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RESPOSTA TÉCNICA

Título

Decapagem mecânica e química

Resumo

Informações a respeito do processo de decapagem mecânica e química e a sua possível


substituição.

Palavras-chave

Ácido; aditivo químico; desgaste abrasivo; jateamento; material metálico; oxidação; tratamento
de superfície

Assunto
Serviços de usinagem, solda, tratamento e revestimento em metais

Demanda

Gostaria de obter informações sobre o processo de decapagem mecânica e química e a sua


possível substituição.

Solução apresentada

Decapagem

É todo o processo destinado à remoção de óxidos e impurezas inorgânicas, incluindo-se nestas


categorias: a carepa de recozimento e de laminação, as camadas de ferrugem, a casca de
fundição e as incrustações superficiais (SANTOS & CASTRO, [200-?]).

A decapagem pode ser feita por diferentes tipos de processos, destacando-se o processo por
Jacto Abrasivo: Este processo consiste em remover a carepa, óxidos e cascas de fundição por
efeito do impacto de esferas de aço sobre a peça a limpar. É indicado para uso em material
duro (SANTOS & CASTRO, [200-?]).

A qualidade da superfície resultante depende da distância entre bocais, que pode ser
optimizada. As esferas de aço são mais eficientes do que a areia, entretanto encarecem o
processo, pois a sua produção é onerosa. A pressão de ar é de 2,6 atm (SANTOS & CASTRO,
[200-?]).

Processo de decapagem mecânica (jateamento)

De acordo Siderurgia Brasil (2006) este processo consiste no arremesso de um abrasivo


metálico através de turbinas acionadas por motores elétricos, diretamente sobre a superfície
das barras, chapas ou perfis a serem limpos. As velocidades de arremesso variam de 60 a 80
m/s e as partículas metálicas podem estar na faixa de 0,17mm até 1,16mm.

Essas partículas resistem à fratura, apesar dos repetidos impactos a alta velocidade. Elas são
recirculadas através de um sistema automático, com separação de poeiras e contaminantes.
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A quantidade de abrasivo arremessada por uma determinada turbina depende da potência do
motor e da velocidade de arremesso. A cabine de jateamento é revestida com material
resistente à abrasão (SIDERURGIA BRASIL, 2006).

A poeira criada durante o processo de jateamento é exaurida da máquina e conduzida a um


filtro coletor de material particulado, de forma que a área adjacente à máquina de jateamento
permanece limpa.

Decapagem química

Finalidades

- Produzir superfícies puras - requisito essencial para a aplicação posterior de revestimentos e -


Reconhecer defeitos estruturais.

Características

Existe sempre uma solução mais eficiente para o tipo de oxidação de diferentes metais, que
torna o processo mais econômico. Materiais metálicos são atacados por ácidos e bases fortes.
Somente a camada superficial ‘não metálica’ deve ser removida, evitando o ataque do metal de
base. O ataque do metal de base é a chamada “superdecapagem”, que altera espuriamente as
propriedades do metal pelo efeito da difusão do hidrogênio atômico. Os resíduos da
decapagem favorecem a corrosão, portanto uma lavagem final cuidadosa é indispensável,
seguida de uma neutralização alcalina fraca (CIMM, [200-?]).

Agentes e aditivos utilizados na decapagem

Aditivos

Segundo Cimm ([200-?]) os aditivos tem como função a inibição do ataque excessivo das
substâncias ácidas. Para a decapagem, os aditivos são absorvidos pela superfície metálica,
impedindo a difusão do hidrogênio. O efeito protetor é medido pelo grau de inibição, conforme
equação (1) abaixo.

Grau de inibição em % = [(si – ci)/ si] x 100 (1)

Onde:
si = redução do peso sem inibidor.
ci = redução do peso com inibidor.

Observe-se que o efeito decapante dos ácidos praticamente não é influenciado pelos aditivos.
Empregando agentes ativadores especiais, consegue-se acelerar o processo de decapagem
por umectação intensiva e uniforme da superfície, aperfeiçoando também a inativação da
superfície decapada. Praticamente não há redução de espessura além daquela da carepa
(FIG. 1).

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Figura 1 – Degradação da carepa de laminação
Fonte: Pannoni, 2004

Outras vantagens do uso dos aditivos:

- Melhor aderência;
- Aumento da resistência dos revestimentos metálicos à tração e à flexão;
- Redução da fragilidade e
- Ausência de bolhas provenientes da decapagem, com melhor deformabilidade.

Ácidos decapantes para os metais mais importantes

Aço carbono

Decapado com ácido clorídrico ou sulfúrico, diluído.

Concentrações: entre 10 e 20%. Tempo de decapagem: dependem da espessura da camada


de carepa ou ferrugem.

Ácido Sulfúrico: mais barato, mais econômico no consumo, mais fácil de regenerar, tem odor
mais fraco, deve ser aquecido no uso, armazenável em tambores de ferro (CIMM, [200-?]).

Ácido Clorídrico: é usado a temperatura ambiente, ataca menos o metal, reduz a fragilidade da
decapagem, gera superfícies mais claras, armazenável em tambores de vidro ou de louça.

De acordo com Cimm ([200-?]) o custo é em geral o fator decisivo na escolha. Por isso o ácido
sulfúrico é o mais usado, além do que é vendido no mercado a concentrações mais altas (96%
ácido sulfúrico contra 33% do ácido clorídrico), requerendo menor espaço de armazenamento.
Entretanto o ácido clorídrico permite tempos menores de decapagem quando aquecido.

O tempo de decapagem depende da quantidade de carepa e ferrugem, devendo ser


determinado experimentalmente em cada caso. Em casos especiais pode-se usar ácido

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fosfórico. Ele promove certa proteção contra a ferrugem e melhor aderência das pinturas, mas
é mais oneroso. Dispensa lavagem e neutralização posteriores ferro (CIMM, [200-?]).

Ferro fundido

Tipo de ácido: Pode ser tratado com ácido sulfúrico ou clorídrico diluído, usando aditivos.

Concentrações: quando houver restos de areia na superfície usa-se 7 a 10% de HCl


combinado com 1 a 3% de HF (ácido forte) com temperaturas entre 20 e 5000 C.

Especificidades: A formação de ferrugem posterior é evitada por um tratamento de ácido


fosfórico diluído.

Aços inoxidáveis e aços cromo-níquel: a limpeza pode ser feita por uma combinação de ácido
nítrico e ácido fluorídrico, seguindo procedimentos de siderurgia

Metais com coloração natural

Cobre e suas ligas

Tipo de ácido: ácido sulfúrico diluído utilizado a 6000 C.

Concentração: de 10 a 15%.

Tempo de decapagem: não é relevante, pois a decapagem é leve.

Aditivos: não são necessários.

Especificidades: a superfície resultante não apresenta brilho uniforme. Quando desejado tal
atributo usa-se ataque por mistura de ácidos, especialmente o ácido nítrico (CIMM, [200-?]).

Zinco

Tipo de ácido: ácido clorídrico ou sulfúrico usado à temperatura ambiente.

Concentração: 3 a 10% e combinado com aditivos.

Especificidades: para ligas de zinco contendo Cu e Al passam por decapagem preliminar em


mistura de ácido crômico e clorídrico e uma decapagem final em solução com alto teor de ácido
crômico.

Zinco fundido é em geral só escovado, e antes da galvanização a graxa é removida por


imersão rápida em solução de 2 a 5% de HCl ou HNO3, com aditivo. Segue-se uma escovação
final

Estanho e Chumbo

Tipo de ácido: ácido clorídrico 2 a 3% ou ácido nítrico diluído.

A decapagem é seguida de uma lavagem eficiente e secagem imediata, evitando assim uma
limpeza mecânica.

Alumínio e suas ligas

Tipo de solução: soda cáustica diluída e ácidos nítrico e fluorídrico.


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Especificidades: o alumínio e suas ligas são cobertos por camadas finas e densas de óxidos
quando expostos ao oxigênio do ar, que devem ser removidas antes da aplicação de outros
tratamentos.

As peças passam em geral pela solução de soda cáustica, com elevação de temperatura,
devendo ser lavadas em seguida. Para remoção de resíduos faz-se breve imersão em ácido
nítrico.

Para ligas contendo silício o processo ainda prevê um banho adicional em solução fraca de
ácido fluorídrico, seguindo-se nova lavagem.

Cascas de fundição e laminação são removidas obtendo-se uma superfície clara e lisa.

O grau de ataque da superfície é controlado pelo tempo de imersão.

Especificidades: o magnésio acumula uma camada porosa de óxidos quando exposto ao ar,
impedindo a aplicação de tratamento imediato. Não é possível obter brilho prateado na
superfície. A decapagem protetora dá origem a uma camada fina com cor de latão, melhorando
a aderência da pintura posterior (CIMM, [200-?]).

Substituição da decapagem química

Durante muitos anos, o banho ácido ou decapagem química foi o método utilizado para
remover óxido e carepas de arames, barras, chapas e perfis de aço. Entretanto, nas últimas
décadas o processo de decapagem mecânica, através de jateamento com abrasivo metálico,
tem substituído, cada vez com maior freqüência, o processo de decapagem química
(SIDERURGIA BRASIL, 2006).

A decapagem mecânica tem provado possuir pelo menos duas grandes vantagens:

a) Menor custo operacional.


b) Eliminação dos problemas de descarte de resíduos líquidos inerentes à decapagem química
com ácidos.

Como o processo de decapagem mecânica tem sido utilizado cada vez em maior escala,
ocorreu em todo o mundo um avanço tecnológico no projeto de novos equipamentos de
jateamento, específicos para a decapagem desses produtos (SIDERURGIA BRASIL, 2006).

Necessidade de redução de mão de obra, aumento de produção e produtividade, redução do


custo por tonelada produzida e uma preocupação crescente com a proteção do ambiente são
fatores importantes que determinam o crescimento da utilização da decapagem mecânica
(SIDERURGIA BRASIL, 2006).

Considerações sobre os processos – Quando se utiliza o processo de decapagem química,


aproximadamente 1,5 kg de metal será perdido no banho ácido para cada tonelada de aço
limpo. Em geral, o material limpo por decapagem mecânica estará mais limpo que o decapado
quimicamente, o que proporciona melhor qualidade do produto final (SIDERURGIA BRASIL,
2006).

A operação de jateamento não provoca problema de poluição do ar ou da água, ao passo que


o banho químico apresenta, além da névoa ácida, o problema de descarte dos resíduos
líquidos.

O sistema de banho ácido requer um consumo constante de energia elétrica para manter o

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banho à temperatura adequada, ao passo que a operação de jateamento, requer energia
somente durante a operação de limpeza.

Legislação
Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005: Dispõe sobre a classificação dos corpos
de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.

Conclusões e recomendações

De acordo com Siderurgia Brasil (2006) a tendência futura é a necessidade de sistemas de


decapagem que não produzem poluição ambiental, aliada às considerações econômicas do
processo, continuarão a estimular a inovação nos projetos de novos sistemas de decapagem
mecânica com tendências irreversíveis de substituição completa dos processos atuais de
decapagem por ácidos.

Sugere-se entrar em contato com empresas especializadas no tratamento de efluentes


industriais provenientes do processo de decapagem, para mais informações e esclarecimentos.

Opersan Resíduos Industriais Ltda.


Avenida Antonieta Piva Barranqueiros, 280 - Distrito Industrial - Jundiaí/SP
Telefone: (11) 4492-4602
Site: <http://www.opersan.com.br/>.

O SBRT não tem qualquer responsabilidade quanto à idoneidade da empresa citada, cabendo
ao empreendedor optar por aquele que melhor atender às suas necessidades-qualidade,
preço, prazo de entrega.

Fontes consultadas

CENTRO ACADÊMICO DE DESIGN DA UDESC - CADU. Tratamento de efluentes [Blog].


Disponível em: <http://pages.udesc.br/~dcb2adj/efluentes/trata14.htm>. Acesso em: 26 set.
2008.

CIMM. Decapagem química. [S.I.]: Construtor Cimm, [200-?]. Disponível em:


<http://construtor.cimm.com.br/cgi-win/construt.cgi?configuradorresultado+1336
>>. Acesso em: 23 set. 2008.

PANNONI, F. D. Princípios da proteção de estruturas metálicas em situação de corrosão


e incêndio. v.2, ed. 2, 2004. (Manual Corrosão). Disponível em:
<http://www.gerdau.com.br/gerdauacominas/br/produtos/pdfs/manual_corrosao.pdf>. Acesso
em: 24 set. 2008.

SANTOS & CASTRO, LTDA. Decapagem. Tapada de Cima: [s.n.], [200-?]. Disponível em:
<http://www.santoscastro.pt/produtos2.php?id=159>. Acesso em: 24 set. 2008.

SIDERURGIA BRASIL . Limpeza de aço: Decapagem química ou mecânica. Revista Metais e


Fundição Brasil. São Paulo, ed. 33, dez. 2006.
Processos e Produtos. Disponível em: <http://www.guiadasiderurgia.com.br/revistas/siderurgia-
brasil/33/processos-e-produtos/sinto--limpeza-de-aco--decapagem-quimica-ou-mecanica>.
Acesso em: 23 set. 2008.

Elaborado por

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Simone de Paula Miranda Abreu

Nome da Instituição respondente

Centro de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico – CDT/UnB

Data de finalização

26 set. 2008

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