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Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Turma: SOC 1109 / Pensamento Sociológico Brasileiro


Professora: Maria Alice
Aluna: Liliane Gomes
Matrícula: 1910720

EXPOSIÇÃO RETRATO DO BRASIL: ENSAIO SOBRE A TRISTEZA BRASILEIRA


Paulo Prado é o primogênito do Conselheiro Antônio Prado, e como seus
parentes caminhou para o ramo da cafeicultura, para o setor imobiliário, bancário e
industrial, e também virou escritor. Formado em direito, o modernista foi uma chave
muito importante para a Semana de Arte Moderna de 1922, pois, juntamente com
sua esposa, financiou diversos outros artistas para estarem fazendo parte da
exposição, na qual foi um marco para a história cultural e o movimento moderno do
país.
Uma de suas obras mais importantes até o dia de hoje é o Retrato do Brasil -
Ensaio sobre a tristeza brasileira, onde Prado trata questões sobre como ocorreu a
formação da nacionalidade brasileira de uma forma bem original, e que traz ótimos
debates até os dias atuais. O livro é dividido em quatro capítulos e um
post-scriptum: I Luxúria, II Cobiça, III Tristeza e IV Romantismo. Os primeiros dois
capítulos tratam sobre as características de povoamento e exploração brasileira. Já
na tristeza, o autor apresenta o estado de mal estar que se encontra o país, vide os
acontecimentos anteriores, intensificando-o no romantismo.
Paulo inicia o seu livro falando da luxúria logo no primeiro capítulo e ele trata
sobre o choque cultural que se teve dos índios com os portugueses e seus
costumes sexuais diferentes das relações eurocêntricas, e a forma que a
sensualidade era performada naquela época. O excesso de sensualidade deixou os
colonizadores deslumbrados com tanta liberdade fazendo com que suas tendências
sexuais falassem mais alto do que suas ambições para a terra. Ocasionando assim
uma união de colonizadores entre índias, e depois mulheres negras, que aos olhos
do autor, eram de "pura animalidade" de forma que a mestiçagem fosse um dos
principais descontroles do início da população nacional.
No capítulo sobre a cobiça, o autor faz uma crítica a forma em que se deu o
movimento dos bandeirantes e a expansão territorial. A descoberta do ouro em
Minas Gerais foi a chave que despertou o desejo de se ter mais, de forma que o
amor pelo ouro e a vontade de enriquecer de forma mais rápida, falasse mais alto
que o amor que deveria se ter pelo solo nacional. Tendo como consequência um
Estado com alguns rico e sendo um país pobre e bem atrasado em relação ao seu
desenvolvimento.
Para o autor, a tristeza brasileira se deu como uma consequência da
comodidade ocasionada pela cobiça e pela luxúria. Graças a essa relação o
brasileiro deixou de cultivar laços afetivos, tanto com a terra, quanto com familiares
Gerando assim, um estado de mal estar que se dava a nossa realidade cultural e
social. Nesse trecho retirado do livro, podemos entender como o autor se sentia em
relação ao resultado que se deu ao País ficando na sua zona de conforto e
deixando se levar pelos pecados carnais.

"População sem nome, exausta pela verminose,


pelo impaludismo e pela sífilis, tocando dois ou
três quilômetros quadrados a cada indivíduo, sem
nenhum ou pouco apego ao solo nutridor; país
pobre sem o auxílio humano, ou arruinado pela
exploração apressada, tumultuária e incompetente
de suas riquezas minerais; cultura agrícola e
pastoril limitada e atrasada, não suspeitando das
formidáveis possibilidades das suas águas, das
suas matas, dos seus campos e praias,
povoadores mestiçados, sumindo-se o índio diante
do europeu e do negro, para a tirania dos centros
litorâneos do mulato e da mulata; clima
amolecedor de energias, próprio para a “vida de
balanço”; hipertrofia do patriotismo indolente que
se contentava em admirar as belezas naturais, “as
mais extraordinárias do mundo”, como se fossem
obras do homem; ao lado de um entusiasmo fácil,
denegrimento desanimado e estéril; (...)" (PRADO,
1981, p. 109).

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