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FOCCA – FACULDADE DE OLINDA

DIREITO – 5ºB – NOITE


DIREITO ECONÔMICO

REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA

Dissertação apresentada como requisito


para a obtenção de nota referente à
avaliação da 2ª unidade da disciplina
Direito Econômico do curso de Direito da
FOCCA – Faculdade de Olinda, ministrado
pelo Prof.ª Dr.ª Caroline Lobato.

OLINDA
2019
REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA

A palavra concorrência pode ser definida como “ato ou efeito de disputar a


primazia com outras pessoas ou coisas”. Significa dizer que a concorrência é a
maneira pela qual produtores ou consumidores disputam através de “rivalidade” a
venda ou procura de um produto ou objeto de mesma classe ou espécie. Esta
“rivalidade” deve ser uma disputa saldável, e para que assim seja, o Estado age de
forma intervencionista para que se cumpra a concorrência justa e não abusiva.
Esse fenômeno gerado pela lei da oferta e da procura incentivou a exploração
de atividades econômicas e consequentemente o princípio da livre concorrência, o
qual tem previsão legal na Constituição Federal de 1988, art. 170, IV.
O princípio da livre concorrência deriva da livre iniciativa e acabam por gerar o
princípio da defesa do mercado. O Estado é garantidor destes princípios que
acarretarão, segundo Figueiredo (2014), “no equilíbrio entre a oferta e a procura, bem
como a defesa da eficiência econômica”. Ainda segundo o mesmo autor,
complementa:
Cuida-se, assim, da proteção conferida pelo Estado ao devido
processo competitivo em sua Ordem Econômica, a fim de garantir que
toda e qualquer pessoa que esteja em condições de participar do ciclo
econômico de determinado nicho de nossa economia, dele possa,
livremente, entrar, permanecer e sair, sem qualquer interferência
estranha oriunda de interesse de terceiros.

Como dito, o Estado tem um papel fundamental na livre concorrência e livre


iniciativa, tanto como garantidor da isonomia entre os prestadores e consumidores,
quanto no que se refere a regulação dos atos para que se cumpra a função social,
promovendo a eficiência do mercado e evitando a prática do monopólio e do cartel,
por exemplo. Nesse sentido Del Masso (2012), escreve:
... a Constituição Federal de 1988 tutela a concorrência de forma
específica, quando trata dos princípios da livre iniciativa e livre
concorrência. A concorrência no entanto, deve ser vista como um
fenômeno que geralmente indica eficiência do mercado, nunca de
forma absoluta, tanto é que o próprio legislador constitucional a limita,
quando protege, por exemplo, os bens materiais (por meio de
patentes) que licitamente limitam a concorrência ou pela própria
previsão dos monopólios na exploração de algumas atividades
econômicas.
Como forma de impedir a desorganização e que se faça cumprir a legislação,
o Estado, através da regulação, garante o cumprimento das normas legais ditadas
pela Constituição e por outros dispositivos. No que se refere à regulação, a
Constituição disciplina em seu art. 174, caput: “Como agente normativo e regulador
da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de
fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público
e indicativo para o setor privado”.
O Poder Público, como agente regulador, deverá sempre levar em conta os
aspectos referentes aos interesses individuais, coletivos e difusos dos usuários e
consumidores, como também os interesses privados dos agentes produtores dos bens
e serviços. A regulação visa o equilíbrio, ou seja, a harmonização do ambiente
econômico, e é este o papel das agências reguladoras, promover o equilíbrio nas
relações entre os agentes econômicos prestadores, a sociedade e o Poder Público.
As leis que regulam e protegem as estruturas de mercado e a lealdade
competitiva são a Lei 9.279/1996, a qual trata de atos de deslealdade competitiva e a
Lei 12.529/2011, a qual trata de atos de abuso de poder econômico. Além destas,
também temos a Lei 4.137/1962, a qual criou o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica – CADE como um órgão, posteriormente passou a se constituir em
autarquia federal através da Lei 8.884/1994 e por fim, através da Lei 12.529/2011, já
citada, passou a ser uma entidade.
No Brasil existe o Sistema de Defesa da Concorrência – SBDC e nele está
inserido o CADE, a Secretária de Direito Econômico – SDE e a Secretaria de
Acompanhamento Econômico – SEAE. Inicialmente o CADE e a SDE funcionavam de
forma independentes, mas vinculadas ao Ministério da Justiça, enquanto que a SEAE
se vincula ao Ministério da Fazenda. Com o advento da nova lei de 2011, ocorreu a
fusão entre o CADE e a SDE tornando-se agora uma só entidade, determinando a
atuação da SEAE somente como advocacia e permanecendo passíveis de revisão
judicial as decisões administrativas do SBDC.
Em análise ao artigo de apoio a elaboração deste trabalho, Panizza (2012)
explica que o CADE tem como missão o estímulo da concorrência e atua de três
formas:
 Preventiva: atua analisando as fusões, incorporações e associações de
qualquer espécie entre agentes econômicos;
 Repressiva: atua analisando as condutas infrativas da ordem econômica;
 Educativa: difundir a cultura da concorrência através de seminários, cursos,
palestras etc.
O CADE possui a seguinte estrutura:
 Tribunal Administrativo da Defesa Econômica: composto por um presidente
e seis conselheiros, com mais de 30 anos de idade e notório saber jurídico ou
econômico, exercerá mandato de 4 anos sendo vedada a recondução;
 Superintendência-Geral: novo órgão, composto por um Superintendente-
Geral e dois Superintendentes-Adjuntos (serão indicados pelo Geral), com mais
de 30 anos, notório saber jurídico e econômico, exercerá mandato de 2 anos,
permitida recondução para um único período subsequente;
 Departamento de Estudos Econômicos: novo órgão incumbido de elaborar
estudos e pareceres econômicos, não possui regra de idade, notório saber
econômico;
Outros órgãos:
 Procuradoria Federal: tem como função principal representar o CADE perante
o Poder Judiciário;
 Ministério Público Federal: representação em processos de conduta.
A concorrência exerce papel fundamental para a sociedade, pois é através dela
que ocorre a distribuição de riquezas uma vez que ela leva consigo uma
responsabilidade individual. Ao contrário do que possa parecer, o fenômeno da
concorrência possui mais atributos de paz do que de guerra, pelo menos de forma
teórica. Pode ser que na prática, por questões de orgulho ou de ego (sentimentos
intrínsecos do ser humano), o sentimento de guerra seja maior, mas a legislação, por
meio da Ordem Econômica, confere espaço para todos, permitindo que todos possam
participar economicamente do mercado: sendo produtos, sendo vendedor, sendo
consumidor, vendendo produtos diferentes, vendendo os mesmos produtos, enfim, a
participação de todos é fundamental para o crescimento econômico.
Mesmo com toda boa vontade do legislado, não se pode negar a essência
capitalista da livre concorrência, e por conta disto muitas correntes divergem sobre o
que concerne a divisão de riquezas, porém é fato dizer que o poder de escolha é
indiscutível. Há de tudo para todos, incluindo neste comentário o atributo do poder
aquisitivo.
BIBLIOGRAFIA

DICIONÁRIO online. Disponível em: < www.google.com.br >, acessado em 13 de


maio de 2019.

FIGUEREDO. Leonardo Vizeu. Lições de Direito Econômico, 7.ed. Rio de Janeiro:


Forense LTDA, 2014.

MASSO. Fabiano Del. Direito Econômico Esquematizado, 2.ed. São Paulo:


Método LTDA, 2012.

PANIZZA. Nathalia Brito. A nova lei do Sistema Brasileiro de Defesa da


Concorrência: principais alterações concernentes ao CADE. 2012. 06 f. Artigo
Científico. Publicado por: http://www.egov.ufsc.br/portal.

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