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ISSN: 1984 -3615

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO


INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE
I ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS SOBRE O MEDITERRÂNEO ANTIGO
&
VIII JORNADA DE HISTÓRIA ANTIGA
2009

Os escravos do Senhor: A influência da escravidão Mediterrânea sobre a carta a


Filemon.

Prof. Esp. Allan Erdy de Souza (UNIMEP/SP)

Caminhos a Percorrer

O que se pretende com esta comunicação é analisar a escravidão ao redor do


Mediterrâneo, onde se percebe uma influência no cristianismo, isto é, detecta-se as marcas
da escravidão greco-romana no contexto do século I d.C.; principalmente o que fora
encontrado na carta a Filemom, em que Paulo enfrenta e subverte a questão de escravidão.
Além disso, baseia-se na História Social e o Método Histórico-Crítico como mecanismo
de verificação teórico-metodológico. Observa-se como resultado prévio, a mudança
temática nesse contexto do I séc., em que afetou também a perspectiva expansionista do
cristianismo no Mediterrâneo.1 Utiliza-se a carta a Filemom como objeto de estudo de
caso.
No direito romano, a “Lex Aquilia”, surgiu provavelmente no séc. III a.C., para
sancionar como delito privado um certo número de fatos precisos que eram agrupados sob
a designação de “demnum iniuria datum”(dano causado ilicitamente) como, por exemplo, a
morte do escravo ou animal de outrem ou, de uma forma geral, qualquer destruição ou
deterioração de uma coisa, desde que o dano tenha sido causado “corpore”(pelo contato do
corpo do delinqüente) e “corpori2”(por lesão material). A multa devida à pessoa lesada era
calculada a partir do valor mais elevado que a coisa tivesse tido durante, para certas coisas,
o ano, para outras, o mês precedente. 3
No decurso dos séculos seguintes, a jurisprudência deu larga extensão à lei
aquiliana; em lugar dos fatos limitados visados pela lei, qualquer dano causado,
contrariamente ao direito(“in- iuria”) aos bens de outrem podia dar lugar a uma sanção;
mas a lei conserva um caráter misto: ao mesmo tempo era pena e reparação dos danos.4
O direito romano (re)conhecia as garantias 5: “pessoal” – era um contrato formalista
e verbal pelo qual o fiador(“fideiussor”) garantia a execução da obrigação pelo devedor

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principal; e a garantia “real” – onde o penhor(“pignus”) era um contrato real, que se


caracterizava pela entrega ao credor da coisa dada em garantia. 6

Apontamentos

Encontramos o princípio do amor cristão, a partir da pregação do Evangelho, que


radicaliza ao igualar e inserir um escravo na comunidade cristã, encontrada na carta a
Filemom, porque fez com que o impossível se tornasse possível para os cristãos,
principalmente aqueles que vieram do segmento social caracterizado pela escravidão, pois
a cultura greco-romana considerava o escravo como objeto, “coisa”(res). Assim, a
igualdade e a inserção à comunidade cristã por parte dos escravos, considerando-os irmãos
em Cristo, fez uma grande diferença!
Propomos a construção de um novo modelo teórico-metodológico que
contemplasse a Teologia e a História, porque as tais convergem para um ponto em comum
que é a História. Sendo possível ler o contexto bíblico em seu momento histórico, a partir
do “texto bíblico”.
Faz-se necessário um levantamento do que seria escravidão na Mesopotâmia e no
Egito, pois são considerados os povos mais antigos, que se utilizaram dessa prática; e que
influenciaram diretamente no cristianismo através do judaísmo. Entende-se que os
primeiros cristãos são uma conjugação dos judeus e de outros povos que se converteram ao
cristianismo, trazendo consigo características culturais.
Com isso, poderíamos comparar tais modelos de escravidão com a do mundo
greco-romano. Por isso, foi necessário buscar um referencial tão distante do nosso escopo
delimitado, que é a escravidão no séc. I d.C.
Percebemos ainda, que as práticas escravistas praticadas pelos povos pesquisados
foram diversas e complexas. Além disso, detectamos alguns mecanismos de dominação,
por parte dos povos dominadores, que são difíceis de conceituar, pois a própria palavra
“escravo”, no mundo antigo, tinha muitos significados. Poderia significar “escravo”,
“livre”, “servo” ou “estrangeiro”. Isso porque, tanto no Egito, quanto na Mesopotâmia
foram utilizados o trabalho forçado ou trabalho compulsório, que seria semelhante à

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escravidão.
Analisamos ainda, o judaísmo e seus grupos sociais, porque acreditamos ser uma
cultura de “transição” entre o Império egípcio e mesopotâmico para com o greco-romano,
assimilando muitos ritos e costumes, além da incorporação da própria instituição
escravidão.
Quando observamos o legado greco-romano no séc. I d.C. percebemos que, a
escravidão e as relações sociais entre dominadores e dominados se davam de múltiplas
formas. Traçamos, então uma linha mestra, com pontos que consideramos mais
importantes, tais como a análise do contexto da escravidão entre os gregos, a helenização
como mecanismo de dominação, passando pelo helenismo romano e pelo nascimento do
helenismo judeu-cristão, que desembocou no séc. I d.C. Por último, a escravidão no
próprio contexto romano, para fazermos as devidas comparações entre os tais contextos.
Precisávamos ainda, analisar as questões legais que envolviam o Império Romano e
suas colônias. Fizemos isso através da Pax Romana, tendo como fio condutor a História
Social. Pois queríamos verificar, quais foram as questões legais e administrativas que
estariam implicadas na análise do contexto à carta a Filemom., evento do neotestamentário
que surgiu na época do universalismo do Império Romano. 7
A partir disso, notamos que a escravidão na Mesopotâmia e no Egito seria uma
“tese”, por serem as primeiras. A escravidão no mundo greco-romano e no mundo do
judaísmo seria a “síntese”, pois Egito e Mesopotâmia experimentaram diversos modelos, e
os gregos, romanos e judeus sintetizaram e acentuaram a relação de exploração entre os
escravos e seus senhores. E por último, os cristãos seriam a “antítese”, pois pregavam, de
alguma forma, contra a escravidão através da prática do amor, da inclusão na comunidade
cristã, e se consideravam irmãos em Cristo. Tudo isso, mediante a pregação radical e a
aceitação do Evangelho de Jesus Cristo a partir do estudo de caso que é a carta a Filemom!
Caminhamos no sentido de apresentar a nossa hipótese, a partir da re-leitura da
carta a Filemom. Esta seria um escrito subversivo por diversos fatores. Primeiro, porque
tornava um escravo igual ao seu senhor, quando os considerava irmãos em Cristo.
Segundo, porque incluíam os escravos na comunidade, onde tal questão no contexto greco-
romano era uma afronta. Terceiro, porque, ao libertar o escravo cristão, o seu ex-senhor

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não exigiria o apadrinhamento, prática romana usual naquele período.


De alguma forma, isso contrariava as regulamentações romanas e também
prejudicava os artesãos, pois sendo Onésimo um escravo doméstico, seria concorrente
direto com o seu senhor judeu-cristão Filemom naquela comunidade. 8
Defendemos a posição de que a fuga do escravo Onésimo não existiu. Na carta a
Filemom não havia nenhuma menção a uma fuga. Todavia, há indícios que Onésimo, após
sua conversão, inseriu-se na comunidade cristã, pois possivelmente não era convertido a
religião de seu senhor Filemom.
Por isso, foi necessário a tradução da carta a Filemom e estudá-la como um caso.
Assim, tivemos condições de re-ver alguns elementos da teologia de Paulo, sua relação
com as leis do Império (greco)romano e a sua discussão sobre a liberdade contida na carta
a Filemom.
Propomos um detalhamento das múltiplas faces de Paulo, para compreendermos o
que o influenciou especificamente. Diante dessas questões apresentadas respondemos,
parcialmente, à questão fundamental, quando propusemos analisar as matrizes culturais da
escravidão, e verificamos se seria possível perceber que Paulo propunha mudança de
paradigmas, a partir da carta a Filemom.
Acreditamos e defendemos que sim, pois sua pregação evangélica, caracterizou-se
como radical pelo simples fato de pregar alguém que foi condenada à morte de Cruz, com
o título de “Kurios”(Senhor) de todos.
Nossa hipótese seria respondida parcialmente, ao acreditamos que Paulo subverteu,
com a carta a Filemom, o sistema de dominação escravista sob o Império Romano no séc. I
d.C., por acreditar que a liberdade era um princípio igualitário e inclusivo das comunidades
cristãs, confrontando as leis romanas e a ética judaica. Além disso, afrontou os costumes
greco-romanos, quando usou de trabalhos manuais, igualando-se a quem trabalhava com as
mãos.9
Alegamos, que foi com base nessa pregação radical do Evangelho, que Paulo
discutiu a libertação de Onésimo, pois ele acreditava que a liberdade humana não tinha
preço, dentro da comunidade cristã, ou seja, todos seriam iguais, porque serviriam a um
mesmo Senhor: os escravos do Senhor Jesus!

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Os Argumentos sobre os Escravos do Senhor

A cidadania romana possibilitou a Paulo circular no contexto do Império Romano


sem ser incomodado, ou seja, poderia pregar em Jerusalém, Antioquia, Síria, Roma, Ásia
Menor etc., desde que não subvertesse a ordem pública com sua pregação.
Entendemos que isso não foi possível, porque o livro de Atos dos Apóstolos,
apresenta vários conflitos, que envolviam a figura de Paulo: contra o Império Romano,
contra os judeus e contra as leis locais.
Quando analisamos a profissão de Paulo, verificamos que sua organicidade era
semelhante a estrutura de Collegia, bem como as “casas-igrejas”(oikos), ou seja, uma
espécie de clube, onde os existiam “sócios”, que se ajudam mutuamente; geralmente
tinham a mesma profissão.10
A partir dessa “sociedade” cristã através das “casas-igrejas”, percebemos que o
centro da pregação e teologia de Paulo era o “Cristo”. Sua mensagem se fundara e
fundamentara em Cristo, como senhor de todos, por isso todos eram iguais diante do
Senhor! Assim, ele demonstrou na prática o princípio social da vida cotidiana, ou seja, que
todas as classes sociais, escravo e senhor, seriam iguais em Cristo!
A qualidade do amor apresentado por Paulo a um escravo destruiu completamente
todas as formas de escravidão, como pode ser constatado na carta a Filemom, porque a
escravidão perderia o sentido, enquanto divisão humana, na nova comunidade de Cristo.
Tornou-se imperativo, para entendermos o cotidiano vivenciado por Paulo e seus
companheiros, analisarmos o contexto da “oikos”(casas-igrejas), além de verificarmos
também a relação da religião imperial e o conflito com a religião cristã da Ásia Menor,
porque a religião fazia parte do cotidiano.
É nesse cotidiano que re-visamos a tradução da carta a Filemom, pois detectamos
em seu corpo, a similaridade com outras cartas, expressões, características e cotidiano do
mundo greco-romano e judaico-cristão.
A partir dessa tradução, observamos que a carta traz uma proposta pessoal e, ao
mesmo tempo, coletiva, onde enfoca o “Serviço”(Fm 13), expresso na vivência do

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“Evangelho”(Fm 13), pois inclusive, é por causa da pregação do Evangelho, que Paulo
estava preso.
Mas, mesmo preso, não deixou de expor sua opinião em relação a uma questão tão
difícil e complexa, que era a escravidão, pois se igualou a um escravo, e pediu que o
libertasse, como demonstração da participação da pregação radical e do serviço na
comunidade, que experiencia o Evangelho do Senhor Jesus Cristo, onde todos são iguais
diante de Cristo.
Seria necessário discutir o contexto que envolvia a própria carta a Filemom como,
por exemplo, o local, a data, a quem se destinou, e se realmente foi Paulo quem a escreveu.
Ao aprofundarmos a discussão, trouxemos à tona, o argumento de que Arquippo
seria um patrono da “casa” de Ápfia, além de considerarmos Filemom, como dono do
escravo Onésimo e o elo entre essa casa-igreja(oikos) e o próprio Paulo. Além disso, os
“Collegias”11 romanos só poderiam funcionar tendo um patrono, este geralmente era
romano ou de cidadania romana. Essas Collegias eram compostas de pessoas do mesmo
tipo de trabalho.
A partir dessas observações, discutimos com mais afinco a relação da escravidão na
carta a Filemom e a possibilidade da libertação de Onésimo, e como isso foi absorvido pela
própria comunidade, ao qual eles estavam inseridos, diante de um contexto maior que era
regido pelas leis romanas.
Verificamos que Paulo exagerou no seu pedido, transformando “um
escravo”(grego: “doulos” - latim: “res” - coisa) em ser humano(grego: “sarki” – pessoa)12!
Esta atitude, assemelhava-se a dos filósofos Estóicos, que difundia a idéia de que o escravo
também era ser humano, merecendo tratamento digno. Por isso, encontramos um convite à
fraternidade na carta a Filemom, ou seja, a situação que o contexto apresentava incidia
sobre uma sociedade, na qual a escravidão era tida como algo natural e um dado adquirido.
Todavia, alguns proprietários de escravos se fizeram cristãos e co-existiam nas igrejas
domésticas(oikos), causando alguns conflitos dentro da própria comunidade cristã.
A atitude expressa por Paulo na carta a Filemom moldou as atitudes cristãs dos
quatro primeiros séculos em relação à escravidão, pois essa carta modificaria a maneira
como os cristãos viveriam na sociedade, da qual faziam parte. Significou que a prática do

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Evangelho radicalizou o “status quo” da sociedade greco-romana, desestruturando-a!


Contudo, nem todos os cristãos aderiram a essa atitude. Além do mais, muitos
cristãos sofreram a influência do poder da Pax Romana e se aliaram ao Estado Romano.
Sugerimos uma análise para percebermos como a libertação dos escravos foi visto
posteriormente, não só pelos próprios cristãos, mas também pelos não-cristãos.
Assim, ao re-ler a conjuntura dos primeiros séculos d.C. percebemos, que o padrão
de liberdade e escravidão variaram. Consoante a isso, observamos que a liberdade pregada
pelos cristãos era radical, pois igualava os seres humanos, pautando-se no amor e não mais
no Patrão-Cliente, além de superar o status quo estabelecido pela sociedade greco-romana.

Partindo para um Final (In)Feliz(?)

Re-ler a escravidão ouvindo as vozes do passado, teve o intuito de verificar o


caminho que o tema escravidão percorreu no contexto em questão, discutindo a subversão
contra o Império Romano em relação à pregação do Evangelho como instrumento de
libertação total!
Para entendermos melhor a subversão, sugerimos re-ler as vozes dominantes na
conjuntura dos primeiros séculos d.C. para depois, re-ler a relação da igreja e o Império e,
como se deu essa relação de subversão cristã.
Propõe-se ainda, analisar as conseqüências dessa re-leitura subversiva, tanto no
contexto cristão, quanto fora dele, ou seja, no mundo greco-romano, que se transformaria
mais tarde em cristão.
Num primeiro momento da História, a religião cristã era lícita, porque era vista
como um seita do judaísmo. Após a destruição do Templo de Jerusalém em 70 d.C.,
tornou-se um momento marcante e divisório entre os cristãos e os judeus. Nesse momento
a religião judaica continuaria sendo lícita; e o Império Romano começou a perseguir os
cristãos, porque seria uma religião ilícita.
Essa perseguição ficou evidente no livro do Apocalipse de João, através dos
diversos instrumentos de perseguição feito pelo Império Romano, perseguições estas que
eram tanto direta, quanto de forma imperceptíveis, através da ideologia do Império na vida

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diária e no modo de pensar e de viver das comunidades cristãs, ou seja, cooptando alguns
cristãos ao discurso romano.
As comunidades tendiam ao conformismo ou ao “normal” da vida do momento,
não questionavam, porque seriam consideradas diferentes, acarretando em perseguições,
difamações e incompreensões. Ficaram em silêncio, conformaram-se para continuarem a
ser respeitados pela sociedade. As mulheres e escravos tiveram que se conformarem,
submetendo-se e subordinando-se, para que a comunidade não fosse mal vista ou até
perseguida.
Então, novos senhores ocuparam o lugar do Senhor(Jesus), que representava as
autoridades civis e religiosas, patrões e maridos. Mas eles não podiam dizer que o Kurios
Caeses(o Deus César) era superior ao Kurios Cristo(o Deus Cristo).
Os problemas de identidade e conflito com o Império Romano, já aconteciam desde
os antecessores de Nero (54-68 d.C.). Mas foi Domiciano(81-96 d.C.)13, o primeiro, que
realmente forçou e exigiu dos seus súditos, que o chamassem de “senhor e deus”. 14
Ao analisarmos o contexto do culto ao imperador na Ásia Menor, percebemos que
está diretamente ligado ao contexto da carta a Filemom.
Havia várias razões pelas quais o cristianismo se consolidaria na ilegalidade, pois
aspirava tornar-se universal; era uma religião exclusivista; eram acusados de toda sorte de
iniqüidades; além de se negarem a ir a guerra e sua grande maioria provinha da classe
pobre. Por estes e outros motivos, que o cristianismo entrou em conflito com os interesses
temporais de muitos romanos, judeus e líderes locais gregos.
As condições do Império Romano propiciaram tanto a divulgação, quanto à
perseguição do cristianismo. Além do mais, por causa dessa relação de amor e ódio com o
cristianismo, o Império sucumbiu aos seus encantos, chegando ao ponto de se tornar a
religião oficial do Império, a partir do séc. IV d.C.
O cristianismo, para poder existir como uma organização social precisava ter
limites, precisava manter estabilidade estrutural, bem como flexibilidade e precisava criar
cultura única. Encontrou tudo isso, no Império Romano. Assim sendo, ao se tornar à
religião oficial, o cristianismo deixou de lado muitos temas de solidariedade, para incluir
outros tantos, que se afastavam da irmandade característica do cristianismo inicial.

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A proposta paradoxal desse trabalho foi discutir a questão da escravidão dentro do


escopo greco-romano, que influenciou o cristianismo do I séc. d.C., onde entendemos que
ser escravo do Senhor é ser livre, dentro da uma estrutura subversiva cristã! 15

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1 HOORNAERT(1994, p.128, 129) alega que o mar Mediterrâneo era chamado de “mare nostrum”(nosso
mar) pelos romanos, porque era através dele que se estabeleciam os contratos tanto militares quanto
comerciais e culturais entre grandes distâncias e entre as cidades metropolitanas de Roma, Alexandria e
Antioquia. Além de sugerir que Paulo pregou aos grupos urbanos entorno do Mediterrâneo.
2 Possivelmente a causa do pagamento de Paulo a Filemom(Fm 18-19), decorreria desse fato da lei romana, e
não de uma fuga de Onésimo, por causa de um roubo, como alegado por muitos comentaristas. Inclusive, o
texto não apresenta nenhuma palavra que poderíamos associar a roubo ou fuga!
3 GILISSEN(1995, p. 751) e CORREIA; SCIASCIA(196?, p. 65-68).
4 GILISSEN(1995, p. 751)
5 Poderia ser o caso de Paulo devolver Onésimo a Filemom, pois implicaria na garantia pessoal de Paulo em
pagar o tempo em que Onésimo lhe servil(Fm 18-19).
6 GILISSEN(1995, p. 754, 756)
7 As literaturas mais antigas do cristianismo são as cartas paulinas, que são escritas às congregações e às
pessoas, tendo como exemplo a carta a Filemom, onde respondiam às questões específicas, como problemas
locais de cada comunidade e/ou pessoas. As cartas paulinas foram escritas durante a época da “Pax Romana”.
Todas elas foram escritas no período de Cláudio(41-54 d.C.) e de Nero(54-68 d.C.). Seria o que os romanos
chamavam de “libri epistolarum”, isto é, o uso de cartas como meio de se tratar vários assuntos pelo Império
Romano; era a maneira mais fácil de se comunicar à distância, por isso sua importante cf. em HALE(1989, p.
194); MEEKS(1992, p.120); STAMBAUGH; BALCH(1996, p.33) e CAIRNS(1995, p.52-53).
8 RICHTER REIMER(1997, p.81) argumenta que a decisão de Filemom em libertar Onésimo foi muito
difícil, porque Filemom deveria abdicar de seu domínio sobre o escravo e teria que repensar sua ideologia em
relação aos sistemas de dominação, como o da escravidão.
9 Discordamos do argumento de CULLMANN(1990, p.71), onde diz que Filemom seria um homem rico.
Concordamos com STAMBAUGH; BALCH(1996, p.106, 107) cujo argumento sobre o fato de que pequenos
comerciantes independentes contratavam os serviços de familiares e de alguns aprendizes entre os próprios
escravos e suas lojas ficavam em suas “casas oficinas”. Isso caracteriza, que muitas vezes os lojistas e a
família, incluindo os aprendizes e os escravos, comiam e dormiam no local, nos fundos ou num elevado da
“casa loja”. Contudo, MATOS(1997, Vol. 1. p.53, 54) argumenta que o cristianismo era composto por sua
grande maioria de pessoas pobres e escravos. Mas, acrescenta que, por ser uma religião urbana(entre os sécs.
I a III d.C. - na Ásia Menor), poderia ser composto também por pessoas ricas, comerciantes e artesãos, talvez
até altos funcionários, como relatado nos textos paulinos: 1 Co 1:11, 16; 16:15; Rm 16:1, 23; At 16:14; 18:2-
3 estas pessoas colocavam suas casas à disposição da comunidade cristã: Rm 16:1, 5, 23; 1 Co 16:19; Cl
4:15; Fm 2; At 16:15.
10 Lembremos que Onésimo fazia parte do Collegia da igreja que se encontra na casa de Ápfia e

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possivelmente tinham a mesma profissão de Filemom, cujo trabalho manual é abominado pela cultura greco-
romana(sobre o desprezo pelo trabalho manual cf. Cícero apud CROSSAN(1994, p.88)). Provavelmente,
Onésimo seria um escravo doméstico – artesão ou administrador de bens – por isso, causaria prejuízo a
Filemom e à igreja cf. em MEEKS(1992, p.39) e STAMBAUGH; BALCH(1996, p.58).
11 Sabemos que para funcionar uma reunião em Roma ou em suas colônias, esta reunião se fazia em
casas(oikos), conforme uma assembléia(ekklesia). Isto significa que o culto funcionava como o “Collegia”.
Cf. STAMBAUGH; BALCH(1996, p.114ss), ou seja, teria que ter um patrono romano que sustentasse o
clube(collegia), mesmo funcionando nas colônias da Ásia Menor. ARENS(1997, p. 147) lista 3 características
dessas associações(collegias): o caráter social, o religioso e o profissional.
12 Onésimo como irmão convertido, confirmaria o argumento de Fm 13, ou seja, que ele seria útil ao
evangelho. Assim sendo, Filemom teria perdido um escravo, momentaneamente e, teria ganhado um irmão,
em Cristo, eternamente(Fm 15). Isso possibilitou que Onésimo passasse de “res”(coisa) para “sarki”(ser
humano) e assim poderia estabelecer uma relação entre “adelfos”(irmão), ou seja, passaria de uma “coisa”
para uma “pessoa”(Fm 16), que poderia fazer parte da família cristã da “oikos ekklesia”(igreja da casa)! Cf.
em PATZIA(199?, p.113) e RICHTER REIMER(1997, p.81). ARENS(1997, p.72) lembra-nos que uma vez
liberto, o escravo nem sempre ficaria legalmente livre de todas as obrigações para com seu ex-senhor.
13 Sabemos que Domiciano exigiu para si o título de “Dominus et Deus”, ao qual os cristãos consideraram
inaceitável e idolátrico em SUETÔNIO. Vida de Domiciano apud KEE(1983, p.121)
14 Cf. em TENNEY(1972, p. 343). LOHSE(2000, p. 209) acrescenta que o culto ao imperador servia para
fins políticos, por isso a veneração ao soberano era um sinal de submissão política expressa em formas
cultuais. Como os judeus eram um povo antigo e Roma dava certa autonomia a algumas religiões, não se
exigia dos judeus a participação no culto ao soberano. Em seu lugar, oferecia-se diariamente, no Templo, um
sacrifício pelo imperador, até o início da guerra judaica – destruição do Templo acontece em 70 d.C. Mas
mesmo após a guerra judaica, foram mantidos os direitos concedidos anteriormente aos judeus.
15 Cf. em HENDRIKSEN(1993, p.270). BARBAGLIO(1989, p. 419, 420) argumenta sobre a questão da
escravidão na igreja de Corinto e Gálatas. Na igreja de Corinto apresenta o texto (1 Co 7:17-24), onde Paulo
relativiza a libertação do escravo, enfatizando a mudança existencial. Enquanto que, na comunidade de
Gálatas, Paulo confirmaria sua orientação, ou seja, que “em Cristo” todos somos iguais(Gl 3:28). Assim, em
Filemom, Paulo visaria a transformação radical das relações pessoais, que não restaria dúvida sobre uma
plena fraternidade, que supera o paternalismo. Cf. Tb. SCHNELLE(1999, p.39) e cp. com LÉGASSE(1984,
p.68).

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