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GRANDE DO SUL
Ijuí (RS)
2014
ANA PAULA MAYER
Ijuí (RS)
2014
Dedico este trabalho à minha família, pelo
incentivo, força e confiança em mim
depositados durante toda a minha jornada
acadêmica.
AGRADECIMENTOS
.
RESUMO
INTRODUÇÃO............................................................................................................8
1 CIDADANIA............................................................................................................10
1.1 Aspectos históricos da cidadania....................................................................11
1.2 O desenvolvimento da cidadania......................................................................14
1.2.1 A cidadania para todos...................................................................................14
1.2.2 As mulheres.....................................................................................................15
1.2.3 Direito para os excluídos................................................................................19
2 ACESSO À JUSTIÇA.............................................................................................20
2.1 Acesso à justiça: evolução histórica................................................................21
2.2 Como se da o acesso à justiça no Brasil.........................................................24
CONCLUSÃO............................................................................................................34
REFERÊNCIAS..........................................................................................................35
8
INTRODUÇÃO
1 CIDADANIA
A cidadania não nos é dada, mas ela é construída e tem que ser conquistada
com nossa capacidade de participar, organizar e intervir socialmente. O importante e
essencial é a educação, o conhecimento, quem não tem nenhum acesso à
educação não é capaz de exigir e exercer direitos civis, políticos, econômicos e
sociais. Na maioria das vezes a sociedade vê os direitos como uma regalia das
classes mais favorecidas economicamente.
Resta uma imagem que nos diz respeito: cidadania implica sentimento
comunitário, processos de inclusão de uma população, um conjunto de
direitos civis, políticos e econômicos e significa também, inevitavelmente, a
exclusão do outro. Todo cidadão é membro de uma comunidade, como quer
que esta se organize, e esse pertencimento, que é fonte de obrigações,
permite-lhe também reivindicar direitos, buscar alterar as relações no interior
da comunidade, tentar redefinir seus princípios, sua identidade simbólica,
redistribuir os bens comunitários. A essência da cidadania, se pudesse
defini-la, residiria precisamente nesse caráter público, impessoal, nesse
meio neutro no qual se confrontam nos limites de uma comunidade,
situações sociais, aspirações, desejos e interesses conflitantes. Há,
certamente, na história, comunidades sem cidadania, mas só há cidadania
efetiva no seio de uma comunidade concreta, que pode ser definida de
diferentes maneiras, mas que é sempre um espaço privilegiado para a ação
coletiva e para a construção de projetos para o futuro.
A cidadania é a cooperação entre os cidadãos para que com isso tenhamos uma
convivência melhor. Precisamos estabelecer o respeito dentro da sociedade. A
cidadania é conquistada e exercida através da educação através da qual o cidadão
aprende a respeitar o meio ambiente, não desperdiçar água nem energia, selecionar
e reciclar o lixo e todas aquelas coisas que estamos cansados de ouvir.
Em seu livro Paul Singer (2003, p.191) descreve como é a classe capitalista:
A falta de trabalho gera situações de carência, pois suas vítimas não têm
condições de sustentar suas famílias e a si próprio. Para evitar situações como esta
é que foram criados direitos para os cidadãos que não possuem trabalho e que sem
esses direitos estariam condenados á ilegalidade e á indigência.
1.2.2 As mulheres
Essa luta foi iniciada a partir da segunda metade do século XIX, feita
principalmente pelas mulheres das classes médias e altas. A luta foi difícil por que a
educação sendo diferente para homens e mulheres não fornecia às mulheres pré-
requisitos suficientes para poderem ingressar em cursos superiores por isso um dos
principais objetivos de batalha foi à defesa da educação igualitária entre homens e
mulheres. Mesmo esse acesso sendo limitadíssimo e complicado, capacitou
algumas mulheres a ingressar em profissões consideradas masculinas ampliando
suas possibilidades e assim inspirando outras a seguirem seus exemplos. Joana
Maria Pedro e Carla Bassanezi Pinsky (2003, p. 265 à 304).
Essa lei abriu um caminho para que em 1847, estipulasse dez horas diárias
para todos os trabalhadores no país. Logo depois, outra lei proibiu que as mulheres
trabalhassem á noite e em atividades que fossem consideradas perigosas. Em 1913,
a maioria das nações já tinha leis que protegiam as mulheres. Joana Maria Pedro e
Carla Bassanezi Pinsky (2003, p. 265 à 304).
Depois que a jornada de trabalho das mulheres nas fábricas foi diminuída e o
trabalho noturno estava proibido, os ganhos femininos também foram reduzidos. E
em muitos casos era mais vantajoso ficarem em casa fazendo os trabalhos
domésticos e cuidando da família.
Na virada do século XIX para o XX, nos países que eram mais desenvolvidos,
muitas mulheres passaram a viver em habitações mais confortáveis, a mortalidade
infantil teve forte decadência, o trabalho infantil começou a diminuir e grande parte
das nações mais evoluídas obrigava dentro da lei, que as crianças passassem de
oito a dez anos na escola.·.
18
E a busca por essa igualdade continua, é uma luta árdua que está longe de
acabar, por isso precisamos da compreensão de todos, para que cada vez mais as
mulheres possam chegar perto da igualdade perante os homens.
O bom senso sugere que “quanto mais diferentes, mais difícil será a
coexistência”; mas há muitos exemplos históricos (tais como as guerras de
religião) onde, ao contrário, o “narcisismo das pequenas diferenças”
exacerbou conflitos. Exemplos recentes de incompatibilidade ao invés de
proximidade cultural incluem os sérvios e croatas na ex-Iuguslávia. Mas
dificilmente se negará que a sobreposição de diferenças étnicas com
religiosas e/ou com raciais e/ou com econômicas cria uma polarização
pouco propícia á solução. A divisão em duas comunidades por linhas
religiosas, nacionais e de classe sobrepostas, como ocorre, por exemplo,
numa cidade extremamente dividida como Jerusalém, é exemplo disso.
Quando as divisões étnicas e econômicas entre as várias comunidades em
vez de coincidir se cruzam, essa não-sobreposição facilita a coexistência e
a diluição comunitária em cidadãos “hifenizados”, como por exemplo, nos
EUA são os americanos-poloneses, americanos-irlandeses, americanos-
italianos etc. Mais importante do que a distância cultural parece a
existência de “tons de cinza”. Há na Bélgica, muitos graus de afiliação
simultânea a vários grupos lingüísticos. Existe no Brasil uma escala infinita
de graus de cor de pele que mitigam (mas também mascaram) a questão
racial.
2 ACESSO À JUSTIÇA
Dito isso, pode-se interpretar que a Constituição não vai excluir a apreciação
de qualquer lesão ou ameaça a direito, garantindo assim a eficácia das decisões
judiciais, beneficiando os jurisdicionados, ricos ou pobres, sem discriminação.
Por outro lado, falando das pessoas com mais recursos, não lhes falta
condições para contratar advogados qualificados, e isso nos faz ter uma visão de
que os ricos possuem uma justiça célere. A ideia é de que sendo representado por
um bom advogado, rico ou pobre presumidamente teria eficiente acesso à justiça.
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Todos nós temos uma noção de justiça, a qual está relacionada com a visão
que possuímos sobre o mundo e suas consequências. Pensar sobre justiça é acima
de tudo fazer uma relação entre o certo e o errado, e isso varia dentro das diversas
culturas. Como o acesso à justiça é uma característica básica do ser humano, é
necessário que todos tenham acesso à Justiça comum.
O acesso à justiça não está limitado ao contato com os tribunais, mas sim
com o Direito em si, a estrada que está entre as leis e o cidadão comum. A relação
está entre o Estado e o cidadão, tendo em vista que o Estado é um representante
político, com o poder e o dever de solucionar conflitos, e é soberano para impor a
qualquer membro da sociedade o cumprimento das leis.
Falando sobre a trajetória do acesso á justiça, podemos ver que ela está
ligada ás ideias iluministas que tiveram influência nos séculos XVIII e XIX, pois nesta
época o Estado não assumia compromissos com a população pelas prestações de
serviços jurídicos, cada cidadão era responsável pelos custos do processo sem
ajuda do Estado. E isso privilegiava a elite econômica, fazendo contradição dentro
de um avanço de ideias democráticas, e do momento histórico vivido.
justiça e foram várias as tentativas para minimizar, quer por parte do Estado
[...], quer por parte dos interesses organizados das classes sociais mais
débeis.
Segundo ele mesmo, esse sistema não apresentou muitas vantagens, pois
como não possuía motivação econômica, a qualidade dos serviços era muito baixa,
esses serviços eram prestados por advogados sem experiência e sem qualificação.
Então foi incumbido ao Estado novamente apresentar uma melhoria no serviço, para
que tivesse uma igualdade entre os cidadãos.
Após essas medidas, teria surgido então outro sistema, abordando algumas
das falhas do Judiciare, discutindo questões de direito publico, etc. O sistema diz
respeito à facilitação para o acesso à justiça, criando medidas que tornaria os
processos mais rápidos, o sistema judiciário tentando se enquadrar a sociedade
para poder atingir o maior número de pessoas possível.
23
A maneira como o Direito é visto aqui no Brasil é interessante, pois não houve
muitos estudos sociológicos antes da década de 80, surgiu a partir desta o interesse
no acesso a justiça. Ele veio impulsionado por diversos movimentos sociais, onde o
objetivo principal era sem dúvida o direito coletivo. O Brasil é um país que está sim
em um estágio evoluído dentro do acesso á justiça, mas na prática, apresenta
muitas desigualdades, como a própria diferença social e econômica.
O Código Civil, que foi escrito no ano de 1824 somente foi vigorado no ano de
1916, e o Código Criminal apenas em 1830, em seguida surgiu o Código de
Processo Criminal, em 1832.
Todo e qualquer resultado visível que decorre dos movimentos sociais que
tem tendência à democratização do acesso á justiça, como um portador da
efetivação de direitos individuais, sociais e coletivos, surgiram dentro do campo
legislativo, após a década de 80.
O acesso à ordem jurídica está ligado diretamente com a cidadania, por que o
direito de ter acesso á justiça é um direito que garante outros direitos, e também é
um meio de garantir a efetividade aos direitos de cidadania.
Essa preocupação não é de agora, pois pode se dizer que os direitos civis
que estiveram em vigor nos séculos XVIII e XIX, não eram igualitários e nem
estavam livres de falhas, eles asseguravam que a igualdade perante a lei não
existia, e que muitas vezes o direito mesmo estando lá, estava fora do alcance dos
indivíduos, mostrando a importância do Estado assegurar o acesso á justiça, como
uma garantia de direitos ligados á cidadania.
Ainda são muitos os obstáculos para um acesso efetivo e uma ordem jurídica
que seja justa. Marshall (1967, p. 80) afirma:
A ação processual [...] é muito cara. As custas do processo não são altas,
mas os honorários de advogado e as taxas cobradas pelo escrivão podem
representar quantias significativas. Uma vez que uma ação legal toma a
forma de um litígio, cada parte acha que suas possibilidades de ganhá-la
aumentarão se se utiliza dos serviços dos melhores defensores do que
aqueles empregados pela outra parte. Há é lógico uma dose de verdade
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nisso [...] torna-se difícil estimar com antecipação os custos de uma ação.
Além disso, nosso sistema segundo o qual a parte derrotada terá de arcar
com as custas aumenta o riso e a incerteza. Um indivíduo de recursos
limitados sabedor de que, no caso de perder a ação terá de pagar as custas
de seu oponente bem como as suas, pode facilmente, ser levado a aceitar
um acordo não satisfatório, principalmente se seu oponente é
suficientemente rico para não se preocupar com esses aspectos. E mesmo
no caso de ter ganhado de causa, aquilo que recebe deduzidos os
impostos, será em geral, inferior a seu gasto real. Assim sendo, foi induzido
a levar a seu caso adiante com gastos consideráveis, isto poderá
representar uma vitória de Pirro1. (MARSHAL, 1967, p. 82)
Precisamos nos focar nas medidas que são tomadas para superar esses
obstáculos, para a efetivação do acesso á justiça. O quadro social brasileiro, com
forte pobreza material e intelectual, mostrando com isso milhões de analfabetos,
sem condições de uma vida digna, muitas pessoas ocupando a periferia onde
apresentam precária informação jurídica, possuindo uma linguagem rebuscada, não
conseguem compreender a linguagem jurídica, necessitam de um profissional para
orientá-los. E só irão atrás de seus direitos se tiverem educação e informação para
isso.
1
Vitória pírrica ou vitória de Pirro é uma expressão utilizada para expressar uma vitória obtida a
alto preço, potencialmente acarretadora de prejuízos irreparáveis. Esta expressão tem origem em
Pirro, general grego que, tendo vencido a Batalha de Ásculo contra os Romanos com um número
considerável de baixas, ao receber os parabéns pela vitória tirada a ferros, teria dito preocupado:
"Mais uma vitória como esta, e estou perdido.” (Disponível em: <http://pt.wikipedia.org>. Acesso em:
22 set. 2014).
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O que todo mundo espera é uma igualdade no tratamento humano, que seja
justo para todos. Para que isso seja alcançado faz-se necessário que a igualdade
passe a fazer parte de nossa realidade, que ela seja exercida com efetividade,
deixando o plano da utopia e passe a existir, a ser verdadeira.
informação são pouco divulgadas, o cidadão acaba sendo privado de suas próprias
garantias constitucionais.
CONCLUSÃO
Não se pode falar em acesso à justiça para construção da cidadania sem falar
em educação, pilar fundamental na formação do indivíduo. O Estado precisa investir
prioritariamente na educação. O povo necessita de conhecimento para poder buscar
os seus direitos, só irá atrás deles se souber que os possui.
REFERÊNCIAS
BEDIN, Gilmar Antonio. Cidadania, direitos humanos e equidade. Ijuí: Ed. UNIJUÍ-
2012.
LEVI LOPES, Caetano. Algumas reflexões acerca do acesso à justiça. In: SANTOS,
Ernane Fidelis dos. Atualidades jurídicas. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 1993.