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º 6
GRUPO II
1. Relacione os seguintes conceitos: «experiência», «saber que», «saber-fazer» e «conhecimento por
contacto».
3. «TEETETO – Sócrates, fiquei agora a pensar numa coisa que tinha esquecido e que ouvi alguém dizer:
que o saber é opinião verdadeira acompanhada de explicação e que a opinião carente de explicação
se encontra à margem do saber.»
Platão (2005), Teeteto ou Da Ciência, 2.ª ed., Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, p. 302.
Refira de que modo E. Gettier contestou a ideia de que o conhecimento equivale à «opinião
verdadeira acompanhada de explicação».
4. Mostre qual a diferença estabelecida por Kant entre juízos sintéticos e juízos analíticos, salientando
em que medida as verdades dos primeiros podem ser conhecidas a partir de duas fontes distintas.
Testes
(aqueles que foram acima referidos) como a priori. Com
se àquilo que efetivamente existe ou é, equivalendo
efeito, segundo Kant, há juízos independentes da
assim a «existente» ou «ser». Nesse sentido,
experiência, tendo uma origem racional – a priori –, mas
«realidade» designa um ser particular ou os seres em
cujo predicado não está implícito no conceito do sujeito
geral. Mas esta leitura genérica esconde uma
– sintéticos. Como tal, esses juízos aumentam o nosso
multiplicidade de aceções. Sendo o que é ou existe, a
conhecimento. São os juízos sintéticos a priori,
realidade é também o que se opõe ao nada, ao não ser.
caracterizados, tal como os analíticos, pela necessidade
Mas o conceito aplica-se igualmente àquilo que se opõe
e pela universalidade.
ao aparente ou ilusório; ao que não é potencial ou
GRUPO II
1. Refira em que medida se pode afirmar que o dogmatismo ingénuo não ocorre na filosofia.
3. «Locke é o autor do texto “canónico” do empirismo. A alma, escreve ele, é uma tábua rasa, uma página
branca sem caracteres. (…) O empirismo clássico recusa, pois, as ideias inatas de que falava Descartes.»
AAVV (1999), Dicionário Prático de Filosofia, 2.ª ed., Lisboa, Terramar, p. 113.
Diferencie, com base neste excerto, as perspetivas de Descartes e de Locke relativamente à origem do
conhecimento.
GRUPO III
1. «A faculdade de conhecer que ele [Deus] nos deu, a que chamamos luz natural, nunca apreende
nenhum objeto que não seja verdadeiro no que ela apreende, isto é, no que ela conhece clara e
distintamente; pois teríamos razão para acreditar que Deus seria enganador, se no-la tivesse dado de
tal modo que tomássemos o falso pelo verdadeiro, quando a usássemos bem.»
Descartes (2005), Princípios da Filosofia, Porto, Areal Editores, p. 70.
2. «Atrever-me-ei a afirmar, como uma proposição geral que não admite exceção, que o conhecimento
desta relação [a relação de causa e efeito] não é, em circunstância alguma, obtido por raciocínios a
priori, mas deriva inteiramente da experiência, ao descobrirmos que alguns objetos particulares se
combinam constantemente uns com os outros.»
David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, p. 33.
Relacione a afirmação segundo a qual o conhecimento da ligação de causa e efeito não é obtido por
raciocínios a priori com a ideia de conexão necessária.
3. «[O ceticismo de Descartes e outros] recomenda uma dúvida universal, não só de todas as nossas
opiniões e princípio anteriores, mas também das nossas próprias faculdades, de cuja veracidade,
dizem eles, nos devemos assegurar mediante uma cadeia de raciocínio, deduzida de algum princípio
original que, possivelmente, não pode ser falaz ou enganador. Mas, não existe um tal princípio original,
que tenha uma prerrogativa sobre os outros, que são autoevidentes e convincentes.»
David Hume (1989), Investigação sobre o Entendimento Humano, Lisboa, Edições 70, pp. 143-144.
Testes
por Deus, que não é enganador, «nunca apreende
1.2. B nenhum objeto que não seja verdadeiro (…) no que ela
1.3. D conhece clara e distintamente». Desde que bem usada, a
1.4. A razão pode alcançar conhecimentos evidentes. Deus,
1.5. D sendo o criador da faculdade de conhecer, é também o
princípio do ser e do conhecimento em geral, garantindo
1.6. B
a verdade objetiva das ideias claras e distintas.
1.7. D Criador das verdades eternas, origem do ser e
1.8. C fundamento da certeza, Deus garante a adequação entre
GRUPO II o pensamento evidente e a realidade. Ao legitimar o
1. No âmbito do dogmatismo ingénuo, não valor da ciência, Deus confere solidez ao sistema do
se coloca o problema de saber se o sujeito apreende saber e objetividade ao conhecimento.
ou não o objeto, ou seja, não se coloca o problema 2. Escreve Hume que o conhecimento da relação
do conhecimento, partindo-se do pressuposto de de causa e efeito «não é, em circunstância alguma,
que o sujeito apreende efetivamente o objeto. Ao obtido por raciocínios a priori, mas deriva inteiramente
não se aperceber do carácter relacional do da experiência». É perante a constatação de que
conhecimento, o dogmático não coloca em dúvida a determinados objetos se combinam entre si, ou de que
sua possibilidade, acreditando que os objetos nos entre dois fenómenos se verificou sempre uma
são dados diretamente e de um modo absoluto, tal conjunção constante (um deles ocorreu sempre a seguir
ao outro), que concluímos ser um a causa e outro o experiência o fundamento do conhecimento. Como tal,
efeito, tomando assim conhecimento da relação de na sua perspetiva, o conhecimento apoia-se em crenças
causalidade. Ora, essa conjunção constante entre básicas inseparáveis das impressões dos sentidos, que
fenómenos não nos pode levar a concluir que entre são «autoevidentes e convincentes»: as crenças básicas
eles haja uma conexão necessária (embora seja desse são as crenças de que se está a ter determinadas
modo que a relação de causa e efeito é geralmente experiências. Para Descartes, ao invés, o fundamento do
entendida), tanto mais que não dispomos de qualquer conhecimento tem de ser procurado na razão. Descartes
impressão relativa à ideia de conexão necessária entre descobre-o no cogito, primeira verdade, o «princípio
fenómenos. original» a que Hume se refere, assim como noutras
3. Descartes e Hume são ambos ideias claras e distintas da razão.
fundacionalistas. Mas divergem no fundamento que Todavia, este fundamento do conhecimento depende
adotam para o conhecimento. Hume encontra na daquele que é o princípio de toda a realidade: Deus.