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Introdução:

O Projeto de Lei 490 (PL 490) determina que são terras indígenas aquelas que
estavam ocupadas pelos povos tradicionais na data da promulgação da
Constituição, ou seja, cria um "marco temporal": só serão consideradas terras
indígenas os lugares ocupados por eles até o dia 5 de outubro de 1988.
Os povos indígenas alegam que o projeto de lei fere os
seus direitos e ameaça a sua vida cultural e territorial, já os ruralistas, afirmam
que o marco temporal garante segurança jurídica e direito à propriedade privada.
O marco temporal impacta diretamente a vida dos indígenas, ignorando o
histórico de expulsões e violência contra os diferentes povos, e reduzindo o
acesso ao direito originário de suas terras. Nesse trabalho vamos ver alguns dos
povos que são afetados pelo projeto.
Os Xokleng:
Os índios Xokleng de Santa Catarina, são os sobreviventes de um processo
brutal de colonização do sul do Brasil, iniciado em meados do século passado,
que quase os exterminou em sua totalidade.
No início dos anos 30, já tinham mais da metade de sua população reduzida
devido ao massacre realizado pelos colonizadores (De 400 indígenas para
apenas 100). Em 1976 inicia-se a construção de uma barragem em seu
território, que retira uma área utilizada pelo povo para a agricultura e inunda
95% da área cultivável.
O povo Xokleng reivindica suas terras tomadas durante a colonização, e é
contra o marco temporal, uma vez que suas terras foram retiradas antes de
1988, quando grande parte de seu povo já havia sido dizimado e já possuíam
apenas resquícios do que foram as terras Xokleng um dia.
Os Terena:
Os indígenas Terena formam a maior população indígena do Mato Grosso do
Sul. A proximidade com a capital, Campo Grande e a exposição a diversas
formas de exploração, a exemplo dos trabalhos nas lavouras de cana de açúcar,
fazem com que os Terena tenham sua resistência histórica colocada em dúvida
para que tenham suas terras deslegitimadas.
Como outros povos indígenas no Brasil, eles foram expulsos de seus
territórios tradicionais, e as demarcações realizadas ao longo dos anos não
consideraram as terras apropriadas indevidamente, confinando os Terena em
pequena parte de seu território.
Devido aos conflitos, a expulsão de suas terras originárias, os terenas não
ocupavam totalmente seu território originário em 1988, além disso, até hoje
possuem terras não demarcadas, o que lhes garantiria um território ainda menor
que o atual caso o projeto de lei do Marco temporal seja aprovado.

Os Uru-Eu-Wau-Wau:
Os Uru-eu-wau-wau, como eram conhecidos os Jupaú, é um povo que
habita a terra indígena Uru-Eu-Wau-Wau, no estado de Rondônia. O povo
começou a ganhar atenção quando começaram a aparecer com frequência na
mídia, a partir do início da década de 1970, quando o avanço da frente
expansionista sobre suas terras e os conflitos causados pelas invasões ganharam
a atenção dos grandes jornais.
A partir de 1980 foram iniciadas as frentes de contato da Funai, para
atração e pacificação, mas os conflitos continuaram acontecendo pelo menos
até 1985.
Seu território atual ainda sofre de invasões de grileiros, garimpos ilegais e
madeireiros, além disso, muitas de suas terras não foram demarcadas, e o povo
já não estava mais em seu território em 1988, criando a possiblidade de
perderem mais partes de seu atual território, bem menor ao originário.

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