, que no Brasil
243 acontece entre 1860 e 1930 (ARIÈS, 2003; VOVELLE, 1997; MOTTA, 2008).
Campo santo mais antigo de Curitiba, com 157 anos desde sua fundação
em 1854 (CAROLLO, 1995, p.63), o Cemitério Municipal São Francisco de Paula
reúne, entre seus 5.792 túmulos, grande parte dos personagens da história curitibana e
paranaense. Entre mausoléus e esculturas muitas vezes importadas da Europa, famílias
imprimiram através da arte tumular o sentido que a morte passou a adquirir depois do
século XIX, a morte burguesa.
Em seus 51.414 m2, o Cemitério Municipal São Francisco de Paula, segundo
Imaguire (apud GRASSI, 2006), ocupa um terreno alongado, acomodado ao traço das
ruas por formas de trapézio, possuindo uma rua principal cortada por ruelas trans-
versais, estreitas, que fazem o acesso a todos os jazigos. Para Carollo (1995, p. 92) no
espaço desse cemitério é possível identificar pelo menos 4 “bairros” delimitados pelas
diferentes formas de construção dos túmulos. O primeiro, com a predominância de
túmulos verticalizados em estelas onde o mármore é o material mais utilizado, com-
preende a área da entrada principal do cemitério até a localização da antiga capela,
demolida na década de 1960 e onde hoje encontra-se uma praça. O segundo vem em
seguida, formado por capelas e mausoléus cuja característica marcante é a monumenta-
lidade das construções albergadas em terrenos com dimensões maiores. O traçado das
quadras é totalmente diferente do padrão geral do cemitério. O terceiro “bairro” está
localizado na subida para o cruzeiro, caracterizado pela predominância de jazigos cuja
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verticalidade é retomada, mas que, ao lugar de estelas funerárias, gavetas se sobrepõem


formando um tipo de “predinho”, recoberto de materiais como o azulejo. Do cruzeiro
para frente, encontra-se o quarto e último bairro, formado por túmulos mais simples,
destituídos de estatuária ou maiores elementos decorativos.

Figura 2: Planta baixa do Cemitério Municipal São Francisco de Paula


Nota: acervo MASE.

MAUSOLÉU FAMÍLIA DE CARLOS JOSÉ FRANCO OLIVEIRA DE SOUZA

Dentre as construções existentes no Cemitério São Francisco de Paula, des-


taca-se na paisagem a edificação funerária da Família Carlos José de Oliveira e Souza
devido ao seu porte e complexidade arquitetônica. O edifício foi implantado na área
aparentemente mais nobre do cemitério, tendo como entorno a maior concentração
de mausoléus. O grande edifício é valorizado pela inserção de uma cúpula central,
sobre o volume retangular onde estão inseridas a capela e a área destinada aos sepul-
tamentos. 244
Figura 3: Fachada do mausoléu Família Carlos José Franco Oliveira de Souza
Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.

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Localizado no entroncamento da Rua 1 com a 4ª. Paralela, na Quadra 22, a
construção foi feita sobre um dos maiores terrenos do cemitério, medindo 107m2 de
área. A datação aproximada de aquisição do terreno é do início do século XX, quando
em 1906 foi enterrado o corpo de José Carlos, uma criança de três meses de idade.
Nessa época, a construção existente era a de uma carneira simples, conforme registro
apontado no livro de sepultamentos. Somente em 1924, quando do enterro de uma
criança de 12 anos, de nome Plínio, é que o status da construção constante no livro
passa de carneira para capela. Essa construção ocorre quando 14 membros da família,
incluindo o patriarca, sua esposa e um de seus oito filhos já haviam sido ali enterrados.
Somando as inumações até a construção da capela, constavam 5 adultos e 8 crianças.

Figura 4: Vista a partir da entrada do mausoléu


245 Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.
Trata-se de uma edificação com fortes influências ecléticas. O programa é
simples, possuindo originalmente dois espaços distintos, a área destinada à capela, que
ocupa o nível superior da construção, devido a importância do uso, e a área da cripta
que ocupa a parte inferior do edifício, com piso abaixo do nível do terreno. O edi-
fício foi planejado um pouco afastado do alinhamento da rua, possibilitando assim
a implantação de um jardim frontal, em cujo canteiro central, segundo familiares,
encontra-se delimitado o mapa do Paraná. Sob um pé de camélia plantado no centro
do canteiro, segundo relatos, estaria sepultado o corpo de uma empregada da família,
cujo registro não pode ser verificado pela ausência de placa de sepultamento.
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Figura 5: Canteiro em formato do mapa do Paraná


Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.

O terreno é cercado por uma grade metálica ao modo da arquitetura residen-


cial da época. Há dois acessos, sendo que o principal que liga a frente da edificação à
capela é resolvido por uma elegante escada curva com dois lances simétricos, revestida
com mármore branco e o acesso secundário, que está localizado nos fundos da edifica-
ção, possibilita entrada ao espaço destinado às sepulturas.
O edifício tem área total de 78m2, sendo a capela com 36m2 e a parte de
enterramentos com 42m2. O prédio é formado por um volume quadrado em cujo
centro foi implantada a cúpula de planta redonda e um pequeno abside aos fundos.
Esta solução volumétrica causa a descentralidade da cúpula, que só pode ser percebida
internamente. Para a inserção da cúpula redonda em uma base quadrada foi utilizado o
recurso conhecido como pendentes, ou seja, a criação de elementos angulares de junção
entre o plano quadrado e o plano redondo. Tais elementos são comuns na arquitetu-
ra sacra, onde geralmente figuram internamente as imagens dos quatro evangelistas,
como é o caso da Basílica de São Pedro em Roma. 246
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Figuras 6 e 7: Interior da capela com detalhe para a cúpula
Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.

O espaço interno da capela é dividido entre a nave e o altar. A nave, que possui
o espaço mais nobre do edifício, é coroada com o espaço interno da cúpula, adornada
com pigmentação azul e estrelas douradas, representando assim o céu. O altar, confec-
cionado em mármore, ladeado pelos retratos em preto e branco do Coronel Carlos José
de Oliveira e Souza e de sua esposa Ritta, foi implantado na abside da capela, delimi-
tado por um arco pleno apoiado sobre colunatas jônicas. Em suas laterais, seis placas
de mármore parafusadas de cada lado fazem a vez de epitáfios de lóculos para ossadas.
O teto do altar é arredondado e também é decorado com pinturas representando o
céu. As paredes laterais da nave possuem janelas com arco ogival e as paredes laterais
do altar possuem janelas quadrifólicas, lembrando uma espécie de óculo, comum em
alguns frontões de igrejas. Para se ter acesso à área de enterramentos é necessário sair
pela entrada principal e contornar o edifício em direção à entrada lateral, já que os dois
ambientes não possuem qualquer tipo de comunicação entre si.
A cripta, ou área de sepultamento, consiste em um espaço simples, ocupando
o embasamento do edifício. Seu acesso é secundário, localizado aos fundos, não po-
dendo ser visualizado no conjunto da edificação. Possui apenas uma porta de batente
baixo, com três degraus para o acesso à cripta, em cujo beiral externo encontra-se uma
placa em homenagem a Herculano, benemérito fundador da Sociedade de Socorro aos
Necessitados. Outra placa trabalhada como baixo-relevo em mármore, foi fixada perto
da entrada. Possui a imagem com uma coroa de flores em torno da cruz, mas a família
não sabe precisar sua origem. O acesso de luz ao ambiente é feito por essa porta de
entrada e por uma janela quadrifólica fixa, com a mesma configuração das do altar,
implantada aos fundos da cripta, coincidindo externamente com a base do patamar da
247 escadaria.
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Figuras 8 e 9: Porta de entrada da cripta e vista geral do ambiente


Fonte: Acervo pessoal Clarissa Grassi.

O espaço em formato retangular possui pé direito baixo e seu teto é trabalha-


do em cavetos contínuos, padrão também presente nos nichos de enterramento e ossá-
rios. Nas paredes laterais, próximo à entrada, encontram-se 3 conjuntos de portinholas
de metal em ambos os lados, cada uma dividida em duas folhas, para ossários, totali-
zando 12 nichos individuais numerados. Em seguida, 6 nichos de cada lado da cripta
formam um conjunto de 12 sepulturas. Ao final da área existe um prolongamento,
referente ao patamar externo da escadaria, onde mais 6 nichos, divididos em 3 de cada
lado, possuem dimensões intermediárias às do ossários e nichos, destinados ao enterro
de crianças. Através da localização de placas e consulta no registro de sepultamentos,
além de entrevista com familiares, foi comprovado de que se trata de uma área para
enterramento de infantes, totalizando seis crianças sepultadas. Somando-se todos os es-
paços inicialmente projetados na cripta, o mausoléu teria capacidade para receber 6 cor-
pos de crianças, 12 de adultos e mais 12 ossadas. Vários objetos decoram o ambiente,
sendo três esculturas “encontradas no cemitério”, assim como epitáfios trabalhados em
louça, mármore e bronze, além de diversas fotografias. Flores artificiais também estão
presentes em vasos distribuídos sobre os túmulos. Originalmente não haviam carneiras
no solo da cripta. Tanto a capela quanto a área da cripta sofreram alterações ao longo
do tempo, que serão comentadas mais à frente.
248
Figuras 10, 11 e 12: Vista dos ossários, seguida de nichos de enterramento e área destinada
para inumação de crianças
Fonte: Acervo pessoal Clarissa Grassi.

É visível a hierarquia dos usos, ou seja, o espaço destinado à capela tanto


internamente quanto externamente é mais nobre, enquanto o espaço destinado à crip-
ta, função principal do edifício, é quase escondido e visivelmente menos importante.

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A entrada para a área de enterramentos, com seu acesso pelos fundos da construção,
assim como a configuração da porta, batente baixo, remetem às características de uma
entrada de serviço.
É nesse ponto que as semelhanças entre a arquitetura do Ancién Régime apon-
tadas por Elias e as características desse mausoléu ficam mais próximas.

Quando pensamos assim o campo doméstico dos grandes senhores e damas do Ancién Ré-
gime, vemos ao mesmo tempo, em sua construção, a partir de um ângulo determinado,
a natureza da rede de relações na qual ele está entrelaçado. [...] Por fim, o modo de sua
inserção na sociedade, ou ‘society’, acha-se representado na disposição das salas de recepção.
O fato de os salões ocuparem a parte principal e central do primeiro andar é, além disso,
um espaço maior do que o dos dois appartaments privés juntos, já é por si só um símbolo da
importância que a relação com a sociedade tem na vida dos indivíduos em questão. Aí se
localiza o centro de gravidade de suas existências (ELIAS, 2001, p. 73).

De acordo com familiares, a capela do mausoléu era um espaço utilizado pela


família para a realização de missas, onde familiares e amigos dos mortos eram convida-
dos a fazer parte da celebração. Essa prática essa foi abandonada ao longo do tempo e o
genuflexório que ficava defronte ao altar da capela foi retirado após ser constatado que
se encontrava infestado por cupins.

EM NOME DO PAI, A DESCENDÊNCIA

Carlos José Franco de Oliveira e Souza nasceu em Curitiba, em 1830. Em-


presário, exercia atividades comerciais em Campo Largo, onde possuía um engenho de
erva-mate. Posteriormente transferiu-se para a cidade de São João do Triunfo, sendo
249 um dos fundadores da comarca, onde ocupou o cargo de primeiro prefeito. Deu con-
tinuidade aos seus negócios com erva-mate na cidade onde também exerceu o cargo
de delegado de polícia. Coronel da Guarda Nacional, Carlos desempenhou o cargo de
deputado estadual no biênio 1895/1896, onde foi presidente da casa. Era casado com
Ritta de Azevedo Souza, com quem teve oito filhos.
Filho de Carlos José, Herculano Carlos de Souza nasceu em Campo Largo,
em 1871. Foi casado em primeiras núpcias com Francisca Macedo de Souza, falecida
em 1913, com quem teve oito filhos e, em segundas núpcias, com Maria da Conceição
Correia Reinhardt de Souza, falecida em 1942, com quem teve mais dois filhos. Hercu-
lano também seguiu no ramo de negócios da erva-mate. Comerciante ativo fez parte da
Junta Comercial do Paraná. Foi o fundador da Sociedade Socorro aos Necessitados, en-
tidade que se dedicava ao atendimento da população carente e cuja inauguração ocor-
reu em 21/9/1921. Contando com o apoio de diversos empresários da época, Herculano
inaugurou em 1923 a “Vila 1”, um conjunto de 12 casas de madeira que atendiam
cerca de 60 pessoas em situação de risco. Posteriormente novas instalações foram inau-
guradas, incluindo um ambulatório médico, dispensa e cozinha. Outras construções
foram feitas e, hoje, a Sociedade Socorro aos Necessitados é uma ONG mantenedora
do Centro de Educação Infantil Meu Pequeno Reino, Lar dos Idosos Recanto Tarumã
e mantém parceria técnica com a Escola Maternal Annete Macedo. Apesar de somente
José Carlos e Herculano terem sido figuras de relevância pública, suas famílias já eram
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consideradas influentes na sociedade paulista e paranaense.


A primeira inumação neste terreno, constante nos registros do cemitério,
ocorreu em 11/12/1906. Era de uma criança com três meses de idade, filho de Hercu-
lano, responsável pelo pagamento de 5 mil réis de emolumentos, que, por esse preço
na época, equivaliam ao enterro em uma carneira, sem o título de concessão perpétua.
Como as concessões de terrenos só foram formalizadas em 1965, não é possível indicar
se a compra do terreno ocorreu antes do primeiro sepultamento. Apesar de Herculano
ter arcado com o custo dessa inumação, o que automaticamente o faria concessionário
do terreno, a concessão da área, quando regularizada em 21/08/1965, saiu em nome da
Família Carlos José de Oliveira e Souza.
Herculano possui outro título de concessão no Cemitério Municipal São
Francisco de Paula, local onde provavelmente estão enterrados seus outros filhos, já que
no mausoléu encontram-se apenas o já citado José Carlos e Adyr, filho de seu segundo
casamento, morto logo após nascer, além de suas duas esposas. Analisando-se a lista
de inumações no mausoléu, através dos registros de placas de sepultamento, percebe-se
que os primeiros enterramentos ocorridos após a construção do mausoléu foram dos
filhos do patriarca Carlos José, assim como de seus primeiros netos.
Esse processo de reagrupamento da família em torno do túmulo é segun-
do Motta (2008) a ideia do todo sobre as partes, buscando fortalecer laços entre os
membros da família. São os túmulos de família edificados em torno do nome do pai,
inscrevendo o indivíduo em um passado comum, unindo-o a uma cadeia de gerações.

O que se vê nas versões mais elaboradas desses túmulos é o desejo de unidade e continui-
dade que se impõe face à segmentação e dispersão depois da morte, com isso, evitando que
os sepultamentos fossem realizados separadamente. Neles não importa o indivíduo isolado
do seu grupo de filiação, mas o sujeito social genérico, constituído a partir da referência a
um antepassado ou herança comum à qual se liga através de relações com seus ascendentes e
descendentes (MOTTA, 2008, p. 111). 250
É na fachada do mausoléu, sobre a porta de entrada, que consta a placa “Fa-
mília Carlos José Franco Oliveira de Souza”.

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Figura 13: Detalhe para a placa de identificação do mausoléu
Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.

A memória como instância supletiva de imortalização e a necessidade de se


negar a morte do outro dentro das necrópoles oitocentistas, deram origem, segundo
Catroga (1999) a uma cenografia e a um novo culto dos mortos, assim como o ressur-
gimento de qualificações da morte como “morte-sono”.

Isso explica que a morada do morto se tenha arquitectonicamente elevado, não só a sucessora
e sucedânea do “tecto eclesiástico” (o jazigo-capela), mas também a “casa”, e que a sepultura,
tal como a casa da família (dos pais, dos avós), tenha passado a ser outro centro privilegiado
de identificação e de filiação de gerações. E todas essas necessidades simbólicas fizeram da
necrópole um analogon da cidade dos vivos (CATROGA, 1999, p.16).

As divisões espaciais do mausoléu da família Carlos José transitam entre a


função de teto eclesiástico, conforme aponta Catroga, e casa da família, mesclando
elementos que ora rementem a uma como é o caso do altar de mármore com símbolos
cristãos e santos na capela, oura em outra, como os porta-retratos colocados sobre as se-
pulturas na cripta e as fotografias dos patriarcas ladeando o altar. As divisões de entrada
principal e de serviço também remetem a um conceito de casa.

USO E DESCARACTERIZAÇÃO DO ESPAÇO

Inicialmente projetado com uma capacidade para receber quarenta e duas


inumações (entre enterramentos comuns, de crianças e ossadas), número considerável
251 para uso, o mausoléu teria todos os elementos para atender às demandas de sepulta-
mento da família sem que suas características arquitetônicas sofressem alterações ao
longo do tempo. Como foi construído quando 14 membros da família de Carlos José
de Oliveira e Souza já haviam sido enterrados na antiga carneira, os primeiros espaços
do mausoléu a serem ocupados foram os nichos do ossário localizado nas laterais do
altar da capela. Pela importância do espaço, os ossos do patriarca, sua esposa e dois
filhos adultos foram ali depositados. Os ossos de sete crianças foram aglutinados em
um único nicho. Posteriormente também foram depositados nestes nichos os ossos de
outro filho do casal e de um neto.

Figuras 14 e 15: Ossários localizados nas laterais do altar


Goiânia, v. 10, n.2, p. 241-257, jul./dez. 2012.

Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.

As inumações na cripta, cujos nichos em caveto ofereciam a capacidade para


12 enterramentos, chegaram ao limite em 1940, quando foi constatada uma caracte-
rística peculiar deste mausoléu: os cadáveres ali enterrados não se decompõem com-
pletamente. Segundo relato de uma das familiares que possui as chaves do mausoléu,
entre os membros da família costuma-se comentar que possuem “o corpo seco”. Diante
da impossibilidade de exumação dos corpos “secos”, que segundo relato ocorreram
várias vezes, os familiares optaram por erigir mais carneiras no espaço livre da cripta.
As primeiras carneiras extras foram feitas na área ao lado dos nichos. Pelos registros de
sepultamento, conclui-se que foram construídas a partir da década de 1940 somando
ao total 6 unidades, que, por terem sido construídas junto aos nichos laterais, impossi-
bilitam o uso de seis dos antigos nichos. É interessante notar que a família não optou
por fazer todas as carneiras de uma só vez. Observando-se cada uma delas é possível
perceber as diferenças no alinhamento e dimensões, caracterizando edificações cons-
truídas uma a uma.

Figuras 16 e 17: Detalhes das novas carneiras construídas a partir de 1960


Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi. 252
A partir da década de 1960, como ainda ocorriam tentativas de exumações
em que os cadáveres não haviam se decomposto, começou-se a construir carneiras nas
laterais da capela. Em função da área da capela ser grande, as edificações foram feitas
usando o alinhamento das colunatas que sustentam o arco do altar, sem prejudicar
a vista do mesmo, em cujas alterais encontram-se as fotos dos patriarcas penduradas
na parede. O piso da capela que era feito de mármore foi modificado, recebendo a
cobertura de um azulejo decorativo, restando somente o patamar de entrada e o altar
da capela ainda com o revestimento original. As janelas laterais foram encobertas com
placas metálicas para que o acabamento dos túmulos não ficasse visível externamente.
Atualmente o local comporta 14 carneiras, sendo divididas em 7 de cada lado. Tota-
lizando o número de sepultamentos registrados, o mausoléu da Família Carlos José
Franco Oliveira de Souza acomoda 59 enterramentos, sendo alguns de cinzas provindas
do processo de cremação.

Goiânia, v. 10, n.2, p. 241-257, jul./dez. 2012.

Figura 13: Detalhe para a placa de identificação do mausoléu


253 Nota: acervo pessoal Clarissa Grassi.
Em uma análise mais aprofundada, pode-se afirmar que esta tipologia de edi-
fício ainda não assume plenamente a função para qual foi destinada, ou seja, os ele-
mentos e espaços elencados para a configuração da edificação funerária transitam entre
a edificação religiosa e residencial, visto o uso de elementos comuns em edificações
sacras, como a cúpula, janelas e óculo, juntamente com a utilização de escadaria, jar-
dins, grades metálicas comuns na arquitetura residencial do período. Esta observação
demonstra as dificuldades da arquitetura absorver este novo programa, entendê-lo e
materializá-lo de forma singular, como é percebido em outras edificações mais contem-
porâneas presentes no cemitério São Francisco de Paula.
São esses mausoléus e obras de arte presentes no “bairro nobre”, que criam
a diferenciação entre classes e é por meio desses artefatos tumulares, que outros senti-
dos estavam sendo construídos, a partir da individualização do lugar de sepultamento
Batista (2008). Em seu livro Distinção, Bourdieu (2010) discorre sobre a utilização da
estética como fator de distinção e unificação dos iguais. Segundo o autor,

Sabendo que a maneira é uma manifestação simbólica, cujo sentido e valor dependem tan-
to daqueles que a percebem quanto daquele que a produz, compreende-se que a maneira
de usar bens simbólicos e, em particular, daqueles que são considerados como atributos de
excelência, constitui um dos marcadores privilegiados da “classe”, ao mesmo tempo que o
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instrumento por excelência das estratégias de distinção, ou seja, na linguagem de Proust, da


“arte infinitamente variada de marcar distâncias” (BOURDIEU, 2008, p. 65).

Ainda segundo Bourdieu (2010, p. 7), o poder simbólico “só pode ser exer-
cido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhes estão sujeitos ou
mesmo que o exercem”. A produção escultórica e simbológica que é profusamente
aplicada aos cemitérios – durante o que Vovelle (1997) chama de “período áureo da
arte tumular”, que perdura na Europa entre os anos de 1860 a 1930, e que, no Brasil
segundo Borges (2002), ocorre de forma similar – poderia ser tomada como uma
forma de distinção dentro do conceito de habitus da sociedade, exercido dentro do
cemitério enquanto campo.
Assim, os cemitérios passam a ser um lugar de reprodução simbólica do
universo social, e, nessa condição, tornam-se campo privilegiado para a análise do
processo de implantação e consolidação dos valores burgueses na sociedade do século
passado. É nesse contexto que os cemitérios refletem sem acanhamento a alma da socie-
dade a que servem. Segundo Borges (2004), “a arte funerária, embora seja considerada
por muitos como documento “indireto”, possui, sem dúvida, um discurso simbólico,
metafórico de grande valia para compreensão da morte”.

CONCLUSÃO

O processo de aquisição e construção do mausoléu da Família Carlos José


Franco Oliveira de Souza traz algumas peculiaridades interessantes para sua leitura.
A aquisição do terreno, um dos maiores do Cemitério Municipal São Francisco de
Paula, segundo documentação disponível, foi feita por um dos filhos do patriarca, Her-
culano Carlos, um ano antes de seu pai falecer. No intervalo entre a aquisição da área
e a construção do mausoléu, treze anos se passaram. O patriarca, sua esposa, um dos
filhos, a primeira esposa de Herculano, assim como várias crianças já se encontravam 254
ali enterrados quando da construção. O desejo de reagrupamento da família no mauso-
léu sob o nome do patriarca parte dos filhos, que ao utilizarem o nome de Carlos José
para nominar o mausoléu, buscam o reconhecimento e a distinção através da trajetória
de vida do pai.
Todos os filhos homens de Carlos José, 5 ao total, receberam como se-
gundo nome o primeiro nome do pai. Não se trata de um nome comum à ascendência
de Carlos José, o que reitera a opção do patriarca em “imprimir” seu nome aos descen-
dentes. Talvez Carlos José nunca tenha imaginado construir um mausoléu para alber-
gar seus descendentes, mas em compensação marcou a origem de seus filhos através do
uso de seu próprio nome.
O uso do espaço fica restrito ao reagrupamento dos descendentes diretos de
Carlos José e alguns de seus filhos, como o próprio Herculano, adquirem outros terrenos
de concessão para o enterramento de seus descendentes. No mausoléu, a segunda geração
de Carlos José abrigada, se resume em sua maioria, a crianças e jovens mortos preco-
cemente. Hoje, ainda que o enterramento nesse mausoléu possa significar uma lotação
efetiva do espaço (em função da ocorrência dos “corpos secos”) ainda assim, descendentes
ainda buscam a distinção junto àquele que foi o membro mais ilustre da família.
A homenagem ao segundo membro distinto da família, Herculano, não pode
ocupar a frente do mausoléu, então foi colocada sob a entrada da cripta, aos fundos da

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construção. Outro filho do Coronel Carlos José, Agostinho Carlos também recebeu
uma homenagem da esposa e filhos, um baixo-relevo forjado em bronze, mas que aca-
bou sendo fixado sobre a parede do nicho onde encontra-se inumado. Outros epitáfios
em louça e mármore também foram produzidos, mas ocupam locais próximos aos da
inumação de seus corpos, na parte interna da cripta e capela. É como se toda a memória
dessa família ficasse condicionada ao seu patriarca. Herculano pôde receber sua home-
nagem, mas secundariamente, sem interferir na onomástica tumular de seu pai.
Assim como os aristocratas e burgueses do Ancièn Règime, o mausoléu da
família do patriarca Carlos José prioriza em sua divisão espacial a área de capela, local
onde a família mandava rezar missas frequentadas por parentes e amigos. Nessa divi-
são entre capela e local de enterramentos, onde ambos ambientes são completamente
separados em acesso e uso, a primeira desempenha o papel de acolher aos visitantes,
podendo ser comparada a uma sala de recepção. Um ambiente amplo como este, com
os retratos de seus patriarcas adorando o símbolo de reiteração da fé, o altar, remete ao
ambiente de casa, mais que ao de igreja. O suposto enterro da empregada no jardim,
caso confirmado, também seria outro elemento para reiterar a configuração de casa e
não de sepultura, onde serviçais, “em sua devida posição” coabitam junto de seus pa-
trões. Os diversos porta-retratos, fotografias em porcelana e placas presentes na cripta
carregam um discurso de individualização, ainda que de forma velada, já que somente
a família tem acesso ao local, onde buscam marcar e reiterar a identidade daqueles que
foram acolhidos somente sobre o nome do patriarca da família.
É muito interessante o fato de a família ter se preocupado com a disponibili-
zação de um local específico para a inumação de crianças. Ainda que a morte dos ino-
centes fosse algo relativamente comum no início do século, a destinação e sepultamento
de crianças nesse nicho dá um caráter especial à sua divisão interna. A dificuldade na
decomposição dos cadáveres ali enterrados, que poderia ser um impedimento para o
uso da estrutura, em função da lotação das carneiras disponíveis, não foi um entrave
255 para a inumação de outros cadáveres.
Sendo uma família tradicional na sociedade paranaense, a questão financei-
ra não seria um entrave para a aquisição de outros túmulos neste mesmo cemitério ou
em outro. No momento em que decide alterar completamente o uso da capela para
continuar usufruindo de sua estrutura, a família assume uma necessidade de ocupa-
ção do espaço junto àqueles que concederam ainda mais distinção ao sobrenome que
herdaram.
O mausoléu da Família Carlos José Franco de Oliveira e Souza é único den-
tro do Cemitério Municipal São Francisco de Paula e suas características merecem ser
abordadas em estudos posteriores com maior profundidade em diferentes enfoques.
Os cemitérios enquanto campo reiteram através do habitus da arte tumular,
uma gama de representações simbólicas, mas especialmente distinção diante da so-
ciedade.

IN NAME OF THE FATHER: FAMILY’S MAUSOLEUM ANALYSIS AS


A DISTINCTION FACTOR WITHIN TOMB ART

Abstract: based on the similarities found between the city of dead and the city of living, this
article seeks to draw a parallel between the architecture practiced by the society of Ancién
Régime during the eighteenth century and the characteristics of Jose Carlos Oliveira de
Goiânia, v. 10, n.2, p. 241-257, jul./dez. 2012.

Franco Souza’s family mausoleum, placed in the Cemitério Municipal São Francisco de
Paula in Curitiba, using aesthetics as a distinction feature.

Keywords: Tomb art. Distinction. Architecture. Mausoleum.

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