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UNIVERSIDADE TIRADENTES

CURSO DE ENGENHARIAS

DANIEL CAVALCANTE MENEZES


ERIC SIMÕES BATISTA
FAGNER LUAN OLIVEIRA NASCIMENTO
GUSTAVO BELLI RAMALHO
JOÃO VITOR DE SANTANA OLIVEIRA
LUCIANO SANTOS MARIA
OLIVER MATHAEUS SANTOS SOUZA

PRODUÇÃO DA CACHAÇA ARTESANAL GOGO DE


ARAPONGA E SUA ESTRUTURA PRODUTIVA

Aracaju/Se
Abril, 2021

DANIEL CAVALCANTE MENEZES


ERIC SIMÕES BATISTA

1
FAGNER LUAN OLIVEIRA NASCIMENTO
GUSTAVO BELLI RAMALHO
JOÃO VITOR DE SANTANA OLIVEIRA
LUCIANO SANTOS MARIA
OLIVER MATHAEUS SANTOS SOUZA

PRODUÇÃO DA CACHAÇA ARTESANAL GOGO DE


ARAPONGA E SUA ESTRUTURA PRODUTIVA

Pesquisa bibliográfica apresentada


como requisito parcial de avaliação da
disciplina de Práticas II, ministrada pelo
Prof. Sandro Luis Medeiros, no 1°
semestre de 2021.

Aracaju/Se
Abril, 2021

SUMÁRIO

2
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................4
2.1 CARACTERIZAÇÃO DE UM PROCESSO PRODUTIVO................................................5
2.2 MATÉRIA-PRIMA PARA A PRODUÇÃO DA CACHAÇA...............................................7
2.3 ETAPAS DE PRODUÇÃO DE UMA CACHAÇA ARTESANAL......................................8
2.3.1 Processamento e Moagem.........................................................................................8
2.3.3 Fermentação.................................................................................................................9
2.3.4 Destilação....................................................................................................................10
2.3.5 Armazenamento.........................................................................................................12
2.3.6 Envelhecimento..........................................................................................................12
2.3.7 Engarrafamento..........................................................................................................12
3 DESENVOLVIMENTO...............................................................................................................13
3.1 Detalhamento dos Investimentos..................................................................................15
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................................16
5 REFERÊNCIAS..........................................................................................................................17

3
1 INTRODUÇÃO

Historicamente na Grécia foi encontrado registros da produção da acqua


ardens (água que pega fogo), ou água ardente, no Tratado da Ciência escrito por
Plínio, o velho (23 a 79 D. C.), que relata o modo de coletar o vapor da resina de
cedro, do bico de uma chaleira, com um pedaço de lã, dando origem ao al kuhu.
Mais adiante, alquimistas passam a estudar e analisar a água ardente, atribuindo a
ela propriedades místico-medicinais. Era o surgimento da água da vida – eau de vie
–, que era receitada como elixir da longevidade. Com a expansão do Império
Romano, a aguardente alcança o Oriente Médio. Os árabes desenvolvem os
primeiros equipamentos para a destilação, similares aos utilizados atualmente. O
destilado muda de nome (al kuhu) e passa a se chamar al raga, dando origem ao
arak, bebida resultante de uma mistura de licores de anis. Esse conhecimento sobre
destilação se pulveriza por todo mundo, gerando vários tipos de destilados,
amplamente conhecidos nos dias atuais, como sakê (China e Japão), whisky
(Escócia) e vodca (Rússia).
Os portugueses a partir do bagaço de uva, pode ser considerada a
precursora da aguardente brasileira. A partir do descobrimento do Brasil, Portugal
trouxe a cana-de-açúcar ao País, que futuramente teria papel decisivo na produção
do destilado nacional.
Através dos Decretos nº 2.314, de 04/09/1997, nº 4.062 de 21/12/2001 e
nº 4.851 de 02/10/2003, assinados pelos presidentes Fernando Henrique Cardoso e
Luiz Inácio Lula da Silva diz que a cachaça é a denominação típica e exclusiva da
aguardente de cana produzida no Brasil, com graduação alcoólica de trinta e oito a
quarenta e oito por cento em volume, a vinte graus Celsius, obtida pela destilação do
sumo fermentado do caldo de cana-de-açúcar.
Com o estudo a empresa busca produzir e comercializar uma boa cachaça
de forma artesanal, e fornecer esse produto a bares, botecos, restaurantes e
distribuidoras de bebidas das principais cidades dos estados de Sergipe, Alagoas,
Bahia e Minas Gerais!
Apesar da instabilidade que sofre o mercado brasileiro, e sim esse é um
fator limitante na criação de novas empresas e com o mercado da cachaça artesanal
não seria diferente. Resolvemos aceitar o risco analisando as configurações do
comercio da cachaça, que demonstram espaço para o crescimento e
desenvolvimento no setor!

4
Para ter sucesso na criação e produção, foi feito uma análises
aprofundada do empreendimento e o que deve ser feito. O foco da cachaça
artesanal gogo de araponga é fabricar uma cachaça pura, não uma cachaça padrão
como as que vemos no mercado onde o intuito é misturar e fazer drinks
Nesse sentido, esta pesquisa tem como objetivos, identificar qual a
melhor cana de açúcar a ser utilizada no processo de fabricação da cachaça, temos
também que pensar como é feito o processo de moenda e filtragem, a fermentação
e a destilação da cachaça para depois de pronta conseguir identificar como faremos
para armazenar e envelhecer toda a cachaça pronta para venda, depois de pronta,
envelhecida, engarrafada e rotulada é só direcionar para que o comprador tenha em
mãos o produto final que foi pensado em melhor atender o cliente que gosta de
saborear uma boa cachaça.

2 REVISÃO DE LITERATURA

O projeto tem o propósito dizer se é viável ou não iniciar a empresa e obter


sucesso. O projeto de abertura de uma empresa vai definir algumas das
características da empresa, com o objetivo de minimizar erros e planejar
corretamente antes de se obter dado no papel.

2.1 CARACTERIZAÇÃO DE UM PROCESSO PRODUTIVO

Se tratando de processos de transformação em indústrias, a busca pela


eficiência manufatureira deve ser constante e incansável. Os ganhos com processos
contínuos favorecem as operações. Eles contribuem significativamente para a
redução do lead time de produção dos produtos, com uma reorganização e rearranjo
do layout da fábrica.
Para Liker (2007) o fluxo unitário de peças, também chamado de “fluxo
contínuo” acontece através de uma movimentação ordenada e continuada das
peças no decorrer do processo produtivo, com um tempo mínimo de espera entre as
etapas e a menor distância de deslocamento. O autor afirma que o fluxo contínuo
também reduz o tempo de produção, estoques, custo das operações e traz à tona os
problemas que possam aparecer, além de destinar-se a eliminação das perdas de
uma operação.

5
Para uma estratégia de fluxo contínuo Liker (2007), menciona a necessidade
da existência de alguns critérios básicos para que o fluxo aconteça de forma
uniforme, são eles:

 Garantir uma capacidade sistemática de produção;


 Disponibilidade de recursos que atendam às necessidades de produção;
 Confiabilidade dos processos e equipamentos;

Os tempos de ciclo de operações devem ser equilibrados. Esses aspectos,


quando não atendidos, comprometem sistematicamente as operações produtivas da
empresa, provocando um desalinhamento das atividades e as perdas que deveriam
ser evitadas, por isso, a execução de um fluxo contínuo de produção na empresa
torna-se necessário um perfeito balanceamento das operações ao longo da linha de
produção.
Segundo Liker (2007), faz-se necessário ter um tempo preciso para realização
dos ciclos produtivos, assim como a flexibilidade necessária para processar os
pequenos lotes de produção. Este nivelamento incorpora todos os procedimentos
necessários para a realização das atividades inclusive as paradas necessárias da
produção para troca de equipamentos e mudanças do mix de produtos, o que
permite assegurar um processo controlado e padronizado.
Na busca por processos mais eficientes, a flexibilização dos processos
produtivos é indispensável, mas aliada a isto, torna-se importante também
conceituar os desperdícios que possam estar configurando perdas durante os ciclos
produtivos.

2.2 MATÉRIA-PRIMA PARA A PRODUÇÃO DA CACHAÇA

A cana de açúcar é um vegetal de origem asiática que foi trazido para o Brasil
pelos portugueses na primeira década do século XVI. A cultura da cana
desenvolveu-se com sucesso no nordeste brasileiro. Nesta região o clima era ideal
para o seu cultivo por apresentar duas estações distintas, uma quente e úmida para
proporcionar a germinação e desenvolvimento vegetativo, e uma estação fria e seca,
que promove a maturação e consequente acúmulo de sacarose nos colmos.
Atualmente, os maiores produtores de cana de açúcar são Brasil, Índia, Cuba,
México e China. O cultivo da cana de açúcar destaca-se como uma importante

6
atividade socioeconômica em função da múltipla utilização, podendo ser empregada
in natura, sob a forma de forragem, para alimentação animal, ou ainda como
matéria-prima para a fabricação de rapadura, açúcar mascavo, melado e 7 cachaça
(LANDELL, 2010). As espécies de cana de açúcar utilizadas na produção de
cachaça são inúmeras e atualmente estão disponíveis muitas espécies resultantes
de cruzamentos (MAIA et al., 1995). Dentre as espécies conhecidas, as mais
utilizadas na produção da bebida são aquelas que apresentam um alto teor de
açúcar e facilidade de fermentação do caldo. (AMPAQ, 2010).
O plantio da cana de açúcar exige solo leve, sem excesso de umidade e rico
em matéria orgânica. O plantio pode ser feito em duas épocas do ano, entre os
meses de outubro-novembro e entre janeiro e março. A primeira não é a época mais
recomendada, e é somente indicada em casos de necessidade urgente de matéria
prima. Plantios efetuados nessa época propiciam menor produtividade agrícola e
expõem a lavoura à maior incidência de ervas daninhas, pragas e assoreamento dos
sulcos, retardando a colheita. O plantio entre janeiro e março é o mais recomendado
tecnicamente. Em regiões mais quentes, como o norte de Minas Gerais e o oeste de
São Paulo, essa época pode ser estendida para os meses subsequentes desde que
haja umidade suficiente (LANDELL, 2010). A escolha das variedades a serem
utilizadas na formação do canavial deve levar em conta a relação entre as suas
características, o local de implantação da cultura e o período de fabricação da
cachaça. Estas escolhas definem os principais fatores para o sucesso do
empreendimento. Devem ser escolhidas variedades que possuam características
definidas quanto à maturação, teor de açúcar, exigência em relação ao tipo de solo,
resistência a doenças e porte. As mudas são produzidas em estabelecimentos
fiscalizados e atendem tecnicamente aos requisitos de germinação, resistência a
pragas, doenças e produtividade, garantindo ao produtor material genético de boa
qualidade (SEBRAE, 2001).

2.3 ETAPAS DE PRODUÇÃO DE UMA CACHAÇA ARTESANAL

Segundo a Associação Brasileira de Bebidas – ABRABE (2010), o


reconhecimento da cachaça como uma bebida típica brasileira e os avanços em seu
processo produtivo, transformou tal bebida, antes considerada de classes inferiores,
no terceiro destilado mais consumido no mundo, atrás da vodka e do soju (destilado
coreano). Nacionalmente, é a segunda bebida alcoólica mais consumida, sucedendo

7
apenas a cerveja (CIRIBELI; VELOSO, 2011, p.30-31). A seguir são apresentadas
as principais etapas do ciclo de produção da cachaça artesanal, desde o preparo do
solo para o cultivo da cana-de-açúcar, até o ênfase e a comercialização do produto
final.

2.3.1 Processamento e Moagem

Moagem é o ato de se extrair o caldo existente nos colmos da cana-de-açúcar


que, em geral, apresenta de 85 a 92% de caldo e de 8 a 15% de fibras (SEBRAE;
SEAMA, 2001, p. 12). De acordo com a Associação Mineira dos Produtores de
Cachaça de Qualidade – AMPAQ (2012) este processo deve ser feito imediatamente
depois de cortada 8 a cana madura e limpa num prazo máximo de 24 a 36 horas, a
fim de evitar a perda de açúcar, que favorece a formação de inibidores da
fermentação. Segundo o mesmo autor, para a obtenção de um produto de maior
qualidade, é recomendada a lavagem da cana de açúcar e a assepsia dos
equipamentos antes da moagem. Esta prática reduz os riscos de contaminação que
podem aumentar a acidez no produto final. Os aspectos ambientais envolvidos nesta
etapa resumem-se a produção de bagaço e efluentes de lavagem da cana. O
bagaço resultante da moagem dos colmos normalmente é utilizado como fonte
energética sendo queimado nas caldeiras de fogo direto para fornecer vapor para o
alambique, ou utilizado na compostagem (MENEGHI e BARBOZA, 2011, p. 16). Já
os efluentes provenientes da lavagem da cana e na assepsia da moenda são
encaminhados para estações de tratamento. Alguns autores apontam também a
presença de óleo/graxa utilizados na manutenção da máquina de moagem entre os
aspectos ambientais de menor relevância (SEBRAE, 2001, p. 14).

2.3.2 Filtração e Decantação do Caldo

8
O caldo extraído nas moendas ainda contém várias impurezas como
bagacilhos, terra e areia que não foram retiradas na pré-limpeza. A limpeza do caldo
é feita mediante filtração seguida de decantação (OLIVEIRA, A. M. L., 2010, p. 12).
Segundo a mesma autora, a filtração destina-se a separar as partículas maiores de
bagaço arrastadas durante a moagem. As partículas sólidas e mais densas
remanescentes no caldo filtrado deslocam-se para o fundo do recipiente por
decantação. A limpeza do caldo que seguirá para a fermentação reduz as chances
de contaminações indesejáveis, melhorando a qualidade da fermentação. Além
disso, facilita as operações de limpeza e manutenção das dornas e do alambique
(AMPAQ, 2012). Como resultado desta etapa obtém-se o mosto, caldo de cana com
as características consideradas adequadas para uma boa fermentação. No processo
de filtração são gerados efluentes provenientes da assepsia dos filtros, do tanque de
decantação e recepção e tubulações (SEBRAE, 2001, p. 14).

2.3.3 Fermentação

Mosto é o nome que se dá ao caldo de cana que receberá a adição de


fermento (péde-cuba). A substância mais importante no mosto é o açúcar, pois é ele
que será transformado em álcool durante a fermentação (SEBRAE; SEAMA, 2001,
p. 14). 9 De acordo com Badotti (2005), durante esta fase, o açúcar e outros
constituintes do mosto são metabolizados pelas leveduras, produzindo etanol,
dióxido de carbono e diversos outros compostos secundários que contribuem para a
determinação das propriedades organolépticas da cachaça. É recomendado se
realizar a “correção do mosto”, que é o fornecimento de nutrientes (vitaminas e sais
minerais), importante ao crescimento das leveduras, sendo tradicional a adição de
fubá, farelo de arroz, trigo, soja ou milho (SEBRAE, 2001, p. 15). Ao ocorrer
totalmente a fermentação, o mosto passa a ser denominado vinho (AMPAQ, 2012).
As leveduras decantadas no vinho e que constituem aproximadamente 20% do
volume útil da dorna são utilizadas como inoculo em fermentações subsequentes. A
fermentação ideal ocorre com o mosto numa concentração de açúcares em torno de
15º Brix, e caso estiver acima deste valor, é necessário diluir caldo de cana
utilizando água potável, afim de que a estabilização do fermento seja mantida ao
longo desse processo (SEBRAE, 2001, p. 16). A temperatura ideal para ocorrer a
fermentação é entre 25ºC e 30ºC e o tempo de fermentação varia de 12 a 24 horas
(OLIVEIRA, A. M. L., 2010, p. 27). Na fermentação são gerados efluentes

9
constituídos de caldo não fermentado, devido a problemas com o fermento, e águas
provenientes da lavagem de dornas (SEBRAE, 2001, p. 17).

2.3.4 Destilação

Terminada a fermentação do mosto, quando a leitura no areômetro de Brix for


igual a zero, o vinho deve ser destilado imediatamente, evitando-se, assim, que o
álcool (etanol) evapore e o vinho venha a ser transformado em vinagre, provocando
a alteração do gosto da cachaça (SEBRAE, 2001, p. 17).
Esta fase é realizada através do aquecimento do vinho em destiladores
(alambiques) (AMPAQ, 2012).
Segundo Pinheiro et al (2003), o produto resultante da destilação é separado
em três frações distintas: cabeça, que representa 5 a 10% do destilado total, o
coração, a cachaça propriamente dita, que representa cerca de 80% do destilado
total, e a cauda, que equivale aos 10% finais.
Independentemente do processo de produção empregado, o produtor deve
aproveitar somente o “coração”, descartando as demais frações (SEBRAE, 2001, p.
18).
Ao final deste processo, o destilado chega a atingir de 52 a 54% de etanol em
volume (52 a 54º GL), correspondendo a 19,85 a 20,47º C (SEBRAE, 2001, p. 17).
Segundo Nigri et al. (2010), o CO2 é um dos principais gases responsável pelo
efeito estufa gerados no processo de destilação a partir da queima do bagaço de
cana para fornecer calor. De acordo com Mullen et al. (1985), a combustão gera
partículas finas e ultrafinas (material particulado) compostas por material
carbonáceo, metais, compostos orgânicos, sulfatos, nitratos, aminoácidos e outros.
Outro problema é o descarte das frações da cabeça e da cauda do destilado,
que se tornam um problema ambiental caso não exista um destino tecnológico
adequado (MENEGHIN e BARBOZA, 2011, p. 16).
De acordo com os autores, o vinho que vem da fermentação possui, em sua
composição, 7º a 10°GL (% em volume) de álcool, além de outros componentes de
natureza líquida, sólida e gasosa. Dentro dos líquidos, além do álcool, encontra-se a
água com teores de 89% a 93%, glicerina, álcoois homólogos superiores, furfural,
aldeído acético, ácidos succínico e acético e etc., em quantidades bem menores. Já
os sólidos são representados por bagacilhos, leveduras e bactérias, açúcares não-
fermentescíveis, sais minerais, matérias albuminóides e outros, e os gasosos,
principalmente pelo CO2 e SO2.

10
A vinhaça, material restante da destilação da cana, também conhecida com os
nomes de vinhoto, calda, restilo, tiborna, garapão e caxixi, é produzida, em média,
na proporção de 6 a 8 litros por litro de cachaça, e constitui um dos problemas mais
sérios de todo o processo.
De acordo com SILVA et. al., 2006, p. 02), este resíduo apresenta alto poder
poluente e alto valor fertilizante. Seu poder poluente, que chega a ser cem vezes
maior que o do esgoto doméstico, é oriundo de sua riqueza em matéria orgânica,
reduzido pH, elevada corrosividade, e elevados índices de demanda bioquímica de
oxigênio (DBO), além da elevada temperatura na saída dos destiladores. Um
resíduo altamente nocivo à fauna e à flora dos corpos receptores.
Também são geradas águas de resfriamento do condensador. Caso este
efluente seja descartado, a temperatura de lançamento em curso d’água deverá ser
inferior a 40º C e não deverá alterar a temperatura do corpo receptor em mais de 3º
C (MENEGHIN e BARBOZA, 2011, p. 15).
Em relação às cinzas resultantes da queima do bagaço nas fornalhas, estas
normalmente são utilizadas como adubo no próprio canavial (SEBRAE, 2001, p. 21)

2.3.5 Armazenamento

De acordo com Faria (1995), a cachaça recém destilada é de difícil


degustação, apresentando sabor ardente e seco devido à presença de acetaldeido,
uma substância de aroma pungente que irrita a mucosa nasal. Assim, Dórea et al.
(2008), recomenda que a cachaça permaneça em repouso por um período de três a
seis meses ou que seja envelhecida por um período de um a três anos em
recipientes de madeira, um processo conhecido como envelhecimento.

2.3.6 Envelhecimento

O envelhecimento é um processo de melhoria da qualidade e que confere valor


à cachaça (SEBRAE, 2001, p. 22).
A estocagem feita em barris de madeira promove algumas mudanças nas
características da cachaça em razão de algumas reações químicas e organolépticas
entre o líquido e o recipiente. De acordo com Nigri et al. (2010), há madeiras
neutras, como o jequitibá e o amendoim, que não alteram a cor da cachaça, e as

11
que conferem a cachaça um tom amarelado e mudam seu aroma, como o carvalho,
a umburana, o cedro e o bálsamo, entre outras.

2.3.7 Engarrafamento

Segundo Nigri et al. (2010), O processo de engarrafamento se divide em quatro


etapas. A primeira consiste no processo de lavagem e esterilização das garrafas,
que em seguida seguem para a etapa de envasamento, onde acontece o
enchimento das garrafas. A terceira etapa é a colocação de rótulo e selo na
superfície externa da garrafa, e por último as garrafas são colocadas em caixas para
distribuição ou comercialização local.
Nessa etapa alguns resíduos e efluentes gerados podem ser apontados como
aspectos ambientais relevantes. Os efluentes gerados no processo são a água
utilizada na assepsia dos recipientes e as soluções contendo detergente. Também
são gerados, rótulos de papel, tampinhas de garrafa, restos de cola, cacos de vidro,
etc (SEBRAE, 2001, p. 21).

3 DESENVOLVIMENTO

Por ser um produto brasileiro a cachaça o mercado brasileiro de cachaça


possui alguns pontos fortes que facilitam ingressar e manter-se ativo. A tradição e
carinho pelo povo brasileiro, faz com que tenha boa aceitação no mercado
consumidor interno, desta forma, há espaço para um mercado com potencial. Ainda
podemos citar a capacidade instalada das diversas regiões, o baixo custo de
produção e preço de venda acessível ao consumidor e a ampla rede de distribuição,
ainda que, em diversos pontos do país.
Sem dados concretos sobre a atividade de produção e comercialização
mascara qualquer tentativa de desenvolvimento setorial. Por essa razão, são
necessárias ações conjuntas e uniformes para a obtenção de resultados reais sobre
as dificuldades existentes e as peculiaridades do setor.
Em conjunto com as ações realizadas para construção, a análise
financeira do empreendimento é fundamental para condução dos métodos
produtivos, custo de produção, investimentos e expectativas de receita.
O primeiro passo é entender como acontece a fabricação da cachaça
artesanal e qual as suas seções por modelo da Construção teremos:

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-SEÇÃO DE MOAGEM
 Destinada às operações de recebimento, limpeza e moagem da cana-
de-açúcar.
 Deve ser coberta;
 Piso resistente e impermeável (não serve ardósia ou material similar);
 Área compatível com a produção
- SEÇÃO DE FERMENTAÇÃO
 Destinada às operações de fermentação do caldo de cana-de-açúcar
(mosto) 15
 Paredes de alvenaria, com revestimento liso
(Se abertas nas laterais, devem ser protegidas com tela);
 Deve ser coberta
 Área compatível ao abrigo das dornas de fermentação com espaço
suficiente à realização das operações de modo satisfatório
 Piso impermeável, com inclinação suficiente ao escoamento das águas
(Não serve ardósia ou material similar);
- SEÇÃO DE DESTILAÇÃO
 Destinada às operações de destilação do mosto fermentado (vinho).
 Área compatível ao abrigo dos equipamentos de destilação, com espaço
suficiente à realização das operações, de modo satisfatório;
 Paredes de alvenaria, com revestimento liso;
 Piso impermeável, com inclinação suficiente ao escoamento das águas
(Não ardósia ou material similar)
 Deve ser coberta.
- ARMAZENAMENTO DE PRODUTO
 Destinada ao armazenamento do produto destilado
 Piso impermeável, com inclinação suficiente ao escoamento das águas
(Não serve ardósia ou material similar)
 Deve ser coberta;
 Paredes de alvenaria, não obrigatoriamente revestidas
 Área e altura compatíveis com a necessidade
(Espaço suficiente ao abrigo dos tonéis e à realização das operações, de
modo satisfatório)

13
-EQUIPAMENTOS MÍNIMOS EXIGIDOS
 Moenda;
 Tubulações;
 Dornas de fermentação
(De aço carbono, inox ou outro material similar);
 Destilador
(Alambique, soldaduras não podem ser de estanho ou chumbo);
 Sacarímetro;
 Alcoômetro;
 Tonéis, bombonas plásticas.
(Não servem aquelas procedentes de produtos químicos ou que
transmitam sabor ou odor ao produto).

A cachaçaria gogo de Araponga seguirá as dimensões e características


mostradas na planta baixa. Este modelo de construção é o que melhor atende à
propriedade e será situada no galpão na Av. Etelvino Alves de Lima, 1294 - Inácio
Barbosa, Aracaju - SE, 49040-690.

14
3.1 Detalhamento dos Investimentos

Item Produto Quantidade Preço Total


1 Dorna de Fermentação 3 R$ 3.200,00 R$ 9.600,00
2 Caixa de Padronização de Brix 1 R$ 2.700,00 R$ 2.700,00
3 Decantador 1 R$ 1.100,00 R$ 1.100,00
4 Caixa de Coletar Cachaça 1 R$ 2.200,00 R$ 2.200,00
5 Enchedora em Aço Inox c/ 06 Bicos 1 R$ 1.900,00 R$ 1.900,00
6 Enxaguador em Aço Inox c/ 02 Bicos 1 R$ 700,00 R$ 700,00
Máquina de Rosquear tampa de
7 1 R$ 2.800,00 R$ 2.800,00
Alumínio
8 Filtro para remoção de cobre 1 R$ 650,00 R$ 650,00
9 Filtro para impurezas em celulose 1 R$ 250,00 R$ 250,00
10 Refil em celulose 1 R$ 50,00 R$ 50,00
11 Prateleira em aço inox 1 R$ 1.000,00 R$ 1.000,00
Reservatório para prateleira em Aço
12 1 R$ 750,00 R$ 750,00
Inox
13 Tubulação completa em Aço Inox 1 R$ 13.000,00 R$ 13.000,00
14 Tonéis 6 R$ 1.500,00 R$ 9.000,00
15 Engenho 1 R$ 20.000,00 R$ 20.000,00
16 Alambique 1 R$ 12.000,00 R$ 12.000,00
TOTAL R$ 77.700,00

Tabela 1: Produtos necessários para o registro e produção

A tabela 1 mostrou especificamente os investimentos que serão


necessários na fábrica de cachaça artesanal. Para o cálculo dos Investimentos
Totais (Tabela 3), e proposto que seja incluído uma Reserva Técnica, para as
possíveis eventualidades de subestimativa de necessidade de capital, (seja de
capital de trabalho ou fixo), equivalente a 5% da soma do Investimento Total.

Colunas1 Investimento Total Fixo Colunas2


Item Descrição Valor tota
1 Registro e produção R$ 77.700,00
2 Galpão para armazenamento R$ 12.000,00
3 Reserva técnica 5% R$ 4.485,00
TOTAL R$ 94.185,00

Tabela 3: Somatório dos Investimentos Fixos

15
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nota-se que a produção de cachaça artesanal é de suma importância


econômico-social. Além da importância cultural na qual seus elementos e história
estão atrelados, o setor expandiu sua produção, proporcionou a entrada de novos
produtores e ofereceu uma quantidade significativa de oportunidades e empregos.
Sendo assim, a cachaça artesanal se consolidou como um produto certificado e
genuinamente brasileiro (CARDOSO et al, 1999; DE OLIVEIRA & RIBEIRO, 2002;
BARBOZA & FARIA, 2015).

A compreensão dos respondentes em relação ao setor, mesmo tendo sido


unanimes ao considerar a receptividade do mercado em relação à cachaça
artesanal, expressa pessimismo. Os produtores relatam dificuldades em manter a
qualidade do processo produtivo. A situação é preocupante considerando que os
respondentes evidenciaram sérias complicações associados à manutenção de mão-
de-obra qualificada e a completa higienização no decorrer do processo de
fabricação. Esses achados confirmam para que o produtor reduza suas ações
comerciais e não aumente sua capacidade produtiva. Outras pesquisas realizadas
também atestam essa conclusão, conforme pesquisas realizadas por Coutinho
(2003), Espinoza e Botelho (2006) Coutinho et al (2015), Schoeninger (2014) e
Oliveira (2016). Cabe ainda ressaltar que o presente estudo apresenta limitações em
relação aos dados obtidos. As informações mais atuais de entidades e associações
de pesquisa e promoção da cachaça artesanal encontradas datam de 2012. Nesse
sentido, não é possível identificar o atual cenário do setor. Essa limitação atua no
confronto das informações obtidas no referencial teórico e as entrevistas já feitas.
Enquanto a literatura expressa as capacidade do setor, os produtores estão
pessimistas em relação ao cenário atual. Outra limitação a ser mostrada é o fato de
que a produção de cachaça artesanal incorpora outros elementos que não foram
mostrados, como o processo de envelhecimento e a utilização de madeiras, a
clandestinidade e informalidade no setor e o aproveitamento dos resíduos da
produção. Essas restrições conferem a 17 oportunidade de novos estudos, tendo em
vista buscar e reduzir as limitações encontradas nessa pesquisa.

16
5 REFERÊNCIAS

ANDRADE, Evaristo. Gastronomia e Nutrição. São Paulo: Abril, 2007.

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