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UNIVERSIDADE RAINHA NJINGA A MBANDE

INSTITUTO SUPERIOR DE TECNOLOGIA AGRO-ALIMENTAR DE MALANJE


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PROCESSOS

TRANSTORNOS ALIMENTARES

MALANJE, 2020
UNIVERSIDADE RAINHA NJINGA A MBANDE
INSTITUTO SUPERIOR DE TECNOLOGIA AGRO-ALIMENTAR DE MALANJE
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PROCESSOS

INTEGRANTES DO GRUPO:
1. Aniceto Cassamano
2. Bartolomeu Cristóvão
3. Carlos Cabral
4. Clemente Manuel
5. Coutinho Magalhães
6. Emanuel Brage

III ANO

TURMA B

CADEIRA: NUTRIÇÃO II

DOCENTE: Débora Eurico.


SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................1
1. DEFINIÇÃO DE TERMOS E CONCEITOS............................................................2
2. FACTORES DE DESENVOLVIMENTO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES 2
3. CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES...................................2
3.1. Anorexia Nervosa.............................................................................................3
3.1.1. Diagnóstico e subtipos de anorexia nervosa............................................3
3.1.2. Desenvolvimento e Curso.........................................................................4
3.1.3. Factores de Risco.....................................................................................4
3.1.4. Complicações médicas.............................................................................5
3.2. Bulimia Nervosa...............................................................................................5
3.2.1. Diagnóstico e subtipos de bulimia nervosa...............................................5
3.2.2. Desenvolvimento e Curso.........................................................................6
3.2.3. Factores de Risco e de Prognóstico.........................................................7
3.2.4. Complicações médicas.............................................................................7
3.3. Transtorno de ingestão alimentar compulsiva.................................................7
3.3.1. Desenvolvimento e Curso.........................................................................8
3.3.2. Factores de Risco.....................................................................................9
3.3.3. Complicações médicas.............................................................................9
3.4. Pica..................................................................................................................9
3.4.1. Critérios de Diagnóstico............................................................................9
3.4.2. Desenvolvimento e Curso.......................................................................10
3.4.3. Factores de Risco e de Prognóstico.......................................................10
3.5. Mericismo (Perturbação de Ruminação).......................................................10
3.5.1. Critérios de Diagnóstico..........................................................................10
3.5.2. Características Associadas Que Suportam o Diagnóstico.....................11
3.5.3. Factores de Risco e Prognóstico............................................................11
4. TRATAMENTO NUTRICIONAL DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES...........11
4.1. Avaliação Nutricional.....................................................................................12
4.2. Tratamento Nutricional...................................................................................12
5. CONCLUSÃO.......................................................................................................14
INTRODUÇÃO

As sociedades vivem actualmente sob o ideal da magreza e da boa forma


física, cujo padrão se impõe especialmente para as mulheres, nas quais a aparência
física representa uma importante medida de valor pessoal. Uma vez que o ideal de
magreza proposto é uma impossibilidade biológica para a maioria das mulheres, a
insatisfação corporal tem se tornado cada vez mais comum, produzindo um campo

fértil para o desenvolvimento dos transtornos alimentares .


Os transtornos alimentares têm uma etiologia multifactorial, ou seja, são
determinados por uma diversidade de fatores biológicos, genéticos, psicológicos,
socioculturais e familiares que interagem entre si para produzir e perpectuar a
doença[ CITATION Car14 \l 1046 ].
Para a ASSOCIATION (2013) os transtornos alimentares são
caracterizados por uma perturbação persistente na alimentação ou na ingestão que
resulta na alteração do consumo ou absorção dos alimentos e que provoca défice
significativo na saúde física ou no funcionamento psicossocial. Pacientes com
transtornos alimentares possuem inadequações profundas no consumo, padrão e
comportamento alimentar, além de diversas crenças equivocadas sobre
alimentação, o que geralmente acarreta piora do estado nutricional[ CITATION Lat04 \l
1046 ].

1
Capitulo I FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1. DEFINIÇÃO DE TERMOS E CONCEITOS

Transtornos alimentares podem ser caracterizados por pertubações


comportamentais relacionadas aos hábitos alimentares. Geralmente, envolve uma
preocupação excessiva com a imagem corporal, gerando comportamentos como a
ingestação reduzida de alimentos, uso de laxantes e diuréticos, ou a provocação de
vómitos logo após o consumo de alimentos[ CITATION Luc19 \l 1046 ].

Para Carmo et al (2014) Definem Trastornos Alimentatares (TA) Como


doenças psiquiátricas caracterizadas por alterações graves do comportamento
alimentar e que afectam, na sua maioria, adolescentes e adultos jovens do sexo
feminino, podendo originar prejuizos biológicos, psicológicos e aumento da
morbidade e mortalidade.

Transtornos Alimentares são alteracões no corportamento alimentar que


podem levar ao emagrecimento extremo ou a obesidade e desenvolvem-se
geralmente nos períodos da infância e da adolescência.

2. FACTORES DE DESENVOLVIMENTO DOS TRANSTORNOS


ALIMENTARES

O desenvolvimento dos transtornos alimentares acontece em função da


combinação de diversos factores – biológicos, psicológicos, culturais e
familiares. A maioria das pessoas com transtornos alimentares apresentam
determinados traços de personalidade em comum: baixa auto-estima, sentimentos
de desesperança e medo de se tornarem gordas. Na anorexia, bulimia e no
transtorno alimentar compulsivo, o comportamento alimentar parece desenvolver-se
como uma forma de lidar com o stress e a ansiedade.

3. CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES

Na tentativa de compreender as causas desses transtornos, especialistas e


pesquisadores têm estudado a personalidade, a genética, o ambiente e o
metabolismo de pessoas com esse problema. No entanto, como geralmente
acontece, quanto mais se estuda, mais se descobre o quanto são complexas as
origens dos transtornos alimentares. De acordo com a classificação do Manual de

2
diagnóstico e estatística das perturbações mentais (DSM-IV, 1994), os transtornos
alimentares dividem-se em: anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtornos
compulsivos alimentares, pica e mericismo (transtorno de ruminação).

3.1. Anorexia Nervosa

O termo anorexia deriva do grego OREXIS (apetite) acrescido do prefixo AN


(ausência), sendo assim a anorexia nervosa, que signífica ausência de apetite de
origem nervosa, é caracterizada por uma procura insaciável pela magreza, um
inesplicável medo de ganhar peso ou tornar-se obeso, mesmo estando abaixo do
peso e distorções da imagem corporal, onde o portador utiliza de métodos extremos
para emagrecer com longos períodos de jejum, exercícios fisícos intensos, vômitos,
lachantes e/ou diuréticos.

Um dos principais sintómas da anorexia nervosa é uma acentuada perda de


peso. Esta doença geralmente se inicia durante a puberdade e, como na bulimia e
no transtorno alimentar compulsivo, tem maior incidência nas mulheres. Pessoas
que sofrem desse tipo de transtorno passam fome intencionalmente e, embora
apresentem-se extremamente emagrecidas, têm plena convicção de que estão com
excesso de peso.

3.1.1. Diagnóstico e subtipos de anorexia nervosa

Segundo [ CITATION ASS13 \l 1046 ] os critérios para o diagnóstico da anorexia


nervosa (DSM-V) são:

a) Restrição de consumo de energia relativamente às necessidades, conduzindo


a um peso significativamente baixo para a idade, sexo, trajectória de
desenvolvimento e saúde física. O peso significativamente baixo é definido
como um peso corporal abaixo do nível normal mínimo ou, para crianças e
adolescentes, abaixo do peso mínimo esperado;
b) Medo intenso de ganhar peso ou de engordar ou comportamentos
persistentes que interferem com o ganho de peso, mesmo quando tem um
peso significativamente baixo;
c) Perturbação na própria apreciação do peso ou forma corporal, influência
indevida do peso ou da forma corporal na autoavaliação, ou ausência de
reconhecimento persistente da gravidade do baixo peso actual.

3
Tipo Restritivo: durante os últimos 3 meses, o individuo não recorreu a
episódios de ingestão alimentar compulsiva ou a comportamentos purgativos
recorrentes (isto é, provocar o vómito ou mau uso de laxantes, diuréticos ou
enemas). Este subtipo descreve as formas clínicas nas quais a perda de peso se
consegue principalmente com dieta, jejum e/ou exercícios físicos excessivos
[ CITATION ASS13 \l 1046 ].

Tipo Ingestão compulsiva/purgativo: durante os últimos 3 meses, o


individuo recorreu a episódios de ingestão compulsiva ou comportamentos
purgativos recorrentes ( isto é, provocar vómito ou mau uso de laxantes, diuréticos
ou enemas) [ CITATION ASS13 \l 1046 ].

3.1.2. Desenvolvimento e Curso

A anorexia nervosa tem o início em regra durante a adolescência ou no jovem


adulto. O início desta perturbação raramente ocorre antes da puberdade ou após os
40 anos, entretanto já foram descritos casos quer de início precoce quer de início
tardio. Alguns indivíduos recuperam completamente após um único episódio; outros
exibem um padrão flutuante de ganhos ponderais seguidos de recaídas e outros
ainda têm uma evolução deteriorante crônica por muitos anos. A hospitalização pode
ser necessária para restabelecer o peso e tratar complicações médicas. A maioria
dos indivíduos com anorexia nervosa experiência uma recuperação nos 5 anos após
o início. Entre os indivíduos que são internados, as taxas de recuperação podem ser
globalmente inferiores. A taxa bruta de mortalidade para a anorexia nervosa é de
cerca de 5% por década. A morte ocorre muitas vezes devido a complicações
médicas associadas à perturbação ou por suicídio [ CITATION ASS13 \l 1046 ].

3.1.3. Factores de Risco

Temperamentais: os individuos que desenvolvem perturbações de ansiedade


ou que apresentam traços obssessivos na infância têm maior risco de desenvolver
anorexia nervosa [ CITATION ASS13 \l 1046 ].

Ambientais: a variabilidade histórica e entre culturas na prevalência da


anorexia nervosa suporta a sua associação com culturas e ambientes nos quais a
magreza é valorizada. Profissões e ocupações que encorajam a magreza, tais como
a moda e o desporto de alta competição, também estão associadas a um aumento
de risco [ CITATION ASS13 \l 1046 ].

4
Genéticos e Fisiológicos: há um risco aumentado de anorexia nervosa entre
familiares biológicos em primeiro grau de individuos com a perturbação. Estudos de
gêmeos revelam uma taxa de concordância mais elevada para a anorexia nervosa
nos homozigotos do que nos heterozigotos [ CITATION ASS13 \l 1046 ].

3.1.4. Complicações médicas

Segundo Faria e Shinohara (1998) as complicações médicas que podem


surgir da Aronexia nervosa são:

a) Comprometimento de órgãos vitais como o coração e o cérebro;


b) Interrupção ou atraso na menstruação;
c) Diminuição da frequência respiratória, do pulso e da pressão arterial;
d) A tiróide – glândula que controla o metabolismo – também fica menos activa;
e) Unhas e cabelos tornam-se quebradiços, além da pele ficar ressecada e
amarelada;
f) Anemia moderada, inflamação das articulações, redução da massa muscular
e tontura.
3.2. Bulimia Nervosa

O termo Bulimia é a junção de termos gregos: boul (boi) ou bou (grande) e


lemos (fome). Esta caracteriza-se por episódios de grande ingestão de alimentos e
depois pela eliminação do excesso de calorias através de prolongados jejuns,
vômitos autoinduzidos, uso de laxantes e diuréticos ou a prática obsessiva de
exercícios físicos. Em alguns casos, o indivíduo recorre a uma combinação de todas
essas formas de “desintoxicação”. Muitas vezes, pessoas que sofrem esse
transtorno conseguem esconder seu problema, uma vez que realizam seus rituais do
“comer compulsivo” seguido de “eliminação” em segredo, e também pelo facto de
manterem seu peso normal ou um pouco acima do normal [ CITATION Far98 \l 1046 ].

3.2.1. Diagnóstico e subtipos de bulimia nervosa

[ CITATION ASS13 \l 1046 ] lista os critérios para o diagnóstico da bulimia nervosa


(307.51) no DSM V:

a) Episódios recorrentes de ataques de comer compulsivamente. Um episódio


de comer compulsivo é caracterizado pelos dois itens abaixo:

5
1. Comer frequentemente (período de duas em duas horas) uma grande
quantidade de comida maior do que a maioria das pessoas comeria
durante episódios semelhantes e sob circunstâncias semelhantes.
2. Sensação de perda de controle durante o episódio, com a sensação de
que a pessoa não consegue parar de comer ou controlar o quanto está
comendo.
b) Comportamentos inapropriados frequentes, no sentido de evitar ganhar peso,
tais como o vômito auto-induzido, uso de laxantes, diuréticos, clisters ou
outras medicações, jejuns, ou exercícios em excesso.
c) Tanto comer compulsivamente como os comportamentos inadequados
ocorrem em uma média de, pelo menos, duas vezes por semana durante três
meses.
d) A avaliação pessoal é raramente influenciada pela forma e peso corporal.
e) Este distúrbio não ocorre exclusivamente durante episódios de anorexia
nervosa.

Tipo purgativo: durante o episódio bulímico, a pessoa faz uso regular do


vômito auto-induzido ou de laxantes, diuréticos ou clisters [ CITATION ASS13 \l 1046 ].

Tipo restritivo: durante o episódio bulímico a pessoa usa outros


comportamentos compensatórios inapropriados, tais como jejuns ou exercícios
excessivos, mas esse tipo não está regularmente engajado em vômitos auto-
induzidos ou uso de laxantes, diuréticos ou clisters [ CITATION ASS13 \l 1046 ].

3.2.2. Desenvolvimento e Curso

A bulimia nervosa habitualmente começa no fim da adolescência ou inicio da


idade adulta. A vivência de múltiplos episódios de vida stressantes também pode
precipitar o inicio da bulimia nervosa. O comportamento alimentar persiste por pelo
menos vários anos numa alta percentagem de amostras clínicas. O curso pode ser
crônico ou intermitente, com período de remissão alternando com recorrência de
ingestão alimentar compulsiva, contudo durante o seguimento a longo prazo, os
sintómas de muitos individuos parecem diminuir com ou sem tratamento, embora o
tratamento afecte claramente o resultado.

6
Tem sido descrito um risco de mortalidade significativamente elevado (todas
as causas e suicídio) em individuos com bulimia nervosa. A taxa bruta de
mortalidade para a bulimia é de aproximadamente 2% por década [ CITATION ASS13 \l
1046 ].

3.2.3. Factores de Risco e de Prognóstico

Temperamentais: preocupações com o peso, baixa autoestima, sintómas


depressivos, perturbação de ansiedade social e perturbação de excesso de
ansiedade na infância estão associados a um aumento do risco para desenvolver
bulimia nervosa [ CITATION ASS13 \l 1046 ].

Ambientais: sabe-se que a internalização de um ideal de corpo magro


aumenta o risco para densevolver preocupações com o peso, o que por sua vez
aumenta o risco para desenvolver bulimia nervosa. Individuos vítimas de abuso
sexual ou físico na infância têm maior risco para desenvolver bulimia nervosa
[ CITATION ASS13 \l 1046 ].

Genético e fisiológico: a obesidade infantil e a maturação pubertária


precoce aumentam o risco para bulimia nervosa. Pode estar presente transmissão
familiar de bulimia nervosa bem como de vulnerabilidade genética para a
perturbação [ CITATION ASS13 \l 1046 ].

3.2.4. Complicações médicas

O hábito frequente de comer compulsivamente e depois se “desintoxicar”,


característica da bulimia nervosa, pode prejudicar seriamente o organismo. Pode
ocorrer também inflamação do esôfago e intumescimento das glândulas salivares.
Em casos mais raros, a excessiva e descontrolada ingestão de alimentos pode
causar ruptura do estômago e a “desintoxicação” pode resultar em insuficiência
cardíaca por perda de minerais essenciais, como o potássio. Assim como a
anorexia, a bulimia pode produzir irregularidades menstruais. O interesse sexual
pode diminuir. Também pode se constatar que pessoas com bulimia sofrem de
depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo e outras doenças
psiquiátricas [ CITATION Far98 \l 1046 ].

3.3. Transtorno de ingestão alimentar compulsiva

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Segundo a [ CITATION ASS13 \l 1046 ] este transtorno possue os seguintes critérios
de diagnósticos:

a) Episódios recorrentes de ingestão alimentar compulsiva. Um episódio é


caracterizado pelos 2 critérios seguintes:
1. Comer, num periodo curto de tempo (por exemplo, um período até 2 horas),
uma quantidade de alimentos que é sem dúvida superior à que a maioria dos
individuos num período de tempo semelhante e nas mesmas circunstâncias
2. Sensação de perda de controlo sobre o acto de comer durante o episódio (por
exemplo, sentimento de incapacidade para parar de comer ou controlar a
quantidade e qualidade dos alimentos).
b) Os episódios de ingestão alimentar compulsiva associam-se a 3 (ou mais)
dos seguintes sintómas:
1. Ingestão muito mais rápida que o habitual
2. Comer até se sentir desagradavelmente cheio
3. Ingestão de grandes quantidades de comida apesar de não sentir fome
4. Comer sozinho por se sentir envergonhado pela sua voracidade
5. Sentir desgosto consigo mesmo, deprimido ou com grande culpabilidade
depois da ingestão compulsiva.
c) Mal estar ao recordar as ingestões alimentares compulsivas
d) As ingestões compulsivas têm lugar, em média, pelo menos uma vez por
semana durante 3 meses.
e) A ingestão compulsiva não se associa ao uso regular de comportamentos
compensatórios inapropriados.

Espercificar a gravidade actual:

O nível mínimo de gravidade é baseado na frequência dos episódios de


ingestão compulsiva:

Ligeira: 1 a 3 episódios de ingestão compulsiva por semana

Moderada: 4 a 7 episódios de ingestão compulsiva por semana

Grave: 8 a 13 episódios de ingestão compulsiva por semana

Extrema: 14 ou mais episódios de ingestão compulsiva por semana.

3.3.1. Desenvolvimento e Curso

8
Pouco se sabe sobre a evoluçãao da perturbação de ingestão alimentar,
entretanto sabe-se que a mesma é comum nas amostras com adolescentes e
universitários. A idade de inicio da perturbsção situa-se tipicamente na adolescencia
ou no inicio da idade adulta, mas também pode ter inicio em adultos mais velhos. A
perturbação parece ser relativamente persistente, e o seu curso é comparado ao da
bulemia em termos de gravidade e duração. Vale ressaltar que a transição para
outra perturbação de alimentação é rara [ CITATION ASS13 \l 1046 ].

3.3.2. Factores de Risco

Genéticos e fisiológicos: a perturbação de ingestão alimentar compulsiva


parece ocorrer em famílias, o que pode reflectir influencias genéticas adicionais.

3.3.3. Complicações médicas

Geralmente as pessoas que apresentam o transtorno do “comer compulsivo”


têm excesso de peso, podendo ter graves problemas médicos, associados à
obesidade, aumento de colesterol, hipertensão e diabetes. estudos indicam que
pessoas com esse tipo de transtorno também apresentam outras doenças
psiquiátricas concomitantes especialmente depressão.

3.4. Pica

A Pica é um transtorno alimentar caracterizado pela ingestão de substâncias


que não são alimentos. As substâncias tipicamente ingeridas tendem a variar com a
idade e a disponibilidade e podem incluir papel, sabão, tecido, cabelo, lã, terra, cal,
pó de talco, tinta, cola, metal, pedras, carvão, cinzas ou gelo. O termo <<não
alimentar>> é incluido porque o diagnóstico de pica não se aplica à ingestão de
produtos dietéticos que têm conteúdo nutricional minimo. Sugere-se a idade minima
de 2 anos para o diagnóstico de pica ser excluído, pois considera-se o levar de
objectos à boca o acto normal, resultante do próprio desenvolvimento da criança
[ CITATION ASS13 \l 1046 ].

3.4.1. Critérios de Diagnóstico


[ CITATION ASS13 \l 1046 ] a pica possue os seguintes critérios de diagnóstico:
a) Ingestão persistente de substâncias não nutritivas, não alimentares, por um
período de pelo menos 1 mês;

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b) A ingestão de substâncias não nuritivas, não alimentares, é inapropriada ao
nível de desenvolvimento do individuo;
c) O comportamento alimentar não faz parte de práticas culturalmente aceites
por todos, ou de normas de conduta social;
d) Se o comportamento alimentar ocorrer exclusivamente durante a evolução de
outra perturbação mental (por exemplo, incapacidade intelectual [perturbação
do desenvolvimento intelectual], perturbações do espectro do autismo,
esquizofrenia) ou estado físico geral (incluindo gravidez), e a sua gravidade
for suficiente para merecer uma atenção clínica adicional.

3.4.2. Desenvolvimento e Curso

A pica pode ter o seu inicio na infância, adolescência ou na idade adulta,


embora o inicio na infância seja o mais frequentemente reportado. A pica pode
ocorrer em crianças em desenvolvimento que de resto é normal, enquanto que em
adultos parece ocorrer com maior probabilidade no contexto incapacidade intelectual
(retardo mental) ou de outras perturbações mentais (esquizofrenia ou autismo). A
ingestão de substâncias não nutritivas , não alimentares, também se pode
manifestar na gravidez, quando podem ocorrer desejos alimentares específicos (por
exemplo, cal ou gelo). O diagnóstico de pica durante a gravidez apenas é apropriada
se esses desejos alimentares conduzirem a ingestão de substâncias não nutritivas,
não alimentares, ao ponto de a ingestão das mesmas colocar pontenciais riscos à
saúde da gestante. O curso da perturbação pode ser prolongado e resultar em
emergência médicas ( por exemplo, obstrução intestinal, perda de peso,
intoxicação). A perturbação pode ser potencialmente fatal dependendo das
substâncias que são ingeridas [ CITATION ASS13 \l 1046 ].

3.4.3. Factores de Risco e de Prognóstico

Ambientais: a negligência, a falta de supervisão parental e o atraso no


desenvolvimento podem aumentar o risco de pica.

3.5. Mericismo (Perturbação de Ruminação)

O mericismo, também designado por perturbação de ruminação, consiste na


regurgitação repetida de alimentos durante as refeições.

3.5.1. Critérios de Diagnóstico

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a) Regurgitação repetida de alimentos durante um período de pelo menos 1 mês
b) A regurgitação repetida não é atribuível a uma doença gastrointestinal
associada ou a outra condição médica (por exemplo, estenose pilórica)
c) Se os sintómas ocorrem no contexto de outra perturbação mental ou outra
perturbação do neurodesenvolvimento
3.5.2. Características Associadas Que Suportam o Diagnóstico

A perda de peso e ausencia de aumentos ponderias esperados são


caracteristicas comuns nas crianças com mericismo. Pode ocorrer mal nutrição
apesar do aparente apetite da criança e da ingestão de quantidades relativamente
grandes de alimentos, particularmente nos casos graves, quando a regurgitação
ocorre logo após a ingestão e os alimentos regurgitados são expelidos. Os
adolescentes e adultos podem tentar disfarçar o comportamento de regurgitação
colocando a mão à frente da boca ou tossindo. Alguns evitam comer na companhia
de terceiros por ser um comportamento socialmente indesejável [ CITATION ASS13 \l
1046 ].

3.5.3. Factores de Risco e Prognóstico

Ambietais: problemas psicossociais como a falta de estimulação,


negligência, situações de vida stressantes e problemas na relação pais-filhos podem
ser factores predisponentes na primeira e segunda infância [ CITATION ASS13 \l 1046 ].

3.5.4. Consequências Funcionais do Mericismo (Perturbação de Ruminação)

A malnutrição secundaria à regurgitação repetida pode estar associada ao


atraso no desenvolvimento e ter um efeito negativo no potencial de desenvolvimento
e de aprendizagem. Alguns individuos adultos com mericismo restringem
deliberadamente a sua ingestão alimentar pela indesejabilidade social da
regurgitação, podem por isso apresentar perda de peso ou baixo peso [ CITATION
ASS13 \l 1046 ].

4. TRATAMENTO NUTRICIONAL DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES

Dentro da equipe multidisciplinar (nutricionista, psicólogo, médico clínico, etc)


que deve tratar do paciente com transtornos alimentares (TA), o nutricionista é

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capacitado para propor modificações do consumo, padrão e comportamento
alimentares, aspectos estes que estão profundamente alterados nos TA.

O tratamento nutricional dos TA é dividido em duas etapas: educacional e


experimental.

A educação nutricional abrange conceitos de alimentação saudável, tipos,


funções e fontes dos nutrientes, recomendações nutricionais, conseqüências da
restrição alimentar e das purgações.

Na fase experimental, trabalha-se mais intensamente a relação que o


paciente tem para com os alimentos e o seu corpo, ajudando-o a identificar os
significados que o corpo e a alimentação possuem.

4.1. Avaliação Nutricional

Para avaliar o estado nutricional utiliza -se a anamnese, a qual é composta


por:

Identificação do paciente: nome, idade e a data de nascimento, o peso e altura.

Queixa principal (QP): motivo principal da sua presença no consultório. 

Histórico de doença actual (HDA): descrever a doença do paciente.

História Patológica Pregressa (HPP): reunir dados sobre o histórico de saúde do


paciente. Por exemplo, se o paciente é hipertenso e/ou diabético, se faz uso de
algum medicamento de uso continuado, como anticoncepcional ou antidepressivos.

Hábitos de vida: o tabagismo, o alcoolismo e o sedentarismo são hábitos que podem


influenciar no surgimento de determinadas doenças.

Histórico Familiar: muitas doenças são associadas a carga genética, por isso,
entender o histórico familiar do paciente contribui para uma boa anamnese.

4.2. Tratamento Nutricional

Os objetivos do tratamento nutricional variam de acordo com o tipo de


Transtorno:

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Anorexia Nervosa: restabelecer o peso, normalizar o padrão alimentar da
percepção da fome e saciedade, corrigir sequelas psicológicas e biológicas da
desnutrição.
Bulimia Nervosa: diminuir compulsões, minimizar as restrições alimentares,
regular as refeições, variar os alimentos consumidos, corrigir deficiências
nutricionais e estabelecer práticas de alimentação saudável.

Para anorexia nervosa é recomendado um ganho de peso de 900 g a 1,3


kg/semana para pacientes de enfermaria e 250 g a 450 g/semana para pacientes de
ambulatório. O consumo energético recomendado é de 30 a 40 kcal/kg por dia,
podendo chegar até 70 a 100 kcal/kg por dia com a progressão do tratamento.

a) A abordagem pode ser dividida em alguns pontos chave:


b) Educação sobre a BN, suas conseqüências e sobre alimentação e nutrição;
c) Redução da preocupação com peso e aumento da aceitação de seu próprio
corpo;
d) Monitoramento da alimentação por meio do diário alimentar e;
e) Estabelecimento de um plano alimentar regular.

Não é recomendada a contagem de energia ou pesagem dos alimentos,


visto que estes pacientes demonstram extrema atenção na composição dos
alimentos e seus valores energéticos. É interessante mostrar ao paciente quais são
as recomendações de consumo de energia, para que ele possa perceber que o valor
energético da maioria das dietas é inferior às necessidades.

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5. CONCLUSÃO

Os transtornos Alimentares acarretam diversas complicações clínicas que


diminuem a qualidade de vida e podem culminar com a morte do individuo. Verifcou-
se que a gama de aspectos envolvidos na etiologia dos transtornos alimentares é
extensa. Estes aspectos devem ser estudados e divulgados a fim de alertar a
população, principalmente educadores, pais e profissionais de saúde, a fim de que
estes sejam capazes de identifcar indivíduos susceptíveis a desenvolverem
transtornos alimentares, evitando seu desenvolvimento ou tratando-os
precocemente, maximizando a chance de cura.

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Bibliografia

 Amorim, L. d. (2019). TRANSTORNOS ALIMENTARES: aspectos culturais e


Intervenção em TCC .
 ASSOCIATION, A. P. (2013). MANUAL DE DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICA
DAS PERTURBAÇÕES MENTAIS (V ed.). Climepsi Editores.

 Carmo, C. C., Pereira, P. M., & Candido, A. P. (2014). Transtornos


Alimentares: uma revisão dos aspectos etiológicos e das principais
complicações médicas.
 Faria, S. P., & Shinohara, H. (1998). TRANSTORNOS ALIMENTARES.
Curitiba.
 Latterza, A. R., Dunker, K. L., Scagliusi, F. B., & Kemem, E. (2004).
TRATAMENTO NUTRICIONAL DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES. São
Paulo SP.

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