Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
RECIFE
2006
1
Banca Examinadora:
Recife-Pernambuco-Brasil
Maio de 2006
2
DEDICATÓRIA
Aos meus Pais, Romildo e Alda, aos meus irmãos Alcindo e Rodrigo e as
minhas avós Maria de Lourdes da Silveira (in memoriam) e Maria Guimarães Queiroz .
AGRADECIMENTOS
RESUMO
prensado no formato de pastilhas. Essas pastilhas foram então expostas, a uma solução
simuladora de fluido corporal (SBF) sob temperatura constante de 37 0C, por períodos
tipo apatita, semelhantes aos ossos humanos sobre sua superfície. Antes e após ser
dispersiva de raios-X (EDX). Através dessa análise foi possível detectar a formação de
Palavras-chave:
artificial, biomaterial.
viii 8
ABSTRACT
synthetic polymer, into a solution of calcium hydroxide that was previously submitted
to carbonation process by bubbling CO2. After complete evaporation of the solvent, the
remaining powder was pressed in the form of pellets that were subsequently immersed
into a solution of simulated body fluid (SBF) for varying amounts of times (1/8, ¼, ½,
microanalysis (EDX) techniques we have been able to establish that apatites begin to be
formed on the surface of the pellets as a result of the exposure to SBF, but that the phase
close to those of natural bone, begin to be incorporated at the composite after 21 days of
immersion in the SBF solution. Due to these characteristics, we suggest that the PCLC
Key word:
ÍNDICE:
Página
Lista de figuras
Lista de tabelas
1.Introdução
1.1 Osso
1.2 Biomateriais
1.3 Compósitos
1.4 Polímeros
1.4.1 Policaprolactona
1.5 Carbonatos
1.6 Hidroxiapatita
2. Motivação e objetivo
3.Técnicas de caracterizações
4. Metodologia experimental
10x
5. Resultados e discussão
6. Conclusões
7. Bibliografia
8. Anexos
11xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 66; PCLC após 07 dias no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes).
Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de
policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal
(SBF), pelo período de sete dias.
Figura 67; PCLC após 14 dias no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes).
Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de
policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal
(SBF), pelo período de quatorze dias.
Figura 68: PCLC após 21 dias no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes).
Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de
policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal
(SBF), pelo período de vinte e um dias.
Figura 69: PCLC após 28 dias no SBF(aproximação de 500 e 3000 vezes).
Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de
policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal
(SBF), pelo período de vinte e oito dias.
Figura 70: EDX do PCLC base. Espectroscopia dispersiva de raios-X (EDX),
relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio não
exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF).
Figura 71: EDX do PCLC após 03 horas no SBF. Espectroscopia dispersiva de
raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato
de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de três
horas.
Figura 72: EDX do PCLC após 06 horas no SBF. Espectroscopia dispersiva de
raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato
de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de seis
horas.
Figura 73: EDX do PCLC após 12 horas no SBF. Espectroscopia dispersiva de
raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato
de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de doze
horas.
Figura 74: EDX do PCLC após 24 horas no SBF. Espectroscopia dispersiva de
raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato
de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e
quatro horas.
Figura 75: EDX do PCLC após 07 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de
raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato
de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de sete
dias.
Figura 76: EDX do PCLC após 14 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de
raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato
de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de
quatorze dias.
Figura 77: EDX do PCLC após 21 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de
raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato
de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e
um dias.
Figura 78: EDX do PCLC após 28 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de
raios-X (EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato
17
xvii
de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e
oito dias.
18
xviii
LISTA DE TABELAS
Å angstrom
Ba2+ íon Bário
BMPs proteínas morfogenéticas do osso
°C grau Celsius
CaO óxido de cálcio
Cap carboapatitas
Ca /P razão cálcio fosfato
CaCO3 carbonato de cálcio
Ca 2+ íon cálcio
Cl- íon cloro
Ap apatita
dl/g viscosidade
DSC calorimetria diferencial de varredura
EDX espectroscopia dispersiva de raios-X
FAp fluorapatita
FTIR espectroscopia de infravermelho com transformada de
Fourier
F- íon flúor
g grama
H2O Água
HA hidroxiapatita
KBr brometo de potássio
MEV microscopia eletrônica de varredura
ml mililitro
Mpa mega Pascal
M mol
nm nanômetro
OH- hidroxila
OCP fosfato octacálcico
Pb 2+ íon chumbo
PCL policaprolactona
20
xx
1. INTRODUÇÃO
elas as doenças do sistema ósseo (Kokubo, 2003; Kawachi, 2000). É cada vez mais
órgãos e tecidos vivos, pelo considerável risco de rejeição ou de contágio por doenças
de massa têm sido intensamente estudadas devido a seus efeitos devastadores sobre a
todas as faixas etárias, dentre eles jovens em sua fase mais produtiva, principalmente
modo a estimular uma resposta adequada dos mesmos (Kawachi, 2000). Os materiais
sintéticos utilizados para estes fins podem ser metais, polímeros, compósitos, cerâmicas
atuarão em tecidos ou órgãos (Piehler, 2000; Kawachi, 2000). Estes materiais devem
2002).
função das células que neles são cultivadas/transplantadas até que se forme o novo
Zhang, 2002), devido à possibilidade de melhoria das propriedades pela junção das
1.1 OSSO
por três componentes básicos: água, colágeno e hidroxiapatita. Este último composto
representa a fase mineral dos ossos e dos dentes, responsáveis pela estabilidade
como um depósito regulador de íons (Kawachi, 2000). Todos os seres vertebrados têm
fortalecida pelos depósitos de sais de cálcio. O osso compacto médio contém, em peso,
cerca de 30% de matriz orgânica e 70% de sais (Lindhe, 1999). Dos sais ósseos de
a proporção relativa de cálcio para fósforo (Ca/P) pode variar nas diferentes condições
empregada para preenchimento de defeitos ósseos (Rigato, 2003; Nature Insight, 2003).
este é formado de numerosas células estreladas, os osteócitos, que estão unidos entre si
nervosas (Lindhe, 1999). Quando o osso morre, as células desaparecem e fica somente a
porque é constituída de sais de cálcio, que estão impregnando uma parte orgânica: a
osseína, que é uma substância protéica, e constitui, em peso, a terça parte de um osso
seco (Rocha, 2006). O osso é produzido pelas células chamadas de osteoblastos, que
revestem toda sua superfície e não têm habilidade de se locomover ou de se dividir, não
podendo se proliferar para dentro dos defeitos (cistos e deformidades ósseas). Assim,
vem despertando interesse significativo nas possibilidades de uso desses materiais como
por acidentes ou patologias. Nesses casos, enxertos ósseos têm sido colocados no
definido como um importante fator para a deposição de estruturas ósseas, pois pode-se
Figura 1: Estrutura óssea com implante de titânio, com destaques sucessivos para as escalas em:
a) 100 µm, que é o limite para o completo crescimento ósseo em irregularidades; b) ~1 µm, a substância
significado para a proliferação de tecido ósseo em superfícies de implantes ainda em estudos (Lindhe,
1999).
implante (a), que apresentam uma média de 100 µm de extensão, sendo esta a medida
por sua vez, notamos irregularidades na faixa de nm que afetam a resposta óssea por
adesão de proteínas.
espessura para crescer, a substância fundamental sozinha pode invadir poros com
1999).
uma espécie diferente daquele do receptor (i.e., tecido animal implantado em receptor
humano);
são transplantados com o material de enxerto para dentro do defeito, onde podem
invasão de células do hospedeiro, uma vez que é sabido que os osteoblastos não têm
habilidade para migrar e se dividir; assim, o transplante é invadido por células do tipo
(Lindhe, 1999).
bioestimulação.
28
1.2 BIOMATERIAIS
tecidos vivos que devem vir a substituir, como o osso (Aksay, 1998; Burg, 2000).
se estendido desde o emprego isolado do material até outras formas de utilização, como,
poliméricos, tais como o colágeno (Abe, 1990; Addadi, 1997; Jacoby, 2001).
aqueles mostrados na Fig. 2, são capazes de induzir a formação de uma interface entre o
fosfato, sódio e silicato e após a liberação desses íons, o implante apresenta uma grande
área ativa que permite a precipitação de uma camada rica em cálcio e fósforo. Em
estruturas ósseas e articulares: (A) discos intervertebrais, (B) vértebra artificial, (C) espaçador espinal,
(D) crista ilíaca, (E) espaçador poroso, (F) substituto ósseo granular (Kokubo,2003)
crescimento de tecido através deles, fazendo com que ocorra um forte entrelaçamento
vivo (Kim, 2004). Segundo Addadi e Kawachi (Addadi, 1997; Kawachi, 2000),
1.3 COMPÓSITOS
mecânicas, físicas e químicas ao implante) e uma fase bioativa como, por exemplo, uma
dos seus constituintes e podem ser classificados como (Addadi, 1997; Shackelford,
2000):
propriedades finais destes materiais são bem diferentes; enquanto nos compósitos há
uma conjugação das propriedades das diferentes fases formadoras, nos híbridos há a
diversificadas. O fato desses materiais não apresentarem uma mecânica compatível com
a de tecidos vivos pode gerar problemas como o "stress shield" (esforço localizado),
onde todo o esforço aplicado num sistema osso-implante é sustentado pelo material, do
fase bioativa, pois a combinação entre polímeros e agentes de reforço específicos pode
1970, Hulbert (Rigo, 2001) demonstrou que poros maiores que 100 µm favorecem o
capilares entremeado com a cerâmica porosa. Este tamanho de poro, que define a
1.4 POLÍMEROS
biológicos (Merkli, 1998). Estes polímeros podem ser processados em várias formas e
distribuição dos poros. As propriedades desses polímeros podem ser ajustadas através
Coombes, 2005)) são compostos de interesse para uso médico por causa de suas
suficientemente pequeno através das vias naturais (Merkli, 1998; Marra, 1999).
33
controle da estrutura molecular sem que seja necessário o uso de aditivos. Os polímeros
(Coombes, 2005).
podem ser alteradas para se adaptarem aos requisitos biológicos para adesão,
talvez os mais conhecidos nesta ampla classe de materiais. Eles são usados
dos ácidos poli-hidróxi-ácidos são divididas nas seguintes áreas funcionais mais
de drogas (Lindhe, 1999; Dunn, 2001; Rhee, 2003; Coombes, 2005). De fato, o maior
drogas.
1.4.1 POLICAPROLACTONA
assim como o poliácido lático (PLA) e o poliácido glicólico (PLG) (Coombes, 2005). O
* O *
eliminado por secreção renal direta. O ciclo de Krebs, também chamado de ciclo do
ácido tricarboxílico (ver Fig. 4) é a mais importante via metabólica celular e ocorre sob
a regência de enzimas mitocondriais. O PLA e o PCL são degradados por hidrólise e por
35
de carbono.
Figura 4: Ciclo de Krebs (ciclo do ácido tricarboxílico), realizado pelas mitocôndrias dentro da
estrutura celular.
hidrólise que vai aos poucos fragmentando as cadeias poliméricas. A hidrólise é afetada
Kweon, 2003). O PCL é viável para uso como agente biológico devido a seu baixo
36
custo, sua ação biodegradável e a seu baixo peso molecular, o que facilita a integração
com outros materiais como a hidroxiapatita, e também sua aplicação como veículo para
ao fato de que sua cinética de degradação e de reabsorção serem mais lentas que as de
outros ésteres alifáticos, como o PLA e o PGA (Materials, 2005; Physical properties,
uma menor reação inflamatória (Merkli, 1998). Algumas das diferenças entre as
Tabela 2: Propriedades químicas de biopolímeros. PLA, PGA, PCL (Chemical properties, 2005)
1.5 CARBONATOS
uso não apenas em enxertos em estruturas ósseas e dentárias, mas também como
(HA), ou ainda, o íon Cl- , caso em que teremos a formação da cloroapatita (ClAp). Este
grupo de minerais foi denominado como apatita, palavra que vem do grego apataw, que
significa enganar, porque com freqüência eles eram confundidos com minerais
íons AsO4 3-. Freqüentemente também ocorrem substituições duplas como, por exemplo,
a substituição do íon fosfato (PO4 3-) por um sistema com carga -3 (CO3 2-, OH-) ou
(CO32-, F-). Dessa forma, as apatitas são muito estudadas como um material com grande
expressões tipo A e tipo B têm sido utilizadas para designar duas classes de
ocupam os mesmos sítios que os íons hidroxila, enquanto que nas carboapatitas do tipo
B, os íons carbonato ocupam os sítios dos íons fosfato. Deve ser observado, porém, que
ambos os sítios) também tem sido relatada (Andrade, 2000). As três classes de
mecânica, que restringe o seu uso a regiões ou locais que não requeiram sustentação.
Uma forma de contornar tal restrição é a utilização de metais revestidos com cerâmicas,
preparadas através de técnicas como o “Plasma Spray”, o que permite aliar as vantagens
e fosfato tricálcico possuem uma solubilidade bem superior a aquela da HA, o que leva
2000).
1.6 HIDROXIAPATITA
início do uso mais intenso de materiais cerâmicos (Jones, 2001; Kalita, 2002). O grande
interesse na hidroxiapatita (HA), uma fase particular de fosfato de cálcio, surgiu devido
39
a sua grande similaridade com o principal componente presente na fase mineral do osso.
Por possuir semelhança química muito grande com os tecidos duros (ossos e dentes) dos
animais, a HA tem sido empregada como reconstituinte ósseo, uma vez que vários
Kawachi, 2000; Rigo, 2001). Na Fig. 5 é ilustrada a estrutura da HA, que apresenta
biocompatibilidade, o que a leva a ter uma grande aceitação pelos tecidos vivos, e poder
produzindo uma continuidade com o osso em volta (Suchanek, 1998; Rossi, 2000;
Vasconcelos, 2000).
óssea, que lhe permite se unir diretamente ao tecido ósseo. Ela não tem capacidade
40
osteoindutiva, mas atua como matriz passiva para o crescimento ósseo, por ser um
mineral dos tecidos calcificados, seu equivalente sintético também possui propriedades
Green, 2002).
se deslocar e serem retirados com relativa facilidade, gerando canais vazios entre os
hexágonos formados pelos íons de cálcio. É por esses canais que outros íons e
moléculas podem ser conduzidos para dentro da estrutura do material cerâmico. Na Fig.
A estrutura dos fosfatos cerâmicos permite que seus constituintes sejam facilmente
substituídos por uma grande variedade de complexos e metais como o chumbo, cádmio,
cobre, zinco, estrôncio, cobalto, ferro, flúor, cloro, bem como grupos carbonatos e
a) b)
2000).
Ti-cp, ou algumas de suas ligas, tem-se um material muito importante para aplicações
simples para induzir a bioatividade desses materiais metálicos inertes e que se baseia na
idéia de imitar as condições biológicas para obtenção do material desejado (Abe, 1990);
entre aquelas feitas sob altas ou sob baixas temperaturas. Normalmente as sínteses a
altas temperaturas envolvem reações no estado sólido e conduzem a apatitas com alto
1400 oC são usadas por um período de tempo um pouco maior, ocorre decomposição da
cálcio (CaO) (Andrade, 2001). Por outro lado, técnicas como difração de raios-X e
submetido a tratamentos térmicos entre 400 e 600 ºC, apresentam uma baixa
42
elevadas (Anee, 2003). O método denominado biomimético é uma das técnicas mais
promissoras para produção de biomateriais sob condições ambientes (Abe, 1990). Este
humano (Helebrant, 2002). A partir dos dados mostrados na Tabela 4, pode ser feita
do tipo poroso, e os sensíveis a altas temperaturas, como é o caso dos polímeros. Além
disso, com esta técnica se pode recobrir implantes com diferentes fases de fosfatos de
cálcio, as quais possuem características benéficas para formação óssea (Kim, 2005).
43
usados como biocerâmicas sem que se faça necessário o sacrifício de inúmeros animais
como em uma avaliação in vivo, várias técnicas de estudo in vitro têm sido empregadas,
introduzido por Abe (Vercik, 2003). Essa, que é uma das técnicas mais promissoras para
na imersão do substrato a ser recoberto em uma solução tipo SBF mantida à temperatura
de 37oC (Lu, 2005; Kim, 2005). Devido à semelhança de composição do fluido corporal
humano com o fluido simulado adotado com por Abe na década de 90, usando esta
técnica in vitro, é possível recobrir implantes com diferentes fases de fosfatos de cálcio
que possuam características benéficas para formação óssea (Vercik, 2003). Assim,
sensíveis a temperaturas, como polímeros, podem ser recobertos por uma camada
solução SBF é o modelo mais adequado para a simulação da parte inorgânica do plasma
SBF, como polímeros, cerâmicas, vidro ou metais, deve-se à ação de grupos funcionais,
cálcio silicatos ou cálcio titanatos. A fase positiva do composto de cálcio amorfo irá
formando fosfatos de cálcio que irão se cristalizar e dar origem a apatitas semelhantes às
funcionais.
45
2. MOTIVAÇÃO E OBJETIVO
reparo de danos aos tecidos vivos, especialmente quando se fazem necessários enxertos
regeneração teciduais.
laboratorial, com uma boa performance biológica em tecidos vivos. Nossa proposta de
seguindo modelo proposto por Maeda (Maeda, 2002), modificado com inspiração nas
pesquisas realizadas por Kim (Kim, 2004), Landi (Landi, 2005) e Oyane (Oyane,
2005),entre outros.
47
3. TÉCNICAS DE CARACTERIZAÇÃO
natureza que a luz visível, mas de comprimento de onda muito pequeno. A unidade de
Angstrom (1Å= 10-8 cm), e raios-X usados em difração têm comprimento de onda no
intervalo de 0.5-2.5 Å (enquanto que para a luz visível esse valor é da ordem de 6000
Física da UFPE)
Para que as ondas refletidas pelos diferentes planos cristalinos estejam em fase, é
necessário que se verifique uma certa relação entre o comprimento de onda da radiação,
acordo com a lei de Bragg (Sasaki, 2005). Na Fig. 9 temos representado o feixe de
raios-X e seu comportamento difrativo ao ser direcionado para uma estrutura cristalina.
cristalografia.
(Vercik, 2003).
ferramenta analítica ocorreu durante o período da segunda guerra mundial, pois sabia-se
estende até à zona das ondas hertzianas (radar, televisão, rádio), ou seja seu
comprimento de onda está compreendido entre cerca de 800 e 105 nm. A qualquer
molécula estão em contínuo movimento, uns em relação aos outros, no que corresponde
50
elas podem alterar o seu estado de vibração (excitação) pela absorção de energia da
radiação correspondente à diferença entre o estado inicial com o estado excitado. Como
radiação acontece apenas para determinados valores da energia incidente, que são
estado eletrônico fundamental. Este espectro está arranjado na forma de bandas, que
Fourier. O fato de ser possível à obtenção de espectros digitalizados com alta razão
aplicações.
pulverizados.
vibração do C-O, C=O e C=H correspondem ao PCL e as bandas P-O e O-H são
atribuídas à HA.
Figura 12: Análise por FTIR de diferentes compósitos formados por policaprolactona e
hidroxiapatita. As bandas de vibração do C=O, C-O e C=H são referentes ao PCL e as bandas de vibração
química que possa vir a ocorrer resulta numa liberação ou absorção de calor pela
amostra e produz variações de entalpia, que devem dar origem a picos ou vales nos
termogramas.
viscosidade tal que pequenos rearranjos nas posições relativas entre os átomos e/ou
grupos moleculares se tornam possíveis, de forma que as tensões internas da rede são
primeira fase cristalina no material vítreo, com a liberação simultânea de calor, por se
Fig 15: Calorímetro Diferencial de varredura, DSC– Pyris 6, Perkin Elmer (Laboratório de
imagens fornecidas pelo MEV possuem um caráter virtual, no sentido de que o que é
(eletrodo negativo), mediante a aplicação de uma diferença de potencial que pode variar
dos feixes é realizada pelas lentes condensadoras que alinham os feixes em direção à
abertura da objetiva. A objetiva ajusta o foco dos feixes de elétrons antes que os
mesmos atinjam a amostra a ser analisada. Esta técnica microscópica pode ser utilizada
55
para uma resolução menor de 1µm. As amostras para análise devem resistir a um
pode ser conseguido através de coberturas muito finas com filmes metálicos). Na Fig.
Fig. 16: Microscópio eletrônico de varredura, MEV- JSM 5900, e espectômetro dispersivo de
raios-X, EDX- JSM 5900, da empresa JEOL Instrumentos (Laboratório de Microscopia do Departamento
de Física da UFPE).
elétrons incide sobre um mineral, os elétrons mais externos dos átomos e íons
para sua posição inicial, liberam a energia adquirida sob forma de uma radiação com
que mineral está sendo observado. O diâmetro reduzido do feixe permite a determinação
da hidroxiapatita pelo EDX, onde vemos a presença de picos relacionados aos íons
cálcio e fósforo que fazem parte da estrutura desta biocerâmica (Rigo, 2001).
4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL:
320C controlada por uma placa de aquecimento com agitação magnética, por 30
58
minutos, até sua completa dissolução. Chamaremos esta primeira solução de solução
polimérica.
através do borbulhamento com gás carbônico, CO2 , a uma vazão de 300 ml por minuto
horas até completa evaporação dos solventes. Após isso, o material resultante foi levado
para uma estufa a 37 OC por 24 horas, e depois triturado em um almofariz até formar um
O SBF foi elaborado seguindo composição sugerida por Maeda (na Tabela 6 são
igual a 7,4 (Abe, 1990, Maeda, 2002). Como houve uma pequena variação inicial no
pH, foi feita uma regularização com solução 1M de NaOH até atingir o valor desejado
de 7,4.
59
dibásico
aminometano
20 mm de diâmetro e 2mm de espessura, pelo uso de uma prensa hidráulica, com uma
força uniaxial de 60 Mpa por 20 segundos. As pastilhas formadas foram então mantidas
em uma estufa a uma temperatura constante de 200 oC por uma hora, para a
controle e as outras 16 reservadas para serem utilizadas como amostras para o estudo
sempre à temperatura ambiente. Para cada tempo estipulado foram selecionadas duas
60
retiradas do SBF após o tempo determinado, as pastilhas eram lavadas com um leve jato
de água destilada e colocadas sob papel absorvente para secar, e posteriormente levadas
superior (onde houve uma maior deposição de material), voltada para o feixe incidente.
FTIR, 0,01 g do PCLC foram prensadas juntamente com 0,1g de KBr, por uma força
pastilhas.
61
5. RESULTADOS e DISCUSSÃO
contato com o líquido, com a formação de estruturas do tipo apatítica. Como foi
sugerido por Oyane (Oyane, 2005), a imersão de biomateriais em solução de SBF por
núcleos das apatitas crescem espontaneamente pelo consumo dos íons cálcio e fosfato
substratos imersos na solução (Vercik, 2003). Katti (Katti, 2002) relata a existência de
colocados em uma solução iônica rica em cálcio e fosfato, agiriam como um elemento
SBF, com a representação de estruturas do grupo das apatitas, como vaterita, aragonita e
5.1 DSC
62
Como mostrada na Fig. 18, foi observada no DSC que ocorreu uma variação de
degradação das ligações semicristalinas do polímero. Este fato pode ser entendido como
que reduz assim seu grau de cristalização, e também pela deposição de apatitas na
tempo de exposição ao SBF, pois a base polimérica fica cada vez menos cristalina. Para
diminuição da variação do ponto de fusão entre elas; esta diferença de cerca de um grau
polimérica à água. Pela comparação dos resultados obtidos para as amostras preparadas
hidroxiapatita com menor solubilidade, o que protegeria ainda mais da ação da hidrólise
Como pode ser visto na Fig. 18, as curvas das amostras na análise por DSC
(10) pclc28d
Exotérmico
10
9 (9) pclc21d
8 (8) pclc14d
7 (7) pclc7d
6
(6) pclc24h
unidades arbitrárias
5
4 (5) pclc12h
(4) pclc6h
3
(3) pclc3h
2
Endotérmico
(2) base
1 (1) pcl
30 40 50 60 70 80 90 100
o
Temperatura ( C)
Figura 18 . Curvas de DSC do polímero PCL e do compósito PCLC. pcl- policaprolactona sem ser
exposto ao SBF, base- compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio sem ser exposto ao SBF; pclc
3h, 6h, 12h, 24h, 7d, 14d, 21d, 28d - compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao
SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28
dias, respectivamente.
basepclc
Exo
unidades arbitrárias
Endo
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
0
Temperatura ( C)
Figura 19: DSC da Base do PCLC. Calorimetria diferencial de varredura, DSC, relacionada ao
compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio sem ser exposto ao líquido simulador de
fluido corporal (SBF); a temperatura de fusão do policaprolactona está em 62 ºC.
64
28d pclc
Exo
unidades arbitrárias
Endo
10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100
0
Temperatura ( C)
Figura 20: DSC do PCLC após 28 dias no SBF. Calorimetria diferencial de varredura (DSC),
relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio exposto durante 28 dias
ao líquido simulador de fluido corporal (SBF); a temperatura de fusão do policaprolactona está em 54 ºC.
fusão da fase polimérica do compósito, onde uma variação de cerca de 10 0C pode ser
notada entre o valor medido para a parte polimérica do compósito da amostra quando é
chamada de base pclc, e para a amostra preparada após 28 dias de imersão na solução
de SBF.
faixa que vai de -70 a -60 oC. Naturalmente, quanto mais cristalino for o polímero,
Notamos que enquanto o PCL puro utilizado apresenta Tf = 64 º C, essa temperatura cai
carbonato sobre a rede cristalina do PCL. Por sua vez nas primeiras 3 horas em que o
da Tf, que vai a 51 ºC, devido à absorção de água e, conseqüentemente, hidrólise das
colocado em meio aquoso, como resultado da reação de hidrólise nas cadeias ester do
exposição ao SBF.
Tabela 7: Temperatura de fusão das amostras: PCL-policaprolactona sem ser exposto ao SBF;
PCLC base-compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio antes de ser exposto ao SBF; PCLC 3h,
6h, 12h, 24h, 7d, 14d, 21d e 28d-compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF
por diferentes intervalos de tempo: 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias,
respectivamente.
PCLC base - 62
PCLC 3h 3 51
PCLC 6h 6 53
PCLC 12h 12 53
PCLC 24h 24 53
PCLC 7d 84 52
exposta ao SBF pela deposição de sais minerais e a formação de novas fases cristalinas
observamos uma nova diminuição na Tf para 52 ºC, que permanece inalterada até 21
66
hidroxiapatita, constatada como pode ser visto adiante por difração de raios-X, com
solubilidade menor que as fases anteriores (apatitas) e que por ser mais estável que
difração de raios-X da fase mineral dos ossos e da hidroxiapatita (Kawachi, 2000). Mais
difratogramas de raios-X contendo picos característicos da fase apatita, com três bandas
largas salientes localizadas em 26º, 29º e 32º. Essas bandas características do amplo
número de picos referentes às fases apatitas, indicam a presença de uma estrutura pouco
picos, mas sim de bandas largas, revelando a presença de uma estrutura semi-cristalina e
(Vercik et al, 2003). Na difração de raios-X do PCL encontramos picos para o ângulo de
67
2θ entre 21° e 23° (mais exatamente em 21,5°, 22,1° e 23,8°), que correspondem
(Kim, 2004).
amostras do compósito PCLC que foram expostas ao simulador de fluido corporal por
diferentes períodos de tempo; destaque especial deve ser dado para os resultados
mais pronunciada dos picos relativo aos feixes refratados, o que sugere a presença de
(9) 28 dias
(8) 21 dias
9 (7) 14 dias
(6) 7 dias
8 (5) 24 horas
(4) 12 horas
7 (3) 6 horas
(2) 3 horas
intensidade (u.a.)
6 (1) base
5
HA
4 PCL
Apatita
3 Carbonato
de cálcio
2
1
20 22 24 26 28 30 32 34 36 38 40
2θ (graus)
Figura 21: Difratogramas de raios-X do PCLC. base- compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio
sem ser exposto ao SBF; pclc 3h, 6h, 12h, 24h, 7d, 14d, 21d, 28d - compósitos de policaprolactona e
carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24
Como pode ser visto na Fig. 22, antes de ser colocado no SBF o compósito
cálcio hidratado.
base pclc
29,44
PCL
intensidade (u.a.) Carbonato de Cálcio
27,14
32,76
18,1
24,9
34,14
21,42
36,06
38,04
23,1
31,46
11,32
13,04
14,86
17,18
8,12
5 10 15 20 25 30 35 40
2θ (graus)
compósito constituído de policaprolactona e carbonatos de cálcio que não foi exposto ao líquido
simulador de fluido corporal (SBF), onde observamos a presença de picos correspondentes ao polímero
28 d pclc
32,4
HA
Apatitas
PCL
intensidade (u.a.)
32,98
26,08
30,44
29,5
16,68
6,6
36,34
23,02
21,66
10,32
18,52
20,24
13,58
11,06
5 10 15 20 25 30 35 40
2θ (graus)
Figura 23: Difratograma de raios-X do PCLC após 28 dias no SBF. Difratometria de raios-X
ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), onde observamos picos largos referentes à hidroxiapatita
três bandas largas localizadas a aproximadamente 26°, 29° e 32°, como foi citado
de cálcio e aragonita, para as amostras que foram expostas por 6 horas ao SBF
observamos a mudança de fase para calcita, fase que continua a predominar pelas
vaterita, uma apatita biológica, e a partir do sétimo dia diversas fases vão se
fósforo cálcio hidrogenado. No décimo quarto dia ocorre uma mudança de fase para
fosfato de cálcio hidrogenado e monetita, que são pertencentes aos grupos fosfatos de
também como precursora da fase HA. Do vigésimo primeiro ao vigésimo oitavo dia de
na região relativa à hidroxiapatita, a qual não apresenta picos bem definidos por se tratar
largos após 21 dias sugere uma baixa cristalinidade da hidroxiapatita, o que deve
5.3 FTIR:
enquanto que as bandas de absorção encontradas por Kweon (Kweon, 2003) em 1723 e
(Bueno, 1989; Jacob, 2000; Kweon, 2003; Lu, 2005; Pouchert,1985; Transferetti, 2001).
Fosfato de cálcio 1637,5; 1132,8; 1070,6; 996,8; 898,5; 892,3; 721,9; 565,8;
difásico (CaHPO4) 534,9; 467,2
3571 cm-1, e de CO32-, em 1461 cm-1. Kumta relata também que a identificação da fase
71
grupo fosfato PO4-3 pelo grupo carbonato CO3-2. Barrere (Barrere, 2002) associa os
seguintes modos vibracionais para biomateriais: H2O em 3435 cm-1 , O-H em 1646 cm-1
, CO32- para o v3- 1497 e 1428 cm-1 e para o v2 temos 868 cm-1 , e para o PO43- em v3-
1028 e 1108; v1-960 ; v4- 602 e 563 cm-1. Na Tabela 8 observamos os valores
dos biomateriais.
durante o preparo das amostras, ou por água absorvida na pastilha de KBr (Bueno,
1989).
(Bueno, 1989):
apatitas biológicas, pois segundo Landi (Landi, 2005), na análise por FTIR podemos
resultantes da análise das diferentes amostras do compósito PCLC que foram expostas
ao simulador de fluido corporal por períodos distintos de tempo. Nessa figura pode
também ser visto que após 14 dias surgem espectros vibracionais relativos ao PO43- da
HA (em 603 cm-1), e que após 21 e 28 dias aumenta a presença de bandas de vibração
9
(9) pclc 28d
(8) pclc 21d
8 (7) pclc 14d
(6) pclc 7d
Transmitância (u.a.) 7
(5) pclc 24h
(4) pclc 12h
(3) pclc 6h
6
(2) pclc 3h
5 (1) base
4 H2O
3 Éster
-2
CO3
2 CaCO3
1 CO
2
-3
PO4
0 1000 2000 3000 4000
-1
número de onda (cm )
Figura 25. Espectro de FTIR do compósito PCLC: base- compósito de policaprolactona e carbonato de
cálcio que não foi exposto ao SBF; pclc 3h, 6h, 12h, 24h, 7d, 14d, 21d, 28d - compósitos de
policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6
horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias, respectivamente.
Como pode ser observado na Fig. 26, antes de ser colocado no SBF o compósito
imersão no SBF (Fig.27), mostra pontos relativos às bandas de vibração dos grupos
hidroxiapatita.
74
BASE PCLC
3676,0532
3853,4912
3650,0161
1684,697
1868,8854
918,04895
777,25574
516,8847
3055,9844
3523,688
1212,1717
Transmitância (u.a.)
H2O
Éster
-2
CO3
CaCO3
CO2
28D PCLC
2361,6616
3853,4912
3735,842
668,28564
3650,0161
777,25574
899,72656
502,41965
2665,428
3028,9829
Transmitância (u.a.)
1216,9935
1684,697
1138,8822
CaCO3
H2O
Éster
-2
CO3
CO2
-3
PO4
Figura 27: Espectro de FTIR do compósito PCLC após 28 dias no SBF. Espectroscopia na região
do infravermelho por transformada de Fourier, relacionada ao compósito constituído de policaprolactona
e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF) pelo período de vinte e oito
dias, onde podemos observar as áreas relacionadas às bandas de vibração do grupo éster relacionado ao
polímero policaprolactona e as bandas relacionadas aos grupos PO43- e CO2 da hidroxiapatita.
pela técnica de FTIR modificações nos espectros vibracionais do compósito, o que está
75
literatura, concluímos que, como sugerido por Kweon (Kweon, 2003), Kumta (Kumta,
2005) e Barrere (Barrere, 2002), a inserção do grupo fosfato (PO43-) e do CO2 relativo à
hidroxiapatita na amostra do PCLC 28 dias, que não existiam no PCLC base, reforça a
compósito estudado.
5.4 MEV
ambiente, após o que foram levadas para a metalização, realizada com fio de carbono
varredura (MEV) modelo JSM 5900 da JEOL, com intensidade de feixe igual a 20 kV.
ao SBF por 3 horas; c) PCLC exposto ao SBF por 6 horas; d) PCLC exposto ao SBF
por 12 horas; e) PCLC exposto ao SBF por 24 h; f) PCLC exposto ao SBF por 7dias; g)
PCLC exposto ao SBF por 14 dias; h) PCLC exposto ao SBF por 21 dias; i) PCLC
ao SBF, que é chamado de base (letra a), observamos uma área regular, com a presença
76
dispersos na superfície plana e uniforme da fase polimérica. Devido à forma como foi
a) b) c)
d) e) f)
g) h) i)
Figura 28: MEV do PCLC (aumento de 3000 vezes). Microscopia eletrônica de varredura, do
e carbonato de cálcio que não foi exposto ao SBF; b) pclc 3h; c) 6h; d) 12h; e) 24h; f) 7d; g) 14d; h) 21d;
i) 28d, ou seja, compósitos de policaprolactona e carbonato de cálcio expostos ao SBF por diferentes
intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28 dias,
respectivamente.
77
Observamos nas figuras seguintes (Fig. 29 e Fig. 30) que ocorre uma deposição
com aspecto esférico semelhantes ao observado para apatitas biológicas. Após 3 horas
raios-X). Esta deposição foi estimulada pelas cargas positivas dos íons cálcio presentes
amorfo com superfície de carga negativa, conforme o que foi sugerido por Kim (Kim et
al, 2005). Os fosfatos de cálcio amorfos, pobres em íons Cálcio e portanto com carga
negativa, irão atrair os cátions da solução de SBF, formando a partir de agora estruturas
apatíticas que se organizarão em diferentes fases (Lu et al, 2005). Após 6 horas no SBF
sua vez, para as amostras com 12 horas de exposição ao SBF (Fig. 28 d) temos fases
recobrimento de apatitas sobre o compósito PCLC após exposição ao SBF por 24 horas
composto por partículas esféricas e outras com aspecto disforme, que se misturam e se
fluido corporal, SBF. Na pastilha que não foi exposta ao banho no SBF temos uma
entanto, para a pastilha que foi exposta ao banho no SBF por 28 dias podemos
Figura 29: MEV do compósito PCLC Base (aumento de 6000 vezes). Microscopia eletrônica de
Figura 30. MEV do compósito PCLC após 28 dias no SBF (aumento de 6000 vezes).
carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), por um período de vinte e oito
5.5 EDX
períodos de tempo, foi verificada que a presença de íons de carbono (C), fósforo (P),
cálcio (Ca) e oxigênio (O) apresenta diferentes níveis de intensidade. Assim como
relatado por Kim (Kim, 2005), podemos associar o íon de carbono à parte polimérica do
(base), exatamente porque não tendo sido este material ainda exposto ao SBF, ele é
Tabela 9: Intensidades dos picos dos íons cálcio (Ca) e fósforo (P) obtidas pela análise por EDX
policaprolactona e carbonato de cálcio não exposto ao SBF; PCLC 3h, PCLC 6h, PCLC 12h, PCLC 24h,
PCLC 7d, PCLC 14d, PCLC 21d, PCLC 28d – ou seja, compósitos de policaprolactona e carbonato de
cálcio expostos ao SBF por diferentes intervalos de tempo, 3 horas, 6 horas, 12 horas, 24 horas, 7 dias, 14
íon P, que irá variar seu percentual em relação ao do íon Ca de acordo com as diferentes
fases das apatitas depositadas no compósito, nos distintos intervalos de tempo, como
mostrado na Tabela 9, que representa dados aproximados entre a quantidade destes dois
Nas análises realizadas por Kim (Kim et al, 2005) em amostras de hidroxiapatita
carbonatos por fosfatos, com formação de uma estrutura rica em cálcio amorfo ou
nanocristais de fosfato de cálcio. Após seis horas de exposição ao SBF, a razão Ca/P cai
para 1,46, o que pode ser atribuído à formação de uma nova fase cristalina. A medida
que o material é exposto ao SBF por períodos crescentes de tempo, a razão Ca/P vai
variando de acordo com as fases que vão se formando; segundo Kim, esta deposição de
pois o fosfato de cálcio amorfo e o fosfato tricálcico possuem solubilidade bem superior
(Suchanek, 1998), são mais biodegradáveis. Nas nossas amostras do PCLC analisadas
------Ca/P
1,2
F
G H
1,0 C I
D
Intensidade (u.a.)
0,8 BE
0,6
0,4
0,2
0,0 A
0 100 200 300 400 500 600 700
Tempo (horas)
Figura 31. Representação gráfica da relação entre os íons de cálcio (Ca) e fósforo (P) presentes
no compósito PCLC em função das horas de exposição ao SBF, variando de 0 à 672 horas, sendo: A=
base ( antes de expor ao SBF), B= 3 horas, C= 6 horas, D= 12 horas, E= 24 horas, F= 168 horas, G= 336
forma muito intensa nas 3 primeiras horas de exposição, devido à superfície ativa do
superfície do compósito é agora rica em cálcio fosfato amorfo (que apresentará cargas
negativas), o que irá atrair os íons Ca da solução. É relatado na literatura (Kim et al,
2005, Lu, 2005) que este tipo de fosfato de cálcio é um importante precursor para a
estabilizar com o passar do tempo, devido tanto à variação entre as cargas elétricas na
quanto às mudanças das estruturas cristalinas das diferentes fases formadas. Como
83
Podemos ver nas figuras abaixo a diferença entre os íons presentes nas duas
diferentes amostras do PCLC; a Fig. 32, corresponde à amostra que não foi exposta ao
SBF e que, portanto, é composta apenas por carbonato de cálcio e pelo polímero
policaprolactona, enquanto que a Fig. 33, para a amostra obtida após 28 dias de
Figura 33: EDX do PCLC após 28 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X do
compósito de policaprolactona e carbonato de cálcio (PCLC) após 28 dias de exposição no líquido
simulador de fluido corporal (SBF).
84
6. CONCLUSÃO
fabricação de materiais para uso médico, como fios reabsorvíveis, dispositivos para
compósitos para uso como substituto ósseo. Ela apresenta uma estrutura semi-cristalina
que possibilita sua degradação biológica pela quebra das cadeias éster-alifáticas por
hidrólise. As biocerâmicas derivadas de grupos fosfatos com base carbonatada têm sido
proliferação de células ósseas para reparação tecidual. Estas cerâmicas do tipo apatita
dos dois materiais que o compõem, ou seja, exibe ao mesmo tempo as propriedades
prolongadas, surgem novas e diferentes fases de apatitas, que foram observadas por
implementada neste trabalho, oferece não apenas uma alternativa para a elaboração de
hidrólise, deverá prover espaços propícios para a proliferação celular óssea e vascular,
fosfato octacálcico como um precursor da fase hidroxiapatita, como relatado por Vercik
em 2003 (Vercik, 2003), ou seja, representando uma boa simulação da estrutura óssea.
Como o processamento foi todo realizado em baixas temperaturas (37 oC), as fases
biológica (ou seja, com baixa cristalinidade como relatado por Landi em 2005 ).
vascularização, é o que pode diferenciar este trabalho dos demais até então estudados. O
estudo “in vivo” deste biomaterial deve ser estimulado para análise de seu
7. BIBLIOGRAFIA
29. HYDROXYAPATITE.
Disponível em:<http://www.chemistry.upatras.gr/studs/sotk/hap.htm>. Acesso
em 11/07/2005
94. WALTON, T.J. Biomaterials metal and alloys web alert. Solid State
& Materials Science. vol. 3, pp 217-218. 1998.
8. ANEXOS
pcl
Exo
Endo unidades arbitrárias
3h pclc
Exo
unidades arbitrárias
Endo
6h pclc
Exo
Endo unidades arbitrárias
12h pclc
Exo
Endo unidades arbitrárias
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
0
Temperatura ( C)
24h pclc
Exo
Endo unidades arbitrárias
7d PCLC
Exo
unidades arbitrárias
Endo
14d pclc
Exounidades arbitrárias
Endo
10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120
0
Temperatura ( C)
21d pclc
unidades arbitrárias
Endo
28d pclc
Exo
unidades arbitrárias
Endo
Difratometria de raios-X
base pclc
29,44
PCL
Carbonato de Cálcio
intensidade (u.a.)
27,14
32,76
18,1
24,9
34,14
21,42
36,06
38,04
23,1
31,46
11,32
13,04
14,86
17,18
8,12
5 10 15 20 25 30 35 40
2θ angle
RX3h pclc
29,58
PCL
26,56
Óxido de cálcio
Aragonita
intensidade (u.a.)
33
25,02
36,1
39,64
21,52
38,04
13,26
24,02
33,5
16,46
31,6
18,08
15,26
19,1
22
8,86
11,5
9,96
5 10 15 20 25 30 35 40
2θ (graus)
RX6h pclc
26,36
29,38
PCL
Calcita
Apatita
30,18
intensidade (u.a.)
32,78
35,96
24,86
13,08
39,64
38,04
21,4
22,94
6,66
18,04
8,74
15,12
16,42
17,76
11,04
9,3
5 10 15 20 25 30 35 40
2θ (graus)
RX12h pclc
PCL
29,58
Calcita
Apatita
intensidade (u.a.)
26,64
32,98
36,22
38,36
21,6
23,22
13,38
8,94
16,32
18,28
5 10 15 20 25 30 35 40
2θ (graus)
RX24h pclc
26,46
PCL
30,2
Calcita
Apatita
intensidade (u.a.)
32,88
Vaterita
29,42
13,12
36
38,34
17,82
23,08
6,74
20,76
10,94
9,44
15,1
5 10 15 20 25 30 35 40
2θ (graus)
RX7d pclc
29,44
PCL
Apatitas
Calcita
intensidade (u.a.)
26,46
32,82
31,74
36,06
24,98
38,12
23,08
8,56
16,58
10,58
13,14
19,62
21,4
19,54
17,92
12,36
5 10 15 20 25 30 35 40
2θ (graus)
14d pclc
16,66
Fosfato de cálcio hidrogenado
Ca3H2P4O14
intensidade (u.a.)
Monetita- CaPO3(OH)
13,66
7,62
29,44
32,66
25,26
19,24
21,9
36,18
5 10 15 20 25 30 35 40
2θ (graus)
RX21d pclc
Hidroxiapatita
32,54
Apatita
intensidade (u.a.)
33,14
Policaprolactona
26,08
29,56
35,32
28,3
23,22
16,94
10,3
22,9
14,74
11,92
19,94
8,38
16,3
19,66
5 10 15 20 25 30 35 40
2θ (graus)
RX28d pclc
Hidroxiapatita
32,4
Policaprolactona
intensidade (u.a.)
26,08
33,28
30,44
16,68
25,62
36,34
23,02
10,32
20,24
13,58
5 10 15 20 25 30 35 40
2θ (graus)
BASE PCLC
3853,4912
3650,0161
1684,697
1868,8854
918,04895
777,25574
516,8847
3055,9844
3523,688
1212,1717
Transmitância (u.a.)
3676,0532
3853,4912
3H PCLC
3650,0161
2405,0569
766,64801
919,97766
632,60516
1684,697
3031,876
1216,9935
Transmitância (u.a.)
6H PCLC
3676,0532
3853,4912
2361,6616
3650,0161
668,28564
1684,697
1868,8854
1772,4517
938,30005
1271,9607
3031,876
Transmitância (u.a.)
12H pclc
668,28564
767,61236
923,83502
2361,6616
3744,5212
3853,4912
2676,0356
Transmitância (u.a.)
3028,9829
1213,1361
24H pclc
3676,0532
3735,842
2360,6973
668,28564
2665,428
Transmitância (u.a.)
3028,9829
928,65668
1260,3887
7d pclc
3853,4912
3735,842
3650,0161
2361,6616
668,28564
2665,428
919,97766
502,41965
Transmitância (u.a.)
3055,9844
1216,9935
14D PCLC
2361,6616
3854,4556
3745,4856
2644,2124
766,64801
418,52234
898,76221
Transmitância (u.a.)
3013,5537
1260,3887
1623,9437
21D PCLC
2360,6973
787,86346
418,52234
918,04895
2584,4236
3853,4912
1313,4272
3735,842
Transmitância (u.a.)
3013,5537
ν2 CO -2
3
-2
ν3 CO
3
-3
ν4 PO4
28D PCLC
2361,6616
3853,4912
3735,842
668,28564
3650,0161
777,25574
899,72656
502,41965
2665,428
3028,9829
1216,9935
1684,697
Transmitância (u.a.)
1138,8822
Éster
-3
PO4
CO3 da HA
Figura 64: PCLC Após 12 horas no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes).
Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de
policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal
(SBF), pelo período de doze horas.
109
Figura 65: PCLC Após 24 horas no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes).
Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de
policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal
(SBF), pelo período de vinte e quatro horas.
Figura 66: PCLC Após 07 dias no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes).
Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de
policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal
(SBF), pelo período de sete dias.
110
Figura 67: PCLC após 14 dias no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes).
Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de
policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal
(SBF), pelo período de quatorze dias.
Figura 68: PCLC após 21 dias no SBF (aproximação de 500 e 3000 vezes).
Microscopia eletrônica de varredura (MEV), relacionada ao compósito constituído de
policaprolactona e carbonato de cálcio exposto ao líquido simulador de fluido corporal
(SBF), pelo período de vinte e um dias.
111
Figura 78: EDX do PCLC após 28 dias no SBF. Espectroscopia dispersiva de raios-X
(EDX), relacionada ao compósito constituído de policaprolactona e carbonato de cálcio
exposto ao líquido simulador de fluido corporal (SBF), pelo período de vinte e oito dias.