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TRABALHO DE DIREITO EMPRESARIAL I

ALUNO: LUIZ HENRIQUE MENEZES DE PAULA MACIEL RGM: 011.5099

PROFESSOR: ADEMOS ALVES DA SILVA JUNIOR

6° SEMESTRE A

ACORDÃO SOBRE PROPRIEDADE INDUSTRIAL

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL- AÇÃO DE ABSTENÇÃO DE ATO ILÍCITO


MARCÁRIO- PROPRIEDADE INDUSTRIAL- REGISTRO PERANTE INPI-
PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE DE MARCA- EXCLUSIVIDADE- DIREITO
EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL- RETIRADA DE CIRCULAÇÃO-
CONFUSÃO AO CONSUMIDOR- DANOS MATERIAIS- CONFIGURAÇÃO.
É direito exclusivo do titular da marca o seu uso, em todo o território nacional
desde que exista registro validamente expedido no Instituto Nacional da
Propriedade Industrial. Assegurada a sua propriedade e o uso monopolístico, é
ilícito o uso por terceiro da marca sem autorização do proprietário. Presumem-se
os danos materiais decorrentes da confusão gerada aos consumidores devido ao
uso indevido da marca.

(TJ-MG- AC: 1.0000.16.017619-4/003 MG, Relator: Valéria Rodrigues Queiroz,


Data de Julgamento: 20/10/2020, Câmara Cíveis/ 10° CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 28/10/2020).

APELAÇÃO CÍVEL, N° 1.0000.16.017619-4/003- COMARCA DE BELO


HORIZONTE- APELANTE (S): RESTAURANTE PUB KEI LTDA ME (parte
ré no processo de origem)- APELADO (A)(S): GAE COMERCIO DE
ALIMENTOS LTDA- ME (parte autora no processo de origem).

O presente acórdão foi julgado pelo tribunal de justiça de Minas Gerais com base num
pedido de apelação requerido pelo Restaurante Pub Kei LTDA, em face da sentença, julgada
parcialmente procedente, proferida pela 2° Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte,
em ação de Abstenção de ato Ilícito Marcário com pedido liminar.

A sentença parcialmente procedente do pedido inicial, em primeira instância,


determinava que a ré se abstivesse de utilizar a denominada marca ‘‘KEI’’ em todas as formas
de comunicação e em todos os veículos de mídia social, sob pena de multa diária no valor de
R$5.000,00 (cinco mil reais) limitando-se ao teto de R$500.000,00 (quinhentos mil reais) pelo
descumprimento de tal obrigação. Condenava a Ré ao pagamento de certo valor, após a
apuração em liquidação de sentença, pela forma de artigos, pelos danos matérias ocasionados.
E, por fim, obrigava a ré pelo pagamento de honorários advocatícios e as custas processuais,
ficando o primeiro fixado no percentual de 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa.

Utilizando-se do contraditório, a ré argumentou que não há como estabelecer uma


relação entre a marca com o nome ‘‘Keiko’’, por ser, este último, nome civil japonês, sendo
um termo comum e corriqueiro entre os japoneses, não havendo originalidade nem novidade
na utilização da expressão. Relatou, também, que ambas as empresas exerciam suas atividades
em praças diferentes, não ocorrendo nenhuma interferência na função de uma para a outra; e
finalizou, afirmando que não houve uma demonstração ou prova efetiva de perdas ou danos
pela parte autora da qual tenha sofrido. Assim, exigia o provimento da apelação e a reforma
da sentença, ocorrendo à improcedência do pedido inicial da autora.

O voto da relatora inicia-se estabelecendo os fatos e arguições colocados pela autora, as


quais sejam: que a mesma, executou o depósito do registro de sua marca no INPI no ano de
2010, possuindo o direito de usufruto e zelo até o prazo de 11/06/2023; esclarece que não
cedeu o direito de uso da marca para a ré e que esta utilizava de forma indevida tal nome,
mesmo após a autora ter notificado, de modo extrajudicial, requerendo que aquela parasse de
utilizar a marca, pois era propriedade validamente sua. Exigia que a ré não utilizasse mais o
termo ‘‘KEI’’, nem suas variações, sob pena de multa e pagamento de danos matérias e
morais. Após decisão interlocutória, foi deferido um pedido de antecipação de tutela em que a
ré deveria se abster de continuar utilizando a marca KEI em qualquer plataforma de mídia
social sob pena de multa. Em resposta, a parte ré protocolou um recurso de agravo de
instrumento em face da decisão interlocutória, na qual o Tribunal aceitou tal recurso,
liberando a ré para o uso da marca. A sentença, após as instruções processuais, determinou a
procedência parcial do pedido inicial da autora, obrigando a ré que se abstivesse de utilizar o
termo KEI e havendo a indenização por danos matérias.

Após fundamentação, a relatora dispõe que é evidente o uso indevido da marca pela
apelante/ré, pois o nome esta registrado em órgão competente pela titular. O pilar que sustenta
tal decisão é o da própria função do registro Industrial que é o de preservar e tutelar o nome
ou marca (assim como qualquer outra identificação de produto ou serviço no mercado),
assegurando o direito de zelo e usufruto do titular; assim como de estabelecer uma segurança
entre o empresário e o consumidor, permitindo que os produtos e serviços agreguem valor.
Por esta tese, a relatora argumenta que ‘‘[...] a utilização do nome comercial pode gerar
confusão no público, relacionando ambos os restaurantes como franquias, além de utilizar de
boa fama e qualidade do restaurante de propriedade do apelado, resultando, assim, em
concorrência desleal”. E por constatar a presente confusão que gerou entre os consumidores,
cabe indenização por danos matérias. Foi resguardada, ao seu turno, seguindo a
fundamentação, com base em entendimento do STJ, a ideia que a confusão gerada entre os
consumidores e a violação da proteção da marca em todo o território nacional acaba
destruindo a harmonia e a convivência entre o nome empresarial e a marca.
Portanto, a apelação é negada, mantendo os efeitos da sentença recorrida e condenando
a ré a cumprir as obrigações advindas da execução da sentença.

Achei o caso de extrema relevância, principalmente por abordar toda a gama e a


complexidade que A Propriedade Industrial possui. O desenvolvimento das relações
empresarias dentro da complexa evolução do mercado trazem os maiores impasses e conflitos
entre os indivíduos. A importância da Marca para estabelecer um parâmetro de proteção para
salvaguardar as qualidades e identidades próprias de certos produtos e serviços mostra-se
indiscutível. Respeitar o prazo para tal proteção, permitindo que o titular consiga desfrutar dos
efeitos da Marca; possuir o tempo necessário para que se possa agregar valor ao produto ou
serviço ganhando expressão no mercado, dentre outras características que tal matéria permite
abordar.

Em relação ao caso propriamente, a princípio cheguei a discordar da improcedência da


apelação, por validar as razões e argumentos trazidos pela ré/apelante. Não conseguia
observar nenhuma originalidade nem notoriedade que pudesse conceder a autora o direito de
se valer da proteção da Marca. Entretanto, por analisar a fundamentação, captar a real
importância dos efeitos que o instituto da Marca trás para o Direito Empresarial, protegendo,
assim, o titular durante certo lapso de tempo e em toda a circunscrição nacional, permitindo
um desenvolvimento mais saudável e salutar do negócio, convencendo-me da função primaz e
elementar da propriedade Industrial e seus efeitos de segurança empresarial. O embasamento
trazido pela relatora, com a jurisprudência do STJ, os comandos constitucionais (art.5°, inciso
XXIX), e os dispostos no art. 129 da Lei n°9.279/96, deixaram claro as preceitos
fundamentais de tal instituto empresarial.

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