Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - Instituto Multidisciplinar
Disciplina: Política e Organização da Educação I
Professor: José dos Santos Souza Aluna: Izabela Rodrigues da Costa
● O que é Política Educacional?
Se definirmos o termo da maneira mais simples temos que, política educacional é um
campo interdisciplinar que atua na tensão entre a política e a educação. A política, governa nossas vidas, seja ela pessoal ou civil, ela está na lei que define nossos destinos e em nossas relações interpessoais. Em uma conversa trivial com amigos na praça da cidade ou em um debate acirrado de argumentações no senado. Ela não toma um único espaço, ela se processa onde há pessoas, sejam elas de todas as idades. Logo é de se imaginar que também tocará o âmbito educacional. Pensando da forma mais democrática e progressista possível, a política educacional constitui mais um elemento de normatização do Estado, que deve se guiar pela sociedade civil, visando garantir o direito universal à educação de qualidade e o pleno desenvolvimento do educando. Contudo, a sociedade é dinâmica e volúvel. E assim como todas as áreas sociais são perpassadas pela política, também se tornam reféns dela. Em um mundo capitalista, onde a divisão de classes aumenta de modo exponencial, a tensão entre educação e política se torna cada vez maior. Pois de um lado majoritário temos políticas educacionais voltadas para a condução e formação de crianças no modelo social de adolescente e, posteriormente, de jovem e adulto idealizado pelo grupo social que domina sua realidade seja ela econômica, histórica, cultural ou sócio-política. O mundo plural, que obtém realidades plurais, origens, vivências e subjetividades sócio-historicamente construídas de maneira plural é apagado ou negado por esse viés, infelizmente vigente. Que almeja um todo social igual e dominado. A educação por sua vez, se torna aprisionada em meio a tantas nuances contrárias e desiguais. Logo as políticas públicas voltadas para a educação se tornam reféns do domínio econômico e ideológico de uma parcela social que dita como o mundo deve ser. Por mais que políticas educacionais benéficas tenham se efetivado em âmbito nacional, a realidade ainda se distancia brutalmente do ideal. De modo que a desigualdade econômica se torna educacional, igualmente. O ato de ser professor/educador deve estar embebido pela força de vontade que leva ao querer mudar tal cenário. Para Freire, o ato de educar é um ato político por si só, por inúmeros fatores e por justamente fazer o educando "aprender a dizer a sua palavra". Nadando contra a maré, as políticas educacionais devem refletir as necessidades do indivíduo que estuda, não apenas agir para suprir as demandas de um modelo econômico, ou modelo de hegemonia de classe. Para além do ofício da organização e gestão escolar, fazer o uso da política da educação e das políticas educacionais deve enxergar e tocar as necessidades de todos. O mundo segue tencionado por questões que separam os seres humanos, e os aprisionam, o educador deve ser perpassado e tocado por tais carências e compreendê-las em sua formação. Pois como disse Paulo Freire, "Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.", se o cenário político e social dominante não enxerga a educação como um ato de amor e libertação, o educador deve lutar para que as "políticas educacionais" sejam de fato educacionais e não apenas mais uma forma de dominação.