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GERÊMCIA DE RISCOS

Caro(a) aluno(a),

A Universidade Candido Mendes (UCAM), tem o interesse contínuo em


proporcionar um ensino de qualidade, com estratégias de acesso aos saberes que
conduzem ao conhecimento.

Todos os projetos são fortemente comprometidos com o progresso educacional


para o desempenho do aluno-profissional permissivo à busca do crescimento
intelectual. Através do conhecimento, homens e mulheres se comunicam, têm
acesso à informação, expressam opiniões, constroem visão de mundo, produzem
cultura, é desejo desta Instituição, garantir a todos os alunos, o direito às
informações necessárias para o exercício de suas variadas funções.

Expressamos nossa satisfação em apresentar o seu novo material de estudo,


totalmente reformulado e empenhado na facilitação de um construto melhor para
os respaldos teóricos e práticos exigidos ao longo do curso.

Dispensem tempo específico para a leitura deste material, produzido com muita
dedicação pelos Doutores, Mestres e Especialistas que compõem a equipe docente
da Universidade Candido Mendes (UCAM).

Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois eles nortearão o princípio de
suas ideias, que se iniciam com um intenso processo de reflexão, análise e síntese
dos saberes.

Desejamos sucesso nesta caminhada e esperamos, mais uma vez, alcançar o


equilíbrio e contribuição profícua no processo de conhecimento de todos!

Atenciosamente,

Setor Pedagógico
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO À GERÊNCIA DE RISCOS ......................................................................................................... 5
GERENCIAMENTO DE RISCOS EM PROJETOS: uma questão de sustentabilidade .................................... 5
PRIMEIRAS PALAVRAS............................................................................................................................... 7
Os RISCOS DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES LABORAIS .................................................................................... 13
RISCOS QUÍMICOS/ GASOSOS................................................................................................................. 13
Definição de contaminantes químicos e reconhecimento ................................................................................. 13
Classificação das substâncias químicas de acordo com o efeito ....................................................................... 16
Tolerância aos agentes químicos ...................................................................................................................... 18
Medidas de controle .......................................................................................................................................... 21
RISCOS BIOLÓGICOS................................................................................................................................ 24
Definição e reconhecimento dos riscos biológicos ............................................................................................ 24
Classificação e ocorrência ................................................................................................................................. 26
Manuseio e medidas de controle ...................................................................................................................... 28
CONCEITUAÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GERÊNCIA DE RISCOS ......................................................... 34
ESTUDO ACERCA DOS RISCOS EMPRESARIAIS, RISCOS PUROS E RISCOS ESPECULATIVOS ........................ 36
A SEGURANÇA DE SISTEMAS, OS SISTEMAS E OS SUBSISTEMAS E A EMPRESA COMO SISTEMA .............. 39
A RESPONSABILIDADE PELO PRODUTO ...................................................................................................... 43
IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS: inspeção de segurança, investigação e análise de acidentes ........................ 45
Inspeção programada de segurança (IPS)............................................................................................... 45
Investigação e Análise dos acidentes...................................................................................................... 46
Atos Inseguros ................................................................................................................................................... 47
Condições Inseguras .......................................................................................................................................... 47
TÉCNICA DE INCIDENTES CRÍTICOS ............................................................................................................. 48
FUNDAMENTOS MATEMÁTICOS: confiabilidade e álgebra booleana ........................................................ 50
ANÁLISE DE RISCOS ..................................................................................................................................... 53
Análise preliminar de riscos (APR) .......................................................................................................... 53
Análise de modos de falha e efeito (AMFE) ............................................................................................ 56
Série de riscos ......................................................................................................................................... 59
ANÁLISE DE ÁRVORES DE FALHAS............................................................................................................... 62
AS AVALIAÇÕES DE RISCOS E AS AVALIAÇÕES DAS PERDAS DE UM SISTEMA ........................................... 69
CUSTO DE ACIDENTES. PREVISÃO E CONTROLE DE PERDAS: controle de danos, controle total de perdas
.................................................................................................................................................................... 70
Custos de acidentes ................................................................................................................................ 71
Previsão e controle de perdas, controle de danos e controle total de perdas ...................................... 73

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Controle total de perdas ......................................................................................................................... 76
PROGRAMAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE PERDAS. PLANOS DE EMERGÊNCIA. RETENÇÃO DE RISCOS
E TRANSFERÊNCIA DE RISCOS. NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURO ................................................................... 80
O SEGURO COMO INSTITUIÇÃO .............................................................................................................. 82
FERRAMENTAS DE ANÁLISE DE RISCOS EM ESTRATÉGIAS EMPRESARIAS.................................................. 84
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 84
REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................................................... 85
a) Fricções no mercado de capitais ................................................................................................................... 86
b) Relações de agência ...................................................................................................................................... 87
c) Assimetria de informação .............................................................................................................................. 88
DESCRIÇÃO DA MODELAGEM ................................................................................................................. 89
ESTUDO DE CASO .................................................................................................................................... 94
a) Contextualização ........................................................................................................................................... 94
b) Otimização de investimentos ........................................................................................................................ 95
c) Estimativa de risco de perda potencial .......................................................................................................... 96
d) Ajuste do nível de risco aceitável .................................................................................................................. 96
e) Análise incremental de risco .......................................................................................................................... 99
COMENTÁRIOS FINAIS .......................................................................................................................... 100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS deste texto .......................................................................................... 100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................. 102
REFERÊNCIAS BÁSICAS .......................................................................................................................... 102
REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES ........................................................................................................ 102

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INTRODUÇÃO À GERÊNCIA DE RISCOS

GERENCIAMENTO DE RISCOS EM PROJETOS: uma questão de sustentabilidade


A palavra “risco” (uma das várias versões sobre sua origem) deriva do italiano risicare,
que por sua vez advém do latim risicu, que tem o significado de “ousar”. Ousar é, portanto, uma
opção, estando associada a um grau de incerteza que pode ter efeito positivo (ganho) ou negativo
(perda), a depender das circunstâncias e consequências dela decorrentes.
No contexto das organizações, mais precisamente no âmbito de projetos e
empreendimentos, convive-se constantemente com algum grau de incerteza. Se partirmos do
entendimento de que projetos são implementações de mudanças, e que toda mudança pressupõe
algum grau de risco, é razoável inferir que: riscos estão implícitos em projetos.
Peter Drucker oportunamente afirmou: “inovadores que alcançaram êxito não são
assumidores de riscos, pois eles procuram definir os riscos que têm e minimizá-los o quanto for
possível”. Essa é a postura adotada pelos que perseguem projetos exitosos e alcançam os
objetivos propostos. Assumir riscos nem sempre é a melhor estratégia e fugir frequentemente aos
riscos pode resultar em estagnação. Há, portanto, outras estratégias a serem adotadas diante do
risco iminente.
Na definição do guia PMBOK (Project Management Body of Knowledge, 4. ed., 2004):
“risco do projeto é um evento ou condição incerta que, se ocorrer, terá um efeito positivo ou
negativo sobre pelo menos um objetivo do projeto, como tempo, custo, escopo ou qualidade”. O
gerenciamento de riscos inclui um conjunto de processos cujo objetivo é maximizar a
probabilidade e consequência de um evento positivo e minimizar a ocorrência de um evento
adverso aos objetivos do projeto. Gerenciar riscos é o caminho através do qual a incerteza é
sistematicamente gerenciada.
Gerenciamento de riscos não é assunto novo nem se limita ao gerenciamento de
projetos. Há décadas, o lendário Murphy e suas leis infalíveis vêm provocando estragos de toda
sorte. Há riscos de diversas naturezas e origens: riscos médicos, políticos, estruturais, ambientais,
financeiros, sem falar nos riscos da inovação. Riscos podem ser assim classificados: puros
(apenas de efeito negativo), desconhecidos (não gerenciados de forma proativa), ou conhecidos,
para os quais é possível identificar, analisar e estabelecer uma estratégia de enfrentamento. Os

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riscos de projetos estão ligados a fatores como: risco técnico, organizacional, financeiros,
disponibilidade de recursos, restrições dos stakeholders etc.
Alguns gestores se omitem do papel de gerenciar riscos, por amadorismo ou
acomodação e, no entanto, é sabido, o mais grave de todos os riscos é não saber quais riscos
estamos correndo. Mas o que justificaria adotar uma postura negligente quando o mais prudente
seria utilizar recursos que poderiam assegurar maior grau de efetividade em nossos projetos e
ações? O “custo da ignorância” constitui um pesado ônus e gera danos “impublicáveis” em
projetos de grande envergadura: obras paralisadas, desperdícios de insumos, multas contratuais.
Por sorte (ou seria por pressão?) isso está mudando e aos poucos se percebe uma atitude mais
vigilante por parte de gestores que encontram no gerenciamento de riscos um forte aliado para
consecução de projetos exitosos, na medida em que possibilita a antecipação de problemas a
partir do conhecimento prévio de seus impactos e probabilidade de ocorrência. Gerenciar riscos,
portanto, não é um recurso acessório, mas uma estratégia para assegurar a sustentabilidade de
projetos e empreendimentos.
1. É impossível construir um projeto 100% seguro, da mesma forma que não existe o
processo infalível. O objetivo central do gerenciamento de riscos consiste em inventariar e
priorizar riscos antes que eles aconteçam, daí por que se diz que esta é uma abordagem
preventiva. Uma vez mapeados os riscos potenciais do projeto, parte-se para a avaliação
(qualitativa e quantitativa) destes, que são então listados em ordem decrescente, em função do
grau de severidade ou índice de risco (probabilidade versus impacto). Para aqueles riscos de
maior gravidade são estabelecidas algumas estratégias de enfrentamento, que incluem: aceitação,
prevenção, transferência ou mitigação, no caso de riscos negativos.
Há uma diversidade de modelos, metodologias e técnicas para gerenciamento de riscos.
Além do guia PMBOK, as normas ISO 31000 e 31010, por exemplo, elencam dezenas de
ferramentas voltadas à identificação e avaliação de riscos. Mas gerenciar riscos, antes de ser uma
questão processual, é uma questão cultural. Temos ainda muito o que aprender, por exemplo,
com os japoneses, incansáveis vigilantes, a rever constantemente seu processo de gerenciamento
de riscos, redefinindo políticas e os níveis de tolerância a riscos.
Aprendemos com os erros, e a história nos apresenta casos emblemáticos como o
Titanic, as Torres Gêmeas, os desastres ambientais (Exxon Valdez, Golfo do México), os

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deslizamentos de terra no Rio, o incêndio da boate de Santa Maria. Esses episódios, é fato, não
decorreram de mera fatalidade, mas de negligência, também. O fantasma da incerteza irá sempre
rondar nossos projetos e processos, mas cabe a nós, gestores, especialistas ou usuários, agir com
cautela e responsabilidade, mapeando os pontos falhos, analisando os impactos, estabelecendo
planos de ação, enfim, fechando todas as brechas. Esta é, sim, uma questão de sustentabilidade,
não apenas no plano técnico-econômico-político, mas, principalmente, no aspecto de valorização
da vida, nosso maior patrimônio. E essa mudança tem início no plano pessoal. A propósito, você
já agendou seu check-up anual1?

PRIMEIRAS PALAVRAS
Como já dissemos em outros guias de estudo, para a elaboração desse, foram
pesquisadas, em revistas científicas de renome, recentes publicações acadêmicas que tratam do
tema proposto para esse guia e os principais estudos desenvolvidos nesta área, além das
referências clássicas, bem como as fontes.
Isto porque, este tipo de estudo tem sido produzido em um conjunto significativo de
pesquisas conhecidas pela denominação “Estado da Arte” ou “Estado do Conhecimento” que, de
caráter bibliográfico, elas trazem em comum o desafio de mapear e de discutir uma certa
produção acadêmica em diferentes campos do conhecimento, tentando responder que aspectos e
dimensões vêm sendo destacados e privilegiados em diferentes épocas e lugares, de que formas e
em que condições têm sido produzidas certas Dissertações de Mestrado, Teses de Doutorado,
publicações em periódicos e comunicações em anais de congressos e de seminários.
Nesse sentido, temos que o Estado da Arte ou Estado do Conhecimento é o nível mais
alto de desenvolvimento, seja de um aparelho, de uma técnica ou de uma área científica,
alcançado em um tempo definido, ou seja, o "Estado da arte" ou “Estado do Conhecimento”
indica, portanto, o ponto em que o produto em questão deixa de ser um projeto técnico para se
tornar uma obra-prima.

1
Autora: Sandra Freitas Ferreira Lima é mestre em Ciência da Computação pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) e graduada em Tecnologia em Processamento de Dados pela Universidade Federal do
Ceará (UFC). Leciona em cursos de graduação e pós-graduação da Unifor e é coordenadora do MBA em
Gerenciamento de Projetos. Publicado e disponível em:
<http://unifornoticias.unifor.br/index.php?option=com_content&view=article&id=658>. Acesso em: 16 ago. 2016

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Ao contrário do que se pensa, por conta da palavra 'arte' inserida, o termo foi originado
por tecnólogos e, seu primeiro uso documentado foi em 1910, em um manual de Engenharia, de
Henry Harrison Suplee (1856- depois de 1943), intitulado Gas Turbine: progress in the design
and construction of turbines operated by gases of combustion. Há uma passagem no livro, onde
se lê: "In the present state of the art this is all that can be done" ('No atual Estado da arte, isto é
tudo o que pode ser feito').
Não obstante, a expressão estado da técnica é usada alternativamente a 'estado da arte'.
No contexto da concessão de patente europeia, o estado da técnica (ou estado da arte) integra os
critérios para avaliar inovações, com vistas à concessão de patentes. Segundo a Convenção sobre
a Patente Europeia (EPC 1973) "uma invenção é considerada nova se não estiver incluída no
estado da técnica" (ou estado da arte), sendo que o estado da técnica constitui-se de tudo o que já
era acessível ao público, antes da data de depósito do pedido de patente europeia.
Nesse sentido, entendemos que esta é a melhor forma de se especializar e aprofundar-se
em um tema, tendo como suporte, os textos de Artigos Científicos produzidos pelas maiores e
melhores autoridades brasileiras e estrangeiras sobre o assunto. Dessa forma, tomamos
conhecimento sobre as pesquisas que estão sendo desenvolvidas pela Academia (quando falamos
da academia, falamos de Universidades, Centros de Pesquisa, Faculdades, Institutos acadêmicos,
Associações nacionais e órgãos de fomento da pesquisa, etc), bem como, aquelas desenvolvidas
recentemente e, para onde vai o Estado da Arte (ou seja, o rumo das pesquisas e do
conhecimento produzido) do tema desenvolvido neste curso.
Para tanto, nossa equipe pesquisou as publicações mais recentes e, entre elas,
privilegiamos aquelas mais abrangentes e diversificadas, bem como, privilegiamos os Artigos
Científicos por conta do tamanho e da abrangência, haja vista que, Dissertações e Teses são
muito extensas para um Guia de Estudos. Contudo, sugerimos a leitura das mesmas para
conhecimento, aprofundamento e escolha de uma linha de pesquisa para possíveis futuros
estudos, visando um Mestrado ou um doutoramento.
Enfim, esperamos que você faça uma leitura proveitosa, esclarecedora e aprofundada
dos textos disponibilizados neste Guia de Estudos, desejando uma carreira vitoriosa seja na
atuação profissional, seja em estudos acadêmicos sequenciais.

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Assim, temos que, uma das áreas estabelecidas pela gestão de projetos, difundida pelas
melhores práticas no Project Management Institute (PMI®) está intimamente relacionada com o
gerenciamento de riscos.
Segundo Baccarini (2001 apud MORANO; MARTINS; FERREIRA, 2006), tem havido
um crescimento constante da prática deste gerenciamento que passou a ser um elemento
importante no processo de tomada de decisão dentro do gerenciamento de projeto. Todavia,
observa-se que existem inúmeras técnicas de identificação, avaliação e análise de risco na
literatura que auxiliam e fazem parte de todo este processo e que não são aplicados como o
estabelecido ou propostos pelos autores.
Da mesma forma, Akintoye e Macleod (1997, apud MARTINS, 2006, p. 31)
mencionam que o gerenciamento de risco tem sido aplicado recentemente pelas indústrias da
construção, de defesa e petróleo. Entretanto, os resultados obtidos e as técnicas empregadas neste
gerenciamento e na análise de risco ainda são poucos conhecidos.
O modelo de gerenciamento de risco que vem sendo adotado pelas grandes empresas
construtoras das mais diversas áreas é o do PMI®, cujo propósito é a aplicação de conhecimento,
habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de que sejam atendidos os
objetivos estabelecidos. Deste modo, o gerenciamento de risco consiste no planejamento,
identificação, análise, respostas, monitoramento e controle dos riscos em um projeto, sendo que
o seu principal objetivo é o de aumentar a probabilidade e o impacto dos eventos positivos e
minimizar a probabilidade e o impacto dos eventos adversos ao projeto (PMBOK®-PMI®,
2004).
No trabalho realizado por Morano (2003) verificou-se que de uma forma geral, as
metodologias de gerenciamento de risco seguem a seguinte divisão: identificação, análise ou
avaliação, ações de prevenção e controle ou monitoramento.
De uma forma geral, observa-se na literatura que os autores consideram a fase de
identificação de risco como uma das mais importantes em todo processo do gerenciamento de
risco, pois apresenta um impacto maior na acuracidade das avaliações de risco, já que a forma
como os riscos são identificados e coletados constituem-se na questão central para a efetividade
de todo este processo. (MARTINS, 2006).

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Da mesma forma Kerzner (1998 apud MORANO; MARTINS; FERREIRA, 2006)
menciona que o primeiro passo para identificar os riscos é detectar as áreas potenciais de risco,
sendo que através da eficácia desta identificação resultará a eficiência do gerenciamento de risco.
Segundo o PMBOK® (PMI®, 2004), a fase de identificação de risco compreende a
determinação de quais riscos podem afetar o projeto e em documentar as suas características.
De maneira semelhante, Baccarini (2001 apud MORANO; MARTINS; FERREIRA,
2006) define a identificação de risco como “o processo de determinar o que pode acontecer,
porque e como”.
De acordo com Chapman (1998 apud MORANO; MARTINS; FERREIRA, 2006), a
identificação dos riscos pode ser dividida em três categorias:
 A identificação de risco, conduzido somente pelo analista de riscos baseando-se
apenas em sua experiência, conhecimento e habilidade, sendo que este especialista
levará em conta a revisão do ciclo de vida do projeto e os dados históricos da
organização;
 A identificação de risco, conduzida através da entrevista do analista de riscos com
um ou mais membros da equipe de projeto, analisando também os dados históricos e
o ciclo de vida do projeto, e baseando-se no conhecimento e experiência dos
profissionais que forem entrevistados;
 A identificação de risco, onde o analista de riscos lidera um ou mais grupos de
trabalho, utilizando as técnicas de identificação de risco.

Por outro lado, devido à fase de identificação de risco corresponder a um dos processos
do ciclo de gerenciamento de risco, pressupõe que existam entradas e que sejam produzidas
saídas.
De acordo com PMBOK® – PMI® (2004) verifica-se que as entradas do processo de
identificação de risco englobam os seguintes pontos:

1. Fatores Ambientais Corporativos – São fatores da empresa que circundam e influenciam o


sucesso do projeto, e que desta forma devem ser considerados.

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Tais fatores incluem, mas não se limitam a: estrutura e cultura organizacional,
tolerância dos envolvidos no projeto ao risco, padrões da indústria, condições de mercado,
sistemas interno de trabalho.

2. Ativos de Processos Organizacionais - São políticas, padrões, processos, modelos, guias ou


requisitos que fazem parte do ativo do conhecimento e aprendizado da organização.

3. Declaração de Escopo do Projeto – é utilizada basicamente neste processo para que as


premissas encontradas neste documento sejam avaliadas quanto ao seu grau de incerteza e como
potenciais causas de risco.

4. Plano de Gerenciamento de Risco – é usado basicamente para a consulta das definições de


atribuições e responsabilidades, e das categorias de risco.

5. Plano de Gerenciamento do Projeto - Através deste plano revisam-se as saídas das demais
áreas do gerenciamento do projeto para identificação de possíveis riscos, além do entendimento
dos planos de gerenciamento de áreas críticas tais como prazo, custo e qualidade.

Da mesma forma, as Ferramentas e Técnicas abordam os seguintes pontos:


1. Revisões da Documentação – Procede-se a uma revisão estruturada da
documentação gerada no projeto. (planos, premissas, documentos e informações
arquivadas) em busca de indicadores de risco.
2. Técnicas de Captura de Informação - São técnicas estruturadas que auxiliam na
captura individual ou em grupo de informações.
3. Análise de “Checklists” - “Checklists” de identificação de risco geradas a partir de
informações históricas e conhecimentos acumulados de projetos anteriores
similares.
4. Análise de Premissas - é uma ferramenta que explora a validade das premissas
aplicadas ao projeto, baseada na falta de acuracidade, inconsistência e falta de
complementação destas.

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5. Técnicas de Diagramação – São técnicas gráficas que auxiliam no levantamento e
compreensão de possíveis riscos.

Em relação às Saídas teremos como resultado o registro do risco que irá conter as
características principais de cada um dos riscos identificados, incluindo sua descrição, categoria,
e causas. Este registro é atualizado nas demais fases do gerenciamento de risco (MORANO,
MARTINS, FERREIRA, 2006).

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OS RISCOS DAS PRINCIPAIS ATIVIDADES LABORAIS

Os riscos ocupacionais afetam diretamente a Saúde do Trabalhador, expondo-o a


adoecimentos e acidentes de trabalho. A portaria nº. 25 (29/12/1994) classifica os principais
riscos ocupacionais em:
 riscos químicos, (poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores e substâncias
compostas ou produtos químicos em geral);
 riscos biológicos (vírus, bactérias, protozoários, fungos, parasitas e bacilos);
 riscos ergonômicos e de acidentes (esforço físico intenso, levantamento e transporte
manual de peso, exigência de postura inadequada, controle rígido de produtividade,
imposição de ritmos excessivos, trabalho em turno e noturno, jornadas de trabalho
prolongadas, monotonia e repetitividade, arranjo físico inadequado, máquinas e
equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, probabilidade
de incêndio ou explosão, entre outras situações causadoras de estresse físico e/ou
psíquico ou acedentes);
 riscos físicos (ruídos, vibrações, radiações ionizantes, radiações não ionizantes,
frio, pressões anormais, umidade e calor) (BRASIL, 2004).

RISCOS QUÍMICOS/ GASOSOS


DEFINIÇÃO DE CONTAMINANTES QUÍMICOS E RECONHECIMENTO
Os mais diversos produtos químicos que chegam a nós vêm da transformação de alguma
matéria prima presente na natureza como o petróleo, gás natural, carvão; da biomassa (madeira,
cana de açúcar etc.), de minerais retirados das rochas; da água do mar (sal) e de depósitos
naturais como os de salgema, fosfato e enxofre de fontes naturais (o ar e a água).
A partir de cerca de dez matérias primas são produzidos mais de vinte produtos básicos,
como o etileno, propeno, butadieno, benzeno, gás sintético, acetileno, amônia, ácido sulfúrico,
hidróxido de sódio (soda cáustica) e cloro.
Dos produtos básicos são obtidos mais de 300 intermediários que darão origem às
substâncias refinadas e aos produtos destinados ao consumidor final.

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As substâncias químicas podem ser encontradas nas formas:
 sólida (menor risco de contaminação);
 poeira (pequenas partículas sólidas);
 líquida (à temperatura ambiente, como ácidos e dissolventes);
 vapor (fase gasosa de um material líquido em condições normais);
 neblina (pequenas gotas de líquido em suspensão no ar);
 gases (substância gasosa em seu estado natural ou líquida e sólida que se
transformam em gás quando aquecida).

A forma como uma substância é utilizada e as suas propriedades físico- químicas


determinam o risco que representa para a saúde e o meio ambiente.
No caso de substâncias químicas, por exemplo, o risco, vai depender de uma série de
características e condições, como:
 A quantidade e o tipo de produto (suas características físico-químicas),
 Da toxicidade,
 O modo como os produtos são recebidos na empresa, armazenados,
 A forma e as condições de uso (enclausuradas ou não, aquecidas ou pressurizadas,
 A destinação dos seus resíduos durante e após o uso,
 O meio e a condição de transporte, tanto dentro da empresa como até a entrega ao
comprador, etc.

As substâncias químicas constituem um dos principais fatores de risco nos ambientes de


trabalho, ao lado de outros como o calor, o barulho, a radiação ionizante e a não ionizante, etc.
Devido a sua ampla gama de aplicações, os produtos químicos e os riscos a eles relacionados
podem ser encontrados em quase todos os segmentos industriais, como:
 metalurgia e galvanoplastia;
 gráfica e impressão;
 mineração e extração;
 vidros; madeira e móveis;
 construção civil;

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 papel e celulose;
 alimentação etc.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), as substâncias perigosas


matam ao redor de 438.000 trabalhadores anualmente e, estima-se que 10% dos cânceres de pele
são decorrentes da exposição às substâncias perigosas no local de trabalho.
Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica que aproximadamente 125
milhões de trabalhadores estão expostos ao amianto em nível mundial, resultando em cerca de
90.000 mortes por ano, em uma tendência crescente. Desconhece-se, além disso, o alcance real
das doenças ocupacionais relacionadas à exposição às substâncias químicas perigosas (BRASIL,
2006).
Os riscos existentes relacionados à exposição a substâncias químicas são complexos e
requerem aprofundamento para sua contextualização em razão das dificuldades de se
correlacionar as dimensões, em particular:
 As medições atmosféricas de concentrações de produtos em volume apenas
expressam potencialidades de contato e de contaminação, não sendo retrato da
realidade.
 Há interação entre os agentes químicos e o corpo humano onde as reações adversas
ou de homeostase ocorrem de acordo com padrões em que a variabilidade é dada,
como regra, pela suscetibilidade individual.
 É possível estabelecer padrões de reação em relação ao tipo de efeito e órgão-alvo
e, quanto maior a exposição, maiores os efeitos em termos epidemiológicos.
 Entretanto, em termos individuais, a reação é medida por variáveis cíclicas e
constantes relativas ao histórico de vida e patrimônio genético dos indivíduos, e a
regra, também aqui, é sempre a variabilidade.
 Os limites de tolerância não são capazes de dar conta destas variações e têm uma
margem de falhas que comprometem seu uso como instrumento para a prevenção
de danos à saúde.

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O reconhecimento e a análise dos riscos relacionados a agentes químicos são atividades
prioritárias para qualificar a intervenção na defesa da saúde do trabalhador: quem não reconhece
não pode avaliar e prevenir o risco. Quem melhor conhece o ambiente e os riscos a que está
submetido é o trabalhador e sua participação é fundamental em todas as ações que envolvam sua
saúde (BRASIL, 2006).
O quadro abaixo materializa os danos à saúde, principalmente à saúde do trabalhador/a,
causados pelos agentes químicos.

Fonte: Freitas (2010)

CLASSIFICAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS QUÍMICAS DE ACORDO COM O EFEITO


Dependendo do efeito no organismo, as substâncias químicas podem ser classificadas
como:
 Corrosivas: destroem os tecidos com os quais entram em contato, sejam eles
superficiais como a pele, internos (dentro do corpo) ou dos olhos.

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 Irritantes: provocam inflamação da pele, olhos ou membranas mucosas. Este efeito
pode aparecer de imediato ou após um período prolongado.
 Causadoras de efeitos dermatológicos: provocam diferentes tipos de dermatites na
pele, como, por exemplo o cromo.
 Asfixiantes: impedem o aproveitamento do oxigênio pelas células dos organismos
vivos, dividindo-se em “simples” (se acumulam no ambiente e provocam a
diminuição da concentração de oxigênio) e “químico” (atuam no organismo,
impedindo o fornecimento de oxigênio aos tecidos).
 Anestésicos: atuam no sistema nervoso central, fundamentalmente no cérebro.
 Tóxicas sistêmicas: quando a ação da substância se desenvolve em órgão ou tecido
do organismo após a absorção, elas recebem esta classificação, podendo ser:
a) hepatotóxica - exerce ação sobre o fígado. Ex.: tetracloreto de carbono que pode
produzir necrose; tetracloroetano que pode produzir atrofia aguda, etc.
b) nefrotóxica - exerce ação sobre os rins. Ex.: cloreto de mercúrio.
c) neurotóxica - ação sobre alguma parte do sistema nervoso. Ex.: n-hexano que
provoca neuropatia periférica.
d) hematotóxica - exerce ação sobre o sangue e o sistema hematopoiético
(formador de sangue). Ex.: arsina, que produz hemólise ou destruição das células
vermelhas do sangue com derramamento da hemoglobina nela contida; benzeno,
que atua na medula óssea, afetando todo o sistema formador de sangue podendo
provocar vários tipos de danos tais como leucopenia (diminuição das células
brancas), anemia (diminuição de células vermelhas), plaquetopenia (diminuição
de plaquetas responsáveis pela coagulação do sangue), leucemia (câncer do
sangue) etc.
e) ototóxicas – exercem ação sobre a audição. Ex.: os solventes e alguns metais
como o mercúrio e o chumbo, podem provocar perdas auditivas. Vários estudos
mostram que a exposição ocupacional a solventes e ao ruído ao mesmo tempo,
provoca perda auditiva muito maior do que a exposição a qualquer um destes
agentes isoladamente. Há nestes casos uma ação sinergética, isto é, um dano
maior do que a simples soma dos danos individuais de cada agente.

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 Causadoras de danos pulmonares: segundo o efeito que ela pode provocar no pulmão,
podendo se classificar em:
a) pneumoconiótica - que produz enfermidades crônicas pulmonares, caracterizadas por
um endurecimento do parênquima devido à ação irritativa prolongada causada por
inalação crônica de pós de ação danosa. A pneumoconiose provocada pode ser
considerada benigna ou nociva: fibrótica ou não fibrótica. Ex.: sílica, amianto, etc.
b) incômoda - não produz pneumoconiose.

 Genotóxicas: que podem provocar danos ao material genético.


 Mutagênicas: quando uma substância é capaz de causar qualquer modificação
relativamente estável no material genético, DNA. Muitas destas podem ser também
cancerígenas.
 Cancerígenas: que são capazes de produzir câncer, um tumor maligno que é composto de
células que se dividem e se dispersam através do organismo. Ex.: benzeno,
amianto/asbesto, formaldeído.
 Alergizantes: substância capaz de produzir reação alérgica, resultante de uma
sensibilização do organismo produzida por contatos anteriores com a substância, que gera
uma resposta imunológica, manifestada através de erupções de pele, asma química,
dermatites diversas, etc.. Ex.: dermatites de contato produzidas pelo cromo, níquel etc.
 Disruptores endócrinos: comportam-se no organismo como hormônios sexuais,
principalmente o estrógeno, hormônio feminino. Podem provocar características
femininas em seres do sexo masculino, inclusive o homem e em mulheres aumentam a
probabilidade de câncer de mama, por exemplo (FREITAS, 2010).

TOLERÂNCIA AOS AGENTES QUÍMICOS


O reconhecimento e avaliação dos agentes de risco devem ser feitas através de métodos
científicos e objetivos cujos resultados possam ser comparados com valores preestabelecidos.
Entretanto, vários agentes ainda não possuem tais métodos sendo ainda avaliados pelo
sentimento do avaliador.

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Em higiene ocupacional, concentrações de agentes químicos são expressas em termos
volumétricos e massa.
As unidades adotadas são:
 Parte Por Milhão (PPM) = partes do contaminante por milhão de partes de ar;
 Porcentagem (%) = Volume de contaminante em relação ao volume total de ar;
 Miligrama por Metro Cúbico (Mg/M3) = Massa de contaminante, em miligrama,
por metro cúbico de ar.

Dependendo do meio adotado para amostragem e análise, da forma como são expressos
os resultados e da unidade de medida adotada como padrão para comparação com os limites de
exposição, eventualmente, é necessário fazer a conversão para a unidade de referência.
Para conversão, é necessário lembrar que os valores padrão, normalmente, são
expressos para condições de temperatura de 25ºC e pressão atmosférica de 760 mmHg.
Assim, para conversão de PPM para %, ou vice-versa, como a relação é de volume para
volume, não é necessário nenhum ajuste prévio, ou seja:
− PPM para % = PPM x 100 / 1.000.000 = %
− % para PPM = % x 1.000.000 / 100 = PPM

Já, para conversão de PPM ou % para Mg/m3, ou vice versa, como a relação é de massa
por volume, é necessário ajustar o volume, em função do peso molecular do contaminante. Para
tanto, é necessário lembrar que 1 (um) grama-mol de qualquer gás perfeito ocupa um volume de
22,4 litros, a uma temperatura de 0 (zero)ºC e pressão atmosférica de 760 mmHg. Para a
condição padrão de temperatura de 25ºC e pressão atmosférica de 760 mmHg, o valor do Mol é
de 24,45 litros, que equivale aos seguintes ajustes:
Conversão da temperatura de ºC (Celsius) para ºK (Kelvin) = ºC + 273
Correção do volume de 1 (um) grama-mol de gás a 0 (zero) ºC ou 273 ºK para 25 ºC ou
298 ºK, que será = ((25 + 273) x 22,4) / 273 = 24,45 = Mol
Assim, para conversão dos valores de concentração nas diferentes unidades que
normalmente são utilizadas em higiene ocupacional, o procedimento é o seguinte:
 PPM = (Mg/m3 x Mol) / Pm

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 PPM = (% x 1.000.000) / 100
 Mg/m3 = PPM x (Pm / Mol)
 Mg/m3 = (% x 1.000.000) / 100 x (Pm / Mol)
 % = (PPM x 100) / 1.000.000
 % = ((Mg/m3 x Mol) / Pm) x 100) / 1.000.000
Onde:
 PPM = Parte Por Milhão (volume/volume)
 Mg/m3 = Miligrama por Metro Cúbico (massa/volume)
 Pm = Peso Molecular da Substância
 Mol = Volume ocupado por 1 (um) grama-mol de um gás, a 760 mmHg e 25
ºC

Limite de exposição se refere a um valor genérico, podendo englobar todos os limites,


dentre eles o limite de curta exposição, limite de tolerância, valor teto etc, não tendo, portanto
um valor absoluto e englobando os seguintes valores:
O limite de tolerância é o valor limite da concentração do agente dentro do qual a
maioria dos trabalhadores poderia permanecer exposta 8 horas diárias e 48 horas semanais
durante toda a vida laboral, sem apresentar nenhum sintoma de doenças.
Para o cálculo da concentração dos agentes químicos, a legislação brasileira admite a
possibilidade de amostragem contínua e/ou instantânea. Para o caso da amostragem contínua os
valores serão ponderados, em função do tempo de amostragem. Para o caso da amostragem
instantânea, a exigência é de no mínimo 10 amostragens com intervalo de 20 minutos entre cada
uma e o resultado expresso como a média aritmética das 10 amostragens. Nenhum dos resultados
pode ultrapassar o “valor máximo”.
O valor “teto” é o valor estabelecido na legislação brasileira que não pode ser
ultrapassado em nenhum momento da jornada de trabalho. Este valor é igual ao “limite de
tolerância”.
Valor Máximo é o valor estabelecido na legislação brasileira e que não pode ser
ultrapassado em nenhum momento da jornada de trabalho. Este valor é calculado como segue:
 valor máximo = LT X FD

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onde:
 LT = limite de tolerância do agente químico
 FD = fator de desvio, segundo o quadro abaixo

MEDIDAS DE CONTROLE
Muitos são os obstáculos ao se iniciar a implementação de medidas para controle dos
agentes químicos no ambiente de trabalho. Por essa razão, muitas vezes esse processo é
ignorado. Dentre os principais obstáculos identificados, pode-se citar:
 Insuficiente conscientização de empregadores e empregados;
 Falta de procedimentos documentados e organizados de maneira sistemática;
 Rotulagem inapropriada ou inexistente dos produtos químicos;
 Falta de informação adequada sobre qualidade, quantidade, e toxicidade dos
produtos em uso;
 Falta de treinamento apropriado;
 Recursos humanos e financeiros escassos;
 Dificuldade ao acesso de informações.

Para dar início a implementação de medidas para controle dos agentes químicos no
ambiente de trabalho é preciso:
 Conhecer as propriedades físico-químicas de todos os agentes químicos
armazenados e utilizados na empresa;
 Conhecer as quantidades frequentemente utilizadas;
 Calcular as quantidades realmente utilizadas no processo produtivo;
 Avaliar as quantidades perdidas;
 e/ou desperdiçadas;
 Identificar situações onde utilização da substância tenha potencial para causar
danos à saúde do trabalhador;
 Identificar se há alternativa de substituição de produtos classificados como muito
tóxicos por produtos menos tóxicos;
 Identificar meios de utilizar os produtos químicos de modo mais eficiente e seguro;

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 Monitorar a implementação de ações para melhoria contínua das condições de SST
da empresa; e
 Quantificar os resultados alcançados.

A primeira etapa para criação de um processo sistemático para implementação de


medidas de controle dos agentes químicos no ambiente de trabalho é identificar todas as
situações de perigo na empresa, deve-se analisar desde a estocagem dos produtos, sua utilização
no processo, até o descarte de material.
Uma maneira prática de identificar tais situações é seguir o “fluxo” dos produtos
químicos dentro da empresa: aquisição, recebimento/entrega, armazenagem, manuseio,
processamento e descarte.
Para tanto, deve-se programar “passeios exploratórios” pelos diversos setores da
empresa, durante diferentes dias e horários da semana e em diferentes semanas. Durante tais
passeios, deve-se analisar as atividades dos trabalhadores e as condições de utilização dos
produtos químicos.
A segunda etapa do processo para implementação de medidas de controle dos agentes
químicos no ambiente de trabalho consiste em, uma vez conhecendo todo o fluxo dos produtos
químicos dentro da empresa, criar um inventário dos mesmos.
Para criar um inventário, inicialmente é preciso saber quais informações sobre os
produtos químicos utilizados a empresa tem à disposição. Lembrar que devem ser discriminados
TODOS os produtos químicos existentes e/ou gerados dentro da empresa, tais como: Matéria-
prima; Preparações especiais; Vapores emanados durante o manuseio e preparação de produtos;
Fumos, poeiras, névoas gerados durante as atividades/processos; Substâncias coadjuvantes
(catalisadores, corantes, tintas, adesivos, secantes, etc); Substâncias utilizadas na limpeza dos
equipamentos e do local de trabalho (resíduos); e, Produto final.
Com todos esses dados em mãos (Figura 1 e Figura 2 abaixo), a próxima etapa é definir
quais são as ações que devem ser adotadas para implementar um sistema efetivo de controle da
exposição aos agentes químicos no ambiente de trabalho.

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Figura 1 – Ficha descritiva: utilização de produtos químicos

Fonte: Fundacentro (2007)

Figura 2- Inventário dos produtos químicos

Fonte: Fundacentro (2007)

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Ainda que o ideal seja a eliminação completa de qualquer agente ou fator de risco que
possa afetar a saúde nos ambientes de trabalho, isto nem sempre é possível. A proposta ao se
implementar um sistema efetivo de controle da exposição aos agentes químicos no ambiente de
trabalho é buscar a redução máxima da exposição, e consequentemente, do risco. A fonte de
perigo, a propagação através do ambiente de trabalho, e a exposição do trabalhador devem ser
interrompidas de alguma forma. Durante o processo de avaliação é necessário levar em
consideração a seguinte hierarquia de controle:

 Eliminação - É possível evitar o uso do produto químico perigoso? É possível modificar


o processo ou a maneira de trabalhar?
 Substituição - É possível substituir uma substância perigosa por outra? Ou ainda utilizar
a mesma, mas sob outra forma, de modo que não haja mais risco inaceitável?
 Controle - É possível controlar de maneira eficaz a exposição?
 EPI - É possível oferecer proteção adequada?

Se houver controle técnico da exposição (exaustão, por exemplo), é necessário que ele
seja reforçado por um sistema de manutenção periódica. Para completar, um controle eficiente da
exposição a substâncias nocivas à saúde se faz supervisionando e treinando aqueles que irão lidar
com as mesmas (FUNDACENTRO, 2007).

RISCOS BIOLÓGICOS
DEFINIÇÃO E RECONHECIMENTO DOS RISCOS BIOLÓGICOS
O reconhecimento dos riscos ambientais é uma etapa fundamental do processo que
servirá de base para decisões quanto às ações de prevenção, eliminação ou controle desses riscos.
Reconhecer o risco significa identificar, no ambiente de trabalho, fatores ou situações com
potencial de dano à saúde do trabalhador ou, em outras palavras, se existe a possibilidade deste
dano.
Para se obter o conhecimento dos riscos potenciais que ocorrem nas diferentes situações
de trabalho é necessária a observação criteriosa e in loco das condições de exposição dos
trabalhadores.

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A exposição ocupacional a agentes biológicos decorre da presença desses agentes no
ambiente de trabalho, podendo-se distinguir duas categorias de exposição:
 1. Exposição derivada da atividade laboral que implique a utilização ou
manipulação do agente biológico, que constitui o objeto principal do trabalho. É
conhecida também como exposição com intenção deliberada.

Nesses casos, na maioria das vezes, a presença do agente já está estabelecida e


determinada. O reconhecimento dos riscos será relativamente simples, pois as características do
agente são conhecidas e os procedimentos de manipulação estão bem determinados, assim como
os riscos de exposição.
Na área de saúde, alguns exemplos poderiam ser: atividades de pesquisa ou
desenvolvimento que envolvam a manipulação direta de agentes biológicos, atividades realizadas
em laboratórios de diagnóstico microbiológico, atividades relacionadas à biotecnologia
(desenvolvimento de antibióticos, enzimas e vacinas, entre outros).
 2. Exposição que decorre da atividade laboral sem que essa implique na manipulação
direta deliberada do agente biológico como objeto principal do trabalho. Nesses
casos a exposição é considerada não deliberada.

Alguns exemplos de atividades: atendimento em saúde, laboratórios clínicos (com


exceção do setor de microbiologia), consultórios médicos e odontológicos, limpeza e lavanderia
em serviços de saúde.
A diferenciação desses dois tipos de exposição é importante porque condiciona o
método de análise dos riscos e consequentemente as medidas de proteção a serem adotadas.
Consideram-se agentes biológicos os microrganismos, geneticamente modificados ou
não; as culturas de células; os parasitas; as toxinas e os príons.
Esses agentes são capazes de provocar dano à saúde humana, podendo causar infecções,
efeitos tóxicos, efeitos alergênicos, doenças autoimunes e a formação de neoplasias e
malformações.
Podem ser assim subdivididos:

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a) Microrganismos, formas de vida de dimensões microscópicas, visíveis
individualmente apenas ao microscópio - entre aqueles que causam dano à saúde
humana, incluem-se bactérias, fungos, alguns parasitas (protozoários) e vírus;
b) Microrganismos geneticamente modificados, que tiveram seu material genético
alterado por meio de técnicas de biologia molecular;
c) Culturas de células de organismos multicelulares, o crescimento in vitro de células
derivadas de tecidos ou órgãos de organismos multicelulares em meio nutriente e
em condições de esterilidade - podem causar danos à saúde humana quando
contiverem agentes biológicos patogênicos;
d) Parasitas, organismos que sobrevivem e se desenvolvem às expensas de um
hospedeiro, unicelulares ou multicelulares - as parasitoses são causadas por
protozoários, helmintos (vermes) e artrópodes (piolhos e pulgas);
e) Toxinas, substâncias secretadas (exotoxinas) ou liberadas (endotoxinas) por alguns
microrganismos e que causam danos à saúde humana, podendo até provocar a
morte - como exemplo de exotoxina, temos a secretada pelo Clostridium tetani,
responsável pelo tétano e, de endotoxinas, as liberadas por Meningococcus ou
Salmonella;
f) Príons, estruturas proteicas alteradas relacionadas como agentes etiológicos das
diversas formas de encefalite espongiforme - exemplo: a forma bovina,
vulgarmente conhecida por “mal da vaca louca”, que, atualmente, não é
considerada de risco relevante para os trabalhadores dos serviços de saúde.

Não foram incluídos como agentes biológicos os organismos multicelulares, à exceção


de parasitas e fungos.
Diversos animais e plantas produzem ainda substâncias alergênicas, irritativas e tóxicas
com as quais os trabalhadores entram em contato, como pelos e pólen, ou por picadas e
mordeduras.

CLASSIFICAÇÃO E OCORRÊNCIA

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A classificação dos agentes biológicos, que distribui os agentes em classes de risco de 1
a 4, considera o risco que representam para a saúde do trabalhador, sua capacidade de
propagação para a coletividade e a existência ou não de profilaxia e tratamento. Em função
desses e outros fatores específicos, as classificações existentes nos vários países apresentam
algumas variações, embora coincidam em relação à grande maioria dos agentes.
Em 2002, foi criada no Brasil a Comissão de Biossegurança em Saúde – CBS (Portaria
no. 343/2002 do Ministério da Saúde). Entre as atribuições da Comissão, inclui-se a competência
de elaborar, adaptar e revisar periodicamente a classificação, considerando as características e
peculiaridades do país.
Considerando que essa classificação baseia-se principalmente no risco de infecção, a
avaliação de risco para o trabalhador deve considerar ainda os possíveis efeitos alergênicos,
tóxicos ou carcinogênicos dos agentes biológicos. A classificação publicada no Anexo II da NR
32 indica alguns destes efeitos.

Fonte: Brasil (2008)

Quando a exposição é do tipo “com intenção deliberada”, devem ser aplicadas as


normas estabelecidas para o trabalho em contenção, cujo nível é determinado pelo agente da
maior classe de risco presente. Por exemplo, para um laboratório em que são manipulados
agentes das classes de risco 2 e 3, o nível de contenção a ser adotado deverá ser o nível de
contenção 3.
Na publicação “Diretrizes Gerais para o Trabalho em Contenção com Material
Biológico”, do Ministério da Saúde, encontram-se descritas as especificações de estrutura física
e operacional, visando a proteção dos trabalhadores, usuários e meio ambiente. Esses níveis
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aplicam-se a laboratórios de microbiologia, de diagnóstico, de pesquisa, de ensino e de produção.
A publicação esta disponível na internet, nos seguintes sítios:
 http://www.saudepublica.bvs.br/;
 http://dtr2001.saude.gov.br/editora/produtos/livros/pdf/04_0408_M.pdf;
 http://www.anvisa.gov.br/reblas/diretrizes.pdf.

Em atividades com exposição do tipo “não deliberada”, medidas e procedimentos


específicos são definidos após a avaliação dos riscos biológicos, realizada durante a elaboração
do PPRA ou em situações emergenciais, e podem incluir desde alterações nos procedimentos
operacionais até reformas no espaço físico.

MANUSEIO E MEDIDAS DE CONTROLE


O controle de riscos está descrito no Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
(PPRA) e tem como objetivo eliminar ou reduzir ao mínimo a exposição dos trabalhadores do
serviço de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde,
aos agentes biológicos.
A identificação dos riscos biológicos deve seguir metodologia qualitativa, devendo ser
considerados os agentes epidemiologicamente mais frequentes, tendo em vista o perfil
epidemiológico da região, do próprio serviço e dos trabalhadores do serviço de saúde.
A localização geográfica é importante para o reconhecimento dos riscos biológicos
porque certos agentes podem estar restritos a determinadas regiões, enquanto que outros são de
distribuição mais ampla. Dessa forma, um agente biológico que seja mais frequente em
determinada região deve ser considerado no reconhecimento de riscos dos serviços de saúde
localizados naquela região.
As características do serviço de saúde envolvem as atividades desenvolvidas no serviço
e o perfil da população atendida. Em relação à atividade do serviço, os agentes biológicos
presentes na pediatria podem ser bem diferentes daqueles que ocorrem em um serviço de
atendimento de adultos.

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As fontes de exposição incluem pessoas, animais, objetos ou substâncias que abrigam
agentes biológicos, a partir dos quais se torna possível a transmissão a um hospedeiro ou a um
reservatório.
Reservatório é a pessoa, animal, objeto ou substância no qual um agente biológico pode
persistir, manter sua viabilidade, crescer ou multiplicar-se, de modo a poder ser transmitido a um
hospedeiro.
A identificação da fonte de exposição e do reservatório é fundamental para se
estabelecerem as medidas de proteção a serem adotadas. Exemplos: o uso de máscara de
proteção para doentes portadores de tuberculose pulmonar, a higienização das mãos após
procedimentos como a troca de fraldas em unidades de neonatologia para diminuir o risco de
transmissão de hepatite A.
Via de transmissão é o percurso feito pelo agente biológico a partir da fonte de
exposição até o hospedeiro.
A transmissão pode ocorrer das seguintes formas:
1. Direta - transmissão do agente biológico sem a intermediação de veículos ou
vetores. Exemplos: transmissão aérea por bioaerossóis, transmissão por gotículas
e contato com a mucosa dos olhos;
2. Indireta - transmissão do agente biológico por meio de veículos ou vetores.
Exemplos: transmissão por meio de mãos, perfurocortantes, luvas, roupas,
instrumentos, vetores, água, alimentos e superfícies.

Vias de entrada são os tecidos ou órgãos por onde um agente penetra em um organismo,
podendo ocasionar uma doença. A entrada pode ser por via cutânea (por contato direto com a
pele), parenteral (por inoculação intravenosa, intramuscular, subcutânea), por contato direto com
as mucosas, por via respiratória (por inalação) e por via oral (por ingestão).
A identificação das vias de transmissão e de entrada determina quais a medidas de
proteção que devem ser adotadas.
Se a via de transmissão for sanguínea, devem ser adotadas medidas que evitem o
contato do trabalhador com sangue.

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No caso de transmissão via aérea, gotículas ou aerossóis, as medidas de proteção
consistem na utilização de barreiras ou obstáculos entre a fonte de exposição e o trabalhador
(exemplos: adoção de sistema de ar com pressão negativa, isolamento do paciente e uso de
máscaras).
Transmissibilidade é a capacidade de transmissão de um agente a um hospedeiro. O
período de transmissibilidade corresponde ao intervalo de tempo durante o qual um organismo
pode transmitir um agente biológico.
Patogenicidade dos agentes biológicos é a sua capacidade de causar doença em um
hospedeiro suscetível.
Virulência é o grau de agressividade de um agente biológico, isto é, uma alta virulência
de um agente pode levar a uma forma grave ou fatal de uma doença. A virulência relaciona-se à
capacidade de o agente invadir, manter-se e proliferar, superar as defesas e, em alguns casos,
produzir toxinas.
A identificação da transmissibilidade, patogenicidade e virulência do agente no PPRA
determina, além de quais medidas de proteção serão adotadas, a prioridade das mesmas. Na
possibilidade de exposição ao meningococo, por exemplo, as medidas de proteção devem ser
adotadas de forma emergencial devido à alta transmissibilidade, alta patogenicidade e alta
virulência desse agente. Por outro lado, na exposição ao vírus da influenza, as medidas de pro-
teção são menos emergenciais devido à baixa virulência do agente.
Persistência no ambiente é a capacidade de o agente permanecer no ambiente, mantendo
a possibilidade de causar doença. Exemplo: a persistência prolongada do vírus da hepatite B
quando comparada àquela do vírus HIV.
É muito importante conhecer e descrever a situação de trabalho que pode influenciar na
segurança, na saúde ou no bem estar do trabalhador do serviço de saúde, bem como daqueles que
exercem atividades de promoção e assistência à saúde e, para tanto, devem ser considerados:
 aspectos físicos e de organização do local de trabalho e,
 aspectos psicológicos e sociais do grupo de trabalho, isto é, do conjunto de pessoas
de diferentes níveis hierárquicos.

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O local de trabalho deve ter uma descrição física contendo, entre outros dados, a altura
do piso ao teto, o tipo de paredes e do piso (laváveis ou não), os tipos e os sistemas de
ventilação, a existência de janelas (com ou sem tela de proteção), o tipo de iluminação, o
mobiliário existente (possibilidade de descontaminação), a presença de pia para higienização das
mãos.
Quanto à organização do trabalho é importante observarem-se os turnos, as escalas, as
pausas para o descanso e as refeições, o relacionamento entre os membros da equipe e a chefia,
bem como as distâncias a serem percorridas para a realização dos procedimentos, entre outros.
Deve ser verificado ainda se existem procedimentos escritos e determinados para a
realização das atividades, e em caso positivo, se os mesmos são adotados (diferença entre tarefa
prescrita e real).
A observação do procedimento de trabalho é fundamental para a avaliação do risco.
A possibilidade de exposição ocorre em função da situação de trabalho e das
características de risco dos agentes biológicos mais prováveis.
É importante analisarem-se as medidas já adotadas, verificando a sua pertinência,
eficiência e eficácia. Após essa análise e a dos demais dados coletados anteriormente, devem ser
determinadas as medidas de prevenção a serem implantadas.
Ao propor uma medida preventiva é fundamental que a informação seja completa, de
forma a propiciar a aplicação correta. Por exemplo, não basta citar a necessidade de utilização de
máscara, deve ser descrito qual o tipo de máscara. Pode-se dizer o mesmo para luvas,
vestimentas, capelas químicas e cabines de segurança biológicas, entre outros.
Ao propor medidas para o controle de riscos, deve-se observar a ordem de prioridade
abaixo:
1. Medidas para o controle de riscos na fonte, que eliminem ou reduzam a presença dos
agentes biológicos, como por exemplo:
 redução do contato dos trabalhadores do serviço de saúde, bem como daqueles que
exercem atividades de promoção e assistência à saúde com pacientes-fonte
(potencialmente portadores de agentes biológicos), evitando-se procedimentos
desnecessários;

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 afastamento temporário dos trabalhadores do serviço de saúde, bem como daqueles
que exercem atividades de promoção e assistência à saúde com possibilidade de
transmitir agentes biológicos;
 eliminação de plantas presentes nos ambientes de trabalho;
 eliminação de outras fontes e reservatórios, não permitindo o acúmulo de resíduos e
higienização, substituição ou descarte de equipamentos, instrumentos, ferramentas
e materiais contaminados;
 restrição do acesso de visitantes e terceiros que possam representar fonte de
exposição;
 manutenção do agente restrito à fonte de exposição ou ao seu ambiente imediato,
por meio do uso de sistemas fechados e recipientes fechados, enclausuramento,
ventilação local exaustora, cabines de segurança biológica, segregação de materiais
e resíduos, dispositivos de segurança em perfurocortantes e recipientes adequados
para descarte destes perfurocortantes.
2. Medidas para o controle de riscos na trajetória entre a fonte de exposição e o receptor ou
hospedeiro, que previnam ou diminuam a disseminação dos agentes biológicos ou que
reduzam a concentração desses agentes no ambiente de trabalho, como por exemplo:
 planejamento e implantação dos processos e procedimentos de recepção,
manipulação e transporte de materiais, visando a redução da exposição aos agentes;
 planejamento do fluxo de pessoas de forma a reduzir a possibilidade de exposição;
 redução da concentração do agente no ambiente: isolamento de pacientes, definição
de enfermarias para pacientes com a mesma doença, concepção de ambientes com
pressão negativa, instalação de ventilação geral diluidora;
 realização de procedimentos de higienização e desinfecção do ambiente, dos
materiais e dos equipamentos;
 realização de procedimentos de higienização e desinfecção das vestimentas;
 implantação do gerenciamento de resíduos e do controle integrado de pragas e
vetores.

3. Medidas de proteção individual, como:

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 proteção das vias de entrada do organismo (por meio do uso de Equipamentos de
Proteção Individual - EPIs): respiratória, pele, mucosas;
 implementação de medidas de proteção específicas e adaptadas aos trabalhadores
do serviço de saúde, bem como àqueles que exercem atividades de promoção e
assistência à saúde com maior suscetibilidade: gestantes, trabalhadores alérgicos,
portadores de doenças crônicas.

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CONCEITUAÇÃO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GERÊNCIA DE
RISCOS

A gerência de riscos pode ser definida como a ciência, a arte e a função que visa a
proteção dos recursos humanos, materiais e financeiros de uma empresa, no que se refere à
eliminação, redução ou ainda financiamento dos riscos, caso seja economicamente viável
(ALBERTON, 1996).
Este estudo teve seu início nos EUA e alguns países da Europa, logo após a Segunda
Guerra Mundial, quando se começou a estudar a possibilidade de redução de prêmios de seguros
e a necessidade de proteção da empresa frente a riscos de acidentes. Na verdade, se falarmos na
consciência do risco e convivência com ele, veremos que a gerência de riscos é tão antiga quanto
o próprio homem. O homem, desde sempre esteve envolvido com riscos e decisões quanto ao
mesmo (TAVARES, 2010).
O que ocorreu desta época até o surgimento da gerência de riscos, é que os americanos e
europeus aglutinaram o que já se vinha fazendo de forma independente, em um conjunto de
teorias lógicas e objetivas, dando-lhe o nome de Risk Management.
Conforme afirma Fernandez (1972 apud ALBERTON, 1996), “é mais fácil chegar-se de
um recorde ruim a um bom, do que de um bom a um excelente”. Segundo o autor, a mudança
mais drástica que se deve fazer, para chegar ao alcance adequado dos objetivos, é aquela em que
deixe-se de ver a segurança como um satélite ou função independente, para transformá-la em
uma função cujas fontes comuns de perdas sejam melhor controladas e prevenidas aplicando os
princípios consagrados de administração: planejamento, organização, direção e controle.
Garcia (1994) estabelece a sistemática de análise de risco considerando três elementos:
riscos (causas geradoras), sujeitos (sobre quem podem incidir os riscos) e os efeitos (dos riscos
sobre os sujeitos). O gerenciamento de riscos se efetiva, então, através da inter-relação destes
elementos com os diversos planos de observação: humano, social, político, legal, econômico,
empresarial e técnico.
Sob a visão de Martínez (1994 apud ALBERTON, 1996) “dirigir estrategicamente os
riscos supõe que estes vão ser considerados como parte da competitividade empresarial”. O

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mesmo autor afirma ainda que é papel do gerente de riscos melhorar a competitividade
empresarial através da direção do risco, mantendo a potencialidade e capacidade empresarial de
gerar benefícios no futuro.
Por outro lado, para que o gerenciamento de riscos seja realmente eficaz, não é
suficiente apenas o gerente de riscos estar engajado no programa. As noções de qualidade e
segurança estão estritamente relacionadas. A gerência de riscos deve fazer parte da cultura
interna da empresa e ser integrada a todos os níveis. O gerente de riscos e a equipe que os
gestiona, devem, isto sim, funcionar como catalizadores das atuações da empresa frente aos
riscos (TAVARES, 2010).
Como afirma Settembrino (1994 apud ALBERTON, 1996), o gerente de riscos não
pode ver tudo, fazer tudo e saber tudo. Por este motivo, seu principal objetivo deve consistir em
desenvolver uma consciência do risco, de maneira que todos se comportem com sentimento de
responsabilidade. O gerente de riscos deve trabalhar com as pessoas encarregadas da segurança e
também com os auditores internos, para localizar os riscos derivados de qualquer disfunção
organizacional, onde a visão global da empresa e experiência permitem um entendimento mais
fácil dos problemas.
Apesar da gerência de riscos não ser ainda uma prática constante nas organizações
brasileiras, acredita-se que o gerenciamento de riscos não onera o balanço final das organizações,
e as despesas por ele incorridas não podem ser comparadas aos benefícios que a empresa terá,
tanto no tocante à otimização de custos de seguros como na maior proteção dos recursos
humanos, materiais, financeiros e ambientais. Com o gerenciamento de riscos é possível a
otimização dos resultados do próprio desenvolvimento tecnológico, a partir da redução dos riscos
apresentados pelas atividades surgidas na moderna sociedade.

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ESTUDO ACERCA DOS RISCOS EMPRESARIAIS, RISCOS PUROS E
RISCOS ESPECULATIVOS

É importante que antes de qualquer estudo de gerenciamento de riscos, se conheça os


tipos de riscos a que uma empresa está sujeita. Quanto à natureza dos riscos empresariais,
seguindo-se a descrição feita por De Cicco e Fantazzini (1994) os riscos podem ser classificados
conforme o esquema da figura 1.
Figura 1 - Natureza dos riscos empresariais

Fonte: (ALBERTON, 1996)

A diferença entre os dois tipos básicos de risco: especulativo (ou dinâmicos) e puros (ou
estáticos), é o fato de que o primeiro envolve uma possibilidade de ganho ou uma chance de
perda, enquanto que o segundo envolve somente uma chance de perda, sem nenhuma
possibilidade de ganho ou de lucro.
É comum considerar-se que a gerência de riscos trabalhe somente com a prevenção e
financiamento dos riscos puros, porém, muitas das técnicas podem ser com igual sucesso,
aplicadas aos riscos especulativos.

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Como pode ser visto na figura 1, os riscos especulativos subdividem-se em riscos
administrativos, políticos e de inovação.
Os riscos administrativos dizem respeito ao processo de tomada de decisão, onde como
contrapartida aos lucros proporcionados por uma decisão correta está o ônus, que pode ser
gerado por uma tomada de decisão errônea. Neste tipo de risco é difícil prever antecipadamente e
com precisão o resultado da decisão adotada, entretanto, a incerteza quanto à exatidão do
resultado nada mais é do que uma das definições de risco.
Ainda no que se refere aos riscos administrativos, podemos diferenciá-los em riscos de
mercado, riscos financeiros e riscos de produção. Os primeiros dizem respeito à incerteza quanto
ao resultado satisfatório na venda de determinado produto ou serviço em relação ao capital
investido. Já os riscos financeiros referem-se às incertezas quanto às decisões econômico-
financeiras da organização. E os últimos, dizem respeito às incertezas quanto ao processo
produtivo das empresas, quer na fabricação de produtos ou prestação de serviços, na utilização
de materiais e equipamentos, mão-de-obra e tecnologia.
O segundo tipo de riscos especulativos, os políticos, referem-se aos aspectos políticos-
governamentais do Município, Estado e País, que podem vir a afetar os interesses e objetivos da
organização.
O último tipo de riscos especulativos, os riscos de inovação, dizem respeito à incerteza
quanto à aceitação de novos produtos e serviços pelos consumidores. Acredita-se que no
gerenciamento eficaz destes riscos encontra-se um fator preponderante de competitividade
empresarial.
Para Ansell e Wharton (1992 apud ALBERTON, 1996), os riscos de inovação
representam a estratégia de ação da empresa frente ao mercado e, em economias crescentes e
competitivas, sob constantes e sofisticados avanços tecnológicos, a adequada administração
destes riscos representa a sobrevivência da empresa no mercado. Na necessidade da tomada de
decisões quanto a investimentos de capital no desenvolvimento de produtos, serviços e
tecnologia, pontos importantes para uma empresa manter-se competitiva no mercado, reside a
incerteza e o risco de obtenção de lucro ou prejuízo.
No outro tipo básico de risco, nos riscos puros, a sua materialização só dará lugar à
perdas, porém, conforme Garcia (1994 apud ALBERTON, 1996), não tem necessariamente que

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materializar-se em um acidente ou sinistro, podendo manter de forma indefinida sua
característica potencial.
Dentro dos riscos puros, os riscos à propriedade consideram as perdas oriundas de
incêndios, explosões, vandalismo, roubo, sabotagem, acidentes naturais e danos à equipamentos
e bens em geral; os riscos às pessoas, as perdas decorrentes de morte ou invalidez de
funcionários, quer por doença ou acidente de trabalho; e os por responsabilidade, tão ou mais
importantes que os demais, referem-se às perdas causadas a terceiros pelo pagamento de
indenizações, responsabilidade ambiental e pela qualidade e segurança do produto ou serviço
prestado, etc.

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A SEGURANÇA DE SISTEMAS, OS SISTEMAS E OS SUBSISTEMAS E A
EMPRESA COMO SISTEMA

Um sistema pode ser considerado como um conjunto de elementos inter-relacionados


que atuam e interatuam, ou seja, interagem entre si e com outros sistemas, de modo a cumprir
um certo objetivo num determinado ambiente. Pode ser definido, literalmente, como um todo
organizado ou complexo, um agrupamento ou combinação de coisas ou partes que formam um
todo complexo ou unitário.
Assim funciona, analogamente, uma empresa e mais genericamente todas as
configurações, desde as mais simples às mais complexas, cujo conjunto de variáveis funcionam
interagindo mutuamente de forma dinâmica e satisfazendo certas restrições.
Onde quer que o trabalho tenha sido dividido numa organização, a tarefa de integrar
efetivamente os vários elementos é predominante. Esta integração, por sua vez, pode ser
realizada eficazmente ao se adotar uma abordagem sistêmica para o sistema que é seu domínio
(ALBERTON, 1996).
Sob o ponto de vista sistêmico, qualquer organização é um sistema composto de partes,
cada uma com metas próprias. Para alcançarem-se as metas globais, deve-se visualizar todo o
sistema e procurar compreender e medir as inter-relações e integrá-las de modo que capacite a
organização a buscar suas metas eficientemente.
Os elementos fundamentais de um sistema são, portanto, as partes que o compõem e as
formas de interação entre elas, sendo possível que um sistema esteja constituído por vários
subsistemas ou ainda, que faça parte de um sistema mais amplo, participando ele próprio como
subsistema de um sistema maior.
De acordo com De Cicco e Fantazzini (1993) “a abrangência e a generalidade do
enfoque sistêmico podem ser estendidas sem limites”, ou podem ser limitados como mostra a
figura 2.

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Figura 2 – Representação sistêmica de uma organização

Fonte: (ALBERTON, 1996)

Observando-se a figura 2, podemos concluir que o sistema-empresa é uma conjunção de


Recursos Humanos (RH), Recursos Financeiros (RF) e Recursos Materiais (RM) que interagem
tendo objetivos específicos, amplos e diversificados.
A motivação que levou a criação do sistema dirige-se a um foco alvo, cujos objetivos
buscam atender as necessidades do mesmo, no caso o mercado. É este mercado que efetuará o
feedback ou retroalimentação, dando uma resposta quanto ao funcionamento do sistema
(ALBERTON, 1996).
A fronteira da empresa, enquanto sistema, é uma delimitação calcada nas áreas próprias
de influência dos recursos e subsistemas envolvidos, por onde flui a interação e o relacionamento
com outros sistemas, dentro do conceito de empresa, não como um sistema fechado, mas sim,
como parte de um sistema maior do qual participa e sofre influências.
O conceito de sistema na tomada de decisão necessita do uso de uma análise objetiva de
problemas de decisão. A mente humana só pode apreender um certo número de dados, a visão
sistêmica, por sua vez, requer a consideração de muitas inter-relações complexas entre os
elementos do problema e os objetivos de numerosas unidades funcionais. A abordagem sistêmica
para planejamento pode ser vista como um método logicamente consistente de reduzir grande
parte de um problema complexo a um simples output, que pode ser usado pela pessoa que toma

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decisões, juntamente com outras considerações, para chegar à melhor decisão. Portanto, a meta
da análise de sistemas é a solução dos problemas de decisão.
Para conseguir seus objetivos de modo significativo, aquele que toma decisões deve ter
a sua disposição ações alternativas que possam promover o estado de coisas que ele deseja
alcançar. Essas alternativas disponíveis constituem o centro de qualquer problema de decisão.
A análise de sistemas ajuda à pessoa que toma decisões a compreender melhor a
estrutura do problema, possibilitando definir a solução deste, com a escolha da melhor dentre um
conjunto de ações alternativas (ALBERTON, 1996).
Ao abordar-se a análise de sistemas é importante ter-se a consciência que, além da
necessidade de conhecer-se a fundo o sistema e o meio atuante, criar alternativas viáveis requer
uma variedade de habilidades técnicas. Comumente nenhum único indivíduo possui todas as
habilidades requeridas. Assim sendo, o conceito de equipe interdisciplinar é benéfico à análise de
sistemas. Uma equipe interdisciplinar é um grupo de trabalho, composto de pessoas com
formações e habilidades variadas, cada uma delas trazendo seu próprio ponto de vista e
experiências para atuar sobre o problema, conseguindo frequentemente resultados
significativamente superiores àqueles que se poderia esperar de um único indivíduo.
Sinteticamente, uma forma de estabelecer as fases do processo decisório a partir da
abordagem sistêmica, pode ser esquematizado de acordo com a figura 3.
De acordo com Sell (1995), “num sistema de trabalho, em seu estado ideal, os fatores
técnicos, organizacionais e humanos estão em harmonia. Por ocasião de um acidente ou quase-
acidente essa harmonia é perturbada, sendo assim, é de fundamental importância que no
planejamento e projeto de sistemas de trabalho, sejam eliminadas ou ao menos restringidas as
condições de risco, aumentando-se assim a segurança do trabalhador”.
Enfatizando o fato de que o risco está associado à probabilidade de perdas durante a
realização de uma atividade dentro do sistema, e todos os elementos de um sistema apresentam
potencial de riscos que podem resultar na destruição do próprio sistema, Bastias (1976) define
risco como sendo “uma ou mais condições de uma variável que possuem potencial suficiente
para degradar um sistema, seja interrompendo e/ou ocasionando o desvio das metas, em termos
de produto, de maneira total ou parcial, e/ou aumentando os esforços programados em termos de
pessoal, equipamentos, instalações, materiais, recursos financeiros, etc”.

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Figura 3 - Fases do processo decisório segundo a abordagem sistêmica

Fonte: (ALBERTON, 1996)

Na mesma linha, jackson e Carter (1992 apud ALBERTON, 1996) concordam com o
fato de que o conceito de risco está associado com a falha de um sistema, sendo a possibilidade
de um sistema falhar usualmente entendida em termos de probabilidades.
A importância do estudo de sistemas e dos riscos inerentes a ele é de tal magnitude, que
inúmeras técnicas foram e vem sendo desenvolvidas para identificar, analisar e avaliar os focos
geradores de anormalidades. A gerência de riscos é hoje, uma ciência que envolve conceitos,
técnicas e subsídios que fornecem a empresa um poderoso instrumento de diferencial
competitivo.

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A RESPONSABILIDADE PELO PRODUTO

Legalmente a definição de Acidente de Trabalho é dada pelo Decreto número 83080, de


24/01/1979, no Regulamento dos Benefícios da Previdência Social, em seu artigo número 221.
“Acidente do Trabalho é aquele que ocorrer pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou perda ou
redução permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.”
As principais perdas acidentais resultantes da materialização dos riscos que podem
ocorrer numa empresa, podem ser agrupadas em:
 Perdas decorrentes de morte ou invalidez de funcionários;
 Perdas por danos à propriedade e a bens em geral;
 Perdas decorrentes de fraudes ou atos criminosos;
 Perdas por danos causados a terceiros (responsabilidade da empresa por poluir o
meio ambiente, responsabilidade pela qualidade e segurança do produto fabricado
ou do serviço prestado, etc.) (BRAGA, 2007).

Para dar apenas uma ideia do significado, por exemplo, das perdas para o fabricante de
um determinado produto resultante de um acidente, abaixo estão listados os itens mais
importantes que incidiram sobre a empresa:
 Pagamento de indenizações por lesões ou morte, incluindo o pagamento de pensões
aos dependentes do reclamante e os honorários advocatícios;
 Pagamento de indenizações por danos materiais não cobertos por seguro. Tais
indenizações poderiam também incluir: custos de reposição do produto e de outros
itens danificados, custo de recuperação do equipamento danificado, perdas de
rendimentos operacionais, custos com assistência emergencial, custos
administrativos, honorários dos advogados dos reclamantes, tempo e salários
perdidos;
 Honorários dos advogados de defesa;
 Custos da investigação do acidente;

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 Ações corretivas para evitar repetição de acidente;
 Queda de produção durante a determinação das causas do acidente e durante a
adoção de ações corretivas;
 Penalidades dor falhas na adoção de ações corretivas de riscos, defeitos ou
condições que violam preceitos legais;
 Tempo perdido do pessoal da empresa fabricante;
 Obsolescência do equipamento associado ao produto que deverá ser modificado;
 Aumento das tarifas de seguro;
 Perda da confiança perante a opinião pública;
 Perda de prestígio;
 Degradação moral (BRAGA, 2007).

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IDENTIFICAÇÃO DE RISCOS: inspeção de segurança, investigação e
análise de acidentes

Identificar as causas dos acidentes consiste em localizar os pontos de riscos


responsáveis por eles. Os acidentes ocorrem, basicamente, devido a causas ambientais
(condições inseguras) e ao comportamento humano (ato inseguro). Por isso, antes que ocorra a
interrupção do sistema, é necessário localizar e identificar ambas as causas (TAVARES, 2010).
Ao elaborar os procedimentos em questão, devem-se destacar os elementos de
identificação de anormalidades, incidentes críticos e riscos, de modo que fiquem bem
individualizados. Isso porque tais variáveis estão nas causas básicas dos acidentes.
No controle de identificação das causas dos acidentes, podemos considerar os seguintes
elementos:
 Inspeção programada de segurança;
 Estudo de doenças ocupacionais;
 Observação de segurança;
 Análise de segurança do trabalho;
 Permissão de trabalho;
 Delimitação de área restrita;
 Relatório de incidente/acidente;
 Investigação de incidente/acidente.

INSPEÇÃO PROGRAMADA DE SEGURANÇA (IPS)


As IPSs têm por objetivo identificar as causas ambientais dos acidentes. São realizadas
pelo SESMT, a partir de uma programação diária, com conhecimento das chefias dos turnos de
trabalho.
Ao iniciar cada inspeção, o SESMT poderá, a critério da empresa, convocar uma pessoa
da chefia de área em questão para acompanhar os trabalhos com a finalidade de detectar
eventuais problemas e aqueles que não puderem ser corrigidos devem ser encaminhados aos
órgãos diretamente responsáveis pela solução do caso.
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Para conduzir de forma sistematizada e objetiva a inspeção diária, o engenheiro ou
técnico de segurança do trabalho deve estar de posse de um formulário de inspeção.
Numa definição simples, seria vistoriar o local de trabalho, abordando os aspectos
relativos à segurança e higiene do trabalho.

INVESTIGAÇÃO E ANÁLISE DOS ACIDENTES


Existem várias maneiras de se analisar e classificar as causas de acidentes de trabalho.
A mais conhecida e utilizada é aquela que divide as causas dos acidentes em duas classes: os
acidentes causados por atos inseguros e os que ocorrem em razão de condições inseguras.
Os acidentes causados por atos inseguros estariam relacionados com as falhas humanas,
ou seja, seriam os atos praticados por trabalhadores que desrespeitam as regras de segurança, que
não as conhecem devidamente ou que têm um comportamento contrário á prevenção de
acidentes. Já os acidentes que ocorressem por condições inseguras teriam como causa as (más)
condições de trabalho.
Muitos autores consideram que este tipo de análise de causa de acidentes está
totalmente superado do ponto de vista técnico, pois um acidente pode ser determinado por vários
fatores que agem ao mesmo tempo, envolvendo tanto falhas nas condições de trabalho como nas
ações do trabalhador. Desta maneira, essa classificação das causas em atos e condições inseguras
é simplista e acaba bloqueando uma investigação mais criteriosa dos acidentes.
Além disso, ao considerarmos o ato inseguro como causa de um acidente, estaríamos
transferindo toda a responsabilidade do mesmo para o trabalhador. Isto significaria dizer que o
trabalhador é, ao mesmo tempo, vítima e causador do acidente.
Com isso, não entrariam na investigação do acidente, os possíveis motivos que levaram
o trabalhador a praticar tais atos, como por exemplo, mau planejamento da produção, excesso de
jornada de trabalho, má distribuição de tarefas e horários, esforços repetidos, layout inadequado,
falta do manutenção em máquinas e equipamentos, supervisão autoritária, fadiga, falta de uma
política de segurança, etc.
A própria NR-5 em seu anexo III diz que pelas características da prática nacional de
análise e investigação de acidentes, convém não recomendar as conclusões do tipo - Ato

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Inseguro ou Condições Inseguras - as quais, pela generalidade, conseguem, no máximo, definir
eventuais culpados, mas nunca as causas - estas sim elimináveis.
Apesar de tecnicamente insatisfatória, esta forma de investigação ainda é utilizada. Por
isso, listamos uma relação de atos e condições inseguras a seguir.

ATOS INSEGUROS
1. Trabalhar desnecessariamente em equipamentos em movimento ou perigosos;
2. Não utilizar o equipamento de proteção individual (EPI);
3. Usar vestimenta inadequada;
4. Brincar em serviço;
5. Usar equipamento de modo impróprio;
6. Usar as mãos e outras partes do corpo impropriamente;
7. Colocar os pés de forma insegura;
8. Desprezar dispositivos de segurança;
9. Conduzir veículo de forma imprudente;
10. Trabalhar em velocidade perigosa;
11. Fazer misturas ou combinações perigosas;
12. Utilizar equipamentos defeituosos;
13. Assumir posição insegura.

CONDIÇÕES INSEGURAS
1. Equipamentos defeituosos;
2. Roupas inseguras;
3. Ambiente interno perigoso;
4. Ambiente externo perigoso;
5. Métodos arriscados;
6. Arrumação perigosa;
7. Protetores inadequados ou inexistentes;
8. Riscos públicos;
9. Ausência de sinalização ou aviso de segurança:

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TÉCNICA DE INCIDENTES CRÍTICOS

A Técnica de Incidentes Críticos, também conhecida em português como


“Confissionário” e em inglês como “Incident Recall”, é uma análise operacional, qualitativa, de
aplicação na fase operacional de sistemas, cujos procedimentos envolvem o fator humano em
qualquer grau. É um método para identificar erros e condições inseguras que contribuem para a
ocorrência de acidentes com lesões reais e potenciais, onde se utiliza uma amostra aleatória
estratificada de observadores-participantes, selecionados dentro de uma população
(ALBERTON, 1996).
A TIC possui grande potencial, principalmente naquelas situações em que se deseja
identificar perigos sem a utilização de técnicas mais sofisticadas e ainda, quando o tempo é
restrito. A técnica tem como objetivo a detecção de incidentes críticos e o tratamento dos riscos
que os mesmos representam.
De Cicco (1984) explica muito bem a Técnica de Incidentes Críticos: é um método para
identificar erros e condições inseguras, que contribuem para os acidentes com lesão, tanto reais
como potenciais, através de uma amostra aleatória estratificada de observadores-participantes,
selecionados dentro de uma população. Esses observadores-participantes são selecionados dos
principais departamentos da empresa, de modo que possa ser obtida uma mostra representativa
de operações, existentes dentro das diferentes categorias de risco.
Ao aplicar a técnica, um entrevistador interroga um certo número de pessoas que
tenham executado serviços específicos dentro de determinados ambientes, e lhes pede para
recordar e descrever atos inseguros que tenham cometido ou observado, e condições inseguras
que tenham chamado sua atenção dentro da empresa. O observador-participante é estimulado a
descrever tantos “incidentes críticos” quantos ele possa recordar, sem se importar se resultaram
ou não em lesão ou dano à propriedade.
Os incidentes descritos por um determinado número de observadores-participantes são
transcritos e classificados em categorias de risco, a partir das quais definem-se as áreas-problema
de acidentes. Portanto, quando são identificadas as causas potenciais de acidentes, pode-se

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tirar uma conclusão quanto a ações prioritárias para distribuir os recursos disponíveis, e
organizar um programa dirigido de prevenção de acidentes, visando solucionar esses problemas.
Periodicamente reaplica-se a técnica, utilizando-se uma nova amostra aleatória
estratificada, a fim de detectar novas áreas-problema, ou para usá-la como medida de eficiência
do programa de prevenção anteriormente organizado (DE CICCO, 1984).

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FUNDAMENTOS MATEMÁTICOS: confiabilidade e álgebra booleana

A álgebra Booleana foi desenvolvida pelo matemático George Boole para o estudo da
lógica. Suas regras e expressões em símbolos matemáticos permitem aclarar e simplificar
problemas complexos. Ela é especialmente útil onde condições podem ser expressas em não
mais do que dois valores, tais como ““sim” ou “não”, “falso” ou “verdadeiro”, “alto” ou “baixo”,
“0 (zero)” ou “1 (um)”, etc.
A lógica Booleana é largamente aplicada em diversas áreas como, por exemplo, a de
computadores e outras montagens eletromecânicas, que incorporam um grande número de
circuitos “liga-desliga”. É também utilizada em análises de probabilidade, em estudos que
envolvem decisões, e mais recentemente, em Segurança de Sistemas.
A principal diferença entre as várias disciplinas que se utilizam à Álgebra Booleana está
na notação e na simbologia. Neste capítulo, apresentaremos somente os elementos básicos e as
expressões comumente encontradas nas análises de segurança.
Da chamada “Matemática Moderna” temos que um conjunto pode ser uma coleção de
elementos, condições, eventos, símbolos, ideias ou identidades matemáticas. A totalidade de um
conjunto será aqui expressa pelo número 1 (um), e um conjunto vazio pelo número 0 (zero).
Os números 1 e 0 não são valores quantitativos: 1 + 1 não é igual a 2. Eles são
meramente símbolos. Não há valores intermediários entre os dois como nos cálculos de
probabilidade.
Com o desenvolvimento da lógica Booleana para sistemas eletrônicos, foi introduzido o
conceito de módulos ou comportas. Seus símbolos são usados em diagramas lógicos para indicar
os inter-relacionamentos em circuitos. Estes circuitos empregam numerosos dispositivos
biestáveis ou de dois estados, que podem ser considerados abertos ou fechados, ligados ou
desligados.
As tabelas de verdades são recursos para indicar quando uma condição específica
resultará uma saída, quando qualquer combinação de entradas estará presente. Como vimos até
aqui, o símbolo 1 indica que uma entrada ou saída está ou estará presente, e o 0 indica que não
está ou não estará presente. As tabelas de verdades, mostradas a seguir, são para um módulo de

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duas entradas. Módulos com mais entradas são mais frequentes, diferindo apenas em
complexidade (SILVA, 2006).

Na matemática e na ciência da computação, as álgebras booleanas (também conhecida


como “Álgebra de Boole”) são estruturas algébricas que “capturam a essência” das operações
lógicas E, OU e NÃO, bem como das operações da teoria de conjuntos soma, produto e
complemento. Ela também é o fundamento da matemática computacional, baseada em números
binários.
Ela foi uma tentativa de utilizar técnicas algébricas para lidar com expressões no cálculo
proposicional. Hoje, as álgebras booleanas têm muitas aplicações na eletrônica.

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Os operadores da álgebra booleana podem ser representados de várias formas. É
frequente serem simplesmente escritos como E, OU ou NÃO (são mais comuns os seus
equivalentes em inglês: AND, OR e NOT). Na descrição de circuitos também podem ser
utilizados NAND (NOT AND), NOR (NOT OR) e XOR (OR exclusivo). Os matemáticos usam
com frequência + para OU e. para E (visto que sob alguns aspectos estas operações são análogas
à adição e multiplicação noutras estruturas algébricas) e representam NÃO com uma linha
traçada sobre a expressão que está a ser negada.
Veremos mais adiante que sua aplicação acontece na análise de árvores de falha, pois
através de um tratamento matemático com álgebra booleana, verificam-se os caminhos críticos e
as maiores probabilidade de falhas.

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ANÁLISE DE RISCOS

Administrar riscos é dar proteção aos recursos humanos, materiais e financeiros de uma
empresa, quer pela eliminação ou redução de riscos, quer pelo financiamento dos riscos
remanescentes, conforme seja economicamente mais viável. Para tanto são necessárias algumas
análises como veremos a seguir:

ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS (APR)


A Análise Preliminar de Riscos (APR) ou Preliminary Hazard Analysis (PHA), também
é chamada de Análise Preliminar de Perigos (APP).
De acordo com De Cicco e Fantazzini (1994), a Análise Preliminar de Riscos (APR)
consiste no estudo, durante a fase de concepção ou desenvolvimento prematuro de um novo
sistema, com o fim de se determinar os riscos que poderão estar presentes na sua fase
operacional.
A APR é, portanto, uma análise inicial “qualitativa”, desenvolvida na fase de projeto e
desenvolvimento de qualquer processo, produto ou sistema, possuindo especial importância na
investigação de sistemas novos de alta inovação e/ou pouco conhecidos, ou seja, quando a
experiência em riscos na sua operação é carente ou deficiente. Apesar das características básicas
de análise inicial, é muito útil como ferramenta de revisão geral de segurança em sistemas já
operacionais, revelando aspectos que às vezes passam desapercebidos.
A APR teve seu desenvolvimento na área militar, sendo aplicada primeiramente como
revisão nos novos sistemas de mísseis. A necessidade, neste caso, era o fato de que tais sistemas
possuíam características de alto risco, já que os mísseis haviam sido desenvolvidos para
operarem com combustíveis líquidos perigosos. Assim, a APR foi aplicada com o intuito de
verificar a possibilidade de não utilização de materiais e procedimentos de alto risco ou, no caso
de tais materiais e procedimentos serem inevitáveis, no mínimo estudar e implantar medidas
preventivas (ALBERTON, 1996).
Para ter-se uma ideia da necessidade de segurança, na época, de setenta e dois silos de
lançamento do míssil intercontinental Atlas, quatro deles foram destruídos quase que

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sucessivamente. Sem contar as perdas com o fator humano, as perdas financeiras estimadas eram
de US$ 12 milhões para cada uma destas unidades perdidas.
A APR não é uma técnica aprofundada de análise de riscos e geralmente precede outras
técnicas mais detalhadas de análise, já que seu objetivo é determinar os riscos e as medidas
preventivas antes da fase operacional. No estágio em que é desenvolvida podem existir ainda
poucos detalhes finais de projeto e, neste caso, a falta de informações quanto aos procedimentos
é ainda maior, já que os mesmos são geralmente definidos mais tarde.
Os princípios e metodologias da APR consistem em proceder-se uma revisão geral dos
aspectos de segurança de forma padronizada, descrevendo todos os riscos e fazendo sua
categorização de acordo com a MIL-STD-8822 descrita no quadro 1.

CATEGORIA TIPO CARACTERÍSTICAS


- Não degrada o sistema, nem seu funcionamento
I DESPREZÍVEL
- Não ameaça os recursos humanos
MARGINAL - Degradação moderada / danos menores
II OU
LIMÍTROFE - Não causa lesões

- É compensável ou controlável
- Degradação crítica

- Lesões
III CRÍTICA
- Danos substanciais

- Coloca o sistema em risco e necessita de ações corretivas imediatas para a


sua continuidade e recursos humanos envolvidos
- Séria degradação do sistema
IV CATASTRÓFICA
- Perda do sistema

- Mortes e lesões

Fonte: DE CICCO e FANTAZZINI (1993)

2
É uma norma Americana, uma estimativa grosseira do risco presente.

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A partir da descrição dos riscos são identificadas as causas (agentes) e efeitos
(consequências) dos mesmos, o que permitirá a busca e elaboração de ações e medidas de
prevenção ou correção das possíveis falhas detectadas.
A priorização das ações é determinada pela categorização dos riscos, ou seja, quanto
mais prejudicial ou maior for o risco, mais rapidamente deve ser solucionado.
Desta forma, a APR tem sua importância maior no que se refere à determinação de uma
série de medidas de controle e prevenção de riscos desde o início operacional de um sistema, o
que permite revisões de projeto em tempo hábil, no sentido de dar maior segurança, além de
definir responsabilidades no que se refere ao controle de riscos.
Segundo De Cicco e Fantazzini (1994), o desenvolvimento de uma APR passa por
algumas etapas básicas, a saber:
a) Revisão de problemas conhecidos: Consiste na busca de analogia ou similaridade
com outros sistemas, para determinação de riscos que poderão estar presentes no
sistema que está sendo desenvolvido, tomando como base a experiência passada.
b) Revisão da missão a que se destina: Atentar para os objetivos, exigências de
desempenho, principais funções e procedimentos, ambientes onde se darão as
operações, etc. Enfim, consiste em estabelecer os limites de atuação e delimitar o
sistema que a missão irá abranger: a que se destina, o que e quem envolve e como
será desenvolvida.
c) Determinação dos riscos principais: Identificar os riscos potenciais com
potencialidade para causar lesões diretas e imediatas, perda de função (valor),
danos à equipamentos e perda de materiais.
d) Determinação dos riscos iniciais e contribuintes: Elaborar séries de riscos,
determinando para cada risco principal detectado, os riscos iniciais e contribuintes
associados.
e) Revisão dos meios de eliminação ou controle de riscos: Elaborar um brainstorming
dos meios passíveis de eliminação e controle de riscos, a fim de estabelecer as
melhores opções, desde que compatíveis com as exigências do sistema.

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f) Analisar os métodos de restrição de danos: Pesquisar os métodos possíveis que
sejam mais eficientes para restrição geral, ou seja, para a limitação dos danos
gerados caso ocorra perda de controle sobre os riscos.
g) Indicação de quem levará a cabo as ações corretivas e/ou preventivas: Indicar
claramente os responsáveis pela execução de ações preventivas e/ou corretivas,
designando também, para cada unidade, as atividades a desenvolver.

A APR tem grande utilidade no seu campo de atuação, porém, como já foi enfatizado,
necessita ser complementada por técnicas mais detalhadas e apuradas. Em sistemas que sejam já
bastante conhecidos, cuja experiência acumulada conduz a um grande número de informações
sobre riscos, esta técnica pode ser colocada em by-pass e, neste caso, partir-se diretamente para
aplicação de outras técnicas mais específicas (ALBERTON, 1996; TAVARES, 2010).

ANÁLISE DE MODOS DE FALHA E EFEITO (AMFE)


A Análise de Modos de Falha e Efeitos (AMFE) ou Failure Modes and Effects Analysis
(FMEA) é uma análise detalhada, podendo ser qualitativa ou quantitativa, que permite analisar as
maneiras pelas quais um equipamento ou sistema pode falhar e os efeitos que poderão advir,
estimando ainda as taxas de falha e propiciado o estabelecimento de mudanças e alternativas que
possibilitem uma diminuição das probabilidades de falha, aumentando a confiabilidade do
sistema.
De acordo com Hammer (1993 apud ALBERTON, 1996), a confiabilidade é definida
como a probabilidade de uma missão ser concluída com sucesso dentro de um tempo específico e
sob condições específicas.
A AMFE foi desenvolvida por engenheiros de confiabilidade para permitir aos mesmos,
determinar a confiabilidade de produtos complexos. Para isto é necessário o estabelecimento de
como e quão frequentemente os componentes do produto podem falhar, sendo então a análise
estendida para avaliar os efeitos de tais falhas.
Apesar de sua utilização ser geral, a AMFE é mais aplicável às indústrias de processo,
principalmente quando o sistema em estudo possui instrumentos de controle, levantando

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necessidades adicionais e defeitos de projeto, definindo configurações seguras para os mesmos
quando ocorrem falhas de componentes críticos ou suprimentos.
A técnica auxilia ainda na determinação e encadeamento dos procedimentos para
contingências operacionais, quando o sistema é colocado em risco e a probabilidade de erro
devido à ações não estruturadas é alta, dependendo da ação correta dos operadores.
A AMFE é realizada primeiramente de forma qualitativa, quer na revisão sistemática
dos modos de falha do componente, na determinação de seus efeitos em outros componentes e
ainda na determinação dos componentes cujas falhas têm efeito crítico na operação do sistema,
sempre procurando garantir danos mínimos ao sistema como um todo.
Posteriormente, pode-se proceder à análise quantitativa para estabelecer a confiabilidade
ou probabilidade de falha do sistema ou subsistema, através do cálculo de probabilidades de
falhas de montagens, subsistemas e sistemas, a partir das probabilidades individuais de falha de
seus componentes, bem como na determinação de como poderiam ser reduzidas estas
probabilidades, inclusive pelo uso de componentes com confiabilidade alta ou pela verificação
de redundâncias de projeto (ALBERTON, 1996).
Para proceder ao desenvolvimento da AMFE ou de qualquer outra técnica, é primordial
que se conheça e compreenda o sistema em que se está atuando e qual a função e objetivos do
mesmo, as restrições sob as quais irá operar, além dos limites que podem representar sucesso ou
falha.
O bom conhecimento do sistema em que se atua é o primeiro passo para o sucesso na
aplicação de qualquer técnica, seja ela de identificação de perigos, análise ou avaliação de riscos.
Conhecido o sistema e suas especificidades, pode-se dar seguimento a análise, cabendo
à empresa idealizar o modelo que melhor se adapte a ela.
O quadro 3 mostra esquematicamente um modelo para aplicação da AMFE.

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Quadro 3 - Modelo de aplicação de uma AMFE

Efeitos: Métodos
Modo de Causa de Categoria Probabilidade Ações
-nos componentes de
Item Falha Falha de Risco de Ocorrência Possíveis
-no sistema Detecção

Fonte: Alberton (1996)

De acordo com De Cicco e Fantazzini (1994), um procedimento proposto para o


preenchimento das várias colunas é o seguinte:
a) Dividir o sistema em subsistemas que podem ser efetivamente controlados;
b) Traçar diagramas de blocos funcionais do sistema e subsistemas, para determinar
os inter-relacionamentos existentes;
c) Preparar um cheklist dos componentes de cada subsistema e sua função
específica;
d) Determinar através da análise de projetos e diagramas, os modos possíveis de
falha que possam afetar outros componentes. Os modos básicos de falha devem
ser agrupados em quatro categorias: I- falha em operar no instante prescrito; II-
falha em cessar de operar no instante prescrito; III- operação prematura; IV-
falha em operação;
e) Indicar os efeitos de cada falha sobre outros componentes e como esta afeta a
operação do mesmo;
f) Estimar a gravidade de cada falha específica de acordo com as categorias de
risco, para possibilitar a priorização de alternativas;
g) Indicar os métodos usados para detecção de cada falha específica;

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h) Formular possíveis ações de compensação e reparos que podem ser adotadas
para eliminar ou controlar cada falha específica e seus efeitos;
i) Determinar as probabilidades de ocorrência de cada falha específica para
possibilitar a análise quantitativa.

Como descrito, a AMFE analisa de forma geral os modos de falha de um produto.


Porém, em um produto podem existir certos componentes ou conjunto deles que sejam
especificamente críticos para a missão a que se destina o produto ou para a segurança do
operador. Portanto, de acordo com Hammer (1993 apud ALBERTON, 1996), a estes
componentes críticos, deve ser dada especial atenção, sendo mais completamente analisados do
que outros.
A análise, similar a AMFE, que se preocupa com a análise detalhada destes
componentes críticos é conhecida como Análise de Criticalidade e Modos de Falha (FMECA -
Failure Modes an Criticality Analysis).
Tanto a AMFE como a FMECA são bastante eficientes quando aplicadas a sistemas
mais simples e de falhas mais singelas, porém, quando a complexidade é maior, recomenda-se o
uso de outras técnicas, como por exemplo, a Análise de Árvore de Falhas.

SÉRIE DE RISCOS
Em uma série de riscos, o risco principal é muitas vezes denominado catástrofe, evento
catastrófico, evento crítico, risco crítico ou falha singular.
O risco primário é a condição com potencial para degradar, que se converte na origem
da série.
Os riscos contribuintes são as condições que inter-relacionam com a origem e que
aportam potencial para a degradação do sistema.
O risco primário é a condição que finalmente pode se materializar em dano esperado
(CAMPOS, 2009).
Abaixo temos dois exemplos de série de riscos.

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Figura 4 – Modelo de Hammer

Consideremos um tanque pneumático de alta pressão, feito de aço carbono


desprotegido, a umidade pode causar corrosão, reduzindo a resistência do metal, que debilitado
irá romper-se e fragmentar-se. Os fragmentos irão atingir e lesionar o pessoal e danificar
equipamentos vizinhos. Qual dos riscos – a umidade, a corrosão, a debilitação do material, ou a
pressão – causou a falha? Nesta série de riscos, a umidade desencadeou o processo de
degradação que resultou na ruptura do tanque. Se o tanque fosse de aço inoxidável, não teria
havido corrosão.
A ruptura do tanque, causadora de lesões e outros danos, pode ser considerada como o
risco principal. A umidade iniciou a série de riscos e pode ser chamada de risco inicial; a
corrosão, a perda de resistência e a pressão interna são chamados de riscos contribuintes.

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Figura 5 – Série de riscos

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ANÁLISE DE ÁRVORES DE FALHAS

A Análise de Árvore de Falhas - AAF foi primeiramente concebida por H. A. Watson


dos Laboratórios Bell Telephone em 1961, a pedido da Força Aérea Americana para avaliação
do sistema de controle do Míssil Balístico Minuteman.
A AAF é um método excelente para o estudo dos fatores que poderiam causar um
evento indesejável (falha) e encontra sua melhor aplicação no estudo de situações complexas.
Ela determina as frequências de eventos indesejáveis (topo) a partir da combinação lógica das
falhas dos diversos componentes do sistema.
Segundo Lee et al (1985 apud ALBERTON, 1996), o principal conceito na AAF é a
transformação de um sistema físico em um diagrama lógico estruturado (a árvore de falhas),
onde são especificados as causas que levam a ocorrência de um específico evento indesejado de
interesse, chamado evento topo.
O evento indesejado recebe o nome de evento topo por uma razão bem lógica, já que na
montagem da árvore de falhas o mesmo é colocado no nível mais alto. A partir deste nível o
sistema é dissecado de cima para baixo, enumerando todas as causas ou combinações delas que
levam ao evento indesejado. Os eventos do nível inferior recebem o nome de eventos básicos ou
primários, pois são eles que dão origem a todos os eventos de nível mais alto.
De acordo com Oliveira e Makaron (1987), a AAF é uma técnica dedutiva que se
focaliza em um acidente particular e fornece um método para determinar as causas deste
acidente, é um modelo gráfico que dispõe várias combinações de falhas de equipamentos e erros
humanos que possam resultar em um acidente. Estes autores consideram o método como “uma
técnica de pensamento-reverso, ou seja, o analista começa com um acidente ou evento
indesejável que deve ser evitado e identifica as causas imediatas do evento, cada uma examinada
até que o analista tenha identificado as causas básicas de cada evento”. Portanto, é certo supor
que a árvore de falhas é um diagrama que mostra a inter-relação lógica entre estas causas básicas
e o acidente.
A diagramação lógica da árvore de falhas é feita utilizando-se símbolos e comportas
lógicas, indicando o relacionamento entre os eventos considerados. As duas unidades básicas ou

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comportas lógicas envolvidas são os operadores “E” e “OU”, que indicam o relacionamento
casual entre eventos dos níveis inferiores que levam ao evento topo. As combinações sequenciais
destes eventos formam os diversos ramos da árvore.
De acordo com De Cicco e Fantazzini (1994) a estrutura básica de construção de uma
árvore de falhas pode ser sintetizada conforme a figura 6.

Figura 6 - Estrutura fundamental de uma árvore de falhas

Fonte: HENLEY E KUMAMOTO (1981 apud DE CICCO E FANTAZZINI, 1994)

A AAF pode ser executada em quatro etapas básicas: definição do sistema, construção
da árvore de falhas, avaliação qualitativa e avaliação quantitativa.
Embora tenha sido desenvolvida com o principal intuito de determinar probabilidades,
como técnica quantitativa, é muito comumente usada também por seu aspecto qualitativo porque,
desta forma e de maneira sistemática, os vários fatores, em qualquer situação a ser investigada,
podem ser visualizados.
Segundo Hammer (1993 apud ALBERTON, 1996), os resultados da análise quantitativa
são desejáveis para muitos usos, contudo, para proceder à análise quantitativa, deve ser realizada

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primeiramente a análise qualitativa, sendo que muitos analistas creem que deste modo, obter
resultados quantitativos não requer muitos esforços adicionais.
Assim, a avaliação qualitativa pode ser usada para analisar e determinar que
combinações de falhas de componentes, erros operacionais ou outros defeitos podem causar o
evento topo. Já a avaliação quantitativa é utilizada para determinar a probabilidade de falha no
sistema pelo conhecimento das probabilidades de ocorrência de cada evento em particular.
Desta forma, o método de AAF pode ser desenvolvido através das seguintes etapas:
a) Seleção do evento indesejável ou falha, cuja probabilidade de ocorrência deve ser
determinada;
b) Revisão dos fatores intervenientes: ambiente, dados do projeto, exigências do
sistema, etc., determinando as condições, eventos particulares ou falhas que possam
vir a contribuir para ocorrência do evento topo selecionado;
c) Montagem, através da diagramação sistemática, dos eventos contribuintes e falhas
levantados na etapa anterior, mostrando o inter-relacionamento entre estes eventos
e falhas, em relação ao evento topo. O processo inicia com os eventos que
poderiam, diretamente, causar tal fato, formando o primeiro nível - o nível básico.
A medida que se retrocede, passo a passo, até o evento topo, são adicionadas as
combinações de eventos e falhas contribuintes. Desenhada a árvore de falhas, o
relacionamento entre os eventos é feito através das comportas lógicas;
d) Através de Álgebra Booleana são desenvolvidas as expressões matemáticas
adequadas, que representam as entradas da árvore de falhas. Cada comporta lógica
tem implícita uma operação matemática, podendo ser traduzidas, em última análise,
por ações de adição ou multiplicação;
e) Determinação da probabilidade de falha de cada componente, ou seja, a
probabilidade de ocorrência do evento topo será investigada pela combinação das
probabilidades de ocorrência dos eventos que lhe deram origem.

A simbologia lógica de uma árvore de falhas é descrita no quadro 4.

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Quadro 4 - Simbologia lógica de uma árvore de falhas

Fonte: ALBERTON (1996)

Para proceder ao estudo quantitativo da AAF, é necessário conhecer e relembrar


algumas definições da Álgebra de Boole. A Álgebra Booleana foi desenvolvida pelo matemático
George Boole para o estudo da lógica. Suas regras e expressões em símbolos matemáticos
permitem simplificar problemas complexos. É principalmente usada em áreas de computadores e
outras montagens eletromecânicas e também em análise de probabilidades, em estudos que
envolvem decisões e mais recentemente, em segurança de sistemas.
O quadro 5 transcrito de Hammer (1993 apud ALBERTON, 1996), representa algumas
das definições de álgebra booleana associadas aos símbolos usados na análise quantitativa da

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árvore de falhas. Em complemento, o quadro 6 apresenta as leis e fundamentos matemáticos da
Álgebra de Boole.

Quadro 5 - Álgebra booleana e simbologia usada na árvore de falhas

Módulo Símbolo Explicação Tabela Verdade

O módulo OR indica que quando uma ou mais das


0 (F)
entradas ou condições determinantes estiverem
presentes, a proposição será verdadeira (V) e 1 (V)
OR resultará uma saída. Ao contrário, a proposição
A0011 + B0101
(OU) será falsa (F) se, e somente se, nenhuma das 1 (V)
condições estiver presente

1 (V)
0 (F)
O módulo AND indica que todas as entradas ou
condições determinantes devem estra presentes A0011* 0 (F)
para que uma proposição seja verdadeira (V). Se
AND (E) uma das condições ou entradas estiver faltando, a B0101 0 (F)
proposição será falsa (F).
1 (V)

1 (V)
O módulo NOR pode ser considerado um estado
NO-OR (NÃO-OU). Indica que, quando uma ou
0 (F)
NOR mais entradas estiverem presentes, a proposição A0011 + B0101
(NOU) será falsa (F) e não haverá saída. Quando nenhuma
das entradas estiver presente, resultará uma saída. 0 (F)

0 (F)

O módulo NAND indica que, quando uma ou mais


1 (V)
das entradas ou condições determinantes não A0011*
estiverem presentes, a proposição será verdadeira 1 (V)
NAND (V) e haverá uma saída. Quando todas as entradas
(NE) estiverem presentes, a proposição será falsa (F) e B0101
1 (V)
não haverá saída.

0 (F)

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Quadro 6 - Relacionamento e leis representativas da Álgebra de Boole

RELACIONAMENTO LEI
A.1=A

A.0=0
Conjuntos complementos ou
A+0=A vazios

A+1=1
(Ac)c = A Lei de involução
A . Ac = 0
Relações complementares
A + Ac = 1
A.A=A
Leis de idempontência
A+A=A
A.B=B.A
Leis comutativas
A+B=B+A
A . (B . C) = (A . B) . C
Leis associativas
A + (B + C) = (A + B) + C
A . (B + C) = (A . B) + (A .
C)
Leis distributivas
A + (B . C) = (A + B) . (A
+ C)
A . (A + B) = A
Leis de absorção
A + (A . B) = A
(A . B)c = Ac + Bc
Leis de dualização ( Leis de
Morgan)
(A + B)c = Ac . Bc
Fonte: Alberton (1996).

Desta forma, para a árvore de falhas representada na figura 7 abaixo, as probabilidades


dos eventos, calculadas obedecendo-se às determinações das comportas lógicas, resultam em:

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E = A intersec. D
D = B união C
E = A intersec. B união C
P(E) = P(A intersec. B união C)
Figura 7 - Esquema de uma árvore de falhas

A AAF não necessariamente precisa ser levada até a análise quantitativa, entretanto,
mesmo ao se aplicar o procedimento de simples diagramação da árvore, é possível a obtenção de
um grande número de informações e conhecimento muito mais completo do sistema ou situação
em estudo, propiciando uma visão bastante clara da questão e das possibilidades imediatas de
ação no que se refere à correção e prevenção de condições indesejadas.
O uso da árvore de falhas pode trazer, ainda, outras vantagens e facilidades, quais
sejam: a determinação da sequência mais crítica ou provável de eventos, dentre os ramos da
árvore, que levam ao evento topo; a identificação de falhas singulares ou localizadas importantes
no processo; o descobrimento de elementos sensores (alternativas de solução) cujo
desenvolvimento possa reduzir a probabilidade do contratempo em estudo. Geralmente, existem
certas sequências de eventos centenas de vezes mais prováveis na ocorrência do evento topo do
que outras e, portanto, é relativamente fácil encontrar a principal combinação ou combinações de
eventos que precisam ser prevenidas, para que a probabilidade de ocorrência do evento topo
diminua.
Além dos aspectos citados, a AAF encontra aplicação para inúmeros outros usos, como:
solução de problemas diversos de manutenção, cálculo de confiabilidade, investigação de
acidentes, decisões administrativas, estimativas de riscos, etc. (ALBERTON, 1996).

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AS AVALIAÇÕES DE RISCOS E AS AVALIAÇÕES DAS PERDAS DE UM
SISTEMA

De acordo com Hammer (1993 apud ALBERTON, 1996), o risco pode ser definido de
diversas maneiras, porém, com uma consideração comum a todas elas: a probabilidade de
ocorrência de um evento adverso.
Na fase de avaliação de riscos, o que se procura é quantificar um evento gerador de
possíveis acidentes. Assim, o risco identificado é através de duas variáveis: a frequência ou
probabilidade do evento e as possíveis consequências expressas em danos pessoais, materiais ou
financeiros. Contudo, estas variáveis nem sempre são de fácil quantificação. Esta dificuldade faz
com que, em algumas situações, se proceda a uma análise qualitativa do risco.
Desta forma, temos dois tipos de avaliação da frequência e consequência dos eventos
indesejáveis: a qualitativa e a quantitativa, alertando-se apenas para o fato que ao proceder a
avaliação qualitativa estamos avaliando o perigo e não o risco.
Como já falamos anteriormente, a avaliação qualitativa pode ser realizada através da
aplicação das categorias de risco segundo a norma americana MIL-STD-882.
Quanto ao aspecto quantitativo da avaliação é importante ter-se a noção de
confiabilidade de sistemas. De acordo com Oliveira (1991), confiabilidade é a probabilidade de
que um sistema desempenhe sua missão com sucesso, por um período de tempo previsto e sob
condições especificadas. Conforme afirma J.M. Juran (apud Oliveira, 1991), “a confiabilidade é
uma característica historicamente buscada por projetistas e construtores de todos os tipos de
sistema. O que há de novo na segunda metade do século XX é o movimento para quantificar a
confiabilidade. É um movimento similar, e provavelmente tão importante quanto o movimento
de séculos atrás para quantificar as propriedades dos materiais”.

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CUSTO DE ACIDENTES. PREVISÃO E CONTROLE DE PERDAS:
controle de danos, controle total de perdas

Os acidentes de trabalho e doenças profissionais custam tempo e dinheiro e apesar de se


estimarem elevados, raramente são avaliados ao nível das empresas, o que dificulta a aferição
dos respectivos impactos socioeconômicos.
Para facilitar o entendimento, vamos relembrar alguns conceitos: acidente de trabalho é
entendido de forma legal como “o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa,
com o segurado empregado, que provoca lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte, a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”, mas, pode
ainda ser definido pela sua forma prevencionista, que se dará da seguinte maneira, “acidente do
trabalho é toda ocorrência não programada ou prevista, estranha ao andamento normal do
trabalho, da qual possa resultar danos físicos e/ou funcionais ou lesões ao trabalhador e/ou danos
materiais e econômicos à empresa”. É importante esclarecermos ainda que e a doença
profissional é “toda e qualquer deficiência e/ou enfraquecimento da saúde humana, causada por
uma exposição contínua a condições inerentes à ocupação de uma pessoa”.
Todo esse processo gera um determinado custo para a empresa, custo este que de
alguma forma é repassado ao cliente. O que o empregado tem de compreender é que se ele faz
parte da empresa, ele crescerá ou estagnará junto com ela.
Por outro lado, o Gestor tem um papel fundamental na conscientização de seu pessoal,
cabe a ele saber como cada um de seus subordinados reage a determinadas ações, pois, para cada
ação há um reação de igual intensidade. E o gestor que souber como é a reação de cada um de
seus subordinados poderá usar esta em benefício da massa e traçar assim planos estratégicos com
excelência.
Os serviços de Segurança do Trabalho, Saúde, Meio Ambiente e Qualidade são ainda
vista por muitos empresários como um “gasto desnecessário”, mas, no mundo corporativo não
existe espaço para coincidências e sabe-se que as empresas que levam os profissionais destas
áreas à sério permitindo que desenvolvam um bom trabalho e subsidiando tal, tem despontado

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das demais através da redução dos custos de produção e consequentemente agregando qualidade
aos seus produtos e serviços.
Nenhum sucesso na produção compensa o fracasso na segurança (OLIVEIRA, 2008).

CUSTOS DE ACIDENTES
É importante nos dias atuais fazer um levantamento dos custos, embora ainda não sejam
uma ferramenta eficaz devido à necessidade de calcular o custo direto ou segurado e o custo
indireto ou não segurado.
O cálculo em si não é difícil, mas muito trabalhoso. Para cada caso existem diferentes
variáveis envolvidas e em muitos casos podem chegar a dezenas de variáveis, muitas vezes de
difícil identificação. Em linhas gerais pode-se dizer que o custo do acidente é o somatório dos
custos diretos e indiretos envolvidos
C = CD + CI

O custo direto (CD) é o custo mensal do seguro de acidente do trabalho. Não tem
relação com o acidente em si. A contribuição é calculada a partir do enquadramento da empresa
em três níveis de risco de acidente do trabalho. Essa porcentagem é calculada em relação à folha
de salário de contribuição e é recolhida com as demais contribuições arrecadadas pelo INSS.
1% para a empresa de risco de acidente considerado leve.
2% para a empresa de risco médio.
3% para empresa de risco grave.

O custo indireto (CI) não envolve perda imediata de dinheiro. Relaciona-se com o
ambiente que envolve o acidentado e com as consequências do acidente. Entre os custos
indiretos podemos citar:
1. salário que deve ser pago ao acidentado no dia do acidente e nos primeiros quinze
dias de afastamento, sem que ele produza.
2. multa contratual pelo não cumprimento de prazos.
3. perda de bônus na renovação do seguro patrimonial.
4. salário pago aos colegas do acidentado.

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5. despesas decorrentes da substituição ou manutenção de peça danificada.
6. prejuízos decorrentes de danos causados ao produto no processo.
7. gastos de contratação e treinamento de um substituto.
8. pagamento de horas extras para cobrir o prejuízo causado à produção.
9. gastos de energia elétrica e demais facilidades das instalações (hora extra).
10. pagamento das horas de trabalho despendidas por supervisores e outras pessoas e
ou empresas:
 na investigação das causas de acidentes.
 na assistência médica para os socorros de urgência.
 no transporte do acidentado.
 em providencias necessárias para regularizar o local do acidente.
 em assistência jurídica.
 em propaganda para recuperar a imagem da empresa.

Em caso de acidente com morte e invalidez permanente ainda devemos considerar o


custo da indenização que deve ser pago mensalmente até que o empregado atinja a idade de 65
anos.
Pesquisa feita pela FUNDACENTRO revelou a necessidade de modificar os conceitos
tradicionais de custos de acidentes e propôs uma nova sistemática para a sua elaboração, com
enfoque prático, denominada custo efetivo dos acidentes, como descrito a seguir:
Ce = C - i
Ce = Custo efetivo do acidente.
C = custo do acidente.
i = indenização e ressarcimento recebidos por meio de seguro ou de terceiros (valor
líquido) e,
C = C1 + C2 + C3
C1 = custo correspondente ao tempo de afastamento (até os 15 primeiros dias) em
consequência de acidentes com lesão.
C2 = custo referente aos reparos e reposições de máquinas, equipamento e materiais
danificados (acidente com danos a propriedade)

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C3 = custos complementares relativos às lesões (assistência médica e primeiros
socorros) e os danos à propriedade (outros custos operacionais, como os resultantes de
paralisações, manutenção e lucros interrompidos).

PREVISÃO E CONTROLE DE PERDAS, CONTROLE DE DANOS E CONTROLE


TOTAL DE PERDAS
Esta teoria nasceu dos estudos de Frank Bird Jr. e está baseada na análise de cerca de
90.000 acidentes ocorridos, em um período de mais de sete anos, na Luckens Steel, empresa
metalúrgica na qual ele próprio trabalhava.
Para Bird (1978 apud ALBERTON, 1996), “os mesmos princípios efetivos de
administração podem ser usados para eliminar ou controlar muitos, senão todos, os incidentes
comprometedores que afetam a produção e qualidade”. Segundo ele, prevenindo e controlando
os incidentes através do controle de perdas, todos: pessoas, equipamentos, material e ambiente,
estaremos protegidos com segurança.
É importante observar que nasce aqui um novo conceito: os acidentes com danos à
propriedade. Anteriormente aos estudos de Bird, acidentes eram somente aqueles acontecimentos
que resultassem em lesão pessoal. A partir dos estudos de Bird, além das lesões pessoais também
começaram a ser considerados como acidentes, quaisquer acontecimentos que gerassem danos á
propriedade, ou seja, aqueles acontecimentos que provocassem perdas para a empresa, mesmo
que substanciais, em termos de materiais e equipamentos.
Para Bird (apud DE CICCO e FANTAZZINI, 1986), um programa de Controle de
Danos é aquele que requer identificação, registro e investigação de todos os acidentes com danos
à propriedade e determinação de seu custo para a empresa, sendo que todas estas medidas
deverão ser seguidas de ações preventivas.
Desta forma, um dos primeiros passos para a implantação de um programa de Controle
de Danos é a revisão das regras convencionais de segurança. Portanto, uma regra nos padrões
convencionais como: “quando ocorrer com você ou com o equipamento que você opera qualquer
acidente que resulte em lesão pessoal, mesmo de pequena importância, você deve comunicar o
fato, imediatamente, a seu supervisor”, para se enquadrar dentro da metodologia de Controle de
Danos deve ser alterada para: “quando ocorrer com você ou com o equipamento que você opera

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qualquer acidente que resulte em lesão pessoal ou dano à propriedade, mesmo de pequena
importância, você deve comunicar o fato, imediatamente, a seu supervisor”.
Para este exemplo, observa-se que a regra original foi mantida, havendo apenas uma
complementação, tornando-a mais abrangente. De qualquer forma, é importante que ao se alterar
qualquer regra, total ou parcialmente, esta modificação deve ser claramente conhecida por todas
as pessoas envolvidas, desde a alta direção da empresa até todos os trabalhadores dos escalões
inferiores. Este é um ponto fundamental para o sucesso de um programa de Controle de Danos,
caso contrário, a mudança de enfoque não passará do papel.
Também é importante a consciência de que um processo de mudança requer um período
planejado, de educação e comunicação, até que os motivos, objetivos e importância de tal
mudança sejam assimilados por todos.
Conforme De Cicco e Fantazzini, (1986), o programa de Controle de Danos, para ser
introduzido na empresa, requer três passos básicos:
a) verificações iniciais;
b) informações dos centros de controle;
c) exame analítico.

a) Verificações iniciais
Nesta etapa, procura-se tomar contato com o que já existe na empresa em termos de
controle de danos, como funciona, os resultados alcançados, etc.. Mais precisamente, significa
estabelecer contato e conhecer o departamento de manutenção.
De acordo com De Cicco e Fantazzini, (1986), deve-se discutir o programa de Controle
de Danos com o chefe deste departamento pois, segundo ele, os responsáveis pelo serviço de
manutenção cooperam mais espontaneamente quando imbuídos de um sentimento de
participação no planejamento do programa.
É após as verificações iniciais que se observa a existência de problemas reais, tanto do
ponto de vista humano como econômico, e que, desta forma justificam a execução do programa.

b) Informações dos centros de controle

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É nesta etapa que ocorre um controle concreto dos danos pela manutenção, considerada
o centro de controle. É aqui que registram-se os danos à propriedade, devendo o sistema
desenvolvido para tal, fazê-lo da forma o mais objetiva e simples possível. Sabe-se também que
as empresas diferem entre si, portanto, o sistema de registro de informações deve ser aquele que
melhor se adapte aos procedimentos já existentes da empresa.
Pode-se citar como exemplo de sistema de registro de informações, o sistema de
etiquetas e o sistema de ordens de serviço.
No sistema de etiquetas, como o próprio nome já diz, etiquetas são colocadas em todos
os equipamentos ou instalações que necessitem reposição de componentes ou de reparos,
provenientes de acidentes.
Já o sistema de ordem de serviço determina que, quando for necessário o reparo de
determinado equipamento e este seja devido a acidente, a pessoa que requisitar o serviço deve
indicar na folha do pedido que o mesmo é devido a acidente, e desta forma fica registrada a
ocorrência do acidente. Todas as folhas de registro dos tempos de execução dos reparos e as de
requisições de material relacionadas com este tipo de ordem de serviço deve ser devidamente
identificada a ela, para possibilitar ao departamento de contabilidade a tabulação e registro
periódico do tempo total de execução dos reparos e dos custos com material empregado relativos
àqueles equipamentos ou instalações danificados face à acidentes.
Outros tipos de sistemas de informações podem ser adotados pelos centros de controle,
desde que se adaptem à rotina da empresa e atendam aos objetivos a que se propõe.

c) Exame analítico
A implantação de um sistema, seja ele na área de segurança ou em qualquer outra área,
necessita de um certo tempo de adaptação e aprendizado para chegar à maturação e a níveis
consideráveis de eficiência.
Num primeiro momento de um programa de Controle de Danos, é importante que seja
feita uma revisão nos sistemas de registro para certificar-se de que a identificação dos trabalhos
provenientes de acidentes esteja sendo realizada de forma correta (ALBERTON, 1996).
É interessante também, que dentro de cada empresa seja questionado quais os acidentes
que devem ser investigados: se todos, ou somente os que acarretem maior custo.

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De acordo com Bird (apud De Cicco e Fantazzini, 1986), nos primeiros estágios do
programa de Controle de Danos, os acidentes a serem investigados deveriam ser somente aqueles
de maior monta, e à medida que o mesmo fosse se desenvolvendo, progredisse embarcando
também os menores.
Sob o ponto de vista econômico, já se verificou a necessidade de se investigar todo e
qualquer acidente com dano à propriedade, seja ele grande ou pequeno, pois conforme estudos já
realizados os custos resultantes do conjunto de pequenos acidentes tinham uma cifra
considerável. Os pequenos acidentes, mesmo com seu custo unitário bem menor, pela grande
quantidade em que ocorrem resultam em uma quantia nada desprezível.
Se considerarmos o ponto de vista humano, que deve ser sempre a maior preocupação,
ao controlarmos os acidentes com danos à propriedade estaremos poupando o homem, já que
grande parte das lesões pessoais tem seu foco nas mesmas causas daqueles acidentes com danos
à propriedade. Ainda, considerando a afirmação de Bird (1978 apud ALBERTON, 1996) “todos
os acidentes são incidentes, mas nem todos os incidentes são acidentes”, percebe-se claramente
que a identificação e prevenção anterior ao fato (acidente) é um grande passo para a diminuição
de acidentes (perdas) reais.

CONTROLE TOTAL DE PERDAS


Esta teoria foi proposta em 1970, pelo canadense John A. Fletcher, partindo do
pressuposto de que os acidentes que resultam em danos às instalações, aos equipamentos e aos
materiais têm as mesmas causas básicas do que os que resultam em lesões, sendo que o objetivo
do Controle Total de Perdas é o de reduzir ou eliminar todos os acidentes que possam interferir
ou paralisar o sistema.
Enquanto a segurança e a medicina do trabalho tradicional se ocupavam da prevenção
de lesões pessoais, e o Controle de Danos de Bird dizia respeito aos acidentes que resultem em
lesão pessoal ou dano à propriedade, o Controle Total de Perdas envolve os dois conceitos
anteriores no que se refere aos acidentes com lesões pessoais e danos à propriedade englobando
ainda: perdas provocadas por acidentes em relação à explosões, incêndios, roubo, sabotagem,
vandalismo, poluição ambiental, doença, defeito do produto, etc.
Então, em termos gerais, pode-se dizer que o Controle Total de Perdas envolve:

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 prevenção de lesões (acidentes que tem como resultado lesões pessoais);
 controle total de acidentes (danos à propriedade, equipamentos e materiais);
 prevenção de incêndios (controle de todas as perdas por incêndios);
 segurança industrial (proteção dos bens da companhia);
 higiene e saúde industrial;
 controle da contaminação do ar, água e solo;
 responsabilidade pelo produto.

Para Fernández (1972 apud ALBERTON, 1996), o conceito de Controle Total de


Perdas desenvolveu-se e evoluiu, no pensamento dos profissionais de segurança durante muitos
anos, com o fim de inverter a tendência ascendente do índice de lesões. Segundo ele, para
implantar-se um programa de Controle Total de Perdas deve-se ir desde a prevenção de lesões ao
controle total de acidentes, para então chegar-se ao Controle Total de Perdas. De acordo com o
mesmo autor, a implantação de um programa de Controle Total de Perdas requer três passos
básicos: determinar o que se está fazendo; avaliar como se está fazendo e; elaborar planos de
ação que indiquem o que tem de ser feito.
Desta forma, segundo Fletcher (apud DE CICCO e FANTAZZINI, 1986), um programa
de Controle Total de Perdas deve ser idealizado de modo que venha a eliminar todas as fontes de
interrupção de um processo de produção, quer resultando em lesão, dano à propriedade,
incêndio, explosão, roubo, vandalismo, sabotagem, poluição da água, do ar e do solo, doença
ocupacional ou defeito do produto, e segundo ele os três passos básicos para a implantação de
um programa de Controle Total de Perdas são:
a) estabelecer o perfil dos programas de prevenção existentes na empresa;
b) determinar prioridades;
c) elaborar planos de ação para controle das perdas reais e potenciais do sistema.

a) Perfil dos programas de prevenção existentes


Antes da implantação de qualquer novo método ou programa, um primeiro passo é
buscar conhecer o que está sendo feito na empresa neste sentido e de que maneira. É necessário
pesquisar quais são as reais necessidades da empresa. Se já existe algum programa em

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andamento, analisar se o mesmo está sendo realizado de forma correta e eficaz. Isto é possível
através do estabelecimento dos perfis dos programas de prevenção existentes.
Para que um perfil possa fornecer de forma adequada estas informações, o mesmo deve
ser dividido em seções que contenham os vários itens ou pontos que possam ser abrangidos pelo
programa de prevenção. Para estes itens, formulam-se questões, que quando respondidas irão
permitir determinar o grau de execução ou de implantação em que se encontra o programa sob
análise. Para isto é necessário adotar uma escala de avaliação, que permite determinar até que
grau o item foi implantado e quão efetivo ele é. A escala sugerida por Fletcher é apresentada no
quadro 7.

Quadro 7 - Escala sugerida por Fletcher para avaliação do programa de segurança.


GRAU ESCALA DESCRIÇÃO
5 Excelente Totalmente implantado e totalmente efetivo
4 Bom Satisfatoriamente implantado e efetivo
3 Regular Implantado, mas não satisfatoriamente
2 Fraco Parcialmente implantado, mas não satisfatoriamente,
existem pontos a melhorar
1 Insatisfatório Algumas tentativas foram feitas, mas sem implantação
efetiva
0 Inexistente Nada foi feito até o momento.

Estabelecida a escala pode-se, para cada seção analisada, determinar a pontuação obtida,
que representa a situação atual da empresa em termos de desempenho nesta seção.

b) Determinação das Prioridades


Consiste em determinar as prioridades que devem ser adotadas pelo programa geral de
Controle Total de Perdas.
De posse do perfil do programa estabelecido na fase anterior, pode-se confrontar a
situação atual obtida pela pontuação através da escala estabelecida e a situação ideal para cada

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seção, caso o programa estivesse completo, isto é, a situação em que todos os itens estivessem
sendo executados, da melhor forma possível, com pontuação máxima.
O resultado do confronto destas duas situações (situação ideal - situação atual), nos
fornece a deficiência do programa que está sendo executado que, uma vez determinadas, nos
permite a priorização das seções que necessitam de maiores esforços.

c) Elaboração dos planos de ação


Estabelecidas as seções prioritárias é necessário elaborar para cada uma delas o
respectivo plano de ação, que terá o objetivo principal de prevenir e controlar as perdas reais e
potenciais oriundas de acidentes.
No plano de ação devem ficar claros: o objetivo geral ao que o mesmo se destina, os
objetivos específicos a curto, médio e longo prazo, os recursos humanos e materiais necessários
para sua implantação e execução, o custo estimado de implantação do plano, estimativas das
perdas atuais e potenciais futuras, a data em que o plano está iniciando e a data prevista para
término do mesmo.

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PROGRAMAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE DE PERDAS. PLANOS
DE EMERGÊNCIA. RETENÇÃO DE RISCOS E TRANSFERÊNCIA DE
RISCOS. NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURO

Após devidamente identificados, analisados e avaliados os riscos, o processo de


gerenciamento de riscos é complementado pela etapa de tratamento dos riscos. Esta fase
contempla a tomada de decisão quanto à eliminação, redução, retenção ou transferência dos
riscos detectados nas etapas anteriores.
A decisão quanto à eliminação ou redução diz respeito às estratégias prevencionistas da
empresa e não se trata do financiamento dos riscos, mas sim, da realimentação e feedback das
etapas anteriores.
O financiamento trata efetivamente da retenção através do auto-seguro e auto-adoção,
que são planos financeiros da própria empresa para enfrentar as perdas acidentais, e da
transferência dos riscos a terceiros.
De Cicco e Fantazzini (1994), consideram que a auto-adoção pode ser intencional e não
intencional. A auto-adoção intencional caracteriza-se pela aceitação de uma parcela das perdas,
consideradas suportáveis no contexto econômico-financeiro da empresa, dentro de um limite tido
como aceitável. Estas despesas são usualmente previstas no capital de giro da empresa, ficando
desvantajoso para a mesma transferir estas perdas (consideradas pequenas), uma vez que o
prêmio cobrado pela seguradora provavelmente ultrapassaria o valor estimado destas perdas.
A auto-adoção não intencional não é planejada, resultado da não identificação dos riscos
e até devido à ignorância quanto aos riscos existentes. Este último tipo de auto-adoção pode ser
perigoso e, segundo os mesmos autores, pode até tornar-se uma situação econômico-financeira
catastrófica.
O auto-seguro difere da auto-adoção pelo primeiro exigir um grau definido de
planejamento e a constituição de um fundo financeiro de reserva para as perdas. Caso não exista
um planejamento financeiro bem definido para a absorção das perdas, a empresa estará adotando
a auto-adoção e não o auto-seguro, o que ocorre comumente na prática.

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A última modalidade de financiamento de riscos, a transferência a terceiros, pode ser
realizada de duas formas: sem seguro ou através do seguro.
A transferência sem seguro é aquela realizada através de contratos, acordos e outras
ações, onde ficam bem definidas as responsabilidades, garantias e obrigações de cada uma das
partes.
A transferência através de seguro é o método mais comum para a transferência dos
riscos puros e, em alguns casos, dos especulativos. A administração de seguros, muito em moda
atualmente, se inicia efetivamente a partir da transferência dos riscos através do seguro. Podemos
definir seguro, de acordo com Arruda (1994), como sendo “a operação pela qual o segurado,
mediante a paga de um prêmio e observância de cláusulas de um contrato, obriga o segurador a
responder perante ele ou perante quem tenha designado, por prejuízos ocorridos no objeto do
seguro, consequentes dos riscos previstos no contrato, desde que a ocorrência de tais riscos tenha
sido fortuita ou independente de sua vontade”.
O custo do seguro para o segurado é o pagamento do prêmio, mediante o qual o
segurador assume as possíveis perdas associadas ao risco transferido.
Independente das diferenças entre as formas de tratamento de riscos, as empresas,
normalmente, não optam por apenas uma modalidade de financiamento. A empresa pode decidir
assumir as perdas de um certo tipo, assumir somente perdas até determinado valor e transferindo
ao seguro o excedente e ainda, estabelecer fundos de reserva antes ou depois da ocorrência das
perdas.
De Cicco e Fantazzini (1994) usando as seguintes possibilidades de risco: I- baixa
frequência e alta gravidade; II- baixa frequência e baixa gravidade; III- alta frequência e alta
gravidade e; IV- alta frequência e baixa gravidade, consideram que somente os riscos que recaem
na primeira categoria devem ser transferidos.
Como a decisão quanto à retenção ou transferência dos riscos é um problema frequente
para o gerente de riscos, vários modelos têm sido utilizados para subsidiar a tomada de decisão,
entre eles o Modelo de Houston, proposta pelo norte-americano David Houston, que considera o
custo de oportunidade como parâmetro de decisão, ou seja, considera a perda de oportunidade
devido ao ganho financeiro não obtido pela decisão de participar ou não de um negócio (o
seguro). Desta forma, muitas vezes é recomendável a utilização de mais de um método de

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financiamento, de tal forma que se encontre a melhor relação custo / benefício entre a reserva de
capital e o pagamento dos prêmios de seguro.

O SEGURO COMO INSTITUIÇÃO


A transferência do risco através da qual uma parte, o segurado, transfere a probabilidade
de perda financeira para outra parte é denominada Companhia de Seguros.
Podemos ainda conceitua-lo como a obrigação assumida pela seguradora, mediante o
recebimento antecipado de um prêmio, em reparar danos causados ao segurado ou a terceiros
pela ocorrência do evento (risco) previsto no contrato (Apólice ou Bilhete de Seguro).
Portanto, o objetivo do seguro é social, pois visa, exclusivamente, reparar danos.
Elementos Básicos:
a) Risco: É o evento ou acontecimento possível, futuro e incerto;
b) Responsabilidade: É a obrigação assumida pela Seguradora no sentido de reparar
os danos causados ao segurado, porém, limitando-se essa obrigação ao valor da
importância segurada - IS;
c) Sinistro: É a ocorrência do evento ou risco previsto no contrato.

Elementos Técnicos
a) Mutualismo:
Trata-se do princípio no qual se fundamentam as operações de seguro quando, reunindo
pequenos recursos de um grupo de pessoas ou de uma comunidade, que, administrados geram
mais recursos para reparar os danos causados a qualquer um dos integrantes do grupo;

b) Cálculo Atuarial:
É o cálculo efetuado pelos Atuários quando são estudados e observados determinados
fenômenos ou ocorrência de riscos no seio de uma comunidade, utilizando recursos matemáticos
e estatísticos.
Da observação de um determinado risco, considerando vários fatores, bem como o seu
nível de frequência, tem-se a taxa tarifária do seguro, e mediante sua aplicação temos o prêmio
puro ou tarifário, ao qual adicionando-se o carregamento (Despesas de angariação,

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administrativas e margem de lucro) temos o prêmio líquido ou comercial, que representa o preço
do seguro.

c) Limite de Responsabilidade:
A primeira medida para preservação da solvência de uma seguradora, além do capital
social mínimo exigido por lei para operar na atividade de seguros, é a fixação, pela SUSEP, do
limite de responsabilidade assumida pela seguradora relativamente às importâncias seguradas –
IS cobertas pelos contratos firmados com os segurados (SILVA, 2011).

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FERRAMENTAS DE ANÁLISE DE RISCOS EM ESTRATÉGIAS
EMPRESARIAS

Este artigo3 busca apresentar inovações de gestão financeira focadas na administração


de riscos que podem ser aplicadas à indústria e ao comércio. O modelo, com origem no
segmento bancário, será adaptado para contemplar as características específicas de empresas
não-financeiras. Portanto, a inovação a ser apresentada neste artigo trata da adaptação de técnicas
e modelos vinculados à gestão de riscos financeiros em aplicações para a administração de
empresas não-financeiras.
Neste artigo, a técnica de Markowitz será utilizada para estabelecer uma alocação ótima
de investimentos nos diferentes produtos da empresa. A definição de um limite de value-at-
risk possibilitará o ajuste do nível de produção em função do grau de risco a ser incorrido,
impactando o nível de atividade da empresa.
Finalmente, o value-at-risk marginal será utilizado para propiciar indicação de
alterações na ênfase de investimentos em produção que permitam um aumento ou diminuição do
nível de risco assumido.

INTRODUÇÃO
As inovações em gestão financeira têm como origens principais as demandas advindas
do segmento financeiro, notadamente de bancos e demais instituições financeiras. Tendo em
vista que o objetivo destas empresas baseia-se na criação de valor através da operacionalização
de produtos e serviços financeiros, é natural a preocupação com a busca de técnicas que
propiciem a identificação de oportunidades de arbitragem e a obtenção de vantagens
competitivas em termos de otimização de carteiras de ativos e avaliação e controle de riscos
financeiros.
Em contrapartida, as empresas do segmento não-financeiro, principalmente as voltadas
à indústria e ao comércio, vislumbram como objetivo a criação de valor através do uso eficiente

3
Texto publicado pela revista RAE eletrônica. Versão Online. ISSN 1676-5648. RAE electron. vol.1 no.2 São Paulo
dez. 2002. http://dx.doi.org/10.1590/S1676-56482002000200018.
Autor: Herbert Kimura: FGV-EAESP.

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dos recursos, otimizando processos de produção, logística, gestão do conhecimento etc. A função
financeira em empresas não-financeiras, embora importante, tem por atividades a avaliação de
resultados gerenciais e legais, o planejamento e o controle de fluxos de caixa, a análise de crédito
de clientes, a viabilização monetária de estratégias de financiamento e investimento etc.
Neste sentido, a função financeira na indústria e no comércio está associada ao apoio e
controle das demais funções da empresa e à viabilização financeira das estratégias empresariais,
não constituindo, na maioria dos casos, um núcleo de criação de valor.
Este artigo busca apresentar inovações de gestão financeira focadas na administração de
riscos que podem ser aplicadas à indústria e ao comércio. Este modelo, com origem no segmento
bancário, será adaptado para contemplar as características específicas de empresas não-
financeiras. Portanto, a inovação a ser apresentada neste artigo trata da adaptação de técnicas e
modelos vinculados à gestão de riscos financeiros em aplicações para a administração de
empresas não-financeiras. Neste artigo, a técnica de Markowitz será utilizada para estabelecer
uma alocação ótima de investimentos nos diferentes produtos da empresa. A definição de um
limite de value-at-risk possibilitará o ajuste do nível de produção em função do grau de risco a
ser incorrido, impactando o nível de atividade da empresa. Finalmente, o value-at-risk marginal
será utilizado para propiciar indicação de alterações na ênfase de investimentos em produção que
permitam um aumento ou diminuição do nível de risco assumido.
Na primeira parte do artigo, serão discutidas situações nas quais a gestão de riscos
representa fonte de criação de valor, justificando a importância da administração de riscos.
Posteriormente, será apresentado o modelo financeiro envolvendo desde a otimização de
recursos e análise de risco, até a identificação de estratégias operacionais e empresariais
baseadas em aspectos financeiros.
Desta maneira, o modelo desenvolvido amplia os horizontes da função financeira em
empresas não-financeiras, por atribuir às atividades de análise, avaliação e controle um caráter
pró-ativo, no sentido de propiciar insumos para o direcionamento estratégico às empresas.
Finalmente, a partir da descrição do modelo, será apresentado um estudo de caso,
exemplificando a metodologia apresentada.

REFERENCIAL TEÓRICO

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As principais decisões financeiras do ponto de vista teórico referem-se às decisões de
investimentos, financiamento e distribuição de dividendos (ROSS, WESTERFIELD e JAFFE,
1995). Neste sentido, a literatura tem-se preocupado principalmente com a análise de viabilidade
de projetos, a avaliação da estrutura de capital e o estudo sobre reação de investidores com
relação aos anúncios de distribuição de dividendos.
Seguindo o modelo de Modigliani e Miller, baseado em premissas de mercado de
capitais perfeito, informação simétrica, acesso igualitário ao mercado de capitais e estratégias de
investimentos definidas e independentes das decisões de financiamento (BREALEY e MYERS,
2000), pode-se demonstrar que a criação de valor advém da implementação de projetos que
propiciem valor presente líquido positivo. De acordo com o modelo, transações financeiras por si
só não podem alterar o valor de uma empresa.
Neste contexto, a estrutura de capital e a política de dividendos tornam-se irrelevantes
para o valor da empresa. Igualmente irrelevante torna-se a gestão de riscos financeiros, e a
demonstração tem fundamentação análoga aos teoremas desenvolvidos por Modigliani e Miller.
Assim, a administração de riscos, isto é, a avaliação das exposições e a implementação de
procedimentos de ajuste ao nível de risco financeiro incorrido, devido a descasamentos de taxa
de juros, moedas, índices de preços etc., não cria valor, pois os acionistas da empresa poderiam,
individualmente, realizar suas próprias ações de proteção contra estes riscos, seja diversificando
sua própria carteira, seja operando com derivativos para hedge de exposições.
Porém, tendo em vista características específicas dos mercados financeiros reais,
principalmente no que diz respeito a desvios em relação às premissas dos teoremas de
Modigliani e Miller, oportunidades de a gestão de riscos criar valor podem surgir. Culp (2001)
estabelece elementos que justificam a gestão de riscos como fonte de criação de valor: fricções
no mercado de capitais, conflitos de interesse entre administradores, credores e acionistas,
assimetria de informação.

A) FRICÇÕES NO MERCADO DE CAPITAIS


A premissa de mercado de capitais perfeito estabelece, entre outros aspectos, que os
participantes não estão sujeitos a impostos ou taxas. Porém, uma vez que os impostos existem no
mundo real e podem afetar o resultado de uma empresa, a gestão de riscos pode tornar-se

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atividade de geração de riqueza para as empresas. Se a estrutura de impostos à qual a empresa
está submetida é convexa, o valor esperado das obrigações fiscais de empresas que não efetuam
o hedge é maior que o valor certo das obrigações fiscais de empresas hedgeadas (CULP, 2001).
Por estrutura de impostos convexa subentende-se que os impostos médios da empresa crescem à
medida que o lucro antes do imposto de renda aumenta.
Outras fricções de mercado, como, por exemplo, a existência de custos de transação e
de custos de falência, podem induzir a necessidade de gestão de riscos. Exemplificando, caso a
gestão de riscos possibilite a redução de custos de falência exógenos, a gestão de riscos pode
implicar ganho de riqueza ao acionista. Estes custos exógenos representam valor constante ou
variável em função do tamanho do desastre financeiro, porém não são determinados direta ou
indiretamente pelas decisões de financiamento da empresa. Neste sentido, a gestão de riscos é
relevante, pois pode impedir que a empresa assuma uma exposição financeira exagerada,
incompatível com seu patrimônio líquido.

B) RELAÇÕES DE AGÊNCIA
A teoria de agência trata do desenvolvimento de contratos entre as diversas partes
interessadas em uma empresa (JENSEN e MECKLING, 1976). Tendo em vista que diversos
participantes com interesses próprios estão associados a uma empresa, seja na forma de
acionista, administrador, credor, funcionário, cliente etc, potenciais conflitos podem surgir. A
busca pela maximização de utilidade individual pode implicar decisões que não conduzem ao
objetivo teórico da empresa representado pela maximização da riqueza do acionista.
Estes conflitos de interesses podem implicar custos de agência, na forma de
monitoramento de atitudes dos indivíduos e de controle de comportamento através da política de
remuneração, por exemplo. Uma situação de conflito de agência comum fundamenta-se na
suposição de aversão a risco da administração. Se os administradores da empresa têm aversão a
risco exagerada, podem estar deixando de realizar projetos de valor presente líquido positivo,
devido ao nível de risco. Outro caso de conflito de interesses pode ocorrer em situações em que a
administração toma decisões que se transformam em benefícios ou satisfações não-pecuniárias,
em detrimento da riqueza dos acionistas. Smith e Stulz (1985) estabelecem que, se a utilidade

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esperada da riqueza do administrador for uma função côncava do valor da empresa, então a
solução ótima para a administração é hedgear completamente a empresa.
Desta maneira, levando-se em consideração os conflitos de interesses entre
administradores e acionistas, a gestão de riscos pode reduzir custos residuais de agência na
medida em que introduz mecanismos de mensuração e acompanhamento do nível de risco
assumido pela administração, além de permitir um controle sobre atividades de aumento ou
diminuição de exposição financeira que possam implicar benefício indireto ao administrador e,
ao mesmo tempo, perda de riqueza dos acionistas.

C) ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO
A existência de assimetrias de informação pode levar a perda de valor para o acionista,
uma vez que níveis diferentes de conhecimento sobre uma empresa podem conduzir a avaliações
distintas e, consequentemente, a um valor de equilíbrio diferente do valor intrínseco da empresa.
DeMarzo e Duffie (1995) exploram o uso de gestão de riscos e de estratégias
de hedge para aumentar a relação entre sinal e ruído no conteúdo informacional de variáveis
financeiras. Desta maneira, a gestão de riscos, ao possibilitar o envio de sinais aos indivíduos,
diminui a assimetria informacional, reduzindo a percepção sobre os riscos da empresa. Assim, a
percepção da assunção de menores riscos pode implicar a exigência de níveis de retornos
esperados menores pelos investidores, fazendo com que os fluxos de caixa projetados sejam
descontados por uma taxa de juros menor e aumentando o valor do acionista.
Enquanto os acadêmicos discutem se corporações não-financeiras devem administrar
exposições financeiras, diversas empresas já estão engajadas em atividades de gerenciamento de
riscos (CROUHY, GALI e MARK, 2001). Estudos empíricos têm demonstrado que a prática das
empresas parece ser favorável à relevância da gestão de riscos. Nance, Smith e Smithson (1993)
descobriram uma relação significativa entre o uso de derivativos e as políticas de dividendos e
estratégias fiscais. Dolde (1993), ao analisar empresas americanas, identificou uma elevada
porcentagem de empresas que utilizam derivativos para gerenciamento de risco.
Este estudo apresenta, a seguir, técnicas de mensuração e gestão de riscos que
possibilitam à empresa a avaliação do nível de exposição a riscos financeiros, e mais ainda, o
estabelecimento de estratégias adequadas em função do grau de risco a ser assumido, com

Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 88
relação à manutenção de níveis de ociosidade e alteração de investimentos nos produtos.
Obviamente, a premissa básica dos modelos fundamenta-se na necessidade da gestão de riscos e
na sua relevância como fator de geração de riqueza.

DESCRIÇÃO DA MODELAGEM
O modelo a ser estruturado para empresas não-financeiras baseia-se, inicialmente, no
conceito de diversificação, estabelecido na teoria de finanças por Markowitz. A partir da criação
de uma alocação ótima de recursos, isto é, de investimentos nos diversos produtos fornecidos
pela empresa, será desenvolvida uma metodologia de avaliação do risco potencial desta
alocação. Esta metodologia permitirá, através do conceito de value-at-risk e da definição do grau
de aversão à perda máxima potencial, a realização de ajustes na estratégia empresarial na forma
de alterações nas alocações de recursos entre os diversos produtos da empresa e na manutenção
de níveis de ociosidade.
Para determinação do modelo financeiro, suponha uma empresa que
comercialize n produtos ou serviços. Em função das características de cada produto, como, por
exemplo, nível da competição, processo de fabricação, capacitação dos funcionários, qualidade
dos produtos etc., pode-se estimar um retorno esperado e o nível de risco para o produto.
Adicionalmente, devem ser projetadas também medidas de relacionamento existentes entre os
diversos produtos da empresa. A avaliação das medidas de relacionamento é extremamente
importante, uma vez que estes parâmetros representam um valor aproximado do grau de sinergia
entre os diversos produtos.
A obtenção dos retornos esperados, riscos totais e correlações podem ser feitas de
maneira simplificada, como, por exemplo, através da análise de resultados passados ou através
da projeção dos resultados de cada produto em possíveis cenários futuros. Utilizando como
retorno esperado (Ri) a esperança dos possíveis retornos do ativo i, como risco ou volatilidade (

) o desvio-padrão dos possíveis retornos do ativo i, e como medida de relacionamento ( ij) a


correlação entre os retornos dos produtos i e j, pode-se obter o retorno esperado e o risco total da
carteira da empresa, composta pelos n produtos, cuja participação de cada produto no
investimento total seja Wi.

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Se a empresa tem uma determinada quantidade de recursos X para investir na fabricação
e comercialização de seus produtos, é importante realizar uma análise preliminar para verificar a
combinação ideal de investimentos, isto é, a divisão do total de recursos X entre os diversos
produtos. Obviamente, a carteira ideal de investimentos em produtos é uma relação de
compromisso entre o retorno desta carteira e o nível de risco.
Seguindo a teoria de seleção de carteiras de acordo com os investimentos em cada um
dos produtos Xi, uma carteira qualquer de produtos da empresa tem as seguintes características
de retorno (Rp) e volatilidade ( p):
(1)

(2)

onde w é uma matriz n x 1, contendo as participações percentuais de cada

ativo, representa o investimento percentual no produto i, a matriz n x n de variâncias e


covariâncias entre os retornos dos diversos produtos.
Se os produtos da empresa podem representar ativos financeiros que seguem as
premissas do modelo de otimização de carteiras estabelecido por Markowitz, o objetivo da
empresa seria a obtenção da composição ótima de investimentos em produtos de tal forma a
maximizar a relação entre retorno e risco.
Em termos matemáticos, deve-se maximizar o ganho adicional em relação a uma taxa
de juros de referência (RF) por unidade de risco total. Ou seja, devem ser obtidos wi apropriados
de tal maneira que:

(3)

onde RF é a taxa de juros básica da economia, representando o retorno de um


investimento livre de risco.

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É importante ressaltar a existência de uma restrição, na qual as porcentagens da
participação de cada produto na carteira total da empresa têm que totalizar 100%, isto é,

(4)

Outras restrições podem também fazer parte deste modelo de otimização, devido às
características da empresa. Em algumas empresas, os produtos podem exigir matérias-primas
semelhantes. Neste caso, as participações destes produtos têm que levar em consideração
restrições, como, por exemplo, de a somatória dos produtos não exigir quantidade de matéria-
prima maior do que um valor predeterminado. Além disso, a empresa também pode impor
limitações quanto à concentração de investimentos em um único produto, restringindo os valores
de . Outro caso pode envolver bens complementares que devem ter a participação seguindo uma
relação constante. Todas estas restrições podem ser incorporadas no processo de maximização do
retorno ajustado pelo risco.
Uma vez obtidas ,Wi*, ou seja, as participações relativas ótimas de cada produto na
carteira da empresa, é necessário avaliar o montante de retorno esperado e risco assumido. As
equações gerais de risco e retorno de carteiras podem ser utilizadas, sendo que as
participações Wi* representam as porcentagens ótimas de investimentos em cada produto i. Tem-
se, portanto, para a carteira ótima P*:

(5)

(6)

Uma vez definidos o retorno e o risco da carteira ótima, é necessário verificar se o nível
de risco incorrido é apropriado ao apetite por risco da empresa. Obviamente, este apetite por
risco é função das relações de agência existentes na empresa, discutidas na seção 2.
O value-at-risk relativo (VaR%) representa uma medida da perda percentual máxima ou
resultado percentual mínimo esperado, em um determinado horizonte de tempo, com
determinado grau de confiança. Supondo que a distribuição dos possíveis retornos da carteira
ótima é normal, pode-se utilizar o conceito de VaR% para estimar a perda máxima ou o ganho

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mínimo potencial do investimento da empresa em termos percentuais. Se o VaR% for negativo
representa, portanto, uma perda máxima potencial. De modo oposto, se o VaR% for positivo
representa um ganho mínimo potencial.
Utilizando propriedades da distribuição normal, pode-se estabelecer um intervalo, com
determinado grau de confiança, no qual o retorno da carteira não ultrapassará uma dada perda.

Desta maneira, se o grau de confiança for , o intervalo , com z tal que

(7)

(8)

compreende de todos os possíveis retornos da carteira.


O VaR% é representado pelo limite inferior do intervalo I. Portanto, com

confiança, a carteira não terá retorno menor do que . Só existem 1- de chances de


o retorno da carteira de investimentos ser menor do que o VaR%.
Em termos absolutos, ou seja, valores monetários, se o investimento total nos produtos
for equivalente a X unidades monetárias, então o value-at-risk absoluto (VaR) pode ser
calculado simplesmente por:
(9)
Assim, o value-at-risk absoluto é uma estimativa da perda máxima ou ganho mínimo
potencial, em valores monetários. A simplicidade do conceito de VaR em termos de potencial de
perda representa uma vantagem deste parâmetro no entendimento da administração sobre os
riscos incorridos.
Uma aplicação do VaR refere-se ao ajuste da carteira de investimentos em produtos, em
função do nível de risco aceitável pela administração. Dados valores de perda máxima, horizonte
de tempo e grau de confiança, a administração pode identificar um patamar de produtividade
adequado para a empresa. Desta maneira, se a situação do mercado e as características dos
produtos implicarem um nível de risco superior ao aceitável, a administração pode adotar uma

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estratégia empresarial baseada na manutenção de ociosidade. Enquanto o modelo de otimização
descrito anteriormente corresponde à identificação da divisão dos recursos nos diferentes
produtos da empresa, é importante também avaliar a necessidade de uma redução no nível de
produção devido ao alto risco da carteira ótima inicial. Em termos financeiros, a ociosidade é
representada pela aplicação de parte dos recursos disponíveis em ativos financeiros livres de
risco.
Se o limite de perda máxima ou ganho mínimo, com determinado grau de confiança, for
definido como VaRlim > VaRP*, então haverá a necessidade de uma redistribuição da quantidade
total X em investimentos na produção e em aplicação em um ativo livre de risco.
A participação dos investimentos na fabricação dos produtos, segundo a limitação do
VaR, pode ser obtida através da seguinte equação simplificada:
(1
0)

(1
1)
Desta maneira wp* representa o nível de atividade da empresa na fabricação e
disponibilização de seus produtos e wF a parcela de ociosidade da empresa. Assim, o modelo de
otimização de carteiras e o de value-at-risk podem ser utilizados para a determinação da
estratégia empresarial com relação ao nível de atividade e ociosidade da empresa.
Outra aplicação do modelo de VaR para empresas não-financeiras envolve a
identificação da sensibilidade do risco assumido pela empresa em função de alterações pequenas
no nível de investimentos em cada um dos produtos.
Utilizando o conceito de value-at-risk marginal (delVaR), é possível a identificação de
quais produtos da empresa têm maior influência no nível de risco incorrido. Em uma análise
preliminar, pode-se imaginar que o produto que mais contribui para um aumento do risco da
carteira de produtos da empresa é aquele que possui maior volatilidade. Porém, para uma análise
mais adequada do impacto de alterações de investimentos no risco total, devem também ser
levadas em consideração as correlações existentes entre os produtos.

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O delVaR é fundamentado matematicamente pelo conceito de gradiente. Assim, o
delVaR é definido por (Garman, 1996):

(12)

(13)

Desta maneira, cada elemento do delVaR é uma medida de sensibilidade do VaR em

relação a alterações de investimento monetário em cada produto. Assim, , portanto,


representa a variação do VaR em função de variações infinitesimais em Xi.
A partir do delVaR é possível identificar quais estratégias operacionais aumentam ou
diminuem mais rápida ou eficientemente o nível de VaR dos investimentos em produção.

ESTUDO DE CASO
A) CONTEXTUALIZAÇÃO
Considere uma empresa do setor alimentício que possui uma linha diversificada de
produtos 1, 2 e 3. Através de uma análise prospectiva, projetando-se possíveis resultados, a
administração da empresa estabelece os níveis de risco e retorno anuais, além de correlações
entre os retornos dos produtos (Tabela 1). Para estas estimativas, inúmeros recursos podem ser
utilizados, como, por exemplo, a análise de dados passados, a percepção de analistas sobre o
comportamento futuro do setor e do mercado como um todo etc.
O produto 1 é o mais rentável, porém a flutuação de retornos é maior, por ser um
produto mais fortemente influenciado pelos possíveis cenários de mercado. Por exemplo, o

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produto 1 pode ser um produto mais sofisticado, que possibilita maiores margens de
contribuição, porém mais sensível às condições econômicas, por ser supérfluo. Por outro lado, o
produto 3 é o de menor retorno esperado e menor risco, podendo representar um produto
alimentício mais simples, que compõe uma cesta básica. O produto 2 pode representar um
alimento com características intermediárias entre o 1 e o 3. A pequena correlação negativa entre
os produtos 2 e 3 pode indicar, em função das condições de mercado, uma possível migração
entre o consumo dos produtos. Assim, uma melhoria da economia pode levar a um maior
consumo do produto 2 devido à possibilidade de migração de consumidores do produto 3, pelo
aumento do poder aquisitivo.
Se a taxa de juros básica da economia for RF = 20% e a empresa dispuser de milhões
para investir em sua linha de produtos, a pergunta à qual o administrador deve buscar responder
está associada à composição de investimentos Wi que maximiza o excesso de retorno em relação à
taxa de juros básica, por unidade de risco total, conforme discutido na seção anterior.

B) OTIMIZAÇÃO DE INVESTIMENTOS
Utilizando o modelo de Markowitz, apresentado na seção anterior, a partir dos dados
da Tabela 1 e da resolução do problema de maximização da relação entre risco e retorno
proposto na equação 3, obtêm-se os seguintes resultados:

Na tabela acima,Wi representa a porcentagem de investimento e Xi* representa o


investimento em quantidades monetárias para cada produto. Levando-se em consideração os
resultados da otimização, $27,666 milhões deverão ser investidos no produto 1, $29,898 no
produto 2 e $42,436 milhões no produto 3.

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Para esta composição de investimentos, a empresa terá, aplicando-se as equações 5 e 6,
um retorno esperado e um nível de risco, medido pela volatilidade equivalentes a:
Rp*= 26,007% e p*= 18,192%

C) ESTIMATIVA DE RISCO DE PERDA POTENCIAL


Supondo-se que a distribuição dos possíveis retornos da carteira de investimentos nos
diversos produtos da empresa tenha uma distribuição normal com média Rp* e desvio-
padrão -se calcular qual a perda máxima potencial, isto é, o VaR, com um certo grau
de confiabilidade. Considerando-se um nível de confiança de 95%, tem-se e, então,
utilizando a equação 9:
VaRp*= $3,915 milhões
Isto é, a empresa com a composição de ativos dada na Tabela 2 pode vir a perder de um
ano para o outro, com 95% de confiança, no máximo $3,915 milhões. Existem somente 5% de
chances de a empresa vir a perder mais que este valor.

D) AJUSTE DO NÍVEL DE RISCO ACEITÁVEL


O VaR possibilita à administração a avaliação de um limite máximo de perda, com um
determinado grau de confiança. Porém, o número dado pelo VaR, por si só, não permite a
identificação de estratégias para alteração do nível de risco da empresa.
Suponha, por exemplo, que a administração estabeleça que sua carteira de investimentos
tenha um limite de VaR, isto é, um VaRlim de -$1,000 milhão. Ou seja, em termos de política da
empresa, não se pode assumir um risco de perda potencial em um ano, com 95% de confiança,
maior do que $1,000 milhão.
A carteira de investimentos otimizada P* claramente não obedece à política de risco da
empresa, uma vez que VaRp*>VaRlim. Neste caso, a empresa terá que realocar os investimentos
de forma a adequá-los ao limite de risco imposto. Tendo em vista que a empresa terá que reduzir
seu nível de risco, poderá diminuir sua exposição aos produtos com risco, investindo parte dos
recursos no mercado financeiro, na forma de aplicações em ativos livres de risco.

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Supondo que a empresa consiga investir recursos à taxa de juros básica da economia, no
caso 20% ao ano, o problema de alocação de recursos em ativos com risco e ativo livre de risco
pode ser descrito pelas equações 10 e 11:
Assim, resolvendo as equações:
w*p=87,810% e wF= 12,190%
Estes resultados sugerem, portanto, que do total de recursos disponíveis para
investimento, cerca de 87,810%, ou seja, $87,810 milhões devem ser aplicados na produção dos
alimentos e uma outra parte, 12,190% ou $12,190 milhões devem ser aplicados em um ativo
financeiro com baixo risco, por exemplo, uma aplicação em um fundo de renda fixa.
Nesta nova configuração, a quantidade a ser investida em cada um dos produtos
alimentícios deve ser alterada, mantendo-se, porém, a participação percentual. Tendo em vista os
$87,810 milhões disponíveis para investimentos nos produtos alimentícios, tem-se a nova
alocação de recursos:

Estes resultados financeiros têm uma implicação estratégica. A partir dos valores wp* e
wF, pode-se identificar que a empresa terá que trabalhar com um nível de atividade de cerca de
87,810% da capacidade plena de produção da empresa.
Obviamente, quanto menor a taxa de juros livre de risco, maior a ocupação da
capacidade produtiva, tendo em vista os maiores incentivos para investimentos em produção.

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Simulando-se a alocação de investimentos, supondo-se uma taxa de juros livre de risco de 15%,
obtêm-se os seguintes resultados:

De modo análogo, supondo-se que a empresa deseje estruturar uma estratégia de


investimentos que possibilite um ganho de no mínimo $2,000 milhões, com 95% de confiança,
basta estabelecer nas equações 10 e 11 um VaRlim=$2,000 milhões, obtendo-se a seguinte
composição, para uma taxa de juros livre de risco anual de 20%:

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Devido às características dos produtos e à taxa de juros livre de risco, a empresa deve
ser mais conservadora, implicando mais capacidade ociosa para ajustar-se ao seu limite de VaR.
É importante ressaltar que os resultados obtidos não levam em consideração possíveis restrições
quanto ao nível de atividade da empresa, como, por exemplo, aumento da relação entre custo
fixo e custo total, problemas de manutenção de equipamentos, necessidade de estocagem de
produtos, impactos na negociação de preços com fornecedores etc.

E) ANÁLISE INCREMENTAL DE RISCO


Outra aplicação interessante de value-at-risk para estratégia empresarial refere-se à
avaliação de risco incremental. Utilizando-se o conceito de delVaR, podem-se obter indicações
de operações de aumento ou diminuição de riscos. Considerando-se novamente a alocação inicial
de investimentos nos produtos 1, 2 e 3, obtém-se, utilizando a equação 13, o delVaR da empresa:

Os resultados sugerem que um aumento de investimentos nos produtos 1 e 2 implicam


uma diminuição no VaR da empresa, tendo em vista o delVaR<0. Por outro lado, o aumento de
investimentos no produto 3 tende a aumentar o VaR, uma vez que delVaR>0. Este resultado
permite à administração identificar rapidamente quais investimentos adicionais servem para
diminuir ou aumentar o nível de risco. Assim, para diminuição do nível de risco, no caso, um
aumento do VaR, devem ser aumentados os investimentos no ativo 3 ou diminuídos os
investimentos nos ativos 1 e 2.
Outra conclusão importante do delVaR refere-se à estruturação de estratégias
operacionais marginais para redução de risco. Se a administração decidisse reduzir o nível de
risco, sem utilizar o ativo livre de risco, poderia aumentar marginalmente o investimento no
produto 3. Adicionalmente, de acordo com o delVaR, um investimento adicional de $1,000

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milhão no produto 1 implicaria uma diminuição de aproximadamente $0,198 milhão no VaR,
representando um aumento de $0,198 milhão na estimativa de perda máxima potencial.
Os valores de alteração no VaR são aproximados, uma vez que o conceito de delVaR
baseia-se na avaliação de variações do VaR devido a variações infinitesimais nos investimentos
em cada um dos produtos. Para exemplificar, suponha o caso inicial apresentado, correspondente
a um . Se a administração decidir aumentar o investimento no produto 1 em $1,000 milhão,
utilizando novamente a equação 9, obtém-se VaRf=$4,115 milhões
equivalente a uma variação
-VaR =-$0,200
efetiva f 0 . Note que esta variação é próxima à estimada pelo delVaR (-$0,198
milhão).

COMENTÁRIOS FINAIS
O modelo apresentado permite às empresas não-financeiras estabelecerem inicialmente
uma composição ideal de investimentos em seus diferentes produtos, através da utilização do
modelo de otimização de Markowitz. Em função do nível de aversão a risco do acionista, pode
ser estabelecido um patamar value-at-risk, isto é, de perda máxima ou ganho mínimo que
implicará na formulação de estratégia de ociosidade ou alavancagem da empresa. Finalmente,
através do conceito de delVaR pode-se estimar como o risco total em unidades monetárias é
afetado por variações de investimentos nos diversos produtos da empresa.
Uma premissa fundamental do modelo é que a gestão de riscos pode gerar valor à
empresa, principalmente no sentido de propiciar uma diminuição nos custos de falência e dos
conflitos de interesse, tendo em vista que os resultados gerados possibilitam a avaliação do grau
de exposição da empresa e o controle do nível de risco assumido. Obviamente, o modelo
apresenta limitações, como, por exemplo, a suposição de normalidade dos retornos da carteira de
produtos da empresa, a inexistência de restrições ou outras relações de dependência entre os
produtos, conforme descritos anteriormente.
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Herbert Kimura
Doutor em Administração de Empresas pela EAESP/FGV
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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