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Bactérias

fitopatogenicas
Bactérias
• Bactérias são organismos microscópicos, unicelulares, que possuem
parede celular. Elas não possuem núcleo verdadeiro como o de
organismos superiores, separado do restante dos outros
componentes celulares por uma membrana, e seu material genético,
um DNA circular de fita simples, se localiza diretamente no
citoplasma da célula. Além desse DNA, elas possuem os plasmídeos,
DNAs extra-cromossômicos, que controlam certas características
exibidas por estes organismos como resistência à estreptomicina,
cobre e a outros antibióticos.
Bactérias
Morfologia
 Grande diversidade de forma e arranjamento;

 Maioria das bactérias fitopatogênicas – formato


de bastonete e não formam esporo ou
estrutura de resistência/repouso

 Tamanho varia de 1,0 – 5,0 x 0,5 – 1,0 µm;


Bactérias (formas)
Cocos
Bastonete
Vibrião
Flagelos
Flagelos
 Quando a bactéria se move em uma direção: nado ou corrida
 Desvio: quando as corridas são interrompidas causados por
inversão da rotação flagelar
Teste de Gram
• Classificação em 2 grandes Grupos:
◦ 1884 - Método de Coloração de Gram
(Bacteriologista dinamarquês Hans Christian
Gram)
• Gram positivas: roxo
• Gram negativas: vermelho
Teste de Gram

Gram +
Bacillus subtilis Gram -
Escherichia coli
Crescimento de Bactérias
 Crescimento - PG (período de geração) – varia
de 20 a 60 minutos;
 LAG – latência ou adaptação;
 LOG – exponencial – multiplicação rápida;
 ESTACIONÁRIA – células viáveis = cél. Mortas;
 MORTE – Nº de células que morrem é maior do
que o nº de células que se dividem. Secreções
tóxicas torna a multiplicação mais lenta.
Fases do crescimento
 Uma curva de crescimento bacteriano
demonstra o crescimento das células durante
uma período de tempo.
 4 Fases do Crescimento:

Fase Lag
Fase Log (Fase logarítmica)
Fase Estacionária
Fase de morte celular
Fase Lag

Durante um certo período de tempo, o n° de


células sofre pequenas variações
Neste período ocorre ausência de divisão
celular (1 h a dias)
As células estão em estado de latência
A população está passando por um período de
intensa atividade metabólica, principalmente
síntese de enzimas e moléculas variadas
Fase Log
•A partir de um determinado momento as células
iniciam seu processo de divisão e entram no
período de crescimento ou aumento logarítmico
•A reprodução encontra-se extremamente ativa e
o tempo de geração atinge um valor constante
•Período onde há maior atividade metbólica
•Entretanto: microrganismos estão sensíveis à
mudanças ambientais
Fase Estacionária
Em um determinado momento a
velocidade de crescimento começa a
diminuir por diversos fatores: nutrientes,
produtos de degradação, mudanças de pH
e a população se torna ESTÁVEL
Fase de Morte Celular
O n° de células mortas >
 o n° de células novas <
 diminuindo o n° de células viáveis Aumenta a
taxa de morte da população podendo alcançar
um valor constante máximo
Depois da morte da maioria das células, há
uma queda drástica na taxa de morte.
Histórico
 1869, Dranert: biólogo alemão em visita a região
do Recôncavo Baiano, descreveu estrias em cana-
de-açúcar, posteriormente foi constatado
Pseudomonas rubrilineans
 Em 1882, o pesquisador Thomas J. Burril (trabalho
pioneiro atribuído à queima da macieira e da
pereira a causa bacteriana)
 Em 1882, Walker, cientista holandês, descreveu o
amarelecimento do jacinto afirmando tratar-se de
enfermidade causada por uma bactéria;
Histórico
 Em 1889, ERWIN FRANK SMITH, Americano -
Pai da Bacteriologia de Plantas - Descreveu
várias doenças bacterianas de plantas
 Século XX: Pesquisas foram sendo feitas
confirmando que bactérias são importantes
patógenos de plantas;
Importância Econômica das
Fitobacterioses
 Gravidade das doenças em culturas exploradas
economicamente;
 Facilidade de disseminação;
 Dificuldade de controle;

 Ex. Cancro cítrico (X. axonopodis pv. citri) – surgiu na


década de 50, Presidente Prudente – reduz a produção
e inviabiliza a exportação dos frutos “in natura”;

 Ex. Murcha bacteriana das solanáceas (Ralstonia


solanacearum) – ocorrência em todo território nacional
Bactérias
• Fotossíntese-Moléculas de gás carbônico reagem com moléculas de
água,produzindo glicídios e gás oxigênio,utilizando a luz como fonte de
energia,semelhantes as algas e as plantas.As sulfobactérias realizam um tipo de
fotossíntese em que a substância doadora de hidrogênio não é a água ,mas
compostos de enxofre,principalmente o gás sulfídrico(H2S).Por isso,essas bactérias
produzem enxofre elementar(S) como subproduto da fotossíntese,e não gás
oxigênio,como na fotossíntese que utiliza H2O.

Quimiossíntese-Utilizam oxidações de compostos inorgânicos como fonte de energia


para a síntese de substâncias orgânicas a partir de gás carbônico(CO2) e de átomos de
hidrogênio(H) provenientes de substâncias diversas.

• Heterotróficas- São bactérias que não produzem substâncias que lhes servem de
alimento.São classificadas em:
Bactérias Saprofágicas-(do grego sapros,podre,e phagein,comer)obtêm alimento a partir
de matéria orgãnica sem vida,como cadáveres ou porções descartadas por outros seres
vivos.
Bactérias parasitas- São as que obtêm alimento a partir de tecidos corporais de seres
vivos,em geral causando doenças.
Bactérias
• As bactérias fitopatogênicas estão distribuídas em
vários gêneros, espécies e subespécies separadas
entre si por características culturais, bioquímicas,
fisiológicas. Recentemente, o emprego de técnicas
moleculares promoveu profundas mudanças na
taxonomia das bactérias fitopatogênicas.
Atualmente, são reconhecidos 26 gêneros de
bactérias fitopatogênicas,
Gêneros
Sintomatologia
• manchas e necroses: O tecido afetado inicialmente
apresenta anasarca, evoluindo para morte e necrose. É o
tipo de sintoma mais comum. Dependendo do tipo, as lesões
em folhas recebem diversas denominações, como: mancha
angular , quando as lesões foliares ficam delimitadas pelas
nervuras; crestamento, quando atinge grande parte do limbo
foliar; estrias ou riscas, que ocorrem em folhas com nervuras
paralelas, como no caso de gramíneas; cancros , quando as
lesões são necróticas e profundas. Algumas bactérias
produzem toxinas, formando um halo amarelado ao redor
das lesões. Nos ramos, flores e frutos os sintomas podem
assemelhar-se aos observados nas folhas.
Sintomas iniciais do crestamento
bacteriano em folhas de soja

Pseudomonas savastanoi pv. glycinea (Coerper)


Young, Dye & Wilkie
Mancha-estriada-da-
folha
Xanthomonas translucens pv. translucens (Jones
et al.) Vauterin et al.
Xanthomonas campestris pv. (Smith, Jones &
Reddy) Dye
Sintomatologia
• Hiperplasia e hipertrofia: se caracterizam pela
multiplicação celular exagerada ou aumento no
tamanho das células, resultante de desequilíbrio
no sistema hormonal da planta, levando a um
crescimento excessivo do órgão ou tecido afetado.
Inclui a fasciação, que é a proliferação anormal de
raízes e brotos, geralmente com achatamento e
fusão das partes afetadas; galhas, que ocorrem na
região do colo, em raízes e parte aérea e raízes
em cabeleira.
Xylella fastidiosa Wells et al.
Clorose-variegada-dos-citros
Sintomatologia

• Murcha: ocorre por obstrução dos feixes


vasculares, devido à invasão e/ou colonização
pelas bactérias fitopatogênicas, impedindo ou
dificultando o trans- porte de água e nutrientes. A
infecção vascular nem sempre resulta em murcha
aparente, podendo causar nanismo e/ou clorose.
Sintomatologia

• Podridão mole: resulta em maceração de tecidos,


devido à produção, pela bactéria, de enzimas que
degradam as substâncias pécticas da lamela
média e da parede celular. Este tipo de sintoma é
muito importante também durante o arma-
zenamento, no caso de bulbos e rizomas.
Sintomas e sinais

Exsudação em gota

X. axonopodis pv vitians
Exsudação em gota

E. amylovora

P. syringae pv. tomato E. amylovora


EXSUDAÇÃO

ANASARCA
- Apodrecimento + Odor;

- Órgãos de reserva;

- Comuns a certos gêneros


Tumores Cancro
Gêneros e espécies mais importantes

Agrobacterium
- A. tumefaciens – tumores em plantas
- A. rhizogenes – raiz em cabeleira

Pseudomonas
- P. syringae pv. lachrymans – mancha
angular em pepino
- P. cichorii - alface
Erwinia

• E. carotovora subsp.
carotovora
• E. crhysanthemi
•E. carotovora subsp
atroseptica

Ralstonia
• Ralstonia solanacearum –
murcha em solanáceas
Xanthomonas
X. axonopodis pv. phaseoli

Streptomyces
S. scabies – sarna da batata

Curtobacterium
C. flaccumfaciens pv. flaccumfaciens – murcha
do feijoeiro.
Tabela 1. Principais gêneros de bactérias fitopatogênicas, aspectos
morfológicos, espécies e doenças causadas.
Disseminação
Penetração

Aberturas naturais Ferimentos


Colonização

Depende do:
- Tipo de interação
bactéria/planta
- Grau de suscetibilidade do
hospedeiro
- Grau de agressividade da
bactéria
- Modo e local de penetração
- Condições ambientais
Medidas de controle

Rotação Sementes Adubação

Cult. resistentes
Irrigação

Controle
Químico
Solarização
Controle
• Bactérias fitopatogênicas em condições ambientais
favoráveis podem constituir fator limitante à
exploração econômica de plantas. Os danos
causados se referem a perdas na qualidade e
produtividade das plantas, ocasionadas
principalmente pela morte de plantas ou mudas bem
como manchas em folhas, flores e frutos. Além disso,
existe um aumento nos custos de produção devido à
necessidade de adoção de medidas de controle.
controle
• As bactérias normalmente sobrevivem em
plantas infectadas, em restos culturais ou no
solo. Elas necessitam de um ferimento ou de
uma abertura natural para poder penetrar na
planta e também de condições de umidade e
temperatura para causar doença. Elas se
reproduzem rapidamente e são transmitidas
do solo para as plantas e de planta para
planta pela água de irrigação, tratos culturais
ou trânsito de pessoas.
controle
• A mais importante medida de controle é a prevenção
da contaminação da cultura pelo uso de material
propagativo sadio e de boa qualidade. Após o
estabelecimento de bactérias em uma cultura ou em
um local, o seu controle é praticamente impossível ou
de custo muito elevado, além do agravante de
existirem poucos produtos químicos contra esses
patógenos ou desses produtos estarem registrados
para uso em poucas plantas
controle
Algumas outras práticas são muito importantes no controle
das doenças e incluem: a retirada e destruição de plantas
inteiras ou de parte delas, assim como a limpeza e
desinfestação de ferramentas, bancadas, vasos, etc. que
são usados repetidamente. O solo deve ser previamente
esterilizado e o que foi utilizado com plantas doentes deve
ser descartado ou desinfestado antes de nova utilização.
Os trabalhadores devem ser treinados no sentido de
cuidar primeiramente dos locais onde se encontram as
plantas sadias e no caso em que tenham manipulado
alguma planta doente, desinfestar imediatamente as mãos
e ferramentas.
controle
• O manejo da água de irrigação é também muito
importante, de modo a diminuir o período de
molhamento e a água de condensação nas folhas.
Além desses cuidados, alguns outros também são
recomendados como o emprego de variedades
resistentes ou tolerantes, tratamento térmico de
sementes e partes de plantas, implantação de
barreiras quebra-vento e a adubação equilibrada,
dentre outros. Com relação aos métodos químicos,
podem ser utilizados fungicidas com ação bactericida
e os antibióticos de uso agrícola
Controle
• Os fungicidas mais comumente empregados, que
apresentam razoável ação bactericida, são os cúpricos
(calda bordalesa, sulfato de cobre, oxicloreto de cobre,
hidróxido de cobre, óxido cuproso) e os carbamatos.
Relativamente aos antibióticos, atualmente existem 4
produtos comerciais registrados para uso agrícola, à
base de oxitetraciclina, estreptomicina ou
kasugamicina. Com objetivo de se obter ação
sinergística e maior eficiência de controle, em alguns
casos se utiliza mistura de produtos ou de princípios
ativos, como no caso de cúprico + carbamato,
antibiótico + antibiótico ou de antibiótico + cúprico.

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