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Objectivo

O objectivo deste relatório é determinar a composição granulométrica de dois solos,


um granular e um fino.

Introdução

Relativamente aos solos granulares, deve salientar-se que são essencialmente


constituídos por partículas com volumetria e que o seu comportamento é condicionado
pelas forças graviticas e de atrito.
Os solos finos são caracterizados por terem uma elevada percentagem de passados
no peneiro 200 (0,0075 mm).
Desta forma estes solos apresentam quantidades de argila que vão influênciar o
comportamento do solo. Isto acontece porque, as dimensões das partículas de argila são
muito pequenas e também porque têm uma forma lamelar , o que lhes confere enormes
superficies específicas. Devido ao arranjo da sua estrutura molecular, as partículas possuem
cargas eléctricas negativas nas faces e também algumas cargas positivas nos bordos, que
vão atrair iões positivos de sais dissolvidos à água, bem como moléculas de água. Cada
partícula pode atrair várias camadas de moléculas de água e catiões até ficar electricamente
neutralizadas, esta água designa-se por água adsorvida.

a) b)

a) grupo de particulas em estrutura floculada ;


b) pormenor de uma partícula.

O ensaio de sedimentação é um processo que consiste em misturar o solo com água


destilada e observar a sua sedimentação segundo a lei de Stokes. Esta lei diz-nos que, a
velocidade de sedimentação de uma partícula esférica de diâmetro D e peso volúmico gS
num liquido de viscosidade h e peso volúmico gW é dada pela expressão:
g  S W 2
V  D
18 

Onde g é a aceleração da gravidade.


O diâmetro D é facilmente calculado, pois o n=h/t, onde o h é a distância que uma
certa quantidade de partículas percorrem num determinado intervalo de tempo t.

É necessário ter em atenção duas observações a propósito deste método. A primeira


é que é essencial que o solo esteja convenientemente desfloculado. A segunda é que a lei de
Stokes aplica-se a partículas esféricas. Assim, como as partículas mais pequenas têm uma
forma lamelar, o que é determinado não é o diâmetro verdadeiro mas sim o diâmetro
equivalente.

Com estes resultados, podemos traçar uma curva granulométrica, a partir da qual se
obtêm valores que permitam a caracterização do solo através do triângulo de Feret.
Da análise da curva granulométrica ainda podem ser retiradas algumas grandezas:
diâmetro efectivo (D10); coeficiente de uniformidade (CU) e coeficiente de curvatura (CC).
Um solo com determinado diâmetro efectivo, D 10, tem 10 % em peso de partículas
com dimensões inferiores a D10.
O coeficiente de uniformidade define-se por: CU = D60 / D10 , onde D60 é o diâmetro
efectivo de 60% do material.
O coeficiente de curvatura define-se por CC= D302/(D60´D10), onde D30 é o diâmetro
efectivo de 30% do material.

Para um solo ser bem graduado tem de ser verificar as condições:

CU ³ 4 a 6 ; 1 £ CC £ 3
Procedimento

Solo Granular

Tomou-se um provete de massa seca de pelo menos 2000g.


Inicialmente procedeu-se à peneiração mecânica seguindo-se duma peneiração
manual. Para isto utilizaram-se os peneiros 1”, 3/4”, 0.5”, 3/8”, n.º 4, n.º 10, n.º 16, n.º 40,
n.º 80, n.º 100 e n.º 200.
Pesaram-se as massas retidas em casa peneiro e a massa que passou no peneiro 200.

Solo Fino

Tomou-se um provete com cerca de 50g e registou-se a sua massa.


Desagregou-se as partículas com um almofariz e um pilão com mão revestida a
borracha para não reduzir o tamanho individual das partículas.
Colocou-se a amostra de solo num frasco de Erlenmeyer de boca larga.
Adicionou-se um preparado com cerca de 100 cm 3 de solução de hexametafosfato
de sódio com a ajuda de uma vareta de vidro.
Misturou-se esta solução com o solo e aqueceu-se durante 10 minutos.
Transferiu-se a mistura do frasco para o recipiente do agitador, tendo-se lavado o
frasco com um esguicho com água destilada, com o cuidado de não exceder os 150 cm3.
Colocou-se o recipiente no agitador eléctrico durante 15 minutos.
Em seguida, fez-se passar a suspensão obtida pelo peneiro n.º 200 (de malha igual a
0,074 mm) e despejou-se para a proveta graduada por meio de um funil. Lavou-se,
cuidadosamente, o recipiente do agitador e o funil até que a água passada por eles saí-se
límpida, tendo em atenção não exceder os 500 cm3.
Encheu-se a proveta graduada com água destilada até perfazer os 1000 cm 3.
Seguidamente tapou-se a boca da proveta graduada com a mão e agitou-se de modo a
homogeneizar perfeitamente a mistura, com o cuidado de não haver perdas de massa.
Depois de homogeneizada, colocou-se a proveta na bancada e com um cronómetro
começou-se a contar o tempo a partir do zero.
Introduziu-se o densímetro na suspensão até uma profundidade um pouco superior á
posição de flutuação e leu-se os valores no densímetro ao fim de 1,2 e 5 minutos.
Retirou-se o densímetro da suspensão, cuidadosamente, de modo a ter o cuidado de
não trazer partículas agarradas a si e de modo a provocar a menor agitação possível da
solução.
Lavou-se o densímetro com água destilada, e guardou-se dentro de outra proveta
com água destilada à mesma temperatura da suspensão.
Mediu-se a temperatura da solução com a ajuda de um termómetro.
Mais tarde, para o registo das leituras do densímetro e da temperatura aos 15,30,100
e 1445 minutos, introduziu-se novamente o densímetro e procedeu-se da mesma forma que
ao fim dos 5 minutos.
O restante material retido no peneiro n.º 200 foi transferido para uma cápsula e
colocado na estufa, entre os 105º e os 110 ºC, até massa constante.
Depois peneirou-se pelos peneiros 16,40,80,100 e 200 como efectuado no solo
granular.
Resultados Obtidos e Cálculos

Solo Granular

Massa seca total da amostra: 2204,4g

Peneiração Grossa

Peneiros 1” 3/4” 0,5” 3/8” n.º 4 n.º 10


Dimensão da malha #(mm) 24,40 19,00 12,70 9,51 4,76 2,00
Massa de fracção retida (g) 0 0 5,62 4,18 132,63 675,25

Peneiração Fina

Peneiros n.º 16 n.º 40 n.º 80 n.º 100 n.º 200


Dimensão da malha # (mm) 1,18 0,425 0,180 0,150 0,075
Massa da fracção retida (g) 468,56 649,35 187,50 20,60 39,11

Residuo da Peneiração Fina: 2132 g

Peneiros % de retidos % de retidos % de passados


n.º mm massa (g) parciais acumulados
1” 25,40 0 0 0 100
3/4” 19,00 0 0 0 100
0,5” 12,70 5,62 0,25 0,25 99,75
3/8” 9,51 4,18 0,19 0,44 99,56
n.º 4 4,76 132,63 6,02 6,46 93,54
n.º 10 2,00 675,25 30,64 37,10 62,9
n.º 16 1,18 468,56 21,26 58,36 41,64
n.º 40 0,425 649,35 29,46 87,82 12,18
n.º 80 0,180 187,50 8,51 96,33 3,67
n.º 100 0,150 20,60 0,93 97,26 2,74
n.º 200 0,075 39,11 1,77 99,03 0,97
Depósito 21,32 0,97 100 0
Total 2204,12 100

Massa perdida = 2204,40 - 2204,12 = 0,28 g


Percentagem de erro:

2204,4 100 % Þ x = 0,0127 %


0,28 x
Não será necessário repetir o ensaio, dado que a percentagem de erro é tão pequena
que se torna desprezável, podendo, deste modo aceitar os valores como correctos.
O mesmo acontece com o ensaio da sedimentação, já que a percentagem de solo
que passa no peneiro 200 pode ser aproximada a 0 %.

Diâmetro Efectivo

D10 = 0,35 mm Cascalho = 100 - 62,9 = 37,1 %


D30 = 0,95 mm Areia = 62,9 - 0 = 62,9 %
D60 = 1,9 mm

CU = D60 / D10 = 1,9 / 0,35 = 5,43

CC = (D30)2 / (D10 ´ D60) = 0,952 / (0,35 ´ 1,9) = 1,36


Solo Fino

Massa seca total da amostra: 53,63 g


W=0%
G = 2,6

Peneiração fina:

Peneiros n.º 16 n.º 40 n.º 80 n.º 100 n.º 200


Dimensão da malha # (mm) 1,18 0,425 0,180 0,150 0,075
Massa da fracção retida (g) 1,54 0,36 0,75 0,46 4,80

Sedimentação:

Tempo (min) 1 2 5 15 30 100 250 1445


Temperatura (ºC) 24 24 24 24 24 23,5 22 22
Leitura densímetro (LS) 1,02 1,02 1,02 1,01 1,01 1,01 1,01 1,009
5 3 1 9 7 4 1

Correcções:

CA = 0,00383
CM = 0,001
CT - quadro I da E196-1966

Cálculo das leituras do densímetro corrigidas(LC):

LC = LS + CM - CA+ CT

Onde:

LS - Leitura directa feita na parte superior do menisco.


CM - Correcção do menisco.
CT - Correcção da temperatura.
CA - Correcção do antifloculante.
Tempo (min) 1 2 5 15 30 100 250 1445
Temperatura (ºC) 24 24 24 24 24 23,5 22 22
CT 0,0008 0,0008 0,0008 0,0008 0,0008 0,0007 0,0004 0,0004
LC 1,02297 1,02097 1,01897 1,01697 1,01497 1,01187 1,00857 1,00657
Valores de k:

T = 24 ºC Þ k24 = 0,01321

T = 23,5 ºC por interpolação Þ k23,5 = 0,01329

T = 22 ºC Þ k22 = 0,01353

Tempo (min) 1 2 5 15 30 100 250 1445


nD (%) 69,600 63,540 57,479 51,419 45,359 35,966 25,967 19,907
Zs 14,063 14,453 14,843 15,233 15,623 16,209 16,794 17,184
D (mm) 0,050 0,036 0,023 0,013 0,010 0,005 0,004 0,001

 100000 G 
n D      LC  1
 mb G 1

onde:
nD - Percentagem de partículas de diâmetro inferior a D, referida à massa seca do
solo usado na sedimentação.
G - Densidade das partículas.
mb - Massa seca do solo usado na sedimentação
LC - Leitura do densímetro corrigida
Z S  214.03  195,09.LS

onde:
ZS - Profundidade efectiva correspondente a cada uma das marcas principais de
calibração.
LS - Leitura directa feira na parte superior do menisco.

ZS
Dk
t
onde:
D - Diâmetro das partículas correspondente às percentagens de nD.
T - Intervalo de tempo, em minutos, medido desde o inicio da sedimentação até à
leitura do densímetro

Peneiros % de retidos % de retidos % de passados


n.º mm massa (g) parciais acumulados acumulados
16 1,18 1,54 2,87 2,87 97,13
40 0,425 0,36 0,67 3,54 96,40
80 0,180 0,75 1,25 4,79 95,21
100 0,150 0,46 0,86 5,65 94,35
200 0,075 4,80 8,95 14,60 85,40

Resultados obtidos da análise da curva granulométrica:

% Areia = 100 - 68 = 32 %
% Silte = 68 - 22,5 = 45,5 %
% Argila = 22,5 %
Conclusão

O solo granular pode ser caracterizado como uma areia, como se pode ver pelo
triângulo de Feret.
O coeficiente de uniformidade, CU, dá uma noção da variedade das dimensões que
as partículas do solo possuem. Quanto maior for C U, maior será essa variedade e diz-se que
o solo é bem graduado.
Pelo contrário, a um CU baixo, corresponde um solo com pouca variedade de
dimensões e assim é considerado mal graduado.
O coeficiente de curvatura, CC, está relacionado com a forma da curva
granulométrica entre D60 e D10. Se entre estes dois diâmetros, a curva tiver uma evolução
suave, então Cc estará compreendido entre valores de 1a 3 e o solo será bem graduado.
Logo, como este solo tem CU igual a 5,43 e CC igual a 1,36, diz-se que o solo é bem
graduado.
Por sua vez, o solo fino pode ser caracterizado como um silte argiloso, como se
pode ver no triângulo de Feret.
As grandezas D10, CC e CU não foram determinadas porque não tem significado falar
nelas para solos finos.
Bibliografia

Fernandes, M. M. ; Mecânica dos solos; I Volume; FEUP; Porto; 1994


Faculdade de Ciências e Tecnologia
Universidade de Coimbra

MECÂNICA DOS SOLOS I - Relatório n.º 2

Análise Granulométrica de um Solo


Realizado por :
Carlos Miguel Rosa Avim
Luis Miguel Santos Perez
Patrícia Maria M. de Seiça Carvalho

Outubro de 2001

Triângulo de Feret para um solo fino

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