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ESCLEROSE MÚLTIPLA

A esclerose múltipla é uma doença autoimune que atinge o cérebro, os nervos


ópticos e a medula espinhal. O sistema imunológico ataca a camada
protetora que envolve os neurônios, chamada mielina, e atrapalha o envio
dos comandos do cérebro para o resto do corpo. Esse processo é chamado
de desmielinização. No Brasil, estima-se 40.000 casos, uma incidência média
de 15 casos por 100.000 habitantes, sendo a maioria jovens.
TIPOS DE ESCLEROSE MÚLTIPLA
Esclerose múltipla remitente-recorrente (EMRR) - corresponde a cerca de
85% dos casos. É caracterizada por períodos de melhora, chamadas de
remissão, e piora que podem durar dias, semanas ou até anos. Geralmente
ocorrem nos primeiros anos da doença com recuperação completa e sem
sequelas. Em um prazo de cerca de 10 anos, metade das pessoas com EMRR
desenvolverão o segundo tipo da doença.
Esclerose múltipla secundária progressiva (EMSP) - neste caso, as
pessoas não se recuperam totalmente das crises, também chamadas de
recaídas, e acumulam sequelas ao longo dos anos. Ocorre perda visual
definitiva ou maior dificuldade para andar, por exemplo. Pode ser necessário
ter ajuda para se movimentar e locomover e ser necessário o uso de bengala
ou cadeira de rodas.
Esclerose múltipla primária progressiva (EMPP) - é caracterizada pela piora
gradativa das crises.
Esclerose múltipla progressiva com surtos (EMPS) - a doença age de forma
mais rápida e agressiva. Ocorre, paralelamente, a progressão do processo
desmielinizante e o comprometimento de estruturas do cérebro.

SINAIS E SINTOMAS DA ESCLEROSE MÚLTIPLA


Os sinais e sintomas da esclerose múltipla variam de acordo com o estágio da
doença, podendo, inclusive, deixar a pessoa incapacitada. Os principais são:
Fadiga;
Dificuldade em andar;
Dificuldade de equilíbrio e de coordenação motora;
Problemas de visão, como visão dupla, visão borrada e embaçamento;
Incontinência ou retenção urinária;
Dormência ou formigamento em diferentes partes do corpo;
Rigidez muscular e espasmos;
Problemas de memória, de atenção e para assimilar informações.
 
Os sinais e sintomas de esclerose múltipla
Podem aparecer e desaparecer periodicamente ou piorar de forma progressiva.
As alterações provocadas pela doença são semelhantes a outros problemas
neurológicos. Então, ter um ou mais dos sinais e sintomas relacionados
não significa que a pessoa tem esclerose múltipla. Por isso, é muito
importante consultar um médico para ter o diagnóstico correto e a indicação
do melhor tratamento para o caso.

FATORES DE RISCO DA ESCLEROSE MÚLTIPLA


A esclerose múltipla afeta geralmente pessoas jovens entre 20 e 40 anos de
idade, principalmente mulheres. Entre os fatores de risco da esclerose múltipla,
existem alguns que são genéticos e que podem estar relacionados à causa da
doença. Mas há fatores de risco que são ambientais, tais como:
Infecções virais (herpesvírus ou retrovírus);
Exposição ao sol insuficiente, o que leva a ter níveis baixos de vitamina D por
tempo prolongado;
Exposição a solventes orgânicos;
Tabagismo;
Obesidade.
 
Atenção: a fase da adolescência é considerada um período de maior
vulnerabilidade a estes fatores ambientais.

DIAGNÓSTICO DA ESCLEROSE MÚLTIPLA


O diagnóstico da esclerose múltipla é feito em duas etapas:
Avaliação clínica - a partir de alguns sinais e sintomas, o médico avalia os
estímulos do sistema nervoso por meio de um teste físico. Ele pede para
pessoa caminhar, testa alguns reflexos do corpo e analisa a estrutura dos olhos
(retina e disco óptico), por exemplo.
Ressonância magnética - o exame de imagem mostra zonas de
desmielinização no cérebro e na medula espinhal, provocado pelo ataque do
sistema imunológico. 
 
Recentemente, foi desenvolvido um método capaz de diagnosticar a esclerose
múltipla em estágio inicial, com menos chances de erros de diagnóstico.
É usado um nanoimunossensor, originalmente criado para indicar a presença
de pragas agrícolas e metais pesados, para analisar a interação entre os
anticorpos presentes em amostras de sangue. Por meio de um microscópio, é
possível verificar anticorpos característicos da esclerose múltipla, mesmo em
pequenas quantidades, como ocorre no estágio inicial da doença.
TRATAMENTO DA ESCLEROSE MÚLTIPLA
Não há cura para a esclerose múltipla, mas existe tratamento. Quanto
antes começar, mais qualidade de vida a pessoa pode ter. 

Corticoides - ajudam a inibir a ação do sistema imunológico. Geralmente, são


administrados em curtos períodos para amenizar sintomas, como perda de
visão, de força ou de coordenação. Os corticoides podem ser orais ou injetados
diretamente na veia, de acordo com a necessidade de cada caso.
Medicamentos para controle do sistema imunológico - dificultam o ataque
das células de defesa à mielina e ajudam a evitar crises.
 
Apenas o médico é capaz de definir o tipo de tratamento mais adequado para
cada pessoa. Mas existem hábitos e práticas que podem amenizar os sinais e
sintomas da esclerose múltipla,
Exercícios físicos - pedalar, caminhar, nadar e se alongar, por exemplo,
auxiliam na saúde cardiovascular, muscular e psicológica.
Fisioterapia - melhora o equilíbrio, a capacidade de caminhar e o nível de
mobilidade.

MITOS E VERDADES
“A esclerose múltipla é mais comum em idosos.”
Mito: Ao contrário do que muitos acreditam, os pacientes de esclerose múltipla
são jovens, a maioria diagnosticada entre 20 e 40 anos, na proporção de três
mulheres para cada homem. A EM atinge cerca de 30 mil brasileiros e 2,5
milhões de pessoas no mundo.

“A esclerose múltipla se manifesta de diferentes formas e, por isso, o


diagnóstico pode ser difícil.”
Verdade: As lesões no cérebro causadas pela doença podem ocasionar
diferentes sintomas, que vão desde visão dupla ou embaçada, fadiga,
formigamentos, perda de força e falta de equilíbrio, até incontinência urinária,
por exemplo. Essa ampla variação pode levar os pacientes a buscar ajuda de
diferentes especialistas e usar diversos tratamentos até chegar ao correto
diagnóstico, em geral feito por um neurologista.
“Quem não toma sol tem mais chance de desenvolver EM.”
Verdade: Diversos estudos relacionam a baixa exposição ao sol nos primeiros
anos de vida ao aparecimento das doenças autoimunes como a EM,
provavelmente por uma deficiência na produção de vitamina D. Mas atenção:
bastam poucos minutos de exposição antes das 9 horas ou depois das 16
horas para que o nosso organismo produza a quantidade necessária dessa
vitamina.

“Altas doses de Vitamina D podem curar os pacientes.”


Mito: A doença ainda não tem cura, mas a vitamina D tem sim um papel
complementar no tratamento e sua suplementação é indicada para quem tem
deficiência dessa vitamina no organismo. Porém, não há evidências científicas
que demonstrem a eficácia de altas doses no tratamento da EM – ao contrário,
o excesso da vitamina D no organismo pode levar a complicações na saúde de
qualquer pessoa.

“O paciente de EM perde massa cerebral”


Verdade: Todo mundo apresenta uma perda de volume ou massa cerebral ao
longo da vida, porém os pacientes de EM têm essa redução em uma
velocidade de três a cinco vezes maior que as demais pessoas. A chamada
atrofia cerebral está relacionada diretamente à incapacidade física e cognitiva.
A boa notícia é que recentemente, pela primeira vez, um tratamento para EM
foi capaz de permitir que os pacientes apresentassem atrofia cerebral
comparável a de pessoas sem a doença.

“Filhos de pacientes têm mais chances de desenvolver a doença.”


Verdade: A causa da doença ainda é desconhecida, mas já se sabe que há um
componente hereditário. Filhos de pais com EM têm chance um pouco maior
(de 2 a 3%, aumentando para 20% se ambos os pais têm EM) do que a
população geral de desenvolver a doença.

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