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Introdução
Não é raro a falha no processo de medicação em centros hospitalares no mundo
todo. Entre as principais falhas tem-se a administração equivocada da dose de um
medicamento, a escolha incorreta da via de administração e o tipo de tecnologia que
está sendo empregado. Por isso, se faz fundamental refletir sobre a segurança dos
pacientes no uso de medicamentos.
Assim, vamos começar essa unidade discutindo um pouco melhor sobre
alguns dos conceitos importantes nessa área e sua relevância para nossa
atuação na atenção primária à saúde.
Discussão teórico-legal
Ainda que a atenção primária seja reconhecida como o principal ponto de contato
dos pacientes com o sistema de saúde, os estudos sobre segurança e,
consequentemente, sobre eventos adversos a medicamentos (EAM) são realizados,
em geral, em hospitais, tanto pela complexidade do cuidado hospitalar, como pela
maior dificuldade em estudar várias pequenas unidades em diferentes pontos das
cidades do que uma única instituição. Esse assunto é tão importante que a
Organização Mundial da Saúde, em 2012, reuniu um grupo de especialistas para
estudá-lo.
No âmbito da segurança do paciente, há vários termos e pouco consenso a respeito
dos mesmos. Falconer et al (2019), em uma revisão sobre o assunto chama a
atenção para a importância de harmonização da terminologia na área. Um exemplo é
que os termos Eventos Adversos a Medicamentos (EAM) e Reações Adversas
a Medicamentos (RAM), apesar de parecidos, indicam situações muito distintas.
Segue uma descrição de alguns dos termos-chave, empregados
rotineiramente na prática clínica.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um EAM é qualquer ocorrência
médica desfavorável, temporalmente associada com o tratamento, mas que não
possui, necessariamente, relação causal com o tratamento (ORGANIZACION
MUNDIAL DE LA SALUD, 2001). De forma mais abrangente, tem-se que um EAM é
um evento nocivo à saúde decorrente de: uma RAM, desvios da qualidade de
medicamentos, uso não aprovado de medicamentos (off label), interações
medicamentosas, inefetividade terapêutica total ou parcial, intoxicações relacionadas
a medicamentos, uso abusivo de medicamentos, erros de medicação potenciais e
reais (BRASIL, 2009).
Quer entender melhor os termos?
Há muitos glossários disponíveis na internet, seguem exemplos...
A RAM é definida pela OMS como: qualquer efeito nocivo e não intencional a um
medicamento que ocorre em doses normalmente usadas em seres humanos para
profilaxia, diagnóstico, tratamento de uma doença ou para modificação de funções
fisiológicas (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1972). O desvio de qualidade pode
ser detectado antes mesmo de ocasionar um EAM. Trata-se de afastamento dos
parâmetros de qualidade estabelecidos para um produto ou processo (BRASIL,
2010).
Ao contrário das RAM, as intoxicações medicamentosas são situações em que
ocorre um evento nocivo ocasionado pelo uso intencional ou não de um
medicamento em doses superiores àquelas habitualmente usadas na profilaxia,
diagnóstico, tratamento ou para modificação de funções fisiológicas (ANVISA, 2010).
O uso não aprovado de medicamentos (off label) é caracterizado pelo uso do
medicamento para indicações ainda não aprovadas – seja porque estudos estão
sendo realizados, seja porque não há movimento da agência regulatória para buscar
essa aprovação –, uma situação particularmente comum na pediatria, em que as
opções terapêuticas são limitadas (ANVISA, 2005; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2012).
Temos ainda o conceito de erros de medicação. Um erro de medicação é qualquer
evento que poderia ter sido evitado e que pode causar dano ao paciente ou levar ao
uso inadequado de medicamentos quando estes estão sob o controle de profissionais
de saúde, do paciente ou consumidor (NATIONAL COORDINATING COUNCIL FOR
MEDICATION ERROR REPORTING AND PREVENTION).
Independentemente da miscelânea de termos na área da segurança do
paciente, os profissionais de saúde devem estar muito atentos a situações
que aumentam o risco de eventos adversos a medicamentos.
De acordo com Gandhi et al. (2003), 39% dos EAM são passíveis de prevenção, ou
seja, “evitáveis”. Em uma revisão sistemática, a proporção de pacientes com EAM
“evitáveis” variou de 11% a 27,5% no cuidado ambulatorial (TACHÉ, SÖNNICHSEN,
ASHCROFT, 2011).
Embora algumas das situações envolvendo EAM sejam mais explícitas -
como a necessidade de evitar erros de medicação e o uso de medicamentos
em circunstâncias para as quais não foi estudado (uso não aprovado) -,
outras são mais difíceis de manejar. Por exemplo, com o envelhecimento
populacional e o aumento da incidência/prevalência de doenças
crônicas, interações medicamentosas, polifarmácia e o uso de
medicamentos considerados inapropriados para idosos têm sido alvo de
muitos estudos, principalmente porque são considerados causas de EAM que
poderiam ser evitados.
Interações medicamentosas são, na maioria das vezes, exploradas na prática
clínica, não contraindicadas (BERGK et al., 2004). Estudos realizados na atenção
primária e em hospitais brasileiros já revelaram que tão ou mais importante que
evitar associações contra-indicadas é os profissionais de saúde estarem atentos para
monitorar o paciente ou realizar o ajuste de dose de um ou ambos os fármacos
quando necessário (CRUCIOL-SOUZA; THOMSON, 2006; LIMA; CASSIANI, 2009;
KOPPITTE; STEFFENS; STEIN, 2010; TEIXEIRA et al., 2012; OBRELI-NETO et al.,
2012a; OBRELI-NETO et al., 2012b; MELO; RIBEIRO; STORPIRTIS, 2015). Um
desafio ao lidar com as interações medicamentosas é o fato de que varia muito o
número e conteúdo dos alertas de acordo com o livro, base de dados ou sistemas
consultados (MCEVOY et al., 2016; PHANSALKAR, 2013).
A polifarmácia aumenta o risco de RAM, sendo um dos principais fatores preditores
para interações medicamentosas (HOHL et al., 2001; GURWITZ et al., 2003;
NGUYEN et al., 2006; GALLAGHER et al., 2008). Uma revisão sistemática relatou que
5,3% das admissões hospitalares estão associadas a RAM, principalmente entre
pacientes idosos que recebem muitos medicamentos para doenças crônicas – a
proporção de internações relacionadas a RAM chega a 10,7% para esse subgrupo
(KONGKAEW; NOYCE; ASHCROFT, 2008).
Apesar de ser muito estudada, a definição de polifarmácia ainda não é consenso,
portanto pode ser caracterizada quantitativamente (número de medicamentos igual
ou superior a 4, 5 ou 9, dependendo do autor) ou qualitativamente (uso de mais
medicamentos que o necessário). No entanto, há consenso sobre os riscos da
polifarmácia e sobre a necessidade de tentar reduzir o número de medicamentos
prescritos.
Com o envelhecimento populacional, iniciaram-se discussões sobre os medicamentos
que não seriam recomendados para idosos devido ao seu potencial de risco,
especialmente aqueles que aumentam o risco de queda – principal causa de
mortalidade nos pacientes dessa faixa etária (WHO, 2007; EUROSAFE, 2013;
TINETTI, 2003; TODD, SKELTON, 2004. HESTEKIN et al, 2013).
Dessa forma, surgiram listas de medicamentos considerados inapropriados para uso
em idosos. Existem várias, mas a mais conhecida é a lista de Beers (AMERICAN
GERIATRICS SOCIETY, 2019; GUARALDO et al, 2011; HOLT, SCHMIEDL, THÜRMANN,
2010; O’MAHONY et al, 2015). Embora esses medicamentos devam ser evitados, seu
uso não é contraindicado, na maioria das vezes. Sempre que possível, devem ser
substituídos, mas, se for necessário usá-los, o paciente deve ser monitorado
para identificação precoce de RAM. Por vezes, como no caso da digoxina, é a
dose do medicamento que faz com que ele seja ou não considerado inapropriado.
De acordo com uma revisão sistemática, cerca de uma em cada cinco
prescrições para idosos na atenção primária são inapropriadas, sendo a
difenidramina, a amitriptilina e os benzodiazepínicos alguns dos fármacos
inapropriados mais prescritos (OPONDO et al., 2012).
VOCÊ SABIA?
Avaliação
da unidade
Questionário
Eventos adversos e/ou reações adversas a medicamentos são um problema pouco
comum na atenção primária e justamente por isso pouco discutidos, até porque os
medicamentos usados oferecem menor potencial de risco.
Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
Feedback
Você está certo!
Ainda que não tenhamos muitos dados a respeito da frequência de eventos e/ou reações
adversas a medicamentos na atenção primária, todos nós conhecemos alguém ou já
vivenciamos situações envolvendo danos (graves ou não) associados a farmacoterapia. Espera-
se que a gravidade desses eventos seja menor na atenção primária mas que a frequência seja
alta, principalmente com a intensificação do uso de medicamentos.
A resposta correta é 'Falso'.
Questão 2
Texto da questão
Os eventos adversos a medicamentos (EAM) compreendem tanto as situações que
ocorrem durante o uso adequado do medicamento (dose e posologia adequados, indicação
apropriada) quanto aqueles decorrentes do uso irracional dos medicamentos.
Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
Feedback
Você está certo!
Os EAM englobam todos os problemas que podem ocorrer durante o processo de uso de um
medicamento, incluindo erros de omissão de dose, por exemplo. Apesar não haver consenso na
terminologia empregada na área da farmacovigilância, esse é um dos pontos de concordância
entre as diversas instituições que escrevem sobre o assunto.
A resposta correta é 'Verdadeiro'.
Questão 3
Texto da questão
Os medicamentos disponíveis no SUS foram previamente avaliados em relação a
eficácia/efetividade e segurança. Dessa forma, só causam reações adversas quando
apresentam desvio de qualidade, ou seja, quando há falhas em seu processo de produção.
Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
Feedback
Você está certo!
Mesmo medicamentos que tenham bom perfil de segurança podem causar reações adversas,
inclusive de maior gravidade. Os desvios de qualidade são um outro problema, tão grave quanto
as reações adversas. O que se avalia para decidir se o medicamento é ou não incorporado é se
o perfil de segurança é aceitável e, sempre que possível, melhor do que as alternativas
terapêuticas.
A resposta correta é 'Falso'.
Questão 4
Texto da questão
Os medicamentos inapropriados a idosos tendem a se tornar um grave problema de
saúde pública a medida que a população envelhece e são vetados como opção terapêutica,
o que tende a deixar algumas doenças sem tratamento.
Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
Feedback
Você está certo!
Os medicamentos inapropriados são aqueles que, em comparação a outros, aumentam muito o
risco de eventos adversos a medicamentos (EAM). Eles devem ser evitados sempre que
possível mas não deixam de ser opções terapêuticas. Havendo a necessidade de uso, esse
paciente deve ser monitorado quanto ao(s) EAM(s) potenciais de maior frequência e/ou
gravidade.
A resposta correta é 'Falso'.
Questão 5
Texto da questão
Informação sobre as interações medicamentosas precisam ser divulgadas entre os
profissionais de saúde de forma a evitar o uso concomitante de medicamentos que interajam
já que na maioria das vezes resultam em danos graves ao paciente.
Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
Feedback
Infelizmente você não acertou.
As interações medicamentosas são muitas. Embora possa ser realizada intervenção educativa
de forma a evitar que ocorram aquelas que tem consequências mais graves, não há como os
profissionais de saúde “decorarem” toda informação sobre interações ou, mesmo sabendo de
todas as interações possíveis, evitá-las - principalmente com o envelhecimento populacional e
uso mais frequente de vários medicamentos. A maioria das interações tem dano potencial de
gravidade leve a moderada e demandam ajuste de dose e/ou monitoramento do paciente.
A resposta correta é 'Falso'.
Questão 6
Texto da questão
Mesmo medicamentos para tratamento de doenças crônicas, vulgarmente conhecidos
como “de uso contínuo”, precisam ter seu uso reavaliado periodicamente. É possível que o
paciente não mais se beneficie do uso do medicamento com o passar do tempo, seja por
melhora do quadro clínico ou por aumento do risco associado ao seu uso.
Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
Feedback
Você está certo!
Não existe medicamento de uso contínuo... Pelo menos não para sempre! Da mesma forma que
deve ser realizada análise de risco-benefício ao prescrever um medicamento - sobretudo
aqueles de uso por tempo prolongado -, deve-se reavaliar sua necessidade (indicação e
resultados terapêuticos) periodicamente.
Considerações Finais
Os profissionais de saúde da atenção primária devem estar aptos a identificar e
prevenir EAM, RAM e erros de medicação para garantir a segurança do paciente.
Além disso, deve-se avaliar frequentemente o processo de uso de medicamentos
com o intuito de identificar os pontos críticos e evitar tanto os erros de medicação
como os quase erros. É essencial que seja disseminada a cultura de segurança do
paciente no ambiente de trabalho e à população assistida para que o uso de
medicamentos seja seguro.
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Unidade 2: Promoção da prescrição e
dispensação segura de medicamentos
Seja bem-vindo à terceira e última unidade do módulo que tem por objetivo:
Conhecer o conceito de erros de medicação;
Identificar situações que aumentam o risco de erros de medicação;
Reconhecer os possíveis impactos desses erros na saúde dos pacientes.
Introdução
Os erros de medicação são um tópico importante, sobretudo porque os profissionais
de saúde têm dificuldades em lidar com essa questão. Além disso, na atenção
primária, não só os profissionais de saúde como também os pacientes podem
cometer erros de medicação, o que aumenta sua frequência e a relevância de
analisá-los para que possamos compreendê-los e evitá-los.
Discussão teórica/legal
Já apresentamos o conceito de erros de medicação como qualquer evento que
poderia ter sido evitado e que pode causar dano ao paciente ou levar ao uso
inadequado de medicamentos quando estes estão sob o controle de profissionais de
saúde, do paciente ou consumidor (NATIONAL COORDINATING COUNCIL FOR
MEDICATION ERROR REPORTING AND PREVENTION, 2016). A publicação que deu
início de maneira mais incisiva à discussão sobre a segurança do paciente foi o
relatório do Instituto de Medicina dos Estados Unidos (To Err is Human: Building a
Safer Health System), em 2001.
Entre os erros que podem ocorrer durante o processo de cuidado, os mais
comuns são aqueles relacionados a procedimentos cirúrgicos (27%), erros de
medicação (18,3%) e infecções associadas ao cuidado em saúde (12,2%) (WHO,
2017). A frequência dos erros de medicação tende a aumentar devido ao aumento
da proporção de pessoas em uso de medicamentos e do envelhecimento
populacional.
Na atenção primária, estima-se que de 5 a 50% de todos os erros sejam erros
administrativos, ou seja, aqueles associados aos sistemas e processos de prestação
de cuidados. Os erros administrativos ocorreriam entre cinco e 80 vezes por 100.000
consultas, entre eles, os erros de medicação (WHO, 2016; MCKAY et al., 2009;
MAKEHAM et al., 2008; SANDARS & ESMAIL, 2003).
Há pouca informação disponível sobre erros de medicação na atenção
primária, sendo que a maioria dos estudos relatam a frequência desses em
ambiente hospitalar. Em hospitais dos Estados Unidos (EUA), tem sido reportada
taxa de 4,8% a 5,3% de pacientes internados sujeitos a erros de medicação e/ou
eventos adversos a medicamentos (JIMÉNEZ MUÑIOZ et al., 2010; BATES et al.,
1995). Estima-se que os erros de medicação no âmbito do cuidado hospitalar
tenham provocado mais de 7 mil mortes por ano nos Estados Unidos, entre 1983 e
1993 (PHILLIPS; CHRISTENFELD; GLYNN, 1998).
O Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (ISMP) publicou uma lista
de medicamentos com grafias ou pronúncias semelhantes (AZEVEDO; ANACLETO;
ROSA, 2014; ISMP, 2016). A identificação consiste em destacar (maiúsculo e
negrito) as sílabas que diferenciam esses medicamentos, sendo fácil de ser
implementada no serviço. Por exemplo: aloPURinol x haloPERidol, calciTRIOL x
carVEDilol, cloZAPina x cloNIDina, prednisoLONA x predniSONA. A outra opção seria
o uso de cores para diferenciar os bins (caixas em que são armazenados os
medicamentos no local de realização da dispensação dos medicamentos).
Comunicação
Relatar erros – alguém já fez isso?
Em 2006, nos Estados Unidos, a Agency for Health care Research and
Quality começou a desenvolver e testar um sistema nacional para relato de eventos
com medicamentos para ambulatórios que foi denominado Medication Error and
Adverse Drug Event Reporting System (MEADERS). Hickner et al. (2010) conduziram
um teste desse sistema, por meio do qual, durante10 semanas, 220 médicos e
equipes de 24 ambulatórios reportaram erros e eventos adversos a medicamentos.
Foram notificados 507 eventos de forma anônima, com tempo médio de 4,3 minutos
para cada relato. A maioria dos eventos relatados foram erros de medicação (357;
70%); o que mais contribui para os erros ou para os EAM foram os problemas de
comunicação (41%); e o tempo foi citado como principal barreira para o relato.
Parnes et al. (2007) conduziram um estudo de 3 anos sobre erros de medicação. Ao
longo desse período, os médicos e suas equipes relatavam voluntariamente erros de
medicação identificados durante o cuidado em duas redes de atenção primária à
saúde (APS). Além de relatar, os profissionais deveriam classificar os eventos e
identificar situações que poderiam ser melhoradas a fim de evitá-los. Em 80% das
notificações de erros, havia também sugestão de melhorias da prática clínica. Esse
estudo demonstrou que prover sistemas eletrônicos ou propor modelos para evitar
erros é tão ou mais importante que disseminar uma cultura de segurança entre
pacientes e equipe de saúde, encorajando-os a ser vigilantes e a propor soluções.
Na Malásia, existe um sistema nacional de relato de erros. Entre 2009 e 2012, foram
relatados 17.357 incidentes, a maioria em hospitais públicos. Erros de dose foram os
mais comuns (30,7%), e os medicamentos cardiovasculares (25,4%) foram os mais
frequentemente citados (SAMSIAH et al., 2016b). No Egito, de junho a dezembro de
2014, 50 hospitais relataram 12 mil erros de medicação. Os tipos de erros mais
comuns foram de prescrição (54%), monitorização (25%) e administração (16%)
(SHEHATA; SABRI; ELMELEGY, 2016).
E eu, como faço para relatar?
No Brasil, ainda são poucas as instituições, em sua grande maioria hospitalares, que
têm já formalizado um sistema de relato de erros ou eventos.
Procure saber se no seu município ou no serviço de saúde em que atua
existe um sistema de relato de erros.
Avaliação
da unidade
Questionário
Vários são os fatores que podem contribuir para a prescrição e dispensação segura
de medicamentos. A compreensão dos erros de medicação é muito importante pois permite
identifica-los e estuda-los de forma a evita-los no futuro, tal qual é realizado quando se
analisa a caixa preta de um avião que caiu.
Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
Feedback
Você está certo!
Quanto melhor entendermos o erro e os fatores que contribuíram para que esse erro ocorresse,
melhor será nosso plano de ação para evitar que o mesmo erro ocorra novamente.
A resposta correta é 'Verdadeiro'.
Questão 2
Texto da questão
No cotidiano dos serviços de saúde de atenção primária, a ocorrência de erros é
comum mas os danos são de gravidade quase sempre leve ou mesmo sem danos. Portanto,
só há necessidade de investigação dos erros que causam danos graves aos pacientes.
Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
Feedback
Você está certo!
Essa afirmativa é falsa. Identificando e trabalhando para evitar os erros que causam danos de
menor gravidade e que são mais frequentes, cria-se a cultura de promover a segurança do
paciente. Além disso, trabalhando-se para evitar a ocorrência de novos erros - mesmo aqueles
que não tenham causado danos ao paciente -, evitam-se também os que resultariam em
problemas de maior gravidade.
A resposta correta é 'Falso'.
Questão 3
Texto da questão
Tão importante quanto identificar os erros de medicação para evitá-los é encontrar os
culpados para que sejam devidamente punidos, o que contribuirá para reduzir a insatisfação
de pacientes e/ou familiares.
Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
Feedback
Você está certo!
Cada vez mais tem se abandonado a cultura da punição e a cultura da promoção da segurança
do paciente tem sido promovida. A maioria dos erros, principalmente na atenção primária, tem
baixo potencial de danos mas sinalizam problemas no processo de cuidado que merecem
atenção. Eles devem ser vistos como oportunidade de melhoria e na maioria das vezes não cabe
punição. Na realidade, essa cultura de punição inibe o relato de erros, impossibilitando que
sejam melhor compreendidos e evitados no futuro.
A resposta correta é 'Falso'.
Questão 4
Texto da questão
É comum que o erro de medicação seja identificado por outro profissional da equipe
de saúde, inclusive por profissionais de outra categoria. Assim, deve-se promover um
ambiente de cooperação e confiança mútua para que os erros sejam relatados e evitados.
Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
Feedback
Você está certo!
A equipe multiprofissional deve se ajudar no intuito de identificar problemas, discuti-los e
priorizar comportamentos que possam reduzir a ocorrência de erros de medicação. O mais
importante é que se evite o dano ao paciente e que esse se repita.
A resposta correta é 'Verdadeiro'.
Links úteis
Os Links listados a seguir não são de responsabilidade da UNASUS. Apenas foram selecionados e
indicados por apresentarem informações úteis para os interessados em aprofundar seu
conhecimento sobre os assuntos aqui discutidos.
Erros de medicação
Segurança do Paciente
Considerações Finais
Sempre que se fala de erro, há um desconforto, pois, historicamente, estivemos em
contato com uma cultura voltada para encontrar o culpado e puni-lo. Atualmente, no
entanto, discute-se o erro sob outro aspecto, ou seja, identificar o erro e as
condições que o propiciaram para avaliar quais etapas do processo de cuidado
precisam ser revistas de forma a evitar que erros similares continuem a ocorrer.
Referências
AZEVEDO, E. A.; ANACLETO, T. A.; ROSA, M. B. Nomes de medicamentos com grafia
ou som semelhantes: como evitar os erros? Boletim ISMP Brasil, v. 3, n. 6, p. 3-7,
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WHO. Administrative Errors: Technical Series on Safer Primary Care. Geneva: World
Health Organization; 2016. Licence: CC BY-NC-SA 3.0 IGO.
Unidade 3: O papel dos profissionais de
saúde na notificação de Reações Adversas a
Medicamentos
Seja bem-vindo à terceira e última unidade do módulo que tem por objetivo:
Identificar os elementos facilitadores ou barreiras no processo de notificação
de RAM;
Reconhecer como pode ser realizada a notificação de suspeita de RAM.
Introdução
É muito importante notificar desvios de qualidade de medicamentos, genéricos ou
não. Para isso, existe o Vigimed, sistema de notificação de eventos adversos da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), recentemente implementado em
substituição ao Sistema Nacional de Notificações para a Vigilância Sanitária
(NOTIVISA).
Nesse contexto, os conceitos de Evento Adverso a Medicamento (EAM) e Reação
Adversa a Medicamento (RAM), bem como a relevância de relatos de erros de
medicação surgem e contribuem com a melhora da qualidade na prestação de
serviços em saúde e para evitar EAM futuros. Agora vamos falar sobre a notificação
de suspeitas de RAM, ou seja, situações nas quais existe a possibilidade de um
medicamento ter causado dano.
Discussão teórica/legal
Um sistema de notificação de suspeita de reações adversas a medicamentos é
essencial para que possa ser realizado o acompanhamento pós-comercialização dos
medicamentos no mercado. No entanto, esse continua sendo um desafio, pois é
comum a subnotificação em âmbito hospitalar e, principalmente, ambulatorial
(MATOS; VAN HUNSEL; JOAQUIM, 2015; VAN HUNSEL; HÄRMARK; VAN
GROOTHEEST, 2010; THERAPEUTIC GOODS ADMINISTRATION, 2012; WISE, 2013;
GONZÁLEZ-RUBIO et al., 2011).
VOCÊ SABIA?
Falta de conhecimento do assunto, ou seja, não saber o que é
necessário para a notificação, para quem notificar e quais as informações
devem ser passadas;
Letargia, devido à falta de interesse ou de tempo ou à procrastinação;
Insegurança em notificar uma suspeita de RAM pelo receio de ser
considerado profissional pouco qualificado, caso a relação causal não seja
estabelecida;
Indiferença, devido à crença de que isso não vai mudar nada;
Complacência, por acreditar que medicamentos comercializados já
foram avaliados por agências regulatórias e, portanto, são seguros;
Incerteza/desconfiança, ou seja, achar que só devem ser notificadas
situações em que não haja dúvidas sobre a relação entre o dano e o uso
do medicamento;
Medo de envolver-se em questões legais ou investigações;
Culpa por ter administrado ou prescrito medicamento que foi o
responsável pelo dano ao paciente;
Ambição de publicar os dados posteriormente;
Financeiro, por acreditar que é necessário receber incentivo financeiro
para realizar mais uma tarefa.
Isso é diferente de acordo com a formação dos profissionais de saúde ou os
cenários de atuação?
Para alguns aspectos, sim. Um estudo realizado com 30 médicos, 30 profissionais da
enfermagem e 20 farmacêuticos de Portugal, utilizando a aplicação de um
questionário validado (DOS SANTOS PERNAS et al., 2012), demonstrou que:
Avaliação
da unidade
Questionário
Falso
Feedback
Você está certo!
As RAMs ocorrem em situações normais de uso do medicamento, portanto não são
consequências de erros de medicação. Embora algumas sejam previsíveis e possamos
monitorar sua ocorrência e mesmo evitar que a situação do paciente se agrave, outras são
idiopáticas – essas geralmente são de maior gravidade e não podem ser evitadas.
A resposta correta é 'Verdadeiro'.
Questão 2
Texto da questão
As reações adversas a medicamentos (RAM) são identificadas no ensaio clínico na
etapa pré-comercialização e monitoradas pela vigilância sanitário. O nosso papel como
profissional de saúde é apenas manter-se atualizado a respeito das mudanças de bula
ocorridas no pós comercialização.
Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
Feedback
Você está certo!
O nosso papel como profissional de saúde é muito maior. Precisamos notificar possíveis RAM às
autoridades sanitárias de forma a permitir o correto monitoramento da frequência e gravidade
das RAM que ocorrem com os medicamentos. Durante o ensaio clínico, somente as RAM mais
comuns são identificadas.
A resposta correta é 'Falso'.
Questão 3
Texto da questão
Antes de notificar uma reação adversa a medicamento (RAM), é preciso verificar na
bula se essa é uma RAM conhecida do medicamento. Se a RAM não estiver na descrição
da bula, o mais provável é que você tenha se enganado quanto a causa do problema do
paciente.
Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
Feedback
Você está certo!
Essa afirmativa é falsa. Várias RAM podem passar despercebidas durante os estudos pré-
comercialização e mesmo durante anos de uso do medicamento. Isso porque algumas RAM são
pouco frequentes ou só ocorrem após tempo de uso prolongado do medicamento. É justamente
com a contribuição dos profissionais de saúde que notificam que as bulas podem ser
aperfeiçoadas.
A resposta correta é 'Falso'.
Questão 4
Texto da questão
Não basta notificar a Reação Adversa ao Medicamento (RAM). É preciso preencher a
notificação de forma que as autoridades sanitárias ou a equipe do Núcleo de Segurança do
Paciente possam avaliar a relação causal entre o dano e o uso do medicamento.
Escolha uma opção:
Verdadeiro
Falso
Feedback
Você está certo!
As notificações são muito importantes mas se preenchidas de forma incompleta, impedem a
análise de causalidade. É a análise de causalidade de uma notificação de RAM grave ou muitas
notificações de RAM de gravidade leve a moderada que levará a identificação de um sinal, ou
seja, de algo que deva ser melhor investigado.
A resposta correta é 'Verdadeiro'.
Considerações Finais
A farmacovigilância, ou seja, a vigilância às EAM, é uma atividade que depende da
atuação da equipe multidisciplinar. Da mesma forma que é importante conhecer os
erros para evitar repeti-los, devemos promover a notificação de suspeita de RAM
para que as situações nas quais o medicamento traz mais risco que benefícios
possam ser identificadas.
Referências
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