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DESAFIOS PARA DESENVOLVER COMPETÊNCIAS NO ÂMBITO

HOSPITALAR: UMA RESENHA CRÍTICA


Marina Arruda Costa Marques
Universidade Estadual do Mato Grosso – UNEMAT
Disciplina: Gerenciamento de Enfermagem III
Professoras: Msc. Débora Pereira e Msc. Emanuella Lisboa
e-mail: marina.marques@unemat.br

LEAL, Laura Andrian et al. Desafios para desenvolver competências no âmbito hospitalar. REME Rev
Min Enferm [Internet], v. 22, 2018.

O artigo: Desafios para desenvolver competências no âmbito hospitalar, foi escrito por: Laura
Andrian Leal, Mirelle Inácio Soares, Beatriz Regina da Silva, Lucieli Dias Pedreschi Chaves e Silvia
Helena Henriques Camelo, enfermeiras com doutorada pelo programa interunidades da Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (USP), com experiência na área de
gestão de pessoas em enfermagem e competências profissionais. Foi publicado pela revista Mineira
de Enfermagem (REME), no ano de 2018. O mesmo é constituido por: Introdução, que apresenta a
temática de desempenho ocupacional e a necessidade do desenvolvimento de competências
profissionais dos trabalhadores de saúde, em especial para a enfermagem; Metodologia, que relata
a constituição da amostra, por 40 egressos de uma instituição de ensino superior, a coleta com um
roteiro de entrevista semiestruturado e a análise temática indutiva dos dados; Resultados, dividido
em cinco categorias de desafios que limitam o desenvolvimento de competências do enfermeiro
hospitalar (Relacionamento interpessoal conflituoso; Idade profissional jovem: restrita experiência
profissional; Recursos humanos e materiais insuficientes; Habilidade técnica limitada e Modelo de
gestão rígido); Discussão, que expõe a argumentação acerca dos resultados e as considerações
finais, que encerra os temas levantados.
A obra contempla aumento das exigências para melhoria no desempenho ocupacional e a
necessidade do desenvolvimento de competências profissionais dos trabalhadores, em especial
para a enfermagem, advinda da mudança na prestação de serviços de cuidado à saúde.
Competências estas que se transformaram em elemento-base para às empresas e gestores na hora
da contratação dos seus trabalhadores, esses devem ter conhecimentos, habilidades e atitudes
para obter a qualidade no cuidado. O estudo observou que os enfermeiros em especial os egressos,
enfrentam barreiras nos serviços de saúde, que limitam o desenvolvimento dessas competências
no seu processo de trabalho, levantando o questionamento sobre “Quais são os desafios
enfrentados pelos enfermeiros para construção de competências no cotidiano de trabalho
hospitalar?”.
Dos desafios categorizados o relacionamento interpessoal conflituoso, foi considerado a
causa mais frequente que impossibilita a construção de competências, abrangendo o manejo com
a equipe de trabalho, vínculos profissionais, pouca experiência prática e os conflitos internos como
dificuldade. Segundo um dos egressos entrevistados por Leal (2018):
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O meu maior medo quando chego em uma unidade nova é conquistar a equipe, pois
você fica o dia todo no hospital, se você não tiver um bom vínculo, como você vai
desenvolver seu trabalho? E digo todo mundo, médico, faxina, e não só
enfermagem… isso é meu principal desafio, conviver bem com aquelas pessoas, e
também me mostrar uma pessoa competente para que as pessoas tenham
segurança em meu trabalho (E35).

Idade profissional jovem e a restrita experiência profissional, também são aspectos


elencados como obstáculo para o desenvolvimento de competências, devido o pré julgamento que
os egressos sofrem de não terem a capacidade de realizar seu trabalho. “O desafio principalmente
é ser novo, jovem, recém-formado, pois, às vezes, você pega um funcionário que está há 10 anos
trabalhando e ele vai te olhar e vai te tratar como burro e inexperiente [...] (E12)” (LEAL et al., 2018).
Os Recursos humanos e materiais insuficientes, nas palavras de um dos egressos
entrevistados por Leal (2018) “[...] A falta de profissionais gera uma sobrecarga de trabalho grande,
do qual impede que nós enfermeiros sejamos mais competentes no serviço, não temos tempo de
assistir o paciente com qualidade; então estes fatores são grandes desafios para meu trabalho
(E23)”. Outro desafio elencado foi a Habilidade técnica limitada, pois muitas vezes os egressos
saem da graduação sem ter ou com pouca experiência em determinados procedimentos técnicos.
A quinta categoria ressalta o modelo de gestão rígido como um desafio, a postura hierárquica
e autoritária adotada pelas instituições e/ou pelos gestores, a falta de autonomia e a não abertura
de espaço para expor suas ideias e discussões, são barreiras para o desenvolvimento das
competências.
Podemos relacionar competências com hábitos, pois um hábito segundo Covey (2020) é a
interseção entre o conhecimento, a habilidade e o desejo. O conhecimento é o paradigma teórico,
o que fazer e o porquê. A habilidade é o como fazer. E o desejo é a motivação, o querer fazer. Para
tornar algo um hábito em nossas vidas precisamos reunir esses três elementos. Os hábitos em
harmonia com as leis naturais do crescimento, abordam desenvolvimento da eficácia pessoal e
interpessoal levam a alcançar a interdependência.
Ao observar outros autores, como Santana e Silva (2018) e correlacionar as categorias
elencadas com o gerenciamento em enfermagem, os conflitos interpessoais são evidenciados como
um dos problemas mais enfrentados pelo enfermeiro gerente. Para Covey (2020) a causa de quase
todas as dificuldades de relacionamento se encontra em expectativas conflitantes em torno de
metas e papéis.
Desse maneira a boa comunicação é uma aliada para o desenvolvimento das competências,
visto que, os cuidado da enfermagem necessitam de integração entre profissionais, assim entende-
se que um líder que trabalha, mas não se comunica com os outros enfrentará dificuldades. As
pessoas independentes conseguem obter o que desejam por meio de seu próprio esforço. As

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pessoas interdependentes combinam seus próprios esforços com os esforços dos outros para
conseguir um resultado muito melhor (HUNTER, 2009; COVEY, 2020).
Segundo Covey (2020) a capacidade para delegar poderes aos outros é a maior diferença
entre o papel de gerente e de produtor independente, a delegação de poderes significa crescimento,
tanto para os indivíduos como para as organizações.
Desse modo, a gestão participativa, ou seja, a descentralização das decisões e a
aproximação dos componentes da equipe que compõem o trabalho em saúde, é uma estratégia de
capacitação e qualificação dos trabalhadores, visto que nesse modelo a gerência promove o
potencial criativo e inovador do seu capital humano. Outra proposta é a educação permanente
proporcionada pelas instituições empregadoras e formadoras como alternativa de minimizar as
dificuldades dos profissionais iniciantes a melhorar a qualidade do atendimento da enfermagem
(MEDEIROS et al., 2010; DE OLIVEIRA, 2016).
A publicação ressalta que o enfermeiro, necessita, estar constantemente atualizado e
desenvolver as competências que o auxiliem na dinâmica do seu processo de trabalho na sua
equipe e demais trabalhadores, enfrentando possíveis desafios que possam surgir na rotina de
serviço. Além disso, o artigo contribui para a reflexão tanto do profissional enfermeiro como dos
gestores, das instituições hospitalares e formadoras, sobre a necessidade implementação de
estratégias que amenizem as dificudades frente aos desafios presentes no processo de trabalho e
assim colaborar para a qualidade do cuidado.
Essa resenha, foi elaborada pela acadêmica Marina Arruda Costa Marques do curso de
bacharel em Enfermagem da Universidade do Estado de Mato Grosso - UNEMAT, Campus
Cáceres, como requisito para obtenção de nota da disciplina de Gerenciamento em Enfermagem III
ministrada pelas professoras Msc. Débora Pereira e Msc. Emanuella Lisboa, no semestre 2020/4.

Referências
COVEY, Stephen R. Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes: Lições poderosas para a
transformação pessoal. Ed.89ª. Rio de Janeiro: BesteSeller, 2020.

HUNTER, James C. O monge e o executivo: uma história sobre a essência da liderança. Rio
de Janeiro: Sextante, 2009. 144 p.

MEDEIROS, A. et al. Gestão participativa na educação permanente em saúde: olhar das


enfermeiras. Rev Bras Enferm [revista online] 2010; 63 (1): 38-42.

DE OLIVEIRA, Wender Antônio. Enfermagem: desafios e dificuldades no início da carreira. Revista de


Enfermagem da FACIPLAC, v. 2, n. 2, 2016. Disponível em:
http://revista.faciplac.edu.br/index.php/REFACI/article/view/267.

SANTANA, Ivo Ferreira; SILVA, Joélio Pereira da. Gerenciamento em enfermage: os empecilhos e
benefícios encontrados na prática de gerenciamento de enfermagem de um hospital público. Rev.
FAESF, v.2, n.2, p.45-56, 2018.

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