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Objectivo

O conjunto de ensaios realizados no laboratório tem como objectivo caracterizar o


estado físico de um solo.

Introdução

Para a caracterização física de um solo é necessário determinar os índices fisicos.


Experimentalmente vamos quantificar três grandezas físicas, que são o teor em água
(W), o peso volúmico (), e a densidade das particulas sólidas (G). Através destas, e
por meio de expressões aleatórias, calcula-se os restantes índices físicos.

 Teor em água:

O teor em água de um provete de solo é o quociente, expresso em percentagem, da


massa de água que se evapora do provete entre 105ºC e 110ºC pela massa do mesmo
depois de seco.

Pw
W=
Ps

 Peso Volúmico:

O peso volúmico de um provete de solo é o quociente entre o peso do provete pelo


volume deste:

P
 
V

 Densidade das partículas sólidas:

A densidade das partículas sólidas de um solo é o quociente da massa de um dado


volume dessas partículas à temperatura do ensaio, pela massa de igual volume de água
destilada a 20ºC.

Ps
S 
Vs

massa _ partículas
S  W
  G. 


S W

massa _ partículas 
G 
massa _ água 

massa _ água

Material Utilizado

1
Teor em Água:

- Balança
- Cápsula numerada
- Estufa
- Espátula

Peso Volúmico:

- Balança
- Areia de baridade conhecida (1.56 g/cm3)
- Paquimetro
- Colher de pedreiro
- Espátula
- Tabuleiro

Densidade das Partículas Sólidas:

- Água destilada
- Balança (precisão de 0.01g)
- Bico de Bunsen
- Cápsula de porcelana
- Estufa
- Peneiro de 4.76 mm
- Picnómetro
- Pilão
- Almofariz
- Rede
- Termómetro
- Tripé

Procedimento

2
Teor em Água:

Utilizou-se um provete com pelo menos 30g.


Secou-se a cápsula e pesou-se.
Desagregou-se o provete e colocou-se na cápsula.
Pesou-se o conjunto e introduziu-se na estufa a uma temperatura entre 105ºC e
110ºC.
Após 24 horas retirou-se o conjunto da estufa e efectuou-se a sua pesagem.
O tempo de contacto do provete com o ar deve ser mínimo para não haver trocas de
humidade com o ambiente.

Peso Volúmico:

De um amostrador com solo retirou-se uma camada superficial da amostra, com a


ajuda de uma espátula, de modo a facilitar a medição do diâmetro interno.
Mediu-se a altura e o diâmetro interno do amostrador.
Estas medições foram feitas utilizando um paquímetro.
Pesou-se o amostrador com o solo.
Encheu-se o amostrador com a areia de baridade conhecida.
Pesou-se o conjunto (amostrador com o solo + areia).

Densidade das partículas:

Lavou-se o picnómetro com água, secou-se e pesou-se.


Encheu-se com água destilada até este atingir o traço de referência.
Pesou-se o conjunto (picnómetro + água).
Introduziu-se o provete na cápsula de porcelana inserindo-se de seguida o conjunto
(cápsula + provete) na estufa com temperaturas entre os 105ºC e os 110ºC, até atingir
massa constante.
Desagregou-se o provete utilizando o almofariz e o pilão.
Deixou-se arrefecer e transferiu-se o provete, sem perdas, para o picnómetro.
Pesou-se o conjunto (picnómetro + provete).

Registo de resultados e cálculos

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Teor em água

Grupo A Grupo B Grupo C


Am. 1 Am. 2 Am. 3 Am. 4 Am. 5 Am. 6
N.º da Cápsula 24 31 32 35 41 42
Cápsula (g) 7,905 8,108 8,275 8,433 8,174 8,322
Am. Húm. + caps. (g) 48,38 57,526 49,33 47,066 37,736 35,124
Am. Seca + caps. (g) 44,721 52,536 45,776 43,572 35,173 32,412

PW
W 
PS

onde:
PS = (Am. Seca + cáps.) – (cápsula)
PW = (Am. húm. + cáps.) – (Am. seca + cáps.)

Cápsula 24 31 32 35 41 42
Ps (g) 36,816 44,428 37,501 35,139 26,999 24,090
Pw (g) 3,659 4,99 3,554 3,494 2,563 2,712
W (%) 9,939 11,232 9,477 9,943 9,493 11,258
W (%) 10,224

Peso Volúmico

Grupo A Grupo B Grupo C


Diâmetro interno (cm) 7,10 7,05 7,00 7,25 7,23 7,25 7,13 7,14 7,08
Média diam. Interno (cm) 7,05 7,24 7,12
Altura (cm) 19,00 18,90 18,85 15,75 15,42 15,59 16,60 16,20 16,30
Altura media (cm) 18,90 15,59 16,37
M1 (g) 1436,05 1086,56 1068,27
M2 (g) 66,80 55,83 67,30
M3 (g) 1369,25 1030,73 1000,97
M4 (g) 1478,56 1139,40 1154,01
M5 (g) 42,51 52,84 85,74

V1 = área  altura =   (d/2)2  altura

M 3 (M 1  M 2 )
 
V3 (V1  V 2 )

4
M5 M (M 4  M 1 )
a   V2  5 
V2 2 2

Volume do amostrador (cm3) – V1 744,478 641,820 651,776


Volume da areia (cm3) – V2 27,25 33,87 54,96
Volume do solo (cm3) – V 717,23 607,95 596,81
Peso volúmico (g/cm3) 1,91 1,70 1,68
Peso volúmico médio (g/cm3) 1,76

Onde:
V1 – Volume do amostrador (cm3)
V2 – Volume de areia (cm3)
V3 – Volume de solo (cm3)
M1 – Massa do amostrador + solo (g)
M2 – Massa do mostrador (g)
M3 – Massa do solo (g)
M4 – Massa do mostrador + solo + areia
M5 – Massa de areia (g)
a – Baridade da areia

Densidade das partículas sólidas

Grupo A Grupo B Grupo C


Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3
N.º picnómetro 13 37 39
Picnometro (g) - M1 34,60 35,08 30,80
Picn. + água (g) - M2 136,02 136,68 133,53
Picn. + solo seco (g) - M3 62,51 62,46 57,30
Picn. + água + solo seco (g) - M4 151,22 151,92 148,43

M 3  M1
G
M 2  ( M 4  ( M 3  M 1 ))

 S  G  WA
N.º Picnómetro 13 37 39
G 2,20 2,26 2,28
s 21,54 22,13 22,41
S 22,03
G 2,25

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Dedução das restantes grandezas físicas

Conhecemos , W, G

VV V V P P  P P
e ; n  V ; S  W ;W  W ;   ; G  S ;  S  S ;  W  W
V V VV PS V W VS VW

Índices de vazios:

6
P
V V  VS V   P  PW G. W
e V   1 1 S . S 1 (1  W )  1
VS VS VS PS  PS 
S

Grau de saturação:

PW PW
V W 1 PW 1 PW 1 PS
S W   .  .  . 
VV V  V S  W P PS  W PS  PW PS  W PS PW PS
  
 S  G. W PS PS P
 S
 G. W
1 W
 .
W 1W 1

 G. W

Peso volúmico do solo:

VS V
S.   W .S . V
P PS  PW  S .V S   W .VW  S .V S   W .S .VV VS VS
      
V V S  VV V S  VV V S  VV V S VV

VS VS
 S   W .S .e G. W   W .S .e
 
1 e 1 e

Peso Volúmico seco:

7
Para cálcular o peso volúmico seco, o grau de saturação tem de ser igual a zero
(S=0):

G. W   W .0.e G. W


d  
1 e 1 e

Peso volúmico saturado:

Para calcular o peso volúmico saturado, temos de ter um grau de saturação igual a 1
(S=1):

G. W   W .l.e G. W   W .e


 sat  
1 e 1 e

Peso volúmico submerso:

    sat   W

Porosidade:

VV
VV VV eVS
n   
V VV  V S VV V S e  1

VS VS

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Determinação das restantes grandezas físicas

Índice de vazios:

G. W 2,25  9,81


e (1  W )  1 =  (1  0,1022)  1 = 0,3823
 17,6

Grau de saturação:

1 W 1 0,1022
 .  100   100 
S  W 1W  1 = 9,81 1  0,1022 1 60.2%

 G. W 17,6 2,25  9,81

Peso volúmico seco:

G. W 2,25  9,81


d  = 1  0,3823  15,97 kN/m3
1 e

Peso volúmico saturado:

G. W   W .e 2,25  9,81  9,81  0,3823


 sat  =  18,68 kN/m3
1 e 1  0,3823

Peso volúmico submerso:

    sat   W = 18,68 – 9,81 = 8,87 kN/m3

Porosidade:

e 0,3823
n  100   100  27,66%
e 1 0,3823  1

Tabela de resultados obtidos

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Grandezas físicas Resultados
Teor em água (W) 10,22 %
Peso volúmico () 17,6 kN/m3
Densidade das partículas sólidas (G) 2,25
Peso volúmico das partículas sólidas (S) 22,03 kN/m3
Índice de vazios (e) 0,38
Grau de saturação (S) 60,2 %
Peso volúmico seco (d) 15,97 kN/m3
Peso volúmico saturado (sat) 18,68 kN/m3
Peso volúmico submerso (’) 8,87 kN/m3
Porosidade (n) 27,66 %

Conclusão

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Teor em água

Na experiência da determinação do teor em água, obtivemos um valor médio de


10,224 %. Como os resultados finais apresentam grandes discrepâncias, podemos
chegar à conclusão que poderá ter havido alteração de humidade durante o transporte
do solo até ao laboratório, ou mesmo, durante a desagregação e introdução do provete
na cápsula.
Apesar deste método ter a desvantagem de demorar cerca de 24 horas, pelo facto de
ser necessário um transporte do local de recolha e uma secagem, é de referir que é o
método mais preciso. No caso de haver necessidade de uma maior rapidez nesta
determinação, teremos como alternativas o método do “Speedy” e o método da
queima do solo com álcool, os quais permitiriam a obtenção de resultados no local de
recolha da amostra do solo, mas com menor precisão. Este último seria idêntico ao
efectuado neste ensaio, mas sem ser necessário as tais 24 horas na estufa.

Peso Volúmico

Na experiência do peso volúmico obteve-se o valor médio de 17,6 kN/m3.


O resultado obtido pelo grupo A foi bastante diferente dos resultados obtidos pelos
outros dois grupos. Esta diferença poderá dever-se ao facto dos solos não serem
homogénios, e pelo amostrador utilizado não ser o mais indicado,pelo que poderá ter
havido no grupo A uma libertação ou absorção mais acentuada de água pelo solo, o
que levou à obtenção de um peso volúmico diferente dos valores dos grupos B e C.
O método utilizado foi diferente do método indicado na norma, porque devido às
características do solo não foi possível utilizar esse método para determinar o peso
volúmico.
Na determinação do peso volúmico poder-se-ia ter usado o método de Trocler, que
se trata de um dispositivo que utiliza um método radioactivo para a determinação das
características físicas do solo, método rápido e expedito, que se pode utilizar na obra
mas que por vezes necessita de ser calibrado.

Densidade

Na experiência da determinação da densidade obtivemos o valor médio de 2,25.


Ao comparar os resultados apresentados pelos três grupos verificámos que
obtivemos diferentes resultados, pois provavelmente as medições não foram
efectuadas a uma temperatura de 20 ºC, como estava estipulado.
Restantes grandezas físicas:

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Índices de vazios

Apesar de ser um valor relativamente baixo para uma argila é considerado aceitável.

Grau de saturação

É um valor baixo tendo em conta que deveria estar próximo de 100%.

Peso volúmico seco

O valor obtido é igual ao esperado.

Peso volúmico saturado

É um valor perfeitamente aceitável.

Peso volúmico submerso

É um valor perfeitamente aceitável.

Porosidade

É um valor perfeitamente aceitável.

A seguir apresenta-se uma tabela com a qual comparámos os valores dos nossos
resultados:

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Bibliografia

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- Fernandes, M. M. ; Mecânica dos solos; I volume; Porto 2000
- Marques , Fernando Eduardo Rodrigues; Análise do comportamento de um túnel
aberto nas formações miocénicas de Lisboa; Coimbra 1998

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