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Obras Escolhidas J.V.

Stalin

Apelo do Conselho do Comissariado


do Povo aos Muçulmanos Trabalhadores
da Rússia e do Oriente
Apelo do Conselho do Comissariado do Povo aos
Muçulmanos Trabalhadores da Rússia e do Oriente1
3 de dezembro de 1917

Camaradas! Irmãos!
Grandes eventos estão acontecendo na Rússia! O fim está se aproximando da
guerra assassina, iniciada pelas barganhas de potências estrangeiras. O governo
dos saqueadores que exploram os povos do mundo está titubeando. A antiga
cidadela da escravidão e da servidão está desmoronando sob os golpes da revolução
russa. O mundo da violência e opressão está se aproximando de seus últimos dias.
Um novo mundo está nascendo, um mundo dos trabalhadores e dos libertos. À
frente desta revolução está o Governo dos trabalhadores e camponeses da Rússia,
o Conselho dos Comissários do Povo.
Conselhos revolucionários de deputados operários, soldados e camponeses estão
espalhados por toda a Rússia. O poder no país está nas mãos do povo. As massas
trabalhadoras da Rússia ardem com o único desejo de alcançar uma paz honrosa
e de ajudar os povos oprimidos do mundo a conquistar sua liberdade.
A Rússia não está sozinha nesta causa sagrada. O poderoso apelo à liberdade
soado pela revolução russa foi aceito por todos os trabalhadores do Oriente e do
Ocidente. Os povos da Europa, exaustos pela guerra, já nos estendem as mãos,
no nosso trabalho pela paz. Os trabalhadores e soldados do Ocidente já estão se
reunindo sob a bandeira do socialismo, atacando as fortalezas do imperialismo.
Mesmo a longínqua Índia, aquela terra oprimida pelos ladrões europeus ”ilumina-
dos”por tantos séculos, elevou o estandarte da revolta, organizando seus conselhos
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KLYUCHINIKOV, Yu. V.; SABANIN, Andrey. Mezhdunarodnaya politika noveyshego vremeni v dogovorakh,
notakh i deklaratsiyakh (Política Contemporânea Internacional: tratados, notas e declarações). Moscou: Commis-
sariat of Foreign Affairs Publishing House, 1926: vol II, pgs. 94-96

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de deputados, jogando de seus ombros o odiado jugo da escravidão e convocando
os povos do Oriente à luta e à liberdade.
O império da pilhagem capitalista e da violência está caindo em ruínas. O chão
está escorregando sob os pés dos ladrões imperialistas.
Diante desses grandes eventos, voltamo-nos para vocês, muçulmanos labutado-
res e deserdados da Rússia e do Oriente.
Muçulmanos da Rússia, tártaros do Volga e da Crimeia, Quirguizes e Sartos
da Sibéria e Turquestão, turcomanos e tártaros da Transcaucásia, chechenos e
cossacos das montanhas! Todos vocês, cujos santuários das mesquitas foram des-
truídos, cuja fé e costumes foram violados pelos czares e opressores da Rússia!
Daqui em diante suas crenças e costumes, suas instituições nacionais e culturais,
são declarados livres e invioláveis! Construa sua vida nacional livremente e sem
obstáculos. É seu direito. Saibam que seus direitos, como os de todos os povos da
Rússia, serão protegidos pelo poder da revolução, pelos Conselhos de Deputados
Operários, Soldados e Camponeses!
Apoie esta revolução e seu governo autorizado!
Muçulmanos do Oriente! Persas, turcomanos, árabes e hindus. Todos vocês de
cujas vidas e propriedades, de cuja liberdade e terra natal os vorazes saqueadores
europeus fizeram comércio durante séculos! Todos vocês cujos países os ladrões
que começaram a guerra desejam agora compartilhar entre si! Declaramos que os
tratados secretos do czar destronado sobre a anexação de Constantinopla, confir-
mados pelo deposto Kerensky, são agora nulos e sem efeito. A República Russa e
seu governo, o Conselho dos Comissários do Povo, opõem-se à apreensão de terri-
tório estrangeiro; Constantinopla deve permanecer nas mãos dos muçulmanos.
Declaramos que o tratado para a partição da Pérsia é nulo e sem efeito. Ime-
diatamente após a cessação das operações militares, as tropas serão retiradas da
Pérsia e os persas terão garantido o direito de determinar livremente seu próprio
destino.
Declaramos que o tratado para a partição da Turquia, que iria despojá-la da

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Armênia, é nulo e sem efeito. Imediatamente após a cessação das operações mili-
tares, os armênios terão garantido o direito de determinar livremente seu destino
político.
Não é da Rússia e de seu governo revolucionário que você deve temer a escravi-
dão, mas dos ladrões imperialistas europeus, daqueles que devastaram suas terras
nativas e as converteram em suas colônias.
Derrubem esses ladrões e escravizadores de seus países! Agora, quando a guerra
e a desolação estão demolindo os pilares da velha ordem, quando o mundo inteiro
está ardendo de indignação contra os bandidos imperialistas, quando a menor
centelha de descontentamento explode em uma poderosa chama da revolução,
quando até mesmo os muçulmanos indianos, oprimidos e atormentados pelo jugo
estrangeiro, estão se rebelando contra seus feitores de escravos - agora é impossível
ficar em silêncio. Não perca tempo em jogar fora o jugo dos antigos opressores de
sua terra! Não mais os permitam violar seus lares! Vocês devem ser mestres em
sua própria terra! Vocês mesmos devem organizar sua vida como acharem melhor!
Vocês têm o direito de fazer isso, pois seus destinos estão em suas próprias mãos!
Camaradas! Irmãos!
Avancemos com firmeza e determinação para uma paz justa e democrática!
Inscrevemos a libertação dos povos oprimidos do mundo em nossas bandeiras!
Muçulmanos da Rússia!
Muçulmanos do Oriente!
Esperamos sua simpatia e apoio na obra de regeneração do mundo.
Comissariado dos Povos
Josef Dzhugashvili (Stalin).

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