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COLUNISTA
Cultura / Música
Abra os ouvidos
A música é, de fato, um recurso sabidamente capaz de alterar nosso estado de humor
No pior momento da pandemia de covid-19 até agora, pode parecer fútil tentar animar as pessoas. Soa
quase inadequado fazer com que se alegrem. Seria injetar esperança uma forma de torturá-las? Se não
fizermos isso, contudo, o vírus venceu. É preciso que consigamos sorrir. Acreditar. Isso é ser humano.
Afinal, nós já sabemos que a doença não irá matar de todo a humanidade, mas não podemos permitir
que mate a humanidade de todos.
'Tomei consciência do desafio de sorrir no vale de lágrimas da nossa existência quando, com uns 11 anos, acredito, vi na
televisão um vídeo da canção 'What a Wonderful World', interpretada por Louis Armstrong' Foto: Sony/Columbia
Records
Tomei consciência do desafio de sorrir no vale de lágrimas da nossa existência quando, com uns 11
anos, acredito, vi na televisão um vídeo da canção What a Wonderful World, interpretada por Louis
Armstrong. Não lembro qual era o programa que a exibia, nem o motivo, mas jamais me esqueci da
introdução na qual ele dizia ouvir muitas críticas por conta daquela música. “As pessoas me perguntam:
‘Ei, velho, como você pode dizer que nosso mundo é maravilhoso?’”. Se havia fome, guerra, pobreza.
A resposta, obviamente, estava na letra da canção. As árvores verdes, as rosas vermelhas, o amor entre
as pessoas, o futuro de possibilidades aberto diante das crianças com tanto a aprender. “Me parece que
não é o mundo que é tão mau, mas sim o que nós estamos fazendo com ele”, dizia Armstrong.
Um pouco mais velho, já na faculdade, contei essa história para o Aloísio, meu grande amigo e hoje
professor de Patologia. Deveríamos estar filosofando sobre as lágrimas de Heráclito e o riso de
Demócrito, como bons estudantes divagando sobre coisas que não entendem muito bem, e em troca ele
me lembrou do trecho mais otimista de Semente do Amanhã, do Gonzaguinha: “Fé na vida, fé no
homem, fé no que virá”. Ah, os jovens otimistas.
O fato é que esse refrão voltou a martelar em minha cabeça nos últimos dias. Atendendo a seu
chamado, fui ouvir a música toda e as coisas que na letra o menino diz para o cantor ecoaram em minha
alma até quase as lágrimas. Ele dizia: “Para não ter medo que esse tempo vai passar”, “Não se desespere
não, nem pare de sonhar”, “Nós podemos tudo, nós podemos mais” e ainda me desafiava numa
convocação final “Vamos lá fazer o que será”.
Ouvi de novo. E de novo. E comecei a me sentir mais esperançoso. E a me lembrar de outras músicas
com mensagens otimistas além dessas. O menino que mora em nosso coração e toda vez que o adulto
balança nos dá a mão, como na canção Bola de Meia, Bola de Gude, de Milton Nascimento.
Michael Jackson nos pedindo para curar o mundo, fazer dele um lugar melhor, parecia estar
concordando com Armstrong. A profecia sobre toda raça experimentando para todo mal a cura, feita
por Lulu Santos. Resultado: criei uma playlist chamada #vaipassar só com canções otimistas. E a tornei
pública. E colaborativa. Qualquer um pode entrar lá (http://bit.ly/playlistvaipassar), não só para ouvir,
mas para dar sua contribuição incluindo mais composições esperançosas.
Porque a música é, de fato, um recurso sabidamente capaz de alterar nosso estado de humor. E ânimo
agora não é mais uma questão de escolha, é uma necessidade. Ao lado das vacinas, é o recurso mais
importante para nos ajudar a sair dessa. E nós sairemos. Porque vai passar.
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