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Desenho Organizacional – O que é?

4/10/2009 | Publicado por Adolfo | Categoria(s): Estratégia, Organização, Pequena Empresa

Imagine que você é desafiado a subir uma trilha até o topo de uma montanha : a sua primeira
preocupação será obter um veículo adequado, que tenha bastante potência no motor e uma suspensão
resistente.
Não deveria ser assim nas empresas?
A primeira preocupação, ao estabelecer um desafio estratégico, deveria ser aquela de garantir que o
desenho da organização seja suficientemente robusto para levar a cabo o que dela se espera.
Infelizmente, não é o que ocorre em grande parte das empresas brasileiras, principalmente naquelas de
porte pequeno/médio. A gestão do desenho organizacional é considerada atividade secundária,
merecedora de atenção apenas nos momentos de crise financeira, quando empregados são demitidos,
cargos eliminados ou acumulados, fábricas e lojas são fechadas. Muitas vezes derrubando por terra,
definitivamente, as possibilidades de recuperação.
Existe ainda a visão simplificada que se costuma ter do desenho organizacional, visto apenas como uma
questão de montagem de um organograma (sem falar na prática corrente, em especial nas empresas
familiares, de ajustá-lo às pessoas e não o inverso, ou seja, uma brutal deturpação de finalidade).
Ora, o desenho organizacional é muito mais abrangente que isso. Segundo Galbraith (Jay R. Galbraith,
Designing Organizations, 2002, John Wiley & Sons, Inc.) o desenho da organização consiste em um
conjunto de políticas gerenciais que, definindo características e induzindo comportamentos, levam ao
aumento da capacidade de sucesso da empresa.
Essas políticas se enquadram em determinadas categorias, formando a base para as opções que
permitirão construir o desenho organizacional apropriado:
1. Estratégia – Aqui são definidos os valores e missões, as metas e objetivos a serem alcançados e,
mais especificamente, os produtos e serviços a serem oferecidos, os mercados a serem servidos, os
valores a serem oferecidos aos clientes. É a primeira categoria a ser considerada, pois aí são
estabelecidos os critérios para a construção do desenho organizacional. Não existe um desenho
organizacional “padrão” que sirva para todas as empresas: cada estratégia leva a um desenho
organizacional diferente
2. Estrutura – Esta categoria é composta pelas políticas que definem a localização do poder e da
autoridade na organização. Elas levam em conta as questões de especialização, a quantidade de
pessoas, a distribuição do poder (centralização/descentralização) e a departamentalização (funções,
produtos, processos, mercados, geografia).
3. Processos – Aqui são determinados o fluxo de recursos, de informações e do trabalho. Processos
verticais (planejamento, orçamento) alocam recursos escassos e talentos humanos. Processos
horizontais/laterais (desenvolvimento de produtos, atendimento de pedidos, etc.) definem o fluxo de
trabalho e/ou informações.
4. Recompensas – As políticas de recompensas (salários, promoções, bônus, distribuição de lucros,
opções de ações) alinham os interesses dos empregados com os interesses da organização.
5. Pessoal – Conjunto de políticas que definem o tratamento dos recursos humanos (recrutamento,
seleção, rotação, treinamento e desenvolvimento), com a finalidade de reunir e/ou construir o talento
necessário para suprir as necessidades da estratégia e da estrutura.
Para finalizar, não custa lembrar que essas políticas têm que estar integradas umas às outras. Afinal,
como funcionará o motor do veículo se as suas peças não estiverem perfeitamente ajustadas?
O desenho organizacional é abrangente, é complexo e é… necessário.
Afinal, queremos ou não subir a montanha?

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