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conjunto de determinações que Marx, em O Capital, anuncia como traços distintivos do
capital. Seriam eles: “a produção para a troca”, “a própria força de trabalho é tratada
como mercadoria;”, “a motivação do lucro é a força reguladora fundamental da
produção”, “o mecanismo vital de formação da mais-valia, a separação radical entre
meios de produção e produtores, assume uma forma inerentemente econômica”, “a
mais-valia […] é apropriada privadamente pelos membros da classe capitalista”e, ainda,
“a produção do capital tende à integração global, por intermédio do mercado
internacional, como um sistema totalmente interdependente de dominação e
subordinação econômica” (MÉSZÁROS, 2002, p. 736-37).
O que seria necessário, então, para termos uma forma de sociedade baseada na
1.
O que diferencia a forma capital é justamente o fato dessa dominação não ser direta de
indivíduo para indivíduo, ou implementada diretamente por uma casta ou classe
dotada de poder político, mas econômica, isto é, efetivada sob a mediação das
determinações, a princípio, impessoais do mercado. Nos Grundrisse, Marx diz que a
“troca privada de todos os produtos do trabalho, das atividades e das capacidades está
em contradição […] com uma distribuição fundada na dominação e subordinação
(naturais e espontâneas, ou políticas) dos indivíduos entre si” (MARX, 2011, p. 107).
Nesse trecho se diz que, se é verdade que o capital consiste em uma relação social, um
modo de relacionamento específico entre os homens na produção, jamais pode ser
considerado independentemente dos homens que ele pressupõem e reproduz. Não sem
razão, “o capital é ao mesmo tempo necessariamente capitalista, e a ideia de
alguns socialistas, segundo a qual precisamos do capital, mas não dos capitalistas, é
inteiramente falsa” (MARX, 2011, p. 421).
Não é o trabalho excedente puro e simples que a caracteriza, mas o fato do trabalhador
trocar sua força de trabalho por um equivalente em dinheiro (D-M), mas ser o consumo
dessa mercadoria força de trabalho (que ocorre fora da circulação, na esfera de
produção) que valoriza o valor (M-D’). Sem forma-valor que, por sua vez, pressupõe a
troca de mercadorias generalizada, inclusive a mercadoria força de trabalho, não se têm
mais-valia e nem capital.