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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA

REGIONAL DA XXXX DA COMARCA DE XXXX – UF.

PROCESSO N: XXXX

ANTÔNIO AUGUSTO, nacionalidade, estado civil, profissão, portador


da Carteira de identidade n: xxx, inscrito no CPF: xxx, residente e domiciliado em xxxx,
(qualificação e endereço completo com CEP), por intermédio de seu advogado abaixo
assinado, inconformado com a sentença de fls. X, nos autos da AÇÃO XXX, movida
em face de MAX TV S.A e LOJAS DE ELETRODOMÉSTICOS LTDA, ambas já
qualificadas, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, tempestivamente após
o preparo, interpor o presente

RECURSO DE APELAÇÃO

Para o Tribunal de Justiça do Estado xxx, apresentando as razões, em anexo.

Termos em que,

Pede Deferimento.

Local, Data

Advogado

OAB-UF.
RAZÕES DE RECURSO DE APELAÇÃO
 
Apelante: Antônio Augusto
Apelado: Max tv s.a e Lojas de eletrodomésticos ltda
 
Proc. Nº.: XXX
 
EGRÉGIO TRIBUNAL,
COLENDA CÂMARA,
DOUTOS DESEMBARGADORES.

Não merece prosperar a sentença proferida pelo juiz a quo pelas razões a
seguir exposta:

I - DO CABIMENTO

Há adequação do presente recurso com a espécie de decisão proferida,


visto que tem seu cabimento delineado pelo artigo 994 do Código de Processo Civil.

Como a decisão recorrida consiste em sentença com fundamento no


art. 487, inc. I, CPC, comporta recurso de apelação nos termos dos arts. 994,
inc. I e 1.009 do CPC.

II - DA TEMPESTIVIDADE

O presente recurso de apelação é tempestivo, visto que interposto dentro


do prazo de 15 dias determinado pelo artigo 1.003, § 5º do CPC/15 (Lei
nº 13.105/2015).

Conforme o artigo 1.003, “caput” do CPC/15 a decisão que ora se recorre foi


disponibilizada no Diário de Justiça Eletrônico (DJE) em xx, de modo que considera-
se que foi publicada no dia útil imediatamente seguinte, ou seja, em xx.

Assim, em xx iniciou-se o prazo para a interposição do recurso de apelação,


de modo que o 15º, último dia do prazo, é xxx. Portanto, resta demonstrada a
tempestividade do presente recurso.
III - DO PREPARO

O presente recurso também preenche o requisito do preparo, já que suas


custas exigidas por lei foram devidamente pagas, conforme guias e comprovantes de
pagamento anexos.

IV - DOS EFEITOS

Diante do exposto, requer que o presente recurso seja CONCEDIDO nos


efeitos previstos em leis, isto é devolutivo e suspensivo.

V - DOS FATOS

O Recorrente ao se mudar, adquiriu em 20-10-2015, diversos


eletrodomésticos de última geração, como uma TV de LED, com sessenta polegadas,
acesso a internet etc, pelo valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais).

Ocorre que, após 30 dias funcionando normalmente, a TV superaqueceu e


com isso explodiu a fonte de energia, onde os demais equipamentos que estavam
conectados, e vieram a perecer.

Alguns dias após o grande dano causado, o Recorrente entrou em conato


com os Recorridos, que por sua vez, permaneceram inertes, não prestando nenhum
tipo de auxílio ao consumidor, um completo descaso.

Não viu outro meio senão ingressar com uma demanda na Vara Cível, em
face dos Recorridos para que fosse indenizado no valor de R$ 35.000,00 (trinta e
cinco mil reais), pelos danos causados, (os aparelhos que estavam conectados na
fonte de energia da TV foram destruídos), e a substituição por um novo aparelho.

Entretanto, o juízo acolheu a preliminar arguida pela loja que havia vendido a
televisão, excluindo-a do polo passivo.

Não o bastante, acolheu a decadência do direito do Recorrente, visto que,


decorreram mais de 90 dias entre o vício e o ingresso com a demanda.

Com isso, passa a defender a reforma da decisão.

VI - DAS RAZÕES DO PEDIDO DE REFORMA


VI.I - DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA
No caso em tela, é evidente a existência da responsabilidade objetiva, como
sendo aquela em que o dano deverá ser reparado independente de culpa, conforme
os ditames do parágrafo único do artigo 927 do Código Civil:

O código Civil trata da responsabilidade objetiva no art. 927, parágrafo


único: Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos
casos especificados.

Conforme é sabido, para que haja a responsabilidade objetiva, necessário


apenas que seja constatado o dano e o nexo de causalidade entre o dano e a ação
do responsável, no caso, a empresa ré.

Assim, vê-se claramente que a responsabilidade civil é objetiva fundada na


Teoria do Risco, pois devem suportar os riscos profissionais inerentes a mesma. Os
Recorridos são responsáveis civilmente pelos eventuais danos causados, pela falha
no serviço.

Vejamos o entendimento jurisprudencial:

RESPONSABILIDADE CIVIL. VÍCIO DO PRODUTO. DANO
MORAL. CONFIGURADO. Na relação de consumo
a responsabilidade com origem em fato
ou vício do produto e do serviço não depende da
comprovação de culpa do fornecedor. Por essa razão, é de
natureza objetiva, a teor dos arts. 12 , 14 e 18 do CDC . O
consumidor como regra, deve demonstrar o nexo de
causalidade e o dano.No caso, de modo específico, os
elementos de fato indicam a presença de defeito no produto e
da relação de causalidade. Caso concreto em que houve
demora excessiva em proceder à troca
do produto defeituoso.O valor da indenização deve ser fixado
de acordo com as condições do ofensor, do ofendido e do bem
jurídico lesado, bem como com os princípios da
proporcionalidade e razoabilidade. Apelação provida.

...

CONSUMIDOR. RESPONSABILIDADE PELO VÍCIO DO PRO
DUTO. ASSISTÊNCIA TÉCNICA. ILEGITIMIDADE. A
assistência técnica não responde pelo vício do produto porque
não deu causa à existência da mácula e apenas atua em nome
da fabricante na tentativa de amenizar, em tempo hábil, os
prejuízos verificados. COMERCIANTE. LEGITIMIDADE.
Tratando-se de responsabilidade pelo vício do produto ou do
serviço (art. 18 do CDC ), todos os fornecedores podem ser
demandados - e aqui encontra-se o comerciante -, e a escolha
cabe exclusivamente ao consumidor. ABALO À MORAL QUE
ULTRAPASSA O MERO DISSABOR. COMPENSAÇÃO QUE
SE FAZ DEVIDA. QUANTUM FIXADO EM OBEDIÊNCIA ÀS
FUNÇÕES QUE A PAGA PECUNIÁRIA DEVE
DESEMPENHAR. A pretensão de auferir indenização por dano
moral, na hipótese
de responsabilidade pelo vício do produto, merece prosperar
se o fabricante e o comerciante do produto que, em virtude da
mácula, tornou-se impróprio ao fim a que se destina, não
resolverem o problema por pura desídia e, con-
comitantemente, deixarem de prestar as informações neces-
sárias ao consumidor, o que, de per si, por se tratar de rela-ção
de consumo, já seria suficiente para configurar o dano. Na
fixação da indenização por danos morais, é de se respeitar os
princípios da razoabilidade e proporcionalidade, avaliando-se a
reprovabilidade da conduta, o nível sócio- econômico das
partes, atento, ademais, às peculiaridades do caso em
concreto. APELAÇÃO A QUE SE DÁ PARCIAL PROVIMENTO.

VI.II - DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA

A sentença acolheu a preliminar de ilegitimidade passiva arguida pelo 2º


Recorrido. Sendo assim, merece pronta reforma.

Conforme previsão legal dada pelo  Código de Defesa do Consumidor (CDC),


pelo caput de seu art. 18:

Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou


não duráveis respondem solidariamente pelos vícios
de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios
ou inadequados ao consumo a que se destinam ou
lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, com a indicações
constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem
ou mensagem publicitária, respeitadas as variações
decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor
exigir a substituição das partes viciadas.

Dessa forma, existe uma solidariedade geral entre todos os fornecedores da


cadeia de produção e distribuição, vez que o CDC adota uma concepção ampla do
conceito de fornecedor, conforme dispõe o caput do art. 3º do diploma protetivo:

Art. 3º Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,


pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como
os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação,
construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou
prestação de serviços.

Assim, em se tratando de responsabilidade por vício do produto, consoante


o art. 18 do CDC, a loja que vendeu o produto não poderia ser eximida de
responsabilidade quanto ao primeiro pedido do Recorrente, qual seja, a substituição
do televisor.

Sobre a pluralidade de sujeitos, Caio Mário (2005, p. 47) explica que a


classificação da solidariedade que adota o critério subjetivo, estabelece, pois,
“agrupamentos tendo em vista os sujeitos da relação criada, a forma como suportam
ou recebem o impacto do vínculo. Desta maneira, quando se alude a obrigação
solidária não se abandona a análise do objeto, “mas atende-se à maneira de
desenvolvimento da relação obrigacional, em função dos sujeitos”.

Pelo exposto, requer a reforma da decisão quanto a exclusão da lide do 2º


Recorrido, integrando-o a relação processual e condenando-o à substituição do
televisor que, comprovadamente, apresentou vício, conforme possibilita o art. 18, §
1º, inc. I do CDC.

VI.III - DA INEXISTÊNCIA DE DECADÊNCIA

A sentença entendeu que o Recorrente decaiu de sua pretensão por ter


decorrido mais de 90 (noventa) dias entre a data do surgimento do defeito e a do
ajuizamento da ação, conforme dicção legal do art. 26, inc. II do diploma
consumerista.

Acontece que, conforme nota fiscal em anexo, a compra foi realizada em 20


de outubro de 2015 e houve reclamação administrativa após a apresentação do vício
em 25 de novembro de 2015, ou seja, com apenas um mês de utilização do bem,
antes dos noventa dias previstos pelo CDC.

O diploma normativo é claro, a reclamação comprovadamente formulada pelo


consumidor perante o fornecedor de produtos e serviços obstam a decadência até a
resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca
(art. 26, § 2º, inc. I, CDC).

A jurisprudência salienta sobre, senão vejamos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RELAÇÃO DE


CONSUMO. VÍCIO DO PRODUTO. DECISÃO QUE
AFASTOU PRELIMINAR DE DECADÊNCIA.
GARANTIA CONTRATUAL DE UM ANO. PRAZO DO
ART. 26 DO CDC QUE SOMENTE TEM INICIO APÓS
O PRAZO DA GARANTIA. ART. 50 , DO CDC .
PRECEDENTE DO E. TJRJ. DECISÃO MANTIDA
Cinge-se a controvérsia sobre a ocorrência ou não
da decadência do direito de requerer a restituição dos
valores pagos por produto dito defeituoso.
O prazo para reclamar pelos vícios aparentes ou de
fácil constatação é de noventa dias para produtos
duráveis. Art. 26 , II , do CDC . Se há garantia
contratual, o prazo de noventa dias começa a correr
após o decurso do prazo contratualmente estabelecido.
Art. 50 do CDC . Existência de garantia de um ano do
produto objeto da relação de consumo e ora discutido
nessa demanda. Como a ação foi ajuizada antes de
completar um ano e noventa dias, não há falar
em decadência. Assim, se comprovado nos autos o
vício no produto, nada obsta o pedido de ser restituída
pelo valor pago pelo produto. RECURSO A QUE SE
NEGA PROVIMENTO.

Assim, tempestiva a reclamação apresentada pela parte Recorrente, não


podendo ser levantado a incidência do fenômeno da decadência.
VI.IV - DA INDENIZAÇÃO

Por último, os pleitos indenizatórios são fundamentados no fato do produto,


sujeitos a prazo prescricional previsto no art. 27, do CDC:

Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação


pelos danos causados por fato do produto ou do
serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-
se a contagem do prazo a partir do conhecimento do
dano e de sua autoria.

Em decorrência do produto viciado a Recorrente teve diversos danos. Os


materiais, em vista de outros aparelhos eletrônicos comprometidos (docs. anexos), e
os danos morais, diante todo o constrangimento sofrido pelo Recorrente e sua
família.

O Código de Defesa do Consumidor determina que “É direito básico do


consumidor a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais”
(art. 6º, VI, CDC).

O Código Civil de 2002 é cristalino quando dispõe sobre a necessidade de


reparar os danos causados, conforme se observa no artigo 186: Aquele que, por
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Igualmente e de forma complementar, o art. 927, reitera a previsão do dever de


reparar, consubstanciado na responsabilidade civil objetiva, senão vejamos:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,


independentemente de culpa, nos casos especificados em
lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos
de outrem.

Relembre-se, inclusive, que o direito de resposta e de indenização moral,


material ou à imagem é oriundo da Carta Magna de 1988, em seu artigo 5º, V, ao
dispor que “É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem”.

Destarte, sob os ângulos jurisdicional, legal e constitucional, nota-se que o


ato ilícito praticado pelos Recorridos, nos moldes de que fora apresentado
inicialmente são fatores gravíssimos e suficientes a ensejar o dever de indenizar, e
que, embora desnecessária a comprovação de culpa em situações desta índole, é
certo que ela constitui, ao menos, capacidade elementar de agravar as
consequências do ato, fatos presentes no presente pleito.

Diante do fato, nada mais justo do que a devida reparação pelos danos
materiais e morais sofridos.

VII - DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer que o recurso seja conhecido e ao final de


provimento para reformar a sentença proferida pelo magistrado, para que seja
conhecida a responsabilidade objetiva e solidária dos Recorridos, bem como, a
improcedência da decadência e os devidos danos morais.

Termos em que,

Pede Deferimento.

Local, data

advogado

OAB-UF.

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