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v=AORt4p9zX-M

Corpo Fechado

Já viu um homem morrendo?

Já viu vísceras expostas em trilhas de sangue e maldade?

Será que já sentiu o mal de perto?

Seu bafo fétido? Sua respiração de corpo aberto?

Você acha que conhece do mundo...acha que conhece da vida e das marcas que ela traz?

Neste exato momento o mal pode estar lhe rondando, encontrando brechas...

Ele bem já pode estar se aninhando em suas vértebras...

Já pode ter fincado suas garras fundo, esfacelando suas costelas, deglutindo suas entranhas...

Você é apenas mais um na multidão...um mero pisante a vagar pela terra, talvez a sorte não
lhe sorriu incontáveis vezes, talvez a vida não tenha lhe dado muitas perdas. Você é apenas um
pisante como outro qualquer, pisador e pisado imensuráveis vezes, de mensuradas formas,
mas ainda sim, acha que sabe mais do que sabe, acha que é mais forte do que é e capaz de
mais coisas do que de fato regras. Mas você não sabe nada do mal, não sabe nada da
capacidade de iludir, persuadir, abstrair e usufruir, da força capaz de escravizar, mutilar e
sobrepujar uma alma, uma vida. Na vida física, nos preocupamos em uma luta em ter
habilidade, força, velocidade, ferocidade e precisão, uma boa guarda, uma boa defesa, pode
ser bom nisso, é...até pode, porém duvido que seja, também domino muito sobre essa área,
pois as vezes o mal invisível se hospeda e se aloja em um hospedeiro forte e agressivo, estes
são difíceis de lidar, mas não são impossíveis, uma vez dominado o corpo a luta então muda,
ganha nova forma, novo campo de peleja, novo terreno ela se muda para a mente.

Não vou mentir, quando a luta alcança esse patamar, nunca sei se vou vencer, nunca sei se
será possível sobreviver...pois a cada luta, uma parte de você se vai, um fragmento se cai, sua
vida se esvai...no físico vertemos sangue, quando não o vertemos em demasia ele se revigora,
é possível sobreviver, lutar mais um dia, já na mente vertemos essência e ela jamais se
recupera, ela jamais persevera. Todos temos uma quantidade finita de essência, uma parcela
de vida espiritual que se prende ao corpo e é isso que estes demônios adoram mais do que
tudo, eles cobiçam, eles são sedentos e loucos por esta essência...eles sempre desabrocham
do torpor de seus ninhos de sombras na esperança de se alimentar dessa vitae, do latim vitae
= vida, a língua morta simplifica e ressignifica a tudo e por vezes também é uma arma quando
se luta contra essas criaturas, os mantras antigos são usados, são nossas melhores defesas.
Estas criaturas não conhecem limites e algumas são muito poderosas e nefastas, algumas tão
antigas quanto a peste negra, tão sórdidas como a inquisição...tão maquiavélicas como
Maquiavel.
Não sei porque, mas desde pequeno me perseguem, não sei o que existe em mim que eles

querem, mas desde muito novo escapei por pouco, alguns tombaram ao me ajudar, alguns me

deixaram por se assustar...sigo lutando, a chave é saber administrar o vitae...para que cada

fragmento diminuto que se esvai, cause um golpe profundo e devastador no adversário que

geralmente se vai, fazer valer com estratégia, retidão e autocontrole , defender-se com tudo,

atacar com pouco. Existiram muitos iguais a mim por ai, não sei qual o plano destes seres

espectrais, mas cada vez existem menos de nós, com o passar dos anos conheci alguns como

eu. Alguns nem sabiam da energia diferenciada que tinham, das habilidades inatas e de suas

capacidades, muitos nem tiveram a chance de descobrir, não que os seres espectrais não

ataquem pisantes comuns, mas eles tem um gosto especial por nós, por aqueles como eu, que

percebem a tudo por mais de 5 sentidos...por aqueles incomuns e realmente diferenciados.

Não que ser diferente seja bom pelo contrário, é uma maldição, por vezes aflição...mas sigo

lutando, os inimigos me fizeram quem sou, mesmo que talvez o último de meu povo caçarei

estes demônios até o fim, estes seres, eles se intitulam de A Legião...eu me chamo Corpo

Fechado...podem me esvair até o fim, mas nunca me dominaram,

Podem me quebrar até frangalhos e pó, mas jamais me terão...

Podem até me retalhar, mas jamais me dobraram...

Eu sou o aço temperado e firme, eu sou a navalha que espreita, os punhos que se respeita...

Cuidado ser espectral, quando topares comigo será seu final...

Mente de ferro, corpo de carvalho...ferro e carvalho que se unem e guardam, sem eles seria

perdido e atormentado também...unidos me formam por completo me tornam CORPO

FECHADO!