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Radmila F.

Monteiro- XIX

HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS

 Faz parte de uma iniciativa “Aliança Mundial para Segurança do Paciente” (OMS 2004). A
higienização das mãos é reconhecida como uma questão global.
 Método mais importante de controle, MEDIDA PRIMÁRIA para o controle de infecções, e difícil de
ser colocado em prática (adesão baixa dos profissionais). Um dos pilares da prevenção e controle de
infecções (incluindo transmissão cruzada —passa de um veículo de transmissão para o outro— de
multirresistentes)
 É preciso uma atenção especial dos gestores sanitários e educadores para maior sensibilização. Com
esse objetivo, diretrizes e cartilhas são elaboradas (inclusive a que estudamos)
 A Portaria do Ministério da Saúde MS n°. 2616, de 12 de maio de 1998 que regula ações mínimas
para a área da saúde diminuir a incidência e a gravidade das infecções nos serviços de saúde.
 Exigência legal relacionada a essa medida: RDC n°. 50, de 21 de fevereiro de 2002, que dispõe de
normas que regulem lavatórios e pias para a higienização das mãos.
PERSPECTIVA HISTÓRICA
 Nos primeiros hospitais (325 d.C) não havia: separação por gravidade de doença e técnicas de
assepsia que evitassem a disseminação
COMO TUDO ISSO SURGIU°
 No fim do século XVII, Anton van Leeuwenhoek (1632-1723) descobriu as bactérias, fungos e
protozoários, denominando-os “animálculos”. Foram associados à fermentação e à putrefação, cujo
mecanismo não estava claro, sendo então explicado pela geração espontânea, pela força vital. Pasteur
derrotando-a irrefutavelmente com sua Teoria Microbiana da Fermentação
 EM 1946, o médico alemão Robert Koch, ao estudar o carbúnculo, foi o primeiro a provar que um
tipo específico de micróbio causa uma determinada doença, criando a Teoria Microbiana da Doença
(1846).
 James Young Simpson, por volta de 1840 a 1850, indicou a realização de procedimentos cirúrgicos
domiciliares ao constatar que a mortalidade relacionada à amputação era de 41,6% no hospital e
10.9% no domicílio.

 1846 E 1847 FOI O MARCO para que a saúde iniciasse sua preocupação com a higienização.
- Um médico húngaro Ignaz Philip Semmelwis comprovou a íntima relação entre a febre puerperal
com os cuidados médicos.
COMO?
1- Percebeu que os médicos iam diretamente da sala de autópsia para a de obstetrícia e tinham um
odor desagradável nas mãos.
2- Afirmou que a febre era afetada por “partículas cadavéricas” transmitidas na sala de autópsia
para a ala obstétrica por meio das mãos de estudantes e médicos.
3- Por volta de maio de 1847, ele insistiu que estudantes e médicos lavassem suas mãos com
solução clorada após as autópsias e antes de examinar as pacientes da clínica obstétrica4-5.
No mês seguinte após esta intervenção, a taxa de mortalidade caiu de 12,2 para 1,2%.

 Por volta de 1850, Florence Nightingale, jovem culta e de família rica que desde cedo pretendia
dedicar sua vida aos outros foi convidada para ir a Guerra da Crimeia, com objetivo de reformular a
assistência aos doentes.
- A enfermaria da guerra estava em uma situação precária: ↓ conforto, medicamentos e assistência,
sem acesso e transporte para os doentes e com vários casos de infecção pós-operatória (tifo e cólera)
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sem vestimenta limpa, sem água potável e alimentação, esgoto a céu aberto, com o porão infestado
por ratos e insetos.
- Algumas medidas foram tomadas: higiene pessoal de cada paciente; utensílios de uso individual;
instalação de cozinha; preparo de dieta indicada; lavanderia e desentupimento de esgoto.
Assim, ↓ a taxa de mortalidade do local.

 NAS CIRURGIAS: Joseph Lister pesquisava um modo de manter as incisões cirúrgicas livres da
contaminação. Para isso, associou o fenol (destruidor de bactérias) em compressas cirúrgicas
banhadas, borrifando também a sala de operações com o ácido carbólico e obteve bons resultados.
Isso originou as técnicas de assepsia. A mortalidade após amputação caiu de 46% antes da anti-
sepsia para 15% após os experimentos de Lister.
PUBLICAÇÕES SOBRE HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS
 Guias acerca da prática de lavagem nos hospitais e em outros ambientes sanitários (início em 1975
até os dias atuais)

MICROBIOTA DA PELE
 Devido a sua localização e extensão, a pele é sempre exposta a vários tipos de microrganismos.
Assim, a pele humana é normalmente colonizada por bactérias e fungos (e há diferenças em
concentração dependendo da região)
 Microbiota: transitória (colonizam por curto tempo e pode ser removida com a higienização com
água e sabonete —fricção mecânica), residente (+ profundo na pele/ não-patogênicos ou
potencialmente, como bactérias, fungos e vírus que raramente se multiplicam na pele/ apesar de que
alguns podem) e microbiota infecciosa [Rotter] (microrganismos de patogenicidade comprovada).
COMO CLASSIFICAM ISSO? Tipagem.
 Alguns autores afirmam que, apesar do número de microrganismos da microbiota transitória e
residente variar consideravelmente de um indivíduo para outro, geralmente é constante para uma
determinada pessoa.

EVIDÊNCIAS DE TRANSMISSÃO DE PATÓGENOS POR MEIO DAS MÃOS


 Contaminação por contato direto ou indireto (infecção cruzada—importante fonte de surtos. Apesar
de nem sempre a identificação do microrganismo vir diretamente do agente nas mãos do profissional
de saúde, a fonte da transmissão termina sendo considerada cruzada)
CONTROLE DA DISSEMINAÇÃO DE MICRORGANISMOS MULTIRRESISTENTES
 Quando um microrganismo é considerado multirresistente? ao apresentar resistência a duas ou mais
classes de antimicrobianos
 Contato das mãos com superfícies e pacientes contaminados => microbiota transitória =>
disseminação e até contaminação do próprio profissional
 Não há estudos que comprovem a resistência de microrganismos ordinários ou multirresistentes a
antissépticos utilizados na higienização das mãos

PRODUTOS UTILIZADOS
 3 Elementos essenciais em um produto para higienização e em seu uso:
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1- Eficácia antimicrobiana
2- Técnica de utilização adequada
3- Adesão regular
 Larson: o problema não está na qualidade nos produtos, mas na negligência da prática de
higienização (Higienização das Mãos = Eficácia x Adesão)
 Tipos:
1- Sabonete comum (sem antisséptico)
- QUANDO?
 Visivelmente sujas (sangue e fluidos)
 No início de um turno
 Antes e após o banheiro e refeições
 Antes do preparo de alimentos
 Antes do preparo e manipulação de medicamentos
 Antes e após o contato com o paciente
 Após várias aplicações consecutivas de produto alcoólico
 Nas situações indicadas para preparações alcoólicas
- 40 a 60 seg
- Suficiente para contato social e atividades simples
- Recomenda-se o líquido, ↓ risco de contaminação do produto
- Sabonete que seja agradável ao uso, suave, de fácil de enxágue, não resseque a pele, possua
fragrância leve ou ausente e tenha boa aceitação entre os usuários.

2- Agentes antissépticos
2.1- Álcool (mãos visivelmente limpas)
- Ação rápida
- Podem ser mais efetivos do que sabonete comum (tudo depende)
- QUANDO?
 Visivelmente limpas
 Antes e após o contato com o paciente
 Antes de realizar procedimentos assistenciais e manipular dispositivos invasivos
 Antes de calçar as luvas para a inserção de dispositivos invasivos (que não
requeiram cuidado cirúrgico)
 Após risco de exposição a fluidos
 Ao mudar de um sítio corporal contaminado para um limpo (durante o cuidado ao
paciente)
 Após o contato com superfícies próximas ao paciente
 Antes e após das luvas

2.2- Clorexidina
- Pouco solúvel em água
- Não é facilmente inativada
- Efeito aproximado de 6h
- Quando usar nas mãos? Cuidados com pacientes portadores de microrganismos
multirresistentes e surtos

2.3- Iodóforo (PVPI – Polivinilpirrolidona iodo)


- Rapidamente inativado (matéria orgânica, pH, temperatura, luz, etc)
- Podem causar irritações na pele com mais facilidade do que outros antissépticos
2.4- Triclosan (experimentos)
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3- Degermante (cirurgia)
- QUANDO?
 Pré-operatório de qualquer procedimento cirúrgico (toda a equipe)
 Antes da realização de procedimentos invasivos (cateter, punção, drenagem, etc)

 Não há consenso sobre o melhor tipo de produto para a higienização das mãos nos serviços
cotidianos (tudo depende)
 Sobre ANVISA:
1- Não usar, em suas mãos, sabões registrados que estejam identificados como saneantes (para
objetos e superfícies)
2- Se atentar as exigências específicas de cada produto
3- A instituição deve fornecer sabonetes e agentes antissépticos padronizados e dentro dos
parâmetros
4- Importante fazer notificações de queixas técnicas

 PRINCIPAIS VEÍCULOS DE CONTAMINAÇÃO:


- Mãos
- Falta de técnicas básicas (de higienização)
- Condições precárias de revestimentos
- Manutenção da matéria orgânica (alimentos e resíduos/ aumentam risco de infecção:
microrganismos e aparecimento de insetos, roedores e outros veículos de infecção)
- Produtos de higienização mal manuseados (fabricação ou uso)
- Superfícies molhadas e empoeiradas
Obs. SUPERFÍCIES:
 Reservatório de microrganismos (especialmente multirresistentes)
-As infecções nos ambientes estão relacionadas ao uso de técnicas incorretas de limpeza e
desinfecção de superfícies e o manejo inadequado de resíduos.
 As superfícies possuem um risco mínimo, mas contribuem para uma contaminação cruzada
(mãos de profissionais, instrumentos, produtos, etc)
 Existem microrganismos capazes de sobreviverem dias e até semanas em ambientes de saúde
(+ em superfície de leitos e equipamentos) nessas superfícies

 PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO DE INFECÇÕES RELACIONADAS À ASSISTÊNCIA À


SAÚDE
 Evitar atividades que favoreçam o levantamento das partículas em suspensão, como o uso de
aspiradores de pó (permitidos somente em áreas administrativas)
 Não fazer varredura seca em áreas internas dos serviços de saúde
 As superfícies (móveis, pisos, paredes e equipamentos, entre outros)

 EQUIPAMENTOS E INSUMOS NECESSÁRIOS

- Lavatório:
 Exclusivo para higienização das mãos.
 Formatos e dimensões variadas com profundidade suficiente para lavar as mãos sem encostar
nas paredes laterais ou bordas da peça, tampouco na torneira.
 Deve evitar respingos na lateral, piso e profissional.
 Pode estar em bancadas ou não
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- Pia de lavagem
 Preferencialmente, lavagem de utensílios (pode ser usada para mãos)
 Profundidade e formato variados
 Sempre está inserida em bancadas

- Lavabo cirúrgico
 Exclusivo para o preparo cirúrgico das mãos e antebraço
 Profundidade suficiente para se higienizar sem tocar nos equipamentos (braço e antebraço)

OBS. Lavabos com uma única torneira devem ter dimensões mínimas iguais a 50 cm de
largura, 100 cm de comprimento e 50 cm de profundidade. A cada nova torneira inserida
deve-se acrescentar 80 cm ao comprimento da peça
IMPORTANTE: RDC 50/2002
Lavatórios e pias de fácil acesso e atender, no mínimo, a proporção definida como:
 Quarto ou enfermaria: um lavatório externo deve servir a no máximo 4 quartos ou 2
enfermeiras.
 UTI: 1 lavatório a cada 5 leitos de não isolamento
 Ambientes de preparo e cocção de alimentos e mamadeiras: um lavatório por ambiente
 Berçário: 1 lavatório a cada 4 berços
 Ambientes para procedimentos de reabilitação e coleta laboratorial: 1 lavatório a cada6 boxes
 Ambiente de processamento de roupas: 1 lavatório para a área “suja” e um lavatório para a
área “limpa”
- Dispensadores de sabonete e antissépticos
 Assegurar funcionamento, facilidade e liberação de volume suficiente
 Dispositivos que não favoreçam a contaminação do produto (esvaziamento e preenchimento
fácil; limpar com água e sabão, além de álcool 1 vez por semana; não “completar” até o final do
produto; os não descartáveis devem ter registros dos responsáveis pela data de manipulação;
validade — menor que a do fabricante por já ter sido manipulado—)
 Dispositivos que evitem o contato direto das mãos
- Porta-Papel toalha
 Fabricado em material que não favoreça a oxidação
 Fácil limpeza
 Instalação que não receba respingos de água e sabão
 Estabelecimento de rotinas de reposição de papel
- Lixeira para descarte de papel toalha
 Fácil limpeza
 Não é necessária a tampa (caso tenha, tampa articulada com abertura sem a utilização das mãos)
- Insumos e Suprimentos necessários
 Água (qualidade!)
 Papel toalha (nada de secador elétrico: tempo, acionamento difícil e microrganismos)
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 TÉCNICAS DE HIGIENIZAÇÃO
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- Antissepsia cirúrgica ou preparo pré-operatório das mãos [ NÃO APRENDEMOS AGORA]


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 5 MOMENTOS
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OBS. LUVAS

Use luvas somente quando indicado.


• Utilize-as antes de entrar em contato com sangue, líquidos corporais, mucosas, pele não intacta e
outros materiais potencialmente infectantes.
• Troque de luvas sempre que entrar em contato com outro paciente.
•Troque também durante o contato com o paciente se for mudar de um sítio corporal contaminado
para outro, limpo, ou quando esta estiver danificada.
• Nunca toque desnecessariamente superfícies e materiais (tais como telefones, maçanetas, portas)
quando estiver com luvas

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