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ROTEIRO DO EXAME FÍSICO DO APARELHO RESPIRATÓRIO

AUSCULTA
A ausculta é o método semiológico mais importante no exame físico dos pulmões. É
funcional por excelência, uma vez que possibilita analisar o funcionamento pulmonar. Para sua
realização exige-se, além de máximo silêncio, posição cômoda do paciente e do médico.
De início, o examinador coloca-se atrás do paciente, que não deve forçar a cabeça nem
dobrar excessivamente o tronco. O paciente deve estar com o tórax despido e respirar pausada e
profundamente, com a boca aberta, sem fazer ruído.
A ausculta dos pulmões é realizada com auxílio do diafragma do estetoscópio, de maneira
simétrica nas faces posterior, laterais e anterior do tórax.
Deve-se ter em mente que os limites dos pulmões estão aproximadamente a quatro dedos
transversos abaixo da ponta da escápula.
Os sons pleuropulmonares podem ser assim classificados:
■ Sons normais
• Som traqueal
• Som brônquico
• Murmúrio vesicular
• Som broncovesicular
■ Sons anormais
• Descontínuos: estertores finos e grossos
• Contínuos: roncos, sibilos e estridor
• Sopros
• Atrito pleural
■ Sons vocais
• Broncofonia, egofonia, pectorilóquia fônica e afônica.

Sons respiratórios normais


As principais características dos sons respiratórios normais estão descritas no Quadro 36.6.

Som traqueal e som brônquico. No som traqueal, bem como nos outros sons pulmonares,
reconhecem-se dois componentes – o inspiratório e o expiratório –, cujas características
estetoacústicas são específicas para cada som (Fig.1).
O som brônquico corresponde ao som traqueal audível na zona de projeção dos brônquios de
maior calibre, na face anterior do tórax, nas proximidades do esterno. O som brônquico
assemelha-se ao som traqueal, dele se diferenciando apenas por ter o componente expiratório
menos intenso. Nas áreas que correspondem a uma condensação pulmonar, atelectasia ou nas
regiões próximas de cavernas superficiais a respiração brônquica substitui o murmúrio
vesicular.

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Cumpre ressaltar que o murmúrio vesicular não tem intensidade homogênea em todo o tórax.
É mais forte na parte anterossuperior, nas axilas e nas regiões infraescapulares. Além disso,
sofre variações em sua intensidade na dependência da amplitude dos movimentos respiratórios e
da espessura da parede torácica, sendo mais débil nas pessoas musculosas ou obesas.

 Fig.1 - Principais características dos sons respiratórios normais.


Intensidade

Inspiraçã Expiraçã
Som Local de ausculta o o

Som traqueal Áreas de projeção da traqueia +++ ++++

Som brônquico Áreas de projeção dos brônquios principais + + + +++

Som Regiões esternal superior e interescapulo- ++ ++


broncovesicular vertebral superior

Murmúrio Periferia dos pulmões +++ ++


vesicular

A diminuição do murmúrio vesicular pode resultar de numerosas causas, entre as quais se


destacam: presença de ar (pneumotórax), líquido (hidrotórax) ou tecido sólido (espessamento
pleural) na cavidade pleural; enfisema pulmonar, dor torácica de qualquer etiologia que impeça
ou diminua a movimentação do tórax, obstrução das vias respiratórias superiores (espasmo ou
edema da glote, obstrução da traqueia), oclusão parcial ou total de brônquios ou bronquíolos.
Constitui importante alteração do murmúrio vesicular o prolongamento da fase expiratória,
que, em condições normais, é mais curta e mais suave que a fase inspiratória (Figura 2). Este
prolongamento da expiração aparece na asma brônquica em crise e na DPOC avançada,
traduzindo de modo objetivo a dificuldade de saída do ar.

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