A escola, tal qual a concebemos atualmente, é uma instituição
relativamente nova. A educação, essa sim, é uma categoria de atividade humana praticada há tempos imemoriáveis, desde o primitivismo, atravessando modos de produção como o escravismo, em que discípulos e preceptores inauguravam a racionalidade humana e a sistematização dos conhecimentos que, desde a civilização grega antiga, ainda permeiam o pensamento ocidental. Aristóteles e Alexandre são duas personalidades históricas que desfrutaram de uma educação preceptoral. O movimento da história apresentou ainda os modos de produção feudal e capitalista. É justamente a partir do contexto capitalista que Campo Grande viabilizou uma experiência arrojada no campo da educação escolar: elevar e manter a qualidade da educação no município.
A escola tradicional cumpriu sua missão, que era a de universalizar
o acesso e até certo ponto a permanência, mas nunca logrou êxito quanto ao sucesso escolar, pois seus alunos são, sistematicamente, relegados a um instrucionismo perverso, patrocinado pela ditadura do livro didático e do despreparo docente.
Campo Grande há anos trabalha para virar o jogo contra a educação
de má qualidade e o primeiro sinal de que os investimentos de médio e longo prazo começam a surtir efeito foi a obtenção, em 2008, do primeiro lugar entre as capitais brasileiras no IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica do Ministério da Educação). As políticas públicas de educação são levadas a sério pelas administrações municipais, que oferecem ao professor a oportunidade de cursar, sem ônus algum ao seu salário, pós-graduação Lato Sensu na modalidade presencial em instituições de ensino superior locais, com conteúdos adequados à realidade e professores capacitados.
Paralelo a isso, implantou em fevereiro de 2009, duas Escola de
Tempo Integral funcionam em regiões carentes da cidade. Os educadores e gestores das escolas foram selecionados e capacitados para que sua atuação pudesse ser pautada ideais de inclusão, afetividade, cientificidade e democracia. O projeto teve a supervisão inicial do Prof. Dr. Pedro Demo, renomado autor da educação nacional, e sustenta um objetivo que é muito simples em sua proposição, mas profundo em seu alcance: o aluno deve aprender bem! Aprender bem significa ser respeitado em sua individualidade estando permanentemente incluso na comunidade escolar, ser autor, pesquisador, questionador, reflexivo, participante ativo do processo de ensino- aprendizagem, exercer a crítica munida de fundamentos, também ensinar, reconstruir, compartilhar e até, discordar dos conteúdos e métodos de avaliação propostos.
É o desafio de uma cidade que deseja acrescentar qualidade de vida
aos seus futuros cidadãos, oportunizando que estes façam bom uso dos conhecimentos científicos em diferentes situações e contextos, elevando-os a usuários competentes dos saberes que adquiriu na escola. O que vem sendo feito na Cidade Morena é o cumprimento do sentido estrito da palavra educar, que, de acordo com o dicionário Larousse (1992, p. 386) é aperfeiçoar e desenvolver as faculdades intelectuais, morais e físicas do ser humano.
O empreendedorismo dos governantes e o engajamento de seus
educadores garantem o êxito da educação campo-grandense. Todos, ao aceitar uma missão, um desafio, concordam com o pensamento do dramaturgo irlandês George Bernard Shaw (1856-1950): “Você vê coisa e diz: Por quê? Eu sonho as coisas que nunca existiram e digo: Por que não?”