Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
e alguns n
serviço soc
educaçã
Antropolo
na CASAI
has
nós: Três linhas
cial, e alguns nós:
serviço social,
ão e educação e
Antropologia
ogia na CASAI-SP
I-SP
VA L É R I A M A C E D O
UNIFESP
Valéria Macedo
vvaall72@gmail.com
foi contratada como assistente social potências das moradas celestes para os
na CASAI-SP. que habitam o leito terrestre (yvyrupa).
Enquanto atuava na escola, Jaciara Não se trata, portanto, de um cargo, e
cursou a faculdade de Serviço Social sim de uma posição auxiliar numa ação
na PUC-SP, formando-se em 2009. conjunta, implicando mediações entre
Em 2015 surgiu a oportunidade de pessoas e entre mundos.
atuar nessa área, com a abertura A atuação de Jaciara como assistente
de uma vaga de assistente social na social guarani remete a essa posição
CASAI-SP. Jaciara não era apenas de mediadora entre muitos universos
uma nova funcionária, mas o cargo e itinerários que se atravessam na
de assistente social também era CASAI-SP. De modos específicos,
novo na instituição. Outras CASAIs muitos indígenas que vêm a São Paulo
contavam com assistentes sociais, mas para tratamento biomédico também
na CASAI-SP as funções que esse se reconhecem nessa posição “entre
profissional executa eram distribuídas mundos”. O próprio adoecimento
entre várias funcionárias. Assim, desde não raro é experimentado como um
o início do trabalho até hoje, Jaciara estar entre mundos, seja pela dispersão
vem buscando estabelecer sua área de dos componentes da pessoa, seja por
atuação. O manejo de papeis figura sentir o corpo habitado ou agenciado
como seu principal desafio, no duplo por outros. Estes podem ser inimigos,
sentido da papelada da burocracia espíritos, vírus, bactérias, entre muitos
(documentos pessoais dos indígenas, possíveis a depender dos modos
de seu tratamento, de sua estadia com que ganham existência. Por
e partida) e dos papeis que precisa sua vez, o processo de cura também
ocupar na mediação entre muitos, implica agenciamentos heterogêneos
e entre mundos, que interagem na entre aqueles que irão atuar na
CASAI. recomposição de seu corpo/pessoa,
Nesse sentido, é possível aproximar a sejam eles xamãs, médicos ou outros.
posição de assistente social indígena Nos tratamentos pelo SASI-SUS,
à uma posição fundamental na vida procedimentos burocráticos somam-se
guarani que é de yvyra’ija4. Um yvyra’ija a essa experiência de vulnerabilidade
costuma ser definido pelos Guarani aos agenciamentos de outros.
como um auxiliar, sendo assim Jaciara tem acompanhado as angústias
chamados aqueles que ajudam os de muitos indígenas hospedados na
tamõi (“avô”, como chamam os líderes CASAI concernentes a adoecimentos,
espirituais) em cantos-rezas e curas. tratamentos e burocracia. Para
Mas também são chamados yvyra’ija esta última volta-se a maioria das
os espíritos de diferentes patamares atribuições regimentais do cargo de
cósmicos que auxiliam os tamõi nessas assistente social. No caso da CASAI-
curas. E, ainda, os próprios tamõi SP, o trâmite para a convocação dos
podem ser chamados de yvyra’ija, por pacientes é feito por outra funcionária,
serem intermediários na transmissão de mas Jaciara auxilia-os na obtenção de
dos, novas capacidades e vínculos. Não Assim como não há divisão entre corpo
por acaso, é comum que xamãs atribu- físico e subjetividade ou simbolismo, o
am a uma experiência de adoecimento xamanismo ameríndio costuma investir
sua iniciação nas artes de curar. na reintegração dos componentes
A depender do contexto e do povo em da pessoa (ou das relações que a
questão, há doenças em que a demanda compõem) no processo de cura. Já nas
experiências dos pacientes indígenas
pela medicina não-indígena é maior.
em centros biomédicos predominam
Há inclusive aquelas classificadas como
justamente a partição do corpo
“doenças de branco” por alguns povos
como foco de atenção de diferentes
(Buichillet 1991; Gallois 1991 etc.), as
especialistas. Nesse sentido, como
quais passaram a fazer parte da vida das
comentado, o Ambulatório do Índio
pessoas depois do contato com os não-
é uma importante referência na costura
indígenas. Mesmo no caso de doenças
dessas experiências para cada paciente.
não associadas aos brancos, atribuídas
Mas só o fato da comunicação
à agência de inimigos ou espíritos,
ocorrer em português, para aqueles
muitos reconhecem a eficácia da
em que essa não é a primeira língua,
medicina e farmacologia não-indígena as mesmas palavras podem remeter
no combate aos efeitos dessa agressão, a conceitos distintos na interlocução
amenizando dores, inchaços, pruridos, entre pacientes e médicos ou outros
tumores, entre outros sintomas. profissionais.
A seu turno, também os profissionais Como aponta Asad (2016), há uma
de saúde muitas vezes reconhecem a assimetria nas traduções que operam o
relevância das medicinas indígenas, seja fluxo de conhecimentos da diversidade
por propriedades medicinais de plantas, mundial, de modo que algumas línguas
seja pela eficácia simbólica (Lévi-Strauss acabam impondo sua coerência na
2008) dos tratamentos, que provocam veiculação desses fluxos. Nessa direção,
reações efetivas nos corpos. Na língua Buichillet destaca que é fundamental
inglesa, ambas dimensões da doença questionar a tradutibilidade de certos
são predominantemente associadas conceitos que espelham elaborações do
a termos distintos, desease e illness, pensamento euro-americano, ou mais
este remetendo às representações ou especificamente da medicina ocidental,
apreensões simbólicas ou subjetivas de a começar pelas próprias expressões
uma realidade dada biologicamente, que “saúde” e “doença”, pelas premissas
corresponde à desease (Kleinman 1978; biologizantes que trazem consigo
Laplantine 1991 etc.). E aqui instaura- (1991:24). O mesmo podemos dizer
se uma diferença fundamental, já que a em relação à “cultura”, palavra que
divisão entre uma suposta realidade e circula amplamente nesses espaços,
uma dimensão simbólica, mesmo que mas cujo significado está longe de ser
produzam efeitos uma sobre a outra, é unívoco, vinculando-se a diferentes
uma premissa não compartilhada pela imaginações conceituais e variando a
maioria dos povos indígenas. depender do contexto enunciativo.
“parabéns a você” com bolo confeitado e repreensões que podem ser ofensivas
para celebrar os aniversariantes do para alguns indígenas. Assim como
mês, a festa junina e suas brincadeiras, atitudes destes podem aparecer para
os enfeites de natal, entre outros. alguns funcionários como displicência,
No que diz respeito à convivência arrogância, ignorância, falta de higiene
entre os indígenas, relações de etc. Tais tensões tendem a amenizar-
estranhamento, constrangimento e se de ambos os lados conforme o
suspeitas são recorrentes, mas por tempo de convivência proporciona
vezes são revertidas em vínculos de elaborações e aprendizados (Pereira
amizade e cumplicidade. O cuidado 2012, 2014; Assumpção 2014;
com as crianças é emblemático, Gonçalves 2011).
sendo comum vê-las circulando sob Tais aprendizados, contudo, não
cuidados de diferentes adultos. Isso implicam que diferentes profissionais
ocorre principalmente entre mulheres, de saúde e indígenas passem a
mas também não é raro ver homens compartilhar os mesmos códigos e
brincando ou carregando filhos de premissas, ou que passem a ver do
outra/os. mesmo modo corpos e doenças,
Há também muitos namoros, por e sim que alianças e engajamentos
vezes durando apenas a estadia na conjuntos estabelecem-se, ou não,
CASAI, outras seguindo na vida. Tão sem que diferenças precisem ser
ou mais frequentes do que os namoros reduzidas a um denominador comum.
são os mencionados casos de assédio A busca convergente de um mesmo
ou violências, sobretudo contra efeito é o mote das alianças, que é o
mulheres que vêm acompanhar seus restabelecimento ou a melhora da
filhos pequenos em tratamento. Esse é saúde – mesmo que a concepção desta
um problema emblemático dos vetores não seja unívoca entre os envolvidos.
que atravessam as relações nesses Trata-se, portanto, de um universo
espaços em que a diferença pode tanto relacional em que as pessoas não
desdobrar-se em aparentamentos compartilham os mesmos mundos, a
como em agressões. despeito desses mundos produzirem
Com os funcionários da CASAI também efeitos uns sobre os outros, numa
as relações variam e transformam- rede de traduções e transformações.
se ao longo da estadia. Amizades e Ou, valendo-nos das formulações
cumplicidades são construídas, assim de Almeida (2013), trata-se de um
como desconfianças e ofensas, em espaço de conflitos ontológicos e acordos
muitos casos em razão de diferentes pragmáticos. O “acervo de pressupostos
premissas nos cuidados com o corpo sobre o que existe” (2013:9), como
e o espaço. O cuidado é uma expressão o autor define ontologia, é diverso e
sempre presente entre os profissionais sempre há campos de força, com suas
de saúde na CASAI quando se referem potências diferenciais em jogo. Assim,
à sua atuação, mas por vezes ele se não se trata de diferentes culturas,
efetiva por meio de ações, orientações como representações de um mesmo
fundo de realidade, e sim de uma luta daqueles que estão na CASAI podem
pela existência de povos, espíritos nos ensinar sobre a vulnerabilidade e
ou outros seres extra-humanos, a potência de ser habitado por outros
terapêuticas e conhecimentos em que e compor-se com outros, transforman-
o enquadramento como “crenças” – do-se nessas relações.
cuja eficácia é considerada simbólica, tal
como o efeito placebo nas pesquisas
biomédicas – pode fazer definhar. ÚLTIMA AMARRAÇÃO DE NÓS
Isso não quer dizer que médicos e en- Ao esboçar essas três linhas de atuação
fermeiros precisariam passar a reco- na CASAI que atravessam as autoras
nhecer os espíritos, ou os indígenas de modos singulares, buscou-se
vírus e bactérias – os quais, como a compartilhar alguns bons encontros
gravidade, produzem efeitos em cer- que temos experimentado, mesmo em
tos corpos sem que possam ser vistos meio às adversidades que levaram as
por qualquer um. Mas a convivência pessoas a estarem ali. A força desses
na CASAI aponta alianças possíveis encontros está na possibilidade de que
entre existências que interagem sem diferenças possam coexistir enquanto
que a ciência fique com o monopólio diferenças, com seu potencial criativo
do conhecimento sobre o que existe, e afetivo, assim como seus impasses e
ou que coloque a natureza como base tensões.
inata e universal para as “construções
sociais” ou “culturas”. O risco é con- Como entre a maioria daqueles que
ferir à ciência um estatuto superior a trabalham ou hospedam-se na CASAI,
outros modos de conhecer, enqua- em nossa atuação não há sempre
drando-os no domínio das “crenças” concordância ou consenso, mas
ou “representações” de uma realida- reconhecemos um potencial reflexivo
de supostamente acessada pela inves- nessas diferenças. Por exemplo, o uso
tigação científica. Como aponta Gol- de cultura como um termo privilegiado
dman (2008), o fundamental é evitar para falar sobre diferenças de costumes
assimetrias do tipo “nós sabemos, ou pensamento é evitado por Valéria,
eles creem”. por receio de que essa possa ser uma
forma de enquadrar e domesticar
Se a antropologia pode dar uma contri-
as diferenças como se houvesse um
buição nessa coexistência de mundos,
domínio anterior às culturas, que é
manejando a assimetria de suas afeta-
ções mútuas, ela aprendeu com os indí- a dimensão “natural” dos corpos, já
genas e outros povos tradicionais. Mas que esse é um pressuposto apenas do
a antropologia é também uma ciência, pensamento ocidental.
devendo, portanto, controlar a “von- A seu turno, a experiência de Maria
tade de saber” de que fala Foucault Cristina nas aldeias e em oficinas
(1999), que acaba construindo ou en- amplia muito as possibilidades criativas
quadrando o outro ao buscar conhecê- e reflexivas de nossos encontros e
-lo. E aqui a condição de adoecimento a mobilização dos indígenas nessas
Beiradão, Hup boyoh - Povo Hupda/AM Nguné elü: O dia em que a lua menstruou - Povo
(Dir. Jessica Mota e Alice Riff) Kuikuro/MT (Dir. Takumã, Marika, Amu-
Pïrinop, meu primeiro contato - Povo IKpeng/ negi, Mahajugi e Ahukaká Kuikuro)
MT (Dir. Mari Corrêa e Karané Ikpeng) Encantadora de baleias – Povo Maori/
Yumpuno – Povo Ikpeng/MT (Dir. Karane Nova Zelândia (Dir. Keisha Castle-Hu-
Ikpeng, Kamatxi Ikpeng e Mari Corrêa) ghes)
Das crianças Ikpeng para o mundo - Povo Kuxakuk xak: Caçando Capivara – Povo Ma-
Ikpeng/MT (Dir. Kumare Ikpeng, Natuyu xakali/MG (Dir. Realizadores Indígenas
Ikpeng e Karane Ikpeng) Tikmũ’ũn/Maxakali)
O sonho de Maragareun – Povo Ikpeng/MT Quando os Yãmiy vêm dançar conosco - Povo
(Dir. Kumare IKpeng, Natuyu Ikpeng e Maxakali/MG (Dir. Renata Otto Diniz e
Karane Ikpeng)
Isael Maxakali)
Tainakan - Povo Karajá/GO, TO e MT
Yiax kaax: Fim do resguardo – Povo Maxaka-
(animação) (Dir. Adriana Figueiredo)
li/MG (Dir. Isael Maxakali)
A história da cutia e do macaco – Povo Ka-
waiwete/MT (Dir. Wisio Kayabi) Festa Bemp – aldeia Kapôt - Povo
Mẽbêngôkre/Mẽtyktire/MT (Instituto
Receitas Kawaiwete – aldeia Kwaruja - Povo
Raoni)
Kawaiwete/MT (Dir. Wisio Kayabi e Mari
Corrêa) Festa Mẽnibi’ôk – aldeia Kapôt - Povo
O corpo e os espíritos - Povos Kawaiwete e Mẽbêngôkre/Mẽtyktire/MT (Instituto
Panara/MT, PA (Dir. Mari Corrêa) Raoni)
Amtô: A festa do rato – Povo Kĩsêdjê/MT Priara Jõ: Depois do ovo, a guerra - Povo Pana-
(Dir. Winti Suyá, Kamikia Pentoxi Trumai ra/MT, PA (Dir. Komoi Panara)
Kĩsêdjê, Yaiku Suyá, Kambrinti Suyá e Do rio São Francisco ao rio Pinheiros – Povo
Kokoyamaratxi Suyá) Pankararu/PE, SP (Dir. Paula Morgado)
Khátpy ro sujareni: A história do monstro Khápty Crianças da Amazônia - Povos Suruí e
- Povo Kĩsêdjê/MT (Dir. Winti Suyá, Ka-
Nhambikwara/RO (Dir. Denise Smekhol)
mikia Pentoxi Trumai Kĩsêdjê, Yaiku Suyá,
Kambrinti Suyá e Kokoyamaratxi Suyá) Wotko e Kokotxi: uma história Tapayuna - Povo
Tapayuna/MT (Dir: Kamikia Kĩsêdjê)
Kĩsêdjê ro sujareni: Os Kĩsêdjê contam sua história
- Povo Kĩsêdjê/MT (Dir. Winti Suyá, Ka- Do bugre ao Terena – Povo Terena/MS, MT
mikia Pentoxi Trumai Kĩsêdjê, Yaiku Suyá, (Dir. Aline Espíndola e Cristiano Navarro)
Kambrinti Suyá e Kokoyamaratxi Suyá)
Iburi – Trompete dos Ticuna - Povo Ticuna/
O povo Kĩsêdjê e o IBAMA - Povo Kĩsêdjê/ AM (Dir. Edson Tosta Matarezio Filho)
MT (Dir. Kamikia Kĩsêdjê)
Iauarete, Cachoeira das Onças – Povos Tukano
As Hiper mulheres - Povo Kuikuro/MT (Dir: e Tariano/AM (Dir. Vicent Carelli)
Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã
Kuikuro) O retorno da terra – Povo Tupinambá/BA
(Dir. Daniela Alarcon e Fernanda Ligabue)
Imbé gikegü: Cheiro de pequi - Povo Kuiku-
ro/MT (Dir. Takumã, Marika, Amunegi, O espírito da TV – Povo Wajãpi/AP (Dir.
Mahajugi e Ahukaká Kuikuro) Vincent Carelli e Dominique T. Gallois)
Kusiwarã - as marcas e criaturas de Xingu, a luta dos povos pelo rio (Instituto
Cobra-Grande - Povo Wajãpi/AP (Dir. Socioambiental)
Dominique T. Gallois e Gianni Puzzo) Série Índios no Brasil (Episódios: Quem são
A arca dos Zo’é – Povos Wajãpi/AP e Zo’e/ eles; Nossas Línguas; Boa viagem Banitü!;
PA (Dir. Vincent Carelli e Dominique T. Nossas terras; Filhos da Terra; Quando
Gallois) deus visita a aldeia; Uma outra história;
Apapaatai – Povo Wauja/MT (Dir. Primeiros 11contatos; Do outro lado do céu
Aristóteles Barcelos Neto) e Nossos direitos) (Dir. Vincent Carelli)
Wai’a, o poder do sonho - Povo Xavante/MT
(Dir: Divino Tserewahu)
Wapte mnhõnõ, iniciação do jovem Xavante NOTAS
- Povo Xavante/MT (Dir. Divino
Tserewahu) 1
Para mais informações: http://www.pro-
Darini - Iniciação Espiritual Xavante – Povo jetoxingu.unifesp.br/index.php/projeto-
Xavante/MT (Dir: Caime Kaissé e Jorge -xingu/sobre-o-projeto-xingu.
Protodi) 2
A Constituição de 1988 reconheceu
Piõ Höimana’té: a mulher xavante e sua arte o direito dos indígenas a uma atenção
– Povo Xavante/MT (Dir. Cristina Flória) diferenciada à saúde, que respeitasse suas
especificidades culturais e cidadania, o
Urihi haromatipë: Curadores da terra-floresta –
que só passou a ser cumprido uma década
Povo Yanomami/RR, AM (Dir. Morzaniel
depois (Teixeira 2012:571).
ƚramari Yanomami)
3
O DSEI Litoral-Sul conta ainda com
Xapiri – Povo Yanomami/RR, AM (Dir.
uma CASAI em Curitiba/PR e atende uma
Leandro Lima, Gisela Motta, Laymert
população estimada em 10.610 pessoas de
Garcia dos Santos, Stella Senra, Bruce
Albert) seis povos (Guarani, Kaingang, Xokleng,
Terena, Krenak e Tupi) e cinco estados (SP,
Napëpë - Povo Yanomami/RR, AM (Dir. PR, RS, SC e ES) [http://www.bvsde.paho.
Nadja Marin) org/bvsapi/p/fulltext/distritos/litoralsul.
Paralelo 10 – Povos do Acre (Dir. Silvio Da- pdf].
Rin) 4
Literalmente, yvyra’ija pode ser traduzido
Para onde foram as andorinhas - Povos do como “dono/mestre” (-ja) do bastão/vara
Território Indígena do Xingu/MT (Dir. (yvyra’i) ritual.
Mari Corrêa) 5
Para dados sobre os povos indígenas
Encontro de mulheres xinguanas - Povos do no Brasil, consultar a página do
Território Indígena do Xingu/MT (Dir. Instituto Socioambiental: https://pib.
Mari Corrêa) socioambiental.org/pt.
Abril Indígena 2013 - Mobilização dos 6
Ao final do texto, disponibilizamos uma
povos indígenas (Dir: Kamikia Kĩsêdjê) lista de filmes que já exibimos.
Índio Cidadão (Mobilização indígena) 7
Entre os filmes, figuram aqueles das festas
(Dir. Rodrigo Siqueira). Bẽmp e Mẽnibiôk do povo Mẽbêngôkre;
Belo Monte, o anúncio de uma guerra (Dir: Darini, que aborda um ritual de iniciação
André D’Elia. Cinedélia) xavante; e Yumpuno, entre os Ikpeng; etc.
8
Entre os filmes que tematizam a questão Buchillet, D. (org.). 1991. Medicinas
da terra, estão Corumbiara; À sombra do tradicionais e medicina ocidental na Amazônia.
delírio verde; Serras da desordem; O retorno Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi/
da terra; Pïrinop: Meu primeiro contato; Duas CEJUP.
aldeias, uma Caminhada etc. Caldeira, V. 2010. Programa Tamoromu:
9
Como formulado por Viveiros de Castro uma experiência em promoção de saúde
(1996), os xamãs são capazes de ver seres indígena e pratica interdisciplinar na Casai-
não-humanos como estes se veem (como SP, in Psicologia e povos indígenas, pp.101-
humanos), podendo exercendo uma 116. Editado por Conselho Regional de
espécie de diplomacia cósmica, de modo a Psicologia da 6a Região. São Paulo: CRPSP.
resgatar componentes da pessoa, expulsar Novo, M.P. 2010. Os agentes indígenas de saúde
agentes agressores, ou transitar entre do Alto Xingu. Brasília: Paralelo 15.
mundos e tempos. Nessa direção, Carneiro
da Cunha (1998) define o xamã como Carneiro da Cunha, M. 1998. Pontos
um tradutor de mundos, já que lhe cabe de vista sobre a floresta amazônica:
interagir com diferentes modalidades de xamanismo e tradução. Mana 4(1).
sujeitos (incluindo animais e espíritos) de Cohn, C. 2014. A cultura nas escolas
modo a evitar, combater ou produzir efeitos indígenas, in Políticas culturais e povos indígenas,
em corpos de pessoas e de coletividades. pp.313-338. Editado por M. Carneiro da
Tais empreendimentos demandam viagens Cunha e P.N. Cesarino. São Paulo: Cultura
a outros domínios do cosmos, bem como Acadêmica.
a outros corpos, enfrentando o desafio de
_____; Santana, V. 2016. A antropologia e
agenciar o outro sem ficar capturado por
as experiências escolares indígenas. Revista
sua perspectiva.
Pós Ciências Sociais 13(1):61-85.
10
Justamente pela multiplicidade de
Franchetto, B. 2006. Notas em torno de
mundos que reconhece, cosmopolítica tem
discursos e práticas na educação escolar
sido uma expressão cada vez mais adotada
indígena, in Formação de professores indígenas:
para remeter às ontologias ameríndias
repensando trajetórias, pp.191-198. Editado
(Sztutman 2012).
por L.D. Grupioni. Brasília: MEC/
SECAD.
REFERÊNCIAS
Gallois, D. 2014.A escola como problema:
Asad, T. 2016. O conceito de tradução cul- algumas posições, in Políticas culturais e povos
tural na antropologia social britânica, in A indígenas, pp. 509-517. Editado por M.
Escrita da Cultura. Editado por J Clifford e Carneiro da Cunha e P.N. Cesarino. São
G. Marcus CLIFFORD, J. e MARCUS, G. Paulo: Cultura Acadêmica.
Rio de Janeiro: Papeis Selvagens. _______.1991. A Categoria “doença de
Almeida, M. 2013. Caipora e outros branco”: ruptura ou adaptação de um
conflitos ontológicos. R@U Revista de modelo etiológico indígena? in Medicinas
Antropologia da UFSCar 5(1):7-28. tradicionais e medicina ocidental na Amazônia.
Assumpção, K. 2014. Negociando curas: Editado por D. Buchillet. Belém: MPEG/
um estudo das relações entre profissionais CEJUP/UEP.
de saúde não-indígenas e indígenas _______. 1988. Movimento na cosmologia
no Projeto Xingu. Mestrado, PPGCS, waiapi: criação, expansão e transformação do
UNIFESP. universo. Doutorado PPGAS, USP.