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Conduto Forçado

 Liga a tomada d’água até a casa de máquinas


 O fenômeno mais importante é o Golpe de Aríete causado pela abertura e fechamento rápido
do distribuidor
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 A tomada d´água é protegida por grades que devem ser limpas periodicamente
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Obs:
 A posição da tomada d´água determina se a usina será de operação a fio d´água ou não
 Em Itaipu a tomada d’água se encontra entre as contas 193,78 e 202,87
 O eixo central da caixa espiral se encontra na cota 87,50
 Em PCH normalmente ele é todo externo e precisa de ancoragem
 Em GCH normalmente ele é todo interno à barragem
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O fechamento abrupto do distribuidor e o consequente golpe de aríete pode causar danos na
estrutura da usina:

Obs: Sayano-Shushenskaya, Rússia 2009, 76 mortos


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O tempo que a onda de pressão leva para fazer o percurso válvula-barragem-válvula é função do:
 Comprimento do conduto, L
 Celeridade da água, vs
 Coeficiente de elasticidade do material, km (0,5 p/ aço, 4,4 p/ ferro fundido, 18,0 p/ PVC)
 Diâmetro da tubulação, D
 Espessura da parede da tubulação, e

9900 2L
vs  T
48,3  km D e => vs

Obs:

1) Para não ocorrer Golpe de Aríete o tempo de abertura e fechamento deve ser tv  T

2) tv não impacta a operação do SEP, apenas abertura e fechamento total (gerador desconectado)
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A sobrepressão decorrente do golpe de aríete varia ao longo da tubulação forçada, o valor máximo
(para alta e baixa queda) depende da:
 Velocidade de escoamento, v
 Aceleração da gravidade, g,
 Altura de coluna d’água, HL

1 1
2Lv  vs v  2 L  2Lv   L v 
hs  1  1   hs  2 1  
g tv  2 g H L  v s t v   e g t v   2 g tv H L  

vs v  1  alta queda

2 g HL  1  baixa queda

 HL deve ser tomada da caixa espiral até a cota de montante


 L>1,3Hb deve-se considerar o uso de sistema de baixa pressão
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A espessura do conduto forçado depende da:
 Pressão interna, Pi
 Diâmetro da tubulação, D
 Tensão admissível de tração do material,  ad (aço: 900 a 1400kgf/cm2)
 Coeficiente de eficiência da fabricação, kf

Pi D
e  3mm
2  ad k f

P
 H L  hs 
 kgf cm 2 
i
10 

1,0 para solda com radiografia e alívio de tensões



k f 0,9 para solda com radiografia e sem alívio de tensões
0,8 para solda sem radiografia e sem alívio de tensões

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 A pressão interna e o diâmetro do conduto podem variar ao longo de seu comprimento,
portanto a espessura não precisa ser constante.
 A folga na espessura decorre dos desgastes naturais previstos.
 A dimensão e distância dos blocos de ancoragem e suporte dependerá de D.
 O diâmetro da tubulação é calculado num processo de minimização do custo (D↑, e↑, volume
de aço↑, custo↑, perdas↓).
 A Eletrobrás recomenda as seguintes estimativas iniciais para GCH e PCH:

P 0,43 Q 0,429
D  0,71 max D  1,27
H  hs 
0,65 0,143
H e
L L

Obs:
1) Pmax: potência máxima no eixo em kW
2) Q: vazão
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Tempo hidráulico do conduto:
 Tempo que a água leva para ir da velocidade nula até a nominal
 Parâmetro importante para a operação e controle do regulador de velocidade
 Impacta o controle de carga-frequência do SEP

vL
th 
g HL

Efeito da caixa espiral e do tubo de sucção:

the 
 ve  1,2  Q
ths 
3,3Q
g H b D4e e g H b D4 e

Obs: D4e: diâmetro da entrada do rotor da turbina; ve: velocidade média da água nesse ponto
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Ressonância entre a vibração da tubulação e sua frequência natural:

 Vibrações são causadas pela rotação da turbina e vórtices no tubo de sucção


 Dada a rotação da turbina, n em rpm, e o número de pás, zp:

n n
f  f  zp
3,6  60 e 60

 Frequência natural (modos N=2, 3 ou 4) da tubulação entre dois blocos de ancoragem:

N  1 e 2
2

4 2
N
  N 2  1 N 2  k 2 
1 gE 1
f  k4 
2 r m N N 2
 1 1    12r 2 1  v 2  1  v 
2
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Em que:

r : raio interno da tubulação [cm]


E : módulo de elasticidade do aço, (2,1.106[kgf/cm])
v : coeficiente de Poison do aço (0,3)
p : pressão média na tubulação [kgf/cm2]
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e : espessura da parede da tubulação [cm]
  pr Ee 1  v 2  : alongamento periférico
 : peso específico da água [kgf/m3]
 m : peso específico do aço [kgf/m3]
 2r N

 m e N 2  1 : fator de efeito da massa de água

 O dimensionamento da tubulação forçada é um processo iterativo


geralmente envolve métodos computacionais (elementos finitos, etc)
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Grupos Geradores

Turbina Pelton:
 Turbina de ação (funciona à pressão constante) inventada por Lester Allan Pelton (~1870)
 Roda com pás em formato de concha dupla para deflexão do movimento da água
 Possui 2 a 6 injetores uniformemente distribuídos
 Mais adequada para grandes quedas úteis (350 a 1100m)
 Opera com velocidade de rotação elevada e pressão atmosférica
 Pode-se acionar os injetores independentemente para controle de potência
 Acionamento sincronizado entre os injetores simétricos (balanceamento dinâmico do rotor)
 Operação com eficiência constante em uma larga faixa de potência
 A vazão de cada injetor é controlada por meio de uma agulha (tipo o esguicho de mangueira)
 Injetores munidos de deflectores para redução rápida da potência em contingências
 Os defletores permitem fechar a agulha lentamente (evita golpe de aríete e sobrevelocidades)
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 Pode ser instalada na horizontal ou na vertical (mais comum)
 Disposição horizontal evita interferência da água turbinada nos jatos (grandes dimensões)
 Apresenta problema com efeito abrasivo da areia misturada com a água
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Turbina Francis:

 Turbina de reação (a pressão varia ao fluir pela turbina)


 Concebida por Jean-Victor Poncelet (~1820)
 Aperfeiçoada por James B. Francis (~1840)
 A água entra radialmente (caixa espiral+distribuidor) no rotor empurrando suas pás
 A água é desviada para a direção axial e sai com pressão e velocidade muito reduzidas
 Rotores de 1 a 10m de diâmetro
 Operam em quedas de água de 10 à 650m
 Velocidades de 80 a 1000rpm
 Potências de kW a 750MW
 Turbinas pequenas operam com eixo horizontal e volante de inércia
 Turbinas de tamanho médio ou grande são instaladas com o eixo vertical
 São as mais utilizadas em usinas hidrelétricas por sua flexibilidade e eficiência (>90%)
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Exemplos de turbinas Francis de grande e pequena dimensão:
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Turbina Kaplan:
 Turbina de reação semelhante a uma hélice de navio
 Desenvolvida pelo professor austríaco Viktor Kaplan (~1910)
 Pode utilizar um servomotor (dentro do cubo do rotor) para variação da inclinação das pás
 O acionamento das pás é conjugado ao das palhetas do distribuidor
 Curva de rendimento plana numa ampla faixa de operação
 Não precisa ser instalada próxima ao nível de jusante
 Quanto mais próxima da montante, maior será a ocorrência de cavitação
 São chamadas de Turbinas Propulsoras quando as pás não são ajustáveis
 Turbinas de Bulbo ou Tubulares tem o gerador “submerso” (em bulbo ou poço)
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Exemplos de turbina Kaplan e Propulsora:
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Obs: o rendimento da Kaplan pode ser mantido mais homogêneo em uma ampla faixa de carga,
mas da rendimento da Francis é maior em sua faixa de operação ótima
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Parâmetros adimensionais utilizados na escolha e dimensionamento (velocidade específica e
energia específica):

Q 0,5 Q 0,5
ns  n 0,75 k 
 gH 
0,75
H e

Valores típicos
Tipo k ns R
Pelton (1 jato) 0,05-0,2 5-10 0
Pelton (2 jatos) 0,1-0,3 7-14 0
Pelton (>2 jatos) 0,3-0,4 14-20 0
Francis (lenta) 0,3-0,6 15-33 0,30
Francis (média) 0,6-1,0 33-55 0,40
Francis (rápida) 1,0-1,6 55-80 0,50
Francis (super-rápida) 1,6-2,3 80-120 0,60
Kaplan 1,4-5,7 75-300 0,70

Obs: R é a relação entre a energia convertida por reação e a total


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Diâmetro típico das turbinas:

H
 D  39,4
n para rotor Pelton
H Q
 D  24,8 n  0,685 H 1/4 para rotor Francis

H Q
 D  71,3 n  0,388 H 1/4 para rotor Kaplan
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Determinação do número de grupos geradores para PCH:

Obs: existem vários métodos para determinar o melhor número de GG


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Determinação do número de grupos geradores para GCH:
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Determinação da tensão ótima nominal:
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Linha WEG de pequeno porte brushless:
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Grupos Geradores de Itaipu:
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O tubo de sucção permite reduzir a velocidade cinética da água aumentando o rendimento da
turbina:
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A redução na pressão favorece a ocorrência de cavitação:

Obs: manter a turbina afogada reduz a cavitação


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Em uma GCH existem diversos equipamentos adicionais:
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Entre eles os grupos geradores diesel de emergência que permitem a operação dos sistemas de
operação e controle mesmo com todas as unidades desligadas. Em Itaipu:

 Duas centrais com 4 geradores (2 em 50 Hz e 2 em 60 Hz) e 2 reservatórios de 54.000l


 Atendem sistemas de baterias, iluminação e drenagem da Casa de Força (~1,0 MW)
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Função de Geração da UHE

 Divisão de quedas gera uma cascata de usinas


 A defluência de uma usina afeta afluência da usina a jusante e defluência da usina a montante
 A afluência depende fortemente do regime de chuvas
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Operação dos sistemas hidrotérmicos interligados:
 Otimiza a geração (redução de custo das térmicas) atendendo critérios hidrológicos
 A afluência de água nos reservatórios depende do comportamento aleatório das chuvas
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Despacho diário típico de Itaipu:

Obs: a regularidade da fração de 50Hz se deve a ser uma demanda contratada


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Função de geração da usina (volumes e vazões em hm e m /s):

p  t   pe hl  x, q, u  q  t 

 Produtibilidade específica: pe   g  (t )10 => potência em MW


6

 Produtibilidade específica de Jurumirim e Emborcação: 0,0089088 e 0,0087309


 O rendimento engloba o rendimento da turbina, gerador, mancais, etc.
 Pode-se considerar valores médios válidos para os intervalos de tempo de interesse
 O rendimento da turbina é o que mais varia (curva colina)
 A curva colina pode incluir o rendimento do gerador, distribuidor e tubo de sucção
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Obs: o índice 1/1 indica o ponto de operação com o distribuidor plenamente aberto
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 O rendimento máximo não precisa ocorrer na máxima queda e vazão
 Máxima queda e vazão não é condição de operação frequente
 Mesmo com distribuidor fixado o aumento da queda aumenta a vazão (linhas não paralelas)
 Vazão total reduzida não implica em todas as unidades com vazão individual reduzida
 Unidades ligadas mas não gerando energia => reserva girante (sincronizada ou não)
 Maior número de unidades
 Melhora o rendimento em usinas à fio d’água com afluência irregular
 Permite operar usinas com capacidade de regulação plurianual
 Aumenta o custo e complexidade da instalação (maquinário e sistemas de controle)
 O número ótimo de unidades operando é obtido em estudos de despacho e pré-despacho
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Altura líquida:

hl  x, u, q   hmon  x   h jus  u   h p  q 

A cota de montante:
 Depende do volume de água armazenado no reservatório, x
 Varia entre o mínimo e máximo operacional (tomada d’água afogada), xmin  x  xmax

 Em cheias excepcionais => volume máximo maximorum: xmax  xseg  xmax m

A posição da tomada d’água determina o:


 Volume morto do reservatório, xmor

 Volume útil do reservatório, xutil .


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As cotas:
 São medidas em relação ao zero do IBGE
 Dependem das características topográficas da bacia
 São dadas por curvas côncavas descritas por polinômios de 4º grau
 Para Emborcação:

hmon  x   5,68089.102  1,45059.102 x  1,20279.106 x 2  5,83069.1011 x 3  1,12449.1015 x 4

h jus  u   5,19774.102  3,99663.103 u  1,09869.106 u 2  2,34375.1010 u3  1,76460.1014 u 4

A defluência, u, de uma UHE é a soma das vazões turbinada, q, e vertida, v:

u  qv
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Cotas de Itaipu:
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Curvas de Emborcação:
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Efeito de Remanso:
 Cota de jusante afetada pela cota de montante da usina à jusante
 Várias curvas são usadas para representar a cota de jusante
 São Simão => função da cota de montante de Ilha Solteira (328, 325, 322 e 317m):
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Altura de perda hidráulica ou perda de carga (adução e tubulação forçada):

h p  q   k q 2 ou hp  q   k h

 O coeficiente k é quase constante


 Engloba o efeito da grade, tomada d’água, tubulação forçada e caracol
 Para Jurumirim k=2,17.10-5
 Para Emborcação k=0,0194 (não representa adequadamente)
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Fórmula de Darcy para a perda de carga em fluxo laminar (Re<2000):

L 2 8L
hp  q   f v  f 2 5 q2
2 gD  gD
Em que:
 vD
Re 
 Constante Reynolds adimensional
 D 2v
q  Av  Vazão [m3/s]
4
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f 
Re Fator de atrito adimensional
  1,002.103  Pa.s  Viscosidade da água a 25°C

  997,1 kg m3  Densidade da água a 25°C


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Engolimento máximo:
 Vazão turbinada com o distribuidor totalmente aberto
 Com altura de queda reduzida limita a potência gerada

Potência máxima:
 Potência nominal do gerador
 Com altura de queda elevada limita o engolimento da turbina

Altura de queda efetiva => ponto de cruzamento entre as duas condições de operação
 
  hl   hl 

hl  hef ,maq  qmax,maq    qef ,maq e pmax,maq   Pef ,maq
h h

  ef ,maq   ef ,maq 
  hl 
1

hl  hef ,maq  qmax,maq    qef ,maq e pmax,maq  Pef ,maq
h

  ef ,maq 
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 α=0,5 e β=1,5 para turbinas do tipo Francis e Pelton;


 α=0,2 e β=1,2 para turbinas do tipo Kaplan.
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Usina de Emborcação (Francis):
 hef,maq=130,30m
 qef,maq=262m3/s
 Pef,maq=298MW
 Vazão total de 1048m3/s
 Potência nominal de 1192MW

A potência nominal não pode ser fornecida de forma contínua:


 Manutenção programada
 Saídas forçadas ou indisponibilidade forçada
 Emborcação: tip=12,122% e tif=2,917%
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Evaporação:
 Reduz o volume armazenado
 Depende da área do espelho d’água (cota de montante) e condições meteorológicas
 A área de espelho d’água é função da cota de montante que é função do volume
 Representada por coeficientes mensais (Emborcação):

xev  cemês ae  hmon  x  103

ae  hmon   1,81944.104  5,65776.101 hmon  4,51828.102 hmon


2
 2,91219.104 hmon
3
 2,39007.107 hmon
4

Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
cemês 21 23 33 42 49 53 49 48 49 27 12 26
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A dinâmica de enchimento ou deplecioamento do reservatório depende da afluência (y) e
defluência (q+v) do mesmo:

t
6 
x final  xinicial  y  q  v   xev
10

 O intervalo de tempo considerado (∆t) e o instante inicial definem o instante final (diário,
semanal ou mensal).
 As vazões podem ser tomadas como a média no intervalo de tempo.
 A evaporação precisa ser ajustada para o período considerado.
 Em usinas em cascata a afluência engloba a defluência do conjunto das usinas imediatamente
a montante (Ω) mais a afluência incremental:

yi  yinc ,i   u j yinc ,i  ynat ,i   ynat , j


j j
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 A afluência lateral ou incremental envolve afluentes sem usinas e a drenagem do trecho da


bacia considerado
 A menos que todas as usinas operem a fio d´água a vazão afluente é diferente da vazão
natural
 Haverá vazão vertida se o volume atingir o valor máximo ou se a vazão turbinada for menor
que a defluência mínima (vazão sanitária ou contratual)
 Algumas variáveis estão inter-relacionadas: afluência, defluência, etc
 Algumas variáveis apresentam saturação: volumes, vazões, etc
 Algumas variáveis são aleatórias: vazão incremental, demanda, etc
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Impactos Ambientais

O consumo de energia elétrica tende a crescer mesmo durante as crises econômicas:


 Crescimento vegetativo da população
 Melhoria de sua qualidade de vida
 Industrialização
 Incremento do setor de serviços
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A implantação de uma UHE gera um impacto sócio-ambiental considerável durante sua
construção e a alteração significativa no ecossistema local após a conclusão da mesma.
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A emissão de gases do efeito estufa por reservatórios:
 Decorre da atividade biológica dos organismos que vivem nos lagos
 Liberam dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e compostos nitrogenados
 Se origina da decomposição da biomassa submersa após a construção dos reservatórios
 E também da decomposição de nutrientes orgânicos carregados pelas chuvas e afluentes
 Nos rios turbulentos, a oxigenação da água reduz a produção do metano
 A oxigenação é bastante deficiente nos reservatórios o que aumenta a produção de metano
 Alguns trabalhos computam todas as emissões decorrentes das alterações locais

Exageros:
 Contabilização das emissões totais (inclusive de atividades econômicas geradas)
 Regiões tropicais apresentam uma maior produção natural de metano
 Rios de planície que alagam emitem naturalmente mais metano
 Não ponderação pela potência gerada conforme a fonte
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Por ser um país pobre e ter uma matriz energética com boa presença de renováveis, o Brasil
possui emissões relativamente reduzidas e alguma folga na implementação de políticas de
mitigação das emissões para geração de energia elétrica (queimada é outro assunto).

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