Você está na página 1de 93

Soluções dos exercícios de Análise do livro de

Elon Lages Lima: Curso de análise vol.1.

Rodrigo Carlos Silva de Lima ‡

rodrigo.uff.math@gmail.com

26 de junho de 2021
2
Sumário

1 Soluções-Curso de análise vol.1 5


1.1 Notações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Capítulo 1-Conjuntos e Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.3 Capítulo 2-Conjuntos finitos, Enumeráveis e não-enumeráveis . . . . 11
1.4 Capítulo 3 -Números reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.5 Capítulo 4-Sequências e Séries de Números Reais . . . . . . . . . . . 53
1.6 Capítulo 5-Topologia da reta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
1.7 Capítulo 8-Derivadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
1.8 Capítulo 8-Sequências e séries de funções . . . . . . . . . . . . . . . 87

3
4 SUMÁRIO
Capítulo 1

Soluções-Curso de análise vol.1

Esse texto ainda não se encontra na sua versão final, sendo, por enquanto, consti-
tuído apenas de anotações informais. Sugestões para melhoria do texto, correções da
parte matemática ou gramatical eu agradeceria que fossem enviadas para meu Email
rodrigo.uff.math@gmail.com.
Se houver alguma solução errada, se quiser contribuir com uma solução diferente
ou ajudar com uma solução que não consta no texto, também peço que ajude enviando
a solução ou sugestão para o email acima, colocarei no texto o nome da pessoa que
tenha ajudado com alguma solução. Espero que esse texto possa ajudar alguns alunos
que estudam análise pelo livro do Elon.

1.1 Notações
Denotamos (xn ) uma sequência (x1 , x2 , ∙ ∙ ∙ ). Uma n upla (x1 , x2 , ∙ ∙ ∙ , xn ) podemos
denotar como (xk )n
1 .
O conjunto de valores de aderência de uma sequência (xn ) iremos denotar como
A[xn ].
Usaremos a abreviação PBO para princípio da boa ordenação.
Denotamos f(x + 1) − f(x) = Δf(x).
Usando a notação Qxn = xxn+ n
1
.
Ac para o complementar do conjunto A.

1.2 Capítulo 1-Conjuntos e Funções


Questão 1
b Propriedade 1 Dados A e B, seja X com as propriedades

• A ⊂ X, B ⊂ X.

5
6 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

• Se A ⊂ Y e B ⊂ Y então X ⊂ Y.

Nessas condições X = A ∪ B, a união A ∪ B é o menor conjunto com subconjuntos A


e B.
ê Demonstração. Usamos a seguinte propriedade:

• Se A é subconjunto de X e B é subconjunto de X então, todos elementos de A e


B são também elementos de X, isto é, A ∪ B ⊂ X.
A primeira condição implica que A ∪ B ⊂ X. A segunda condição com Y = A ∪ B
implica X ⊂ A ∪ B. Das duas segue que A ∪ B = X.

Questões 2,3 e 4
b Propriedade 2 A ∩ B é o menor subconjunto de A e B.
Seja X com

• X ⊂ AeX ⊂ B

• Se Y ⊂ A e Y ⊂ B então Y ⊂ X.

Nessas condições X = A ∩ B.

ê Demonstração. Da primeira condição temos que X ⊂ A ∩ B. Da segunda


tomando Y = A ∩ B, que satisfaz Y ⊂ A e Y ⊂ B, então

A∩B⊂X

logo pelas duas inclusões A ∩ B = X.

b Propriedade 3 Sejam A, B ⊂ E. então

A ∩ B = ∅ ⇔ A ⊂ Bc .

ê Demonstração. Temos que E = B ∪ Bc onde B ∩ Bc = ∅.


⇒).
Suponha por absurdo que A ∩ B = ∅ e não vale A ⊂ Bc , então existe a ∈ A tal
que a ∈
/ Bc e por isso a ∈ B, mas daí A ∩ B 6= ∅ absurdo.
⇐).
Suponha a ∈ A ∩ B então a ∈ A ⊂ Bc e a ∈ B o que é absurdo pois B e Bc são
disjuntos.
1.2. CAPÍTULO 1-CONJUNTOS E FUNÇÕES 7

$ Corolário 1 Vale que A ∪ B = E ⇔ Ac ⊂ B.


Pois
A ∪ B = E ⇔ Ac ∩ Bc = ∅ ⇔
pelo resultado anterior
Bc ⊂ (Ac )c ⇔ Ac ⊂ B.
| {z }
A

$ Corolário 2 Sejam A, B ⊂ E. A ⊂ B ⇔ A ∩ Bc = ∅.
Sabemos que A ∩ W = ∅ ⇔ A ⊂ W c por resultado que já mostramos, tomando
W = Bc temos o resultado que desejamos.

Questão 5
Z Exemplo 1 Dê exemplo de conjuntos A, B, C tais que
(A ∪ B) ∩ C 6= A ∪ (B ∩ C).

Sejam A = B 6= ∅ e C tal que C ∩ A = ∅. Então

(A ∪ B) ∩ C = A ∩ C = ∅ 6= A ∪ (B ∩ C) = A ∪ ∅ = A.

Questão 6
b Propriedade 4 Se A, X ⊂ E tais que A ∩ X = ∅ e A ∪ X = E então X = Ac .

ê Demonstração. Pelo que já mostramos A∩X = ∅ então X ⊂ Ac . De A∪X = E


temos Ac ⊂ X, como temos Ac ⊂ X e X ⊂ Ac então tem-se a igualdade X = Ac .

Questão 7
b Propriedade 5 Se A ⊂ B então B ∩ (A ∪ C) = (B ∩ C) ∪ A ∀ C.
Se existe C tal que B ∩ (A ∪ C) = (B ∩ C) ∪ A então A ⊂ B.

ê Demonstração. Vamos mostrar a primeira afirmação. Seja x ∈ B ∩ (A ∪ C),


então x ∈ B e x ∈ A ∪ C. Se x ∈ A então x ∈ (B ∩ C) ∪ A e terminamos, se x ∈ /A
então x ∈ B e x ∈ C e terminamos novamente pois é elemento de B ∩ C.
Agora a outra inclusão. Se x ∈ (B ∩ C) ∪ A então x ∈ A ou x ∈ B ∩ C. Se x ∈ A
terminamos. Se x ∈/ A então x ∈ B ∩ C e daí pertence à B ∩ (A ∪ C) como queríamos
demonstrar.
Agora a segunda propriedade. Suponha por absurdo que A 6⊂ B então existe x ∈
A tal que x ∈
/ B, tal x pertence à (B ∩ C) ∪ A porém não pertence à B ∩ (A ∪ C)
portanto não temos a igualdade, absurdo!.

Questão 8
8 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

b Propriedade 6 Vale que A = B ⇔ (A ∩ Bc ) ∪ (Ac ∩ B) = ∅.

ê Demonstração.
⇐). Se (A ∩ Bc ) ∪ (Ac ∩ B) = ∅ então A ∩ Bc = ∅ e Ac ∩ B = ∅, logo por
resultados que já provamos A ⊂ B da primeira relação e B ⊂ A da segunda, portanto
A = B.
⇒). Se A = B então A ∩ Bc = Ac ∩ B = ∅.

Questão 9
b Propriedade 7 Vale que (A \ B) ∪ (B \ A) = (A ∪ B) \ (A ∩ B).

ê Demonstração. Vamos provar as duas inclusões.


Seja x ∈ (A \ B) ∪ (B \ A). Tal união é disjunta, pois se houvesse um em ambos
conjuntos, então pelo primeiro x ∈ A, x ∈ / B pelo segundo x ∈ B, x ∈
/ A absurdo.
Se x ∈ A \ B logo x ∈ A, x ∈ / B portanto x ∈ A ∪ B e x ∈ / A ∩ B logo x ∈
(A ∪ B) \ (A ∩ B), o caso de x ∈ (B \ A) também implica inclusão por simetria (trocar
A por B não altera).
Se x ∈ A ∪ B \ A ∩ B então x ∈ A ou x ∈ B e x ∈ / A ∩ B logo x ∈ / Ae
B simultaneamente, isso significa que x ∈ A ou x ∈ B exclusivamente logo x ∈
(A \ B) ∪ (B \ A).

Questão 10
b Propriedade 8 Se

(A ∪ B) \ (A ∩ B) = (A ∪ C) \ (A ∩ C)

então B = C, isto é, vale a lei do corte para AΔB = AΔC.

ê Demonstração. Suponha que B 6= C, suponha sem perda de generalidade que


/ C. Vamos analisar casos.
x ∈ B, x ∈
Se x ∈/ A então x ∈
/ (A ∪ C) \ (A ∩ C) porém x ∈ (A ∪ B) \ (A ∩ B).
Se x ∈ A então x ∈/ A ∪ B \ (A ∩ B) e x ∈ (A ∪ C) \ (A ∩ C), portanto não vale a
igualdade dos conjuntos.
Logo devemos ter B = C.

Questão 11
b Propriedade 9 Valem as seguintes propriedades do produto cartesiano .

1. (A ∪ B) × C = (A × C) ∪ (B × C).

2. (A ∩ B) × C = (A × C) ∩ (B × C).
3. (A \ B) × C = (A × C) \ (B × C).
4. Se A ⊂ A 0 e B ⊂ B 0 então A × B ⊂ A 0 × B 0 .
1.2. CAPÍTULO 1-CONJUNTOS E FUNÇÕES 9

ê Demonstração.

1. Seja (x, y) ∈ (A ∪ B) × C, temos que y ∈ C se x ∈ A então (x, y) ∈ (A × C),


se x ∈ B então (x, y) ∈ (B × C) então vale (A ∪ B) × C ⊂ (A × C) ∪ (B × C).
Agora a outra inclusão.
Temos que (A × C) ⊂ (A ∪ B) × C pois um elemento do primeiro é da forma
(x, y) com x ∈ A e y ∈ C que pertence ao segundo conjunto, o mesmo para
(B × C).

2. Tomamos (x, y) ∈ (A∩B)×C, então x ∈ A e x ∈ B, y ∈ C, logo (x, y) ∈ A×C


e (B × C) provando a primeira inclusão, agora a segunda.
(x, y) ∈ (A × C) ∩ (B × C) então x ∈ A e B, y ∈ C logo (x, y) ∈ (A ∩ B) × C.

3. Sendo (x, y) ∈ (A \ B) × C então x ∈ A, x ∈/ B e y ∈ C logo (x, y) ∈ (A × C) e


não pertence à B × C pois para isso seria necessário x ∈ B o que não acontece.
Agora a outra inclusão, se (x, y) ∈ (A × C) \ (B × C) então x ∈ A e y ∈ / C
porém x não pode pertencer à B pois estão sendo retirados elementos de B × C
então vale a outra inclusão.

4. Seja (x, y) ∈ A × B então pelas inclusões A ⊂ A 0 e B ⊂ B 0 temos x ∈ A 0 e


y ∈ B 0 portanto (x, y) ∈ A 0 × B 0 .

Questão 12
b Propriedade 10 Seja f : A → B , então valem

1.
f(X) \ f(Y) ⊂ f(X \ Y)
X, Y subconjuntos de A.

2. Se f for injetiva então f(X \ Y) = f(X) \ f(Y).

ê Demonstração.

1. Seja z ∈ f(X) \ f(Y) então z = f(x) e não existe y ∈ Y tal que z = f(y) então
z ∈ f(X \ Y) pois é imagem de um elemento x ∈ X \ Y.

2. Já sabemos que vale a inclusão f(X) \ f(Y) ⊂ f(X \ Y). Vamos provar agora a
outra inclusão f(X \ Y) ⊂ f(X) \ f(Y). Seja z ∈ f(X \ Y) então existe x ∈ X \ Y
portanto x ∈ X e x ∈ / Y tal que f(x) = z. Se z ∈ f(Y) então existiria y ∈ Y tal
que f(y) = z mas como f é injetora x = y o que contraria x ∈ X \ Y, logo vale a
outra inclusão e o resultado fica provado .

Questão 13
10 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

b Propriedade 11 f : A → B é injetora ⇔ f(A \ X) = f(A) \ f(X) ∀ X ⊂ A.

ê Demonstração.
⇒). Já fizemos na propriedade anterior.
⇐). Suponha por absurdo que f não é injetiva então existem a 6= x tais que f(x) =
f(a), seja X = {x}, vale que f(a) ∈ f(A \ X) pois a ∈ A, a ∈ / X = {x} porém
/ f(A) \ f(X) então não vale a igualdade, o que é absurdo.
f(a) ∈

Questão 14
b Propriedade 12 Dada f : A → B então

1. ∀ X ⊂ A temos X ⊂ f−1 (f(X)).


2. f é injetora ⇔ f−1 (f(X)) = X ∀ X ⊂ A.

ê Demonstração.

1. f−1 (f(X)) é o conjunto dos elementos x ∈ A tal que f(x) ∈ f(X) então vale
claramente que X ⊂ f−1 (f(X)), pois dado a ∈ X tem-se que f(a) ∈ f(X).
2. ⇒). Suponha f injetora, já sabemos que X ⊂ f−1 (f(X)) pelo item anterior, va-
mos provar agora que f−1 (f(X)) ⊂ X suponha por absurdo que exista y ∈ / X
tal que f(y) ∈ f(X), f(y) = f(x) para y ∈ / X e x ∈ X, então f não é injetora
o que contraria a hipótese então deve valer a inclusão que queríamos mostrar e
portanto a igualdade dos conjuntos.

⇐). Suponha que f−1 f(X) = X, ∀ X ⊂ A, vamos mostrar que f é injetora.


Suponha que f não é injetora então existem x 6= y tais que f(x) = f(y), sendo
X = {x}, Y = {y} daí f−1 f(X) 6⊂ X pois Y ⊂ f−1 f(X), Y 6⊂ X. O que é absurdo
então f é injetora.

Questão 15
b Propriedade 13 Seja f : A → B, então vale que

1. Para todo Z ⊂ B, tem-se f(f−1 (Z)) ⊂ Z.


2. f é sobrejetiva ⇔, f(f−1 (Z)) = Z ∀ Z, Z ⊂ B.

ê Demonstração.

1. f−1 (Z) é subconjunto de A que leva elemento em Z por f, então é claro que a
imagem de tal conjunto por f está contida em Z.
2. ⇒ ) Suponha que f seja sobrejetiva. Já sabemos que para qualquer função f vale
que f(f−1 (Z)) ⊂ Z, em especial vale para f sobrejetiva, temos que provar que se
f é sobrejetiva, vale a outra inclusão Z ⊂ f(f−1 (Z)).
1.3. CAPÍTULO 2-CONJUNTOS FINITOS, ENUMERÁVEIS E NÃO-ENUMERÁVEIS 11

Seja z 0 ∈ Z arbitrário então, existe x ∈ A tal que f(x) = z 0 , pois f é sobrejetora


, daí x ∈ f−1 (Z), pois tal é o conjunto de A que leva elementos em Z, mas isso
significa também que Z ⊂ f(f−1 (Z)), pois um z 0 ∈ Z arbitrário é imagem de
elemento de f−1 (Z), como queríamos demonstrar.
⇐). Suponha que vale f(f−1 (Z)) = Z, ∀ Z ⊂ B, vamos mostrar que f : A → B
é sobrejetiva . Seja y ∈ B qualquer, tomamos Z = {y}, temos que f(f−1 (Z)) =
Z , em especial Z ⊂ f(f−1 (Z)), portanto f(f−1 (Z)) não é vazio e daí f−1 (Z)
também não é vazio, sendo esse último o conjunto dos elementos x ∈ A tais que
f(x) = z, logo f é sobrejetiva, pois z ∈ Z foi um elemento arbitrário tomado no
contradomínio é imagem de pelo menos um elemento de A.

1.3 Capítulo 2-Conjuntos finitos, Enumeráveis e não-enumeráveis


Questão 1

‡ Axioma 1 Existe uma função s : N → N injetiva, chamada de função sucessor, o número


natural s(n) é chamado sucessor de n.

$ Corolário 3 Como s é uma função, então o sucessor de um número natural é único,


isto é, um número natural possui apenas um sucessor.

‡ Axioma 2 Existe um único número natural que não é sucessor de nenhum outro natural, esse
número simbolizamos por 1.

‡ Axioma 3 (Axioma da indução) Dado um conjunto A ⊂ N, se 1 ∈ A e ∀ n ∈ A tem-se


s(n) ∈ A então A = N.

b Propriedade 14 Supondo os axiomas 1 e 2 então o axioma 3 é equivalente a proposi-


ção: Para todo subconjunto não vazio A ⊂ N tem-se A \ S(A) 6= ∅.

ê Demonstração.
⇒). Supondo o axioma (3) válido. Suponha por absurdo que exista A 6= ∅, A ⊂ N
tal que A \ S(A) = ∅ então A ⊂ S(A), isto é, ∀ x ∈ A existe y ∈ A tal que
x = s(y). Sabemos que 1 ∈ / A, pois se não 1 ∈ A \ S(A). Se n ∈ / A, vamos mostrar
que s(n) ∈/ A. Se fosse s(n) ∈ A, chegaríamos em uma contradição com A ⊂ S(A),
pois deveria haver y ∈ A tal que s(y) = s(n) e por injetividade seguiria y = n ∈ A, o
que contraria a hipótese, logo S(n) ∈/ A, A é vazio pois não contém nenhum número
natural, mas consideramos que A não é vazio como hipótese, absurdo!.
⇐).
Pelo axioma 2 temos que 1 é o único elemento de N \ S(N), pelo axioma 1 temos
que S(N) ⊂ N daí temos N = {1} ∪ S(N) o que implica 1 ∈ A, ∀ n ∈ N s(n) ∈ A ⇔
A = N.
12 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Questão 2
b Propriedade 15 Dados m e n naturais então existe x natural tal que

x.n > m.

ê Demonstração. Vale n > 1 daí multiplicando por m + 1 segue (m + 1)n >


m + 1 > m logo (m + 1)n > n.

Questão 3
b Propriedade 16 Seja n0 ∈ N. Se A ⊂ N tal que n0 ∈ A e n ∈ A ⇒ n + 1 ∈ A
então todo x ∈ N com x > a pertence à A.

ê Demonstração. Se a = 1 nada temos a fazer pois A = N. Se a > 1 então


a = b + 1 é sucessor de b. Vamos mostrar que b + n ∈ A ∀ n ∈ N. Sabemos que
b + 1 ∈ A. Supondo que b + n ∈ A então b + (n + 1) ∈ A daí por indução segue
que b + n ∈ A ∀ n ∈ N. Lembrando que x > b significa que existe p natural tal que
b + p = x, como b + p ∈ A ∀ p ∈ N então x ∈ A. Outro fato que usamos é que se
x > b então x > b + 1 = a pois não existe natural entre b e b + 1, b ∈ N.

Questão 5

m Definição 1 (Antecessor) m ∈ N é antecessor de n ∈ N quando m < n mas não


existe c ∈ N tal que m < c < n.

b Propriedade 17 1 não possui antecessor e qualquer outro número natural possui an-
tecessor.

ê Demonstração. Não vale m < 1 para algum natural m, logo 1 não possui ante-
cessor. Agora para todo outro n ∈ N vale n > 1 logo existe p ∈ N tal que p + 1 = n,
vamos mostrar que p = m é o antecessor de n. Vale p < p + 1, logo a primeira con-
dição é satisfeita, a segunda condição também é satisfeita pois não existe c ∈ N tal
que p < c < p + 1. Vamos mostrar agora que existe um único antecessor. Suponha
existência de dois antecessores m e m 0 distintos então existe um deles que é o maior,
digamos m 0 , daí m < m 0 e m 0 < n por transitividade segue m < m 0 < n o que
contraria a definição de antecessor, então existe um único.

Questão 6
Questão 6 a)
b Propriedade 18 Mostrar que
n
X n(n + 1)
k= .
2
k=1
1.3. CAPÍTULO 2-CONJUNTOS FINITOS, ENUMERÁVEIS E NÃO-ENUMERÁVEIS 13

ê Demonstração. Por indução sobre n. Para n = 1 a igualdade vale pois


1
X 1 ( 2)
k=1= .
2
k=1

Supondo a validade para n


n
X n(n + 1)
k=
2
k=1
vamos provar para n + 1
X1
n+
(n + 1)(n + 2)
k= .
2
k=1
Por definição de somatório temos
X1
n+ n
X n(n + 1) n (n + 1)(n + 2)
k = (n + 1) + k = (n + 1) + = (n + 1)(1 + ) =
2 2 2
k=1 k=1

onde usamos a hipótese da indução .

Questão 6 b)
b Propriedade 19 Mostrar que
n
X
( 2k − 1 ) = n 2 .
k=1

ê Demonstração. Por indução sobre n. Para n = 1 temos


1
X
( 2 k − 1 ) = 2. 1 − 1 = 1 = 1 2 .
k=1

supondo a validade para n,


n
X
( 2k − 1) = n 2
k=1
vamos provar para n + 1
X1
n+
(2k − 1) = (n + 1)2 .
k=1
Usando a definição de somatório e hipótese da indução tem-se
X1
n+ n
X
( 2k − 1 ) = (2k − 1) + 2n + 1 = n2 + 2n + 1 = (n + 1)2 .
k=1 k=1

Questão 6 c)
14 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Z Exemplo 2 Mostrar por indução que


n
X
(a − 1) ak = an+1 − 1.
k=0

Para n = 1 temos
1
X
(a − 1) ak = (a − 1)(a + 1) = a2 − 1.
k=0

P n+1
P 1 k
Supondo que (a − 1) n k
k=0 a = a − 1 vamos provar que (a − 1) n+
k=0 a =
an+2 − 1. Por definição de somatório e pela hipótese da indução temos

X1
n+ n
X
(a−1) ak = (a−1)an+1 +(a−1) ak = an+2 −an+1 +an+1 −1 = an+2 −1.
k=0 k=0

Questão 6 d)
Z Exemplo 3 Mostre que se n > 4 então n! > 2n.
Para n = 4 vale 4! = 24 > 24 = 16. Suponha validade para n , n! > 2n , vamos
provar para n + 1, (n + 1)! > 2n+1 . Multiplicando n! > 2n por n + 1 de ambos lados
segue que
(n + 1)! > (n + 1) 2n > 2.2n = 2n+1 .
| {z }
>2

Questão 7
b Propriedade
Q 20 (Unicidade da fatoração em primos) Seja n ∈ N, n > 1. Se
Q
n= m k=1 pk =
s
k=1 qk onde cada pk e qk são primos, não necessariamente distintos
então m = s e pk = qk ∀ k , após, se necessário, uma renomeação dos termos.

ê Demonstração. Vamos provar usando o segundo princípio da indução, para


n = 2 a propriedade vale. Suponha a validade para todo t < n vamos provar que
nessas condições vale para n.

Y1
m− s−1
Y
n = pm pk = qs qk
k=1 k=1
Q
pm divide o produto sk=1 qk então deve dividir um dos fatores, por exemplo qs (se
não, renomeamos os termos), como pm |qs então pm = qs
Y1
m− s−1
Y Y1
m− s−1
Y
pm pk = pm qk ⇒ pk = q k = n0 < n
k=1 k=1 k=1 k=1

como n0 é menor que n, usamos a hipótese da indução, que implica m − 1 = s − 1,


qk = pk de k = 1 até m − 1, daí segue que m = n e qk = pk de k = 1 até m.
1.3. CAPÍTULO 2-CONJUNTOS FINITOS, ENUMERÁVEIS E NÃO-ENUMERÁVEIS 15

questão 8
b Propriedade 21 Sejam A e B conjuntos com n elementos, então o número de bijeções
de f : A → B é n!
ê Demonstração.
Por indução sobre n, para n = 1, tem-se uma função A = {a1 } e B = {b1 }, f : A →
B tal que f(a1 ) = b1 . Supondo a validade para conjuntos com n elementos, vamos
provar que vale para conjuntos com n + 1 elementos. Tomando A = {ak , k ∈ In+1 }
e B = {bk , ∈ In + 1}, dado s ∈ In+1 , fixamos as bijeções f com f(a1 ) = bs daí a
quantidade dessas funções é dada pela quantidade de bijeções de A \ {a1 } em B \ {bs },
que é n! para cada s variando de 1 até n + 1, o total então é (n + 1)n! = (n + 1)!.

$ Corolário 4 O mesmo vale se A = B.

Questão 9
Questão a)
b Propriedade 22 Se A e B são finitos e disjuntos com |A| = n e |B| = m então A∪B
é finito com |A ∪ B| = m + n.
ê Demonstração. Existem bijeções f : In → A, g : Im → B. Definimos h :
Im+n → A ∪ B como h(x) = f(x) se 1 6 x 6 n e h(x) = g(x − n) se 1 + n 6 x 6
m + n (1 6 x − n 6 m), como h é bijeção segue o resultado.

b Propriedade 23 Se A e B são conjuntos finitos não necessariamente disjuntos vale a


relação
|A ∪ B| = |A| + |B| − |A ∩ B|.
ê Demonstração. Escrevemos A como a união disjunta A = (A \ B) ∪ (A ∩ B),
daí |A| − |A ∩ B| = |A \ B| agora escrevemos A ∪ B = (A \ B) ∪ B, união disjunta
logo
|A ∪ B| = |A \ B| + |B|
usando a primeira expressão segue que
|A ∪ B| = |A| + |B| − |A ∩ B|.

b Propriedade 24 Se A e B são conjuntos finitos não necessariamente disjuntos vale a


relação
|A ∪ B| = |A| + |B| − |A ∩ B|.
ê Demonstração. Escrevemos A como a união disjunta A = (A \ B) ∪ (A ∩ B),
daí |A| − |A ∩ B| = |A \ B| agora escrevemos A ∪ B = (A \ B) ∪ B, união disjunta
logo
|A ∪ B| = |A \ B| + |B|
usando a primeira expressão segue que
|A ∪ B| = |A| + |B| − |A ∩ B|.
16 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Questão b)
$ Corolário 5 Podemos deduzir a identidade para três conjuntos
|A ∪ B ∪ C|,

tomamos B 0 = B ∪ C e aplicamos o resultado para dois conjuntos

|A ∪ B ∪ C| = |A| + |B ∪ C| − |A ∩ [B ∪ C]| =

= |A|+|B|+|C|−|B∩C|−|[A∩B]∪[A∩C]| = |A|+|B|+|C|−|B∩C|−|A∩B|−|A∩C|+|A∩B∩C|
logo

|A ∪ B ∪ C| = |A| + |B| + |C| − |B ∩ C| − |A ∩ B| − |A ∩ C| + |A ∩ B ∩ C|

Questão c)
b Propriedade 25 (Princípio da inclusão- exclusão) Sejam n conjuntos finitos (Ak )1n ,
seja I o multiconjunto das combinações das interseções desses n conjuntos, então
n
[ X
| Ak | = |K|(−1)nk
k=1 K∈I

onde onde nk é o número de interseções em K.

Questão 10
b Propriedade 26 Seja A finito. Existe uma bijeção g : In → A para algum n, pois
A é finito, a função f : A → A é injetiva ou sobrejetiva ⇔ g−1 ◦ f ◦ g : In → In é
injetiva ou sobrejetiva, respectivamente.

ê Demonstração.
⇒). Se f é injetiva ou sobrejetiva então g−1 ◦ f ◦ g : In → In é injetiva ou sobre-
jetiva, por ser composição de funções com essas propriedades.
⇐). Seja g−1 ◦ f ◦ g : In → In sobrejetiva vamos mostrar que f também é sobreje-
tiva. Dado y ∈ A vamos mostrar que existe x ∈ A tal que f(x) = y. Como g : In → A
é sobrejetiva então existe x1 ∈ In tal que g(x1 ) = y e pelo fato de g−1 ◦ f ◦ g ser sobre-
jetiva então existe x2 ∈ In tal que g−1 (f(g(x2 ))) = x1 = g−1 (y) como g−1 é injetiva
segue que f(g(x2 )) = y logo f é sobrejetiva.
Se g−1 ◦ f ◦ g é injetiva então f é injetiva. Sejam x, y quaisquer em A, existem
x1 , x2 ∈ In tais que g(x1 ) = x, g(x2 ) = y. Vamos mostrar que se f(x) = f(y) então
x = y.
Se f(x) = f(y) então f(g(x1 )) = f(g(x2 )) e g−1 (f(g(x1 ))) = g−1 (f(g(x2 ))) com
−1
g ◦ f ◦ g segue que x1 = x2 que implica g(x1 ) = g(x2 ), isto é, x = y.
1.3. CAPÍTULO 2-CONJUNTOS FINITOS, ENUMERÁVEIS E NÃO-ENUMERÁVEIS 17

b Propriedade 27 Seja A um conjunto finito. f : A → A é injetiva ⇔ é sobrejetiva.

ê Demonstração.
⇒).
Consideramos o caso f : In → In , se f for injetiva então f : In → f(In ) é uma
bijeção com f(In ) ⊂ In . fn não pode ser parte própria de In pois se não f−1 (In ) → In
seria bijeção de um conjunto com sua parte própria, logo f(In ) = In e f : In → In é
bijeção.
⇐). Se f for sobrejetiva então para cada y ∈ In (imagem) podemos escolher x ∈
In (domínio) tal que f(x) = y e daí definir g : In → In tal que g(y) = x, g é injetiva,
pois f é função, logo pelo resultado já mostrado g é bijetora, implicando que f também
é.

Questão 11
b Propriedade 28 (Princípio das gavetas de Dirichlet- POun
princípio da casas dos pombos.)
Se temos m conjuntos (Ak )m 1 e n elementos n > m, com k=1 |Ak | = n então existe
At em (Ak )m 1 tal que |At | > 1.
Esse resultado diz que se temos n elementos e m conjuntos tais que n > m então deve
haver um conjunto com pelo menos 2 elementos.
P
ê Demonstração. Supondo que |Ak | 6 1 ∀ k então aplicando a soma n k=1 em
ambos lados dessa desigualdade temos
n
X
n= |Ak | 6 m ⇒ n 6 m
k=1

o que contraria a hipótese de n > m ,portanto deve valer |At | > 1 para algum t ∈ In .

Questão 12
b Propriedade 29 Q Seja A um conjunto com n elementos, então o número de funções
1
injetivas f : Ip → A é p−k=0 (n − k).

ê Demonstração. Se p > n o resultado vale pois não existe função injetiva de


f : Ip → A, pois se não f : Ip → f(A) seria bijeção e f(A) ⊂ A daí A iria possuir um
subconjunto com p elementos que é maior que o número de elementos de A, o que é
absurdo. Iremos provar o resultado para outros valores de p 6 n. Para p = 1 temos
n funções, que são
f 1 ( 1 ) = a1 , f 2 ( 1) = a2 , ∙ ∙ ∙ , fn ( 1 ) = an .
Qp−1
Suponha que para Ip temos Qp k=0 (n − k) funções que são injetivas, vamos mos-
trar que para Ip+1 temos k=0 (n − k) funções. Seja o conjunto das funções f :
Q 1
Ip+1 → A injetivas, podemos pensar o conjunto das f restritas à Ip tendo p− k=0 (n −
k) funções, por hipótese da indução , agora podemos definir essas funções no ponto
Q 1
p + 1, onde temos n − p escolhas, para cada uma dessas escolhas temos p− k=0 (n − k)
Q 1 Qp
funções, portanto temos um total de (n − p) p− k=0 (n − k) = k=0 (n − k) funções.
18 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Questão 13

b Propriedade 30 Se X possui n elementos então tal conjunto possui n
p subconjuntos
com p elementos.

ê Demonstração. Vamos provar por indução  sobre n e p livre. Para n = 0 ele só


possui um subconjunto com 0 elementos 00 = 1 e para outros valores de p > 0 ∈ N

vale p0 = 0.

Suponha que para um conjunto qualquer A com n elementos, temos n p subcon-
juntos, agora podemos obter um conjunto comn+ 1 elementos, adicionando um novo
elemento {an+1 }, continuamos a contar os n p subconjuntos que contamos com ele-
mentos de A e podemos formar mais subconjuntos com p elementos adicionando o
ponto {an+1 } aos conjuntos com p − 1nelementos,
n+1
 que por hipótese da indução temos
p−1 , então temos no total p−1 + p = pela identidade de Stifel, como que-
n n
p
ríamos demonstrar.

Questão 14
b Propriedade 31 Seja |A| = n então |P(A)| = 2n .

ê Demonstração. Por indução sobre n, se n = 1, então A = {a1 } possui dois


subconjuntos que são ∅ e {α1 }. Suponha que qualquer conjunto qualquer B com n ele-
mentos tenha |P(B)| = 2n , vamos provar que um conjunto C com n + 1 elementos
implica |P(C)| = 2n+1 . Tomamos um elemento a ∈ C, C\{a} possui 2n subconjuntos
(por hipótese da indução), sk de k = 1 até k = 2n , que também são subconjuntos de
C, porém podemos formar mais 2n subconjuntos de C com a união do elemento {a},
logo no total temos 2n + 2n = 2n+1 subconjuntos de C e mais nenhum subconjunto,
pois não temos nenhum outro elemento para unir aos subconjuntos dados.

Questão 15
Z Exemplo 4 Existe g : N → N sobrejetiva tal que g−1 (n) é infinito para cada
n ∈ N.
Seja f : N → N definida como f(n) = k se n é da forma n = pα k onde pk é o k-
k

ésimo número primo e f(n) = n caso contrário, f é sobrejetiva e existem infinitos n ∈ N


tais que f(n) = k para cada k natural.

Questão 16
b Propriedade 32 Pn = {A ⊂ N | |A| = n} é enumerável.

ê Demonstração. Definimos a função f : Pn → Nn da seguinte maneira: Dado


A = {x1 < x2 < ∙ ∙ ∙ < xn }, f(A) = (x1 , ∙ ∙ ∙ , xn ). Tal função é injetiva pois dados
A = {xk , k ∈ In } e B = {yk , k ∈ In } não pode valer xk = yk para todo k, pois se
não os conjuntos seriam iguais.
1.3. CAPÍTULO 2-CONJUNTOS FINITOS, ENUMERÁVEIS E NÃO-ENUMERÁVEIS 19

Se trocamos N por outro conjunto X enumerável o resultado também vale, basta


definir uma função f : Pn → Xn e g : X → N injetiva, enumeramos um sub-
conjunto finito qualquer com n elementos A ⊂ X como A = {x1 , ∙ ∙ ∙ , xn } onde
g(x1 ) < g(x2 ) < ∙ ∙ ∙ < g(xn ) e definimos f(A) = (x1 , ∙ ∙ ∙ , xn ).

$ Corolário 6 o conjunto Pf dos subconjuntos finitos de N é enumerável pois



[
Pf = Pk
k=1

é união enumerável de conjuntos enumeráveis. O mesmo vale trocando N por um con-


junto enumerável qualquer A.

Questão 17
b Propriedade 33 X é finito ⇔ existe f : X → X que só admite subconjuntos estáveis
∅ e X.

ê Demonstração. Iremos considerar sempre conjuntos não vazios.


⇒). Suponha X finito, então X = {a1 , ∙ ∙ ∙ , an }, definimos f : X → X como
f(a1 ) = a2 , f(a2 ) = a3 , em geral f(ak ) = ak+1 se k < n e f(an ) = a1 . f não
possui subconjunto estável diferente de X, pois, suponha um conjunto Y 6= X estável,
a1 não pode pertencer ao conjunto, pois se não f(a1 ) = a2 ∈ Y, f(a2 ) = a3 ∈ Y até
f(an−1 ) = an ∈ Y então teríamos Y = X o que é absurdo, da mesma maneira se
at ∈ Y então f(at ) = at+1 ∈ Y, f(at+1 ) = at+2 ∈ Y, em menos de n aplicações da
função teremos f(an−1 ) = an ∈ Y e daí f(an ) = a1 ∈ Y o que implica Y = X, logo
não podemos ter outro subconjunto estável além de X com a função f definida acima.
⇐).
Suponha X infinito, vamos mostrar que qualquer função f : X → X possui sub-
conjunto estável Y 6= X.
Tomamos a1 ∈ X, consideramos f(a1 ) := a2 se a1 = a2 paramos e temos o
conjunto Y = {a1 } 6= X pois X é infinito, se não continuamos a aplica a função
f(a2 ) := a3 , se a3 = a2 ou a1 então paramos e tomamos Y = {a1 , a2 }, continua-
mos o processo recursivamente f(ak ) : ak+1 se ak+1 é igual a algum dos elementos
de {a1 , ∙ ∙ ∙ , ak }, então paramos o processo e tomamos Y = {a1 , ∙ ∙ ∙ , ak }, se para todo
k ∈ N os elementos ak+1 = f(ak ) não pertencem ao conjunto {a1 , ∙ ∙ ∙ , ak }, então
temos um conjunto

= {a2 = f(a1 ), f(a2 ) = a3 , f(a3 ) = a4 , ∙ ∙ ∙ , f(an ) = an+1 , ∙ ∙ ∙ }

tomamos tal conjunto como Y e temos

f(Y) = {f(a2 ) = a3 , f(a3 ) = a4 , ∙ ∙ ∙ , } ⊂ Y

podemos observar que Y 6= X pois a1 ∈


/ Y. Assim concluímos nossa demonstração.
20 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Questão 18
b Propriedade 34 Seja f : A → A injetiva, tal que f(A) 6= A, tomando x ∈ A \
f(A) então os elementos fk (x) de O(x) = {fk (x), k ∈ N} são todos distintos. Estamos
denotando fk (x) pela k-ésima composição de f com ela mesma.

ê Demonstração. Para todo t vale que ft é injetiva, pois a composição de funções


injetivas é injetiva.
Se existisse k 6= t tal que fk (x) = ft (x), t > k , então existe p > 0 ∈ N tal que
t=k+p
fk+p (x) = fk (fp (x)) = fk (x)
por injetividade de fk segue que fp (x) = x, logo x ∈ f(A) o que contraria a hipótese
de x ∈ A \ f(A). Portanto os elementos são distintos.

Questão 19
b Propriedade 35 Se A é infinito então existe função injetiva f : N → A.

ê Demonstração. Podemos definir f indutivamente. TomamosSinicialmente x1 ∈


A e definimos f(1) = x1Se para n ∈ N escolhemos xn+1 ∈ A \ n k=1 {xk } definido
f(n + 1) = xn+1 . A \ n k=1 {xk } nunca é vazio pois A é infinito. f é injetora pois
S 1 Sm−1
tomando m > n tem-se f(n) ∈ m− k=1 {xk } e f(m) ∈ A \ k=1 {xk }.

$ Corolário 7 Existe função injetiva de um conjunto finito B num conjunto infinito


A, usamos o mesmo processo do exemplo anterior, mas o processo para depois de definir
a função |B| pontos.

b Propriedade 36 Sendo A infinito e B finito existe função sobrejetiva g : A → B.

ê Demonstração. Existe função injetiva f : B → A, logo f : B → f(B) ⊂ A é


bijeção, possuindo inversa g−1 : f(B) → B. Considere a função f : A → B definida
como f(x) = g−1 (x) se x ∈ f(B) e f(x) = x1 ∈ B se x ∈
/ f(B), f é função sobrejetiva.

Questão 20
Questão 20-a)
b Propriedade 37 O produto cartesiano finito de conjuntos enumeráveis é enumerável.
Q
ê Demonstração. Seja sk=1 Ak o produto cartesiano dos conjuntos Ak enume-
ráveis, então para cada k existe
Q uma função fk : N → Ak que é sobrejetiva, então
definimos a função f : Ns → sk=1 Ak dada por
f(xk )1s = (fk (xk ))1s
,isto é,
f(x1 , ∙ ∙ ∙ , xs ) = (f1 (x1 ), ∙ ∙ ∙ , fs (xs ))
Q
como tal função é sobrejetiva e Ns é enumerável segue que sk=1 Ak é enumerável.
1.3. CAPÍTULO 2-CONJUNTOS FINITOS, ENUMERÁVEIS E NÃO-ENUMERÁVEIS 21

$ Corolário 8 Se X é finito e Y é enumerável,Qentão F(X, Y) é enumerável. Basta


considerar o caso de X = In , então F(X, Y) = nk=1 Y = Y , que é enumerável.
n

Questão 20-b)
b Propriedade 38 Para cada f : N → N seja Af = {n ∈ N | f(n) 6= 1}. O
conjunto M das funções, f : N → N tais que Af é finito é um conjunto enumerável.

ê Demonstração. Seja Bn o conjunto das f : N → N, tais que |Af | = n, va-


mos mostrar inicialmente que Bn é enumerável. Cada f : N → N é uma sequência
(f(1), f(2), f(3), ∙ ∙ ∙ , f(n), ∙ ∙ ∙ ), os elementos de Bn são as sequências que diferem da
unidade em exatamente n valores. Para cada elemento f de Bn temos n termos dife-
rentes de 1, que serão simbolizados por
f(k1 ), f(k2 ), ∙ ∙ ∙ , f(kn ) onde k1 < k2 < ∙ ∙ ∙ < kn
definimos g : Bn → Nn como
f(k1 ) f(k2 ) f(k )
g(f) = (pk1 , p k2 , ∙ ∙ ∙ , p kn n )
onde cada pt é o t-ésimo primo. A função definida dessa forma é injetora, pois se vale
g(f) = g(h) então
f(k1 ) f(k2 ) f(k ) f(k10 ) f(k20 ) f(k 0 )
(pk1 , p k2 , ∙ ∙ ∙ , pkn n ) = (qk 0 , qk 0 , ∙ ∙ ∙ , qkn0 n )
1 2

por unicidade de fatoração emS∞primos segue que qt = pt e kt = kt0 ∀ t.


Agora escrevemos M = k=1 Bk é uma união enumerável de conjuntos enume-
ráveis, portanto o conjunto das funções f : N → N tais que Af é finito é enumerável.

Questão 21
Z Exemplo 5 Exprimir N = S∞k= Nk onde os conjuntos são infinitos e dois a dois
1
disjuntos.
αk
S∞Tome Nk+1 = {pk , αk ∈ N onde pk ok − simoprimo} e N1 = N \
k=2 Nk , cada um deles é infinito, são disjuntos e sua união dá N.

Questão 22
Z Exemplo 6 f : N × N → N definida como f(m, n) = 2m− (2n − 1) é uma 1

bijeção. Dado um número natural n qualquer, podemos escrever esse número como produto
dos seus fatores primos
Yn n
Y
n= pα
k
k
= 2 α1
. pα
k
k

k=1 k=2

como os primos maiores que 2 são ímpares e o produto de ímpares é um número ímpar então
n = 2m (2n − 1). Agora vamos mostrar que a função é injetora seja f(m, n) = f(p, q)

2 m ( 2n − 1) = 2 p ( 2q − 1)
22 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

se m 6= p os números serão diferentes pela unicidade de fatoração ( 2s − 1 não possui


fatores 2 pois sempre é ímpar), então devemos ter m = p, daí segue que n = q e termina
a demonstração.

Questão 23
b Propriedade 39 Todo conjunto A ⊂ N é enumerável.

ê Demonstração. Se A é finito então A é enumerável. Se A é infinito pode-


mos
Sn enumerar seus elementos da seguinte maneira x1 = min A, xn+1 = min A \
k=1 {xk }, daí

[
A= {xk }
k=1

pois se existisse x ∈ A tal que x 6= xk daí teríamos x > xk para todo k que é ab-
surdo, pois nenhum conjunto infinito de números naturais é limitado superiormente.
A função x definida é injetora e sobrejetora. Vamos mostrar agora que ela é a única
bijeção crescente entre A e N. Suponha outra bijeção crescente f : N → A. Deve
valer f(1) = x1 , pois se fosse f(1) > x1 então f não seria crescente. Supondo que vale
f(k) = xk ∀ k 6 n ∈ N vamos mostrar que f(n + 1) = xn+1 , não pode valer
f(n + 1) < xn+1 com f(n + 1) ∈ A pois a função é injetora e os possíveis termos já
foram usados em f(k) com k < n + 1, não pode valer f(n + 1) > xn+1 pois se não a
função não seria crescente, ela teria que assumir para algum valor x > n + 1 o valor
de xn+1 , a única possibilidade restante é f(n + 1) = xn+1 o que implica por indução
que xn = f(n) ∀ n ∈ N.

Questão 24
b Propriedade 40 Todo conjunto infinito se decompõe como união de uma infinidade
enumerável de conjuntos infinitos, dois a dois disjuntos.

ê Demonstração. Todo conjunto X infinito possui um subconjunto infinito enu-


merável E = {b1 , b2 , ∙ ∙ ∙ , bn , ∙ ∙ ∙ }, tomamos b2k = xk e formamos o conjunto A =
{x1 , x2 , ∙ ∙ ∙ ,S
xn , ∙ ∙ ∙ }. Definimos Bk = {xα
pk , αk ∈ N}, onde pk é o k-ésimo primo e
k

B0 = A \ k=1 B Sk , cada um desses conjuntos B0 , B1 , ∙ ∙ ∙ é infinito e todos são dis-
juntos, vale A = ∞ k=0 Bk , definimos B−1 = (E ∪ X) \ A que é infinito e não possui
elemento e disjunto com todo outro Bk , com isso temos

[
X= Bk
k=−1

que é uma união enumerável de conjuntos infinitos disjuntos.

Questão 25
1.3. CAPÍTULO 2-CONJUNTOS FINITOS, ENUMERÁVEIS E NÃO-ENUMERÁVEIS 23

m Definição 2 (Função característica) Sejam um conjunto A e V um subconjunto


qualquer de A, definimos
Cv (t) = 0 se x ∈
/V
Cv (t) = 1 se x ∈ V

b Propriedade 41 Sejam X, Y ⊂ A. Valem as propriedades.

• Cx∩y = Cx Cy
• Cx∪y = Cx + Cy − Cx∩y e Cx∩y = 0 ⇔ X ∩ Y = ∅.
• Se X ⊂ Y ⇔ Cx 6 Cy .

• CA\X = 1 − Cx .

ê Demonstração.

• Cx∩y = Cx Cy . Temos dois casos a analisar, se t ∈ X ∩ Y então

Cx∩y (t) = 1 = Cx (t) Cy (t),


| {z } | {z }
1 1

se t ∈
/ X ∩ Y podemos supor t ∈
/ Yentão

Cx∩y (t) = 0 = Cx (t) Cy (t) .


| {z }
0

• Cx∪y = Cx + Cy − Cx∩y e Cx∩y = 0 ⇔ X ∩ Y = ∅.


Analisamos três casos.

1. Se t ∈ X ∩ Y então Cx∪y (t) = 1, Cx (t) + Cy (t) − Cx∩y (t) = 1 + 1 − 1 = 1,


logo vale a igualdade.
/ X ∩ Y e t ∈ X ( sem perda de generalidade), então Cx∪y (t) = 1,
2. Se t ∈
Cx (t) + Cy (t) − Cx∩y (t) = 1 + 0 − 0 = 1, logo vale a igualdade.
/ X, Y, Cx∪y (t) = 0 e Cx (t) + Cy (t) −
3. Agora o último caso, se t ∈
Cx∩y (t) = 0 + 0 − 0 = 0, valendo novamente a igualdade.

Cx∪y = Cx + Cy ⇔ Cx∩y = 0 ⇔ Cx∩y (t) = 0 ∀ t ∈ A, isso significa que X


e Y são disjuntos.

• Se X ⊂ Y ⇔ Cx 6 Cy . ⇒). Analisamos três casos

1. t ∈
/ Yet ∈ / x e vale Cx (t) = 0Cy (t).
/ Y daí t ∈
/ x então Cx (t) = 0 6 Cy (t) = 1.
2. Se t ∈ Y e t ∈
3. Se t ∈ Y tem-se t ∈ Y daí Cx (t) = 1 6 1 = Cy (t).
24 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Em qualquer caso vale a desigualdade.


⇐). Suponha que X não esteja contido em Y , então existe t tal que t ∈ X, t ∈
/Y
portanto vale cx (t) = 1 e cy (t) = 0 e não se verifica a desigualdade.

• CA\X = 1 − Cx .
Analisamos dois casos

/ X então CA\X (t) = 1 = 1 − Cx (t).


1. Se t ∈
| {z }
0
2. Se t ∈ X CA\X (t) = 0 = 1 − Cx (t).
| {z }
1

Questão 26
b Propriedade 42 O conjunto das sequências crescentes de números naturais não é enu-
merável.

ê Demonstração. Seja A o conjunto das sequências crescentes de números na-


turais. Suponha que seja enumerável, então existe uma bijeção x : N → A

x1 = (y(1,1) , y(2,1) , y(3,1) , y(4,1) , ∙ ∙ ∙ )

x2 = (y(1,2) , y(2,2) , y(3,2) , y(4,2) , ∙ ∙ ∙ )


..
.
xn = (y(1,n) , y(2,n) , y(3,n) , y(4,n) , ∙ ∙ ∙ )
vamos mostrar que existe uma sequência crescente que sempre escapa a essa enu-
meração, tomamos a sequência s como

s = (y(1,1) +1 , y(2,2) +y(1,1) +1 , y(3,3) +y(2,2) +y(1,1) +1, y(4,4) +y(3,3) +y(2,2) +y(1,1) +1 , ∙ ∙ ∙ )
P
denotando y(0,0) = 1 o t-ésimo termo da sequência acima é st = tk=0 y(k,k) , tal
sequência é crescente e ela difere de cada xt na t-ésima coordenada, portanto ela não
pertence a enumeração, o que é absurdo, portanto o conjunto das sequências crescen-
tes é não enumerável.

Questão 27
b Propriedade 43 Sejam (N, s) e (N 0 , s 0 ) dois pares formados por um conjunto e uma
função em que ambos cumprem os axiomas de Peano. Então existe uma única bijeção f :
N → N 0 tal que f(1) = 1 0 , f(n + 1) = f(n) + 1 0 e vale ainda que

• f(m) + f(n) = f(m + n)


• f(m.n) = f(m)f(n)
1.4. CAPÍTULO 3 -NÚMEROS REAIS 25

• m < n ⇔ f(m) < f(n).

ê Demonstração. Primeiro vamos provar que f deve ser obrigatoriamente da


forma f(n) = n 0 ∀ n ∈ N, por indução sobre n, a propriedade vale para n = 1,
suponha a validade para n, vamos provar para n + 1

f(n + 1) = f(n) + 1 0 = n 0 + 1 0 = s 0 (n) = (n + 1) 0 .

Então para todo n ∈ N fica provado que f(n) = n 0 , f é única por construção, sendo
também sobrejetora.

• Vale que f(m)+f(n) = f(m+n), vamos provar por indução sobre n. Para n = 1
ela vale por definição da função, supondo a validade para n, vamos provar para
n+1

f((m + n) + 1) = f(m + n) + f(1) = f(m) + (f(n) + f(1)) = f(m) + f(n + 1)

logo fica provada a propriedade. f é injetiva, pois se houvessem dois valores


distintos m > n tais que f(m) = f(n) então existe p ∈ N tal que n + p = m,
aplicando a função temos f(n) + f(p) = f(m) = f(n), isto é n 0 + p 0 = n 0
então n 0 > n 0 o que é absurdo, portanto a função é injetiva.

• f(m.n) = f(m)f(n). Por indução sobre n, para n = 1 ela vale. Suponha vali-
dade para n, vamos provar para n + 1

f(m.(n+1)) = f(mn+m) = f(m)f(n)+f(m) = f(m)[f(n)+1] = f(m)f(n+1)

como queríamos provar.

• m < n ⇔ f(m) < f(n). ⇒). Se vale m < n então existe p ∈ N tal que
m + p = n e daí aplicando f tem-se m 0 + p 0 = n 0 o que implica n 0 > m 0 , isto
é, f(n) > f(m).
⇐) Da mesma forma se f(m) < f(n) então m 0 < n 0 e daí existe p 0 tal que
m 0 + p 0 = n 0 ⇒ f(m + p) = f(n) que por injetividade segue m + p = n,
portanto n > m.

1.4 Capítulo 3 -Números reais


Questão 1
Questão 1-1◦
Primeiro provamos um lema, depois a questão pedida.

b Propriedade 44
a c a+c
+ = .
d d d
26 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

ê Demonstração.
a c a+c
+ = d−1 a + d−1 c = d−1 (a + c) =
d d d
por distributividade do produto em relaθoasoma.

b Propriedade 45
a c ad + bc
+ = .
b d bd
ê Demonstração.

a c ad cb ad cb ad + bc
+ = + = + = .
b d bd db bd db bd

Questão 1-2◦
b Propriedade 46
a c ac
. = .
b d bd

ê Demonstração.
a c ac
. = a.b−1 .c.d−1 = ac.b−1 .d−1 = ac.(bd)−1 = .
b d bd

Questão 2
Questão 2-1◦
b Propriedade 47 Para todo m inteiro vale

am .a = am+1 .

ê Demonstração. Para m natural vale pela definiθodepotncia, agoraparam=-


n, n>0 ∈ N um inteiro vamos provar a−n .a = a−n+1 . Para n = 1 temos

a − 1 a = a −1+1 = a 0 = 1 .

Vamos provar agora para n > 1, n − 1 > 0

a−n = (an )−1 = (an−1 a)−1 = a−n+1 a−1

multiplicando por a de ambos lados a−n .a = a−n+1 como queríamos demonstrar.


1.4. CAPÍTULO 3 -NÚMEROS REAIS 27

b Propriedade 48
am .an = am+n .

ê Demonstração. Primeiro seja m um inteiro qualquer e n natural, vamos provar a


identidade por induθosobren, paran=0valeam .a0 = am = am+0 paran=1valeam a1 =
am a = am+1 .Supondovlidoparanam .an = am+n vamosprovarparan+1am .an+1 =
am+n+1 temosam .an+1 = am an a = am+n .a = am+n+1 .Agorapara-ncomnnatural, semnaturaltemosqueapropri
am−n seminteironegativotemosa m a−n = am−n poisoinversodeam a−n é a−m an =
a−m+n propriedade que já está provada por −m e n serem naturais e am−n an−m =
1 por unicidade do inverso de = a−m an = a−m+n é am a−n logo fica provado para
n e m inteiros. Para potência negativa −n podemos fazer como se segue

am a−n = (a−m )−1 (an )−1 = (a−m an )−1 = (a−m+n )−1 = am−n .

Questão 2-2◦
b Propriedade 49
(am )n = amn
para m e n inteiros.

ê Demonstração. Primeiro por induθoparaminteiroennatural(am )0 = 1 =


a (am )1 = am = am.1 .Supondovlidoparan(am )n = amn vamosprovarparan+1(am )n+1 =
m.0

am(n+1) temospeladefiniθodepotnciaepelahiptesedainduθoque(am )n+1 =


(am )n am = amn am = amn+m = am(n+1) ondeusamosapropriedadedoprodutodepotnciademesmabase.Parani
((am )n )−1 = (amn )(−1) = a−mn .

Questão 3
Z Exemplo 7 Se yx k
k
= xs
ys para todos k, s ∈ In , num corpo K, prove que dados,
P
n
ak ∈ K, k ∈ In tais que ak yk 6= 0 tem-se
k=1

P
n
ak xk
k=1 x1
= .
Pn
y1
ak y k
k=1

Chamando x1
y1 = p temos xk
yk = p logo xk = pyk e a soma
n
X n
X
ak x k = p ak y k
k=1 k=1
28 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

logo
P
n
a k xk
k=1 x1
=p= .
Pn
y1
ak yk
k=1

Questão 4
m Definição 3 (Homomorfismo de corpos) Sejam A, B corpos. Uma funθof:A→
B chama-se um homomorfismo quando se tem

f(x + y) = f(x) + f(y)

f(x.y) = f(x).f(y)
f(1A ) = 1B
para quaisquer x, y ∈ A. Denotaremos nesse caso as unidades 1A e 1B pelos mesmos sím-
bolos e escrevemos f(1) = 1.

b Propriedade 50 Se f é homomorfismo entθof(0)=0.


ê Demonstração. Temos
f(0 + 0) = f(0) + f(0) = f(0)
somando −f(0) a ambos lados segue
f(0) = 0.

b Propriedade 51 Vale f(−a) = −f(a).


ê Demonstração. Pois
f(a − a) = f(0) = 0 = f(a) + f(−a)
daí f(−a) = −f(a).

$ Corolário 9
f(a − b) = f(a) + f(−b) = f(a) − f(b).

b Propriedade 52 Se a é invertível então f(a) é invertível e vale f(a−1 ) = f(a)−1 .


ê Demonstração.
f(a.a−1 ) = f(1) = 1 = f(a).f(a−1 )
então pela unicidade de inverso em corpos segue que f(a)−1 = f(a−1 ).
1.4. CAPÍTULO 3 -NÚMEROS REAIS 29

b Propriedade 53 f é injetora.
ê Demonstração. Sejam x, y tais que f(x) = f(y), logo f(x) − f(y) = 0, f(x −
y) = 0, se x 6= y então x − y seria invertível logo f(x − y) não seria nulo, então segue
que x = y.

b Propriedade 54 Se f : A → B com f(x + y) = f(x) + f(y) e f(x.y) = f(x)f(y)


para x, y arbitrários, então f(x) = 0 ∀ x ou f(1) = 1.
ê Demonstração. f(1) = f(1.1) = f(1)f(1), logo f(1) = f(1)2 por isso f(1) = 1 ou
f(1) = 0. Se f(1) = 0 então f(x.1) = f(x)f(1) = 0, f(x) = 0 ∀ x.

Questão 5
b Propriedade 55 Se f : Q → Q é um homomorfismo então f(x) = x ∀ x ∈ Q.
ê Demonstração. Vale que f(x + y) = f(x) + f(y), tomando x = kh e y = h
fixo, tem-se
f((k + 1)h) − f(kh) = f(h)
Pn−1
aplicamos a soma k=0 de ambos lados, a soma é telescópica e resulta em
f(nh) = nf(h)
tomando h = 1 segue que f(n) = n, tomando h = p
n segue
p p p p
f(n ) = f(p) = p = nf( ) ⇒ f( ) = .
n n n n

Questão 6
Questão 7
Questão 8
b Propriedade 56 Seja K um conjunto onde valem todos os axiomas de corpo, exceto a
existência de inverso multiplicativo. Seja a 6= 0. f : K → K com f(x) = ax é bijeção
⇔ ∃ a−1 ∈ K.
ê Demonstração. ⇒). A função é sobrejetora logo existe x tal que f(x) = 1 = ax
portanto a é invertível com a−1 = x ∈ K.
⇐). Dado qualquer y ∈ K tomamos x = ya−1 daí f(x) = aa−1 y = y e a função
é sobrejetiva. f também é injetiva, pois se f(x1 ) = f(x2 ), ax1 = ax2 implica por lei do
corte que x1 = x2 .. Em geral f é injetiva ⇔ vale a lei do corte por essa observação.

b Propriedade 57 Seja K finito. Vale a lei do corte em A ⇔ existe inverso para cada
elemento não nulo de K,
ê Demonstração. ⇒). Se vale a lei do corte, pela propriedade anterior tem-se que
para qualquer a 6= 0 em K, f : K → K com f(x) = ax é injetiva, como f é injetiva de
K em K que é um conjunto finito, então f é bijetiva, o que implica a ser invertível.
⇐). A volta é trivial pois existência de inverso implica lei do corte.
30 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Questão 9
Z Exemplo 8 O conjunto dos polinômios de coeficiente racionais Q[t] não é umPcorpo,
pois por exemplo
Pn o elemento possui inverso multiplicativo, se houvesse haveria n
x nãoP k=0 ak x
k
k+1
tal que x k=0 ak x = 1 = Pk=0 ak x
k n
o que não é possível pois o coeficiente do
termo independente x0 é zero em n a
k=0 k x k+1
e deveria ser 1.
O conjunto dos inteiros Z não é um corpo, pois não possui inverso multiplicativo para
todo elementos, por exemplo não temos o inverso de 2.

Questão 10
b Propriedade 58 Dados x, y ∈ R, x2 + y2 = 0 ⇔ x = y = 0.

ê Demonstração. ⇒).Suponha que x 6= 0, então x2 > 0 e y2 > 0 de onde segue


que x2 + y2 > 0 , absurdo então deve valer x2 = 0 ⇒ x = 0 logo temos também
y2 = 0 ⇒ y = 0, portanto x = y = 0.
⇐). Basta substituir x = y = 0 resultando em 0.

Questão 11
Z Exemplo 9 A função f : K+ → K+Qcom f(x) =Qxn , n ∈ N é crescente. Sejam
x > y > 0 então x > y pois x = k=1 x > k=1 y = y , por propriedade
n n n n n n

de multiplicação de positivos. Se f : Q+ → Q+ , Q+ o conjunto dos racionais positivos,


então f não é sobrejetiva para n = 2, pois não existe x ∈ Q tal que x2 = 2 ∈ Q+ .
f(K+ ) não é um conjunto limitado superiormente de K, isto é, dado qualquer x ∈ K
existe y ∈ K+ tal que yn > x. O limitante superior do conjunto, se existisse, não poderia
ser um número negativou ou zero, pois para todo y positivo tem-se yn positivo, que é maior
que 0 ou qualquer número negativo. Suponha que x positivo seja, tomando y = x + 1
temos yn = (x + 1)n > 1 + nx > x, logo f(K+ ) não é limitado superiormente.

Questão 12
b Propriedade 59 Sejam X um conjunto qualquer e K um corpo, então o conjunto F(X, K)
munido de adição e multiplicação de funções é um anel comutativo com unidade, não exis-
tindo inverso para todo elemento. Lembrando que em um anel comutativo com unidade te-
mos as propriedades, associativa, comutativa, elemento neutro e existência de inverso adi-
tivo, para adição. valendo também a comutatividade, associatividade, existência de uni-
dade 1 para o produto e distributividade que relaciona as duas operações.

ê Demonstração.

• Vale a associatividade da adição

((f+g)+h)(x) = (f(x)+g(x))+h(x) = f(x)+(g(x)+h(x)) = (f+(g+h))(x)

• Existe elemento neutro da adição 0 ∈ K e a função constante 0(x) = 0 ∀ x ∈


K, daí
(g + 0)(x) = g(x) + 0(x) = g(x).
1.4. CAPÍTULO 3 -NÚMEROS REAIS 31

• Comutatividade da adição
(f + g)(x) = f(x) + g(x) = g(x) + f(x) = (g + f)(x)

• Existe a função simétrica, dado g(x), temos f com f(x) = −g(x) e daí
(g + f)(x) = g(x) − g(x) = 0.

• Vale a associatividade da multiplicação


(f(x).g(x)).h(x) = f(x).(g(x).h(x))

• Existe elemento neutro da multiplicação 1 ∈ K e a função constante I(x) =


1 ∀ x ∈ K, daí
(g.I)(x) = g(x).1 = g(x).
• Comutatividade da multiplicação
(f.g)(x) = f(x)g(x) = g(x)f(x) = (g.f)(x)

Por último vale a distributividade (f(g+h))(x) = f(x)(g(x)+h(x)) = f(x)g(x)+


f(x)h(x) = (f.g + f.h)(x).
Não temos inverso multiplicativo para toda função, pois dada uma função, tal que
f(1) = 0 e f(x) = 1 para todo x 6= 1 em K, não existe função g tal que g(1)f(1) = 1,
pois f(1) = 0, assim o produto de f por nenhuma outra função gera a identidade.

Questão 13
b Propriedade 60 Sejam x, y > 0 . x < y ⇔ x−1 > y−1 .
ê Demonstração. ⇒). Como y > x e x−1 e y−1 sθopositivos, multiplicamosadesigualdadeporx−1 y−1
em ambos lados x−1 y−1 y > x−1 y−1 x implicando x−1 > y−1 , entθosey>xtemos1 x> 1 .
y

⇐). Se x−1 > y−1 . x, y são positivos, multiplicamos a desigualdade por xy em


ambos lados, de onde segue que y > x.

Questão 14
b Propriedade 61 Sejam a > 0 em K e f : Z → K com f(n) = an . Nessas condições
f é crescente se a > 1, decrescente se a < 1 e constante se a = 1.
ê Demonstração. Para qualquer n ∈ Z vale f(n + 1) − f(n) = an+1 − an =
a (a − 1), an é sempre positivo, então o sinal da diferença depende do sinal de a − 1.
n

Se a = 1 vale f(n + 1) = f(n) ∀ n ∈ Z logo f é constante, se a − 1 < 0, a < 1 então


f(n + 1) − f(n) < 0, f(n + 1) < f(n), f é decrescente e finalmente se a − 1 > 0, a > 1
então f(n + 1) > f(n) e a função é crescente.
Perceba que as propriedades citadas valem para todo n ∈ Z, por exemplo no caso
de a > 1 temos
∙ ∙ ∙ < f(−4) < f(−3) < f(−2) < f(−1) < f(0) < f(1) < f(2) < f(3) < ∙ ∙ ∙ < f(n) < f(n+1) < ∙ ∙ ∙
analogamente para os outros casos.
32 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Questão 15
Z Exemplo 10 Para todo x 6= 0 real, prove que (1 + x) n > 1 + 2nx.
2

Se x > −1 tomamos a desigualdade de bernoulli com 2n no expoente. Se x < −1 vale


1 + x < 0 porém elevando a uma potência par resulta num número positivo, por outro lado
2nx < −2n logo 1 + 2nx < 1 − 2n < 0 então (1 + x)2n é positivo e 1 + 2nx é negativo,
logo nesse caso vale (1 + x)2n > 1 + 2nx.

Questão 16
Z Exemplo 11 Se n ∈ N e x < 1 então (1 − x)n > 1 − nx, pois de x < 1 segue que
−x > −1 e daí aplicamos a desigualdade de Bernoulli (1 + y) > 1 + ny com y = −x.
n

Questão 17
$ Corolário 10 Se a e a + x são positivos, então vale
(a + x)n > an + nan−1 x.

a = (1 + a ) > 0 então podemos aplicar a desigualdade de Bernoulli (1 +


Pois a+x x

y) > 1 + ny com y = ax , resultando em


n

(a + x)n > an + nan−1 x.


Se a 6= 0, arbitrário em R, podendo agora ser negativo, substituímos y = x
a em
(1 + x)2n > 1 + 2nx. chegando na desigualdade

(a + x)2n > a2n + a2n−1 2nx.

Se vale ax < 1 então da desigualdade (1 − y)n > 1 − ny, novamente tomamos


y = ax de onde segue
(a − x)n > an − an−1 nx.

Questão 18
b Propriedade 62 Sejam sequências (ak ) , (bk ) em um corpo ordenado K onde cada
bk é positivo, sendo a
b1 o mínimo e bn o máximo dos termos da sequência de termo bk
1 an ak

então vale
Pn
ak
a1 1 an
6 k= 6 .
b1 Pn
bn
bk
k=1

b1 6 bk 6 bn ⇒ bk b1 6 ak 6 bk bn pois
ê Demonstração. Para todo k vale a 1 ak an a1 an
Pn
bk > 0, aplicamos a soma k=1 em ambos lados, de onde segue
n
X nX n
X an
a1
bk 6 ak 6 bk
b1 bn
k=1 k=1 k=1
1.4. CAPÍTULO 3 -NÚMEROS REAIS 33

Pn
dividindo por k=1 bk que é positivo, temos finalmente
P
n
ak
a1 k=1 an
6 n 6 .
b1 P bn
bk
k=1

Questão 19
b Propriedade 63 (Multiplicatividade)
|a||b| = |a.b|

para a e b reais quaisquer.


ê Demonstração. Vale que |x.y|2 = (x.y)2 = x2 y2 e (|x||y|)2 = |x|2 |y|2 = x2 .y2
os quadrados desses números são iguais e eles são não negativos, então segue que
|x.y| = |x||y|. p √ √ √
ê Demonstração.[2] |a.b| = (a.b)2 = a2 .b2 = a2 . b2 = |a||b|.

b Propriedade 64 Se x 6= 0 então | x1 | = 1
|x| .

ê Demonstração. Vale |x|| x1 | = | xx | = 1 daí | x1 | é inverso de |x|, sendo 1


|x| .

$ Corolário 11 (Preserva divisão)


x |x|
| |= .
y |y|

Questão 20
b Propriedade 65
n
Y n
Y
|ak | = | ak |
k=1 k=1

ê Demonstração. Por indução, para n = 1 vale, supondo para n números


n
Y n
Y
|ak | = | ak |
k=1 k=1

vamos provar para n + 1


Y1
n+ Y1
n+
|ak | = | ak |
k=1 k=1
temos
Y1
n+ n
Y n
Y n
Y Y1
n+
|ak | = |ak |.|an+1 | = | ak ||an+1 | = | ak an+1 | = | ak |.
k=1 k=1 k=1 k=1 k=1
34 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

b Propriedade 66 (DesigualdadeP triangular generalizada) Sejam g(k) definida


Pb
para k inteiro ,a, b ∈ Z, entθovale| bk=a g(k)| 6 k=a |g(k)|.

ê Demonstração. Para cada k vale


−|g(k)| 6 g(k) 6 |g(k)|
aplicando o somatório em ambos lados segue
b
X b
X b
X
− |g(k)| 6 g(k) 6 |g(k)|
k=a k=a k=a

que implica
b
X b
X b
X
| g(k)| 6 | |g(k)|| = |g(k)|
k=a k=a k=a
pois os termos |g(k)| somados sθonθonegativos, logoasomadessestermosnθo−
negativaeomdulodasomaigualasoma.

b Propriedade 67 A identidade que provamos acima vale para números reais, vamos
provar agora por indução que se vale |z + w| 6 |z| + |w| para quaisquer z, w então vale
n
X n
X
| zk | 6 |zk |
k=1 k=1

de maneira que possa ser usada para números complexos , normas e outras estruturas que
satisfazem a desigualdade triangular.
ê Demonstração.[2] Por indução sobre n, para n = 1 tem-se
1
X 1
X
| zk | = |z1 | 6 |zk | = |z1 |
k=1 k=1

logo vale. Supondo a validade para n


n
X n
X
| zk | 6 |zk |
k=1 k=1

vamos provar para n + 1


X1
n+ X1
n+
| zk | 6 |zk |.
k=1 k=1
Da hipótese da indução somamos |zn+1 | em ambos lados, logo
X1
n+ n
X n
X X1
n+
| zk | = |zn+1 + zk | 6 |zn+1 | + | zk | 6 |zk |
k=1 k=1 k=1 k=1

Vejamos outras1 demonstrações da desigualdade triangular


1 Essas demonstrações aprendi com Pedro Kenzo, obrigado por compartilhar as soluções.
1.4. CAPÍTULO 3 -NÚMEROS REAIS 35

Questão 22
Vamos resolver um caso mais geral do problema.

m Definição 4 (Mediana) Dada uma sequência finita (yk )n 1 seus termos podem ser
rearranjados para forma uma sequência não-decrescente (xk )n e
1 A mediana X é definida
.
da seguinte maneira

e = x n+1 .
• Se n é ímpar X
2

x n +1 +x n
e=
• Se n é par X 2 2
.
2

Z Exemplo 12 Seja (xk)n uma sequência crescente f : R → R com f(x) = Pnk= |x−
1 1
xk |. Se x < x1 então
n
X
f(x) = −nx + xk
k=1

logo f é decrescente para x < x1 . Tomando x > xn


n
X
f(x) = nx − xk
k=1

logo f é crescente para x > xn .


Seja agora x ∈ [xt , xt+1 ), t variando de 1 até n − 1

t
X n
X t
X n
X
f(x) = (x − xk ) − (x − xk ) = (2t − n)x + xk − xk
k=1 k=t+1 k=1 k=t+1

portanto a função é decrescente se t < n2 e crescente se t > n2 , de t = 1 até t = b n2 c


em cada intervalo [xt , xt+1 ) a função é decrescente, sendo b n2 c segmentos decrescentes, de
t = b n2 c + 1 até n − 1, temos n − 1 − b n2 c segmentos crescentes.

• Se n é ímpar f é decrescente em [xb n2 c , xb n2 c+1 ) e crescente em [xb n2 c+1 , xb n2 c+2 )


logo o ponto xb n2 c+1 = x n+1 é o único ponto de mínimo.
2

• Se n é par a função é constante em [x n2 , x n2 +1 ), todos os pontos desse intervalo são


x n +x n +1
pontos de mínimo. Em especial o ponto 2
2
2
é ponto de mínimo.

Concluímos que um ponto de mínimo acontece sempre na mediana da sequência.

Z Exemplo 13 Achar o mínimo da função f(x) = Pnk= |x − k| para n ímpar e para


1
n par.
36 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Trocando n por 2n temos que o mínimo acontece no ponto x 2n = xn = n, substituí-


2
mos então tal valor na função
2n
X n
X 2n
X n
X 2n
X
|n − k| = |n − k| + |n − k| = (n − k) + (−n + k) =
k=1 k=1 k=n+1 k=1 k=n+1

n
X n
X n
X
= (n − k) + (k) = n = n.n = n2 .
k=1 k=1 k=1
P 2n 2
portanto o mínimo de k=1 |x − k| é n .

• min{|x − 1| + |x − 2|} = 1
• min{|x − 1| + |x − 2| + |x − 3| + |x − 4|} = 4

• min{|x − 1| + |x − 2| + |x − 3| + |x − 4| + |x − 5| + |x − 6|} = 9

• min{|x− 1|+|x− 2|+|x− 3|+|x− 4|+|x− 5|+|x− 6|+|x− 7|+|x− 8|} = 16.

Agora para n ímpar, trocamos n por 2n + 1 o mínimo acontece no ponto x (2n+1)+1 =


2
xn+1 = n + 1, aplicando na função temos
2X
n+1 X1
n+ 2X
n+1 X1
n+ 2X
n+1
|n+1−k| = |n+1−k|+ |n+1−k| = (n+1−k)+ −(n+1)+k =
k=1 k=1 k=n+2 k=1 k=n+2

n
X n
X n
X
= (n + 1 − k) + k= (n + 1) = n(n + 1).
k=1 k=1 k=1

• min{|x − 1| + |x − 2| + |x − 3|} = 2

• min{|x − 1| + |x − 2| + |x − 3| + |x − 4| + |x − 5|} = 6

• min{|x − 1| + |x − 2| + |x − 3| + |x − 4| + |x − 5| + |x − 6| + |x − 7|} = 12
• min{|x−1|+|x−2|+|x−3|+|x−4|+|x−5|+|x−6|+|x−7|+|x−8|+|x−9|} =
20.

Questão 23
b Propriedade 68 |a − b| < ε ⇒ |a| < |b| + ε.

ê Demonstração. Partindo da desigualdade |a − b| < ε, somamos |b| a ambos


lados
|a − b| + |b| < ε + |b|
e usamos agora a desigualdade triangular

|a| 6 |a − b| + |b| < ε + |b|


1.4. CAPÍTULO 3 -NÚMEROS REAIS 37

daí segue
|a| 6 ε + |b|.
Da mesma forma vale se |a − b| < ε então |b| 6 ε + |a| ⇒ |b| − ε 6 |a| e com
|a| 6 ε + |b|. temos
|b| − ε 6 |a| 6 ε + |b|.
Vimos que |a − b| < ε implica |a| < |b| + ε, mas como a 6 |a| segue a < |b| + ε.

Questão 24
b Propriedade 69 Dado um corpo ordenado K , são equivalentes

1. K é arquimediano.

2. Z é ilimitado superiormente e inferiormente.

3. Q é ilimitado superiormente e inferiormente.

ê Demonstração.

• 1 ⇒ 2. N ⊂ Z então Z é ilimitado superiormente. Suponha por absurdo que


Z seja limitado inferiormente, então existe a ∈ K tal que a < x ∀ x ∈ Z, logo
−a > −x, porém existe n natural tal que n > −a ⇒ |{z} −n < a o que contraria
∈Z
a hipótese.
• 2 ⇒ 3 . Z ⊂ Q portanto Q é ilimitado superiormente e inferiormente.
• 3 ⇒ 1 . Para todo y ∈ K existe a
b ∈ Q com a, b > 0 naturais tal que b > y,
a

daí a > yb, podemos tomar y = b , logo a > x, a ∈ N, portanto N é ilimitado


x

superiormente e o corpo é arquimediano.

Questão 25
b Propriedade 70 Seja K um corpo ordenado. K é arquimediado ⇔ ∀ ε > 0 em K
existe n ∈ N tal que 21n < ε.

ê Demonstração.
⇒). Como K é arquimediano, então ∀ ε > 0 existe n ∈ N tal que n > ε1 ⇒
n + 1 > n > ε1 por desigualdade de Bernoulli temos 2n > n + 1 > ε1 ⇒ 21n < ε.
⇐). Se ∀ ε > 0 em K existe n ∈ N tal que 21n < ε, tomamos ε = x1 , x > 0
arbitrário então x < 2n , com 2n = m ∈ N então K é arquimediano, N não é limitado
superiormente.

Questão 26
b Propriedade 71 Seja a > 1, K corpo arquimediano, f : Z → K com f(n) = an ,
então
38 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

• f(Z) não é limitado superiormente.


• inf (F(Z)) = 0.

ê Demonstração.

• Vale que a > 1 então a = p + 1 onde p > 0, por desigualdade de Bernoulli


temos (p + 1)n > 1 + pn. ∀ x > 0 ∈ K existe n tal que n > px ⇒ pn > x ⇒
(p + 1)n > 1 + pn > x, logo f(Z) não é limitado superiormente.

• 0 é cota inferior de f(Z) pois vale 0 < an ∀ n ∈ Z. Suponha que exista x tal
que 0 < x < am ∀ m ∈ Z, sabemos que existe n ∈ N tal que an > x1 daí
x > a1n = a−n , absurdo, então 0 deve ser o ínfimo.

Questão 27
b Propriedade 72 Se s é irracional e u 6= 0 é racional então u.s é irracional.

ê Demonstração. Suponha que s é irracional e u.s seja racional, então u.s = p


q
com p 6= 0 e q 6= 0 inteiros e como u =
6 0 é racional ele é da forma u = j
v , j 6= 0 e
v 6= 0, inteiros, logo
j p
s=
v q
multiplicando por v
j ambos lados segue

p.v
s=
j.q

que é um número racional, logo chegamos a um absurdo.

b Propriedade 73 Se s é irracional e t racional, então s + t é irracional.

ê Demonstração. Suponha s + t racional, então s + t = q p


daí s = qp
− t que
seria racional por ser diferença de dois racionais, um absurdo então segue que s + t é
irracional.

Z Exemplo√14 Existem irracionais


√ a e b tais que a + b e a.b sejam racionais. Exem-
plos a = 1 + 5 , b = 1 − 5 daí a + b = 2 e a.b = 1 − 5 = −4.

Questão 28
b Propriedade 74 Sejam a, b, c, d racionais então
√ √
a + b 2 = c + d 2 ⇔ a = c e b = d.

ê Demonstração. √ √
⇐). Se a = c e b = d a temos a + b 2 = c + d 2.
1.4. CAPÍTULO 3 -NÚMEROS REAIS 39
√ √ √
⇒). Suponha a + b 2 = c + d 2 então a − c = 2(d − b), se d = b então
a = c e terminamos, se não vale que

a−c √
= 2
d−b

o que é absurdo pois 2 é irracional.

Questão 29
Z Exemplo 15 O conjunto da forma {x + y√p} onde x e y são racionais é subcorpo
dos números reais.

• O elemento neutro da adição 0 pertence ao conjunto. Pois 0 = 0 + 0 p

• O elemento neutro da multiplicação 1 pertence ao conjunto. Pois 1 = 1 + 0 p
√ √ √
• A adição é fechada. Pois x + y p + z + w p = x + z + (y + w) p.
√ √ √ √
• O produto é fechado. Pois (x+y p)(z+w p) = xz+xw p+yz p+y.wp.
√ √
• Dado x ∈ A implica −x ∈ A. Pois dado x + y p temos o simétrico −x − y p.

• Dado x 6= 0 ∈ A tem-se x−1 ∈ A. Pois dado x + y p temos inverso

x−y p
x2 − y 2 p

como inverso multiplicativo.

Z Exemplo 16 O conjunto dos elementos da forma a + bα onde α = √2 não é um


2
3

corpo pois o produto não é fechado, vamos mostrar que α não pertence ao conjunto.
Suponha que α2 = a + bα então α3 = aα + bα2 = 2 substituindo a primeira na
segunda temos que

aα + b(a + bα) = aα + ab + b2 α = α(b2 + a) + ab = 2 ⇒ α(b2 + a) = 2 − ab

se b2 + a 6= 0 então α = 2b−ab
2 +a o que é absurdo pois α é irracional, então devemos ter

a = −b2 , multiplicamos a expressão aα + bα2 = 2 por α, de onde segue aα2 + 2b =


2α, substituindo α2 = a + bα nessa última temos

a(a + bα) + 2b = a2 + abα + 2b = 2α ⇒ α(2 − ab) = 2b + a2


2
se 2 6= ab chegamos num absurdo de α = 22b+a
−ab , temos que ter então 2 = ab e a = −b
2
3
de onde segue 2 = −b , porém não existe racional que satisfaz essa identidade, daí não
podemos escrever α2 da forma a+bα com a e b racionais, portanto o produto de elementos
não é fechado e assim não temos um corpo.
40 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Questão 30
√ √ √ √
b Propriedade 75 Sejam a, b ∈ Q+ . a+ b é racional ⇔ a e b são racionais.

ê Demonstração.
⇒). √ √ √
Se a = b então 2 a ∈ Q o que implica a = b ∈ Q. Agora o caso de a√6= b.√
√ √ a− b
Suponha que a+ b é racional então seu inverso também racional , que é a−b ,
√ √ √ √ √ √ √ √
daí a− b ∈ Q , a soma ( a+ b)+( a− b) = 2 a ∈√Q logo √ a ∈√Q, a dife-

rença de números
√ √ racionais também é um número racional ( a + b) − a = b,
portanto a e b são racionais.
⇐). A volta vale pois a soma de racionais é um racional.

Questão 31
b Propriedade 76 Sejam A ⊂ R não vazio limitado e c ∈ R, então

1. c 6 sup(A) ⇔ ∀ ε > 0 ∃ x ∈ A tal que c − ε < x.

2. c > inf(A) ⇔ ∀ ε > 0 ∃ x ∈ A tal que c + ε > x.

ê Demonstração.

1. ⇒). Para todo ε > 0 vale que c − ε < sup(A). Dado ε > 0 fixo, se não existisse
x ∈ A tal que c − ε < x então c − ε seria cota superior menor que o supremo,
o que é absurdo, contraria o fato do supremo ser a menor das cotas superiores.
⇐). Suponha por absurdo que fosse c > sup(A), poderíamos tomar c−sup(A) =
ε daí c − c + sup(A) = sup(A) < x o que é absurdo.

2. ⇒). Para todo ε > 0 vale que c + ε < inf(A). Dado ε > 0 fixo, se não existisse
x ∈ A tal que c + ε > x então c + ε seria cota superior menor que o ínfimo, o
que é absurdo, contraria o fato do ínfimo ser a menor das cotas inferiores.
⇐). Suponha por absurdo que fosse c < inf(A), poderíamos tomar inf(A) −
c = ε daí x < c + inf(A) − c = inf(A) o que é absurdo.

Questão 32
Z Exemplo 17 Seja A = { n 1
| n ∈ N} . Mostre que inf A = 0. Sabemos que 0 é
uma cota inferior, agora vamos mostrar que 0 é a menor delas. Dado 0 < x, x não pode
ser cota inferior, pois existe n natural tal que n1 < x, logo 0 é o ínfimo.

Questão 33
b Propriedade 77 Se A é limitado inferiormente e B ⊂ A entθoinf (A)6 inf(B).

ê Demonstração. infA é cota inferior de A, logo também é cota inferior de B,


sendo cota inferior de B vale infA 6 infB, pois inf B é a maior cota inferior de B.
1.4. CAPÍTULO 3 -NÚMEROS REAIS 41

b Propriedade 78 Se A é limitado superiormente e B ⊂ A entθosup( A) > sup(B).

ê Demonstração. Toda cota superior de A é cota superior de B, logo o sup(A)


é cota superior de B, como sup(B) é a menor das cotas superiores de B segue que
sup(A) > sup(B).

$ Corolário 12 Se A e B são conjuntos limitados com B ⊂ A então vale sup(A) >


sup(B) > inf(B) > inf(A) pois temos sup(A) > sup(B) e inf(A) 6
inf(B), tendo ainda que sup(B) > inf(B).

Questão 34
b Propriedade 79 Sejam A, B ⊂ R tais que para todo x ∈ A e todo y ∈ B se tenha
x 6 y. Entθosup A 6 inf B.

ê Demonstração. Todo y ∈ B é cota superior de A, logo sup A 6 y para cada y


pois sup A é a menor das cotas superiores, essa relaθoimplicaquesup A é cota infe-
rior de B logo sup A 6 inf B, pois inf B é a maior cota inferior.

b Propriedade 80 sup A = inf B ⇔ para todo ε > 0 dado , existam x ∈ A e y ∈ B


com y − x < ε.

ê Demonstração. ⇐, usamos a contrapositiva. Nθopodemosterinf B < sup A


pela propriedade anterior, entθotemosforosamentequeinf B > sup A, tomamos
entθoε = inf B − sup A > 0 e temos y − x > ε para todo x ∈ A e y ∈ B pois
y > inf B e sup A > x de onde segue −x > − sup A, somando esta desigualdade
com a de y tem-se y − x > inf B − sup A = ε.
⇒ , Se sup A = inf B. Entθosendoparaqualquerε > 0, sup A− ε2 nθocotasuperiordeA, poismenorqueosup A
(que é a menor cota superior), da mesma maneira inf A+ ε2 nθocotainferiordeB, entθoexistemx
∈ A e y ∈ B tais que
ε ε
sup A − < x 6 sup A = inf B 6 y < inf B +
2 2
ε ε
inf B − < x 6 y < inf B +
2 2
de onde segue inf B − ε2 < x, −x < ε2 − inf B e y < inf B + ε2 somando ambas tem-se
y − x < ε.

Questão 35 e 36
b Propriedade 81 Se c > 0 entθosup(c.A) = c. sup A.

ê Demonstração. Seja a = sup A. Para todo x ∈ A tem-se x 6 a, de onde se-


gue cx 6 ca, assim ca é cota superior de cA. Seja d tal que d < ca entθod c<a logo dc
nθocotasuperiordeA, implicandoaexistnciadepelomenosumxtalqued c<x , d <
cx de onde segue que d nθocotasuperiordecA, assimcaamenorcotasuperiordecAlogoosupremo.
42 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

b Propriedade 82 Se c > 0, inf cA = c inf A.

ê Demonstração.
Seja a = inf A, entθovalea6 x para todo x, multiplicando por c segue ca 6 cx de
onde concluímos que ca é cota inferior de cA. Seja d tal que ca < d, entθoa<d c , im-
plicando que dc nθocotainferiordeAassimexistex ∈ A tal que x < dc ⇒ cx < d,
logo d nθocotainferiordecA, implicandoquec.aamaiorcotainferior, logoonfimodoconjunto.

b Propriedade 83 Se c < 0 entθoinf (cA) = c sup A.

ê Demonstração. Seja a = sup A . Tem-se x 6 a para todo x ∈ A, multiplicando


por c segue cx > ca para todo x ∈ A. EntθocaumacotainferiordecA.Sed>catem−
sed c<a como a é supremo, isso significa que existe x ∈ A tal que dc < x logo d > cx,
assim esse d nθocotainferior, implicandoquecaamenorcotainferior, entθonfimodoconjunto.
A questão 35 segue da próxima propriedade com c = −1.

b Propriedade 84 Se c < 0 entθosup(cA) = c inf A.

ê Demonstração. Seja b = inf A entθovaleb6 x para todo x ∈ A, multipli-


cando por c segue cb > cx assim cb é cota superior de cA. Agora tome d tal que
cb > d segue b < dc , como b é ínfimo existe x ∈ A tal que x < dc , cx > d assim esse
d nθopodesercotasuperiordecA, entθocbamenorcotasuperior, logoonfimo.

Questão 37
Item I
Sejam A, B ⊂ R, conjuntos limitados .

b Propriedade 85 O conjunto A + B = {x + y | x ∈ A, y ∈ B} também é limitado.

ê Demonstração. Se A é limitado , existe t tal que |x| < t para todo x ∈ A e se


B é limitado existe u tal que |y| < u ∀ y ∈ B. Somando as desigualdades e usando
desigualdade triangular segue |x| + |y| < u + t e |x + y| 6 |x| + |y| < u + t logo o
conjunto A + B é limitado.

Item II
b Propriedade 86 (Propriedade aditiva) Vale sup(A + B) = sup(A) + sup(B).

ê Demonstração. Como A, B sθolimitidadossuperiomente, temossup A :=


a e sup B := b, como vale a > x e b > y para todos x, y ∈ A, B respectivamente
segue que a + b > x + y logo o conjunto A + B é limitado superiormente. Para todo
e qualquer ε > 0 existem x, y tais que
ε ε
a<x+ , b<y+
2 2
1.4. CAPÍTULO 3 -NÚMEROS REAIS 43

somando ambas desigualdades-segue-se que

a+b<x+y+ε

que mostra que a+b é a menor cota superior, logo o supremo, fica valendo entθosup(A+
B) = sup(A) + sup(B).

Item III
b Propriedade 87 inf (A + B) = inf A + inf B.

ê Demonstração. Sejam a = infA e b = infB entθo∀x, y ∈ A, B tem-se


a 6 x, b 6 y de onde segue por adiθoa+b6 x + y, assim a + b é cota inferior
de A + B. ∃x, y ∈ A, B tal que ∀ε > 0 vale x < a + ε2 e y < b + ε2 pois a e b
sθoasmaiorescotasinferiores, somandoostermosdasdesigualdadesseguex+y<a+b+ε,
que implica que a + b é a maior cota inferior logo o ínfimo.

Questão 38

m Definição 5 (Função limitada) Seja A ⊂ R, f : A → R é dita limitada quando o


conjunto f(A) = {f(x) | x ∈ A}, se f(A) é limitado superiormente então dizemos que f é
limitada superiormente e caso f(A) seja limitado inferiormente dizemos que A é limitado
inferiormente.

Seja uma funθolimitadaf:V→ R.

m Definição 6
sup f := sup f(V) = sup{f(x) | x ∈ V}

m Definição 7
inf f := inf f(V) = inf {f(x) | x ∈ V}

b Propriedade 88 A função soma de duas funções limitadas é limitada.

ê Demonstração. Vale |f(x)| 6 M1 e |g(x)| 6 M2 ∀ x ∈ A então

|f(x) + g(x)| 6 |f(x)| + |g(x)| 6 M1 + M2 = M

portando a função soma f + g de duas funções limitadas é também uma função limi-
tada.
Sejam f, g : V → R fun→ eslimitadasec ∈ R.

b Propriedade 89
sup(f + g) 6 sup f + sup g.
44 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

ê Demonstração.
Sejam
A = {f(x) | x ∈ V}, B = {g(y) | y ∈ V}, C = {g(x) + f(x) | x ∈ V}
temos que C ⊂ A + B, pois basta tomar x = y nos conjuntos, logo
sup(A + B) > sup(f + g)
sup(A) + sup(B) = sup f + sup g > sup(f + g)

b Propriedade 90
inf (f + g) > inf (f) + inf (g).

ê Demonstração. De C ⊂ A + B segue tomando o ínfimo


inf (A + B) = inf (A) + inf (B) = inf (f) + inf (g) 6 inf (C) = inf (f + g).

Z Exemplo 18 Sejam f, g : [0, 1] → R dadas por f(x) = x e g(x) = −x


• Vale sup f = 1, sup g = 0, f + g = 0 logo sup(f + g) = 0 vale então

sup f + sup g = 1 > sup(f + g) = 0.

• Temos ainda inf f = 0, inf g = −1, f + g = 0, inf(f + g) = 0 logo

inf f + inf g = −1 < inf (f + g) = 0.

As desigualdades estritas também valem se consideramos as funções definidas em [−1, 1],


nesse caso sup f + sup g = 2 e inf f + inf g = −2 e sup(f + g) = 0 = inf (f + g).

Questão 39
m Definição 8 Sejam A e B conjuntos não vazios, definimos A.B = {x.y | x ∈
A, y ∈ B}.

b Propriedade 91 Sejam A e B conjuntos limitados de números positivos, então vale


sup(A.B) = sup(A). sup(B).

ê Demonstração. Sejam a = sup(A) e b = sup(B) então valem x 6 a e y 6


b, ∀ x ∈ A, y ∈ B daí x.y 6 a.b, logo a.b é cota superior de A.B. Tomando t < a.b
segue que at < b logo existe y ∈ B tal que at < y daí yt < a logo existe x ∈ A tal que
y < x logo t < x.y então t não pode ser uma cota superior, implicando que a.b é o
t

supremo do conjunto.
1.4. CAPÍTULO 3 -NÚMEROS REAIS 45

b Propriedade 92 Sejam A e B conjuntos limitados de números positivos, então vale


inf (A.B) = inf (A). inf (B).

ê Demonstração. Sejam a = inf (A) e b = inf (B) então valem x > a e y >
b, ∀ x ∈ A, y ∈ B daí x.y > a.b, logo a.b é cota inferior de A.B. Tomando t > a.b
segue que at > b logo existe y ∈ B tal que at > y daí yt > a logo existe x ∈ A tal que
y > x logo t < x.y então t não pode ser uma cota inferior, implicando que a.b é o
t

ínfimo do conjunto.

Questão 40
b Propriedade 93 Sejam f, g : A → R funções limitadas então f.g : A → R é
limitada.
ê Demonstração. Vale que |f(x)| < M1 e |g(x)| < M2 então |f(x)g(x)| <
M1 M2 = M ∀ x ∈ A , portanto f.g : A → R é limitada.

b Propriedade 94 Sejam f, g : A → R+ limitadas superiormente, então

sup(f.g) 6 sup(f) sup(g).

ê Demonstração. Sejam C = {g(x).f(x) | x ∈ A} , B = {g(y). | y ∈ A} e


A = {f(x) | x ∈ A} . Vale que C ⊂ A.B para ver isso basta tomar x = y nas definições
acima, daí
sup(A.B) > sup(C)
sup(A) sup(B) > sup(C)
sup(f) sup(g) > sup(f.g).

b Propriedade 95 Sejam f, g : A → R+ limitadas inferiormente, então

inf (f.g) > inf (f) inf (g).

ê Demonstração. Sejam C = {g(x).f(x) | x ∈ A} , B = {g(y). | y ∈ A} e


A = {f(x) | x ∈ A} . Vale que C ⊂ A.B, daí

inf (A.B) 6 inf (C)

inf (A) inf (B) 6 inf (C)


inf (f) inf (g) 6 inf (f.g).

Z Exemplo 19 Sejam f, g : [1, 2] → R dadas por f(x) = x e g(x) = 1


x, vale
sup f = 2, sup g = 1 sup f. sup g = 2 e sup(f.g) = 1, pois f.g = 1 logo

sup f sup g > sup(f.g).


46 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Da mesma maneira inf f = 1, inf g = 21 vale inf f. inf g = 1


2
e inf (f.g) = 1
portanto
inf f. inf g < inf (f.g).

b Propriedade 96 Seja f : A → R+ limitada superiormente então sup(f2 ) = (sup f)2 .

ê Demonstração. Seja a = sup f tem-se f(x) 6 a ∀ x daí f(x)2 6 a√2 então a2 é


cota superior de√f2 , e é a menor cota superior pois se 0 < c < a2 então c < a logo
existe x tal que c < f(x) < a e daí c < f(x)2 < a2 logo a2 é a menor cota superior
sup(f2 ) = sup(f)2 .

b Propriedade 97 Seja f : A → R+ então inf (f2 ) = (inf f)2 .

ê Demonstração. Seja a = inf f tem-se f(x) > a ∀ x daí f(x)2 > a√2 então
a é cota inferior de f2 , e é a√maior cota inferior pois se a2 < c então a < c logo
2

existe x tal que a < f(x) < c e daí a2 < f(x)2 < c logo a2 é a maior cota inferior
inf (f2 ) = inf (f)2 .

Questão 42
F Teorema 1 (Teorema das raízes racionais) Se o polinômio
n
X
f(x) = ak xk
k=0

de coeficientes inteiros, tem uma raiz racional x = r


s tal que mdc(r, s) = 1 entθos|an e
r|a0 .
 
P
n
ê Demonstração. Se x = é raiz de f(x) =
r
s ak x , entθotemosf k r
s =
k=0
  k
P
n
ak sr = 0multiplicandoporsn em ambos os lados temos
k=0

n
X
ak rk .sn−k = 0
k=0

P
n
como s|0 então s| ak rk .sn−k , na soma s nθoaparececomofatorapenasquandon-
k=0
P1
n−
k=0,n=k, logoabrindoolimitesuperiordosomatriotemos ak rk .sn−k +an rn .sn−n =
k=0
P1
n−
ak rk .sn−k + an rn = 0dasdevedividiran rn , como s é primo com r implica que
k=0
também é primo com rn , portanto s deve dividir an . Pelo mesmo argumento, temos
P
n
que r|0 logo r deve dividir ak rk .sn−k , como o único fator onde r nθoaparecequandok=0, abrimosolimite
k=0
1.4. CAPÍTULO 3 -NÚMEROS REAIS 47

P
n P
n
ak rk .sn−k = a0 .sn + ak rk .sn−k = 0logordevedividira0 .sn , mas como r
k=1 k=1
é primo com sn , ele deve dividir a0 .

P
n
$ Corolário 13 Se o polinômio de coeficientes inteiros ak xk possui raízes raci-
k=0
onais então elas devem pertencer ao conjunto
p
A={ | p|a0 q|an }.
q

P
n
$ Corolário 14 Se an = 1 em um polinômio de coeficientes inteiros P(x) = a k xk
k=0
então suas raízes racionais devem ser inteiras, pois
p
A={ | p|a0 q|1}
q
então q = 1 ou q = −1, e de qualquer forma implica que as soluções são da forma
x = p para algum p ∈ Z. Então , nessas condições, as raízes do polinômio P(x) são
inteiras ou irracionais.

b Propriedade 98 Seja P(x) = xn − a, a > 0 ∈ Z, se √a não é n-ésima potência de


um número natural então a única raiz positiva de P , que é n a , é irracional.

ê Demonstração. Como P possui coeficiente an = 1 então ele possui raiz irraci-


onal ou inteira, se a raiz positiva m fosse inteira (logo natural) teríamos mn − a = 0
e daí a = mn é potência de um número natural, o √ que contraria a hipótese de a não
ser n-ésima potência de um número natural, logo n a é irracional.

Questão 43
b Propriedade 99 Sejam I um intervalo não degenerado e k > 1 natural. O conjunto
A = { kmn ∈ I | m, n ∈ Z} é denso em I.

ê Demonstração. Dado ε > 0 existe n ∈ N tal que kn > ε1 , daí os intervalos


1 m+1
[ kmn , m+
kn ] tem comprimento kn − kmn = k1n < ε.
1
Existe um menor inteiro m + 1 tal que x + ε 6 m+
kn daí kn ∈ (x − ε, x + ε) pois se
m

fosse x + ε < kn iria contrariar a minimalidade de m + 1 e se fosse kmn < x − ε então


m
1
[ kmn , m+
kn ] teria comprimento maior do que de (x − ε, x + ε), que é ε, uma contradição
com a suposição feita anteriormente.

Questão 44
b Propriedade 100 O conjunto dos polinômios com coeficientes racionais é enumerá-
vel.
48 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

ê Demonstração. Seja Pn o conjunto dos polinômios com coeficientes racionais


de grau 6 n a função f : Pn → Qn+1 tal que
n
X
P( ak xk ) = (ak )1n
k=0

é uma bijeção. Como Qn+1 é enumerável por ser produto cartesiano finito de conjun-
tos enumeráveis, segue que Pn é enumerável.
Sendo A o conjunto dos polinômios de coeficientes racionais, vale que

[
A= Pk
k=1

portanto A é união enumerável de conjuntos enumeráveis , sendo assim A é enume-


rável.

m Definição 9 (Número algébrico) Um número real (complexo) x é dito algébrico quando


é raiz de um polinômio com coeficientes inteiros.

b Propriedade 101 O conjunto dos números algébricos é enumerável.

ê Demonstração.[1] Enumeramos A = {P1 , P2 , ∙ ∙ ∙ , Pn , ∙ ∙ ∙ }, o conjunto dos po-


linômios com coeficientes inteiros, definimos Bk como conjunto das raízes reais de
fk , então vale que

[
B= Bk
k=1

como cada Bk é finito B fica sendo união enumerável de conjuntos finitos, então B é
enumerável.
ê Demonstração.[2] Seja B o conjunto dos algébricos e A o conjunto dos polinô-
mios com coeficientes inteiros. Para cada algébrico x escolhemos um polinômio Px
tal que Px (x) = 0.
Definimos a função f : B → A tal que F(x) = Px . Dado Px ∈ F(B), temos que
o conjunto g−1 (Px ) dos valores x ∈ B tal que f(x) = Px é finito pois Px possui um
|{z}
=y
número finito de raízes e daí tem-se
[
B= g−1 (y)
y∈f(B)

logo B é união enumerável de conjuntos enumeráveis ( no caso finitos), então B é enu-


merável.

$ Corolário 15 Existem números reais que não são algébricos, pois se todos fossem
algébricos R seria enumerável.
1.4. CAPÍTULO 3 -NÚMEROS REAIS 49

m Definição 10 (Números transcendentes) Os números reais que não são algébri-


cos são ditos transcendentais

b Propriedade 102 O conjunto dos números algébricos é denso em R, pois todo racional
é algébrico, o racional a
b
é raiz do polinômio com coeficientes inteiros

ax − b = P(x)

ax − b = 0 ⇔ ax = b ⇔ x = a . E Q é denso em R.
b

Questão 45
b Propriedade 103 Seja A enumerável e B = R\A, então para cada intervalo (a, b),
(a, b) ∩ B é não enumerável, em especial B é denso em R.
Com esse resultado garantimos que o complementar de um conjunto enumerável é denso
em R.

ê Demonstração. Sabemos que (a, b) é não enumerável, escrevemos

(a, b) = [(a, b) ∩ A] ∪ [(a, b) ∩ (R \ A)] = [(a, b) ∩ A] ∪ [(a, b) ∩ B],

sabemos que (a, b) ∩ A é enumerável se (a, b) ∩ B também o fosse, chegaríamos


no absurdo de (a, b) ser enumerável, por ser união finita de conjuntos enumeráveis ,
portanto (a, b) ∩ B é não enumerável e B é denso em R.

Z Exemplo 20 Um conjunto pode não ser enumerável e também não ser denso em R,
como (a, b).

Questão 46
$ Corolário 16 O conjunto T dos números transcedentais é não enumerável e denso
em R. Pois A o conjunto dos números algébricos é enumerável, T = R \ A, como
complementar dos números algébricos T é não enumerável e denso em R.

Questão 47
b Propriedade 104 Seja L|K uma extensθodecorpo.Seα, ∈L sθoalgbricossobreK, entθoα±
,α.eα ˉ
ˉ ˉ com6=0sθoalgbricossobreK, Dessemodo{α ∈ L|α algbricosobreK}umsubcorpodeLquecontmK.
ˉ
ê Demonstração. Seja δ ∈ {α ± , α. α
ˉ ˉ
6=0}entoδ ∈ K(α, ) e K ⊂ K(δ) ⊂ K(α, )). Vamos mostrar que [K(α, ) : K] < ∞.
ˉ
Sejam ˉ polinômios mínimos
f, g ∈ K[x] os ˉ de α e sobreK, comgrausmenrespectivamentetemosque[K(α)
ˉ :
K] = m, [K() : K] = n. ˉ
ˉ ⊂ K()[x] é tal que f(α) = 0, logo α é algébrico sobre K(), sendo P
f(x) ∈ k(x)
ˉ s 6 m,
o polinômio mínimo deˉ α sobre K() de grau s, ele divide f(x) em K()[x] logo
ˉ ˉ
50 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

portanto [K()(α) : K()] = s 6 m o grau é finito e a extensão total [K(α, ) : K] = sn


ˉ ˉ
é finita por multiplicatividade dos graus. Como a extensão [K(α, ) : K] éˉ finita ela é
algébrica. ˉ

m Definição 11 (Fecho algébrico de Q) Consideremos a extensθodecorposC|Q.Chamamosdefechoalgbrico


de C definido por
Q = {α ∈ C, α algbricosobre Q}
Q é realmente corpo pela propriedade anterior. O conjunto dos números algébricos é
um corpo.

Questão 48
Z Exemplo 21 Sendo Ak = [k, ∞) temos uma sequência de intervalos que são con-
juntos fechados porém a interseção

\
Ak = A
k=1

é vazia, pois suponha que exista t ∈ A, daí existe k > t e t ∈


/ [k, ∞) = Ak logo não
pode pertencer a interseção te todos esses conjuntos.
Da mesma maneira existe uma sequência decrescente de intervalos abertos limitados
com interseção vazia, sendo Bk = (0, k1 )

\
Bk = B
k=1

B é vazio, pois se houvesse um elemento nele x > 0, conseguimos k tal que k1 < x daí x
não pertence ao intervalo (0, k1 ) = Bk portanto não pode pertencer a interseção.

Questão 49
b Propriedade 105 Sejam B ⊂ A não vazios, A limitado superiormente, se ∀ x ∈ A
existe y ∈ B tal que y > x então sup(B) = sup(A).

ê Demonstração. B é limitado superiormente pois está contido em um conjunto


limitado e vale que sup(A) > sup(B), pois B ⊂ A, suponha que fosse c = sup(A) >
sup(B), então tomando ε = sup(A) − sup(B) > 0, existe x ∈ A tal que x > c − ε =
sup(A) − sup(A) + sup(B) = sup(B), por hipótese existe y > x > sup(B) com
y ∈ B, o que é absurdo, pois não pode existir um elemento maior que o supremo.

b Propriedade 106 Sejam B ⊂ A não vazios, A limitado inferiormente, se ∀ x ∈ A


existe y ∈ B tal que y 6 x então inf(B) = inf(A).

ê Demonstração. B é limitado inferiormente pois está contido em um conjunto


limitado e vale que inf(A) 6 inf(B), pois B ⊂ A, suponha que fosse c = inf(A) <
1.4. CAPÍTULO 3 -NÚMEROS REAIS 51

inf(B), então tomando ε = inf(B) − inf(A) > 0, existe x ∈ A tal que x < c + ε =
inf(A) − sup(A) + inf(B) = inf(B), por hipótese existe y 6 x < inf(B) com
y ∈ B, o que é absurdo, pois não pode existir um elemento menor que o ínfimo.

Questão 50
m Definição 12 (Corte de Dedekind) Um corte de Dedekind é um par ordenado (A, B)
onde A, B ∈ Q não vazios, tais que A não possui máximo, A∪B = Q e ∀ x ∈ A, y ∈ B
vale x < y.
Seja C o conjunto dos cortes de Dedekind.

b Propriedade 107 Em (A, B) vale sup(A) = inf(B).

ê Demonstração. Já sabemos que vale sup(A) 6 inf(B), pois ∀ x ∈ A, y ∈ B


vale x < y implica sup(A) < y e sup(A) ser cota inferior implica sup(A) 6 inf(B),
suponha por absurdo que fosse sup(A) < inf(B), então o intervalo (sup(A), inf(B))
não possui valores x ∈ A, pois se não x > sup(A), nem y ∈ B pois daí y < inf(B),
mas como existem racionais em tal intervalo, pois Q é denso e A ∪ B = Q, chegamos
em um absurdo.

b Propriedade 108 Existe bijeção entre R e C o conjunto dos cortes.

ê Demonstração. Definimos f : C → R como f(A, B) = sup(A) = inf(B).

• f é injetora, suponha f(A, B) = f(A 0 , B 0 ) então sup(A) = inf(B) = sup(A 0 ) =


inf(B 0 ).
Dado x ∈ A vamos mostrar que x ∈ A 0 .

x < sup(A 0 ) = inf(B 0 ) 6 y 0 , ∀ y 0 ∈ B 0 , da x ∈ A 0

a inclusão A 0 ⊂ A é análoga. Então vale A = A 0 .

• Dado y ∈ B, vamos mostrar que y ∈ B 0 .

x 0 < sup(A) < inf(B 0 ) 6 y

com isso y ∈ B 0 . De maneira similar, B 0 ⊂ B portanto B = B 0 . Como vale


B = B 0 e A = A 0 então a função é injetiva.

• A função é sobrejetiva. Para qualquer y ∈ R, tomamos os conjuntos (−∞, y) ∩


Q = A e B = [y, ∞) ∩ Q, A não possui máximo, para todo x ∈ A e y ∈ B
tem-se y > x e Q = [(−∞, y) ∩ Q] ∪ [ [y, ∞) ∩ Q], além disso vale sup(A) =
y = inf(B), portanto f(A, B) = y e a função é sobrejetora, logo sendo também
injetora f é bijeção.

Questão 53
52 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

b Propriedade 109 (Média aritmética e geométrica.) Se a, b > 0 vale

a+b √
> a.b.
2
ê Demonstração.

√ √ √ √ √ √ a+b √
( a − b)2 > 0 ⇒ a − 2 a b + b > 0 ⇒ a + b > 2 a b ⇒ > ab.
2

Questão 57
Z Exemplo 22 A função f : R → (−1, 1) com f(x) = √ x+x 1 2
é bijetora.
Ela está bem definida em R, pois o único problema possível seria o termo dentro da
raíz no denominador ser não positivo, o que não acontece pois x2 + 1 > 1, ela é injetora
pois √ x1 2 = √x2 2 ⇒ x1 = x2 , sua imagem está contida no intervalo (−1, 1) pois
1+x1
√ √ 1+x2
1 + x2 > x2 = |x| logo | √1x+x2 | < 1 sendo também sobrejetora, pois dado y ∈
q
y2
(−1, 1) temos |y| < 1 ⇒ y2 < 1 ⇒ 0 < 1 − y2 , podemos tomar x = 1−y 2 se x > 0
q
y2
e x = − 1−y2 caso x < 0 e daí vale f(x) = y (Podemos perceber pela definição que
x > 0 ⇔ y > 0 e x 6 0 ⇔ y 6 0 ).

Questão 58
b Propriedade 110 Seja G 6= {0} um grupo aditivo de R, então vale uma das possibi-
lidades

1. Existe t tal que G = tZ , isto é, G é formado pelos múltiplos inteiros de t.

2. G é denso em R.
ê Demonstração.
G 6= {0} possui elemento positivo, pois dado a 6= 0 ∈ G, −a ∈ G, por ser grupo ,
e temos que a ou −a é positivo. Sejam G+ = {x ∈ G | x > 0} e t = inf G+ .

1. Se t > 0 vamos mostrar que vale t ∈ G. Suponha por absurdo que não. Existe
y ∈ G tal que
t < y < 2t,
pois 2t não é a maior cota inferior, por isso existe y entre t e 2t, subtraindo t de
ambos lados nessa desigualdade tem-se

0 < y − t < t.

Como y também não é maior cota inferior de G, existe z ∈ G tal que

t < z < y < 2t


1.5. CAPÍTULO 4-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE NÚMEROS REAIS 53

então z < y ⇒ y − z > 0 , de t < z temos −z < −t de y < 2t tem-se


y − z < 2t − z < 2t − t = t por isso

0 < y − z < t,

como y, z ∈ G então y − z ∈ G um elemento menor que o ínfimo do conjunto


t o que é absurdo logo t ∈ G e por ser grupo tZ ⊂ G.
Iremos mostrar agora a outra inclusão G ⊂ tZ. Suponha que existe x ∈ G \ tZ
então existe n natural tal que
x
n< < n + 1 ⇒ nt < x < nt + t,
t
como x, nt ∈ G segue x − nt ∈ G e subtraindo nt de ambos lados da desigual-
dade anterior temos
0 < x − nt < t,
chegando mais uma vez em uma contradição pois teríamos um elemento menor
que o ínfimo do conjunto. Portanto G ⊂ tZ e tZ ⊂ G logo G = tZ.

2. Se t = 0 então G é denso pois dado x ∈ R arbitrário e ε > 0 temos y ∈ G tal


que 0 < y < ε. Se x = my para algum m nada precisamos demonstrar, se não,
existe m tal que
x
m< < m + 1 ⇒ my < x < my + y ⇒
y

subtraindo my de ambos lados 0 < x − my < y < ε, my ∈ G logo G é denso


em R.

1.5 Capítulo 4-Sequências e Séries de Números Reais


Questão 1
b Propriedade 111 Se lim xn = a então lim |xn | = |a|.

ê Demonstração. Se lim xn = a então

∀ ε > 0, ∃n0 ∈ N | n > n0 ⇒ |xn − a| < ε

porém temos a desigualdade ||xn |−|a|| 6 |xn −a| logo ||xn |−|a|| < ε e lim |xn | = |a|.

Z Exemplo 23 lim |xn | pode existir porém lim xn pode não existir, por exemplo to-
mamos xn = (−1)n , ela não converge porém |(−1)n | = 1 é constante logo convergente.

Questão 2
54 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Z Exemplo 24 Se lim xn = 0 e yn = min{|x |, ∙ ∙ ∙ , |xn|} então lim yn = 0.


1
Por definição vale que 0 6 yn 6 |xn |, como |xn | → 0 então por sanduíche segue que
lim yn = 0.

Questão 3
b Propriedade 112 Se lim x2n = a e lim x2n−1 = a entθolim xn = a.

ê Demonstração. Sejam yn = x2n e zn = x2n−1 como temos lim yn = lim zn =


a, para qualquer ε > 0 existem n0 e n1 tais que para n > n0 vale yn ∈ (a − ε, a +
ε) e n > n1 vale zn ∈ (a − ε, a + ε), escolhendo n2 > max{n0 , n1 } temos para
n > n2 simultaneamente zn , yn ∈ (a − ε, a + ε), x2n−1 , x2n ∈ (a − ε, a + ε),
entθoparan>2n2 − 1 temos xn ∈ (a − ε, a + ε) logo vale lim xn = a.

Questão 4
Sp
b Propriedade 113 Se N = k=1 Nk e limn∈Nk xn = a então lim xn = a.

ê Demonstração.
Dado ε > 0 fixo e arbitrário existe nk ∈ Nk tal que ∀ n > nk , n ∈ Nk vale
xn ∈ (a − ε, a + ε) pelo fato de limn∈Nk xn = a. Tomamos n0 = max{n1 , ∙ ∙ ∙ , np },
daí vale para n > n0 , xn ∈ (a − ε, a + ε) para todo n ∈ Nk com todo k, com isso
uniformizamos o valor do índice para o qual os termos da sequência estão no mesmo
intervalo (a − ε, a + ε). Como todo n ∈ N pertence a algum Nk então para n ∈ N
suficientemente grande vale xn em (a − ε, a + ε) . Vamos tentar deixar mais clara a
última proposição.
Seja n00 = min{n > n0 |xn ∈ (a − ε, a + ε) ∀ n ∈ Nk , ∀ k}, tal conjunto é não
vazio logo possui mínimo. Para todo n ∈ N, n > n00 vale xn ∈ (a − ε, a + ε), pois
dado n > n00 > n0 xn pertence à algum Nk e nas condições colocadas na construção
do conjunto para Nk vale xn ∈ (a − ε, a + ε).

Questão 5
Z Exemplo 25 Pode valer N = S∞k= Nk com limn∈Nn1 k
xn = a e lim xn 6= a.
Como por exemplo, definimos N2 = {2, 22 , 23 , ∙ ∙ ∙ , 2 , ∙ ∙ ∙ } em geral
Nk+1 = S {p1k , pk2 , ∙ ∙ ∙ , pn
k , ∙ ∙ ∙ } onde pk é o k-ésimo primo, definindo N1 como o comple-
mento de ∞ k=2 Nk em N. Definimos em N2 , x2 = 2, xn = 0 para os outros valores, da
mesma forma em Nk+1 definimos xpk = pk e xn = 0 para os outros valores. Em N1
definimos xn = 0 para todo n. A sequência xn não converge possui uma subsequência
que tende a infinito. x2 = 2, x3 = 3, x5 = 5, ∙ ∙ ∙ , xpk = pk , ∙ ∙ ∙ a subsequência dos
primos.

Questão 6

Corolário da adição e multiplicação de limites.


1.5. CAPÍTULO 4-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE NÚMEROS REAIS 55

$ Corolário 17 Se lim xn = a e lim xn − yn = 0 então lim yn = a pois


lim yn −xn = 0 e pelo limite da soma lim yn −xn +xn = lim yn −xn +lim xn =
0 + a = a = lim yn .

Questão 7
$ Corolário 18 Seja a 6= 0. Se lim yan = 1 então lim yn = a, pois usando
1
linearidade do limite lim yan = a lim yn = 1 portanto lim yn = a.

Questão 8
$ Corolário 19 Se lim xn = a e lim yxnn = b 6= 0 então lim yn = b,
a
pois
yn 1
lim xn = b e daí por limite do produto

yn a
lim xn = lim yn = .
xn b

Questão 9
$ Corolário 20 Se lim xn = a 6= 0 e lim xn yn = b então lim yn = ab .
Vale que lim x1n = a, daí lim xn yn lim x1n = lim xn yn x1n = lim yn = a.
b

Questão 10
b Propriedade 114 Se existem ε > 0 e p ∈ N tais que ε 6 xn 6 np para n >
1
n0 ∈ N então lim(xn ) n .

ê Demonstração. Vale ε 6 xn 6 np , tomando a raiz n-ésima tem-se


1 √ 1
εn 6 n
xn 6 (np ) n
1
tomando-se o limite segue pelo teorema do sanduíche que lim(xn ) n = 1.

Questão 11
Z Exemplo 26 Usando que a média aritmética é maior ou igual a média geométrica,
na sequência de n+ 1 números com n números iguais à (1 + nt ) e um deles sendo a unidade
1, com isso temos  
Pn
1+ (1 + nt ) n
Y
 
 k=1  > ( (1 + t )) n+ 1
1
 n+1  n
k=1

   n  n+
1  n+1  n
n+1+t t t 1
t t
= 1+ > 1+ ⇒ 1+ > 1+
n+1 n+1 n n+1 n
56 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

1 n
com t > −1 real. Em especial a sequência de termo xn = (1 − n) é crescente e para
n = 2 temos
1
x2 =
4
1
daí xn > 4
para n > 1.

Questão 11a.
Z Exemplo 27 Vale que
1 n 1
lim(1 − ) (1 + )n = lim 1n = 1
n n
1 n
daí lim(1 − n) = e −1 .

Questão 12
b Propriedade 115 Sejam a > 0, b > 0 então
1 1 1
|a n − b n | 6 |a − b| n
1 1
ê Demonstração. Supondo a > b , definindo c = a n e d = b n , então c − d > 0
por expansão binomial tem-se
n  
X n
cn = ((c − d) + d)n = (c − d)k dn−k > dn + (c − d)n > 0
k
k=0

daí cn − dn > (c − d)n > 0 implicando


1 1
|a − b| > |a n − b n |n

e daí
1 1 1
|a n − b n | 6 |a − b| n .

b Propriedade 116 Se xn > 0 e lim xn = a então lim(xn ) p = a p


1 1

ê Demonstração. Como lim xn = a então ∀ ε > 0 conseguimos n0 ∈ N tal que


1
para n > n0 tem-se |xn − a| < εp e daí |xn − a| p < ε, da desigualdade anterior
temos que
1 1 1
|xnp − a p | 6 |xn − a| p < ε
1 1
e daí lim(xn ) p = a p .

b Propriedade 117 Seja m racional e (xn ) de termos positivos. Se lim xn = a então


lim xn = am .
1.5. CAPÍTULO 4-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE NÚMEROS REAIS 57

ê Demonstração.
p
Escrevemos m = q , daí
1 1
lim xnq = a q
usando propriedade do produto segue
p p
lim xnq = a q .

Questão 14

b Propriedade 118 Seja a, b > 0 e então lim n
an + bn = max{a, b}.

ê Demonstração. Seja c = max{a, b} então vale Vale an 6 cn , bn 6 cn e daí


a + bn 6 2cn da mesma maneira cn 6 an + bn , pois c é a ou b, logo
n

c n 6 a n + b n 6 2c n
√ √
c 6 an + b n 6 2 c
n n

tomando limites, temos pelo teorema do sanduíche



lim an + bn = c.
n

b Propriedade 119 Sejam (ak > 0)m


1 e c = max{ak , k ∈ Im } então
v
um
uX
lim t
n
an
k = c.
n→∞
k=1

P
m
k 6 c , tomando a soma, tem-se
ê Demonstração. Vale an k 6 m.c , tem-
n
an n
k=1
P
m
se também cn 6 k então vale
an
k=1

m
X
cn 6 k 6 m.c
an n

k=1

tomando a raiz v
um
uX √
c6 t
n
k 6
an n
m.c
k=1

e novamente por teorema do sanduíche tem-se


v
um
uX
lim t
n
ank = c.
k=1
58 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Questão 15

m Definição 13 (Termo destacado) Dizemos que xn é um termo destacado quando


xn > xp para todo p > n. Isto é quando xn é maior ou igual a todos seus sucessores.

b Propriedade 120 Toda sequência possui subsequência monótona .

ê Demonstração.
Seja A ⊂ N o conjunto dos índices s da sequência (xn ), tais que xs é destacado,
existem dois casos a serem analisados
• Se A é infinito, então podemos tomar uma subsequência (xn1 , xn2 , ∙ ∙ ∙ ) de ter-
mos destacados formada pelos elementos com índices em A que é não-crescente
com n1 < n2 < n3 < ∙ ∙ ∙ e com xn1 > xn2 > ∙ ∙ ∙ .
• Se A é finito, tomamos um n1 maior que todos elementos de A daí xn1 não é
destacado, existindo xn2 > xn1 com n2 > n1 , por sua vez xn2 não é destacado
logo existe n3 > n2 tal que xn3 > xn2 , assim construímos uma subsequência
não-decrescente .

Questão 18
Generalizamos o exercício em dois resultados.

b Propriedade 121 Sejam (an ) e (bn ) sequências limitada tais que an + bn =


1 ∀ n ∈ N, (zn ) e (tn ) com o mesmo limite a, então lim an .zn + bn .tn = a.

ê Demonstração. Escrevemos

an .zn +bn .tn = an .zn −a.an +a. an +bn .tn = an (zn −a)+a(1−bn )+bn .tn =
|{z}
=1−bn

= an (zn − a) + a − a.bn + bn .tn = an (zn − a) + a + bn (tn − a)


daí

lim an (zn − a) + a + bn (tn − a) = a = lim an .zn + bn .tn

pois an e bn são limitadas e zn − a, tn − a tendem a zero.

b Propriedade 122 Se limn→∞ zk (n) = a ∀ k e cada (xk (n)) é limitada com


Pp P
p
k=1 xk (n) = vn → b então limn→∞ xk (n)zk (n) = a.b.
k=1

P
p
ê Demonstração. Vale x1 (n) = vn − xk (n).
k=2
p
X p
X
xk (n)zk (n) = x1 (n)z1 (n) + xk (n)zk (n) =
k=1 k=2
1.5. CAPÍTULO 4-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE NÚMEROS REAIS 59

p
X p
X
= z1 (n)vn − xk (n)z1 (n) + xk (n)zk (n) =
k=2 k=2
p
X
= z1 (n)vn + xk (n) (zk (n) − z1 (n)) → a.b.
| {z } | {z }
k=2
→a.b →0

Questão 19
m Definição 14 (Sequência de variação limitada) Uma sequência (xn ) tem varia-
ção limitada quando a sequência (vn ) com
n
X
vn = |Δxk | limitada.
k=1

b Propriedade 123 Se (xn ) tem variação limitada então (vn ) converge.

ê Demonstração. (vn ) é limitada e não-decrescente, pois Δvn = |Δxn+1 | > 0,


logo é convergente.

b Propriedade 124 Se (xn ) tem variação limitada então existe lim xn .


P
∞ P

ê Demonstração. A série |Δxk | converge portanto Δxk converge absolu-
k=1 k=1
tamente e vale
X1
n− X1
n−
xn − x1 = Δxk ⇒ xn = Δxk + x1
k=1 k=1

logo xn é convergente.

Z Exemplo 28 Se |Δxn+1 | 6 c|Δxn | ∀ n ∈ N com 0 6 c < 1 então (xn ) possui


variação limitada. Definimos g(k) = |Δxk | logo a desigualdade pode ser escrita como
Q1
n−
g(k + 1) 6 cg(k), Qg(k) 6 c aplicamos de ambos lados, daí
k=1

g(n) = |Δxn | 6 cn−1 g(1)


somando em ambos lados temos
n
X n
X
|Δxk | 6 ck−1 g(1)
k=1 k=1

como o segundo termo converge por ser série geométrica segue que (xn ) é de variação limi-
tada, logo converge.
60 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

b Propriedade 125 (xn ) tem variação limitada ⇔ xn = yn − zn onde (yn ) e (zn )


são sequências não-decrescentes limitadas.

ê Demonstração.
⇐).
Seja xn = yn − zn onde (yn ) e (zn ) são sequências não-decrescentes limitadas,
então xn tem variação limitada.

n
X n
X n
X n
X n
X n
X
vn = |Δxk | = |Δyk − Δzk | 6 |Δyk | + |Δzk | 6 | Δyk | + | Δzk |
k=1 k=1 k=1 k=1 k=1 k=1

= |yn+1 − y1 | + |zn+1 − z1 | < M


pois (yn ) e (zn ) são limitadas, logo (vn ) é limitada, isto é, (xn ) tem variação limitada.
⇒). Dada (xn ) com variação limitada. (xn ) tem variação limitada ⇔ (xn +c) tem
variação limitada, pois Δ aplicado as duas sequências tem o mesmo valor. Escrevemos

X1
n−
x n − x1 = Δxk
k=1

P 1
Para cada n definimos Pn o conjunto dos k da soma n−k=1 Δxk tais que Δxk > 0 e
Nn o conjunto dos k da mesma soma tais que Δxk < 0, com isso temos uma partição
do conjunto dos índices e vale

X1
n− X X
x n − x1 = Δxk = Δxk − (−Δxk )
k=1 k∈Pn k∈Nn
| {z } | {z }
yn zn

(yn ) é não decrescente, pois yn+1 = yn caso não seja adicionado índice a Pn+1 em
relação a Pn e yn+1 > yn caso seja adicionado um índice a Pn+1 , pois adicionamos
um termo da forma Δxk > 0 o mesmo para (zn ).
(yn ) é limitada pois

X X1
n− X X X X
Δxk 6 |Δxk | = |Δxk |+ |Δxk | = Δxk + (−Δxk ) < M
k∈Pn k=1 k∈Pn k∈Nn k∈Pn k∈Nn

da mesma maneira (zn ) é limitada.

Z Exemplo 29 Existem sequências convergentes que não possuem variação limitada,


P1
n−
(−1)k (−1)n
como por exemplo xn = k , que é convergente porém Δxn = n ⇒ |Δxn | =
k=1
1
P1
n−
1
n e k não é limitada.
k=1
1.5. CAPÍTULO 4-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE NÚMEROS REAIS 61

Questão 20
Z Exemplo 30 Seja (xn) definida como x 1 = 1, xn+1 = 1 + 1
xn , então vale que

1
|Δxn+1 | 6 |Δxn |.
2
• Primeiro vale que xn > 1 para todo n pois vale para n = 1, supondo validade para
n, então vale para n + 1, pois xn+1 = 1 + x1n .

• Vale que |xn+1 xn | > 2 para todo n, pois, substituindo xn+1 = 1 + x1n isso implica
que xn+1 xn > xn + 1 > 2.
• De |xn+1 xn | > 2 segue que | xn+11 xn | 6 1
2
, multiplicando por |xn+1 − xn | em
ambos lados segue que

xn − xn+1 |xn+1 − xn |
| |6
xn+1 xn 2

1 1 1 1 |xn+1 − xn |
| − | = | (1 + ) − (1 + )| 6
xn+1 xn xn+1 xn 2
| {z } | {z }
xn+2 xn+1

portanto |Δxn+1 | 6 21 |Δxn | portanto a sequência é convergente. Calculamos seu


limite lim xn = a
1
a = 1 + ⇔ a2 − a − 1 = 0
a

1± 5
cujas raízes são 2
, ficamos com a raiz positiva pois a sequência é de termos po-
sitivos, logo √
1+ 5
lim xn = .
2

Questão 21
Z Exemplo 31 Estudar a convergência da sequência xn+ 1

= 1 + xn com x1 = 1.
A sequência é crescente , pois x2 = 2 > x1 , supondo xn+1 > xn temos
√ √ √ √
xn+1 > xn ⇒ 1 + xn+1 > 1 + xn ⇒ xn+2 > xn+1 .

A sequência é limitada superiormente, por 3, por exemplo, pois x1 < 3, supondo xn <
3 < 4 tem-se
√ √
xn < 2 ⇒ 1 + xn < 3 ⇒ xn+1 < 3.
Agora calculamos o limite da sequência

a = 1 + a ⇒ (a − 1)2 = a ⇒ a2 − 3a + 1 = 0
√ √ √
3± 5
cujas raízes são 2
, não podendo ser 3−2 5 que é menor que 1 logo o limite é 3+ 5
2
.
62 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Questão 22
b Propriedade 126 (xn ) não possui subsequência convergente ⇔ lim |xn | = ∞.
ê Demonstração.
⇒).
Se (xn ) não possui subsequência convergente então lim |xn | = ∞.
Se não fosse lim |xn | = ∞, existiria A > 0 tal que ∀ n0 , existe n1 > n0 tal
que |xn1 | < A, aplicando o resultado com n1 no lugar de n0 , existe n2 > n1 tal que
|xn2 | < A e assim construímos uma subsequência (xn1 , xn2 , ∙ ∙ ∙ ) limitada , que possui
uma subsequência convergente , o que é absurdo.
⇐).
Suponha por absurdo que lim |xn | = ∞ e (xn ) possui subsequência convergente,
convergindo para a. Por definição de limite infinito, sabemos que existe n0 tal que
n > n0 implica |xn | > |a| + 10, por (xn ) ter subsequência que converge para a, existe
n1 tal que n > n1 e n índice da subsequência, implica |xn −a| < 10 ⇒ |xn | < |a|+ 10,
podemos tomar índice da subsequência tal que n > n1 e n > n2 , logo valeria |xn | <
|a|+ 10 e |xn | > |a|+ 10 o que é absurdo, portanto (xn ) não pode possuir subsequência
convergente.

Questão 24
b Propriedade 127 Seja z : N → N com lim zn = ∞ e lim xn = a. Então dada
yn := xzn , vale que lim yn = a.
ê Demonstração.
1. De lim xn = a segue que ∀ ε > 0 existe n0 ∈ N tal que se n > n0 implica
|xn − a| < ε.
2. Como lim zn = ∞ então existe n1 tal que se n > n1 implica que zn > n0 , daí
pelo ponto 1, tem-se |xzn − a| < ε para n > n1 e daí lim xzn = a = lim yn ,
como queríamos demonstrar.

Z Exemplo 32 A sequência dada por z2n+1 = n e z2n = 1 é sobrejetiva, sendo uma


sequência de N em N. Considere xn = n1 . Vale que yn = xϕn não converge pois possui
subsequência dos ímpares convergindo para 0 e subsequência dos pares convergindo para
1.

Questão 25
b Propriedade 128 (Teste da razão para sequências.) Se xn > 0 ∀ n ∈ N e
xn+1
xn 6 c < 1 para n suficientemente grande então lim xn = 0.

ê Demonstração. Existe n0 tal que para k > n0 vale 0 < xk+1


6 c < 1, aplica-
Q xk
mos o produtório nk=n0 +1 em ambos , de onde segue
n
Y n
Y
xk+1
0< 6 c
xk
k=n0 +1 k=n0 +1
1.5. CAPÍTULO 4-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE NÚMEROS REAIS 63

0 < xn+1 < x(n0 +1) cn−n0


como lim cn = 0, tem-se pelo teorema do sanduíche que lim xn = 0.

$ Corolário 21 Dada uma sequência de termos não nulos (xn ), então (|xn |) é uma
sequência de termos positivos, se ela satisfaz a propriedade anterior então lim |xn | = 0
o que implica lim xn = 0.

b Propriedade 129 Seja (xn ) sequência de termos positivos, se xn+1


xn > c > 1 para n
suficientemente grande então lim xn = ∞.

ê Demonstração. Existe n0 ∈ N tal que k > n0 implica xk+1


xk > c, onde c > 1.
Aplicando o produtório na desigualdade tem-se
n
Y xk+1
> cn−n0
xk
k=n0 +1

x n 0 +1 n
xn+1 > c
cn 0
como lim cn = ∞ segue que lim xn = ∞.

$ Corolário 22 Na propriedade anterior podemos trocar xn por |xn | onde xn não


se anula, pois (|xn |) é uma sequência de positivos.

$ Corolário 23 Se lim xxn+


n
1
= a < 1 então para n suficientemente grande vale
xn+1
xn 6 c < 1, logo também vale lim xn = 0.

$ Corolário 24 Se lim xxn+


n
1
= c > 1 a propriedade também se verifica pois existe
n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn+1
xn > a > 1 para algum a.

b Propriedade 130
n!
lim = 0.
nn
ê Demonstração. Definimos xn = n!
nn e vale xn > 0, aplicamos a regra da razão
 n
xn+1 (n + 1)! nn n 1
= = =
xn (n + 1)n+1 n! n+1 (1 + n1 )n

o limite é lim xxn+


n
1
= e1 < 1.
n cresce mais rápido que n!
n
64 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

b Propriedade 131 Para todo a > 0 real temos lim an! = 0.


n

ê Demonstração. Pelo teste da razão, definimos xn = an! temos xn > 0 segue


n

an+1 n!
xn = (n+1).n!an = n+1 e temos lim xn = 0, logo lim xn = 0.
xn+1 a xn+1

A propriedade nos diz que n! cresce mais rápido que an .

$ Corolário 25 lim an!n = ∞, pois lim an! = 0, isso significa que ∀ A > 0 ∃ n0 ∈
n

N tal que n > n0 ⇒ an!n > A, em especial para A = 1, tem-se n! > an para n
suficientemente grande.

b Propriedade 132 Se a > 1 e p natural fixo vale

np
lim = 0.
an

n , vale xn > 0 daí podemos aplicar o teste


p
ê Demonstração. Definimos xn = an

da razão
 p
xn+1 (n + 1)p an n+1 1 1
= = ⇒ lim xn+1 xn = <1
xn an+1 np n a a
|{z}
0<

daí o limite é zero.

$ Corolário 26 Se a > 1, p ∈ N então lim anp = ∞ pois lim ann = 0.


n p

Tal propriedade mostra que a exponencial an cresce muito mais rápido que np
para n grande.

Questão 27
Questão 27
Feita no outro gabarito.

Questão 28
Feita no outro gabarito.

Questão 31
Z Exemplo 33 Mostrar que
P
n
kp
k=1 1
lim = .
np+1 p+1
1.5. CAPÍTULO 4-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE NÚMEROS REAIS 65

Iremos calcular o limite das diferenças do inverso da sequência

P1
p−
p+1

p+1 p+1
[ nk ] + (p + 1)np
(n + 1) −n k=0
k
lim = lim
(n + 1)p (n + 1)p

P1
p−
p+1

nk
k=0
k
(p + 1)np
= lim + lim =p+1
(n + 1) p (n + 1)p
| {z } | {z }
→0 →p+1

daí
P
n
kp
k=1 1
lim = .
np+1 p+1

Questão 32
A segunda solução é a pedida no livro.

F Teorema 2 O número e é irracional.

ê Demonstração.[1] Vamos provar que e−1 é irracional, logo e também é .


Temos pela representação em série que

X xk
ex =
k!
k=0

então

∞ 2X
n−1 ∞
X (−1)k (−1)k X (−1)k
e −1 = = + ⇒
k! k! k!
k=0 k=0 k=2n

2X
n−1 ∞
(−1)k X (−1)k 1 1
e −1 − = = − + ∙∙∙ > 0
k! k! (2n)! (2n + 1)!
k=0 k=2n

1
pois todos termos somados e subtraídos são menores que (2n)! e como temos termos
sendo subtraídos tem-se

2X
n−1
(−1)k 1
0 6 e −1 − 6 ⇒
k! (2n)!
k=0

2X
n−1
(−1)k 1 1
0 < (2n − 1)!(e−1 − )6 6
k! 2n 2
k=0
66 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

P2n−1 (−1)k
para n suficientemente grande se e−1 é racional, temos que (2n−1)!(e−1 − k= 0 k! )
é inteiro, entre 0 e 21 , absurdo, então e−1 é irracional e daí também seu inverso e.
ê Demonstração.[2] Pela série de taylor, temos que
P
ex = ∞ xk
k=0 k!
assim tomando x = 1 temos
∞ ∞
X 1k X 1
e1 = e = =
k! k!
k=0 k=0

vamos considerar que e seja um número racional da forma


q com mdc(p, q) = 1 com q e p naturais, vamos abrir o série em q
p

q ∞
p X 1 X 1
e= = +
q k! k!
k=0 k=q+1

logo

q ∞ ∞ k
p X 1 X 1 1 XY 1
− = =
q k! k! q! q+s
k=0 k=q+1 k=1 s=1

temos que essa série é menor que



1 X 1 1
=
q! (q + 1) k q!q
k=1

a última igualdade por ser uma série geométrica


logo temos
q
p X 1 1 1
0< − <
q k! q! q
k=0

implicando
q
X 1 X 1 q
p 1
0 < q! − q! = (q − 1)!p − q! <
q k! k! q
k=0 k=0

onde o número do meio das desigualdades é inteiro , e por não existir inteiro entre
0 e 1/q para q > 1, chegamos num absurdo.

Questão 33
Questão digitada errada
Qn 1
b Propriedade 133 Se lim xn = ∞ , com xn > 0 então lim( k=1 xkn ) = ∞
1.5. CAPÍTULO 4-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE NÚMEROS REAIS 67

n 1

1
Y 1 n
ê Demonstração. Se lim xn = ∞ então lim xn = 0 daí lim ( ) = 0 que
xk
k=1
| {z }
=yn
implica
n
1 Y 1
lim = ∞ = lim( xkn ).
yn
k=1

q
Z Exemplo 34 Provar que lim n (2n)!
n! = ∞. Tomamos xn = (2n)!
daí temos
q n!
(2n+2)(2n+1)(2n)! n! (2n+2)(2n+1)
xn+1
xn = (n+1)n! (2n)! = (n+1) = 2(2n+1) → ∞ logo lim n (2n!
n)!
=
∞.

q
Z Exemplo 35 Mostrar que lim n (2n)! 4
n!nn = e .
(2n)!
Tomamos xn = xn+1
n!nn , daí xn = 2(n+
2n+1) 1
1 ( 1+ n1 n
)
→ e4 .

Questão 34
p
Usamos o critério: Se lim |x|xn+
n|
1|
= L então lim n
|xn | = L
q
Z Exemplo 36 Mostrar que lim n (2n)! 4
n!nn = e .
(2n)!
Tomamos xn = xn+1
n!nn , daí xn = 2(n+
2n+1) 1
1 ( 1+ n1 n
)
→ e4 .

Z Exemplo 37 Mostrar que lim n√


n
n!
= e.
(n+1)n+1 1 (n+1)n 1 n
= (1 +
n xn+1
Tomamos xn = nn! , daí xn = nn n+1 = nn n) → e , daí
segue que lim n√nn! = e.
Disso segue também que
n e
lim √
n
= ,
a n! a
isto é, r
nn e
lim n
= ,
n!an a
daí tomando o inverso, temos
r
n!an a
lim = ,
n

n n e
68 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

em especial se e = a, segue que


r
n!en e
lim = = 1.
n

nn e

Questão 35
P
∞ P
∞ P

b Propriedade 134 Sejam an e bn séries de termos positivos. Se bn =
n=u n=s n=s
P

∞ e existe n0 ∈ N tal que an+1
an > bn+1
bn para todo n > n0 entθo an = ∞.
n=u

ê Demonstração. aan+ n
1
> bbn+n
1
, Qak > Qbk tomando o produtório com k
variando de k = n0 + 1 até n − 1 na desigualdade em ambos lados segue

Y1
n−
an Y1
n−
bn a n 0 +1
Qak = > Qbk = , an > bn
a n 0 +1 b n0 +1 b n 0 +1
k=n0 +1 k=n0 +1

pois temos termos positivos, tomando a série temos



X ∞
X
a n0
an > bn = ∞
bn0
n=n0 +1 n=n0 +1

logo a série tende ao infinito por comparaθo.

Questão 36
P P
b Propriedade 135 1. Sejam
P duas séries Pak e bk de termos positivos, se existe
lim abk = a 6= 0 então ak converge ⇔ bk converge .
k

P P
2. Se lim abk = 0 então a convergência de bk implica convergência de ak .
k

ê Demonstração.

1. Existe n0 ∈ N tal que para k > n0 tem-se


ak
0 < t1 < a − ε < < a + ε < t2
bk
como bk > 0 tem-se
t 1 bk < a k < t 2 bk
Pn
aplicamos a soma k=n0 +1 , daí

n
X n
X n
X
t1 bk < ak < t 2 bk
k=n0 +1 k=n0 +1 k=n0 +1
P
usando essa desigualdade
P P temos por comparação
P que se bk converge então
ak converge e se ak converge então bk converge.
1.5. CAPÍTULO 4-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE NÚMEROS REAIS 69

2. De maneira similar ao item anterior.


Existe n0 ∈ N tal que para k > n0 tem-se
ak
06 < ε < t2
bk
como bk > 0 tem-se
0 6 ak < t 2 b k
Pn
aplicamos a soma k=n0 +1 , daí
n
X n
X
06 ak < t 2 bk
k=n0 +1 k=n0 +1
P
usando essa desigualdade temos por comparação que se
P bk converge então
ak converge.

Z Exemplo 38 Pode valer que P ak converge,


P
valendo lim a
b
P
= 0 e bk não con-
k
k
verge, tome por exemplo ak = k12 , bk = k1 , bk não converge, lim a bk = lim k2 =
k k

1
P
lim k = 0 e ak converge, logo a recíproca do item 2 da propriedade anterior não vale.

Questão 37
b Propriedade 136 Se P(x) é um polinômio de grau n > 2 sem raízes nos naturais,
então
X 1
converge.
P(x)
P
ê Demonstração. Já sabemos que x x1n converge se n > 2, por exemplo por cri-
P
tério de condensação de Cauchy, ou por comparação com a série convergente x x12
para x suficientemente grande. Tomando um polinômio de grau n, temos que an 6= 0
e
a0 an−1 a0
|an xn + . . . + a0 x0 | = xn |an + . . . + n | > xn | |an | − | + . . . + n | |,
x x x
onde usamos que |x + y| > | |x| − |y| |. Com x suficientemente grande temos que
an−1 a0 |an | |an | an−1 a0
| + ... + n| 6 ⇒− 6 −| + ... + n|
x x 2 2 x x
|an |
daí 2
6 |an | − | an−
x + ... +
1
xn |, por isso
a0

|an | a0
xn 6 xn |an + . . . + n |, paraxsuficientementegrande,
2 x
daí,
1 X X 2
6 ,
x
|P(x)| |an |xn
P 1
que converge, logo temos a convergência absoluta para x P(x) e por isso a série con-
verge.
70 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Questão 38
Z Exemplo 39
Se |x| < 1 então  
m n
lim x = 0.
n→∞ n

Q1
n−
  (z − k)
z k=0
Aqui usamos a definição = que faz sentido inclusive quando z é um
n n!
número real, não precisando estar
 limitado
 aos naturais. Perceba também que se z é um
z
número natural e n > z então = 0, pois irá aparecer o termo z − z no produtório
n
e portanto a sequência an será nula para n suficientemente grande. Considere então m ∈ /
N. 
Aplicamos o critério da razão de sequências para an = m n x , que garante que se
n

lim |an | < 1 então lim an = 0. Temos que


|an+1 |
n→∞ n→∞

|an+1 | |x|n+1 n! |(m) × . . . × (m − n + 1)(m − n)| |x||m − n|


= =
|an | |x|n (n + 1)! |(m) × . . . (m − n + 1)| (n + 1)
n − 1|
n |x|| m n − 1|
|x|| m
= 1
= → |x| < 1.
n 1+ n 1 + n1
 n
n x = 0.
Logo lim m
n→∞

Questão 40
Z Exemplo 40 A série ∞
X a2
( 1 + a2 ) k
k=0
1
converge com qualquer a ∈ R. Vale que 1 6 a2 + 1 ∀ a ∈ R logo 0 < 1+a 2 6
P∞ 1
1, portanto a série converge por ser série geométrica. Sabemos que k=0 b = 1−b
k
,
1
substituindo b = a2 +1 , chegamos no resultado
∞ ∞
X 1 a2 + 1 X a2
= ⇒ = a2 + 1.
(1 + a )
2 k a 2 (1 + a2 ) k
k=0 k=0

Questão 41
1.5. CAPÍTULO 4-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE NÚMEROS REAIS 71

Z Exemplo 41 Calcule
X1
n−
1
.
k(k + 1) . . . (k + p)
k=1

Escrevemos
1 k+p−k
=
k(k + 1) . . . (k + p) pk(k + 1) . . . (k + p)
f(k) f(k+1)
z }| { z }| {
1 1 1 −Δf(k)
= ( − )=
p k(k + 1) . . . (k + p − 1) (k + 1) . . . (k + p − 1) p
logo calculamos a soma telescópica

X1
n−
1
n−1
X −Δf(k) −1
= = (f(n) − f(1))
k(k + 1) . . . (k + p) p p
k=1 k=1

1
com lim f(n) = 0 e f(1) = p! segue que

X 1 1
= .
k(k + 1) . . . (k + p) p!p
k=1

Questão 42
P P P P
b Propriedade 137 Sejam as séries ak e ak
1+ak
. ak converge ⇔ ak
1+ak
converge.
P
ê Demonstração. ⇒. ak converge e vale
1 ak
0 6 ak ⇒ 1 6 1 + ak ⇒ 61 ⇒ 6 ak
1 + ak 1 + ak
P ak
pelo critério de comparação segue que 1+ak
converge.
P ak
⇐. 1+ak
converge então

ak 1 1
lim = 0 ⇒ lim 1 − = 0 ⇒ lim =1
1 + ak ak + 1 ak + 1
daí por propriedade de limite lim ak + 1 = 1 ⇒ lim ak = 0 então existe n0 tal que
para k > n0 tem-se ak 6 1
1 1 ak ak
ak + 1 6 2 ⇒ 6 ⇒ 6
2 ak + 1 2 ak + 1
P
logo por comparação ak converge .
72 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Pb Propriedade 138 Seja P (xk ) uma sequência de números não negativos com a série
xk convergente então xk2 é convergente.
P
ê Demonstração.[1] Como ak é convergente, vale P lim ak = 0 e daí para k >
n0 vale xk < 1 que implica xk2 6 xk logo por comparação xk2 converge.
P
n
ê Demonstração.[2] Como temos xk > 0 segue também xk2 > 0, sendo entθos(n)= xk2
k=b

temos Δs(n) = x2n+1 > 0, logo s(n) é nθodecrescente, semostrarmosqueasrielimitadasuperiormentet


P
n P
n
( xk )( xk )logoasrieconvergente.
k=b k=b

Questão 43
P P √ak
b Propriedade 139 Se ak , ak > 0 converge então a série k também con-
verge .

ê Demonstração. Usando a desigualdade de Cauchy


n
X n
X n
X
( xk y k ) 2 6 ( xk2 )( yk2 )
k=1 k=1 k=1

1 √
com yk = k e xk = ak tem-se
n √ n n
X ak X X 1
( )2 6 ( ak )( )
k k2
k=1 k=1 k=1

e tem-se também
n √ n √ n n
X ak X ak X X 1
6( )2 6 ( ak )( )
k k k2
k=1 k=1 k=1 k=1

de onde por comparação segue o resultado .


P P xk
$ Corolário 27 Se xk2 , converge então a série k também converge, basta
usar o resultado anterior com ak = xk2 .

Questão 44
b Propriedade
P 140 Seja (an ) uma sequência não-crescente de números reais positi-
vos. Se ak converge então lim nan = 0.

ê Demonstração. Usaremos o critério de Cauchy . Existe n0 ∈ N tal que para


n + 1 > n0 vale
2n
2na2n X
= na2n 6 ak < ε
2
k=n+1
1.5. CAPÍTULO 4-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE NÚMEROS REAIS 73

logo lim 2na2n = 0. Agora mostramos que a subsequência dos ímpares também
tende a zero. Vale a2n+1 6 a2n daí 0 < (2n + 1)a2n+1 6 2na2n + a2n por te-
orema do sanduíche segue o resultado. Como as subsequências pares e ímpares de
(nan ) tendem a zero, então a sequência tende a zero.
P 1
$ Corolário 28 A série harmônica k diverge, pois ( n1 ) é decrescente e vale lim n
n =
1 6= 0.

Questão 46
b Propriedade 141 (Critério de condensaçãoP de Cauchy)
P Seja (xn ) uma sequên-
cia não-crescente de termos positivos então xk converge ⇔ 2k .x2k converge.

ê Demonstração. Usaremos a identidade


1
X1 2s+
X−1 2X −1
n
n−
f(k) = f(k).
s=0 k=2s k=1

⇒). P P
Vamos provar que se xk converge então 2k .x2k converge, P kusando a contra-
positiva,
P que é equivalente logicamente, vamos mostrar que se 2 .x2k diverge en-
tão xk diverge.
Como xk é não-crescente então vale
1 1
2s+
X−1 2s+
X−1
2 x2s+1 =
s
x2s+1 6 xk
k=2s k=2s

Pn−1
aplicando 2 s=0 segue
X1 2X −1
n
n−
s+1
2 x2s+1 6 xk
s=0 k=1
P P
logo se 2s x2s diverge então xk diverge.
⇐). P P
Vamos provar que se 2k .x2k converge então então xk converge, de maneira
direta. Usando que
1 1
2s+
X−1 2s+
X−1
xk 6 x 2 s = 2 s x 2s
k=2s k=2s
Pn−1
aplicando s=0 segue que
2X
n
−1 X1
n−
xk 6 2 s x 2s
k=1 s=0
P P
daí se 2s x2s converge então xk converge .
74 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Questão 48


b Propriedade 142 Sejam a, b > 0 ∈ R, x1 = ab, y1 = a+b 2
, xn+1 =
xn .yn , yn+1 = xn +y
2
n
. Então (x n ) e (y n ) convergem para o mesmo limite.

ê Demonstração. Sabemos que yn > xn pela desigualdade das médias, então



xn .yn > x2n ⇒ xn .yn > xn ⇒ xn+1 > xn ,

então (xn ) é crescente . Da mesma maneira yn é decrescente pois de xn 6 yn tem-se


xn + yn 6 2yn daí yn+1 = (xn +y 2
n)
6 yn . Como vale x1 6 xn 6 yn 6 y1 para
todo n, concluímos que xn e yn são convergentes, por serem monótonas e limitadas .

xn + y n
yn+1 =
2
tomando o limite
x+y
y= ⇒ x = y.
2

m Definição 15 (Média aritmético-geométrica) Dados dois números reais positivos


a e b o valor comum para o qual convergem as sequências (xn ) e (yn ) definidas na pro-
priedade anterior se chama média aritmético-geométrica de a e b.

1.6 Capítulo 5-Topologia da reta


Questão 1
b Propriedade 143 (Caracterização de abertos por meio de sequências) Seja A ⊂
R. A é aberto ⇔ ∀ (xn ) com lim xn = a ∈ A,

∃n0 ∈ N | n > n0 ⇒ xn ∈ A

então A é aberto. Em outras palavras A é aberto ⇔ ∀ (xn ) com lim xn = a ∈ A se


verifica xn ∈ A para n suficientemente grande.

ê Demonstração. ⇒).
Suponha A aberto, com a ∈ A logo existe ε > 0 tal que (a − ε, a + ε) ⊂ A e por
lim xn = a existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn ∈ (a − ε, a + ε) logo xn ∈ A.
⇐). Vamos usar a contrapositiva que no caso diz: Se A não é aberto então existe
(xn ) com lim xn = a ∈ A e xn ∈ / A. Lembrando que a contrapositiva de p ⇒ q é
v q ⇒v p, (onde v é o símbolo para negação da proposição) sendo proposições equi-
valentes, as vezes é muito mais simples provar a contrapositiva do que a proposição
diretamente.
Se A não é aberto, existe a ∈ A tal que a não é ponto interior de A, assim ∀ ε > 0
, (a − ε, a + ε) ∩ (R \ A) 6= ∅, então podemos tomar uma sequência (xn ) em R \ A
que converge para a ∈ A.
1.6. CAPÍTULO 5-TOPOLOGIA DA RETA 75

Questão 2
b Propriedade 144 (Caracterização de sequências por meio de abertos) lim xn =
a ⇔ ∀ aberto A com a ∈ A existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica xn ∈ A.
ê Demonstração.
⇒).
Seja A um aberto com a ∈ A, então existe ε > 0 tal que (a − ε, a + ε) ⊂ A e por
lim xn = a existe n0 ∈ N | n > n0 tem-se xn ∈ (a − ε, a + ε), logo xn ∈ A.
⇐).
Supondo que ∀ aberto A com a ∈ A existe n0 ∈ N tal que n > n0 implica
xn ∈ A, então em especial para todo ε > 0 podemos tomar o aberto A = (a−ε, a+ε)
e tem-se lim xn = a pela definição de limite.

Questão 3
b Propriedade 145 Se A é aberto e x ∈ R então x + A = {x + a , a ∈ A} é aberto .
ê Demonstração.[1-Critério de sequências] Seja (xn ) tal que lim xn = x + a ∈
x + A , vamos mostrar que xn ∈ x + A para todo n suficientemente grande, daí x + A
é aberto.
xn = x + yn com yn → a, daí como A é aberto, segue que yn ∈ A para n
suficientemente grande, o que implica xn = x + yn ∈ A para os mesmos valores de
n, logo x + A é aberto.
ê Demonstração.[2]
• Primeiro observamos que w ∈ x + A ⇔ w − x ∈ A.
⇒). Se w ∈ x + A então w = x + a para algum a ∈ A, logo w − x = a ∈ A.
⇐). Se w − x ∈ A existe a ∈ A tal que w − x = a logo w = x + a, daí segue
w ∈ x + A.
• Tomamos y ∈ x + A , vamos mostrar que y é ponto interior . Sabemos que
existe a ∈ A tal que y = x + a e a é ponto interior de A, logo existe ε > 0 tal
que
a − ε < t < a + ε ⇒ t ∈ A.
Seja w arbitrário tal que y − ε < w < y + ε , isto é, w ∈ (y − ε, y + ε),
substituindo y = x + a temos x + a − ε < w < x + a + ε, subtraindo x de
ambos lados
a − ε < w − x < a + ε,
daí w − x ∈ A de onde segue w ∈ x + A, logo (y − ε, y + ε) ⊂ x + A.

b Propriedade 146 Se x 6= 0 e A é aberto então x.A = {x.a, a ∈ A} é aberto .


ê Demonstração. Utilizaremos o critério de sequências. Seja (xn ) com lim xn =
x.a ∈ xA, vamos mostrar que para n suficientemente grande xn ∈ xA, de onde tem-
se xA aberto. xn é da forma xyn onde yn → a ∈ A, como A é aberto segue que
para n suficientemente grande vale yn ∈ A, daí para os mesmos valores de n vale
xn = xyn ∈ xA como queríamos demonstrar.
76 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

questão 4
b Propriedade 147 Definimos A + B = {a + b, a ∈ A , b ∈ B}. Se B é aberto
então A + B é aberto .

ê Demonstração.
Escrevemos [
A+B= (a + B)
a∈A

como cada a + B é aberto então A + B é aberto por ser união de abertos.

b Propriedade 148 Definimos A.B = {a.b, a ∈ A, b ∈ B} . Se A é aberto e B


qualquer tal que 0 ∈
/ A, B então A.B é aberto .

ê Demonstração. Escrevemos
[
A.B = a.B
a∈A

cada a.B é aberto, logo A.B é aberto.

Questão 5
intA ∪ intB ⊂ int(A ∪ B).
b Propriedade 149 Vale

intA ∪ intB ⊂ int(A ∪ B).

ê Demonstração. Seja x ∈ intA então existe ε > 0 tal que (x − ε, x + ε) ∈ A


logo (x − ε, x + ε) ⊂ A ∪ B e (x − ε, x + ε) ⊂ int(A ∪ B) o mesmo para B, logo vale
intA ∪ intB ⊂ int(A ∪ B).

int(A ∩ B) = int(A) ∩ int(B).


b Propriedade 150
int(A ∩ B) = int(A) ∩ int(B).

ê Demonstração. Primeiro vamos mostrar que int(A ∩ B) ⊂ int(A) ∩ int(B). Se


x ∈ int(A∩B) então existe ε > 0 tal que (x−ε, x+ε) ⊂ (A∩B) daí (x−ε, x+ε) ⊂ A
e (x − ε, x + ε) ⊂ B , o que implica que (x − ε, x + ε) ⊂ intA e (x − ε, x + ε) ⊂ intB
, provando a primeira parte.
Vamos mostrar agora que intA ∩ intB ⊂ int(A ∩ B). Dado x ∈ intA ∩ intB,
sabemos que tal conjunto é aberto por ser intersecção de abertos, logo existe ε > 0 tal
que (x − ε, x + ε) ⊂ intA ∩ intB daí (x − ε, x + ε) ⊂ intA e (x − ε, x + ε) ⊂ intB,
logo (x − ε, x + ε) ∈ A, B provando o resultado.
1.6. CAPÍTULO 5-TOPOLOGIA DA RETA 77

Questão 6
b Propriedade 151 Seja A um aberto e F um fechado, então A \ F é aberto.

ê Demonstração. Se A \ F é vazio, então é aberto. Se não, existe x ∈ A \ F logo


x ∈ A, como A é aberto, existe ε1 > 0 tal que (x − ε1 , x + ε1 ) ⊂ A e como x ∈
/ F que é
fechado, então ele não pertence ao fecho, daí existe ε2 > 0 tal que (x−ε2 , x+ε2 )∩F =
∅, tomando ε < min{ε1 , ε2 } segue que (x − ε, x + ε) ⊂ A e nenhum ponto desse
intervalo pertence a F, daí (x − ε, x + ε) ⊂ A \ F, logo o conjunto é aberto.
Podemos escrever F \ A como

F \ A = (R \ A) ∩ F

tal conjunto é então fechado, da mesma maneira

A \ F = (R \ F) ∩ A

logo A \ F é aberto.

Z Exemplo 42 Se A é aberto então A \ {a} é aberto, pois {a} é fechado.


Questões 7 e 8
b Propriedade 152 Seja A um aberto . f : A → f(A) é contínua ⇔ f−1 (A 0 ) é aberto
onde A é um aberto qualquer de f(A).
0

ê Demonstração.
⇒). Supondo f : A → f(A) contínua. Como A é aberto f(A) possui um conjunto
aberto pelo T VI, pois a imagem de um intervalo de A é um intervalo de f(A).
Tomamos A 0 ⊂ f(A) aberto. Dado a ∈ f−1 (A 0 ) arbitrário tem-se f(a) ∈ A 0 ,
como A 0 é aberto existe ε > 0 tal que (f(a) − ε, f(a) + ε) ⊂ A 0 , por f ser contínua,
existe δ > 0 tal que x ∈ (a − δ, a + δ) ∩ A ⇒ f(x) ∈ (f(a) − ε, f(a) + ε), por A ser
aberto o δ pode ser escolhido de maneira tal que (a − δ, a + δ) ∩ A = (a − δ, a + δ),
logo
f((a − δ, a + δ)) ⊂ (f(a) − ε, f(a) + ε) ⊂ A 0
disso concluímos que (a − δ, a + δ) ⊂ f−1 (A 0 ), logo o conjunto é aberto.
⇐). Supondo que ∀ A 0 aberto f−1 (A 0 ) é aberto vamos mostrar que f : A → f(A)
é contínua.
Dado a ∈ A 0 arbitrário tomamos f(a) e (f(a) − ε, f(a) + ε) = A 0 . Vale que
a ∈ f−1 (A 0 )
f−1 (A 0 ) é aberto por hipótese, logo existe δ > 0 tal que x ∈ (a − δ, a + δ) ⊂
−1
f (A 0 ) ⇒ f(x) ∈ (f(a) − ε, f(a) + ε) daí f é contínua em a.

b Propriedade 153 Seja A um aberto. Se f : R → R é contínua, então f−1 (A) é


aberto.
ê Demonstração. Seja a1 ∈ f−1 (A) então existe a ∈ A tal que f(a1 ) = f(a).
Vamos mostrar que a1 é ponto interior de f−1 (A).
78 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Como A é aberto, dado a ∈ A existe δ > 0 tal que (a − δ, a + δ) = Ia ⊂ A,


a imagem desse intervalo é um intervalo( pois a função é contínua) que contém um
intervalo aberto centrado em f(a), por isso podemos tomar ε > 0 tal que (f(a) −
ε, a + ε) ⊂ f(Ia ) ⊂ f(A).
Ainda por continuidade existe δ1 > 0 tal que para x ∈ (a1 − δ1 , a1 + δ1 ) tem-
se f(x) ∈ (f(a1 ) − ε, f(a1 ) + ε) = (f(a) − ε, f(a) + ε) ⊂ f(A) disso segue que
(a1 − δ1 , a1 + δ1 ) ⊂ f−1 (A) pois a imagem desse conjunto está contida em f(A), logo
a1 é ponto interior de f−1 (A).

Z Exemplo 43 Dadas as funções f, g, h : R → R com f(x) = ax + b, a 6= 0,


g(x) = x2 e h(x) = x3 então para qualquer aberto A ⊂ R tem-se f−1 (A), g−1 (A) e
h−1 (A) abertos, pelo resultado anterior, já que as funções são contínuas.

m Definição 16 (Homeomorfismo) Uma função f : A → B é dita ser um homeo-


morfismo quando é uma bijeção contínua com inversa continua.

b Propriedade 154 Seja f : A → B um homeomorfismo, então A é aberto ⇔ B é


aberto.

ê Demonstração.
⇒). Suponha A aberto, considere a função g : B → A, inversa de f, vale que
g−1 (A) = B por g ser bijeção, então por continuidade B é aberto.
⇐). Suponha B aberto. f−1 (B) = A por ser bijeção e por resultado anterior A é
então aberto.
Com isso concluímos que um homeomorfismo leva abertos em abertos.

Z Exemplo 44 Dadas f e h do exemplo anterior elas são bijeções com inversas contí-
nuas portanto levam abertos em abertos, dado A aberto vale que f(A) e h(A) são abertos.
Existe A aberto tal que g(A) não é aberto, como por exemplo A = (−1, 1) que possui
imagem [0, 1).

Questão 9
b Propriedade 155 Toda coleção de intervalos não degenerados dois a dois disjuntos é
enumerável.

ê Demonstração. Seja A o conjunto dos intervalos não degenerados dois a dois


disjuntos. Para cada intervalo I ∈ A escolhemos um número racional q e com isso
definimos a função f : A → Q, definida como f(I) = q, tal função é injetiva pois
os elementos I 6= J de A são disjuntos , logo não há possibilidade de escolha de um
mesmo racional q em pontos diferentes do domínio, logo a função nesses pontos as-
sume valores distintos . Além disso Podemos tomar um racional em cada um desses
conjuntos pois os intervalos são não degenerados e Q é denso. Como f : A → Q é
injetiva e Q é enumerável então A é enumerável.
1.6. CAPÍTULO 5-TOPOLOGIA DA RETA 79

Questão 10
b Propriedade 156 O conjunto A dos valores de aderência de uma sequência (xn ) é
fechado.

ê Demonstração. Temos que mostrar que A = A. Já sabemos que vale A ⊂ A,


falta mostrar que A ⊂ A . Se a ∈ A então a ∈ A, vamos demonstrar a contrapositiva
que é se a ∈/ A então a ∈
/ A.
Se a ∈/ A então existe ε > 0 tal que (a − ε, a + ε) não possui elementos de (xn )
daí não pode valer a ∈ A.

Questão 11
b Propriedade 157 Seja F é fechado e A ⊂ F então A ⊂ F.

ê Demonstração. Seja a ∈ A


a∈A⇒a∈F
/ A, daexiste (xn ) em A( logo (xn ) em F) talque lim xn = a, logo a ∈ F pois F fechado .
a∈

Questão 12
b Propriedade 158 Dada uma sequência (xn ) o fecho de X = {xn , n ∈ N} é X =
X ∪ A onde A é o conjunto dos valores de aderência de (xn ).

ê Demonstração. Inicialmente podemos perceber que X ∪ A ⊂ X pois X ⊂ X e


A ⊂ X, esse último pois é formado pelo limite de subsequências de X, que definem de
modo natural sequências.
Agora iremos mostrar que X ⊂ X ∪ A. Se x ∈ X então x ∈ A ∪ X. Se x ∈ X \ X
então vamos mostrar que x ∈ A, isto é, existe uma subsequência de termos de (xn )
que converge para x. x ∈ X \ X implica que todo intervalo (x − ε, x + ε) possui
elementos de X distintos de x, isto é, possui termos xn da sequência.
Definimos indutivamente n1 = min{n ∈ N | |xn − a| < 1} supondo definidos de
1
n1 até nk definimos nk+1 = min{n ∈ N \ {n1 , ∙ ∙ ∙ , nk } | |xn − a| < k+ 1
}, daí (xnk )
é subsequência de (xn ) e converge para a, logo a ∈ A.

$ Corolário 29 Se (xn ) converge, então o único valor de aderência de (xn ) é lim xn =


a, portanto
X = X ∪ {a}.

Questão 13
b Propriedade 159 Os elementos do conjunto de Cantor são os números no intervalo
[0, 1] cuja representação na base 3 só contém algarismos 0 e 2, não possuindo algarismo 1
(Com exceção para números que tem representação finita e possuem 1 no último algarismo,
porém tal número pode ser substituído por uma sequência infinita de algarismos 2)
80 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Z Exemplo 45 1
4
pertence ao conjunto de cantor pois temos sua representação como
∞ ∞
X 2 X 2 2 1 1
0, 02 = = = =
32 k 9k 91− 1
9
4
k=1 k=1

lembrando que um traço em cima da parte decimal significa que tal parte se repete na re-
presentação.

Questão 20
b Propriedade 160 Vale que

A ∪ B = A ∪ B.

ê Demonstração. Vamos mostrar inicialmente que A ∪ B ⊂ A ∪ B.


De A ⊂ A∪B e B ⊂ A∪B segue que A ⊂ A ∪ B e B ⊂ A ∪ B daí A∪B ⊂ A ∪ B.
Agora mostramos que A ∪ B ⊂ A ∪ B. Seja x ∈ A ∪ B, então existe uma sequên-
cia (xn ) ∈ A ∪ B tal que lim xn = x, tal sequência possui um número infinito de
elementos em A ou B, logo podemos tomar uma sequência (yn ) em A ou B tal que
lim yn = x ∈ A ∪ B o que prova o que desejamos.

b Propriedade 161 Vale que A ∩ B ⊂ A ∩ B.

ê Demonstração. Tem-se que A ∩ B ⊂ A e A ∩ B ⊂ B , logo A ∩ B ⊂ A e


A ∩ B ⊂ B de onde segue A ∩ B ⊂ A ∩ B.

Z Exemplo 46 Podemos ter conjuntos X e Y tais que


X∩Y =
6 X ∩ Y?

Sim, basta tomar X = (a, b) e Y = (b, c), temos que X = [a, b] , Y = [b, c] , X ∩ Y =
{b} e X ∩ Y = ∅ de onde X ∩ Y = ∅ , logo sθodiferentes.

Questão 22
Z Exemplo 47 Sendo Ak = [k, ∞) (fechados não limitados) temos uma sequência de
intervalos que são conjuntos fechados porém a interseção

\
Ak = A
k=1

é vazia, pois suponha que exista t ∈ A, daí existe k > t e t ∈


/ [k, ∞) = Ak logo não
pode pertencer a interseção de todos esses conjuntos.
Da mesma maneira existe uma sequência decrescente de intervalos abertos limitados
1.6. CAPÍTULO 5-TOPOLOGIA DA RETA 81

com interseção vazia, sendo Bk = (0, k1 ) (limitados, não fechados)



\
Bk = B
k=1

B é vazio, pois se houvesse um elemento nele x > 0, conseguimos k tal que k1 < x daí x
não pertence ao intervalo (0, k1 ) = Bk portanto não pode pertencer a interseção.

Questão 23
b Propriedade 162 Um conjunto I ⊂ R é um intervalo ⇔ a 0 < x < b 0 com a 0 , b 0 ∈
I implica x ∈ I.

ê Demonstração.
⇒). Se I é um intervalo então ele satisfaz a propriedade descrita.
⇐). Se a definição tomada de intervalo for: dados a 0 , b 0 elementos de I se para
todo x tal que a 0 < x < b 0 então x ∈ I, logo o conjunto I deve ser um dos nove tipos
de intervalos.
Caso I seja limitado, inf I = a e sup I = b, se a < x < b, existem a 0 , b 0 tais que
a < x < b 0 logo x ∈ I, isto é, os elementos entre o supremo e o ínfimo do conjunto
0

pertencem ao intervalo. Vejamos os casos

• inf I = a, sup I = b são elementos de I, logo o intervalo é da forma [a, b].

• a∈
/ I, b ∈ I, o intervalo é do tipo (a, b].

• a ∈ Ieb ∈
/ I, o intervalo é do tipo [a, b).

• a∈/ Ieb ∈ / I tem-se o intervalo (a, b). Com isso terminamos os tipos finitos de
intervalos.

Se I é limitado inferiormente porém não superiormente.

• a ∈ I , gera o intervalo [a, ∞).

• a∈
/ I, tem-se o intervalo (a, ∞).
Se I é limitado superiormente porém não inferiormente.

• b ∈ I , gera o intervalo (−∞, b].

• b∈
/ I, tem-se o intervalo (−∞, b).
O último caso, I não é limitado

I = (−∞, ∞)

Questão 25
82 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

b Propriedade 163 A é denso em R ⇔ int(R \ A) é vazio.

ê Demonstração.
⇒). Vale que A = int(A) ∪ ∂A = R e R = intA ∪ ∂A ∪ int(R \ A) como a união
é disjunta, segue que int(R \ A) = ∅.
⇒).
Se int(R \ A) é vazio então

R = intA ∪ ∂A ∪ int(R \ A) = intA ∪ ∂A = A

como A = R então A é denso em R.

1.7 Capítulo 8-Derivadas


Questão 1
b Propriedade 164 (Teorema do sanduíche para derivadas) Sejam f, g, h : X →
R tais que para todo x ∈ X se tenha

f(x) 6 g(x) 6 h(x)

. Se num ponto a ∈ X∩X 0 tem-se f(a) = h(a) e existem f 0 (a) = h 0 (a) entθoexisteg’(a)=f’(a).

ê Demonstração. Da identidade f(a) = h(a) e da desigualdade f(x) 6 g(x) 6


h(x), temos

f(a) 6 g(a) 6 h(a) = f(a), ⇒ g(a) = f(a) = h(a)

tem-se também

f(a+h) 6 g(a+h) 6 h(a+h), ⇔ f(a+h)−f(a) 6 g(a+h)−g(a) 6 h(a+h)−h(a)

pois f(a) = h(a) = g(a), como as derivadas f 0 (a) e h 0 (a) existem, entθotambmexistemasderivadaslatera
0
f− (a) = f 0 (a) = g 0 (a) = h+ 0 0
(a) = h− (a)dividindoaltimadesigualdadeporh>0etomandoolimiteadir
limh→0 +
g(a+h)−g(a)
h 6 f (a)edividindoporh<0etomandoolimiteaesquerdaf 0 (a) >
0

limh→0− g(a+h)−g(a)
h > f 0 (a)assimlimh→0− g(a+h)−g(a)
h = limh→0+ g(a+h)−g(a)
h =
0 0
f (a) = g (a).

Questão 2
Se f é derivável à direita no ponto a e f(a) é máximo local então f+0
(a) 6 0. Se fosse
f+ (a) > 0 existiria δ > 0 tal que a < x < a + δ ⇒ f(a) < f(x) então f(a) não
0

seria máximo local. Da mesma maneira se f é derivável à esquerda no ponto a então


0
f− (a) > 0, pois se fosse f−0
(a) < 0 existiria δ > 0 tal que a − δ < x < a implicaria
f(a) < f(x) daí f(a) não seria máximo local.
1.7. CAPÍTULO 8-DERIVADAS 83

Z Exemplo 48 As derivadas laterais em um ponto de máximo podem existir sendo di-


ferentes, como é o caso da função f : R → R com f(x) = −|x|, que possui máximo no
ponto x = 0 e as derivadas laterais são

f(h) −|h|
lim = lim+ = −1
h→0+ h h→0 h
f(h) −|h|
lim = lim+ =1
h→0− h h→0 h
pois no primeiro caso |h| = h, pois h → 0+ e no segundo |h| = −h , pois h → 0− .

Questão 3
b Propriedade 165 Seja p : R → R um polinômio de grau ímpar e t um número par.
Existe c ∈ R tal que
Dt p(c) = 0.

ê Demonstração. Basta mostrar que a t-ésima derivada de um polinômio de grau


ímpar é um polinômio de grau ímpar(ou função nula) se t é par, pois todo polinômio
de grau ímpar possui solução real. Sejam, n > t e
n
X
p(x) = ak x k ,
k=0

basta saber a t-ésima derivada de xn o termo de mais alto grau, como vale Dt xn =
t! nt xn−t , n ímpar e t é par implicam que n − t é ímpar, daí Dt p(x) é polinômio de
grau ímpar e existe c ∈ R tal que Dt p(c) = 0. No caso de t > n tem-se Dt p(x) =
0 ∀ ; x.

$ Corolário 30 Em especial se t = 2, existe c ∈ R tal que p 00 (c) = 0.

Questão 4
b Propriedade 166 Se f : A → R é derivável em a ∈ int(A) então

f(a + h) − f(a − h)
lim = f 0 (a).
h→0 2h

ê Demonstração. Como f é derivável em a ∈ intA podemos escrever f(a +


h) = f(a) + f 0 (a)h + r(h) onde limh→0 r(h) h = 0, podemos tomar f(a − h) =
f(a) − f 0 (a)h + r(−h), subtraindo as duas expressões e dividindo por 2h, tem-se

f(a + h) − f(a − h) r(h) − r(−h)


= f 0 (a) +
2h | 2{z
h }
→0
84 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

tomando o limite segue que

f(a + h) − f(a − h)
lim = f 0 (a).
h→0 2h

Z Exemplo 49 O limite limh→ 0


f(a+h)−f(a−h)
2h
pode existir porém a função pode
não ser derivável em a, considere por exemplo f : R → R dada por f(x) = |x|, no ponto
a = 0 ela não é derivável porém

|h| − | − h| |h| − |h|


lim = lim = 0.
h→0 2h h→0 2h
O limite pode existir porém a função mesmo não ser contínua no ponto, como a função
definida como f(x) = 0 se x 6 0, f(x) = 1 se x > 0. Ela não é contínua em 0, porém o
limite citado existe, pois tomando o limite pela direita

f(h) − f(−h) 1
lim = lim+ =0
h→0+ 2h h→0 2h

e pela esquerda
f(h) − f(−h) −1
lim = lim+ = 0.
h→0− 2h h→0 2h

Questão 5
b Propriedade 167 (Caracterização de Carathéodory) f é derivável em a ⇔ existe
g : A → R contínua em a tal que f(x) = f(a) + g(x)(x − a) ∀ x ∈ A.

ê Demonstração. ⇐) . Suponha que existe g : A → R contínua em a tal que


f(x) = f(a) + g(x)(x − a), daí para x 6= a tem-se

f(x) − f(a)
= g(x)
x−a

como existe limx→a g(x) por g ser contínua em a, então existe limx→a f(x)−f(a)
x−a =
f 0 (a) = g(a), logo f é derivável.
⇒). Supondo que f seja derivável, então podemos escrever f(a + h) = f(a) +
f 0 (a)h + r(h), se h 6= 0, definimos g(a + h) = f 0 (a) + r(h)
h , se h = 0 definimos
g(a) = f 0 (a), então vale que

f(a + h) = f(a) + g(a + h).h

se h 6= 0 e se h = 0 também, além disso g é contínua em a, pois de g(a + h) =


f 0 (a) + r(h)
h , tomando limh→0 , tem-se

lim g(a + h) = f 0 (a) = g(a).


h→0
1.7. CAPÍTULO 8-DERIVADAS 85

Questão 8
Veremos um lema que ajudará na próximo resultado.
♣ Lema 1 Sejam (an ) e (bn ) sequências limitada tais que an + bn = 1 ∀ n ∈ N, (zn ) e
(tn ) com o mesmo limite a, então lim an .zn + bn .tn = a.
ê Demonstração. Escrevemos
an .zn +bn .tn = an .zn −a.an +a. an +bn .tn = an (zn −a)+a(1−bn )+bn .tn =
|{z}
=1−bn

= an (zn − a) + a − a.bn + bn .tn = an (zn − a) + a + bn (tn − a)


daí
lim an (zn − a) + a + bn (tn − a) = a = lim an .zn + bn .tn
pois an e bn são limitadas e zn − a, tn − a tendem a zero.

b Propriedade 168 Seja f : A → R derivável em a. Se xn < a < yn ∀ n e


lim xn = lim yn = a então lim f(yynn)−f(x
−xn
n)
= f 0 (a).

ê Demonstração. Começamos com uma manipulação algébrica


f(yn ) − f(xn ) f(yn ) − f(a) − f(xn ) + f(a) f(yn ) − f(a) f(xn ) − f(a)
= = − =
y n − xn y n − xn y n − xn y n − xn
  
f(yn ) − f(a) −xn + a f(xn ) − f(a)
= + =
y n − xn y n − xn xn − a
  
f(yn ) − f(a) yn − xn − y n + a f(xn ) − f(a)
= + =
y n − xn y n − xn xn − a
  
f(yn ) − f(a) yn − a f(xn ) − f(a)
= + 1− =
y n − xn yn − xn xn − a
     
yn − a f(yn ) − f(a) yn − a f(xn ) − f(a)
= + 1− =
y −x yn − a y n − xn xn − a
| n {z n}
=tn
   
f(yn ) − f(a) f(xn ) − f(a)
= tn +(1 − tn )
yn − a xn − a
| {z } | {z }
→f 0 (a) →f 0 (a)

observamos que (tn ) é limitada pois xn < a ⇒ yn −a < yn −xn ⇒ yynn−x −a


n
< 1,
pois yn > xn daí podemos dividir por yn −xn sem alterar a desigualdade. Da mesma
maneira vale 0 < yn − a e daí 0 < yynn−x −a
n
< 1, logo (tn ) é limitada, o mesmo vale
para 1 − tn , logo aplicamos o lema anterior que nos garante que
   
f(yn ) − f(xn ) f(yn ) − f(a) f(xn ) − f(a)
lim = lim tn +(1 − tn ) = f 0 (a).
y n − xn yn − a xn − a
| {z } | {z }
→f 0 (a) →f 0 (a)
86 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Questão 9

Questão 10
Z Exemplo 50 Seja f : R → R dada por f(x) = x sen( x ) se x 6= 0 e f(0) = 0,
2 1
1 1
tomamos xn = nπ e yn = nπ+ π , daí vale lim xn = lim yn = 0
2

1
f(xn ) = sen(nπ) = 0
(nπ)2

1 π (−1)n
f(yn ) = π 2 sen(nπ + )=
(nπ + 2
) 2 (nπ + π2 )2
pois sen(nπ + π2 ) = sen(nπ) cos( π2 ) + sen( π2 )cos(nπ) = (−1)n , daí
| {z }
=0

f(yn ) − f(xn ) f(yn )


=
y n − xn y n − xn

1 1 nπ − nπ − π2 − π2
y n − xn = π − = =
nπ + 2
nπ (nπ + π2 )(nπ) (nπ + π2 )(nπ)

f(yn ) − f(xn ) (−1)n+1 π (−1)n+1 (−1)n+1


= π 2 .2n(nπ + )= π .2 n = .2
y n − xn (nπ + 2 ) 2 (nπ + 2 ) (π + 2πn )
−1 −1 1
π .2 →
que não converge, pois para n par temos (π+ ) 2n π .2 e para n ímpar tem-se (π+ 2πn ) .2 →
1
π .2 duas subsequências convergindo para valores distintos, logo a sequência não converge.
Tal função é derivável no 0, pois

x2 sen( x1 ) − 0 1
lim = lim xsen( ) = 0
x→0 x x→0 x
em outros pontos distintos de 0 a função também é derivável por ser produto de funções
deriváveis.
Portanto tal função é derivável no ponto x = 0 porém o limite f(yynn)−f(x
−xn
n)
não con-
verge quando lim xn = lim yn = 0. A função derivada de f satisfaz

0 2xsen( x1 ) − cos( x1 ) se x 6= 0
f (x) =
0 se x = 0
que não é contínua em x = 0, daí a função f é derivável em toda a reta porém possui
derivada descontínua.

Questão 13
1.8. CAPÍTULO 8-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE FUNÇÕES 87

b Propriedade 169 Se f : I → R satisfaz |f(y) − f(x)| 6 c|y − x|α com α > 1, c >
0, x, y ∈ R arbitrários então f é constante.

ê Demonstração. De |f(y) − f(x)| 6 c|y − x|α tomamos x = a ∈ R fixo porém


arbitrário
f(y) − f(a)
06 6 c|y − a|α−1
y−a
com α − 1 > 0, aplicamos o limite de ambos os lados e pelo teorema do sanduíche
segue que f 0 (a) = 0, logo f é constante.

Questão 15
b Propriedade 170 Se f é derivável em I e f 0 é contínua em a então ∀ xn 6= yn com
lim xn = lim yn = a então

f(yn ) − f(xn )
lim = f 0 (a).
y n − xn

ê Demonstração. Pelo T VM, para cada yn , xn existe zn entre eles tal que

f(yn ) − f(xn )
= f 0 (zn )
y n − xn

daí lim zn = a por sanduiche e lim f 0 (zn ) = f 0 (a) por continuidade, logo

f(yn ) − f(xn )
lim = lim f 0 (zn ) = f 0 (a).
y n − xn

1.8 Capítulo 8-Sequências e séries de funções


Questão 1
Z Exemplo 51 Sejam fn (x) = x2n , gn (x) = x2n+1 , hn (x) = (1 − x2 )n deter-
mine o limite dessas funções em [−1, 1], examine a convergência uniforme.
Se |x| < 1, fixo, temos lim x2n = lim x2n+1 = 0, fn (1) = 1 = gn (1) =
fn (−1) = 1 e gn (−1) = −1, logo para essas sequências de funções a convergência não
é uniforme, pois temos sequências de funções contínuas convergindo para funções descon-
tínuas, se a convergência fosse uniforme a continudade de funções seria preservada pelo li-
mite. Para h, temos hn (1) = 0, hn (−1) = 0, hn (0) = 1, se |x| < 1 e x 6= 0 então
0 < x2 < |x| < 1 o que implica 0 < 1 − x2 < 1 logo lim hn (x) = 0. A convergência
não é uniforme pelo mesmo motivo das outras sequências.

Questão 2
Z Exemplo 52 A sequência de funções fn : [0, 1] → R, fn(x) = nx(1 − x)n con-
verge, porém não uniformemente. Apesar disso vale
88 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Z1 Z1
lim fn (x)dx = lim fn (x)dx.
0 0

Temos que fn → 0 pois em x = 0 ou 1 a sequência se anula em x ∈ (0, 1) temos


0 < 1 − x < 1 logo por sequência geométrica ela tende a zero. Agora a convergência não é
uniforme pois para k suficientemente grande temos xk = k1 ∈ (0, 1) , tomando nk = k

1
|fnk (xk )| >
3
pois isso equivale à
1 1 1 1
n (1 − )n = ( 1 − ) n →
n n n e
como e < 3 temos 31 < e1 para n grande suficientemente grande, conseguimos colocar
1
3
< (1 − n1 )n < e1 , por isso não temos a convergência uniforme . Agora calculamos a
R1
integral 0 fn (x)dx, fazendo a mudança y = 1 − x, ficamos com a integral
Z1 Z1
n n
nx(1 − x) dx =
n
n(1 − y)yn dy = − →0
0 0 n+1 n+2

a outra integral também é nula, logo temos a igualdade de troca de limite com integral .

Questão 6
Z Exemplo 53 Sabemos que se fn →p f e gn →p g então fn + gn →p f + g e
gn fn → fg (convergência pontual ou simples) e se f(x) 6= 0∀ x no domínio e fn (x) 6=
0, tais propriedades valem, pois se fixamos x temos sequências de números reais das quais
sabemos que valem tais propriedades.

b Propriedade 171 (Adição de uniformemente convergentes) Se fn →u f e gn →u


g em A então (fn + gn ) →u (f + g) em A.

Questão 7
b Propriedade 172 (Produto de uniformemente convergentes) Se fn →u f , gn →u
g, com f e g limitadas em A então fn .gn →u f.g

ê Demonstração. Sabemos que se f e g são limitadas então para valores de n


suficientemente grandes cada fn e gn são limitadas, valendo |fn (x)| 6 K e |g(x)| 6
K1 .
Podemos escrever

fn (x).gn (x) − f(x).g(x) = fn (x).gn (x) + −fn (x)g(x) + fn (x)g(x) −f(x).g(x) =


| {z }
0

= fn (x).[gn (x) − g(x)] + g(x)[fn (x) − f(x)]


1.8. CAPÍTULO 8-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE FUNÇÕES 89

para n grande podemos tomar |gn (x) − g(x)| < 2εK e |fn (x) − f(x)| < ε
2K 1
, tomando
a desigualdade triangular aplicada na expressão acima

|fn (x).gn (x) − f(x).g(x)| =


= |fn (x).[gn (x)−g(x)]+g(x)[fn (x)−f(x)]| 6 |fn (x)|.|gn (x)−g(x)|+|g(x)||fn (x)−f(x)| 6
ε ε ε ε
K + K1 = + = ε.
2K 2K 1 2 2

b Propriedade 173 (Quociente de uniformemente convergente) Se gn →u g,


com |g(x)| > c em A então g1n →u g1 .

ê Demonstração.
1
Como |g(x)| > c ∀ x então |g(x)| 6 c1 , logo para n > n0 vale |gn1(x)| 6 K ⇒
1
|g(x)||gn (x)| 6 c , por convergência uniforme, podemos tomar |gn (x) − g(x)| 6 K
K cε

logo

1 1 g(x) − gn (x) |gn (x) − g(x)| K cε


| − |=| |= 6 =ε
gn (x) g(x) gn (x)g(x) |gn (x)g(x)| c K
1 1
logo temos gn →u g.

$ Corolário 31 Se fn →u f, gn →u g, com |g(x)| > c e f limitada em A então


fn
gn →u gf , pois g1n →u g e daí por produto de funções uniformemente convergentes
que convergem para funções limitadas vale que gfnn →u gf .

Z Exemplo 54 Se xn → 0 uma sequência não nula e g(x) é ilimitada em A então


fn (x) = [xn + g(x)]2 não converge uniformemente em A.
Vale que
2
fn (x) = xn + 2g(x)xn + g(x)2
2
temos que hn (x) = xn e tn (x) = g(x)2 convergem uniformemente, então para
mostrar que fn não converge uniformemente basta mostrar que sn (x) = g(x)xn não
converge uniformemente.
Dado ε = 1 para qualquer n fixado, como g é ilimitada em A, podemos tomar x tal
que |g(x)| > |x1n | daí |xn ||g(x)| > 1, isto é,

|xn g(x) − 0| > 1

então sn (x) não converge uniformemente.


Como um exemplo podemos tomar g(x) polinômio e xn = n1 . Essa exemplo mostrar
como o produto de sequências uniformemente convergentes pode não ser uniformemente con-
vergente.
90 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

Um exemplo simples é considerar x ∈ A ilimitado e fn (x) = n,


x
hn (x) = x e
tn (x) = n1 convergem uniformemente, porém seu produto não .

questões 9 e 10

m Definição 17 Seja E um espaço métrico, então

BC(E) = {f : E → R | f contnuaelimitada}.

B na notação pode lembrar da palavra em inglês "Bound"para função limitada e C para


contínua, BC(E) é o conjunto das funções f : E → R que são contínuas e limitadas. Po-
deríamos trocar R no contradomínio por outro conjunto W nesse caso poderíamos denotar
BCW (E) desde que esteja definido o que continuidade e função limitada , por exemplo se
W é um espaço métrico.

m Definição 18 (Norma infinito) Para f ∈ BC(E) definimos

||f||∞ = sup |f(x)|.


x∈E

Tal definição faz sentido pois f é limitada.

b Propriedade 174 fn →u f ⇔ limn→∞ ||f − fn ||∞ = 0.


ê Demonstração.
⇒).
Se fn →u f então ∀ ε > 0 ∃n0 ∈ N tal que n > n0 tem-se |fn (x) − f(x)| <
ε
2
∀ x ∈ E isso implica que limn→∞ ||f(x)−fn (x)||∞ = 0 pois deve valer supx∈E |fn (x)−
f(x)| < ε para n > n0 logo ||f(x) − fn (x)||∞ < ε de onde segue o resultado.
⇐). Se limn→∞ ||f(x) − fn (x)||∞ = 0, então para qualquer ε > 0 existe n0 ∈ N
tal que para n > n0 ||f(x) − fn (x)||∞ < ε logo supx∈E |fn (x) − f(x)| < ε e daí
|fn (x) − f(x)| < ε ∀ x ∈ E que significa fn →u f.

b Propriedade 175 (BC(E), || ||∞ ) é um espaço vetorial normado completo a


a Espaços vetoriais normados completos são chamado de espaço de Banach.

ê Demonstração. BC(E) é um espaço vetorial, pois espaço de funções é um es-


paço vetorial e dada f, g em BC(E) então cf + g é limitada e contínua, com c ∈ R.
Agora mostramos que a norma infinito define uma norma neste espaço .
• Vale que ||f||∞ > 0 pela definição de ser supremo do módulo . Agora, se ||f||∞ =
0 então a função deve ser nula, pois se fosse não nula em um ponto x, teríamos
|f(x)| > 0 o supremo não seria nulo.
• Se c ∈ R, por propriedade do supremo temos
||cf||∞ = sup |cf(x)| = |c| sup |f(x)| = |c|||f||∞ .
x∈E x∈E
1.8. CAPÍTULO 8-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE FUNÇÕES 91

• Mais uma vez por propriedade de supremo temos

||f+g||∞ = sup |f(x)+g(x)| 6 sup{|f(x)|+|g(x)|} 6 sup |f(x)|+sup |g(x)| = ||f||∞ +||g||∞ .


x∈E x∈E x∈E

Perceba que não usamos continuidade de f nessas três primeiras propriedades,


então valem mesmo com f não contínua.

• Além disso BC(E) é completo, pois tomando fn uma sequência de funções em


BC(E) que seja convergente a uma função f com a norma infinito vamos mos-
trar que f é contínua e limitada logo pertence a BC(E). Isto é verdade pois
limn→∞ ||fn − f||∞ = 0 significa que fn →u f como cada fn é contínua en-
tão f é contínua, além disso é limitada pois

||f||∞ = ||f − fn + fn ||∞ 6 ||f − fn ||∞ + ||fn ||∞ 6 M

portanto BC(E) é completo.

$ Corolário 32 Vale que


|||f||∞ − ||g||∞ | 6 ||f − g||∞

pois temos ||f||∞ 6 ||f − g||∞ + ||g||∞ e ||g||∞ 6 ||f − g||∞ + ||f||∞ por
desigualdade triangular.

b Propriedade 176 Se f, g ∈ BC(E) então fg ∈ BC(E) . Em especial vale que

||f.g||∞ 6 ||f||∞ ||g||∞

ê Demonstração. Temos que

||fg||∞ = sup |f(x)g(x)| 6 sup |f(x)| sup |g(x)| = ||f||∞ ||g||∞ .


x∈E x∈E x∈E

Portanto temos a parte da limitação, fg também é contínua, pois o produto de funções


contínuas é uma função contínua. Por isso f.g ∈ BC(E). Perceba que não usamos
continuidade para demonstrar a desigualdade.

Questão 15
b Propriedade 177 (Convergência uniforme e continuidade uniforme) Seja (fn )
uma sequência de funções uniformemente contínuas de T em R convergindo uniformemente
para uma função f : T → R, então f é uniformemente contínua em T .

ê Demonstração. Seja ε > 0, pela convergência uniforme de (fn ) para f, existe


m ∈ N tal que |fm (x) − f(x)| < ε3 para todo x ∈ T . Como fm é uniformemente
92 CAPÍTULO 1. SOLUÇÕES-CURSO DE ANÁLISE VOL.1

contínua , existe r > 0 tal que se |x − y| < r implica |fm (x) − fm (y)| < ε3 e pela con-
vergência pontual de fm para f temos |fm (y))−f(y)| < ε3 , somando as desigualdades
segue

|f(x)−f(y)| 6 |f (y) − f(y)| + |fm (x) − fm (y)| + |f (x) − f(x)| <ε


| m {z } | {z } | m {z }
convergnciade fm (y) continuidadeuniformede f m Convergnciauniforme

logo a função é uniforememente contínua .

Questão 20
b Propriedade 178 Sejam g : Y → R uniformemente contínua, fn : X → R, fn →u
f, f(X) ⊂ Y e fn (X) ⊂ Y ∀ n, então g ◦ fn →u g ◦ f.

ê Demonstração. Temos que mostrar que

∀ ε > 0 ∃n0 ∈ N | n > n0 ⇒ |g(fn (x)) − g(f(x))| < ε ∀ x.

Como g é uniformemente contínua dado ε > 0 existe δ > 0 tal que |x 0 − y 0 | <
δ ⇒ |g(x) − g(y)| < ε, como fn →u f então existe n0 ∈ N | n > n0 implica
| fn (x) − f( x) | < δ ∀ x logo por g ser uniformemente contínua temos
| {z } |{z}
x0 y0

|g(fn (x)) − g(f(x))| < ε ∀ x.

Vale também que fn ◦ g →u f ◦ g quando g(Y) ⊂ X , caso contrário não faz


sentido a composição, pois por convergência uniforme

∀ ε > 0 ∃δ > 0 | n > n0 ⇒ |fn (y) − f(y)| < ε ∀ y ∈ X

em especial para g(x) = y.

Questão 26
P∞
b Propriedade 179 Se k=1 fk →u f em A então fn →u 0 em A.

ê Demonstração.
Aplicamos o critério de Cauchy, ∀ ε > 0 existe n0 ∈ N tal que n, n − 1 > n0
implica
n
X X1
n−
| fk (x) − fk (x)| 6 ε, ∀ x
k=1 k=1

|fn (x)| 6 ε, ∀ x
o que implica a convergência uniforme fn →u 0.

Questão 28
1.8. CAPÍTULO 8-SEQUÊNCIAS E SÉRIES DE FUNÇÕES 93
P
b Propriedade 180 Se |gn | converge uniformemente
P em A e existe M > 0 tal que
|fn (x)| 6 M para todo n ∈ N, x ∈ A então gn fn converge absolutamente e unifor-
memente.

ê Demonstração. Vamos aplicar o critério de Cauchy


m
X m
X m
X
| gk (x)fk (x)| 6 |gk (x)| |fk (x)| 6 M |gk (x)|
k=n k=n k=n
P P
por convergência uniforme de |gn | podemos tomar m k=n |gk (x)| < M , ∀ x para
ε

ε arbitrário e n, m suficientemente grandes, pelo critério de Cauchy logo temos a con-


vergência uniforme e absoluta como queríamos .

Questão 29
b Propriedade 181 (Critério de Dirichlet) Sejam (fn ), (gn ) definidas em E tais que
n
X
( fk (x)) seja uniformemente limitada, gn →u 0,
k=1
| {z }
sn (x)

g1 (x) > g2 (x) > g3 (x) > ∙ ∙ ∙ ,


P
isto é, (gn (x)) é decrescente para x fixo. Nessas condições n k=1 fk (x)gk (x) converge
uniformemente.

ê Demonstração. Vamos usar o critério de Cauchy para convergência uniforme,


lembrando que |sn (x)| 6 M ∀ x ∈ E, n ∈ N, gn (x) →u 0 logo para m >
n suficientemente grande, podemos tomar |gn+1 (x)| < 3M ε
, |gm+1 (x)| < 3Mε
e
gn+1 (x) − gm+1 (x) 6 3M , todas valendo para ∀ x ∈ E, agora aplicamos a técnica de
ε

soma por partes


m
X m
X
| gk (x)fk (x)| = | gk (x)Δsk−1 (x)| =
k=n+1 k=n+1

m+1 m
X
= |sk−1 (x)gk (x) + sk (x) Δ − gk (x) | 6
n+1 | {z }
k=n+1
>0
m
X
|sm (x)gm+1 (x) − sn (x)gn+1 (x)| + |sk (x)| Δ − gk (x) 6
| {z }
k=n+1
6M

M |gm+1 (x)| +M |gn+1 (x)| +M (gn+1 (x) − gm+1 (x)) 6 ε ∀ x


| {z } | {z } | {z }
ε ε ε
< 3M < 3M < 3M

então pelo critério de Cauchy temos convergência uniforme.

Você também pode gostar