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Poema

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Um poema é uma obra literária apresentada geralmente em verso e estrofes (ainda que
possa existir prosa poética, assim designada pelo uso de temas específicos e de figuras
de estilo próprias da poesia). Efetivamente, existe uma diferença entre poesia e poema.
Este último, segundo vários autores, é uma obra em verso com características poéticas.
Ou seja, enquanto o poema é um objeto literário com existência material concreta, a
poesia tem um carácter imaterial e transcendente.

Fortemente relacionado com a música,beleza e arte a poesia tem as suas raízes históricas
nas letras de acompanhamento de peças musicais. Até a Idade Média, a poesia era
cantada. Só depois o texto foi separado do acompanhamento musical. Tal como na
música, o ritmo tem uma importância fulcral.

Um poema também faz parte de um sarau (reuniões em casas particulares para expressar
artes, canções, poemas,poesias etc).

[editar] História

Na Grécia antiga o poema foi a forma predominante de literatura. Os três gêneros


(lírico, dramático e épico) eram escritos em forma de poesia. A narrativa, entretanto, foi
tomando importância, ficando a poesia mais relacionada com o gênero lírico. Ainda
hoje é feita esta associação entre poema, sentimentos e rimas.

A poesia tinha uma forma fixa: seus versos eram metrificados, isto é, observavam os
acentos, a contagem silábica, o ritmo e as rimas. A contagem silábica dos versos foi
sempre muito valorizada até o início do século XX quando a obra que não se encaixasse
nas normas de metrificação não era considerada poesia. Isto mudou com a influência do
Modernismo- movimento cultural, surgido na Europa que buscava ruptura com o
classicismo. Atualmente o ritmo dos versos foi liberado e temos os chamados "versos
livres" que não seguem nenhuma métrica. poema é criado por petas.

[editar] Referências

 Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.


 LYRA, Pedro. Conceito de Poesia. São Paulo: Ática, 1986.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Poema
Haikai
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Haikai (em japonês: 俳句 Haiku ou Haicai?) é uma forma poética de origem japonesa,
que valoriza a concisão e a objetividade. Os poemas têm três linhas, contendo na
primeira e na última cinco caracteres japoneses (totalizando sempre cinco sílabas), e
sete caracteres na segunda linha (sete sílabas). [1] Em português é escrito haicai.

Em japonês, haiku são tradicionalmente impressos em uma única linha vertical,


enquanto haiku em Língua Portuguesa geralmente aparecem em três linhas, em
paralelo[2]. Muitas vezes, há uma pintura a acompanhar o haicai (ela é chamada de
haiga). "Haijin" é o nome que se dá aos escritores desse tipo de poema, e principal
haijin (ou haicaísta), dentre os muitos que destacaram-se nessa arte, foi Matsuô Bashô
(1644-1694), que se dedicou a fazer do haikai uma prática espiritual.

[editar] Haikai no Brasil

Segundo Mr.Hoigays (1988), o primeiro autor brasileiro de Haicai foi Afrânio Peixoto,
em 1919, através de seu livro Trovas Populares Brasileiras, onde prefaciou suas
impressões a respeito do poema japonês:

“Os japoneses possuem uma forma elementar de arte, mais simples ainda que a nossa
trova popular: é o haikai, palavra que nós ocidentais não sabemos traduzir senão com
ênfase, é o epigrama lírico. São tercetos breves, versos de cinco, sete e cinco pés, ao
todo dezessete sílabas. Nesses moldes vazam, entretanto, emoções, imagens,
comparações, sugestões, suspiros, desejos, sonhos... de encanto intraduzível” [3].

Quem o popularizou, porém, foi Guilherme de Almeida, com sua própria interpretação
da rígida estrutura de métrica, rimas e título. No esquema proposto por Almeida, o
primeiro verso rima com o terceiro, e o segundo verso possui uma rima interna (A 2ª
sílaba rima com a 7ª sílaba). A forma de haikai de Guilherme de Almeida ainda tem
muitos praticantes no Brasil.

Outra corrente do haikai brasileiro é a tradicionalista, promovida inicialmente por


imigrantes ou descendentes de imigrantes japoneses, como H. Masuda Goga e Teruko
Oda. Esta corrente define haikai como um poema escrito em linguagem simples, sem
rima, estruturado em três versos que somem dezessete sílabas poéticas; cinco sílabas no
primeiro verso, sete no segundo e cinco no terceiro. Além disso, o haikai tradicional
deve conter sempre uma kigo. Estas são palavras ou frases, utilizadas na poesia
japonesa, que têm uma associação com uma estação do ano. (Ex.: "sakura", "flor de
cerejeira", é associada à Primavera).

Como fonte nipônica do ainda haiku, em sua forma original, GOGA [3] atribui aos
imigrantes japoneses, que começa com a chegada do navio Kasato Maru ao porto de
Santos em 18 de junho de 1908. Nele estava Shuhei Uetsuka (1876-1935), um bom
poeta de haiku, conhecido como Hyôkotsu. Consta ter sido a sua primeira produção,
momentos antes de chegar ao porto de Santos, o seguinte haiku:

A nau imigrante

chegando: vê-se lá do alto

a cascata seca.

Foi na década de 1930 que aconteceu o intercâmbio e difusão do haiku entre haicaístas
japoneses e brasileiros, constituindo-se, assim, outro caminho do haikai no Brasil. Foi
naquela década também que apareceu a mais antiga coletânea de haikais chamada
simplesmente Haikais, de Siqueira Júnior, publicada em 1933. Guilherme de Almeida,
no ano anterior, havia publicado Poesia Vária, mas o livro não era exclusivamente de
haikais. Fanny Luíza Dupré foi a primeira mulher a publicar um livro de haikais, em
fevereiro de 1949, intitulado Pétalas ao Vento – Haicais. As rotas do haikai no Brasil
podem ser resumidas cronologicamente da seguinte forma:

 Em 1879, através do livro Da França ao Japão, de Francisco Antônio Almeida.


 Em 1908, através da chegada dos imigrantes japoneses ao porto de Santos.
 Em 1919, através do livro Trovas Populares Brasileiras de Afrânio Peixoto.
 Em 1926, através do cultivo e difusão do haiku dentro da colônia por Keiseki e
Nenpuku.
 Na década de 1930, através do intercâmbio entre haicaístas japoneses e brasileiros,
principalmente pelo próprio H. Masuda Goga.

Com a ambientação e a difusão do haiku em língua portuguesa, algumas correntes de


opinião [3] sobre este se formaram:

 A corrente dos defensores do conteúdo do haiku;


 A corrente dos que atribuem importância à forma;
 A corrente dos admiradores da importância do kigo.

Os defensores do conteúdo do haiku são aqueles que consideram algumas características


do poema peculiares, como a concisão, a condensação, a intuição e a emoção, que estão
ligadas ao zen-budismo. Oldegar Vieira é um haicaísta que aderiu a essa corrente.

Os que consideram a forma (teikei) a mais importante seguem a regra das 17 sílabas
poéticas (5-7-5). Guilherme de Almeida não só aderiu a essa corrente como criou uma
forma peculiar de compor os seus poemas chamados de haikais “guilherminos”. Abaixo,
a explicação da forma conforme o gráfico que o próprio Guilherme elaborou:

_______________ X
___ O ______________ O
_______________ X

Além de rimar o primeiro verso com o terceiro e a segunda sílaba com a sétima do
segundo verso, Guilherme dava título aos seus haikais. Exemplo (GOGA, 1988, p. 49):

Histórias de algumas vidas


Noite. Um silvo no ar,

Ninguém na estação. E o trem

passa sem parar.

Os admiradores da importância do kigo respeitam em seus haikais o termo ou palavra


que indique a estação do ano. Jorge Fonseca Júnior é um deles. Apesar de existirem
essas distinções retratadas aqui como correntes, nomes como os de Afrânio Peixoto,
Millôr Fernandes, Guilherme de Almeida, Waldomiro Siqueira Júnior, Jorge Fonseca
Júnior, José Maurício Mazzucco, Wenceslau de Moraes, Oldegar Vieira, Osman Matos,
Abel Pereira e Fanny Luíza Dupré são importantes na história do haikai no Brasil.
Novos autores também despontam na modalidade:

Pétala caiu.

Se quis colorir o chão,

fez bem, conseguiu.

(Carlos Antonholi)

Referências

1. ↑ Lanoue, David G. Issa, Cup-of-tea Poems: Selected Haiku of Kobayashi Issa, Asian
Humanities Press, 1991, ISBN 0-89581-874-4 p.8
2. ↑ van den Heuvel, Cor. The Haiku Anthology, 2nd edition, Simon & Schuster, 1986,
ISBN 0-671-62837-2 p.11
3. ↑ a b c GOGA, H. Masuda. O haicai no Brasil. São Paulo: Aliança Cultural Brasil-Japão,
1988.
O Zen e a Arte do Haikai
RODRIGO DE ALMEIDA SIQUEIRA

"O Sentido e a essência não se encontram


em algum lugar atrás das coisas,
senão em seu interior, no íntimo de todas elas."
      (Hermann Hesse)

    O haikai é uma pequena poesia com métrica e molde orientais, surgida no século
XVI, muito difundida no Japão e vem se espalhando por todo o mundo durante este
século. Com fundamento na observação e contemplação enfatizando o sentimento
natural e milenar de apreciação da natureza através da arte, sentimento este
inerente a todo o ser humano. O mais tradicional poeta deste estilo é Matsuo
Basho, monge Zen que aperfeiçoou o estilo e divulgou suas obras no final do século
XVII.

    Ao sol da manhã
  uma gota de orvalho
    precioso diamante.

        - Matsuo Basho (1644-1694)

    As vantagens sobre o estudo e disciplina na escrita e apreciação de haikais são


infindáveis. Áreas da vida como percepção, concentração, escrita em geral,
comunicação, relacionamentos, intuição, autoconhecimento, meditação, expressão
e gosto estético são afetadas e desenvolvidas de forma surpreendente e enigmática
por quem entende e participa do haikai.

    Quietude --
O barulho do pássaro
    Pisando em folhas secas.

        - Ryushi

    É uma forma pura de poesia que possui uma longa história que retoma a
harmonia da filosofia espiritualista e o simbolismo taoísta dos místicos orientais e
mestres zen-budistas, que expressam muito de seus pensamentos e ensinamentos
na forma de mitos, símbolos, paradoxos e imagens poéticas. Isto se deve à
tentativa de transcender a limitação imposta pela linguagem usual e pelo
pensamento linear e científico, que trata a natureza com fórmulas e o próprio ser
humano como máquina.

      Já é primavera:
    Uma colina sem nome
    Sob a névoa da manhã.

        - Matsuo Basho

    Esta antiga forma poética permanece hoje revelando a sensibilidade dos poetas
na busca da essência da natureza, no íntimo de todas as coisas de forma simples,
sutil e artística. Seu pequeno tamanho está relacionado com a busca da unidade de
forma compacta, com o foco e com o fato de que é mais fácil transmitir, lembrar e
reviver rapidamente as impressões em poemas curtos.
    Passo a passo
sobre a montanha no verão -
    de repente o mar.

        Issa (1763-1827)

    O objetivo é capturar a essência do local numa poesia contemplativa com grande


valorização nos contrastes, na transformação e dinâmica, nas cores, nas estações
do ano, na união com a natureza, no momento passageiro versus eternidade
(ruptura do contínuo) e no elemento de surpresa. O prazer está nos contrastes, nos
jogos da luz e da sombra da realidade e dos sonhos e do misterio. Está justamente
na interseção entre o que é conhecido e lógico e o desconhecido. A beleza está no
equilíbrio das partes. A visão da eternidade e unidade que existe nas coisas e na
natureza como um todo é encontrada na observação de cada um dos múltiplos
momentos passageiros que a compõe.

    Assim como o click de uma máquina fotográfica, deve registrar ou indicar um


determinado momento, sensação, impressão ou drama de um fato específico da
natureza. É aproximadamente a imagem de um flash ou resultado de uma
descoberta ou insight cercada de pureza, simplicidade e sinceridade.

    O haikai possui uma estrutura extremamente concisa, que se situa em torno de


uma série bem definida de regras, mas nem sempre obedece à sua forma original,
podendo ser levemente modificada e adaptada para diversas circunstâncias. Cada
haikai pode ser escrito com um fator predominante em sua composição. Alguns dão
mais importância ao conteúdo com a imagem de um momento da natureza. Outros
escrevem com a intuição e inspiração no zen-budismo. Outros dão mais
importância à métrica com 17 sílabas, usuais ou poéticas, distribuídas em 3 linhas
com 5 sílabas na primeira linha, 7 na segunda e 5 na terceira (forma 5-7-5). Alguns
buscam a rima ou então a utilização do kigo, palavra ou termo relativo à estação do
ano.

    O uso de figuras de linguagem como metáforas costuma ser evitado, pois pode
levar a distrações e desvios no foco da imagem ou do tema central, por ser
referente a um modo externo à cena, das idéias abstratas e não dos fatos e objetos
verdadeiros do haikai.

    Apesar do conteúdo muitas vezes lembrar o instantâneo e o efêmero, o haikai,


ao ser escrito, exige do poeta paciência, força de vontade e trabalho para focalizar
a idéia da imagem captada, de forma que esta possa ser colocada por escrito na
forma correta, pois as palavras são poucas e cada uma tem o seu peso. A
dificuldade, porém, é apenas aparente, pois a essência do haikai é a mesma da
natureza e do ser humano. O trabalho está em percorrer o caminho entre o
momento da idéia ou da imagem na mente e o trabalho final no papel, em
palavras.

    Tanto neste momento do ato criativo poético como no da criação científica, o que
ocorre é um contato com o real, que é muito mais vasto do que tudo que é
compreendido ou compreensível, com maiores dimensões, infinitas variedades e tal
amplidão que a lógica linear nem sonharia em imaginar. Por ser um surto
espontâneo de intuição que vem de dentro da pessoa (criador cientista ou poeta),
este momento de descoberta não contém mecanismos racionais nem é explicável
logicamente. A idéia é trabalhada posteriormente para tomar forma mais coerente
ou apresentável e, ao se concentrar para aperfeiçoar um poema, o poeta
experimenta o processo de lapidação de sua própria alma.
    Dadas as regras, qualquer pessoa com percepção e vontade pode se tornar
poeta. Assim, até as crianças que são tocadas pelo haikai podem fazê-lo com
perfeição e ainda com vantagem de conter pureza, alegria, simplicidade e mostrar
diretamente a imagem sem o uso de metáforas distantes, conforme o perfeito
espírito do haikai. Quando é escrito por uma criança, ele está refletindo seu coração
e sua mente em toda sua inocência e sinceridade. Reflete a rica imaginação da
criança e mostra seu sentimento poético do mundo.

    Nos concursos são reservados temas, colocações e programação especial para a


categoria infantil, com resultados excelentes no mundo inteiro. A união dos povos e
culturas pelo haikai é concretizada com a união das crianças no World Childrens
Haiku Contest, um evento de escala global que leva poetas infantis do mundo
inteiro a participarem e se reunirem todos os anos no Japão para o
aperfeiçoamento da técnica e a troca de experiências.

    É comum os haikais de crianças serem ilustrados com desenhos feitos por elas
mesmas, dando ainda mais vida e registrando neste desenho a imagem que foi
passada no poema escrito. O ensino é feito com a esperança de inspirá-las de
maneira a mantê-las integradas com a natureza na criação dos haikais, que
possuem a mensagem e o espírito de preservação do meio ambiente em forma de
poesia.

    Na sociedade de hoje, as pessoas perderam muito da capacidade de


contemplação, que é descobrir poesia e encontrar mistérios nos simples
acontecimentos ou objetos. Devemos estar atentos às pequenas surpresas que
revelam novos pontos de vista e usar a poesia para ajudar a decifrar os eventos
que estão sempre à nossa volta.

    Na filosofia Zen, assim como no haikai, é necessário ter introspecção e análise


mais profunda, fazendo-se perceber e descobrir curiosos e belos fatos naturais que
de outra forma passariam despercebidos. Mais do que inspiração, é preciso
meditação, esforço e, principalmente, percepção para a composição de um
verdadeiro haikai. Participe e compartilhe!

---
Rodrigo de Almeida Siqueira foi vencedor do 9 Encontro Brasileiro de Haikai,
realizado em outubro de 1994 em São Paulo.

FRASES E COMENTÁRIOS:

"Compartilhar um haikai é compartilhar um pedaço de sua experiência de vida e


sensibilidade de maneira pessoal e muito especial. A leitura deles nos dá não
somente momentos da experiência do escritor como também momentos de nos
mesmos."
                - William Higginson

"Os poetas japoneses sabiam como expressar suas visões da realidade numa
observação de tres linhas. Não se limitavam a simplesmente observa-la, mas, com
uma calma sublime, procuravam o seu significado eterno. Quanto mais precisa a
observação, tanto mais ela tende a ser única, e, portanto, mais próxima de ser uma
verdadeira imagem. Como disse Dostoievski, com extraordinária precisão: A vida é
mais fantástica do que qualquer fantasia."
                - Andrei Tarkovski, no livro "Esculpir o Tempo".

ALGUNS HAIKAIS DE RODRIGO SIQUEIRA:

    Rio seco
Silêncio sob a ponte
    apenas o vento.

    O sol poente
  Despede-se lentamente
Estrelas aparecem no silêncio.

    Solidão no ninho
O pássaro se assusta
    no eco do trovão.

    Toque colorido
na ponta do capim
    pousa a borboleta!

    Barco de papel
naufraga na torrente
    chuva de verão.

    Lua enevoada
o cão e sua solidão
    caminham na estrada.

    Devagar devagar,
a folha sem escolha,
    vaga pelo ar.

    Folhas soltas
só uma contra o vento?
    Borboleta amarela.

http://www.insite.com.br/rodrigo/poet/o_zen_e_a
_arte_do_haikai.html
O hai-kai

Poema originário do Japão, Bashô, o hai-kai, consta originalmente de 17

sílabas em três versos:

o primeiro de cinco, o segundo de sete e o terceiro de cinco.

Quem primeiro introduziu o hai-kai .no .Brasil .foi Guilherme de Almeida,

que definia essa .forma..como

"uma.anotação.poética.e.sincera.de.um momento de elite".

Transpondo-o para o português, em 1936 e, posteriormente, em 1947

em Poesia Varia, acrescentou-lhe a rima.

Em época mais recente, Paulo Leminski traz novamente o hai-kai,

porém adaptando-o, ou seguindo uma tendência já em voga no

Brasil (Olga Savary, Armando Catta Preta e outros) à

estrutura do poema moderno, ou seja,

sem a rima.

Como fazer hai-kai, de acordo com Paulo Leminski

- Você tem a fórmula do conteúdo, que é o que os poetas contemporâneos

obedecem, ao invés da contagem de sílabas;

-Escolha temas simples: natureza, primavera, verão, outono, inverno;

- O primeiro verso expressa algo permanente, eterno

- O segundo, introduz uma novidade, um fenômeno;

- O terceiro e último, é a síntese;

O hai-kai é anti-retórico, liso e simples;  

Isso deriva das categorias estéticas japonesas:  

*Kirei: o límpido, o lindo

*Wabi: a penúria, a miséria(tão simples que decepciona)


*Yugen : a profundidade, o mistério  

O hai-kai é uma imagem, tem economia verbal, humor e objetividade,

características centrais da poesia moderna

(Octávio Paz)

  Como se deve analisar um poema  


Num comentário poético devem  tratar-se os seguintes pontos:

  Estrutura externa
  Estrutura interna
  Linguagem poética

Estrutura externa
     Geralmente, o poema apresenta-se em verso. O primeiro a fazer será a análise
métrica do poema, com inclusão de um comentário sobre todos os aspectos métricos:
versos, pausas, acentos, rimas e estrofes. É preciso ter em conta que alguns poemas não
apresentam uma métrica tradicional, mas verso livre, o qual não responde a nenhum
dos aspectos métricos citados.
      No verso,  indica-se o  nome, classificação e origem, ( por exemplo: o verso
alexandrino é um verso de arte maior, composto por versos heptassílabos, de origem 
medieval). As pausas finais são as que marcam  verdadeiramente o verso, por isso se
deve também fazer referência. Pode-se fazer ainda alusão aos ritmos presentes no
poema. A rima é outro aspecto formal importante, não esquecer de assinalar o tipo e o
esquema rimático.
    Finalmente, comenta-se a estrofe. Na formulação tradicional são frequentes as
composições de formas fixas: sonetos, p.ex., mas desde o Modernismo que aparecem
esquemas métricos sem esquema fixo, para permitir a  livre criação ao poeta. 
 
Estrutura interna
    Na estrutura interna analisam-se as diversas partes em que podemos dividir o
conteúdo do poema, adiantando, em parte , o significado do poema. A estrutura interna,
por vezes, está muito ligada à estrutura externa. Muitas vezes são os recursos próprios
da linguagem poética os facilitadores da divisão do poema, porém a sua delimitação é
complexa e necessita que se atenda a diversos aspectos que a seguir se apresentam.
 
Linguagem poética
    A análise da linguagem poética é a parte mais árdua da análise. Apresenta  múltiplas
aberturas e os recursos são muito variados, por isso se deve ir analisando os elementos
atribuindo-lhes valores significativos. Apresentar uma enumeração de elementos
poéticos sem valor não tem grande interesse para o comentário do poema. Dizer que o
poema apresenta muitas metáforas, repetições, ou aliterações carece de interesse se não
for acrescentado a expressividade desses recursos. Outro aspecto a evitar é limitar-se a
definir as figuras de estilo, (por exemplo: a aliteração é a repetição de fonemas), isto
não interessa para o comentário. 
Para realizar um bom comentário deve-se evitar as listas e explicações que não trazem
nada sobre o texto, o importante é procurar o seu valor poético no poema em análise.
Deve-se sempre referir o valor expressivo das figuras de estilo e o valor expressivo que
apresentam  os materiais linguísticos ( palavras). Estes dois aspectos são muito
importantes e funcionam quase sempre no mesmo plano.
A seguir apresento alguns elementos que podem servir de guia em qualquer análise
poética. Chamo atenção para o facto destes elementos  poderem não aparecer todos em
todos os poemas, e cada poema imporá a  ordem em que se comentam estes materiais.

Fonologia.
    O principal recurso fonológico que apresenta o texto já foi abordado na estrutura
externa, pois todos os elementos métricos são fonológicos.
    A aliteração, muito presente em muitos poemas pode apresentar valores expressivos
importantes conforme os sons que se repetem.
Morfologia.
 A Língua oferece múltiplas possibilidades expressivas, apresento algumas mais
significativas:
 O substantivo: os valores do substantivo radicam mais do seu significado do que do
seu aspecto morfológico. Talvez que o único aspecto morfológico que interessa mais é a
presença de morfemas apreciativos- diminutivos, aumentativos e depreciativos. Em
todos eles são os valores afectivos que se sobrepõem aos verdadeiramente denotativos.
O poeta não aumenta ou diminui magnitudes, apenas manifesta a sua subjectividade
face às realidades que alude o substantivo.
O adjectivo: Deve ser tido em conta pois as suas possibilidades são muito variadas.
Aumentam segundo a sua função e frequência: desde o adjectivo com função de atributo
aos adjectivos epítetos à volta do nome. A sua colocação face ao nome também é muito
variável: por exemplo os adjectivos valorativos normalmente antepõem-se enquanto os
objectivos se pospõem.
O verbo: Os valores modais, aspectais e temporais que o verbo oferece são muito
usados por muitos poetas.
Determinantes e pronomes:  normalmente unem-se ao verbo para mostrar as pessoas
gramaticais.
Sintaxe
     Os recursos sintácticos mais frequentes são: paralelismo, repetição, hipérbato,
assíndeto e polissíndeto.
Semântica.
    A maior complexidade dos textos poéticos radica do predomínio dos valores
conotativos frente aos denotativos. Podem remeter para determinados temas constantes
em cada poeta.
As figuras literárias presentes no plano semântico são numerosas.
   
Figuras de pensamento
Personificação/prosopopeia
antítese ( contraste de ideias)
Hipérbole
Tropos
 Metáfora
Sinestesia
Comparação
Metonímia
Sinédoque
 
Para saberes mais sobre as diversas figuras de estilo consulta este endereço.

 Aspectos a considerar quanto à feitura da análise


textual
Comentar um texto é verificar o que o autor disse e como o transmitiu, relacionando
ambos os conceitos; é observar as conotações e os sentidos implícitos, interligando-os
com as ideias explícitas; é um momento em que o leitor estabelece afinidade com o
texto que lê, expondo a sua sensibilidade estética, articulando aquilo que o autor disse, o
modo como o fez, com a sua subjectividade de quem analisa e comenta.

O texto deve ser uno e coerente, resultado da articulação de todos os aspectos a tratar,
nos diferentes planos de análise.

As citações devem aparecer entre aspas. Quando não for necessário  citar um verso
completo ou uma frase completa deve-se utilizar o sinal [...] no local em que se
interrompe a transcrição. Quando se desejar citar mais do que um verso e essa citação
seguir exactamente a ordem do poema em análise, deverá separar-se os respectivos
versos por meio da utilização de uma barra oblíqua [/].
POEMAS DE Haikai

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