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As infecções por helmintos estão entre os mais frequentes agravos no mundo, estima-
se que o número de infectados seja de aproximadamente 3,5 bilhões de pessoas das
quais 450 milhões a maior parte crianças, estejam doentes. A cada ano acontecem
cerca de 6500 óbitos decorrentes de infecções por ancilostomídeos. A dermatite
serpiginosa, também conhecida por larva migrans cutânea (LMC) e popularmente
chamada de “bicho geográfico” é descrita como uma enfermidade de distribuição
global visto que seus principais hospedeiros naturais os cães e os gatos encontram-se
em praticamente todos os continentes habitados por seres humanos, ocorrendo com
maior prevalência em climas tropicais e subtropicais principalmente em países
emergentes e subdesenvolvidos onde as condições de saneamento básico e de
educação sanitária se mostram deficitárias e, as vezes, inexistentes. Os agentes
etiológicos mais frequentes da dermatite serpiginosa são o Ancylostoma spp e
Toxocara spp. A LMC é descrita como uma antropozoonose parasitaria acidental
envolvendo a penetração e migração errática de larvas L3 (forma filariforme) através
do tecido subcutâneo, formando trajetos larvais sobre a epiderme humana uma vez
que esta espécie não é o seu hospedeiro habitual e sendo assim os helmintos são
incapazes de completar seu ciclo evolutivo. Os hospedeiros definitivos de maior
importância na síndrome de LMC são os cães e gatos, uma vez que a associação é
restrita e íntima desses animais com o ser humano. Dentre os diversos fatores que
propiciam a ocorrência dessa enfermidade em várias regiões do Brasil estão os
ambientais, culturais e econômicos bem como o crescente aumento da população de
cães e gatos domiciliados e errantes, ausência de programas de tratamento periódicos
desses animais com anti-helmínticos, acesso livre de cães e gatos em áreas públicas
praias e clubes e até escolas onde a possibilidade de contaminação do solo por
helmintos de potencial zoonótico proveniente de fezes de cães e gatos parasitados
indica um risco a saúde pública, assim como precariedade em saneamento básico e o
desconhecimento de profissionais da saúde e da população sobre a LMC. No Brasil a
larva migrans é uma zoonose muito comum especialmente em comunidades carentes.
Soto et al. Diversas pesquisas realizadas em diferentes regiões do Brasil relataram a
alta taxa de contaminação em praças públicas, escolas e clubes. Soto FMR, Ferreira
F, Pinheiro SR, Nogari F, Risseto MR, Souza O, et al. Pesquisa sobre posse
responsável de cães e zoonoses junto a população no município de Ibiúna-SP.
In: Anais Congresso Latino Americano do Bem Estar Animal; 2000, São Paulo.
São Paulo: Associação Humanitária de Proteção e Bem Estar Animal; 2000. p.20-
32.
Em um estudo foram avaliadas amostras de 23 praças públicas, 18 escolas/creches
e sete clubes, totalizando 48 amostras de solo e areia, cada amostra composta de
cinco repetições (n=240). As praças públicas constituíram o local com maior nível de
contaminação (16/23) por ovos de Toxocara sp. e ovos e larvasde Ancylostoma sp.
Entre escolas/creches com 55,5% e clubes, com 57,1% o nível de contaminação
ambiental apresentou pequena variação, considerando-se o número de amostras com
presença de diferentes formas parasitárias. Somente os dados de contaminação por
ovos de Ancylostoma sp. foram analisados estatisticamente, sendo que as praças
públicas com 69,6% (16/23) apresentaram maior nível de contaminação (p<0,05) em
relação aos clubes e escolas/creches com 57,1% (4/7) e 55,6% (10/18),
respectivamente.
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