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UNIVERSIDADE FRANCISCANA

CURSO DE DIREITO (NOTURNO)


PROCESSO PENAL I - PROFESSOR SANDRO LUÍS MEINERZ
1.ª AVALIAÇÃO – DATA: 04.05.2020 – HORA: 18h25min. – Valor: 9,0

Acadêmico(a): __Marcelo Severo Dias_


INSTRUÇÕES:
1º) Esta avaliação é individual e deverá ser realizada apenas em horário de aula (das 18h25 às 22h00), não sendo possível sua submissão após
o horário de término. Caso isso ocorra, o aluno deverá solicitar prova em segunda chamada ao Professor.
2º) A evidência de compartilhamento ou cópia de respostas entre alunos gerará a desconsideração da questão na hora da correção.
3º) Este arquivo de texto editável está protegido contra alterações nas partes relativas aos enunciados das questões e ao cabeçalho, de modo
que o aluno somente poderá lançar seu nome e suas respostas nos campos liberados para preenchimento. As linhas existentes são meramente
indicativas do tamanho da resposta esperada e podem ser apagadas, para serem substituídas pelas respostas do aluno.
4º) Poderá ser utilizada qualquer fonte de pesquisa, todavia, como já referido, a prova é individual.
5º) Após a conclusão, o aluno deverá salvar o arquivo de texto em formato .PDF antes de enviá-lo para correção pelo sistema Moodle.

1. No dia 15 de abril de 2019, Sadi Facada, preso preventivamente no Presídio Regional de Santa Maria, e Chico
Navalhada, preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas, conversaram ao telefone sobre o crime de
homicídio qualificado que cometeram no dia 20 de setembro de 2018 e que se encontrava sem elucidação na Delegacia
de Polícia de Santa Maria. O fato é que a conversa foi gravada, sem autorização judicial, por Aristides, funcionário da
Vivo, o qual repassou a gravação que fez para a família da vítima. Os familiares procuraram o Delegado de Polícia e
entregaram a cópia da gravação, que viabilizou a localização da arma utilizada no crime, bem como a gravação foi
utilizada como prova no Inquérito Policial, que gerou o indiciamento de William e Gilson, os quais acabaram sendo
denunciados pelo Ministério Público por violação ao disposto no art. 121, §2º, incisos I e IV, do Código Penal. Destaca-se
que o Inquérito Policial foi concluído e remetido ao Poder Judiciário no dia 1º de março de 2020 e a denúncia foi
oferecida no dia 1º de abril do corrente ano.
O Juiz recebeu a denúncia e ordenou a citação de Sadi Facada e Chico Navalhada. Sadi contratou um advogado, que
apresentou defesa preliminar, enquanto que Chico não contratou ninguém e na foi apresentada defesa preliminar. O juiz
recebeu a defesa de Sadi e como Chico nada apresentou, o Juiz marcou audiência de instrução e julgamento, que
ocorreu no dia 29 de maio de 2020, quando as partes compareceram. Foram ouvidas as testemunhas de acusação e de
defesa somente de Sadi, pois Chico não arrolou testemunhas. O Juiz nomeou você como advogado de Chico para
acompanhar a audiência.

Leia com atenção e responda fundamentadamente aos seguintes questionamentos sobre aplicação da lei penal
no tempo:

a) No que tange aos princípios estudados em sala de aula, comente, de forma fundamentada, se algum se aplica
ao caso, já que você foi nomeado defensor de Chico Navalhada. (Peso 1,0)
No caso acima eu como advogado nomeado pelo juiz analisando os autos e a forma que foram obtidas as
devidas provas constadas nos autos utilizaria o princípio da inadmissibilidade das provas ilícitas art. 157. CPP,
Pois foram obtidas de forma ilícita pois a gravação feita sem autorização judicial por Aristides não poderá ser
utilizada no processo pela sua irregularidade sendo assim contaminaria todas as demais provas obtidas
provenientes dela pedindo a exclusão das provas obtidas ilicitamente segundo o princípio da vedação das
provas ilícitas.

b) A Polícia Judiciária e o Ministério Público cumpriram os prazos estabelecidos em lei? Por quê? (Peso 1,0)
A Policia Judiciaria e o Ministério Público não cumpriram com o prazo estabelecido em lei, porque segundo o art. 10.
CPP diz que se o acusado estiver em prisão preventiva inquérito termina o prazo em 10 dias

c) A família da vítima poderia adotar algum procedimento legal contra os autores do homicídio? Explique
fundamentadamente. (Peso 1,0)
_a família poderá sim alegar segundo a sumula 524 do STF, pedindo a reabertura do processo alegando o
aparecimento de novas provas do crime.
d) Caso o Promotor de Justiça requeresse o arquivamento do Inquérito Policial, o que poderia ser feito e por quem?
Justifique. (Peso 1,0)
__caso promotor requeresse o arquivamento, o juiz não concordando poderá remeter os autos ao Procurador
Geral que analisando o caso decidira se arquiva ou se denuncia ele mesmo ou manda o MP denunciar e em
caso de arquivamento pode mandar arquivar e o juiz tem que concordar.

2) Atanásio e Euclides foram à cidade de Santana do Livramento e lá atravessaram a fronteira entre o Brasil e o Uruguai,
realizando diversas compras de produtos em free shops existentes na cidade de Rivera. Os dois compraram muito acima
da cota permitida, com o objetivo de comercializar os produtos em Santa Maria. Na viagem de volta, a dupla foi abordada
pela Polícia Rodoviária Federal, que apreendeu as mercadorias, já que Atanásio e Euclides não tinham pagado o
imposto de importação. Os dois foram apresentados na Polícia Federal, que fez um inquérito por descaminho. As
mercadorias foram encaminhadas à Receita Federal, que constatou que o tributo sonegado foi R$ 15.000,00 (quinze mil
reais).
Responda aos questionamentos a seguir:
a) A defesa de Atanásio e Euclides pode usar algum princípio estudado no semestre para afastar o caráter
criminoso do fato? Explique. (Peso 1,0)
____no caso o crime de descaminho art. 334 CP. Trata-se de ação pública incondicionada portanto o poder
público tem a obrigação de investigar e oferecer denúncia cabe a defesa sim alegar o princípio da
insignificância para afastar o caráter criminoso do fato pois o valor é inferior a R$ 20.000.00. Segundo o art.
20 da lei 10.552/02 afastando assim a tipicidade material da infração penal

b) E se Atanásio e Euclides fossem proprietários da empresa ATEU Comércio Varejista Ltda., e tivessem adquirido
as mercadorias no Uruguai e colocado à venda na empresa, a pessoa jurídica poderia ser responsabilizada
penalmente pela prática do crime de descaminho? Fundamente sua resposta, falando sobre a divergência
existente sobre o assunto. (Peso 1,0)
__Não, atualmente a teoria mais aceite é a teoria da realidade segundo a qual a pessoa jurídica é um ente
autônomo dotado de vontade própria segundo a CF no seu art. 173, § 5º admitiu a responsabilidade da pessoa
jurídica nos crimes contra a ordem econômica financeira, economia popular, meio ambiente cominando penas
compatíveis com a sua natureza jurídica segundo o entendimento do STF e STJ a responsabilidade penal da
pessoa jurídica é admissível em crimes ambientais os demais crimes só podem ser imputados a pessoa jurídica
se estiverem regulamentados por lei ordinária e devera instituir expressamente a responsabilidade penal
portanto os crimes contra a economia popular e a ordem financeira ainda não há lei que defina não existe uma
lei infraconstitucional ainda;
Podemos falar da teoria da ficção que vê a pessoa jurídica como uma criação artificial cujo a existência por si
só é uma ficção.

3) Com base na classificação da norma penal estudada, proceda a devida classificação do tipo penal a seguir transcrito
(Peso 1,0):

  Infração de medida sanitária preventiva

        Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença
contagiosa:
        Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa.
        Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a
profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.

____trata-se de uma norma penal incriminadora, que define uma infração penal que proíbe condutas descritas
no tipo penal que basta a realização para configurar o crime, resultado jurídico, basta a exposição do bem
jurídico a perigo, o tipo penal acima tem a função motivadora que busca que a pessoa cumpra com o que está
descrito na norma, trata-se de um tipo penal incongruente que além do dolo de infringir a determinação de
poder público também tem a intenção subjetiva de propagação de doença contagiosa .

4) Qual é o bem jurídico penalmente tutelado pelo art. 268 do Código Penal? Conceitue bem jurídico. (Peso 1,0)
___o bem jurídico tutelado pelo art. 268 CP é a saúde publica
Bem jurídico é aquilo que pode ser considerado valioso, útil, necessário que deve ser protegido pelo direito,
como por exemplo a vida que é considerado um bem jurídico tutelado pelo direito penal, nem todos os bens
jurídicos são tutelados pelo direito penal.

5) No dia 30 de março de 2020, o Prefeito do município de Coqueiro Vermelho, em virtude da inexistência de casos de
Covid 19 no município, entendeu que nenhuma medida restritiva, penal e administrativa, deveria ser adotada para seus
munícipes nos limites territoriais do município. Por tal razão fez um projeto de lei e encaminhou à Câmara de
Vereadores, no qual previu a impossibilidade de aplicação dos artigos 268 e 269 do Código Penal em todo o território do
município de Coqueiro Vermelho. A Câmara de Vereadores aprovou o projeto por unanimidade e o prefeito sancionou,
promulgou e publicou a Lei Municipal. Alguns dias depois da publicação, o médico do posto de saúde do município
deixou de denunciar às autoridades públicas sanitárias doença cuja notificação era compulsória e foi responsabilizado
pela Polícia Civil e denunciado pelo Ministério Público como incurso no art. 269 do CP. O Juiz recebeu a denúncia e o
advogado de defesa alegou que em Coqueiro Vermelho a conduta do médico não é criminosa, com base na lei municipal
aprovada pelo parlamento. Diga fundamentadamente se a defesa está com a razão. Por quê? (Peso 1,0)
___Não, porque, a competência para legislar sobre leis penais é privativa da União Federal art. 22, I, não
podendo o prefeito e a câmara municipal faze-la, a defesa poderá alegar erro de proibição indireto que é
quando o agente pratica uma conduta sabendo o que está fazendo pensando que é licito faze-la mas na verdade
está praticando um ilícito que é o que a defesa poderá alegar que o médico pensava estar dentro da lei mas não
estava._

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