Você está na página 1de 10

Milena M.

Candido

Universidade Federal do Rio de Janeiro – Campus Macaé


Parasitologia | Bloco I | Profa. Aleksandra Menezes
Turma XVI, 2019.1
Introdução à Parasitologia
Todos os seres vivos dependem das condições físicas, químicas e climáticas do
meio ambiente e, em grau variado, de outros seres vivos, que por sua vez também
dependem destas condições. Dessa forma, o contato dos patógenos com os seres vivos
nada mais é do que uma relação ecológica.
No caso de uma relação como o parasitismo, haverá associação entre indivíduos
de espécies diferentes e unilateralidade de benefícios que tende ao equilíbrio (uma vez
que a morte do hospedeiro não beneficia o parasita). Assim, nesse tipo de interação, os
seres humanos são inicialmente hospedeiros assintomáticos que podem desenvolver
uma manifestação clínica em diferentes graus. É por isso que, em escala global, existe
um grande número de pessoas infectadas que não é diretamente proporcional às taxas
de mortalidade.
Quando uma pessoa está fortemente propensa a desenvolver uma doença parasitária?
A relação parasita x hospedeiro dependerá de:

• CONDIÇÕES DO AMBIENTE

• FATORES LIGADOS AO PARASITO


o Espécie: certas espécies são menos invasivas e não costumam causar
manifestações clínicas graves em populações reduzidas (como a
Candida albis); por outro lado, outras espécies, pelo simples contato com
o hospedeiro, desencadearão uma sintomatologia.
o Infecções múltiplas: associadas às doenças intercorrentes.
o Carga parasitária: na maior parte das parasitoses são provocadas
manifestações clínicas apenas em altas cargas parasitárias.
o Localizações ectópicas: quando os espécimes possuem um nicho
habitual, mas devido a altas cargas parasitárias e superpopulação, eles
podem começar a migrar e ocupar órgãos adjacentes, causando
manifestações clínicas mais graves.
o Zoonoses: a interação com outros animais pode fazer com que, muitas
vezes, os seres humanos adquiram seus parasitas. Com isso, devido à
falta de sinalização bioquímica, o parasita não é capaz de seguir seu ciclo
biológico costumeiro e causa sintomatologia grave.

• FATORES LIGADOS AO HOSPEDEIRO


o Idade do hospedeiro: crianças e idosos tem mais possibilidade
desenvolver uma doença quando entram em contato com parasitas.
o Estado nutricional: desnutrição favorece o desenvolvimento de
parasitoses.
o Fatores imunológicos: um sistema imune menos responsivo favorece o
aumento da carga parasitária.

1
o Raça: pessoas negras costumam ser mais resistentes ao
desenvolvimento de patologias em relação às demais.
o Sexo: as diferentes taxas hormonais fazem com que as mulheres sejam,
muitas vezes, mais refratárias ao desenvolvimento de patologias.
o Fatores genéticos: condições hereditárias como a anemia falciforme
influenciam no desenvolvimento de patologias.
o Doenças intercorrentes: diferentes agentes atuarão em um mesmo nicho
parasitário desencadeando uma sintomatologia grave.
o Re-exposição ao contato com o patógeno: aumento da carga parasitária.
A relação parasitária, como dito anteriormente, deve tender ao equilíbrio. Isso
porque, desde os primeiros hominídeos, ocorreu uma adaptação de espécies de vida
livre que desenvolveram mecanismos que favoreceram a infecção de outros organismos
a fim de se manter vivos. Foi isso que permitiu que, hoje, a maior parte dos seres
humanos apenas desenvolva sintomas específicos apenas em altas cargas parasitárias.
Isso pode ser um problema do ponto de vista epidemiológico porque, muitas vezes,
pessoas infectadas com baixa carga parasitária desenvolvem sintomas pouco
conclusivos ou nenhum, mas ainda assim são capazes de disseminar o patógeno para
outras pessoas.
INFECÇÕES PARASITÁRIAS MAIS COMUNS
1. Nematóides Intestinais: vermes cilíndricos que habitam o TGI. Apesar de
serem o tipo de infecção mais comum, recebem menos ênfase a atenção se
comparados as demais, uma vez que estão associadas a uma baixa taxa de
mortalidade, apesar de possuir uma sintomática debilitante.
2. Malária
3. Esquistossomose
Outras: Filaríases linfáticas, Amebíases, Trematodas de infecção via oral, Doença de
Chagas, Leishmaniose, Tripanossomíase africana e Dracunloses.
TERMOS IMPORTANTES
✓ Patogenicidade: capacidade de um agente biológico causar uma doença em
um hospedeiro suscetível.
✓ Patogênese: sequências de eventos da exposição ao agente a manifestação
clínica da doença.
✓ Infecção: causada por endoparasitas.
✓ Infestação: causada por ectoparasitas.
✓ Doença: quando a infecção ou infestação causa danos ao hospedeiro causando
sintomatologia característica.
✓ Zoonose: infecção transmitida em condições naturais entre outros animais
vertebrados e o homem.
Para o parasita causar uma doença é necessário: entrar no hospedeiro, se multiplicar
nos tecidos, resistir aos mecanismos de defesa e causar danos ao hospedeiro.
TIPOS DE HOSPEDEIRO
➢ Definitivo: onde o parasito completa o ciclo de vida (fase de maturidade) ou se
reproduz de forma sexuada – caso isso faça parte de seu ciclo de vida. Não
necessariamente é o ser humano.
➢ Intermediário: onde o parasito se apresenta na forma de larva ou se reproduz
de forma assexuada. Algumas vezes atua como vetor. Sendo assim, todo vetor

2
é um hospedeiro intermediário, mas nem todo hospedeiro intermediário é um
vetor. Por exemplo, o caramujo, na esquistossomose, não é um vetor, mas
desempenha papel de hospedeiro intermediário.
➢ Portador: apenas alberga o agente infeccioso sem manifestar sintomas, mas
sendo capaz de transmiti-lo. Ex.: Trichomonas vaginalis – o homem não
manifesta sintomatologia nenhuma como as mulheres o fazem, mas possuirá
importância epidemiológica por ser um importante veículo de transmissão.
➢ Reservatório: é um hospedeiro de uma outra espécie que abriga, tanto quanto
o hospedeiro primário, o patógeno que pode invadir ocasionalmente o
hospedeiro humano ou espécie de interesse econômico, sem manifestar
sintomas.
TIPOS DE VETORES
➢ Biológicos: é um partícipe do ciclo, ou seja, sem ele o ciclo do parasita NÃO se
completa. Ex.: Barbeiro.
➢ Mecânicos: não é um elemento fundamental do ciclo do parasita. Ex.: Mosca –
em muitos casos, ela apenas pousa em algum dejeto e, com isso, faz o
transporte do parasita para algum alimento que será posteriormente consumido
por um ser humano, sem nele causar alterações biológicas.
➢ Inanimados ou Fômites: roupas ou utensílios, de forma geral, que podem ser
contaminados pelos seres humanos por falta de higienização e, nesse sentido,
serem importantes agentes de disseminação.
CLASSIFICAÇÃO PARASITÁRIA – Quanto ao ciclo evolutivo
➢ Monoxeno: parasitos que completam seu ciclo biológico em um hospedeiro. Ex.:
Enterobius vermicularis.
➢ Heteroxeno: parasitos que necessitam de duas ou mais hospedeiros para
completar o ciclo biológico. Ex.: Leishmania.
Apesar de usualmente não levarem à morte de forma rápida, as parasitoses são
responsáveis por causar deficiências físicas, no aprendizado e na incapacidade
funcional. Por isso, apresentam grande relevância para a saúde pública e
desenvolvimento humano de forma geral. A OMS classificou dezessete patologias como
doenças tropicais negligenciadas – como teníase, lepra, doença de Chagas,
esquistossomose, doença do sono, tracoma, oncocercose, filariose linfática, entre
outras – e ressalta seu impacto principalmente na vida de pessoas de baixa renda ou
em condição de miséria, em lugares pobres e em países de desenvolvimento.

3
Artrópodes: Vetores e Agentes de Parasitoses
Os artrópodes podem atuar como vetores biológicos e mecânicos, intermediando
nossa relação com outros parasitos protozoários, helmintos e fungos, além de serem
capazes de atuarem como agentes parasitários. Arthopoda é o filo mais bem-sucedido
e abundante do reino animal, correspondendo a cerca de 80% das espécies do planeta
que consistem em 19 mil espécies de vertebrados terrestres sendo 16 mil dessas
espécies hematófagas.
CLASSE INSECTA

REINO: Animalia
FILO: Arthopoda
SUBFILO: Hexapoda
CLASSE: Insecta
ORDEM:
1. Diptera: moscas.
2. Hemiptera: percevejos
e triatomíneos.
3. Anoplura: piolhos.
4. Siphonaptera: pulgas.

VISÃO GERAL
Sua cabeça é formada por:

• Cérebro (gânglios cerebrais)


• Órgãos Sensoriais: Olhos (simples, compostos ou ambos) e Antenas (órgãos de
tato e gosto).
• Peças Bucais: podem ser lambedoras sugadoras ou adaptadas para perfurar a
pele do hospedeiro e alcançar a circulação sanguínea. No geral, as espécies
que são vetores têm peças bucais adaptadas para picar e sugar o sangue.

Comportamento alimentar da fêmea hematófaga: o inseto é atraído para o hospedeiro


pelo odor do corpo, temperatura, movimentação no ar, quantidade de CO2, entre outros.
A fêmea pousa no hospedeiro e introduz a probóscide – peça bucal principal tubular
cuja parede externa é semelhante a uma serra – através da pele a fim de alcançar a
microcirculação sanguínea do hospedeiro. A partir desse momento, ela suga o sangue

4
até que preenche seu tubo digestivo e sua cavidade abdominal se torne edemaciada,
quando ele se soltará espontaneamente. A retirada da probóscide deixa no ser humano
reações que envolvem coceira, vermelhidão e uma região edemaciada em diferentes
níveis. Durante a picada, será liberada uma saliva composta por anticoagulantes,
antiplaquetários, vasodilatadores, alérgenos. Se infectado, junto à saliva, o
artrópode pode passar para o hospedeiro um patógeno, caso a via transmissão seja
sanguínea.
I. ORDEM DIPTERA
Compreende organismos adultos alados, que possuem um par de asas. Vetores
de vírus, bactérias, protozoários, helmintos. Suas larvas são aquáticas ou terrestres. No
caso dos mosquitos, apenas as fêmeas picam; no caso das moscas, suas peças bucais
serão sugadoras e lambedoras. O controle desses mosquitos é realizado através do uso
de larvicidas ou predadores que deve ser muito bem avaliado pelas eventuais alterações
do ecossistema, além do uso de telas em janelas e caixas d’água, controle de objetos
que possam formar coleções de água, repelentes químicos e roupas compridas para
casos individuais. Divide-se em:

➢ Psychodidae: flebotomíneos.
➢ Simuliidae: borrachudos.
➢ Culicidae: pernilongos.
➢ Ceratopogonidae: mosquito pólvora.
➢ Tabanidae: moscas do gado e dos cavalos.
➢ Muscidae: moscas. Compreende as motucas, as moscas
domésticas e a mosca tsé-tsé.

MUSCIDAE – Ordem Diptera

• Mosca Doméstica: vetor mecânico ou biológico de bactérias e vírus, cistos


protozoários e ovos de helmintos. Ex.: Hospedeiro Intermediário da filária Loa
loa que se aloja no olho causando apenas desconforto, sem prejudicar a visão.
• Moscas do Berne: agentes de parasitoses.
• Moscas Varejeiras: agentes de parasitoses.
MIÍASES
As MIÍASES são afecções produzidas pela presença de larvas de moscas em
tecidos de animais vertebrados como, por exemplo, Berne e Bicheira. Na classificação
antiga, se determinava que: as larvas Biontófagas, causadoras da Berne, seriam
capazes de invadir tecidos sadios enquanto as larvas Necrobiontófagas, causadoras
de Bicheira, seriam invasoras de lesões preexistentes. Hoje, entretanto, se entende que
tal comportamento está sujeito a um componente facultativo, dependendo da
permissividade do hospedeiro.
BERNE
➢ Agente Etiológico: Dermatobia hominis (mosca berneira).
➢ Ciclo Biológico: Quando a fêmea da mosca berneira faz hematofagia, os 15 a
e 20 ovos (produzidos por reprodução sexuada) liberados em suas costas caem
para a pele do ser humano e, devido a reação alérgica provocada pelos
elementos da saliva, este usualmente responderá ao instinto de coçar, o que
pode empurrar tais ovos para o local da coceira. Desses ovos, eclodirão larvas
que se alojam em galerias sob a superfície da pele e realiza trocas gasosas em

5
seu meio externo através de um espiráculo respiratório. Como há espinhos na
região externa da larva e ela se movimenta, pode alcançar terminações nervosas
e causar sensação de incomodo. De oitenta a cento e cinquenta dias, em média,
ele se matura em pulpa e cai, como mosca. A utilização de pinças e outros
objetos não esterilizados pode gerar uma reação bacteriana secundária,
piorando a reação de processo inflamatório.

➢ Sintomatologia: prurido, sensação de agulhadas e ferroadas no local;


tumoração que se assemelha a um furúnculo, com uma pequena abertura com
serosidade; podem estar associadas a infecções bacterianas secundárias.
➢ Diagnóstico Clínico: encontro das larvas nas lesões.
➢ Tratamento: esparadrapo ou vaselina sólida.
BICHEIRA
➢ Agente Etiológico: Cochliomya hominivorax ou mosca varejeira.
➢ Ciclo Biológico: A fêmea é capaz de produzir de 20 até 400 ovos, por isso é
mais comum encontrar mais de uma larva na lesão. É mais comum em pessoas
que tem lesões pré-existentes, mas, como dito anteriormente, a mosca varejeira
não deixará de ovipor na pele de uma pessoa sem lesão pré-existente, caso haja
possibilidade. Fora isso, seu ciclo é muito semelhante ao da mosca berneira.
➢ Sintomatologia: as larvas provocam rápida destruição dos tecidos infectados
uma vez que liberam uma saliva rica em elementos proteolíticos.
➢ Diagnóstico Clínico: encontro das larvas nas lesões.
➢ Tratamento:
o Ivermectina: impedir instalação das larvas ao inibir a sinapse dos
invertebrados.
o Catação: apesar de parecer simples e/ou óbvia, é a primeira conduta a ser
tomada, sempre de forma higienizada e segura.
o Remoção de tecidos necróticos
o Atividade antimicrobiana por antiobióticoterapia: Staphylococcus aureus,
Streptococcus sp.
o Cicatrização: alantoína, ureia, bicarbonato e amônia.
LARVAS NECROBIONTÓFAGAS: possuem certo uso terapêutico como tratamento
alternativo de úlceras crônicas. Ex.: Pé Diabético causado por alterações ortopédicas,
vasculares e infecciosas de pessoas acometidas pelo diabetes mellitus.
Os demais dípteros serão abordados juntos aos parasitos que podem acometê-los e,
posteriormente, contaminar os humanos.

6
Artrópodes: Agentes de Parasitoses
II. ORDEM HEMIPTERA
Compreende espécies hematófagas em todos os estágios e em ambos os sexos.
Ainda assim, independente da espécie que pica, no local da picada, sempre vai ser
gerada uma resposta do sistema imune que desencadeia edema, eritema e prurido,
em diferentes graus. Devido aos diferentes graus de sensibilidade ao prurido, a reação
da pessoa pode causar infecções bacterianas secundárias ao se utilizar das próprias
unhas ou de outros objetos para aliviar o desconforto. Por isso, sempre que existir
formação de exsudato no local da irritação isso deve ser observado como um indicativo
de infecção secundária. Se divide em:

➢ Reduviidae: triatomíneos (barbeiros) –


vetor trypanosoma cruzi.
➢ Cimicidae: percevejos de cama.

INFESTAÇÃO POR PERCEVEJOS DE CAMA


➢ Agente Etiológico: Cimex spp.
➢ Morfologia: São ápteros e possuem peças bucais picadoras sugadoras. Formas
jovens semelhantes aos adultos.
➢ Ciclo Biológico: possuem hábitos noturnos, por isso, de dia, durante grande
parte de seu ciclo evolutivo, ficam alojados em frestas de estofados em geral,
tanto nas residências quanto em locais públicos. A fêmea, principalmente,
precisa do sangue que é sugado para obtenção de colesterol que será
fundamental para a manutenção do ovo. A lesão causada só vai se manter
durante o contato com o ectoparasito.
➢ Manifestação Clínica: a picada produz edema, eritema e prurido, podendo
provocar insônia e sintomas alérgicos.
➢ Profilaxia: A conduta correta seria a higienização dos estofados, a fim de
impedir que ele se desenvolva e prolifere nessas condições
III. ORDEM SIPHONAPTERA
Compreende os membros da superfamília pulicoidea constituída por organismos
que, uma vez interagindo com o ser humano, são capazes de desencadear parasitose.
Esta divide-se nas famílias:

➢ Tungidae: Tunga. Bicho do pé (pulga do


porco/da areia).
➢ Pulicidae: Pulex (pulga do homem),
Ctenocephalides (pulga do cão e gato) e
Xenopsylla (pulga de ratos).

TUNGIDÍASE
➢ Agente Etiológico: Tunga penetrans.
➢ Características Gerais: Os adultos se dividirão em machos, fêmeas virgens e
fêmeas fecundadas. Apesar de todos realizarem hematofagia, apenas as
fêmeas fecundadas se alojam sob a pele nos seres humanos. Apresentam

7
preferência por solo arenoso, ambientes quentes e secos. Assim, são
prevalentes em meses quentes e secos, pois o clima tropical favorece o sucesso
da Tunga penetrans. Além disso, são abundantes em chiqueiros dos porcos e
peridomicílio.
➢ Hospedeiros: homem, suínos, gatos, bovinos. Alta taxa de prevalência entre
jardineiros, pessoas que trabalham em chiqueiros.

➢ Ciclo Biológico: A Tunga penetrans sai do solo e se instala no primeiro


vertebrado que encontra dando mole por aí. Ela tem as peças bucais adaptadas
para perfuração, além das substâncias que mantém o fluxo sanguíneo
constante, também liberam substâncias que são semelhantes a metaloproteases
o que permite que elas façam a digestão da matriz extracelular. Ao redor dela,
nosso organismo reconhece a Tunga penetrans como corpo estranho e
desencadeia uma resposta, formando uma vesícula que engloba o parasito.
Dentro da vesícula, ela é capaz de continuar produzindo ovos, aumentando sua
cavidade abdominal em até três vezes para alojá-los. Vale ressaltar que, em sua
instalação, a parte posterior fica para fora com o objetivo de fazer a oviposição
(liberar os ovos). Esses ovos caem espontaneamente no solo e dão origem a um
novo ciclo. A cavidade abdominal da fêmea, então, retrai e, como ela está muito
lesionada, acaba precisando liberar substâncias que reparem esses danos.
Essas substâncias levam a uma nova resposta inflamatória e expulsam o
parasito.
➢ Diagnóstico Clínico: é feito com base no quadro clínico. Inspeção da lesão com
aspecto de tubérculo como uma ervilha e um ponto central enegrecido
(segmento abdominal da pulga).
➢ Tratamento: desinfecção local, remoção cirúrgica, aplicação de bacteriostáticos.
➢ Profilaxia: evitar andar descalço, usar luvas ao manejar esterco, areia e terra.
PULICIDAE
Compreende espécies que são hematófagas principalmente na fase adulta. Atuam
como vetores de peste bubônica (Yersinia pestis), tifo murino (Rickettsia mooseri),
reações alérgicas, urticárias, helmintos (nesse caso, é necessário ingerir a pulga, mas
aparentemente não é difícil, pois se você abaixa para brincar com o cachorro de boca

8
aberta a pulga infectada com um helminto – comumente as tênias dos roedores – pode
pular pra sua boca). Apresentam ampla distribuição geográfica.
➢ Agente Etiológico: Pulex irritans
➢ Hospedeiro: Homem como hospedeiro definitivo principal, mas pode acometer
outros animais.
➢ Sintomatologia: a picada gera uma reação dérmica generalizada – pulicose.
IV. ORDEM ANOPLURA

➢ Piolhos: pediculose.
➢ Chatos: fitiríase e fitirose.

PEDICULOSE
➢ Agente Etiológico:
o Pediculus humanus humanus ou Pediculus capitis: cabeça.
o Pediculus humanus corporis: corpo. Tem menos relação com a faixa
etária e mais associado a hábitos higiênicos.
➢ Morfologia: São insetos ápteros – sem asas – que possuem um corpo achatado
dorso-ventralmente e aparelho bucal picador-sugador, sendo ambos os secos
hematófagos obrigatórios e ectoparasitos obrigatórios.
➢ Ciclo Biológico: Todos seus estágios se desenvolvem no corpo do hospedeiro.
Inclusive, quando macho e fêmea procriam no couro cabeludo surgem as
lêndeas, que correspondem aos ovos que se dessa fecundação e permanecem
grudados aos fios de cabelo. Por fim, são muito sensíveis a mudanças de
temperatura.
➢ Patogenia e sintomatologia: reação inflamatória discreta a picada do piolho,
com formação de pequenas pápulas pruriginosas.
➢ Transmissão
o Direta: passagens de adultos ou ninfas. Brincadeiras infantis, transporte
escolar, escolas superlotadas, coabitação de um mesmo leito,
confinamento de pessoas, etc.
o Indireta: objetos contaminados (pediculose couro cabeludo) – pente,
boné, escova, acessórios de cabelo ou roupas de vestir, de cama e de
banho (pediculose corpo).
FTIRÍASE
➢ Agente Etiológico: Pthirus pubis ou Chatos.
➢ Morfologia: Os adultos possuem patas que, em sua extremidade, se
assemelham a garras, por isso, são capazes de se agarrar aos fios de pelos.
Principalmente, presentes em pelos pubianos ou do períneo, mas também
podem estar nos pelos axilares e do resto do corpo.
➢ Transmissão: além dos mecanismos de contaminação indireta, pode haver
contaminação direta durante o ato sexual. Entretanto, não é considerada uma
infecção sexualmente transmissível.
➢ Tratamento e profilaxia: higienização com inseticidas, catação e tratamento
farmacológico com Ivermectina. Deve ser extensivo a toda família.

9
CLASSE ARACHNIDA

REINO: Animalia
FILO: Arthopoda
SUBFILO: Hexapoda
CLASSE: Arachnida

SARNA/ESCABIOSE
➢ Agente Etiológico: Sarcoptes scabiei.
➢ Morfologia e Ciclo Biológico: São ácaros pequenos, de corpo mole, que
formam galerias na pele onde depositam os ovos. Esse parasito tem a
interessante capacidade de estar em um ambiente e, eventualmente, migrar para
o hospedeiro vertebrado. A partir do momento que as fêmeas que já foram
fecundadas têm contato com a pele do indivíduo que ela vai começar a infestar,
ela vai criando galerias. A medida que ela vai caminhando nessas galerias, ela
vai liberando os ovos que gestou. Os ovos ficam nessas galerias e,
eventualmente, desses ovos eclodem larvas. As larvas se transformam em
ninfas que se transformam em novos indivíduos adultos que também são
capazes de copular no interior dessa galeria. Esses indivíduos podem
permanecer na galeria ou podem sair, por motivos diversos. Por isso, como a
lesão é intradérmica, em grande parte das vezes, o prurido vem
desacompanhado de edema e eritema.
➢ Sintomatologia: Intenso prurido noturno e lesões geralmente nas dobras da
pele.
➢ Diagnóstico Clínico: em uma lesão ativa, há pouca possibilidade de haver lesão
externa, mas quanto mais próxima a pessoa estiver da cura parasitológica, maior
será o número de lesões visíveis. Para confirmação, é necessário o diagnóstico
parasitológico.
Obs.: em regiões hiperendêmicas, é possível prescrever um tratamento medicamentoso
profilático extensivo a fim de abranger o maior número de pessoas que foram
contaminadas.

10

Você também pode gostar