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Brucelose e tuberculose

História natural

Manifestação clínica

Situação epidemiológica

Medidas de controle e prevenção

Prof. Mauro Borba


Depto. Medicina Veterinária Preventiva
● Brucelose

● Bactérias Gram-negativa do gênero Brucella

● Dois grupos antigênicos distintos, conforme sua estrutura de membrana

B. abortus Bovinos e bubalinos Lisa


B. melitensis Caprinos, ovinos e camelídeos Lisa
B. suis Suínos Lisa
B. canis Cães Rugosa
B. ovis Ovinos e caprinos Rugosa
B. neotomae Rato do deserto
B. pinnipediae Pinípedes
B. ceti Cetáceos
B. microti Camundongo do campo
● Brucelose

● Grau de virulência para os seres humanos:


– maior: B. melitensis (ainda não identificada no Brasil)
– menor: B. canis Espécies com potencial zoonótico

B. abortus Bovinos e bubalinos Lisa


B. melitensis Caprinos, ovinos e camelídeos Lisa
B. suis Suínos Lisa
B. canis Cães Rugosa
B. ovis Ovinos e caprinos Rugosa
B. neotomae Rato do deserto
B. pinnipediae Pinípedes
B. ceti Cetáceos
B. microti Camundongo do campo
● Brucelose

● A brucelose é uma doença frequente em populações humanas e animais

● Responsável por importantes perdas na saúde pública e no setor pecuário

● Muitos dos casos, em humanos, estão relacionados à:


– ocupação profissional (como médicos veterinários e laboratoristas)
– contato com populações animais
– viagens a áreas endêmicas
– consumo de alimentos que representem maior risco para infecção
● B. canis apresenta distribuição global, sendo frequentemente identificadas
em regiões mais urbanizadas:
– cães domiciliados e errantes
– cães criados em canis
bacteremia órgãos genitais urina e
sêmen
Infecção via TGI
útero e glândulas aborto
mamárias
● B. canis apresenta distribuição global, sendo frequentemente identificadas
em regiões mais urbanizadas:
– cães domiciliados e errantes
– cães criados em canis
bacteremia órgãos genitais urina e
sêmen
Infecção via TGI
útero e glândulas aborto
mamárias
Animais de produção:

bacteremia órgãos genitais urina e


sêmen
Infecção via TGI
útero e glândulas aborto

mamárias leite
● Modo de transmissão:

● Entre animais:

Hospedeiro infectado (bactéria presente no trato reprodutivo)

transmissão venérea, principalmente para B. suis, B. ovis e B. canis

Hospedeiro suscetível

● Outras formas comuns de transmissão:


– contato com material infeccioso (aborto e pós-parto)
– atenção à introdução de animais infectados
● Modo de transmissão:

● Entre animais:

Hospedeiro infectado (bactéria presente no trato reprodutivo)

transmissão venérea, principalmente para B. suis, B. ovis e B. canis

Hospedeiro suscetível

● Transmissão para humanos:


– contato com material infeccioso ou vacina (ocupacional)
– produtos lácteos contaminados e não pasteurizados (populacional)
– congênita, por transfusão sanguínea ou transplante de órgãos é rara
● Manifestação clínica da doença em animais:

● Em muitos casos não há manifestação clínica do doença


● Tanto cães quanto animais domésticos de produção:
– epididimite e orquite em machos
– placentite e aborto em fêmeas

Fonte: Setor de Patologia Veterinária - UFRGS


Aborto

Epididimite

Infecção laboratorial

Fonte: Corbel. 2006. Brucellosis in humans and animals. Genebra: WHO. p.43.
● Manifestação clínica da doença em seres humanos:

● PI é variável → doença potencialmente subdiagnosticada

● Quadro inicial é caracterizado por: febre, fadiga e dores pelo corpo

● Infecção alimentar: náusea, vômito e desconforto abdominal

● Quadro crônico:
– recaídas (sintomas similares à apresentação aguda)
– lesões ósseas e presença de abscessos em tecidos
● Situação epidemiológica da doença:

● A brucelose é uma doença zoonótica com distribuição mundial

● A doença está erradicada em alguns países, mas é endêmica em outros

● Em muitos países, como no Brasil, dados reais de incidência acumulada


são desconhecidos
● Situação epidemiológica da doença:

● A brucelose é uma doença zoonótica com distribuição mundial

● A doença está erradicada em alguns países, mas é endêmica em outros

● Em muitos países, como no Brasil, dados reais de IA são desconhecidos

● A doença está diretamente relacionada a distintos determinantes:


– principal espécie animal de produção
– ocupação profissional
– hábitos alimentares
● Situação epidemiológica da doença:

● A brucelose é uma doença zoonótica com distribuição mundial

● A doença está erradicada em alguns países, mas é endêmica em outros

● Em muitos países, como no Brasil, dados reais de IA são desconhecidos

Fonte: www.prosaia.org/brucelosis-en-paraguay/
Fontes: Hull & Schumaker. 2018.Comparisons of brucellosis between human and veterinary medicine. Infec Ecol Epide, 8:1, 1500846

Pappas et al. 2006. New global map of human brucellosis. Lancet Infect Dis. 6, 91 – 99.
Fonte: Hull & Schumaker. 2018.Comparisons of brucellosis between human and veterinary medicine. Infec Ecol Epide, 8:1, 1500846
● Brucelose bovina no Brasil, segundo dados oficiais do MAPA:

● Prevalência, de propriedades positivas, é extremamente variável:


– ~ 0,30% no estado de Santa Catarina
– ~ 2,00% no Rio Grande do Sul
– ~ 41,00% no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
– ~ 11,00 no Maranhão
● Principais medidas de prevenção e controle da doença:

● As medidas para a prevenção e controle da brucelose, bem como de


demais zoonoses, são implementadas por diferentes profissionais
vinculados à área da saúde

● A prevenção da brucelose na população humana depende principalmente


do controle e erradicação da doença em populações animais
● Principais medidas de prevenção e controle da doença:

● As medidas para a prevenção e controle da brucelose, bem como de


demais zoonoses, são implementadas por diferentes profissionais
vinculados à área da saúde

● A prevenção da brucelose na população humana depende principalmente


do controle e erradicação da doença em populações animais

● Cuidados durante o manejo com animais e produtos contaminados


● Cuidados com hábitos alimentares
● Pasteurização de produtos lácteos
● Médicos veterinários devem utilizar EPI ao atender casos suspeitos

● Cães:
– diagnóstico: teste sorológico (cuidar com FN) e isolamento bacteriano
– castração de animais infectados
– animais de alto valor zootécnico: antibioticoterapia
– canis: eliminação, do plantel, de animais infectados

– seres humanos: orientação na busca por serviços de saúde


● Doença de notificação obrigatória para animais de produção → SVO

● Animais domésticos de produção:


– testes diagnósticos e eliminação de animais positivos
PNCEBT
– cuidados sanitários na introdução de animais
– vacinação

– PNCEBT: Programa Nacional de Controle e Erradicação da


Brucelose e da Tuberculose Animal
● Doença de notificação obrigatória para animais de produção

● Animais domésticos de produção:


– testes diagnósticos e eliminação de animais positivos
PNCEBT
– cuidados sanitários na introdução de animais
– vacinação

– investigação de casos de aborto

– estimular a adoção de hábitos de higiene alimentar

– seres humanos: orientação na busca por serviços de saúde


● Tuberculose

● Bactérias do complexo Mycobacterium tuberculosis:


– M. tuberculosis (principal agente da doença em seres humanos)
– M. bovis (em algumas situações, é o agente mais prevalente)
– M. africanum
– M. canetti
– M. caprae

– M. microti

– M. pinnipedi

● Bacilo álcool-ácido resistente Fonte: www.fujita-hu.ac.jp


● Tuberculose

● Seres humanos são o principal reservatório para a tuberculose

● Infecções a partir de populações animais, principalmente pelo M. bovis


são mais comuns em:
– profissionais como veterinários, ordenhadores e magarefes
– pessoas que consomem leite e derivados, oriundos de animais
infectados, não pasteurizados ou fervidos
● Modo de transmissão:

Hospedeiro infectado (bactéria presente no trato respiratório e digestivo)

Hospedeiro suscetível

Infecção via TR ou TGI

Fonte: www.materiais.dbio.uevora.pt
● Modo de transmissão:

Hospedeiro infectado (bactéria presente no trato reprodutivo e digestivo)

Hospedeiro suscetível

● Hospedeiro infectado pode eliminar o agente através do ar expirado,


fezes e urina, bem como, demais fluidos corpóreos e leite

● Distintas espécies animais (domésticas e silvestres) pode ser infectadas


pelo agente e transmiti-lo aos seres humanos
● Distintas espécies animais (domésticas e silvestres) pode ser infectadas pelo agente
e transmiti-lo aos seres humanos:

Pesciaroli et al. 2014. Tuberculosis in domestic animal species.


Research in Veterinary Science. 97, S78 – S85.
● Modo de transmissão:

Hospedeiro infectado (bactéria presente no trato reprodutivo e digestivo)

Hospedeiro suscetível

● Introdução de hospedeiro infectado corresponde à principal fonte de


infecção em populações animais

● Importantes reservatórios selvagens da doença: texugo (Reino Unido),


gambá cauda-de-escova (Nova Zelândia) e cervídeos (Estados Unidos)
Nova Zelândia

EUA

Reino Unido
● Manifestação clínica da doença em animais:

● Principais sintomas (fase avançada):


– caquexia
– aumento de volume dos linfonodos
– tosse
– mastite e infertilidade

Fonte: patologiaveterinaria.paginas.ufsc.br
● Manifestação clínica da doença em seres humanos:

● PI é variável → doença potencialmente subnotificada

● Quadro inicial é caracterizado por febre e fadiga

● Quadro crônico:
– tosse prolongada (podendo haver presença de sangue)
– perda de peso

– dores no peito

Fonte: http://www.cdc.gov/tb
● Situação epidemiológica da doença:

Infecções causadas principalmente por M. tuberculosis. Fonte: OMS.


Fonte: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/336069/9789240013131-eng.pdf ?ua=1
MDR: resistente a múltiplos fármacos. RR: resistente à rifampicina. TB: tuberculose.
Fonte: https://antigo.saude.gov.br/images/pdf/2020/July/07/Apresenta----o-padr--o-maio-2020.pdf
Fonte: Informe epidemiológico: tuberculose. CEVS/SES-RS. 2019.
Tuberculose bovina

Fonte: Queiroz et al. 2016. Epidemiological status of bovine tuberculosis in the state of Rio Grande do Sul, Brazil.
Semina: Ciências Agrárias. v. 37, n. 5, supl. 2, p. 3647-3658.
Fonte: Relatório Anual de Atividades de Controle da Tuberculose e Brucelose no Rio Grande do Sul. DDA/SEAPI. 2016.
Fonte: Relatório Anual de Atividades de Controle da Tuberculose e Brucelose no Rio Grande do Sul. DDA/SEAPI. 2016.
● Principais medidas de prevenção e controle da doença:

● As medidas para a prevenção e controle da tuberculose, bem como de


demais zoonoses, são implementadas por diferentes profissionais
vinculados à área da saúde

● Vacinação infantil (BCG) e protocolo pós-exposição (ATB)

● A prevenção da doença na população humana depende também do


controle e erradicação da mesma em populações animais
● Médicos veterinários devem utilizar EPI ao atender casos suspeitos
● Doença de notificação obrigatória → SVO

● Animais domésticos de produção:


– tuberculinização e eliminação de animais positivos
– cuidados sanitários na introdução de animais PNCEBT

– vigilância em estabelecimentos de abate


● Médicos veterinários devem utilizar EPI ao atender casos suspeitos
● Doença de notificação obrigatória

● Animais domésticos de produção:


– tuberculinização e eliminação de animais positivos
PNCEBT
– cuidados sanitários na introdução de animais
– vigilância em estabelecimentos de abate

– desinfecção de instalações e exposição à luz solar


– estimular a adoção de hábitos de higiene alimentar
saúde dos trabalhadores → zoonose reversa

– seres humanos: orientação na busca por serviços de saúde


Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da
Tuberculose Animal (PNCEBT)

● Instituído no ano de 2001 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento (MAPA)

● Direcionado para duas doença:


– brucelose bovina (B. abortus)
– tuberculose bovina (M. bovis)

● Visa diminuir o impacto negativo destas zoonoses na saúde humana e


animal, além de promover a competitividade do setor pecuário
Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da
Tuberculose Animal (PNCEBT)

● Instituído no ano de 2001 pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e


Abastecimento (MAPA)

● Objetivos específicos:
– reduzir a frequência de casos de ambas as enfermidades
– permitir a certificação de propriedades, como livres ou monitoradas,
e que ofereçam produtos de baixo risco sanitário aos consumidores
Leitura complementar

● Corbel. 2006. Brucellosis in humans and animals. Genebra: WHO.


Disponível em: http://www.who.int/csr/resources/publications/Brucellosis.pdf

● Melo et al. 2013. Brucelose Canina: Revisão de literatura. Ciência Veterinária nos
Trópicos. v. 16, n. 1/2/3, p. 7-17.

● Ministério da Saúde do Brasil. Disponível em:


http://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z

● Organização Mundial da Saúde. Disponível em:


https://www.who.int/news-room/fact-sheets

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