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A boa Obra de Deus

Tendo por certo isto mesmo que aquele que em vós começou a boa
obra a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo.” - Filipenses 1:6

Temos aqui o que muito bem se pode descrever


como o versículo chave da Epístola inteira.
E neste único versículo que o apóstolo nos
apresenta desde logo o fundamento da sua
confiança concernente a si mesmo e a seu futuro
pessoal, bem como ao futuro da igreja de Filipos.
Penso que todos concordamos que este é um dos
grandes pronunciamentos que tanto caracterizam
os escritos de Paulo.
Há pessoas que falam em ter versículos ou textos
favoritos;
Nunca fiquei muito contente com a teologia dessa
declaração...
Mas, se existe tal coisa, devo confessar que,
indubitavelmente, este versículo é um dos meus.
E uma das declarações magníficas, fundamentais e
profundas e que nos leva às reais profundezas da
doutrina cristã e da teologia cristã.
Sem dúvida, é um fato extraordinário que um
homem, na situação em que Paulo estava quando
escreveu esta carta, pôde publicar estas palavras.
Ele estava sofrendo na prisão, vocês se lembram,
estava sendo perseguido e atacado por inimigos...
Por pessoas que faziam tudo para desacreditá-lo...
E para desfazer a obra realizada por ele nas
igrejas delas.
Assim, ele tem algum conhecimento das
dificuldades que cercavam a igreja de Filipos e,
todavia, apesar disso, tem esta profunda
confiança, tanto com respeito a si próprio como
com respeito aos membros daquela igreja.
E ele nos diz logo aqui, não somente neste versículo
mas também nos que estão a seu redor, que
existem duas coisas principais que produzem nele
este sentimento de confiança.
A primeira é que ele sabe da obra que está sendo
levada adiante nos membros da igreja de Filipos e
entre eles.
Ele está confiante por causa do caráter da obra e
porque sabe que é uma obra que nada nem ninguém
pode sustar.
A segunda, ele sabe que há muitos membros da
igreja de Filipos, na verdade, senão todos, dos
quais se pode dizer que esta obra continua sendo
realizada neles.
Os dois pontos são importantes.
A confiança de Paulo não é tanto nos membros da
igreja de Filipos como na obra de Deus que vai
operando neles e entre eles...
Ou, para dizê-lo de outro modo...
O que explica realmente a confiança do apóstolo é
sua clara compreensão da natureza da vida cristã...
Seu entendimento do que acontece quando um
homem se torna cristão...
E do poder e da vida que constituem a Igreja
Cristã.
E seu profundo conhecimento e entendimento do
plano divino de salvação que realmente leva a esta
sua confiança.
Penso que todos nós devemos admitir que é nossa
evidente incapacidade de entender e captar essa
verdade central e extraordinária que explica muito
da nossa aflição e dos nossos maus presságios...
Muito da nossa infelicidade e da nossa
preocupação.
Somente a pessoa que compreende o plano de
salvação...
Seu significado...
Seu caráter...
E seu poder é que pode chegar a sentir o que o
apóstolo sentia, e que pode partilhar a experiência
dele.
Ora, certamente é porque muitos de nós falhamos
justamente aí é que nos afligimos, por exemplo,
acerca de nós mesmos e da nossa posição e
condição.
Quando examinamos a nós mesmos e tomamos o
nosso pulso espiritual....
Ficamos sabendo de algumas lacunas que há dentro
de nós...
E isso nos causa tormento...
E nos leva à introspecção...
E talvez até a certa morbidez e a muita
infelicidade, e nos inclinamos instintivamente a
pensar que a vida cristã é muito difícil.
Mas eu me disponho a dizer que esses abalos no
temperamento e esses estados ou condições são,
em imensa medida, devidos à nossa incapacidade de
compreender esta realidade extraordinária que o
apóstolo coloca diante de nós aqui.
Não seria igualmente certo que muitos dos nossos
presságios concernentes ao futuro da Igreja
Cristã provêm da mesma fonte?
E lamentável, mas quase veio a ser uma
característica do povo cristão falar em tons de
queixume, pesar e tristeza...
“Que será que vai acontecer?
Vejam o povo, que indiferença!”
Eles pintam esse quadro melancólico do mundo, e
até da Igreja, e depois clamam:
“Haverá algo como um cristianismo organizado
dentro de vinte ou trinta anos?”
“Que é que o futuro nos reserva?”
Há também aqueles que profetizam o fim das
grandes reuniões cristãs e falam sobre a
possibilidade de pequenos grupos.
Bem, não me cabe dizer que eles estão totalmente
errados, mas o que me preocupa quanto a isso é que
em sua prosa e em suas conversas detecta-se uma
nota de profundo pessimismo concernente ao
futuro geral da Igreja Cristã e do evangelho.
E isso se deve unicamente a uma coisa...
A saber...
A incapacidade de compreender a natureza da vida
cristã...
A incapacidade de captar esta doutrina com a qual
nos defrontamos aqui, nesta magnífica declaração
do apóstolo.
Portanto, para nós não há nada que seja mais
importante do que entender de maneira
absolutamente clara estas coisas.
Como temos visto, Paulo tem um maravilhoso
consolo e encorajamento para oferecer nesta
carta...
Mas de nada nos valerá isso, não significará nada
para nós, se não concordarmos com a declaração
do versículo seis.
Pois se ela não for verdadeira...
Então nada do resto da Epístola será verdadeiro.
Tudo não passará de mera aspiração;
Mas se é verdadeira, tudo mais na carta é
verdadeiro.
Não se pode edificar sem alicerce, e aqui mais uma
vez voltamos a ele.
Noutras palavras, neste versículo o apóstolo torna
a descrever para nós a natureza do homem
cristão...
E ele descreve também a real essência do processo
cristão de salvação.
Ele o faz desta maneira:
Ele afirma que o cristão é alguém em quem está
sendo realizada uma boa obra.
Por isso devemos considerar algo do que o apóstolo
nos diz aqui acerca desta boa obra...
E o assunto se divide naturalmente nos seguintes
aspectos:
Primeiramente e antes de tudo, há o AUTOR da
obra
“Tendo por certo isto mesmo, que Aquele que em
vós começou a boa obra a aperfeiçoará
(completará) até o dia de Jesus Cristo”.
Quem é Ele?
Quem foi que começou esta boa obra nos membros
da igreja de Filipos?
Bem, certo é que há somente uma resposta a essas
perguntas: outro não é senão o próprio Deus.
Esse é o primeiro e fundamental postulado.
Este, penso eu, ajuda a examinar o assunto
negativamente.
Paulo não se refere à boa obra que ele própria
tinha realizado em Filipos.
Vocês se lembram de que Paulo tinha atravessado
o mar para a Macedônia e tinha pregado a algumas
mulheres reunidas à beira do rio;
Então pregou a outros e depois que foi posto na
prisão, pregou ao carcereiro de Filipos.
Paulo realizou grande obra nessa cidade.
Foi um grande trabalho de evangelização;
Ele estabeleceu uma igreja lá, e a edificou.
Todavia, quando escreve esta carta, de modo algum
se refere à obra que tinha realizado.
Não, foi obra de Deus mediante Paulo.
Naturalmente o método era sempre o de Paulo.
Há uma declaração muito interessante no fim de
Atos, capítulo 14, onde nos é feito um relato sobre
a volta de Paulo e Barnabé à igreja de Antioquia
depois da sua primeira viagem missionária.
Somos informados ali de que eles reuniram a igreja
e apresentaram um relatório de “tudo o que Deus
tinha feito por meio deles” (Atos 14:27).
“Aquele que em vós começou a boa obra” - não foi
Paulo que a iniciou, mas Deus.
Ou permitam que eu expresse o ponto com outra
negativa.
Paulo não diz que os Filipenses tinham começado
alguma coisa.
A origem de uma igreja não é como a de uma
sociedade.
Ás vezes homens se reúnem e dizem:
“Não acham que seria uma boa coisa ter uma
sociedade assim e assim?”
Montes Claros está repleta de tais sociedades...
A Igreja Cristã está repleta delas...
O povo está sempre começando novas
organizações.
Um grupo se reúne, forma a sociedade, elabora
suas regras e seus regulamentos - é o que vão
fazer.
Mas Paulo não diz que os filipenses começaram a
igreja filipense - não foi outra senão obra de Deus.
Pois bem, a Bíblia não argumenta sobre isso - ah,
nós muitas vezes fazemos isso - ela simplesmente
o declara!
A Bíblia simplesmente nos diz que a salvação é
inteira e completamente obra de Deus.
Ela nos diz que o homem, em seu estado
pecaminoso, é contra Deus, não deseja Deus e
jamais voltaria para Deus.
Nunca existiria uma igreja, nem tampouco haveria
salvação, se Deus não tivesse começado a agir.
“Aquele que em vós começou a boa obra” - é tudo
de Deus.
Claro está que não é de admirar que Paulo, acima
de todos os demais, ensine isso.
Ele jamais esqueceu o que ele próprio tinha sido;
Ele se via na lembrança como um blasfemo e um
perseguidor da Igreja...
E sabia perfeitamente bem que teria continuado
nesse estado se naquela ocasião, ao meio-dia,
enquanto viajava para Damasco onde tencionava
perseguir um grupo de cristãos, o Senhor não lhe
aparecesse de repente.
Paulo nunca decidiu ser cristão, nunca pensou
nisso, ele não iniciou a obra em si mesmo.
Foi Deus que o fez, e por isso Paulo sempre atribuía
a obra a Ele.
E naturalmente isso não somente era verdade a
respeito de Paulo, mas também o era,
patentemente, no caso da igreja de Filipos.
A fim de demonstrar isso, basta ler a história
registrada em Atos, capítulo 16.
Nos versículos 6 e 7 somos informados de que
Paulo queria ir para outro lugar, mas o Espírito não
lhe permitiu que o fizesse.
Esse é o primeiro passo - ele queria pregar nalgum
lugar da Ásia, o que lhe parecia ser o que era certo
fazer;
“Mas o Espírito de Jesus não lho permitiu” (Atos
16:7).
E depois, a próxima coisa que sucedeu foi que Paulo
teve uma visão durante a noite.
Ele não criou, não produziu a visão, não a gerou;
Ele estava dormindo, e a visão lhe foi dada.
Quem lha deu?
Deus.
Um homem da Macedônia lhe apareceu e disse:
“Passa à Macedônia, e ajuda-nos”.
E Paulo, vocês se lembram, cruzou o mar e
desembarcou pela primeira vez na Europa, como
fruto daquela visão.
Depois, tendo chegado a este lugar chamado
Filipos, o apóstolo foi induzido a falar àquelas
mulheres que se reuniam regularmente à beira do
rio para oração.
O texto nos diz que o Senhor abriu o coração de
Lídia;
Não nos é dito que Lídia estava muito
impressionada com a mensagem e que decidiu
experimentá-la e abraçá-la.
Não, o Senhor que trouxera Paulo para pregar,
abriu o coração de Lídia e o dos membros da sua
família...
E Paulo passou a pregar sediado na casa dela.
Depois há o caso da jovem possessa de um espírito
de adivinhação;
Ela foi libertada pelo poder de Deus, o que
produziu mudança em sua vida e ocasionou a prisão
de Paulo e Silas.
Depois houve o terremoto...
Certamente Paulo não o produziu - e a conversão
do carcereiro de Filipos.
Foi assim que a igreja de Filipos veio à existência.
A Bíblia não argumenta sobre isso...
Ela expõe sua doutrina, a qual declara que não é
nada nem ninguém...
Exceto unicamente Deus, que pode erguer o
homem das profundezas do pecado.
“Somos feitura sua”, diz Paulo, “criados em Cristo
Jesus” (Efésios 2:10);
Ele é o Mestre, o Artífice, o Modelador, foi Ele, e
somente Ele, que nos trouxe à luz.
Além disso, Paulo não somente nos diz aqui que esta
obra é de Deus, mas também que é obra de Deus
levada a efeito do princípio ao fim.
“Aquele que em vós começou a boa obra a
aperfeiçoara”.
Ele continuará a efetuá-la até havê-la completado
e havê-la aperfeiçoado, até à consumação final.
Deus não inicia meramente a obra e depois a deixa;
Ele a continua;
Ele a leva adiante, dirigindo, manipulando as nossas
circunstâncias, ora nos restringindo, ora nos
impulsionando.
A concepção geral de Paulo sobre a Igreja é que é
um lugar onde Deus age no coração dos homens e
das mulheres.
Isso é básico e fundamental.
O cristianismo é fruto da ação de Deus e da
atividade de Deus.
Não é ideia do homem, nem teoria do homem;
Não é elevação moral;
Não é nada que o homem possa fazer;
É Deus, verdadeiramente do princípio ao fim.
“Somente a Ele seja a glória” - a grande senha da
Reforma Protestante.
E, naturalmente, a Bíblia nos mostra que nesta
obra maravilhosa as três Pessoas da Trindade
santa e bendita estão envolvidas.
Deus o Pai inicia a obra.
Deus o Filho a realiza concretamente e torna tudo
possível;
Deus o Espírito a aplica e a realiza no íntimo de
nossas almas.
“Aquele que em vós começou a boa obra”.
Deus, o bendito Deus trino, é o autor desta boa
obra.

Primeiramente e antes de tudo, há o AUTOR da


obra.
Mas, permitam-me passar ao segundo princípio,
que é a natureza da obra e me parece que a chave
para entender esse princípio é a palavra em -
“aquele que” - não entre vós mas “em vós” -
“começou a boa obra”.

Segundo, há um INDIVIDUO na obra.

Ora, isso também é vital e central.


A obra à qual Paulo se refere aqui é a que o Novo
Testamento noutras partes descreve como o novo
nascimento, ou a nova criação, ou a regeneração -
vocês estão familiarizados com essas expressões.
O que acontece com o cristão não é mera reforma
ou melhoramento da superfície.
O evangelho não é algo que muda o homem no
sentido de torná-lo um pouco melhor...
Não realiza uma obra de reforma...
Ou melhoramento moral, no sentido cultural.
Não, é uma obra vital realizada por Deus na alma e
sobre a alma, no centro mesmo e nos órgãos vitais
da vida e da existência do homem.
Se o Novo Testamento é verdadeiro, o
cristianismo é a mudança mais profunda e vital que
a pessoa humana já experimentou.
Permitam-me agora fazer um sumário deste ponto.
A primeira coisa que Deus faz é despertar-nos
para o nosso estado e condição.
Deus o Espírito Santo age em nós e nos faz ver que
somos culpados diante de Deus;
Que estamos perdidos.
Ele nos faz ver que até o nosso interesse por Deus
é pecaminoso, porque consideramos Deus apenas
como um vocábulo, e não hesitamos em criticá-Lo.
O Espírito Santo nos desperta para a nossa
necessidade.
Há uma vivificação que nos sobrevêm...
E começamos a ver-nos como somos realmente...
E isso, por sua vez, leva-nos a um estado de
arrependimento e de tristeza pelo pecado.
Depois...
O Espírito Santo cria dentro de nós um desejo de
Deus, o desejo de uma diferente ordem de vida, de
uma vida melhor.
De repente compreendemos que estamos vivendo
uma pequena vida egocêntrica e alheia a Deus;
Enxergamos o perigo disso...
As terríveis possibilidades que decorrem de tal
vida...
E começamos a anelar por conhecer Deus.
Ansiamos pela nossa libertação deste pecado que
agora vemos que nos acorrenta e nos prende.
Tentamos encontrar Deus...
Mas descobrimos que não podemos.
E então o Espírito Santo realiza a bendita obra de
revelar-nos Cristo em toda a perfeição de Sua
obra.
Subitamente Ele abre os nossos olhos para vermos
o real significado de Cristo e Sua cruz;
Ele nos mostra a obra objetiva que Cristo realizou
uma vez por todas, e aplica tudo isso a nós.
Ele nos faz compreender que isso não é algo
teórico, mas sim algo de relevante interesse para
nós.
E depois, Ele realiza um feito que, num sentido, é
ainda mais maravilhoso.
Ele nos perdoa os nossos pecados.
Ele introduz uma nova vida em nós;
Tomamos consciência de um novo homem...
Uma nova natureza.
Ele faz com que nos examinemos e que
perguntemos:
“Sou mesmo ainda a mesma pessoa?” - como Paulo
disse: “Vivo, não mais eu...” (Gálatas 2:20).
Ficamos cientes de que há evidência de um novo
ser...
Uma nova natureza dentro de nós...
E já não gostamos das coisas das quais gostávamos.
Começamos a gostar da Bíblia...
Começamos a orar...
Frequentar as reuniões de oração...
E é o Espírito Santo que realiza isso tudo.
Ele nos cria de novo segundo o modelo e o estilo de
Cristo.
Essa é a boa obra que Deus começa em nós e
continua em nós.
Depois Ele prossegue e vai aperfeiçoando “o novo
homem”...
Por meio de Sua Palavra...
Por meio de outras pessoas...
Por meio das circunstâncias, ou do que
frequentemente consideramos acaso.
Ele nos modela amaciando as nossas arestas...
Esculpindo uma ponta aqui, outra ali...
Essa é a concepção que Paulo tem do que é ser
cristão, membro da Igreja Cristã.
Paulo usa uma analogia estranha em 1 Coríntios,
capítulo 4, onde ele diz que somos um teatro de
Deus, o lugar onde Deus atua e realiza certas
coisas.
Ou tomemos outra analogia:
A Igreja é uma fábrica de Deus, e os cristãos são
artigos que Deus está formando e modelando.
Ele opera em nós;
A obra de Deus não é algo que acontece uma vez
por todas quando somos convertidos.
Deus continua Sua obra em nós...
E tudo o que acontece faz parte deste grande
processo.
Talvez haja um desapontamento, perdemos
dinheiro ou o emprego;
Podemos não ver isso agora, mas no futuro o
veremos como parte do grande processo de Deus
em andamento com a boa obra que Ele já começou
em nós.
Pois bem, ser cristão não é menos que isso;
É experimentar esta boa obra de Deus sendo
efetuada dentro de nós;
É estar ciente do fato de que isso está ocorrendo.
Se você tiver consciência de que está sendo
manipulado...
de que estão lidando com você...
diga então a si mesmo:
isto é Deus, Ele está realizando algo em mim.
Não entendo isso, mas sei que é Deus, e Lhe dou
graças, muito embora não possa examinar a fundo
este fato neste momento.
A boa obra é, noutras palavras, aquela poderosa
obra de Deus...
Mediante o Espírito Santo...
Na qual a vida, a morte e a ressurreição de Cristo
se tornam reais para nós e são aplicados a nós...
E nós somos criados de novo à Sua imagem....
“Um novo homem” em Cristo Jesus.
Primeiramente e antes de tudo, há o AUTOR da
obra.
Segundo, há um INDIVIDUO na obra.

Passemos agora ao terceiro princípio.

Terceiro, há um PROPOSITO da obra.

Já vimos que é obra de Deus, e que é uma boa obra


em vós, e então, qual é o propósito da obra?
Paulo dá a resposta:
“Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em
vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia
de Jesus Cristo”.
Esse é o grande objetivo, o fim disso tudo.
Estamos sendo modelados e preparados para o dia
de Jesus Cristo.
Notem que Paulo não diz que nós estamos
preparados para o dia da nossa morte;
Não, nós estamos sendo preparados para o grande
dia que aguardamos, o dia de Jesus Cristo.
Em certo sentido, esta é uma das coisas mais
maravilhosas e estupendas da Bíblia...
E é devido à sua clara concepção deste “dia de
Jesus Cristo” que Paulo pode fazer todas as coisas
que nos conta.
Que é, então, este dia?
E o dia da grande consumação, a finalização da
obra de salvação.
Permitam-me explicar este ponto nestes termos:
Assim que o homem pecou e caiu da comunhão com
Deus, Ele começou o grande processo.
Lembram-se da promessa feita com relação à
“semente da mulher”?
Começou ali, Deus continuou Sua obra:
Separou um homem chamado Abraão e fez dele
uma nação;
E através da Bíblia toda vemos a continuidade da
obra.
Mas a quê essa obra está sendo levada?
Bem, o objetivo final é que este mundo, que foi
amaldiçoado por causa do pecado do homem, será
restaurado e será feito absolutamente perfeito;
Haverá “novos céus e nova terra, em que habita a
justiça” (2 Pedro 3:13);
E o Filho de Deus voltará para governar como Rei.
Esse é o dia do Senhor.
Os “espíritos dos justos aperfeiçoados” receberão
seus corpos glorificados” ...
“Tendo ressuscitado dos mortos” ...
“E habitarão nesta nova terra, sob o novo céu, com
Cristo, para todo o sempre”;
É o dia glorioso da emancipação final, a redenção
suprema por vir.
E o que Paulo diz aos membros da igreja de Filipos
neste ponto é que está tudo bem, e que eles irão
avante, com Deus operando neles, até torná-los
absolutamente perfeitos naquele grande dia.
Seja o que for que aconteça comigo ou com vocês,
diz Paulo, está tudo certo.
Deus está continuando Sua obra, e quando Cristo
voltar, vocês estarão diante dEle e receberão sua
recompensa.
Vocês entrarão em sua herança, naquela magnífica
e maravilhosa consumação, o dia de Jesus Cristo, o
dia do Seu glorioso retorno para reinar.
Vocês estarão prontos e não perderão nada do que
vai ocorrer.
Esse é o fim e o propósito da grande e boa obra
que Deus tinha começado (1 Pedro 1:4).
São essas as coisas que os ladrões não podem
arrombar e roubar, nem a traça e a ferrugem
podem estragar;
Estão seguras com Deus no céu, fora do alcance do
homem e de todos os seus esforços e maquinações.
Se você é cristão, está sendo preparado para
aquele dia, e está sendo preparado para isso por
Deus.
Permitam-me só dizer uma palavra sobre a certeza
desta obra.
Não há dúvida sobre isso, diz Paulo:
“Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em
vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao
dia de Jesus Cristo”.
Minha garantia é nada menos que o caráter do
próprio Deus.
Minha confiança está baseada na santidade, na
justiça e no poder de Deus.
Deus jamais começa uma obra e a deixa inacabada;
seria uma contradição do Seu caráter.
Deus é diferente do homem:
Começamos coisas e não as continuamos.
Nosso entusiasmo dura uma semana ou duas.
Fazemos o propósito de realizar algo, começamos
a fazê-la, mas não há continuidade.
Graças a Deus, a minha esperança do dia de Jesus
Cristo e Sua glória não está firmada no poder da
minha vontade, nem em meu desejo, nem em meu
entendimento.
Firma-se neste fato:
Ele nunca teria começado a obra, se não estivesse
decidido a terminá-la.
Como sobre isso fala Paulo, dizendo a Timóteo:
“O firme fundamento de Deus permanece” (2
Timóteo 2:19);
E quando escreve aos coríntios ele diz:
“Porque ninguém pode pôr outro fundamento, além
do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1
Coríntios 3:11).
Deus lançou esta pedra fundamental firme e
segura.
São-nos dadas duas explicações disto:
“O Senhor conhece os que são seus” (2 Timóteo
2:19),
E, em segundo lugar, este versículo de Filipenses,
que nos garante que, quando Deus começa uma obra
numa alma, Ele “a aperfeiçoará até ao dia de Jesus
Cristo”.
Paulo, novamente, escrevendo aos romanos, diz -
esta é a lógica:
“Se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com
Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando
já reconciliados, seremos salvos pela sua vida”
(Romanos 5:10).
Paulo quer dizer o seguinte:
Se Cristo morreu por você quando você era um
inimigo e um rebelde, e O odiava, se Ele morreu por
você quando você estava nessa condição, quanto
mais, então.
Deus manterá e sustentará você e o manterá
seguro, e terminará a obra pelo amor de Cristo - é
lógica incontestável.
O caráter de Deus garante a completa ação da
obra.
Primeiro, há o AUTOR da obra.

Segundo, há um INDIVIDUO na obra.

Terceiro, há um PROPOSITO da obra.

Concluamos agora com uma aplicação prática.


Quanto a nós, penso que todos concordaremos, a
questão vital é que saibamos, com certeza, que
esta obra está acontecendo em nós.
Teria Ele começado esta boa obra em mim?
Será que sei que Ele vai dando continuidade a ela e
que eu vou ser perfeito no dia de Jesus Cristo?
Como posso sabê-lo?
Paulo, num sentido, dá-nos a resposta neste texto,
quando dá graças a Deus pelo companheirismo
destes filipenses no evangelho.
Que significa isso?
Significa que eles estavam interessados nestas
coisas.
Estas pessoas de Filipos preferiam reunir-se como
igreja para dialogar sobre estas coisas, antes que
qualquer outra.
Os filipenses eram cidadãos romanos.
Eram cultos, mas uma vez que tinham visto isso,
tiveram ciência de que era o que há de importante.
Assim eles se reuniam e trabalhavam juntos.
Esta era sua comunhão, sua participação no
evangelho.
Isso é um sinal muito bom.
Se estas verdades constituem o seu primeiro e
maior interesse, penso que você pode dar-se por
feliz por ter sido iniciada em você a boa obra.
No versículo sete Paulo diz:
“Como tenho por justo sentir isto de vós todos,
porque vos retenho em meu coração, pois todos vós
fostes participantes da minha graça, tanto nas
minhas prisões como na minha defesa e
confirmação do evangelho”.
Ele quer dizer que toda vez que você ouve alguém
ridicularizar o evangelho...
Você lhe replica e o defende...
E se você ouve falar indignamente de Cristo, você
defende o nome na defesa do evangelho.
Claro está que todos estes pontos merecem um
sermão...
Estou simplesmente traçando uma vista
abrangente, oferecendo uma visão panorâmica.
Se você defende o evangelho, pode sentir-se feliz
porque a boa obra começou em seu ser.
E quando Paulo se refere à “confirmação do
evangelho”, refere-se à propagação do evangelho.
Temos que defendê-lo e proclamá-lo.
Que outros testes haveria aqui?
Eis alguns:
Se cada vez mais você odeia o pecado, certamente
significa que a boa obra de Deus está sendo
efetuada em você, ninguém mais pode lhe dar isso.
Se cada vez mais você deseja a santidade em sua
vida...
Se tem um crescente interesse em agradar a
Deus...
E em ser bem visto por Ele...
É sinal que a obra vai tendo prosseguimento.
Você tem um crescente sentimento de amor e
gratidão a Deus?
Estaria você mais e mais disposto a dizer:
“Graças a Deus pelo seu dom inefável” ...
E, “Pela graça de Deus sou o que sou”?
São estes os testes e os sinais.
Se estas coisas verdadeiramente podem ser ditas
de nós...
Há somente uma explicação...
Não é o homem natural, porque o homem natural
não deseja nenhuma destas coisas.
Quem quer que tenha tais desejos os tem porquê...
Deus começou e continua a Sua boa obra nele.
Portanto, queira Deus conceder-nos que possamos
juntar-nos ao grande apóstolo e dizer:
“Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em
vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de
Jesus Cristo”.
Amém.

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