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A Graça nos Santos em

Cristo Jesus
“Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus, que estão em Filipos,
com os bispos e diáconos; graça a vós, e paz da parte de Deus nosso Pai e da do Senhor Jesus Cristo.
Dou graças ao meu Deus todas as vezes que me lembro de vós, fazendo sempre com alegria oração
por vós em todas as minhas súplicas, pela vossa cooperação no evangelho desde o primeiro dia até
agora. Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao
dia de Jesus Cristo; como tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu
coração, pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões como na minha
defesa e confirmação do evangelho.” - Filipenses 1:1-7

Já notamos em nosso primeiro estudo que a


situação confrontada por estes cristãos primitivos
era estranhamente similar à nossa situação atual.
Naquele tempo o mundo era um lugar difícil,
exatamente como agora, e, portanto, está Epístola
tem muita coisa para nos ensinar.
Seu grande tema é alegria no Senhor, ou alegria
em Cristo, e a nossa vocação especial como
cristãos é para que manifestemos a qualidade de
vida aqui descrita pelo apóstolo.
Essa é, parece-me, a prioridade da vocação de todo
cristão na época atual.
Em contraste com o mundo moderno, devemos
mostrar aos outros como triunfar e como vencer.
E desse modo que podemos persuadir as pessoas
do erro dos seus caminhos e atraí-los para o
Senhor Jesus Cristo.
Para mim, este é o primeiro passo, a estrada real.
O mundo hoje, como todos nós sabemos, não está
muito pronto a ouvir-nos ou a ouvir a nossa
pregação.
Ele nos diz que não se interessa por teologia e
dogma, e pode haver alguma coisa certa nisso; o
mundo tornou-se psiquiatra, psicológico ou
psicanalista, para não dizer cínico, e não se dispõe
a ouvir o que as pessoas dizem.
Mas quando o mundo vê uma vida triunfante, uma
personalidade claramente vitoriosa, então começa
a prestar atenção.
Os primeiros cristãos venceram o mundo antigo
simplesmente sendo cristãos.
Foi o seu amor uns pelos outros, e seu tipo de vida,
que fizeram tão grande impacto naquele mundo
pagão, e não há como questionar que esta é a maior
necessidade da nossa hora - a qualidade da vida
cristã demonstrada entre os homens e as
mulheres.
Para isso fomos chamados, e isso todos nós
podemos fazer.
E aqui o apóstolo nos diz como podemos fazê-lo,
conquanto trate da doutrina ao mesmo tempo.
Esta carta nos dá incomparável consolação e
fortalecimento.
Ela nos diz como podemos manter paz e alegria e,
ao mesmo tempo, exercer este grande impacto e
influência no mundo que nos cerca.
Esse é o grande tema desta Epístola, e o apóstolo
trata dele, como já vimos, mostrando-nos as
diversas dificuldades que o confrontavam e
confrontavam a igreja de Filipos, e depois nos
mostrando como o evangelho nos habilita a vencê-
las.
Num sentido, ele começa a fazer isso no versículo
12 deste capítulo primeiro, e devemos perguntar-
nos por que não o faz logo no princípio.
Por que será que, em vez da sua saudação
preliminar de graça e paz, ele não inicia com a
grande consolação que tem para nos dar?
Pois bem, para mim isso é de real significação, e a
resposta pode ser expressa desta maneira: o que
o apóstolo tem para oferecer aqui, como em todas
as suas demais Epístolas, é algo que só nos é
possível com base em certas pressuposições.
E vital que entendamos isso.
O fato admirável que o apóstolo nos expõe nesta
carta, fato que é verdadeiro quanto a ele e aos
filipenses, e que é verdadeiro e é possível a todos
os cristãos, só pode acontecer se estivermos em
absoluto acordo com o que ele tem para nos dizer
nestes primeiros onze versículos.
Noutras palavras, esta não é uma verdade ampla,
para o mundo em geral;
É uma porção muito especial de ensino.
O que o apóstolo diz nesta carta só pode ser
entendido por determinadas pessoas.
Para o mundo em geral ela não tem sentido;
É um conforto e consolo que só opera dentro de
certos limites;
E, se não tivermos o cuidado de observar esses
limites, tudo o que o apóstolo nos diz ficará fora
de lugar;
E acabará sendo completamente inútil.
Em todas estas Epístolas vocês verão que o auxílio
e o encorajamento práticos dados, sempre estão
baseados em doutrina.
Paulo sempre dá conforto e consolação deduzindo
verdades práticas de certos princípios já por ele
estabelecidos.
Ora, é evidente que isso é, necessariamente, algo
básico e final, e nesse ponto vemos, certamente, a
explicação de muita coisa que, lamentavelmente, é
verdade acerca da Igreja em geral hoje em dia, e
também acerca do mundo fora dela.
Podemos comparar-nos com cristãos que viveram
em tempos passados;
Podemos comparar-nos, por exemplo, com os
cristãos que viveram durante o despertamento
evangélico do século dezoito;
Podemos ler alguma coisa das obras dos puritanos,
ou podemos voltar-nos para os reformadores
protestantes e ler sobre eles;
Ou podemos considerar a Igreja entre certos
irmãos do continente europeu, até anteriores à
Reforma Protestante;
E podemos voltar a estes cristãos primitivos, e
entre todos estes santos, de eras passadas,
sempre vemos esta nota lírica, esta nota de vitória
e de alegria.
Temo-la em muitos dos nossos hinos, e quando nos
comparamos com essa espécie de experiência
cristão, logo tomamos ciência do chocante
contraste.
Por que será?
Que é que a Igreja perdeu?
Por que a ausência dessa qualidade?
Por que há tão pouca segurança;
Tão pouco regozijo;
Tão pouco deste espírito de triunfo?
Para mim há somente uma resposta a essas
perguntas:
Esquecemos a doutrina, nem sempre tivemos
o cuidado de basear tudo em determinadas
considerações preliminares, sem as quais não
existe conforto real.
A dificuldade que há com muitos de nós é que
desejamos obter as bênçãos do evangelho, mas não
temos igualmente o cuidado de observar as
condições.
Naturalmente, todo o mundo quer as bênçãos;
Em certo sentido, o mundo atual passa a maior
parte do seu tempo procurando felicidade e
alegria, porque ninguém quer sentir-se miserável e
infeliz.
Se fosse feito o anúncio de uma teoria ou doutrina
capaz de tomar as pessoas felizes apesar de tudo,
o mundo inteiro desejaria ouvi-la.
Queremos o conforto e a felicidade, mas os
queremos em nossos próprios termos;
Queremo-los facilmente;
Queremo-los simplesmente;
Queremo-los apenas por tê-los, e nada mais.
Pois bem, permitam-me esclarecer, antes de
passarmos à consideração detalhada desta grande
Epístola, que o que Paulo expõe aqui jamais poderá
ser obtido nesses termos.
A menos que aceitemos o seu alicerce, nunca
seremos capazes de erigir o edifício que ele
construiu;
A menos que comecemos por suas pressuposições,
nunca deduziremos as conclusões certas.
Na verdade, a menos que observemos as condições
anexadas a cada promessa feita em qualquer parte
da Bíblia, nunca experimentaremos as bênçãos
presentes nas promessas.
E por isso que Paulo, necessariamente, como sábio
mestre, é forçado a tomar todo este tempo, com
os primeiros onze versículos, antes de começar a
lidar com os detalhes da situação.
Permitam-me dizer o seguinte:
Esta Epístola não foi escrita para o mundo em
geral;
Mas para “todos os santos em Cristo Jesus, que
estão em Filipos, com os bispos e diáconos”.
O Novo Testamento não tem nada para dizer em
geral ao mundo que não crê em nosso Senhor Jesus
Cristo;
Não lhe oferece nenhum conforto, nenhuma
consolação, nenhum encorajamento.
Ele sempre começa pelo evangelho, e é só quando
as pessoas encaram isso que podem experimentar
estas outras coisas.
Paulo não escreveu uma carta geral para todo o
Império Romano, anunciando o caminho da
felicidade e da paz.
Nada disso!
É uma carta especial para algumas pessoas
especiais;
E ela baseia o seu argumento nalguns princípios
fundamentais e primários.
Portanto, o primeiro ponto que nos cabe considerar
é o seguinte:
A quem Paulo oferece a maravilhosa espécie de
vida que retrata aqui?
Quem é que pode ser feliz em todos os tipos de
estados e condições?
Quem é o homem que pode dizer: “Para mim o viver
e Cristo”?
Quem pode dizer: “Aprendi a estar contente em
toda e qualquer situação”?
Quem pode falar dessa maneira?
A resposta é que somente podem fazê-lo os que se
conformam a um padrão particular.
O apóstolo está escrevendo a cristãos, de modo
que, se não tivermos perfeitamente claro em
nossas mentes o que constitui um cristão, jamais
poderemos auferir o benefício que deveríamos
obter da consideração desta grande carta.
E isso que devemos fazer primeiro.
O próprio apóstolo faz isso; ele se esforça muito
para definir exatamente o que estas pessoas são e
o que devem continuar a ser, sabendo que, se não
continuarem, nunca experimentarão os benefícios
que ele deseja ansiosamente que eles tenham.
Portanto, a primeira coisa que devemos fazer
quando passamos a estudar esta Epístola é
perguntar:

1 - O que é um cristão?
Devemos fazer constantemente essa pergunta,
porque, se errarmos aí, erraremos em todos os
outros pontos.
Muitos perguntam: “Por que não sou feliz desse
jeito?
Que devo fazer para obter essa felicidade?”
E a resposta é que temos que ser cristãos;
Temos que conformar-nos à definição dada, e, se e
quando fizermos isso, todas estas coisas se
seguirão como a noite segue-se ao dia.
Quais são, então, as características do cristão
verdadeiro?
Como podemos saber se somos cristãos ou não?
O apóstolo nos diz aqui três coisas sobre o cristão;
E a primeira é que o cristão é participante da graça
de Deus.
“Todos sois participantes da minha graça” - é como
ele se expressa a respeito no versículo 7.
Outras traduções dizem “participantes da graça
comigo”, ou, “todos vós sois participantes comigo
da graça e do favor de Deus”;
E é esse o seu sentido.
Bem, essa é uma das coisas mais maravilhosas e
extraordinárias que se pode dizer sobre o cristão;
E é sempre essa a definição básica, essencial dada
pelo Novo Testamento - o cristão é alguém que
está sob a graça e o favor de Deus.
E que é graça?
Bem, num sentido, graça é uma palavra tão
maravilhosa que não se pode definir;
Mas não há melhor definição do que descrevê-la
como favor imerecido;
Favor do qual não somos dignos.
Paulo, escrevendo acerca destes membros da
igreja de Filipos, diz: vocês compartilham comigo
esta graça, este favor que Deus concedeu a todos
nós.
E que é que isso nos diz acerca do cristão?
Diz-nos que Deus, supervisionando esta terra, este
mundo, com todas as suas numerosas multidões de
homens e mulheres, todos nascidos em pecado e
formados em iniquidade, vê com um olhar de
especial favor os que são conhecidos pelo nome de
cristãos.
Significa que Deus nos vê diferentemente e se
interessa por nós de maneira diferente.
As vezes o Velho Testamento diz isso de outro
modo;
Lembrem-se de que Deus, falando à nação de
Israel por meio do profeta Amós, emprega estas
palavras: “De todas as famílias da terra a vós
somente conheci” (Amós 3:2).
Mas isso não significa que Ele não sabia da
existência dos outros;
Ou que Ele não tinha real conhecimento dos outros;
Pois Deus é onisciente, conhece e vê tudo e todos;
Significa que Ele tinha tomado especial interesse
pela nação de Israel;
Ele fora incomumente favorável aos filhos de
Israel e tinha interesse por eles e por seu bem-
estar.
Ele os olhava com olhos paternos e fazia chover
bênçãos especiais sobre eles.
E sobre o cristão Paulo diz que ele é alguém que
participa, ou compartilha, deste imerecido favor e
benevolência de Deus, favor de que ele não é digno.
Este, digo e reitero, é um pensamento tão
tremendo que a mente humana quase se perde em
confusão diante dele;
Quase frustra a imaginação - mas que conforto e
que consolação ele propicia!
Antes de entrar nos detalhes de tudo o que está
dizendo, Paulo diz a mim e a vocês que o Deus todo-
poderoso, absoluto;
O eterno e sempiterno, o governador de céus e
terra;
0 Pai, olha por nós, tem especial interesse e
cuidado por nós e derrama abundantemente Seus
favores e Sua misericórdia sobre nós.
Diz o salmista no Salmo 34: “O anjo do Senhor
acampa-se ao redor dos que o temem” (versículo
7);
E não seria esse o ensino de tantos destes Salmos
que o homem que está em correta relação com
Deus está sendo vigiado e guardado e que Deus
tem Seus olhos postos nele e que o cerca com o
Seu amor?
De fato, toda a doutrina da Bíblia relativa aos
anjos é pertinente aqui.
Há um ensino bastante claro e específico, segundo
o qual existem verdadeiramente anjos da guarda.
Lembram-se das palavras de Mateus 18:10 - “Os
seus anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai
que está nos céus”?
E o autor da Epístola aos Hebreus nos diz que
todos eles são espíritos ministradores, “enviados
para servir a favor daqueles que hão de herdar a
salvação” (Hebreus 1:14).
E uma doutrina admirável e estupenda, que Deus no
céu, devido a Seu interesse, por causa deste
cuidado especial, peculiar, tem estes Seus servos
que velam por nós, nos protegem e nos advertem.
Se tão-somente pudéssemos ver estas coisas como
alguns dos pais as viram, isso transformaria toda a
nossa maneira de ver a vida.
Como aconteceu com Jacó, na antiguidade,
perceberíamos que estamos rodeados das hostes
celestiais, destes invisíveis ministros de Deus.
Mas isso não é tudo.
O nosso Senhor o expressa de outra maneira.
Ao oferecer consolo a Seus seguidores, Ele lhes
diz que até os cabelos da cabeça deles estão todos
contados.
Não se preocupem, nem se assustem, diz Ele, e não
fiquem perplexos;
Se tão-somente vocês soubessem do interesse que
Deus o Pai tem por vocês!
Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos
numerados!
Assim, intimamente, Deus os conhece.
Ele se preocupa pessoalmente com vocês.
O nosso Senhor argumentou dessa forma em
muitas ocasiões;
E então, não seria uma tragédia que nós, como
cristãos, não nos damos conta disso e não subimos
a estas grandes e prodigiosas alturas?
Se tão-somente compreendêssemos como
deveríamos que estamos sob o favor de Deus de
maneira especial!
E não por sermos melhores que os outros, pois a
graça é favor imerecido, é favor do qual não somos
dignos.
Quando não merecemos nada senão punição e
inferno;
Quando não merecemos nada senão colher o fruto
do que semeamos;
Quando não éramos nada senão filhos da ira.
Deus, por Seu amor eterno e sempiterno, e de
acordo com o Seu conhecimento e com a Sua
sabedoria, olhou para nós com Seu olhar de favor,
de modo que agora estamos peculiarmente sob Sua
graça.
Bem, não preciso entrar em mais detalhes aqui.
Quando formos considerar a definição que Paulo
faz do cristão, veremos que ele desenvolve esta
questão, e talvez faríamos bem em protelar os
detalhes até chegarmos a eles em seu locus
próprio.
Você sabe que desfruta o favor e a graça de Deus?
Você se dá conta, como deveria, de que está numa
posição privilegiada, especial?
Você tem conhecimento de que, como o profeta diz
no Velho Testamento, “quanto ao Senhor, seus
olhos passam por toda a terra” (2 Crônicas 16:9)
procurando oportunidades para abençoar Seu
povo?
Bem, se não começarmos por esta percepção
preliminar, não conseguiremos seguir o argumento
detalhado do apóstolo;
Se eu estou nesta posição peculiar de estar sob o
favor de Deus;
Se tudo o que estive considerando é verdade, a
única dedução possível é que o que quer que me
aconteça;
Vá eu aonde for;
Sejam quais forem as minhas circunstâncias;
Estou seguro.
“Se Deus é por nós, quem será contra nós?”
(Romanos 8:31).
Se eu estou nesta posição especial como filho de
Deus;
Se sou um participante com Paulo da graça e do
favor de Deus;
Sei então, ou deveria saber, que, venha 0 que vier,
estou protegido, estou guardado, estou a salvo.

A primeira pergunta:

1 - O que é um cristão?
A segunda pergunta:

2 – O que é ser Santo?

Mas permitam que eu prossiga, passando ao


segundo ponto, qual seja, que sobre o cristão o
apóstolo nos diz que ele é santo;
“Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos
os santos em Cristo Jesus, que estão em Filipos,
com os bispos e diáconos.”
Pois bem, temos aqui, novamente, uma palavra que
faz com que muitos tropecem.
Aí estão bênçãos oferecidas aos santos;
E, se é isso que devo ser antes de desfrutar estas
bênçãos;
Então é óbvio que devo ter claro em minha mente
o que é um santo, e se eu sou um deles ou não.
Antes de tudo, deixem que eu lhes diga o que o
santo não é.
O termo não se refere a algumas pessoas especiais
entre os cristãos.
Esse erro foi e continua sendo popularizado pelo
catolicismo romano.
Seus mestres falam em “canonizar” certas
pessoas, e desse modo os declaram santos.
Eles decidem chamar santos certos homens e
mulheres - pessoas que podem ter vivido séculos
antes - e aplicam certos testes à vida deles para
decidirem se devem ser chamados santos ou não.
Por conseguinte, para eles, algumas pessoas são
santas, e o resto dos cristãos não - e isso é
claramente antibíblico.
Notem como Paulo expressa o ponto aqui:
“Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos
os santos em Cristo Jesus, que estão em Filipos,
com os bispos e diáconos”;
E de novo no versículo sete:
“Todos vós sois participantes da minha graça,
tanto nas minhas prisões como na minha defesa e
confirmação do evangelho”.
O apóstolo não se coloca sobre um pedestal e diz:
eu sou santo.
Ele diz que todos nós, juntos, somos santos;
Todos nós somos participantes da graça de Deus.
Não quero desperdiçar tempo com esta ideia, mas
eu me sinto constrangido a fazer de passagem esta
observação;
Acaso não seria realmente triste que muitos
continuem dedicando tempo e muita atenção a
essas trivialidades e ainda discutam se é essencial
à igreja que você seja investido em certas ordens?
Para mim há um sarcasmo divino neste versículo
primeiro:
“A todos os santos em Cristo Jesus, que estão em
Filipos, com os bispos e diáconos”.
Paulo não começa pelos bispos, com os grandes e
poderosos, absolutamente não!
Começa pelos santos, e depois acrescenta: “com os
bispos e diáconos”, com os supervisores.
Afinal de contas, o que constitui a Igreja é a
reunião dos santos, o povo na graça e no favor de
Deus, a fim de prestar culto a Deus.
Portanto, o santo não é um cristão excepcional,
mas qualquer cristão, todo cristão.
Vocês veem a mesma coisa em todas as Epístolas
de Paulo;
Vocês leem, por exemplo, “à igreja de Deus, que
está em Corinto, com todos os santos” (2 Coríntios
1:1), e aos santos de todas as igrejas.
Esse é, então, o lado negativo, mas agora deixem-
me expor a questão positivamente.
O termo “santos” realmente se refere ao povo
chamado para fora, o povo que é separado, o povo
formado daqueles que são postos à parte.
Pode-se traduzir a palavra santos por “os que são
santificados” (ver 1 Coríntios 1:2), pois quando
Deus se apodera de algo e o separa para o Seu
propósito, isso se torna santo.
No Velho Testamento, quando Moisés é
comissionado, a referência feita a ele é como a um
homem santo.
Pode-se ler também acerca dos “vasos santos” do
Templo.
Homens e mulheres são tratados de igual maneira,
de acordo com a Bíblia;
Os santos são as pessoas das quais o Espírito de
Deus tomou posse neste mundo limitado pelo
tempo e no qual vivemos, e Deus as separou e as
fez diferentes.
Ainda estão no mundo, e, contudo, são diferentes;
São homens e mulheres marcados, postos numa
categoria própria deles, e pertencem a um
particular grupo de pessoas que estão sob a graça
e o favor especial de Deus, como já vimos.
Por isso, em primeira instância, não devemos
pensar nos santos nem mesmo em termos da
espécie de vida que eles vivem, porque essa vida é
algo que decorre disto: o que é essencial acerca
dos santos é que eles foram chamados e separados
por Deus.
Pois bem, isso é básico para a ideia
neotestamentária do que é o cristão.

Quando Paulo estava escrevendo aos gálatas, deu


graças a Deus por Sua maravilhosa graça
demonstrada ao enviar Seu Filho para morrer por
nós, e depois Paulo diz - e esta é a sua descrição
do cristão - “para nos livrar do presente século
mau” (Gálatas 1:4).
Muito embora ainda no mundo, eles foram
libertados do mundo e postos à parte.
Obviamente ele se dá conta de que essa verdade
diz respeito a ele, porque na sequência ele aplica a
lógica, que é: bem, se Deus me separou, então,
eu devo separar-me.
Ele me separou para a salvação;
O mundo ao redor de mim vai ser julgado e
destruído, porém Deus, por Seu favor imerecido,
olhou para mim e me chamou para me salvar da
destruição, para me salvar dessa ordem de vida, e
para me salvar para o Seu reino.
Se eu compreendo isso, devo então compreender
que é meu dever separar-me do homem mundano, e
do comportamento, da conduta e das práticas do
mundo.
Deus me chamou para o Seu serviço, e então devo
dedicar-me a esse serviço.
Portanto, ambas estas coisas constituem uma
parte essencial do que significa sermos santos.
Há maravilhoso fortalecimento e consolação nesta
Epístola, sim, mas é para os santos, para as pessoas
que estão cônscias de que foram separadas e que,
elas próprias, desejam ser separadas mais
completamente;
Não é para ninguém mais, senão unicamente para
os santos, os santificados.
Volto a perguntar: não seria isso uma parte do
nosso problema?
Somos todos como aquele falso profeta, Balaão;
todos nós dizemos que gostaríamos de ter “a morte
dos justos” (Números 23:10), mas, se desejarmos
ter a morte dos justos, melhor será que queiramos
viver a vida dos justos.
O problema é que queremos morrer assim mas não
queremos viver assim.
Vivamos como pessoas santificadas, como santos,
e então experimentaremos a consolação e o
fortalecimento destinados aos santos.
Por essa razão gozamos tão pouco destas bênçãos;
É porque não observamos as condições.

A primeira pergunta:

1 - O que é um cristão?
A segunda pergunta:

2 – O que é ser Santo?


A terceira pergunta:

3 – E como se vive?

Entretanto, permitam que eu acrescente uma


palavra ao último item.
Notem que o versículo não diz, “a todos os santos
que estão em Filipos”, mas sim “a todos os santos
em Cristo Jesus, que estão em Filipos”, e quão vital
é isso!
Uma vez alguém disse que achava que toda a
doutrina do apóstolo Paulo poderia ser resumida na
frase “em Cristo” ou “em Cristo Jesus”.
Acaso vocês sabem que ele emprega a expressão
“em Cristo” quarenta e oito vezes em suas
Epístolas, fala sobre estar “em Cristo Jesus”
trinta e quatro vezes e “no Senhor” cinquenta
vezes?
Mas, por que isso é vital?
Bem, Paulo está escrevendo aos “santos em Cristo
Jesus”, mas vocês sabem que havia pessoas que se
haviam separado antes de Paulo ir a Filipos.
Quando vocês leem a história registrada em Atos,
capítulo 16, vocês veem um pequeno grupo de
mulheres que, lideradas por Lídia, estavam orando
à beira do rio.
Num sentido elas já eram santas, eram santas
antes de Paulo lhes pregar o evangelho, porém não
eram “santas em Cristo Jesus”.
Qualquer pessoa pode ser santa, encontram-se
santos em todos os tipos de povos.
Mas não é disso que o apóstolo fala. Ele diz, “santos
em Cristo Jesus”, e com isso ele quer dizer que
agora somos membros de Cristo.
Em tudo o que Paulo diz, Cristo é essencial.
Será que vocês notaram o número de vezes que ele
menciona o nome de Cristo nestes sete versículos?
Paulo não tem nenhum evangelho à parte de Jesus
Cristo.
O evangelho não é uma oferta geral e vaga;
Tampouco é meramente uma exortação às pessoas
para que vivam uma vida moralmente boa;
Antes, o evangelho fala das coisas que
aconteceram e acontecem em Cristo, porque sem
Cristo não há salvação.
E, se em sua posição, Cristo não é essencial,
significa que, segundo o ensino de Paulo, você não
é cristão.
Você pode ser muito bondoso, e até religioso, mas
não pode ser cristão.
Se Cristo não constitui absolutamente o cerne e o
centro, sua religião pode ser o que for, mas
cristianismo não é.
Em que outro sentido somos santos?
Permitam-me fazer uso de um grande termo
teológico.
A frase “santos em Cristo Jesus” significa que
estamos em Cristo federal ou
representativamente.
No princípio, Adão representava a raça humana, e,
quando Adão caiu, toda a humanidade foi posta sob
o poder e o domínio de satanás.
Todavia, graças a Deus, há outro lado.
Cristo é o nosso representante, e, se eu estou em
Cristo, sei com toda a certeza que quando Cristo
morreu na cruz, estava me representando;
Estava recebendo o castigo devido a meus
pecados, morreu por mim e também ressuscitou
por mim.
Se estou em Cristo, já estou morto para a lei, meu
Representante morreu por mim, e, portanto, eu
morri e ressuscitei com Ele em novidade de vida, e
estou justificado na presença de Deus.
Eu estou em Cristo.
Ele é meu Representante - é uma união federal, é
uma união representativa.
Contudo, a explicação não para nesse ponto, o
termo significa ainda algo mais.
Estar em Cristo significa, não somente uma união
federal, mas também uma união vital.
João, capítulo 15, mostra isso claramente;
significa uma união mística.
Significa que a vida de Cristo está em mim;
E eu estou em Cristo;
E algo do poder de Cristo flui em mim numa união
mística.
Significa, num sentido, que a minha vida está
escondida nEle.
O apóstolo pergunta: que é a Igreja?, e responde:
a Igreja é “o corpo de Cristo, e seus membros em
particular” (1 Coríntios 12:27) - Cristo é a Cabeça,
nós somos o corpo, com o sangue que flui por todo
o corpo, nesta união orgânica e vital.
Somos os ramos da videira, e a vida do tronco flui
em nós; é uma união mística e vital com Cristo -
santos em Cristo Jesus.
Temos apenas partículas neste estudo.
Cada uma destas definições poderia ter um
capítulo inteiramente dedicado a si, tão vitais são
estas coisas.
Vemo-nos, todos nós pergunto-me - dessa
maneira?
Compreendemos todos nós que estamos neste
maravilhoso favor de Deus?
Sabemos que somos santos?
Não devemos ter medo de dizer que somos santos,
não deve haver nenhuma falsa modéstia neste
ponto.
Somos santos se cremos neste evangelho, se fomos
separados. Sabemos que estamos em Cristo?
Sabemos que morremos com Ele e que
ressuscitamos com Ele?
Nesse sentido, estamos reinando com Ele?
Porventura a vida de Cristo está em nós, e nós
estamos nEle?
E para os santos em Cristo Jesus, para os que são
participantes desta graça e favor de Deus, que
estas maravilhosas promessas são feitas.
Se ocupamos essa posição, e a conhecemos e a
sustentamos, então, tudo o que Paulo diz aqui sobre
os filipenses será igualmente verdade a nosso
respeito.

A primeira pergunta:

1 – Você é Cristão?
A segunda pergunta:

2 – Você é Santo?
A terceira pergunta:

3 – Você Vive em Cristo?

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