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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas


Departamento de História

AVALIAÇÃO II

Analise a relação entre Romantismo, Nacionalismo e Revolução no século XIX.

A Europa do século XIX pode se caracterizar por um período revolucionário, que


construiu novas concepções sobre o homem, o avanço da industrialização, o debate do
socialismo utópico e científico, imperialismo etc. O século XIX por ser considerado um
período chave na dissolução das revoluções burguesas e operárias, conceitos como
romantismo, nacionalismo e obviamente, revolução são utilizados para descrever uma série
de fatos da época moderna. São conceitos que não foram desenvolvidos à parte, eles são
complementares. Eric Hobsbawm em seu livro “Nações e nacionalismo desde 1780” relata
que é impossível delimitar o início do romantismo, ele apenas pode ser percebido quando a
crítica popular se direciona ao iluminismo e ao racionalismo do século XVIII.

O nacionalismo é fruto dessas reivindicações populares revolucionárias retratadas nas


abordagens sobre os diversos eventos do século XIX na Europa (sobretudo as revoluções de
1820, 1830 e 1848). Sendo ele, uma herança do período de instabilidade provocado pelos
eventos pré e pós revolução francesa e revolução industrial (FALBEL, 2011). Com a invasão
napoleônica, as massas operárias utilizadas pelos liberais frente a revolução - que logo depois
foram descartadas - (MARX, 2011) começaram a criar o princípio de uma identidade
nacional - ou protonacionalismo - o próprio Napoleão (1769 - 1821) é fluído na concepção
romântica, ele passa de "libertador das nações" para "opressor das nacionalidades".
(FALBEL, 2011)
A Europa em si, passava por inconstâncias na esfera política de países como Grécia,
Portugal e França, principalmente. Após o fim do governo napoleônico, os representantes dos
países: Áustria, Rússia, Prússia, Reino Unido e França, se reuniram no Tratado de Viena em
1814 para discutir sobre como promover uma estabilidade nos governos da Europa. As
revoluções dos anos 1820 e 1830 não foram efetivas de fato, mas abriram o caminho para a
crítica direta ao conservadorismo na Europa e a política de monarquia constitucional, tendo
como exemplo os eventos da unificação italiana.

Os movimentos sociais que se desenvolveram contra a hegemonia política europeia


ocorreram com a evidência do nacionalismo romântico estratificado na Primavera dos Povos
de 1848, que ocorreu pelos problemas econômicos, pela falta de liberdade política, miséria e
fome. Segundo Marx e Tocqueville, os agentes históricos da Primavera dos Povos fica
evidente nessa polaridade entre os liberais e o operariado. A revolução de 1848 não foi algo
defendido por nenhum dos dois, enquanto Tocqueville demonstra o período histórico como
algo tenebroso, Marx critica a ideia de uma revolução que não seja a dos trabalhadores,
embora elogie a força do operariado.

Os conceitos codependentes (nacionalismo, romantismo e revolução) não estão ligados


estritamente aos eventos franceses, Hobsbawm ¹ nos dá outro panorama sobre a construção
do nacionalismo na Europa. Ele cita os casos dos sérvios e croatas na Iugoslávia, tchecos e
eslovacos, poloneses e lituanos e as unificações: alemã e italiana. O autor descreve esses
eventos com um nacionalismo que é baseado em uma noção de etnicidade, de língua ou de
uma história comum. Onde a maior característica do nacionalismo oitocentista é a perspectiva
de uma nação unida e conscientizada que poderia eliminar a influência externa garantindo a
independência política e econômica. Esse nacionalismo heróico e determinado, é construído
através do romantismo. Outro autor que debate a questão do nacionalismo é Benedict
Anderson, que descreve um nacionalismo de pertencimento, onde uma nação é restringida e
possui limites, sendo impossível abrigar todos os homens.

Por fim, o romantismo foi uma corrente gerada pelas grandes revoluções dos
setecentos: a Revolução Industrial e a Revolução Francesa, que ocasionou no
desenvolvimento do nacionalismo e da revolução. Deve-se compreender o romantismo como
um ponto de inflexão para se entender revolução e nacionalismo, e que não se deve limitá-lo
a uma data, a um evento histórico, a um país ou povo, ele se apresentou em doutrinas
diferentes para pessoas diferentes com a mesma demanda da autoafirmação, onde a
compreensão do que é um, nos remete ao desenvolvimento e entendimento dos outros.

Referência Bibliográfica:
ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas. São Paulo: Companhia das Letras,
2008.
FALBEL, Nachman. “Os Fundamentos Históricos do Romantismo.” In: GINSBURG, J
(org.). O Romantismo. São Paulo: Perspectiva, 2011;
HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.
________________. Nações e Nacionalismo desde 1780. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
MARX, Karl. “Capítulo I” In: O 18 Brumário de Luís Bonaparte. Tradução e notas de Nélio
Schneider. São Paulo: Boitempo, 2011.
TOCQUEVILLE, Alexis de. “Meu julgamento sobre as causas do 24 de Fevereiro” In:
Lembranças de 1848: as jornadas revolucionárias em Paris. Tradução de Modesto
Florenzano. São Paulo: Companhia das Letras, 2011

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