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3

Roberta Machado Alves


(Organizadora)

PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM
GERONTOLOGIA

1ª Edição

Belém-PA

2020
4

https://doi.org/10.46898/rfb.9786558890614

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP).

P474

Pesquisas multidisciplinares em gerontologia [recurso digital] / Roberta


Machado Alves (Organizadora). -- 1. ed. -- Belém: RFB Editora, 2020.
1.916 kB; PDF: il.
Inclui Bibliografia.
Modo de acesso: www.rfbeditora.com.

ISBN: 978-65-5889-061-4
DOI: 10.46898/rfb.9786558890614

1. Gerontologia. 2. Pesquisa. 3. Estudo.


I. Título.

CDD 614.52
5

Copyright © 2020 Edição brasileira.


by RFB Editora.
Copyright © 2020 Texto.
by Autores.

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fica e gramatical, é de responsabilidade excluvisa do(s) autor(es).
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UFMA. UFMA.
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UFOPA. - UFSJ.
Prof.ª Drª. Ana Angelica Mathias Macedo Prof.ª Drª. Isabella Macário Ferro Caval-
- IFMA. canti - UFPE.
Prof. Me. Francisco Robson Alves da Sil-
va - IFPA.
Prof.ª Drª. Elizabeth Gomes Souza -
UFPA.

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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO...................................................................................................................9

CAPÍTULO 1
SINTOMAS DEPRESSIVOS NA POPULAÇÃO IDOSA NO PERÍODO DE CO-
VID-19......................................................................................................................................11
ALVES, Roberta Machado
COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino
OLIVEIRA, Tatiana Maria de
DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.1

CAPÍTULO 2
REPERCUSSÕES PSICOLÓGICAS DA PANDEMIA DA COVID-19 EM IDOSOS:
REVISÃO INTEGRATIVA..................................................................................................21
LUCENA, Brunno Alves de
DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.2

CAPÍTULO 3
IMPACTOS DA COVID-19 NA SEGURANÇA ALIMENTAR DA PESSOA IDOSA:
UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA...................................................37
OLIVEIRA, Tatiana Maria de
COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino
ALVES, Roberta Machado
DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.3

CAPÍTULO 4
CONSUMIDOR IDOSO E A HIPER VULNERABILIDADE NAS PRÁTICAS ABU-
SIVAS E NAS RELAÇÕES DE CONSUMO....................................................................47
MACHADO, Ana Karina da Cruz
ALVES, Roberta Machado
OLIVEIRA, Hilderline Câmara de
DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.4

CAPÍTULO 5
IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 SOBRE A VIOLÊNCIA DIRECIONA-
DA A PESSOA IDOSA.........................................................................................................59
ARAÚJO, Mayara Priscilla Dantas
ALVES, Roberta Machado
COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino
OLIVEIRA, Tatiana Maria de
ARAÚJO, Melissa de Oliveira
DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.5

CAPÍTULO 6
AURICULOTERAPIA COMO TERAPIA COMPLEMENTAR NO TRATAMENTO
DO TABAGISMO EM IDOSOS NO MUNICÍPIO DE LAGOA DE VELHOS/RN �����67
PAULA, Tatiana Pimentel
MACHADO, Ana Karina da Cruz
DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.6
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CAPÍTULO 7
SAÚDE E ENVELHECIMENTO DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS NO SISTEMA
PRISIONAL: UMA REFLEXÃO FRENTE A ADPF 527 DA ABGLT...........................75
TOMAZ, Jufran Alves
DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.7

CAPÍTULO 8
CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA PARA O DIAGNÓSTICO PRECO-
CE DA DOENÇA DE ALZHEIMER: UMA REFLEXÃO TEÓRICA............................83
NOBRE, Maria Jeovaneide Ferreira
ALVES, Roberta Machado
DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.8

CAPÍTULO 9
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D EM IDOSOS COM ARTRITE REUMA-
TOIDE: RELAÇÃO COM A MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA...................93
MACHADO, Aída Cruz
MACHADO, Ana Karina da Cruz
ALVES, Roberta Machado
DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.9

CAPÍTULO 10
FATORES BIOPSICOSSOCIAIS DA APOSENTADORIA PARA A PESSOA
IDOSA....................................................................................................................................103
MORENO, Lauranery de Deus
ALVES, Roberta Machado
DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.10

CAPÍTULO 11
EXAME CITOPATOLÓGICO EM IDOSAS: A CORRESPONSABILIZAÇÃO NO
CUIDADO A SAÚDE CONTRA O CÂNCER CERVICO-UTERINO......................109
NOGUEIRA, Maria Izabel dos Santos
DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.11

CAPÍTULO 12
IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS E SINTOMAS DEPRESSIVOS: A IMPOR-
TÂNCIA DO SUPORTE FAMILIAR...............................................................................119
SILVA, Ricardo Lourenço da Silva
NOGUEIRA, Maria Izabel dos Santos
DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.12

ÍNDICE REMISSIVO..........................................................................................................128
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PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

APRESENTAÇÃO
A pesquisa em saúde é uma importante ferramenta para a melhoria da situação
de saúde das populações. Essa ferramenta serve como subsídio para tomadas de deci-
sões na definição de políticas e no planejamento em saúde, além de contribuir com la-
cunas na literatura. Nesse sentido, o livro “Pesquisas multidisciplinares em Gerontolo-
gia” trata sobre investigações científicas, pautadas nas necessidades dessa população,
importantes para o planejamento e aplicação no cotidiano das práticas assistenciais
nos diferentes níveis de saúde.

Portanto, nosso intuito é disponibilizar por meio eletrônico e gratuito, conteúdos


que devem ser discutidos nos espaços acadêmicos e assistenciais. Ressaltamos que
não possuímos conflitos de interesse e estendemos o desejo que todos e todas tenham
uma boa experiencia de leitura com essa obra, assim como os convidamos a divulgar
o nosso material.
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CAPÍTULO 1

SINTOMAS DEPRESSIVOS NA POPULAÇÃO


IDOSA NO PERÍODO DE COVID-19

ALVES, Roberta Machado1


COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino2
OLIVEIRA, Tatiana Maria de3

DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.1

1  Psicóloga. Especialista em Saúde Coletiva e Saúde Mental. Especialista em Avaliação Psicológica. Especialista em
Psicologia Hospitalar e da Saúde. Especialista em UTI Geral e Assistência Intensiva ao Paciente Crítico. Mestranda em
Saúde Coletiva – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Email: psirobertaalves@gmail.com l ORCID:
0000-0003-1697-1015
2  Psicóloga. Especialista em Neuropsicologia Clínica. Mestranda em Saúde Coletiva – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN).
Email: vanessa.goes.11@gmail.com l ORCID: 0000-0001-7562-0034
3 Nutricionista. Especialista em Saúde da Família. Mestranda em Saúde Coletiva – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN).
Email: tatianam_oliveira@hotmail.com l ORCID: 0000-0001-6401-1938
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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RESUMO

F oi realizada uma revisão integrativa da literatura com o objetivo de identificar


sintomas depressivos na população idosa durante o período de COVID-19.
Foi realizada uma busca nas bases de dados do PubMed, Medline e Europe PubMed
Central, com os seguintes descritores e palavras-chave: COVID-19, depressão e ido-
sos. A busca revelou 327 estudos, destes, 9 cumpriram os critérios de inclusão. Obser-
vou-se que sintomas depressivos estavam presentes na pessoa idosa, além de outras
comorbidades, como sintomas ansiosos, existindo para estes, uma correlação com as
medidas de quarentena, isolamento e distanciamento social. Porém, observou-se que
a prática de atividades físicas apresentaram-se como uma forma de enfrentamento aos
sintomas depressivos. Assim, reafirma-se a necessidade de pesquisas com abordagens
e métodos adequados para esse grupo geracional e que apresentem estratégias de
enfrentamento à depressão.

Palavras-chave: COVID-19. Depressão. Idoso.

INTRODUÇÃO

Uma síndrome respiratória causada por um vírus da família do coronavírus ini-


ciou-se na província de Wuhan na China no final do ano de 2019, se espalhando rapi-
damente e tomando proporção a nível global, sendo decretado como pandemia pela
Organização Mundial de Saúde no início do ano de 2020 e sendo registrado até o dia 13
de Outubro do mesmo ano um total de 5.140.863 casos no Brasil, 38.351.539 no mundo
e 1.089.186 mortes pelo novo coronavírus. (OPAS/OMS BRASIL, 2020), configurando-
-se a maior emergência de saúde pública enfrentada pela comunidade internacional
em décadas.

Além das preocupações relacionadas à saúde física, a pandemia traz também


preocupações relacionadas ao sofrimento psíquico que a população pode vivenciar.
Isto porque, a principal medida de prevenção e controle da doença é o isolamento so-
cial, que por sua vez é um agente estressor em uma sociedade movimentada como a
contemporânea. Esse fato impacta os grupos sociais de formas diferentes. Na terceira
idade essa angústia pode ser potencializada, quando o medo de estar distante de seus
entes queridos é somatizado as preocupações do avanço da idade.

Estudos sobre implicações na saúde mental da pessoa idosa em decorrência da


pandemia do novo coronavírus ainda são escassos, por se tratar de um fenômeno re-
cente e de uma população pouco estudada, mas os poucos existentes apontam para
repercussões negativas importantes. O número de pessoas psicologicamente afetadas
costuma ser maior que o de pessoas acometidas pela infecção, sendo estimado que um

ALVES, Roberta Machado


COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino
OLIVEIRA, Tatiana Maria de
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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terço a metade da população possa apresentar consequências psicológicas e psiquiá-


tricas caso não recebam cuidados adequados (CEPEDES 2020; ORNELL et al, 2020).

Dessa forma, essa revisão integrativa de literatura visa identificar sintomas de-
pressivos na população idosa no período de COVID-19, reafirma-se que esse estudo
é de suma importância para problemas que inferem na saúde mental do idoso, uma
vez que, a partir desse conhecimento será possível a elaboração de estratégias não só
de monitoramento, mas de intervenção precoce de forma a minimizar os sintomas
manifestações presentes, prevenindo a ocorrência, deteriorações emocionais e agravos
psicológicos.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, cuja metodologia possibilita


que inclua estudos com diferentes enfoques metodológicos (CARNEIRO et al. 2020).

O presente estudo foi construído com base nas seguintes etapas: (1) definição
do tema, objetivo e problemática de pesquisa; (2) definição das estratégias de busca e
levantamento do material bibliográfico científico; (3) avaliação e análise crítica dos da-
dos bibliográficos encontrados; exposição e discussão dos resultados; (4) apresentação
íntegra da revisão integrativa de literatura (CARNEIRO et al. 2020).

Para o levantamento do material bibliográfico foram utilizadas as seguintes fon-


tes: PubMed, Medline e Europe PubMed Central (Europe PMC). Foram utilizados para
a busca nas bases de dados, Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject
Headings (MeSH) acompanhados de palavras-chave, complementados pelos operado-
res booleanos “AND” e “OR”. O Quadro 1 ilustra as estratégias de busca utilizadas em
cada base de dados para a localização dos estudos científicos.

Capítulo 1
SINTOMAS DEPRESSIVOS NA POPULAÇÃO IDOSA NO PERÍODO DE COVID-19
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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Quadro 1. Estratégias de busca utilizadas por bases de dados.

Bases de dados Estratégia de busca

PubMed COVID-19 AND (Depression OR Psychological) AND


(Elderly OR "Older Adults" OR Geriatrics OR Aging)

Medline (COVID-19) AND (Idoso) AND (Depressão)

Europe PMC Depression OR "Depressive Disorder" AND Aged AND


Coronavirus infections

Fonte: Autores.

Foram estabelecidos como critérios de inclusão: pesquisas realizadas com indi-


víduos com 60 anos ou mais, independentemente do gênero e status socioeconômico;
que abordassem como objeto de estudo a depressão em pessoas idosas no período de
pandemia de COVID-19; disponíveis para leitura na íntegra. Além disso, pesquisas
que abordaram transtornos mentais, além de depressão, em seus objetivos, foram in-
cluídas. Porém, pesquisas que não apresentaram uma classificação bem definida de
depressão, ou que não abordasse o transtorno depressivo, que não foram desenvol-
vidas com pessoas idosas e que não foram construídas no contexto da pandemia de
COVID-19, foram excluídas.

As buscas foram realizadas no mês de outubro de 2020. Na etapa de seleção dos


estudos, inicialmente, foram excluídos os títulos duplicados, em seguida, avaliou-se
os títulos e resumos e, após, as publicações que contemplaram os critérios de inclusão
foram lidas na íntegra. A análise foi conduzida por dois revisores independentes.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A combinação dos descritores e palavras-chave revelou (n=327) estudos, nas ba-


ses de dados PubMed (n=200), Medline (n=49) e Europe PMC (n=78). Em seguida,
foram excluídos estudos com título e resumo duplicado (n=33), e cuja temática e con-
teúdo não estava compatível à proposta do presente estudo (n=236). No total, (n=58)
artigos foram selecionados para sua leitura na íntegra, destes, foi observado que (n=9)
cumpriram os critérios de inclusão, tornando-se dessa forma, o corpus da análise do
presente estudo.

ALVES, Roberta Machado


COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino
OLIVEIRA, Tatiana Maria de
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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O Quadro 2 apresenta os autores, o país, o tamanho da amostra, assim como os


principais resultados e conclusões dos achados científicos.

Quadro 2. Descrição dos estudos incluídos na presente revisão.

Autores País Amostra Principais resultados e


(n=população conclusões
idosa)

Hui Meng et China 1556 Os resultados indicaram que


al. (2020) 37,1% da população idosa
experimentaram ansiedade e
depressão durante a
pandemia de COVID-19, e as
mulheres apresentaram
experimentar mais do que
homens.

Bobes- Espanha 2194 Os sintomas evitativos e


Bascarán et al. depressivos foram
(2020) prevalentes na amostra
(31,1%) e (25,6%)
respectivamente,
independente do estado de
saúde mental.

Carriedo et al. Espanha 483 Pessoas idosas que


(2020) praticaram atividades físicas
durante a quarentena
apresentaram menores
sintomas depressivos e maior
nível de resiliência e afeto
positivo.

Gorrochategi Espanha 290 A maioria não apresentaram


et al. (2020) sintomas de estresse,
depressão e ansiedade, porém
pessoas com 66 anos ou mais
e portadores de doenças
crônicas apresentam níveis
leves, moderados, graves e
extremamente graves em
todos os três sintomas.

Uvais (2020) Índia 4 As pessoas idosas foram


diagnosticadas com: uma com
transtorno do pânico, duas
com transtorno depressivo
recorrente, uma com afeto
ansioso.

Capítulo 1
SINTOMAS DEPRESSIVOS NA POPULAÇÃO IDOSA NO PERÍODO DE COVID-19
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

16

Parlapani et Grécia 103 81,6% dos participantes


al. (2020) apresentaram sintomas
depressivos moderados a
graves, 84,5% sintomas
ansiosos de moderados a
graves e 37,9% apresentaram
perturbações do sono.

Krendl; Perry Estados 93 Os participantes relataram


(2020) Unidos da maior depressão e maior
América solidão após o início da
pandemia.

Callow et al. Estados 1.046 As pessoas idosas que


(2020) Unidos da realizaram maiores níveis de
América atividade física apresentaram
níveis mais baixos de
sintomas depressivos.

França 58 com doença de As pessoas idosas relataram


El Haj Alzheimer de sentir maior sintoma
et al. (2020) casas de repousos depressivo (p=0,005) e
ansioso (p=0,004) durante o
período de COVID-19 do que
antes da pandemia.

Fonte: Autores.

Os maiores danos decorrentes do isolamento social nos idosos são percebidos


principalmente pela soma das condições de vida específicas da pessoa idosa, uma vez
que a maioria desses moram sozinhos, com o/a companheiro (a), ou em casas de re-
pouso (WANG et al.,2020). Além disso, algumas comorbidades, como hipertensão,
diabetes e problemas renais presentes em parte da população, aumentam o risco de
agravamento dos casos e mortalidade entre os idosos, tornando alarmante o índice
de mortalidade de idosos acometidos pelo vírus com mais de 60 anos que é de
8,8% e em idosos com mais de 80 anos 14,8% (NUNES et al., 2020)

Entre os fatores de estresse, nesse momento, inclui-se o próprio isolamento, o


medo de ser contaminado, o tédio, as informações insuficientes, a situação financeira,
e a frustração devido à incerteza de quando a situação será controlada Brooks (2020).
Esse cenário se agrava também pela difusão de mitos e informações equivocadas sobre
a infecção e as medidas de prevenção, assim como pela dificuldade da população geral
em compreender as orientações das autoridades sanitárias (BAO et al., 2020).

ALVES, Roberta Machado


COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino
OLIVEIRA, Tatiana Maria de
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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Em pesquisa realizada na Índia, os idosos revelaram pânico e insônia após acom-


panhar as notícias da pandemia em noticiários e na mídia geral, onde 75% afirmaram
a necessidade de oferecer cuidados mentais a população idosa, e mais de 80% reco-
nheceram necessitar desse tipo de intervenção (ROY et al., 2020). A pandemia do novo
coronavírus pode impactar a saúde mental e o bem-estar psicológico também devido
a mudanças nas rotinas e nas relações familiares (CLUVER et al., 2020; ORNELL et al.,
2020).

Os dados epidemiológicos de pesquisas realizadas nos Estados Unidos corrobo-


ram com esse estudo, enfatizando um crescimento das taxas de suicídio entre idosos
durante o isolamento, destacando a urgência de estudos mais específicos sobre a saúde
mental de idosos nessas condições (VAHIA et al., 2020), esses números já mereciam
atenção antes mesmo da pandemia, Dados do Ministério da Saúde (2018), apontam
para a alta taxa de suicídio entre idosos com mais de 70 anos. Nessa faixa etária, foi
registrada a taxa média de 8,9 mortes por 100 mil nos últimos seis anos, sendo a taxa
média nacional é 5,5 por 100 mil (OMS, 2018).

Transtornos afetivos e principalmente depressão são sintomas associados à idea-


ção suicida nessa população (KING, 2000; KRUG, 2002). Bruce et al. (2004) realizou um
estudo com a população americana acima de 65 anos, onde obteve como resultado a
presença da depressão profunda em cerca de 1% a 2% deles e 10% a 15% padeciam de
sintomas depressivos menos graves.

Para Beautrais et al. (2002) a forte associação entre suicídio e depressão leva a
recomendar sérios cuidados em relação aos que apresentam esse sofrimento mental.
Beeston (2006) confirma, a partir de extensa revisão de várias pesquisas (CHESNAIS,
1981; REINOLDS, 1999; ROSENSTEIN, 1998) que o tratamento e o manejo da depres-
são talvez seja o fator singular mais importante na prevenção de suicídio em idosos.
Embora exista um preconceito segundo o qual as pessoas idosas sejam naturalmente
deprimidas por causa da idade, a depressão não é um fato normal do envelhecimento
(BEESTON, 2006).

CONCLUSÃO

No contexto da pandemia de COVID-19, é imprescindível à atenção à saúde da


pessoa idosa, tanto física, quanto mental. Por este grupo apresentar-se como um dos
grupos mais vulneráveis às formas mais graves da doença, a aplicação de medidas de
quarentena, distanciamento e isolamento social são extremamente necessárias. Porém,
observa-se que essas medidas de enfrentamento podem trazer riscos à saúde mental
da pessoa idosa, pois os isolam do convívio social.

Capítulo 1
SINTOMAS DEPRESSIVOS NA POPULAÇÃO IDOSA NO PERÍODO DE COVID-19
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

18

No presente estudo, foram sistematizados conhecimentos sobre sintomas depres-


sivos e suas implicações na saúde mental da população idosa diante da pandemia do
novo coronavírus. Pois, como pôde-se observar através da análise dos achados cien-
tíficos, a pessoa idosa está suscetível de desenvolver transtorno depressivo durante a
COVID-19. Assim, reafirma-se a necessidade de pesquisas que enxerguem a pessoa
idosa para além do principal grupo de risco às formas mais graves da doença, que
visem integralidade desse sujeitos, com abordagens e métodos adequados para esse
grupo geracional, bem como estratégias de enfrentamento à depressão.

AGRADECIMENTO

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamen-


to de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

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ALVES, Roberta Machado


COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino
OLIVEIRA, Tatiana Maria de
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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Capítulo 1
SINTOMAS DEPRESSIVOS NA POPULAÇÃO IDOSA NO PERÍODO DE COVID-19
20
CAPÍTULO 2

REPERCUSSÕES PSICOLÓGICAS DA
PANDEMIA DA COVID-19 EM IDOSOS:
REVISÃO INTEGRATIVA

LUCENA, Brunno Alves de1

DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.2

1  Psicólogo. Especialista em Saúde Pública. Residência multiprofissional em Saúde Materno-infantil (UFRN).


Mestrando em Saúde Coletiva – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Email: brunno.psic@gmail.
com l ORCID: 0000-0002-4574-667X
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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RESUMO

O bjetivou-se identificar através da literatura existente, os impactos psicoló-


gicos em idosos, decorrentes da atual epidemia de COVID-19.Trata-se de
uma revisão integrativa da literatura, realizada entre os meses de abril e maio de 2020,
artigos completos, disponíveis nos idiomas português e inglês, indexados nas bases
de dados PubMed e Scopus (ELSEVIER). Após a aplicação dos critérios de inclusão e
exclusão, foram selecionados 9 artigos. Evidenciou-se que embora as medidas de pro-
teção minimizem a propagação do vírus, observa-se que o acesso reduzido à família,
amigos e a sistemas de apoio social acarreta um processo de adoecimento, materiali-
zados através de sofrimento psíquico, incluindo sintomas de depressão, ansiedade e
estresse. A Pandemia de COVID-19 acarreta um processo de adoecimento e conflitos
emocionais, materializados através de sintomatologias diversas e de sofrimento psí-
quico. Esse adoecimento incide, portanto, negativamente no processo saúde-doença e
diminui a qualidade de vida dos idosos.

Palavras-Chave: Saúde da Pessoa Idosa; Saúde Mental; Intervenção na Crise; Infec-


ções por Coronavirus; Pandemias.

INTRODUÇÃO

O surgimento do vírus SARS-COV-2 em Wuhan, China, em dezembro de 2019


levou a uma epidemia local que se espalhou rapidamente em uma escala global, com
4. 248.389 casos e 292.046 mortes confirmadas em 212 países até 14 de maio de 2020
(OMS, 2020).

Estima-se que, na ausência de intervenções para interrupção da transmissão, a


COVID-19 resultará em 7,0 bilhões de infecções e 40 milhões de mortes globalmente
este ano, comprometendo os sistemas de saúde de todos os países afetados. Esse efeito
poderá ser mais grave em lugares periféricos, onde a qualidade, a disponibilidade de
serviços de saúde e os recursos relacionados a capacidade de resposta ao vírus é baixa
(PATRICK, 2020).

A disseminação em larga escala deste vírus emergente, evidencia o intenso desa-


fio que a COVID-19 impõe nos sistemas nacionais de saúde, demandando capacidade
de resposta frente a necessidade por leitos de terapia intensiva, ventiladores mecâ-
nicos, e sobretudo a identificação de pessoas infectadas a fim de conter a cadeia de
transmissão (PATRICK, 2020).

Dados emergentes sugerem que há uma maior taxa de mortalidade entre a popu-
lação de idosos, com taxas variando de 3,6% a 14,8% para maiores de 60 anos (MEHRA,
2020). A fim de garantir proteção e atenuar a disseminação da síndrome respiratória

LUCENA, Brunno Alves de


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aguda grave (SARS-CoV-2) a esse grupo de risco, os países do mundo estão impondo
bloqueios, toques de recolher e isolamento social (RAJKUMAR, 2020).

No entanto, é notório que o isolamento social entre idosos se constitui como uma
“séria preocupação de saúde pública” devido ao seu risco aumentado de problemas
cardiovasculares, autoimunes, neurocognitivos e de saúde mental. Muitos idosos de-
pendem de outras pessoas para a realização de suas atividades diárias e o distancia-
mento social exigido os fazem se sentirem desamparados, especialmente aqueles que
não fazem uso das novas tecnologias (smartphone, tablete, redes sociais) (SANTINI,
2020).

Estudos indicam que outros fatores como o medo de ser contaminado por um ví-
rus potencialmente fatal, de rápida disseminação, cujas origens, natureza e curso ain-
da são pouco conhecidos, acabam afetado o bem-estar psicológico de muitas pessoas
(ASMUNDSON, 2020; CARVALHO, 2020). Sintomas de depressão, ansiedade e estresse
diante da pandemia têm sido identificados na população geral (WANG, 2020) e, em
particular, na população de idosos (ZHANG, 2020).

Neste contexto pandêmico, verifica-se também o aumento do estigma social e


dos comportamentos discriminatórios a alguns grupos específicos, como é o caso dos
idosos, como exemplo, pode-se destacar o emblemático caso brasileiro do “carro do
cata velho”, reforçando os preconceitos da sociedade, mediante a criação de diversos
vídeos, imagens, frases, músicas, com exposição dos idosos e supervalorização de ca-
racterísticas eminentemente negativas (HAMMERSCHMIDT, 2020).

Comumente, durante o curso de uma pandemia, a saúde física das pessoas e o


combate ao agente patogênico são prioridade da atenção de gestores e profissionais da
saúde, de modo que as repercussões sobre a saúde mental tendem a ser negligenciadas
ou subestimadas. Com isso, geram-se contrariedades no enfrentamento de possíveis
desdobramentos associados à COVID-19, uma vez que os impactos psicológicos po-
dem ser mais duradouros e prevalentes que o próprio acometimento pelo vírus com
ressonância em diferentes setores da sociedade (ORNELL, 2020).

Frente à complexidade do processo de envelhecimento humano, com peculia-


ridades próprias, aliada à alta incidência das doenças crônicas e degenerativas não
transmissíveis e às repercussões emocionais emergentes do surto de COVID-19, se
faz necessário uma atenção específica à pessoa idosa a fim de oferecer suporte para o
enfrentamento de situações de crise, buscando aliviar preocupações, oferecer conforto
e ativar a rede de apoio social.

Capítulo 2
REPERCUSSÕES PSICOLÓGICAS DA PANDEMIA DA COVID-19 EM IDOSOS: REVISÃO INTEGRATIVA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

24

Este estudo se justifica por oportunizar o conhecimento dos riscos psicológicos


vivenciados pela população idosa frente ao curso da Pandemia de COVID-19, uma vez
que a falta de reconhecimento, a omissão ou a má gestão de tais riscos mantêm essa
população etária em exposição contínua, agravando a sua condição de saúde e interfe-
rindo na sua qualidade de vida.

Acredita-se que a realização deste estudo, ao identificar os fatores associados e os


possíveis impactos da pandemia do novo coronavírus na saúde mental dos idosos, ve-
nha a contribuir por possibilitar reflexões que assegurem subsídios para a reorientação
no planejamento de intervenções e uma melhor compreensão por parte dos profissio-
nais de saúde em relação a saúde da pessoa idosa. Objetivou-se com esse estudo, iden-
tificar através da literatura existente, os impactos psicológicos em idosos, decorrentes
da atual epidemia de COVID-19.

Objetivou-se com esse estudo, identificar através da literatura existente os impac-


tos psicológicos em idosos, decorrentes da atual epidemia de COVID-19.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que consiste em uma síntese


dos achados apresentados pelas pesquisas sobre um determinado tema ou questão, o
que possibilita uma análise ampliada acerca da produção do saber sobre a temática,
bem como a visualização de lacunas existentes (ERCOLE, 2014). A revisão foi realizada
entre os meses de abril e maio de 2020.

O estudo compreendeu as etapas de: 1) identificação do tema e seleção da ques-


tão de pesquisa; 2) estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão; 3) identifica-
ção dos estudos pré-selecionados e selecionados; 4) avaliação dos estudos seleciona-
dos; 5) análise e interpretação dos resultados; e 6) apresentação da revisão/síntese do
conhecimento (MENDES, 2008).

A temática desse estudo teve como base a seguinte questão norteadora: Quais os
impactos psicológicos para a população de idosos, decorrentes do surto de COVID-19?

As bases de dados on-line utilizadas para a composição da amostra deste estudo


foram: US National Library of Medicine National Institutes of Health (PubMed) e Sco-
pus (ELSEVIER).

Como estratégia de investigação foram utilizados os Descritores em Ciências da


Saúde (DeCS) para as bases de dados em língua portuguesa e os termos indexados no
Medical Subject Heading Terms (Mesh Terms – MeSH) correspondentes em língua
inglesa, aliados ao operadores booleano “AND” com a finalidade de restringir a pes-

LUCENA, Brunno Alves de


PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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quisa aos resumos que apresentavam ao mesmo tempo cada um dos termos, possibili-
tando os seguintes cruzamentos: “elderly AND mental health”, “ social isolation AND
elderly health”, “COVID-19 AND psychological impacts”.

Adotou-se como critérios de inclusão artigos completos, com resumos disponí-


veis e relacionados ao objeto de pesquisa, nos idiomas Português e Inglês, indexados
nas bases de dados referidas no período entre fevereiro a abril de 2020. Foram excluí-
dos artigos que não outros artigos que não abordassem o tema da pesquisa ou que não
respondessem à questão norteadora. Os artigos que se repetiram entre as bases foram
considerados apenas uma vez.

A seleção dos estudos seguiu as recomendações do checklist do Preferred Repor-


ting Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis– PRISMA, que foi desenvolvido
com o intuito de aumentar a confiabilidade das revisões sistemáticas e metanálises
de ensaios clínicos randomizados e dos estudos não randomizados (GALVÃO, 2015),
conforme a Figura 1.

Figura 1 – Fluxograma de identificação e seleção dos estudos, elaborado de acordo da recomendação


PRISMA.

Capítulo 2
REPERCUSSÕES PSICOLÓGICAS DA PANDEMIA DA COVID-19 EM IDOSOS: REVISÃO INTEGRATIVA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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Para a organização e análise dos estudos selecionados se utilizou um instrumen-


to, elaborado pelos pesquisadores, constituído pelos dados: título; ano de publicação;
país de realização da pesquisa; objetivo da pesquisa; nível de evidência e principais
resultados.

Para a categorização do nível de evidência se considerou o tipo de estudo, atri-


buindo o uma classificação hierárquica em sete níveis: Nível I: Evidência de uma re-
visão sistemática ou metanálise de todos os Ensaios Clínicos Randomizados (ECR)
relevantes; nível II: Evidências obtidas de ECR’s bem planejados; nível III: Evidências
resultantes de ensaios controlados bem delineados sem randomização; nível IV: Evi-
dências de casos bem planejados e estudos de coorte; nível V: Evidências de revisões
sistemáticas de estudos descritivos e qualitativos; nível VI: Evidências de estudos des-
critivos ou qualitativos únicos; nível VII: Evidências da opinião de autoridades e/ou
relatos de comitês de especialistas (MELNYK, 2016).

Por se tratar de uma revisão integrativa da literatura, esse estudo não necessitou
da aprovação de Comitê de Ética em Pesquisa, contudo, foram considerados aspectos
éticos como a citação dos autores dos artigos selecionados.

RESULTADOS

A pesquisa nas bases de dados, considerando-se os critérios de inclusão e de


exclusão, resultou na seleção inicial de 75 estudos, sendo o maior quantitativo identi-
ficado na base Scopus ( Elsevier) (n= 68; 90,6%).

A leitura minuciosa e na íntegra destes permitiu selecionar a amostra final da


revisão, constituída por 9 estudos (100,0%), provenientes de periódicos internacionais
(66,6%) e nacionais (33,3%). Os países de origem das publicações que compuseram a
amostra foram: China (44,4%), Brasil (33,4%), Reino Unido (11,1%), e Índia (11,1%).
Em relação ao ano de publicação, houve destaque para o ano de 2020 com 100 % das
publicações.

Em relação ao tipo e nível de evidência, predominaram os estudos de revisões


sistemáticas de estudos descritivos e qualitativos (n=5; 55,5%) seguidos de estudos
descritivos ou qualitativos únicos (n=4; 44,4%), classificados com evidência V e VI,
respectivamente.

Os dados foram processados, organizados e tabulados em uma planilha eletrôni-


ca no programa Excel® (Office 2010®), separados por ano, autor, título, objetivo, base
e periódico apresentada no quadro 1.

LUCENA, Brunno Alves de


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Quadro 1 - Caracterização dos estudos incluídos na revisão integrativa, segundo autores, ano da pu-
blicação, país onde foi publicado, idioma original de publicação, objetivos da pesquisa, nível de Evi-
dência e principais resultados, 2020.

AUTORIA, ANO, PAÍS IDIOMA OBJETIVO NÍVEL DE PRINCIPAIS


EVIDÊNCIA RESULTADOS
Este estudo evidenciou que
Investigar o 37,1% dos idosos com
Hui Meng, Yang Xu, Jiali Inglês desenvolvimento de VI idades entre 60 a 80 anos,
Dai, Yang Zhang, depressão e ansiedade durante a Pandemia
Baogeng Liu, Haibo em idosos durante o COVID-19 na China,
Yang. 2020. China. epidemia de COVID-19 desenvolveram
transtornos de Humor
(depressão e ansiedade).
Carlos Kennedy Tavares
Lima , Poliana Moreira Identificar, usando Este estudo concluiu que
de Medeiros Carvalho , periódicos internacionais adultos mais velhos estão
Igor de Araújo Araruna de grande circulação, mais suscetíveis ao
Silva Lima, José Victor Inglês quais grupos da V surgimento de condições
Alexandre de Oliveira população estão mais psiquiátricas comuns,
Nunes , Jeferson Steves vulneráveis aos impactos durante o surto de COVID-
Saraiva , Ricardo Inácio psicológicos decorrentes 19.
de Souza , Claúdio da Pandemia de Corona
Gleidiston Lima da Vírus.
Silvab, , Modesto Leite
Rolim Neto. 2020. Brasil.

O referido estudo
constatou que o isolamento
Analisar os efeitos do social afeta de maneira
Richard Armitage, Inglês Isolamento social na V significativa os idosos que
Laura B Nellums. 2020. população de idosos. não possui familiares ou
Reino Unido. amigos próximos e que
dependem do apoio de
serviços voluntários ou
que o único contato social
está fora de casa, como em
creches, centros
comunitários e locais de
culto.

Capítulo 2
REPERCUSSÕES PSICOLÓGICAS DA PANDEMIA DA COVID-19 EM IDOSOS: REVISÃO INTEGRATIVA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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Este estudo apontou altas


taxas de sintomas
Ravi Philip Rajkumar. Resumir a literatura V depressivos em idosos e a
2020. Índia. Inglês existente que trata de dificuldade dessa
problemas de saúde população ao acesso aos
mental relacionadas à serviços de saúde mental
pandemia da COVID-19. em países com os maiores
índices de transmissão do
vírus.

Abordar através da Este estudo sugeriu uma


Md Zahir Ahmed, Oli literatura a morbidade taxa muito maior de
Ahmed, Zhou Aibao, Inglês psicológica induzida VI ansiedade, depressão,
Sang Hanbin, Liu Siyu, pela atual epidemia de consumo de álcool e menor
Akbaruddin Ahmad. COVID-19 e revisar bem-estar mental entre os
2020. China. sistematicamente a idosos na China, devido ao
prevalência de surto de COVID-19 e seu
problemas psicológicos confinamento em casa
devido ao prolongado como resposta de primeira
confinamento de linha à epidemia.
cidadãos chineses.

Este estudo indicou que o


Yuan Yang, Wen Li, Abordar as dificuldades surto de COVID-19
Qinge Zhang, Ling de idosos em acessar os levantou grandes desafios
Zhang, Teris Cheung, Inglês serviços de saúde mental V para os serviços de saúde
Yu-Tao Xiang. 2020. para tratamentos mental para idosos na
China. psiquiátricos durante a China. Constatou-se haver
Pandemia do novo uma atenção insuficiente e
Corona Vírus. inadequada a essa
população vulnerável nos
serviços.

Este estudo constatou


O objetivo deste estudo aumento de emoções
Inglês foi explorar os impactos VI negativas (ansiedade,

LUCENA, Brunno Alves de


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Sijia Li, Yilin Wang, Jia da COVID-19 na saúde depressão e indignação) e


Xue, Nan Zhao, mental das pessoas. sensibilidade a riscos
Tingshao Zhu. 2020. sociais, bem como uma
China. diminuição da satisfação
com a vida após a
ocorrência da COVID-19
na China.

Este estudo apontou que


Felipe Ornell, Compreender as grupos específicos como
Jaqueline Bohrer Inglês repercussões VI idosos, pacientes com
Schuch, Anne Orgler psicológicas e condições clínicas e
Sordi, Felix Henrique psiquiátricas de uma psiquiátricas são
Paim Kessler. 2020 . pandemia especialmente vulneráveis
Brasil. em pandemias Nesses
grupos, rejeição social,
discriminação e até
xenofobia são frequentes.
Este estudo constatou que
Andre Faro, Milena de durante a pandemia, é
Andrade Bahiano, Este artigo buscou reunir provável que seja
Tatiana de Cassia Português Informações e achados V vivenciada uma carga
Nakano, Catiele Reis, de pesquisa a respeito do elevada de experiências e
Brenda Fernanda Pereira impacto de tais crises na emoções negativas,
da Silva, Laís Santos saúde mental. suscitando a necessidade
Vitti. 2020. Brasil. de cuidados psicológicos
constantes desde o período
inicial do surto.

DISCUSSÃO

A proposta desse estudo foi identificar as repercussões psicológicas entre idosos,


em tempos de pandemia de Covid-19. A análise dos estudos permitiu identificar fato-
res associados e quais os transtornos mentais mais prevalentes nessa população etária,
procurando estabelecer articulações entre os achados e outros estudos com o mesmo
objetivo.

Frente o alto potencial de contágio e sua crescente incidência, medidas de diag-


nóstico, rastreamento, monitoramento e contenção da COVID-19 foram estabelecidas
em vários países (FERGUSON, 2020). Os achados revelam que essas medidas tornam
a população de pessoas idosas vulneráveis ao desenvolvimento de transtornos psico-
lógicos. O medo e as incertezas sobre a vida diária, a contaminação com o vírus ou a
preocupação da transmissão para outros membros da família ou cuidadores, a indis-
Capítulo 2
REPERCUSSÕES PSICOLÓGICAS DA PANDEMIA DA COVID-19 EM IDOSOS: REVISÃO INTEGRATIVA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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ponibilidade de medicamentos e a inexistência de uma vacina para imunização estão


contribuindo para potencializar os efeitos emocionais entre os idosos (QIU, 2020).

Corroborando com esses achados, um estudo evidencia que em situações de pan-


demia alguns idosos podem expressar dificuldades ao vivenciar sensações de desam-
paro frente às situações de instabilidade dos vínculos afetivos, econômicos e/ ou polí-
ticos, desencadeando angústia, tristeza profunda e solidão. Para aqueles que residem
sozinhos, a vulnerabilidade emocional pode ser maior, podendo evoluir para estados
depressivos ou mesmo depressão, cujo desfecho pode ser a ideação suicida, a tentativa
de suicídio ou o suicídio propriamente dito (FARO, 2020).

Reforçando os resultados anteriormente apresentados, outros estudos realizados


durante o curso da Pandemia, evidenciaram sintomas somáticos na população de ido-
sos, tais como insônia, ansiedade, raiva, diminuição da concentração, mau humor e
perda de energia. Somado a isso o aguçamento das preocupações consigo e com os
outros. Isso tende a elevar carga emocional. (PARK, 2020)

Um estudo com idosos realizado na China (MENG, 2020), apontou que as medi-
das implementadas pelas autoridades sanitárias acarretam forte implicações psiquiá-
tricas. Neste estudo em um universo amostral de 1.556 idosos, 37,1% (n=558) dos ido-
sos participantes desenvolveram transtornos depressivos e ansiosos durante o surto de
COVID-19. Esses achados concordam com outro estudo realizado também na China,
em que se observou um aumento de problemas psicológicos durante esta epidemia,
incluindo ansiedade, depressão e estresse (DUAN, 2020).

O pressuposto de manter as pessoas sem contato umas com as outras, busca di-
minuir a probabilidade de contaminação e, consequentemente, a procura por serviços
de saúde e o número de óbitos. Trata - se de uma medida usada há muitos anos para
evitar a disseminação de doenças contagiosas (BROOKS, 2020). É evidente que mui-
tos idosos dependem de outras pessoas para realização de suas atividades diárias e o
distanciamento social exigido, os fez se sentirem mais desamparados, especialmente
aqueles que não possui habilidades com as novas tecnologias (LIMA, 2020).

A partir desses achados, infere-se que durante a pandemia da COVID-19, a ne-


cessidade de adoção de estratégias de isolamento e distanciamento social podem ser
emocionalmente desafiadoras para esta população (ORNELL, 2020).

Nesse sentido o apoio social é um mecanismo de proteção que auxilia no en-


frentamento de situações estressantes de forma mais eficaz. Logo, ressalta-se a
importância de recorrer a outros mecanismos não presenciais para entrar em contato

LUCENA, Brunno Alves de


PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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com o outro e fortalecer o apoio social, como ligações telefônicas e chamadas de vídeo
(KENNEDY, 2020).

Porém, muitos idosos não têm acesso às novas tecnologias, o que limita a pos-
sibilidade de oferta de apoio nesse momento. E ainda que tenham acesso à essas tec-
nologias, alguns idosos podem apresentar dificuldades para utilizar smartphones ou
computadores (LIU, 2020). Certos aspectos psicossociais negativos do distanciamento
social, podem ser minimizados com o uso apropriado das novas tecnologias. Criar
uma nova rede de amigos, buscar informações sobre assuntos de interesse pessoal são
atitudes que inserem o idoso novamente no meio social em tempos de desconexão
social.

Um estudo realizado no Reino Unido revelou que o distanciamento social afeta


desproporcionalmente os idosos cujo único contato social está fora de casa, a exemplo
de centros de vivência comunitária e locais de culto. Aqueles que não têm familiares
ou amigos próximos e que dependem do apoio de serviços voluntários ou de cuida-
dores podem estar em um maior risco adicional, juntamente com aqueles que já estão
sozinhos ou isolados (ARMITAGE, 2020)

Outro aspecto evidenciado nos estudos é que idosos com doenças mentais
preexistentes, tais como depressão e ansiedade, correm um risco maior de recaída de-
vido ao distanciamento social (KAYOOR, 2020). Sentimento de insegurança, não dis-
ponibilidade de mantimentos ou gêneros alimentícios essenciais em casa, insegurança
financeira, poucos relacionamentos íntimos, falta de recursos para apoiar atividades
de socialização ou participação, isso tende a elevar carga emocional facilitando o de-
sencadeamento, agravamento ou recidiva de transtornos mentais.

Foi possível identificar que a exposição às informações excessivas sobre a CO-


VID-19 na mídia, se estabelece como um dos fatores de maior impacto sobre a saúde
mental dos idosos, principalmente quando essas, tratam em seus noticiários das con-
sequências do vírus para os idosos. Nesse sentido, estudos realizados na Índia suge-
rem que o excesso de informações sobre a epidemia de COVID-19 nas mídias sociais
aumenta a possibilidade de desencadear síndrome do pânico podendo chegar a com-
portamentos extremos como o suicídio (RAJKUMAR, 2020).

Nesse sentido, alguns estudos asseguram que em tempos de crise, as pessoas


tendem a acompanhar as notícias mais de perto, logo, a grande quantidade de in-
formações abstraídas, possibilita aos idosos maiores riscos de depressão e ansiedade
(PANCANI, 2020).

Capítulo 2
REPERCUSSÕES PSICOLÓGICAS DA PANDEMIA DA COVID-19 EM IDOSOS: REVISÃO INTEGRATIVA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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Alguns relatos da mídia sugerem que a vida dos mais velhos não é tão importan-
te quanto à vida dos mais jovens e que durante a atual crise da COVID-19, devido à
esmagadora carga de pacientes, especialmente aqueles que necessitam de ventiladores
mecânicos, geralmente os idosos não são prioridades para receber os ventiladores e
com isso podem morrer. Isso levou a um susto significativo entre os idosos em todo o
mundo (HAFFOWER, 2020).

Por conseguinte, é necessário que os meios de comunicação sejam mais sensíveis


às necessidades dos idosos e que através dos noticiários busquem formas de conscien-
tizar a população acerca da gravidade da pandemia de modo a tranquilizá-la quanto
às ações que devem ser tomadas a nível individual e coletivo para o combate desse ví-
rus, é recomendado, portanto, reduzir a ambiguidade das informações, especialmente
as que podem gerar sintomas relacionados à ansiedade e estresse (MENG, 2020).

Analisados em conjunto, todos esses fatores remetem à relevância de interven-


ções psicológicas alinhadas às necessidades emergentes no atual contexto de pande-
mia, a fim de minimizar as repercussões emocionais em idosos, faixa etária em que
tem ocorrido o maior número de incidência de sofrimento psíquico durante o surto de
COVID-19.

Contribuições para área da saúde

Espera-se com esse estudo contribuir para o fortalecimento de ações eficazes de


proteção e cuidado à pessoa idosa, a fim de minimizar as repercussões psicológicas
que o cenário geral da pandemia causa sobre indivíduos, em particular, a grupos com
características de vulnerabilidade específicas como a população de idosos.

Limitação do Estudo

Como limitação do estudo constata-se a ausência de artigos disponíveis com ob-


jetivos semelhantes, por se tratar de um fenômeno recente, o que impediu a compara-
ção dos achados deste trabalho com literatura anterior. Ressaltam-se, também, as difi-
culdades vivenciadas em virtude da disparidade socioeconômica dos países onde os
estudos foram realizados, que muitas vezes não representam a realidade da América
Latina ou da população idosa brasileira.

CONCLUSÃO

O presente estudo reuniu conhecimento científico acerca dos impactos psicoló-


gicos entre a população de idosos, frente a pandemia do novo coronavírus. Embora as
medidas de distanciamento social ajudem a alcançar o objetivo de atrasar o pico dos
casos e minimizar a propagação do vírus para grupos de risco, observa-se que o acesso

LUCENA, Brunno Alves de


PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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reduzido à família, amigos e sistemas de apoio social acarreta um processo de adoeci-


mento e conflitos, materializados através de sintomatologias diversas e de sofrimento
psíquico. Esse adoecimento incide, portanto, negativamente no processo saúde-doen-
ça e diminui a qualidade de vida dos idosos.

Os estudos indicaram que as os impactos psicológicos estão relacionados às me-


didas para contenção da pandemia de COVID-19, tais como necessidade de afasta-
mento de amigos e familiares, incerteza quanto ao tempo de distanciamento, e os efei-
tos negativos dessas medidas incluem sintomas de depressão, ansiedade e estresse.
Do mesmo modo, a excessiva exposição a noticiários midiáticos sobre a situação da
pandemia está associada ao incremento de sintomas de transtornos psicológicos.

Em contraponto, os estudos também apontaram a realização de intervenções vol-


tadas à orientação sobre sintomas psicológicos que a pessoa idosa pode apresentar
nesse contexto de pandemia, a exemplo de estresse, depressão, ansiedade e insônia.
As investigações também esclarecem sobre ações de combate ao estigma relacionado
à COVID-19, desmistificando que a doença é vinculada especificamente à faixa etária
longeva. Os estudos apresentam outras estratégias de enfrentamento e autocuidado,
para reduzir as emoções negativas e contribuir para o fortalecimento da rede de apoio
para esse grupo etário.

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Capítulo 2
REPERCUSSÕES PSICOLÓGICAS DA PANDEMIA DA COVID-19 EM IDOSOS: REVISÃO INTEGRATIVA
36
CAPÍTULO 3

IMPACTOS DA COVID-19 NA SEGURANÇA


ALIMENTAR DA PESSOA IDOSA: UMA
REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA

OLIVEIRA, Tatiana Maria de1


COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino2
ALVES, Roberta Machado3

DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.3

1 Nutricionista. Especialista em Saúde da Família. Mestranda em Saúde Coletiva – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN). Email: tatianam_oliveira@hotmail.com l ORCID: 0000-0001-6401-1938
2  Psicóloga. Especialista em Saúde Coletiva e Saúde Mental. Especialista em Avaliação Psicológica. Especialista em
Psicologia Hospitalar e da Saúde. Especialista em UTI Geral e Assistência Intensiva ao Paciente Crítico. Mestranda em
Saúde Coletiva – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Email: psirobertaalves@gmail.com l ORCID:
0000-0003-1697-1015
3  Psicóloga. Especialista em Neuropsicologia Clínica. Mestranda em Saúde Coletiva – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN). Email: vanessa.goes.11@gmail.com l ORCID: 0000-0001-7562-0034
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

38

RESUMO

F oi realizada uma revisão integrativa de literatura com o objetivo de investi-


gar os desafios no âmbito da segurança alimentar, enfrentados pela popula-
ção idosa durante a pandemia de COVID-19. Para o levantamento bibliográfico fo-
ram utilizadas as seguintes fontes: PubMed, Portal Regional da BVS, BiomedCentral,
Europe PubMed Central, com os seguintes descritores e palavras-chave: COVID-19,
segurança alimentar, idoso. A busca revelou 7 artigos para a análise. Foram observa-
dos impactos na pandemia na segurança alimentar, incluindo disponibilidade, aces-
sibilidade, utilização e estabilidade de alimentos. A partir dos achados, destaca-se a
importância do incentivo à pesquisa como estratégia para a redução da prevalência
de insegurança alimentar e nutricional que podem gerar outros agravos como desnu-
trição, deficiências nutricionais e piora de quadros de doenças como a COVID-19.

Palavras-chave: COVID-19. Segurança alimentar. Idoso.

INTRODUÇÃO

Em 2019, surgiu um novo coronavírus identificado como a causa de diversos ca-


sos de pneumonia em Wuhan, na China. O vírus se expandiu rapidamente, ocasionan-
do uma epidemia em toda a China, seguida pelo espantoso número de casos em outros
países do mundo. Em fevereiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde designou a
doença COVID-19 como uma pandemia (ZHU et al, 2020).

A pandemia por COVID-19 representa um dos maiores desafios sanitários mun-


diais deste século, causando impactos diretos e indiretos. No Brasil, o primeiro caso
foi confirmado em fevereiro e até o dia 15 de outubro foram 5.140.863 casos e 151,747
mortes (BRASIL, 2020).

Na maioria dos países, as pessoas idosas enfrentam os maiores desafios neste


momento. Ainda que todas as faixas etárias tem o risco de contrair COVID-19, idosos
correm um risco mais considerável de apresentar patologias graves se adquirirem a
doença tendo em vista modificações de natureza fisiológica que surge na fase de en-
velhecimento, bem como de potenciais problemas de saúde subjacentes (OMS, 2020).

No Brasil, uma das medidas tomadas foi o isolamento social, produzindo de-
bates de repercussões econômicas, sociais e psicológicas, e sendo implementado em
diferentes graus entre os municípios e estados brasileiros. (ARRAES et al., 2020; BAR-
RETO et al., 2020).

Nesse sentido, o apoio aos idosos, suas famílias e cuidadores tornam-se priori-
dades abrangentes dos países à pandemia. No decorrer da fase de isolamento e qua-

OLIVEIRA, Tatiana Maria de


COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino
ALVES, Roberta Machado
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

39

rentena, as pessoas idosas necessitam de acesso seguro a alimentos nutritivos e supri-


mentos básicos, a fim manter de garantir que os idosos tenham se mantenham física e
mentalmente saudáveis (OMS, 2020).

Dessa forma, os problemas são em maior quantidade num país como o Brasil,
pois há uma escassez de informações sobre as características de transmissão numa
conjuntura de desigualdade social e demográfica, com precárias estruturas de moradia
e saneamento, sem acesso regular à água, em condição de aglomeração, a prevalência
elevadas de doenças crônicas, com inúmeras violações de direitos humanos; o Direito
Humano à Alimentação Adequada (DHAA) e a concretização da segurança alimentar
e nutricional são exemplos (GUERRA et al., 2020).

Portanto, o objetivo do presente estudo é investigar na literatura, os desafios no


âmbito da segurança alimentar, enfrentados pela população idosa durante a pande-
mia de COVID-19.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, cuja metodologia possibilita


que inclua ao estudo pesquisas com diferentes enfoques metodológicos. (CARNEIRO
et al., 2020).

O estudo foi construído de acordo com as seguintes etapas: (1) definição do tema,
objetivo e problemática de pesquisa; (2) estruturação das estratégias de busca e le-
vantamento do material bibliográfico encontrado na literatura científica; (3) análise e
avaliação crítica dos materiais bibliográficos encontrados; exposição e discussão dos
resultados alcançados; (4) apresentação da revisão integrativa de literatura na íntegra
(CARNEIRO et al., 2020).

Para o levantamento bibliográfico foram utilizadas as seguintes fontes: PubMed,


Portal Regional da BVS e BiomedCentral (BMC). Além dessas, buscou-se também em
outras fontes, como o Europe PubMed Central (Europe PMC). Para tanto, utilizou-se
Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH) acom-
panhados de palavras-chave foram utilizados para a busca nas bases de dados, com-
plementados pelos operadores booleanos “AND” e “OR”. O Quadro 1 ilustra as es-
tratégias de busca utilizadas em cada base de dados para a localização dos estudos
científicos.

Capítulo 3
IMPACTOS DA COVID-19 NA SEGURANÇA ALIMENTAR DA PESSOA IDOSA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERA-
TURA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

40

Quadro 1. Estratégias de busca utilizadas por bases de dados.

Bases de dados Estratégia de busca

PubMed Food Supply AND aged AND Coronavirus Infections

Portal Regional da
BVS
Segurança alimentar and Idoso or Pessoa idosa and Covid

BMC Food Supply and aged and Coronavirus Infections

Fonte: Autores.

Foram estabelecidos como critérios de inclusão: pesquisas realizadas com indi-


víduos com 60 anos ou mais, independentemente do gênero e status socioeconômico;
que abordassem como objeto de estudo a segurança alimentar e suas implicações em
idosos no período de pandemia de COVID-19; pesquisas desenvolvidas com diversos
grupos etários, mas que incluíssem os idosos em sua amostra; e disponíveis para leitu-
ra na íntegra. Assim, foram excluídas pesquisas que não apresentaram uma definição
objetiva de segurança alimentar, que não envolveram idosos em sua amostra, que não
foram desenvolvidas no contexto da pandemia de COVID-19 e cartas ao editor.

As buscas foram realizadas no mês de outubro de 2020. Na etapa de seleção dos


estudos, inicialmente, foram excluídos os títulos duplicados, em seguida, avaliou-se
os títulos e resumos e, após, as publicações que contemplaram os critérios de inclusão
foram lidas na íntegra. A análise foi conduzida por dois revisores independentes, em
caso de discordância, um outro revisor foi consultado e houve acordo entre eles.

RESULTADOS

A combinação dos descritores e palavras-chave revelou (n=84) estudos, nas ba-


ses de dados PubMed (n=12), Portal Regional da BVS (n=7) e BMC (n=65). Em segui-
da, foram excluídos estudos com título e resumo duplicado (n=7), e cuja temática e
conteúdo não estava compatível à proposta do presente estudo (n=74). Além desses,
foram encontrados também (n=4) estudos na fonte de dados do EuropePMC. No total,
(n=7) artigos foram selecionados para sua leitura na íntegra, destes, observou-se que
todos cumpriram os critérios de inclusão, tornando-se dessa forma, o corpus da análise
da presente pesquisa.

OLIVEIRA, Tatiana Maria de


COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino
ALVES, Roberta Machado
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

41

O Quadro 2 apresenta o título, autores, a intervenção estudada na pesquisa, as-


sim como os principais resultados e conclusões dos achados científicos.
Quadro 2. Descrição dos estudos incluídos na presente revisão.

Título Autores Objetivo Principais resultados e


conclusões

Desafios Ceolin et al. Apresentar O estudo demonstrou que


nutricionais na (2020) orientações sobre pessoa idosa que se
saúde de idosos melhor qualidade alimenta na companhia de
em tempos de alimentar da pessoa outras pessoas têm uma
pandemia da idosa durante a melhor qualidade
COVID-19. pandemia de alimentar.
COVID-19.

Hábitos Renzo et al. Avaliar o impacto Observou-se que 38,3% da


alimentares e (2020) da pandemia de amostra de 18 a 30 anos de
mudanças de COVID-19 nos idade apresentaram
hábitos alimentares maior adesão a melhores
estilo de vida e mudanças no hábitos alimentares, como
durante o bloqueio estilo de vida da a dieta mediterrânea
COVID-19: uma população maiores comparados à população
pesquisa italiana de 12 anos de idade. idosa.

Esforços do Mostrar uma visão Austin é um modelo para


governo local para geral do apoio o planejamento da
Angel;
mitigar a nova público e dos preparação de uma cidade
Mudrazija
pandemia de benefícios para o envelhecimento da
(2020)
coronavírus entre financeiros e de população.
adultos mais saúde para os
Em resposta ao COVID-
idosos que
velhos. 19, o Banco de Alimentos
permaneceram na
fez parceria com uma rede
comunidade de
de supermercados com
Austin, Texas
sede no Texas que oferece
durante a
serviço de entrega de
pandemia.
alimentos.

Prevalência e Kent et al. Determinar a Entre o final de abril e o


indicadores (2020) prevalência e os início de junho de 2020,
sociodemográficos preditores uma época em que havia
de insegurança sociodemográficos restrições de
alimentar na de insegurança distanciamento social
Austrália durante alimentar durante a generalizado, mais de 1
pandemia de em cada 4 (26%)
a pandemia de
COVID-19. entrevistados
COVID-19. Capítulo 3 experimentaram algum
IMPACTOS DA COVID-19 NA SEGURANÇA ALIMENTAR DA PESSOA IDOSA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERA-
TURA
comunidade de
de supermercados com
Austin, Texas
sede
PESQUISAS no Texas que oferece
MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA
durante a
42 serviço de entrega de
pandemia.
alimentos.

Prevalência e Kent et al. Determinar a Entre o final de abril e o


indicadores (2020) prevalência e os início de junho de 2020,
sociodemográficos preditores uma época em que havia
de insegurança sociodemográficos restrições de
alimentar na de insegurança distanciamento social
Austrália durante alimentar durante a generalizado, mais de 1
pandemia de em cada 4 (26%)
a pandemia de
COVID-19. entrevistados
COVID-19.
experimentaram algum

grau de insegurança
alimentar.

Os impactos da Niles et al. Avaliar a Entre 3219 entrevistados,p


insegurança (2020) prevalência de <0,001), com 35,5% dos
alimentar precoce insegurança domicílios com
do COVID-19 alimentar e abordar insegurança alimentar
desafios de acesso classificados como
aos alimentos, bem insegurança alimentar
como estratégias de recente. Os entrevistados
enfrentamento e que perderam o emprego
intervenções tiveram maiores chances
percebidas pelos de sofrer de insegurança
participante com alimentar (OR 3,06; IC
segurança e 95%, 2,114–0,46). Os
insegurança entrevistados que
alimentar pré e pós vivenciam a insegurança
COVID-19. alimentar familiar
tiveram maiores chances
de enfrentar desafios de
acesso e utilizar
estratégias de
enfrentamento, incluindo
dois terços das famílias
comendo menos desde
COVID-19 ( p.<0,001).

COVID-19 e Alpino et al. Avaliar as Foi identificada a criação


(in)segurança (2020) primeiras ações de arranjos institucionais
alimentar e realizadas em para o gerenciamento da
nutricional: ações âmbito federal, para crise. Dentre as ações
do Governo reduzir os impactos propostas, destacam-se
Federal brasileiro da pandemia
OLIVEIRA, Tatiana Maria de no aquelas relacionadas ao
COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino
que Roberta
diz respeito à acesso à renda, como o
na pandemia ALVES, Machado
segurança auxílio emergencial, e a
frente aos
nutricional e alimentos.
desmontes
enfrentamento, incluindo
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA dois terços das famílias
comendo menos desde43
COVID-19 ( p.<0,001).

COVID-19 e Alpino et al. Avaliar as Foi identificada a criação


(in)segurança (2020) primeiras ações de arranjos institucionais
alimentar e realizadas em para o gerenciamento da
nutricional: ações âmbito federal, para crise. Dentre as ações
do Governo reduzir os impactos propostas, destacam-se
Federal brasileiro da pandemia no aquelas relacionadas ao
na pandemia que diz respeito à acesso à renda, como o
segurança auxílio emergencial, e a
frente aos
nutricional e alimentos.
desmontes
alimentar.
orçamentários e
institucionais

Implicações da Ribeiro- Contribuir para o Há um quadro real


pandemia COVID- Silva et al debate das medidas acirrado pela crise
19 para a (2020) a serem adotadas sanitária e pelas medidas
segurança pelos governos e de distanciamento social
alimentar e sociedade para que vem sendo aplicadas
nutricional no promover e garantir no Brasil, resultando em
a segurança impactos econômicos
Brasil
alimentar e profundos.
nutricional e
Surge a necessidade de
impedir que a
estratégias que coloquem
insegurança e a
a vida e a dignidade
expansão da fome
humana no centro das
avancem durante e
decisões e políticas
após a crise social e
públicas, salvaguardando
sanitária gerada
os direitos humanos,
pela pandemia.
dentre eles o DHAA.

Fonte: Autores.

DISCUSSÃO

A segurança alimentar e nutricional pode ser atingida pelos impactos sociais e


econômicos da pandemia causada pelo COVID-19, especialmente se considerarmos as
situações de desigualdade social e de renda (ALPINO et al., 2020).

A pandemia atinge todos os campos da segurança alimentar, incluindo disponi-


bilidade, acessibilidade, utilização e estabilidade de alimentos. Com relação à disponi-
bilidade de alimentos, houve rápidas mudanças devido ao desespero do consumidor
nas compras, contudo também podem aparecer desafios de disponibilidade posterior-
mente (NILES et al., 2020).

Capítulo 3
IMPACTOS DA COVID-19 NA SEGURANÇA ALIMENTAR DA PESSOA IDOSA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERA-
TURA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

44

Quanto à segurança alimentar, em termos gerais, existe duas dimensões defini-


das: a alimentar e a nutricional. A primeira conceitua-se como os processos de dispo-
nibilidade do alimento (produção, comercialização e acesso ao alimento); e a segunda
refere-se especificamente à escolha, à preparação e ao consumo alimentar ligada ao
estado de saúde e com a utilização biológica do alimento. Essas duas são permeadas
por metas ligadas a garantia de alimentos saudáveis, que respeitem a cultura alimen-
tar popular e que sejam obtidos por meio de cultivo sustentável (RIBEIRO-SILVA et
al., 2020).

As estratégias pelas quais os países, governos e instituições respondem politica-


mente à pandemia podem ter repercussões na garantia do DHAA (Direito Humano
à Alimentação Adequada). Iniciativas sem articulação com setores do governo e sem
devidas orientações por dados científicos podem ocasionar em significativos impactos
sociais, econômicos e de saúde na pandemia. (ALPINO et al., 2020).

O distanciamento físico e o auto-isolamento afetaram fortemente a vida dos ci-


dadãos. Em um estudo italiano, o bloqueio teve o efeito positivo de achatar a curva
epidêmica, devido manutenção das regras sociais solicitadas. Contudo, o medo da
doença e da morte, bem como as restrições à liberdade individual, agravaram o estres-
se e geraram alteração de comportamentos habituais, como estilo de vida e os hábitos
alimentares (AQUINO et al., 2020).

Angel e Mudrazija (2020) mostrou em um estudo que o surto do vírus COVID


acrescentou perigo às populações vulneráveis ​​já em risco, soando um alarme para
políticas de envelhecimento que promovem serviços de apoio e programas. O autor
também traz um exemplo de caso em Austin, no Texas, onde a cidade oferece um de-
partamento denominado de APH (Austin Public Health) que trabalha direcionando
as organizações públicas e privadas para lidar com a insegurança alimentar.

Da mesma forma, uma pesquisa realizada na Austrália, na cidade de Tasmânia,


demonstrou que entre o abril e junho de 2020, mais de 1 em cada 4 (26%) entrevistados
experimentaram algum grau de insegurança alimentar. Surpreendentemente, 14% dos
entrevistados experimentaram insegurança alimentar mais grave, o que significava
que vivenciam a fome regularmente e não poderam adquirir refeições balanceadas no
mês anterior (KENT et al., 2020).

Ceolin et al. (2020) recomendam que ações governamentais, como a implementa-


ção de programas educacionais e serviços sociais, devem ser lançadas para promover
a saúde dos idosos durante a pandemia, bem como ações de abastecimento de alimen-
tos também devem ser incentivadas, a exemplo o programa “Great Plates Delivered”,
ação implantada na Califórnia (Estados Unidos) para distribuir três refeições diárias
OLIVEIRA, Tatiana Maria de
COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino
ALVES, Roberta Machado
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

45

para idosos em risco para COVID-19, além disso oferece a opção de entrega de refei-
ções balanceadas para idosos que residem sozinhos e não têm como cozinhar ou que
se encontrem em situação de insegurança alimentar e nutricional.

CONCLUSÃO

Mediante o exposto, à medida que o vírus perdura, a pandemia acentua especi-


ficamente os riscos para as pessoas idosas que vivem sem apoio familiar e social. Esta
situação pode ser evitada com uma preparação político-social adequada. Portanto, há
necessidade de estudos que atentem para os idosos além do principal grupo de
risco da COVID-19, mas enxerguem sua integralidade, com abordagens e métodos
adequados para esse grupo social, de modo que seja possível estudar impactos em
níveis variados, em idosos de hábitos e vivências distintas.

Assim ressalta-se a necessidade de formulação de políticas públicas nacionais


que tenham como base a economia e a proteção social, mas que estejam articuladas
com as diretrizes da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional na pers-
pectiva da garantia do DHAA. Até mesmo os países que já utilizam serviços de as-
sistência a garantia ao acesso alimentar, devem se aprofundar em como dar acesso
aos idosos, atentando-se às características deste ciclo de vida. Embora esses serviços
tenham sido introduzidos em resposta à pandemia COVID-19, recomenda-se que al-
guns deles deveriam permanecer, pois melhoram significativamente a qualidade de
vida das pessoas idosas.

Finalmente, é importante que haja incentivo a pesquisa em abordagens nesse


público, como estratégia para a redução da prevalência de insegurança alimentar e
nutricional que podem geram outros agravos como desnutrição, deficiências nutricio-
nais e piora de quadros de doenças como a COVID-19.

AGRADECIMENTO

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamen-


to de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

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IMPACTOS DA COVID-19 NA SEGURANÇA ALIMENTAR DA PESSOA IDOSA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERA-
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OLIVEIRA, Tatiana Maria de


COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino
ALVES, Roberta Machado
CAPÍTULO 4

CONSUMIDOR IDOSO E A HIPER


VULNERABILIDADE NAS PRÁTICAS
ABUSIVAS E NAS RELAÇÕES DE CONSUMO

MACHADO, Ana Karina da Cruz1


ALVES, Roberta Machado2
OLIVEIRA, Hilderline Câmara de3

DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.4

1  Assistente Social. Gerontóloga. Professora. Especialista em Gerontologia e Saúde Mental. Mestranda em Psicologia
Organizacional e do Trabalho – Universidade Potiguar (UNP). Email: karinacruz_rn@yahoo.com.br l ORCID: 0000-
0001-5898-1807
2 Psicóloga. Especialista em Saúde Coletiva e Saúde Mental. Especialista em Psicologia Hospitalar e da Saúde.
Mestranda em Saúde Coletiva - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Email: psirobertaalves@gmail.com l ORCID: 0000-0003-1697-1015
3  Assistente Social. Especialista em Antropologia Cultural. Mestra em Serviço Social - Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN). Doutora em Ciências Sociais - Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Email: hilderlinec@hotmail.com l ORCID: 0000-0003-4810-117X
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

48

RESUMO

O Código de Defesa do Consumidor considera como práticas abusivas as con-


dutas que fazem acentuar o desequilíbrio entre o fornecedor e o consumi-
dor numa relação de consumo. Esse desequilíbrio é visto com frequencia entre pessoas
idosas, geralmente não são esclarecidos quanto ao que estão adiquirindo, não são in-
formados com clareza quanto a juros, multas, numero de parcelas a se pagar, entre
outras práticas, que evidenciam cada vez mais sua fragilidade enquanto consumidor.
Quando se fala em prejuízo financeiro, o cidadão idoso é quem mais acumula prejuí-
zos nas relações de consumo. O presente estudo visa discutir a hiper vulnerabilidade
nas práticas abusivas e nas relações de consumo vivenciadas pelo consumidor idoso.
Foi realizada uma revisão de literatura por meio de artigos científicos, na base de da-
dos de bibliotecas digitais e plataformas online, e consultados sites governamentais ju-
rídicos, além do respaldo jurídico no Código de Defesa do Consumidor, Código Civil,
Código Penal e o Estatuto do Idoso. Os resultados indicam a relevância de se discutir
esses crimes, pois eles são realizados diariamente contra a pessoa idosa e ainda sem a
devida punição. Conclui-se que os idosos são as maiores vítimas das práticas abusivas,
praticadas por estranhos ou mesmo nas relações familiares, em virtude de sua vulne-
rabilidade física e cognitiva, e, com o aumento do número de idosos crescente, se vê a
necessidade urgente em protegê-los contra essa violação de direitos, uma vez que, es-
ses crimes provocam perdas financeiras severas, ou ainda, o superendividamento, im-
pactando no princípio da dignidade humana e na qualidade de vida na terceira idade.

Palavras Chave: Idosos. Hiper Vulnerabilidade. Práticas Abusivas. Relações de Con-


sumo. Violação de direitos.

INTRODUÇÃO

Nas relações de consumo, fica cada vez mais evidente a ação de má fé contra a
pessoa idosa. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor (CDC, 1990), essa
conduta é enquadrada em prática abusiva, sendo vedada. Apesar disso, inúmeros são
os idosos vítimas de crimes e abusos em compras, empréstimos e financiamentos.

Para Salgado (2015, p.29), o consumidor idoso é “uma vítima das estratégias pre-
datórias do mercado de consumo” , pois, devido a sua fragilidade, as empresas em
geral que buscam clientela a qualquer custo, conseguem perceber quando o consumi-
dor não compreende o caráter oneroso do contrato, ou os encargos já somados nos
produtos, e assim, agem de má fé, lesando o consumidor idoso.

O CDC considera como práticas abusivas as condutas que fazem acentuar o de-
sequilíbrio entre o fornecedor e o consumidor numa relação de consumo. Esse dese-

MACHADO, Ana Karina da Cruz


ALVES, Roberta Machado
OLIVEIRA, Hilderline Câmara de
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

49

quilíbrio é comumente visto nas vendas aos idosos, quase nunca esclarecidos quanto a
juros, multas, parcelas a se pagar, ficam no prejuízo ou sofrem quando se atentam para
as reais condições da compra adquirida (BRASIL, 1990).

Outro tipo de crime cometido contra a pessoa idosa, são os empréstimos e a re-
tenção do seu cartão de benefício, sejam esses praticados por parentes ou desconheci-
dos. O Estatuto do Idoso (Lei 10.701/2003) considera crime as apropriações indébitas,
normalmente cometida pelos filhos, agentes bancários ou parentes próximos e confi-
gurado como violência financeira, terceira violência mais sofrida pelo idoso, segundo
a Secretaria de Direitos Humanos (BRASIL, 2018).

Para Barros (2016), a pessoa idosa é considerada hipervulnerável, pois essas prá-
ticas são facilitadas devido a idade avançada, onde uma das consequências da idade
é a diminuição da compreensão o que faz com que se torne pessoa suscetível a sofrer
fraudes e práticas abusivas nas relações de consumo, inclusive ações de má fé sofridas
pelos próprios familiares.

O presente artigo visa discutir as vulnerabilidades para crimes e práticas abu-


sivas sofridos pelo cidadão idoso nas relações de consumo e o amparo da legislação
frente a essa realidade. Foi realizada uma revisão de literatura. Os resultados indicam
a relevância de se discutir esses crimes, pois eles são realizados diariamente contra a
pessoa idosa e que estas são as maiores vítimas em virtude de sua vulnerabilidade, e,
com o aumento do número de idosos no país, se faz necessário ampliar o debate sobre
o assunto, em virtude de protegê-los contra essas violações de direitos.

O presente trabalho tem como objetivo, discutir a hiper vulnerabilidade nas prá-
ticas abusivas e nas relações de consumo vivenciadas pelo consumidor idoso.

Os caminhos metodológicos percorridos são embasados por uma revisão de lite-


ratura por meio de artigos científicos, na base de dados de bibliotecas digitais e plata-
formas online, e consultados sites governamentais jurídicos, além do respaldo jurídico
no Código de Defesa do Consumidor, Código Civil, Código Penal e o Estatuto do
Idoso.

A justificativa se baseia na contribuição da discussão para uma temática antiga e


ainda pouco enfrentada, uma vez que os idosos são cada vez mais vulneráveis e víti-
mas da prática desses crimes, porém, não são ainda aplicadas com rigor a qual merece
o crime, sua devida punição.

Espera-se com isso ampliar a discussão sobre os tipos de práticas abusivas e cri-
mes cometidos contra os consumidores idosos, as quais são praticadas por estranhos e
também no âmbito das relações familiares.
Capítulo 4
CONSUMIDOR IDOSO E A HIPER VULNERABILIDADE NAS PRÁTICAS ABUSIVAS E NAS RELAÇÕES DE CONSUMO
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

50

Sabe-se que, com crescente número de idosos no país, se se faz necessária a pro-
teção contra a violação de direitos, uma vez que, sendo vítimas de práticas abusivas
e crimes de consumo, os idosos não vivenciam apenas perdas financeiras, mas o su-
perendividamento, o abandono, entre outras situações que impactam diretamente em
sua qualidade de vida.

METODOLOGIA

A pesquisa quanto aos objetivos ela é de caráter exploratório, em relação as téc-


nicas é de cunho bibliográfica que teve como base a revisão de literatura por meio de
artigos científicos, na base de dados de bibliotecas digitais e plataformas online como
Scielo, Medline, Lilacs, e consultados sites tais como a Organização Mundial de Saú-
de, Jusbrasil Jurisprudência (site do Supremo Tribunal Judiciário), além de leituras
ao Código de Defesa do Consumidor (CDC - Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990),
Estatuto do Idoso (Lei 10. 741/2003), Código Civil (Lei nº5.869, de 11 de janeiro de 1973
– Atualizado 2105), e o Código Penal (Decreto-Lei 2848/40).

Ressalta-se que quanto a abordagem do problema a pesquisa é de natureza qua-


litativa, que para Prodanov e Freitas (2013) a pesquisa qualitativa, visa a interpretação
dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa. O
processo e seu significado são os focos principais de abordagem.

A revisão de literatura é uma análise bibliográfica pormenorizada, indispensável


não somente para definir bem o problema, mas também para obter uma ideia precisa
sobre um dado tema, as suas lacunas e a contribuição da investigação para o desenvol-
vimento do conhecimento (CARDOSO, et al, 2010).

Quanto aos critérios de inclusão utilizados, foi realizada uma busca em artigos
na língua portuguesa, aos quais discorriam sobre a vulnerabilidade da pessoa idosa
para práticas abusivas. Os descritores buscados foram: idosos vulneráveis, violência
financeira e idosos, relações de consumo e pessoa idosa, uso da má fé com idosos e
relações de consumo e idoso.

Cabe observar que o ano de publicação não foi um critério estabelecido como
importante, tendo em vista que todos os artigos que tinham relevância foram prima-
riamente considerados, pois a temática das relações de consumo e abusos financeiros
com idosos ainda é recente e restrita. Sendo assim, foram lidos 21 artigos e selecio-
nados 16, aos quais foram incluídos nesse estudo. A leitura do Código de Defesa do
Consumidor e do Estatuto do Idoso também se fez necessária.

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ALVES, Roberta Machado
OLIVEIRA, Hilderline Câmara de
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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Em relação aos critérios de exclusão foram aplicados apenas quando se falava em


outro tipo de crime cometido contra o idoso ou práticas abusivas que não fossem as
relações de consumo com pessoas idosas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultados em diversos artigos lidos, podemos perceber que “a questão


do superendividamento do idoso, na maioria das vezes está ligada a ações de má fé”
(COLLUCI, 2015).

Diversas são as legislações que buscam limitar o comportamento dos consumi-


dores e fornecedores, exigindo que o fornecedor, quando em negociação com pessoas
idosas, demonstre clareza em suas ações sobre o risco de responder judicialmente pelo
feito, como é o caso do Código de Defesa do Consumidor (BRASIL, 1990).

De acordo com o Ministério dos Direitos Humanos, em 2017, foram registradas


33.133 denúncias e 68.870 violações contra direitos de idosos. Das violações contra di-
reitos de idosos 42,82%, se referiam a abuso financeiro e econômico. A maior parte dos
casos, 76,3%, ocorre na casa da própria vítima (BRASIL, 2017).

O CDC (1990) destaca que, o princípio da boa-fé, nas relações de consumo com
idosos, deve ser mais detalhado e amplo, devendo o fornecedor tomar precauções ao
oferecer seu produto de maneira diferente ao que faria em relações com pessoas mais
jovens. O CDC considera ainda a hipervulnerabilidade do idoso, obrigando uma pos-
tura mais cautelosa nas ofertas, evitando vendas e contratação considerada abusiva
(BRASIL, 1990; COLUCCI, 2015).

No ano de 2016, o Relatório de Atividades da Ouvidoria Geral da Previdência


Social contabilizou 15.097 reclamações de empréstimos bancários feitos em nome da
pessoa idosa, as quais não foram autorizados, 36% foram realizados por parentes e fa-
miliares, 11% por agentes bancários e mais de 50% dos casos de origem desconhecida
(BRASIL, 2016).

Corroborando com esse estudo, o Jusbrasil (STJ, 2017) destacam que os tribunais
têm entendido que cabe ao banco provar que o idoso firmou o contrato ou aceitou
determinado empréstimo ou seguro, caso o banco não consiga provar, caberá indeni-
zação por dano moral.

Pesquisas de Souza (2016), apontam que são utilizadas diversas estratégias para
convencer o idoso e o atrair para o mundo do endividamento. Muitas vezes essa dí-
vida não é contraída pelo idoso como aponta Lopes (2017), os filhos foram apontados

Capítulo 4
CONSUMIDOR IDOSO E A HIPER VULNERABILIDADE NAS PRÁTICAS ABUSIVAS E NAS RELAÇÕES DE CONSUMO
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

52

como violadores em 54% dos casos totais de abuso financeiro e violência patrimonial,
e os netos, em 8%.

Em concordância com esse estudo, no ano de 2017, o Centro de Referência em As-


sistência Social (CREAS), do município de Paraná, revelou os dados de uma pesquisa
feita com atendimento em idosos onde, 40 casos novos por mês de idosos em situação
de violação de direitos são registrados. As denúncias de exploração financeira, tem se
tornado uma das grandes ameaças, pois provém de familiares, destacando a figura
crescente dos netos.

E ainda, contribuindo com a temática, estudos do Ministério do Desenvolvimen-


to Humano (MDH), apontaram que 70% dos abusos financeiros contra os idosos é feita
por familiares, sendo 86% das violações ocorrem na casa da vítima. Para o MDH, o
perfil da família que comete esse tipo de violência é marcado por pessoas que sofrem
instabilidade financeira. Entre as maiores violações destacam-se compras indevidas
em nome do idoso, onde em sua maioria, são filhos ou netos que não têm vínculo em-
pregatício e não demonstram responsabilidade em relação ao idoso (BRASIL, 2018).

O Poder Judiciário brasileiro no ano de 2019, em uma ação cobrada a uma consu-
midora de juros e multas e parcelas vencidas, reconheceu como desgastante e finalizou
a sentença como abuso de má fé do fornecedor, tendo em vista a situação hipervul-
nerável de uma senhora de 93 anos, que comprou um produto parcelado em dez ve-
zes, no entanto, as faturas nunca foram enviadas à autora, os julgadores entenderam
ainda, não ser razoável exigir o conhecimento de informática da idosa para buscar os
boletos online e imprimi-los para realizar o pagamento. Considerou ainda que, além
de todos os juros e multas serem retirados, os meios de pagamento deveriam ser de
fácil acesso, e entregues a idosa, e por ter o nome incluído nos serviços de proteção ao
crédito determinou a imediata retirada sobre risco de indenização por danos morais
(JUSBRASIL, 2019).

Campos (2018), em um levantamento feito na capital nordestina de Salvador,


destacou que somente no ano de 2018, 1.654 ocorrências foram registradas de viola-
ções ao direito do idoso. Ao contrário dos dados nacionais, a autora chama a atenção
para o abuso financeiro, segundo ela, crime mais recorrente. A pesquisa feita pela De-
legacia Especial de Atendimento ao Idoso (Deati), mostram que os índices cresceram
22,4%, na comparação entre os meses de janeiro a setembro de 2017 e 2018. “Foram
1.351 ocorrências contra 1.654 registros no período, sendo que a maior quantidade de
registros diz respeito a crimes de abuso financeiro, entre eles a apropriação indébita”
(BRASIL, 2018).

MACHADO, Ana Karina da Cruz


ALVES, Roberta Machado
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PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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Ainda de acordo com dados levantados pela Deati, as maiores vítimas são do
sexo feminino. O art. 51, do Código de Defesa do Consumidor, reafirma a nulidade das
cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços abusivos, que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a
boa-fé ou a equidade (BRASIL, 1990).

A Consolidação das Leis do Trabalho - CLT (Lei 10.820/03), não permitem que os
descontos em folha de pagamento ultrapassem o percentual de 30% dos vencimentos
do consumidor. No entanto, de acordo com o Instituto de Defesa Coletiva (IDC, 2019)
existe vazamento nos dados do INSS, e antes mesmo do idoso receber o benefício da
aposentaria os bancos ligam ofertando empréstimos, além de fazerem abordagem dos
idosos no próprio banco e de terem a comodidade dos empréstimos nos caixas ele-
trônicos. Dessa forma, sem regras rígidas, os bancos seguem cercando os idosos para
atrair cada vez mais empréstimos que ultrapassam o estimado em lei e que causam o
endividamento, sendo muitas vezes tão grave que o idosos não ficam com recursos
para sobreviver com de dignidade.

No ano de 2018, foi publicada uma instrução normativa (nº 100) pelo Instituto
Nacional do Seguro Nacional (INSS) determinando que os bancos só devem ofertar
crédito consignado depois de seis meses (180 dias) da concessão do benefício (BRASIL,
2018).

O Ministério Público Federal de São Paulo (2017), realizou um levantamento das


ações ajuizadas no ano de 2016, a ação civil pública foi contra o INSS e uma financeira,
acusando-o de obter as informações sigilosas dos beneficiários da Previdência Social
e enviar correspondências a aposentados e pensionistas ofertando empréstimos com
crédito consignado com facilidades e contribuir para o superendividamento da pessoa
idosa (BRASIL, 2017).

A Promotoria Pública do Rio de Janeiro lançou no ano de 2018 uma cartilha fi-
nanceira para os idosos, que aborda a questão do endividamento, colocando a promo-
toria a disposição do cidadão idoso, reforça ainda a lista de golpes que tem a pessoa
idosa como vítima: golpe da ajuda ofertado por funcionário falso, golpe do recadastra-
mento, golpe do empréstimo por funcionário que não pertence a instituição bancária
(NUDECOM, 2018).

De acordo com Karpf (2014), o idoso está na invisibilidade social, tem pouca auto-
nomia e não procura seus direitos. Outro fator é a confiança demasiada que depositam
nos que se aproximam, são esses dois fatores principais que contribuem para o abuso.

Capítulo 4
CONSUMIDOR IDOSO E A HIPER VULNERABILIDADE NAS PRÁTICAS ABUSIVAS E NAS RELAÇÕES DE CONSUMO
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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Neri (2017) provoca a reflexão quanto ao desemprego do país e o idoso como


vítima fácil por ter uma renda certa. O autor aponta que o idoso que tem uma renda
de aposentadoria ou de pensão se vê pressionado, e que frequentemente, as pessoas
exigem mais do que deveria do idoso.

Para Barros (2011), se faz necessário a retomada do padrão de comportamento


ético exigido pelo princípio da boa-fé, quando se tem como clientela a pessoa idosa,
“esse comportamento deve ser reforçado pela clareza, o dever de cooperação, cuidado
e informação” (BARROS, 2011, p. 37).

Diante do exposto, percebe-se que no Brasil ainda falta a educação para o consu-
mo, assim como a ética nas relações financeiras, onde uma política mais centrada no
idoso diminuiria os casos de abusos e violações registradas, sem nenhuma política de
enfrentamento e orientação, esse tipo de violação cresce a cada dia, deixando casa vez
mais o idoso vítima das relações de consumo e refém das pessoas de má fé.

CONCLUSÃO

O superendividamento da pessoa idosa é, na maioria das vezes, um reflexo da


sua hiper vulnerabilidade nas relações de consumo, onde os interessados não se fazem
transparentes, sendo o consumidor lesado e obrigado a comprometer parte de seu po-
der aquisitivo, ficando em situação desconfortável em outras necessidades, inclusive
as necessidades básicas de vida.

Foi percebido que quando o idoso está endividado, ele se torna uma vítima do
consumismo, realizando inclusive outras dívidas de fácil acesso, ofertadas muitas ve-
zes por telefone, como são os empréstimos bancários, para quitar dívidas antigas, des-
sa forma aos poucos sua dignidade fica também comprometida, pois é tirado o direito
ao mínimo existencial.

Usar de má fé tendo em vista a vulnerabilidade do idoso é considerado obter


vantagem, ofertando um produto ou serviço escondendo as demais informações, ris-
cos, meios de pagamento, formas de contrato, juros, ou ainda usar de forma indevida
o dinheiro, o cartão ou os bens do idoso, sem que o mesmo tenha entendimento do
que se refere, sendo considerado crime e deve ser notificado e punido, conforme as
legislações vigentes.

Foi percebido também neste trabalho que outras legislações já se articulam para
tornar a punição mais ostensiva, obrigando o fornecedor a ter mais responsabilidade
com esse grupo de consumidores.

MACHADO, Ana Karina da Cruz


ALVES, Roberta Machado
OLIVEIRA, Hilderline Câmara de
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

55

É esperado também que o fornecedor analise a situação financeira da pessoa ido-


sa, não comprometendo mais do que é permitido, uma vez que o Poder Judiciário tem
se manifestado, por modificar as cláusulas contratuais, quando o endividamento for
maior que 30% dos vencimentos do idosos consumidor. Essa atitude do judiciário tem
sido fundamental, uma vez que muitos idosos ficam envergonhados com situações
adquiridas e não tem o entendimento que pode ser revisto os valore e diminuído con-
forme legislação protetiva, direito fundamental à dignidade humana.

Em suma, percebe-se a ausência para o idoso da educação para o consumo e o co-


nhecimento das legislações vigentes, de onde buscar informação e soluções para suas
questões financeiras? A fragilidade do idoso em detrimento da sua relação familiar
também foi vista como causa de endividamento e práticas abusivas cometidas contra
esse segmento, que não denuncia a família e como consequência vive práticas preda-
tórias, sofrendo crimes, e não denunciando para não se indispor.

Cabe destacar que o idoso precisa ser informado, e entender a importância de


denunciar, pois a proteção ao idoso também perpassa pelo entendimento de que ele
necessita de um mínimo dos seus proventos para sobreviver e garantir o seu direito à
vida.

Em síntese, o estudo evidenciou que as pessoas idosas são alvos fáceis das ações
de má fé e crimes abusivos e que essas práticas tanto são praticadas por estranhos
quanto por familiares e agentes bancários, e o número de abusos vem aumentando ano
a ano, logo, se nota a necessidade em abrir o diálogo com esse segmento, orientá-los e
protegê-los contra essa violação de direitos, fazendo com que os mesmos possam en-
tender que esses crimes provocam perdas financeiras severas e superendividamento, e
devem ser denunciadas, pois, impactam diretamente em sua qualidade de vida.

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Capítulo 4
CONSUMIDOR IDOSO E A HIPER VULNERABILIDADE NAS PRÁTICAS ABUSIVAS E NAS RELAÇÕES DE CONSUMO
58
CAPÍTULO 5

IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19


SOBRE A VIOLÊNCIA DIRECIONADA A
PESSOA IDOSA

ARAÚJO, Mayara Priscilla Dantas1


ALVES, Roberta Machado2
COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino3
OLIVEIRA, Tatiana Maria de4
ARAÚJO, Melissa de Oliveira5

DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.5

1 Nutricionista. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio


Grande do Norte. Email: mayaraaraujonutri@gmail.com l ORCID: 0000-0002-0611-2949
2  Psicóloga. Especialista em Saúde Coletiva e Saúde Mental e em Psicologia Hospitalar e da Saúde. Mestranda no
Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Email: psirobertaalves@gmail.com l ORCID: 0000-0003-1697-1015
3  Psicóloga. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte. Email: vanessa.goes.11@gmail.com l ORCID: 0000-0001-7562-0034
4  Nutricionista. Especialista em Saúde da Família pela Faculdade Estácio, mestranda no Programa de Pós-Graduação
em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Email: tatianam_oliveira@hotmail.com l ORCID:
0000-0001-6401-1938
5  Assistente Social. Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Email: mell_araujo@hotmail.com l ORCID: 0000-0001-5317-2074
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

60

RESUMO

D iante do cenário de pandemia pelo novo coronavírus, houve uma intensifi-


cação das desigualdades existentes no Brasil assim como um aumento nos
problemas psicológicos, dificuldade no acesso aos serviços de saúde e proteção social,
sendo também observado aumento das denúncias de violência contra a pessoa idosa
(VCPI). Com isso, objetivou-se analisar, com base na literatura, a ocorrência de violên-
cia contra pessoas idosas no contexto da pandemia da Covid-19 e possíveis estratégias
de enfrentamento. Foi realizada uma revisão da literatura nas bases de dados PubMed,
Medline e Europe PubMed Central, utilizando os descritores: COVID-19, violência e
idosos. Os estudos mostram que o isolamento e o distanciamento social são fatores de
risco para VCPI, sendo observado o aumento dessa violência durante a pandemia da
Covid-19 não somente no Brasil como em outros país, como Estados Unidos. Além
disso, essas medidas dificultaram ainda mais a detecção desse problema. Com isso,
destaca-se a necessidade de maior atenção para esse grave problema de saúde pública
que impacta na qualidade de vida da vítima e afeta todo o sistema de saúde, além de
políticas públicas de proteção que identifiquem as pessoas que já sofrem e aquelas em
risco de sofrer violência, para que seja feito o monitoramento a fim de evitar desfechos
adversos.

Palavras-chave: COVID-19; Violência; Idoso.

INTRODUÇÃO

Em dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi notificada


sobre a ocorrência de um surto de pneumonia de forma mais grave, de etiologia desco-
nhecida, na cidade de Wuhan, província de Hubei, República Popular da China. Essa
doença, conhecida como doença do coronavírus, ou Covid-19, teve um crescimento
exponencial de casos e mortes, levando ao decreto de Emergência em Saúde Pública de
Interesse Internacional (ZHU et al., 2020; SOHRABI et al., 2020; WHO, 2020).

Devido sua alta transmissibilidade, essa doença logo se tornou uma pandemia,
colocando os usuários dos sistemas de saúde, profissionais de saúde e o público em
geral sob uma forte pressão psicológica, que pode levar a diversos problemas psico-
lógicos, como ansiedade, medo, depressão e insônia. Isso se deu pela necessidade do
isolamento social, principal medida de prevenção e controle da doença, que potencia-
lizou a sensação de angustia pelas pessoas idosas uma vez que essas pessoas foram
consideradas um dos principais grupo de risco para esta doença (LI et al., 2020; ARMI-
TAGE; NELLUMS, 2020).

ARAÚJO, Mayara Priscilla Dantas


ALVES, Roberta Machado
COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino
OLIVEIRA, Tatiana Maria de
ARAÚJO, Melissa de Oliveira
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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Além disso, houve uma intensificação das desigualdades existentes no país as-
sim como um aumento na dificuldade por acesso aos serviços de saúde e proteção so-
cial. Diante desse cenário, foi observado o aumento de denúncias de violência contra a
pessoa idosa (VCPI), que pode se manifestar na forma de violência psicológica, física,
sexual, patrimonial e institucional, negligência e abuso financeiro. (MORAES et al.,
2020; BRASIL, 2020a).

No ano de 2020, no Brasil, foram contabilizadas três mil denúncias de VCPI no


mês de março, oito mil no mês de abril e 17 mil no mês de maio, que correspondem aos
meses com maiores taxas de isolamento social. As denúncias referentes até o mês de
junho de 2020 ultrapassaram em 60% o número total registrado no ano de 2019, sendo
os familiares responsáveis por 83% das agressões (BRASIL, 2020a; BRASIL, 2020b).

Para prevenção desse agravo é necessária a conscientização da sociedade acerca


da VCPI e dos profissionais de saúde quanto ao conhecimento dos tipos de violência
e as suas consequências para a saúde das vítimas. De acordo com Moreno, Alves e
Machado (2020), esse conhecimento implica na preparação para detectar e lidar com
as situações de violência.

Diante da relevância do tema e da escassez de estudos nacionais que abordam a


VCPI no atual contexto sanitário, objetivou-se analisar, com base na literatura, a ocor-
rência de violência contra pessoas idosas no contexto da pandemia da Covid-19 e pos-
síveis estratégias de enfrentamento.

METODOLOGIA

Este estudo consistiu em uma revisão de literatura com caráter descritivo. Após
a delimitação do tema a ser revisado, foram realizadas buscas nas seguintes bases de
dados: PubMed, MEDLINE e Europe PubMed Central (Europe PMC).

Foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e os Medical Sub-


ject Headings (MeSH) para buscas nas línguas portuguesa e inglesa, respectivamente.
Os descritores utilizados foram selecionados a partir da delimitação do tema, sendo
eles: idoso, infecções por coronavírus e violência. Para combinação dos termos e am-
pliação dos resultados foram utilizados os operadores booleanos.

Foram selecionadas para compor a amostra do estudo artigos cuja pesquisa en-
volvesse pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, que abordassem a questão
da violência no contexto da pandemia da Covid-19 e que estivessem disponíveis para
leitura na íntegra.

Capítulo 5
IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 SOBRE A VIOLÊNCIA DIRECIONADA A PESSOA IDOSA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

62

Pesquisas que não apresentaram uma classificação bem definida de violência,


que não trabalhasse com idosos em sua amostra e que não foram desenvolvidas no
contexto da pandemia foram descartados.

A pesquisa foi realizada no mês de outubro de 2020. A seleção dos artigos se deu
inicialmente pelo título, sendo excluídos os títulos duplicados e selecionados aqueles
que continham algum dos descritores utilizados. Em seguida, foram avaliados os tí-
tulos e resumos, sendo selecionados os artigos que apresentavam relação com os ob-
jetivos do estudo, atendessem aos critérios de inclusão e fossem relevantes. Após essa
etapa, foi realizada a leitura completa dos artigos, que foi conduzida por dois revisores
independentes e, em caso de discordância, um outro revisor foi consultado e houve
acordo entre eles.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Além das inúmeras alterações decorrentes do envelhecimento, as pessoas idosas


também estão mais vulneráveis ao fenômeno da violência, levando a uma pior quali-
dade de vida, lesões, morbidade e mortalidade (BARROS et al., 2019). Esse fenômeno
é um grave problema de saúde pública devido sua associação a esses eventos adversos
à saúde assim como aos impactos sociais (PILLEMER et al., 2016).

A violência contra a pessoa idosa é definida como o ato ou a falta de ação apro-
priada que causa dano ou angústia à pessoa idosa, podendo ocorrer dentro de qual-
quer relacionamento no qual há expectativa de confiança, podendo ser físico, emo-
cional, financeiro, negligência ou a combinação dos dois (HAN; MOSQUEDA, 2020;
D’CRUZ; BANERJEE, 2020).

No contexto da pandemia da Covid-19, os idosos se encontram em uma situação


de alta vulnerabilidade. Essas pessoas apresentam um maior risco de evoluir para for-
ma grave da doença e morte (ZHENG et al., 2020). Associado a isso, elas apresentam
maior risco de sofrer violência devido ao distanciamento social e isolamento, medidas
protetivas adotadas contra a Covid-19, serem fatores de risco para maus-tratos a elas
(MAKAROUN; BACHRACH; ROSLAND, 2020; ELMAN et al., 2020).

Esse maior risco de sofrer violência se deve também aos problemas referentes ao
isolamento, como preocupação com a saúde e o estresse financeiro, que afetam dire-
tamente a saúde mental dos idosos, tornando-os mais susceptíveis a abusos (MAKA-
ROUN; BACHRACH; ROSLAND, 2020).

Com a interrupção do cuidado domiciliar por pessoas externas à família, como


os cuidadores, e pela maior dependência e demanda por cuidados durante a pande-
mia, em muitos casos a responsabilidade por esse cuidado recaiu sobre a família, so-
ARAÚJO, Mayara Priscilla Dantas
ALVES, Roberta Machado
COSTA, Vanessa Cristina de Góes e Silva Faustino
OLIVEIRA, Tatiana Maria de
ARAÚJO, Melissa de Oliveira
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

63

brecarregando-a. Essa pressão pode fazer com que a família se torne mais propensa a
ser abusiva ou negligente ou, caso já existente, agravar os maus-tratos (ELMAN et al.,
2020).

Essa sobrecarga não se limitou ao ambiente domiciliar e afetou também os ser-


viços de saúde, ressaltando a discriminação já existente contra a pessoa idosa devido
a maior vulnerabilidade para evolução para forma grave da Covid-19 e, consequente-
mente, demandar maior assistência (MORAES et al., 2020).

Além disso, a pandemia contribuiu para o aumento das desigualdades econômi-


cas já existentes no Brasil, aumentando o estresse devido as dificuldades financeiras
e tornando as pessoas idosas mais suscetíveis a exploração financeira como desvio de
dinheiro sem permissão ou golpes (ELMAN et al., 2020; MAKAROUN; BACHRACH;
ROSLAND, 2020).

Piores condições de vida como dificuldade de acesso aos serviços de saúde, mo-
radia precária, sem saneamento básico ou água encanada, alto grau de aglomeração
no domicílio, também são fatores que contribuem para ocorrência de violência em
momentos de crise como a atual crise sanitária (MORAES et al., 2020).

A restrição ao ambiente domiciliar reduziu ainda mais as chances de detecção


das situações de violência. Segundo Makaroun, Bachrach e Rosland (2020) apenas 1
em 24 casos de violência contra a pessoa idosa são identificados e notificados às auto-
ridades.

Diante desse número e do fechamento dos centros para idosos, locais onde essas
pessoas recebiam suporte e tinham espaço para relatar possíveis situações de abuso,
percebe-se a magnitude desse problema e a necessidade de um serviço de proteção
à pessoa idosa como adotado em Nova Iorque segundo Elman et al. (2020), o qual
realiza visitas domiciliares para identificação das pessoas em risco de violência e que,
durante o período da pandemia da Covid-19, manteve o contato remoto com essas
pessoas de forma a monitorá-las.

Essa falta de políticas públicas voltadas para a população idosa é destacada por
Moraes et al. (2020), que traz que a necessidade de políticas que visem o enfrentamen-
to dos impactos da pandemia nessa população uma vez que essa ausência aumenta
ainda mais a sensação de abandono pelo poder público e indica a negligência para
com essas pessoas, que constituem uma parcela considerável da população brasileira.

Capítulo 5
IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 SOBRE A VIOLÊNCIA DIRECIONADA A PESSOA IDOSA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

64

CONCLUSÃO

Diante do atual cenário de pandemia e devido ao aumento expressivo nas de-


núncias de VCPI no Brasil e no mundo, destaca-se a necessidade de atenção para esse
grave problema de saúde pública que impacta não somente o indivíduo vítima da
violência como também todo o sistema de saúde por levar a uma maior demanda por
assistência devido as consequências para a saúde da pessoa idosa.

Embora o distanciamento social e o isolamento sejam uma das medidas proteti-


vas mais eficazes contra a Covid-19, são também fatores de risco para a violência. Com
isso, são necessárias politicas públicas de proteção que identifiquem as pessoas que já
estão vivenciando a violência e aquelas em risco de sofrer violência, e seja feito o mo-
nitoramento desses casos de forma a evitar desfechos adversos.

Destaca-se como limitação do estudo a quantidade de pesquisas alcançadas para


a construção do mesmo, sendo observada uma escassez na literatura científica acerca
da VCPI no período de pandemia da Covid-19, tornando-se difícil elucidar com preci-
são as relações causais entre estas variáveis. Assim, incentiva-se a realização de estu-
dos longitudinais adicionais, como estudos de coorte, com o objetivo de aprimorar as
evidências científicas existentes a respeito da temática.

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ARAÚJO, Mayara Priscilla Dantas


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PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

65

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Moa2001017

Capítulo 5
IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 SOBRE A VIOLÊNCIA DIRECIONADA A PESSOA IDOSA
66
CAPÍTULO 6

AURICULOTERAPIA COMO TERAPIA


COMPLEMENTAR NO TRATAMENTO DO
TABAGISMO EM IDOSOS NO MUNICÍPIO DE
LAGOA DE VELHOS/RN

PAULA, Tatiana Pimentel1


MACHADO, Ana Karina da Cruz2

DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.6

1  1Psicóloga no munícipio de Lagoa de Velhos/RN. Professora. Especialista em Práticas Integrativas e Complementares


em Saúde (PICS). Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental. Especialista em Assistência Sócio-Jurídica e
Segurança Pública. Especialista em Educação. Especialista em Docência Universitária. Email: tatianapsi@hotmail.com
l ORCID: 0000-0002-9065-6702
2  2Assistente Social. Gerontóloga. Professora. Especialista em Gerontologia e Saúde Mental. Mestranda em Psicologia
Organizacional e do Trabalho – Universidade Potiguar (UNP). Email: karinacruz_rn@yahoo.com.br l ORCID: 0000-
0001-5898-1807
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

68

RESUMO

E m parceria com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), amplia-se a assistên-


cia às pessoas que queiram parar de fumar, disponibilizando aos tabagistas
acompanhamento de profissionais de saúde e medicamentos como pastilhas, adesivos,
gomas de mascar e antidepressivos. A tendência é buscar uma melhoria na qualidade
de vida e na promoção da saúde, utilizar programas e recursos existentes, tais como
as práticas terapêuticas chamadas de Terapias Integrativas e Complementares, técni-
cas centradas na pessoa e que oportunizam diversos recursos para atingir diferentes
dimensões do ser humano, buscando chegar à causa do problema e não simplesmente
no sintoma. Essa pesquisa tem como objetivo demonstrar a eficácia da prática em au-
riculoterapia enquanto terapia complementar para a redução do tabagismo. Quanto
aos caminhos metodológicos se trata de uma pesquisa ação de caráter descritiva, ao
qual está sendo realizada na Unidade Mista de Saúde Genoveva Ferreira da Silva, no
município de Lagoa de Velhos/RN, tendo como público alvo idosos, que fumam entre
10 ou mais cigarros e que tenham disponibilidade e compromisso para participarem.
O grupo receberá os métodos de tratamentos oferecidos pelo SUS e a Auriculoterapia.
Assim, espera-se que a utilização da técnica de auriculoterapia traga importantes con-
tribuições como uma terapia complementar no controle do tabagismo, proporcionan-
do melhor qualidade de vida após cessação do tabagismo.

Palavras-Chave: Tabagismo. Auriculoterapia. Práticas Integrativas e Complementares


em Saúde.

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta para o combate ao tabagismo, que


aumenta o risco de cardiopatias, câncer e diabetes. Todos os anos, mais de sete milhões
de pessoas morrem em todo o mundo vítimas de doenças relacionadas ao consumo do
tabaco (SILVA, 2014). Frente a esse grande número de mortes faz-se necessário o estu-
do de técnicas que venham a colaborar para que o indivíduo pare de fumar. Sabemos
como é difícil para uma pessoa tabagista abandonar o vício, mesmo que seja disponi-
bilizado tratamento pelo SUS. Na maioria das vezes os pacientes iniciam mais não dão
continuidade ao tratamento e quando dão sempre reincidem, ou seja, voltam a fumar.
Sendo assim, entendemos que ao incluir uma das Práticas Integrativas e Complemen-
tares em Saúde, aqui no caso a técnica de Auriculoterapia, associada aos tratamentos
já existentes no SUS, possamos diminuir ou até mesmo cessar o uso de tabaco por
parte dos idosos tabagistas. Infelizmente, há pouco investimento em pesquisas sobre a
utilização da auriculoterapia em idosos por profissionais de saúde habilitados para o
desenvolvimento dessa prática que tem contribuído muito para melhorar a qualidade
de vida. Também é possível notar uma escassez de estudos experimentais que avaliam
PAULA, Tatiana Pimentel
MACHADO, Ana Karina da Cruz
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

69

a contribuição da auriculoterapia na cessação do tabagismo no cenário brasileiro. Com


a realização desta pesquisa espera-se que a técnica de auriculoterapia seja implemen-
tada, com o intuito de contribuir para a diminuição ou até mesmo o abandono do
hábito de fumar, bem como que haja ganho tanto para a equipe de saúde, bem como
para a população atendida, pois ao se ajudar um indivíduo a parar de fumar, ocorre
mudanças na pessoa, na família e no meio no qual está inserido.

METODOLOGIA

Quanto aos objetivos da pesquisa, se trata de uma pesquisa descritiva. Para Ma-
ttar (2001), uma pesquisa descritiva exige um profundo conhecimento do problema
a ser pesquisado. Reforçando esse pensamento, Triviños (1987, p.110), destaca que o
estudo descritivo relata com exatidão os fatos e fenômenos de determinada realidade,
de modo que o estudo descritivo é utilizado quando a intenção do pesquisador é co-
nhecer determinada comunidade, suas características, valores e problemas. Quanto a
natureza da pesquisa, se classifica em uma pesquisa ação, utilizada por ser concebida
e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema
coletivo. Pesquisa e ação caminham juntas quando se pretende a transformação da
prática. (MINAYO, 2002). Para Thiollent (2007), pesquisa-ação necessita atender dois
propósitos básicos: o prático e o do conhecimento. A presente pesquisa está sendo rea-
lizada na Unidade Mista de Saúde Genoveva Ferreira da Silva, no município de Lagoa
de Velhos/RN.

O grupo é composto por pessoas 32 idosos tabagistas, que fumam 10 ou mais


cigarros ao dia. É ofertado os métodos de tratamentos oferecidos pelo SUS (adesivo,
goma de mascar e medicamento) associados a auriculoterapia (será utilizado a semen-
te de mostarda preta e os pontos que sofrerão acupressão serão o ShenMen, SNV, Rim,
Ouvido Central, Pulmão, Boca, Hélix 5 e 6, Vício, Nicotina e Sub córtex).

As reuniões são semanais, no primeiro encontro foi informativo. Onde os usuá-


rios receberam orientações quanto a técnica de auriculoterapia, como age no organis-
mo e como pode ajudar no tratamento. Na oportunidade, foi detalhada a pesquisa em
andamento onde foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
para coleta de autorização para realização da pesquisa. Na segunda reunião foi preen-
chida a ficha de anamnese de cada participante. Os demais encontros estão divididos
em palestras com profissionais da equipe da Unidade Básica de Saúde, onde médico,
dentista, enfermeiro e psicólogos, serão responsáveis por atendimentos grupal e indi-
vidual. Ao final de cada reunião, semanalmente, está sendo aplicada a técnica de auri-
culoterapia em todos os participantes, sempre nas quartas feiras no horário vespertino.

Capítulo 6
AURICULOTERAPIA COMO TERAPIA COMPLEMENTAR NO TRATAMENTO DO TABAGISMO EM IDOSOS NO MUNICÍ-
PIO DE LAGOA DE VELHOS/RN
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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Ao final do vigésimo segundo encontro (metade do tratamento) será preenchido


o formulário de satisfação, onde o usuário irá informar o grau de satisfação e mudan-
ças após o início do tratamento. Segundo Lakatos e Marconi (2003, p. 212), “o formulá-
rio é um dos instrumentos essenciais para a investigação social, cujo sistema de coleta
de dados consiste em obter informações diretamente do entrevistado.” Logo após o
primeiro contato já foi iniciado o tratamento, que consistirá em doze meses com ses-
sões de auriculoterapia semanais, totalizando 4 sessões mensais e ao final dos 12 meses
propostos, serão 48 sessões anuais.

O primeiro atendimento com as sementes de mostarda aconteceu no dia 08 de


março de 2019. Cabe salientar que o projeto se encontra no seu terceiro mês, onde pre-
tende ser ofertado pelo período de um ano (12 meses). Um questionário para avaliar
a ação será aplicado ao final dos 12 meses, a pesquisa expost facto, “Depois do fator
ocorrido” tem por objetivo investigar possíveis relações de causa e efeito entre um
determinado fato identificado pelo pesquisador e um fenômeno que ocorre posterior-
mente (FONSECA, 2002, p. 32).

Em cada etapa desse período, profissionais como médicos, enfermeiros e psi-


cólogos estão realizando abordagens não apenas grupais, mas também individuais,
finalizando com a sessão de auriculoterapia. Todos os atendimentos são registrados
no prontuário do usuário, possibilitando melhor controle dos atendimentos e averi-
guação dos resultados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante a execução do projeto nos deparamos com mais potencialidades do que


fragilidades. Ao falarmos em fragilidade podemos ver que a falta de material, tanto o
material oferecido pelo SUS (adesivos, goma, medicação), bem como o de auriculote-
rapia (sementes, esparadrapo) poderá ser um dos nossos desafios, pois muitas vezes
dependemos que se mostre algum tipo de resultado para que os recursos sejam libera-
dos. Enquanto que as potencialidades seriam o espaço físico para realizar as reuniões,
a equipe de saúde (médico, enfermeira, agentes comunitários de saúde) envolvida no
projeto, a aceitação e participação dos usuários, bem como o compromisso da gestão
municipal em que seja efetivado o atendimento a esse público, uma vez que no mu-
nicípio não haja nenhum tipo de trabalho voltado para esse tipo de usuário (tabagis-
ta). Em um estudo piloto conduzido no Brasil, 30 pacientes foram distribuídos em 2
grupos de tratamento. Em um deles os pacientes recebiam auriculoterapia incluindo
pontos do Protocolo NADA (National Acupuncture Detoxification Association), além
de outros pontos baseados no mapa de auriculoterapia chinesa.

PAULA, Tatiana Pimentel


MACHADO, Ana Karina da Cruz
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

71

No outro grupo foram utilizados pontos auriculares, porém sem ação esperada
para a cessação do tabagismo. Ambos os grupos receberam duas sessões de tratamen-
to por semana, totalizando dez sessões. Após trinta dias do término do tratamento foi
observada uma redução do número de cigarros diários e na redução do tabagismo
quando doente. Contudo, nenhuma cessação do tabagismo foi documentada. Isso re-
força o caráter adjuvante da auriculoterapia nesse contexto (BRASIL, 2016).

Diante de tal realidade foi pensado em associar a técnica de auriculoterapia aos


métodos de tratamento existente. Existem diversos métodos de intervenção para a
cessação do tabagismo como o aconselhamento médico, a abordagem farmacológica
utilizando terapia de reposição de nicotina (TRN), bupropiona e entre outros medica-
mentos, além dessas intervenções também se utiliza a acupuntura (BALBANI, 2005).

Frente a essa pesquisa em andamento, observou-se que, quanto a chegada no


grupo para tratamento, dos 32 participantes em acompanhamento, 28 foram de livre e
espontânea vontade, os outros 4 participantes iniciaram apenas acompanhando suas
esposas e posteriormente adentraram o grupo. Quanto ao sexo, 20 participantes são
do sexo masculino contra 12 do sexo feminino. Esses dados reforçam estudos da OMS
(2007), onde apontam que cerca de 1 bilhão de homens e 300 milhões de mulheres fu-
mam frequentemente. Ou seja, um terço da população adulta fuma, em média 48% dos
homens e 10% das mulheres. Todos os 32 participantes fumam mais de 10 cigarros por
dia, sendo que 23 deles fumam entre 15 e 19 cigarros/dia.

Esse resultado condiz com o apresentado em um estudo de Pawlina (2014) des-


tacando que mesmo sendo divulgados todos os malefícios que o cigarro causa, as pes-
soas continuam a fumar e seu consumo só aumenta ao longo da vida onde seus hábitos
adquiridos em todo o tempo de vício progridem conforme o avanço da idade. No
mês de março, os 32 participantes iniciaram a auriculoterapia como coadjuvante no
tratamento ao tabagismo. Após 30 dias de tratamento contínuo e supervisionado, foi
relatado uma melhora em 21 idosos, com predominância nas queixas de diminuição
da ansiedade. Com a ansiedade controlada, os mesmos relataram que diminuíram a
quantidade de 2 cigarros/dia no primeiro mês. Garcia (2006), em uma pesquisa quan-
to ao uso dos pontos de auriculoterapia, aponta que os pontos Shenmen e Tronco Ce-
rebral apresentaram-se eficazes na redução da ansiedade.

O autor destaca que o ponto Shenmen, (localizado na fossa triangular do pavi-


lhão auricular), é usado como ponto analgésico, sedante e anti-inflamatório e o ponto
Tronco Cerebral (localizado na borda superior da fossa intertrago), provoca sedação,
por ser estimulante para a mente e calmante, contribuindo positivamente para o con-
trole da ansiedade. Segundo Torrani (2015), o uso da acupuntura como método alter-

Capítulo 6
AURICULOTERAPIA COMO TERAPIA COMPLEMENTAR NO TRATAMENTO DO TABAGISMO EM IDOSOS NO MUNICÍ-
PIO DE LAGOA DE VELHOS/RN
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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nativo de tratamento do tabagismo ainda não está bem esclarecido, devido à falta de
padronização do método avaliativo e da presença de vieses de execução ou de pros-
seguimento. Nenhum trabalho que foi pesquisado concluiu que a acupuntura cessou
o tabagismo, mas todos, relataram que houve redução do número de cigarros do gru-
po que recebeu a acupuntura em pontos auriculares, obtendo resultados significantes
após a conclusão do tratamento.

A diminuição da ansiedade também foi relatada por 12 dos participantes, que


relataram melhoria do sono e diminuição dos cigarros usados no período noturno. 12
dos 32 participantes que relatavam dormir 5 a 6 horas/noite, com uso de pelo menos
3 cigarros antes do sono, destacaram que após tratamento semanal com acupuntura,
a quantidade de horas dormida nos últimos 2 meses passou a ser entre 7 e 8 horas,
sendo que 8 deles passaram a fumar apenas 2 cigarros, e 4 idosos não utilizaram mais
cigarros no período que antecede o horário de dormir.

Zaragoza (2011), em um estudo descritivo transversal realizado em Cuba, no ano


de 2008, utilizou a auriculoterapia associada à fitoterapia para o tratamento de trans-
torno generalizado de ansiedade. Fizeram parte do estudo 30 pacientes onde, dentre
os resultados obtidos, verificou-se que 86,7% dos pacientes responderam positivamen-
te ao tratamento, com melhora dos sintomas iniciais e satisfação percebida. Especifica-
mente para o tabagismo, estudos experimentais de Fritz (2013) investigaram os efeitos
da auriculoterapia como auxílio na cessação do tabagismo, com resposta para 78% dos
idosos tratados. Corroboram com esse achado, estudos de metanálise de Fagerström
et. al (2006), onde concluíram que a acupuntura auricular se mostra efetiva na cessação
do tabagismo associadas a outras terapias em 89% dos casos avaliados.

Em um estudo pioneiro no Brasil, Silva; Chaves; Pillon et. al (2014), afirmaram


que o tratamento com auriculoterapia contribuiu na redução do número de cigarros
fumados para 61,9% dos participantes, na redução da dificuldade de ficar sem fumar
em locais proibidos para 38% e em não fumar quando doente para 23,8%. Ao longo
dos 12 meses dessa pesquisa em andamento, espera-se que a Unidade Mista de Saúde
Genoveva Ferreira da Silva, com a prática da auriculoterapia, promova uma melhora
na qualidade de vida do indivíduo idoso tabagista, ajudando, este, na diminuição ou
abandono completo do vício de fumar, bem como é esperado que os usuários tenham
uma boa aceitação e adesão dessa nova prática e consigam perceber que essa técnica
pode auxiliar nesse processo de cessação, trazendo importantes contribuições como
uma terapia complementar no controle do tabagismo.

PAULA, Tatiana Pimentel


MACHADO, Ana Karina da Cruz
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

73

CONCLUSÃO

Esse trabalho, ainda em andamento, porém pioneiro no município escolhido,


buscou destacar a eficácia do tratamento com auriculoterapia em idosos tabagistas no
município de Lagoa de Velhos. Apesar de ser um estudo em andamento, ao qual ainda
não foram completados 3 meses, já se evidencia uma redução do número de cigarros
fumados, assim como diminuição dos quadros de ansiedade, e melhora significativa
nas horas de sono e descanso com diminuição do número de cigarro no período da
noite. Dos diversos livros, textos e artigos lidos e pesquisados foi observado que em
nenhum dos estudos realizados a técnica de auriculoterapia cessou por completo o ta-
bagismo, porém, em todos as pesquisas houve uma diminuição no número de cigarros
fumados pelos usuários e melhora da qualidade de vida dos participantes, fato que
nos estimula a levar adiante a pesquisa em evidencia. Sabemos também que, para que
a pesquisa realmente alcance os resultados esperados é necessário a aceitação e com-
prometimento do usuário, pois para muitos o parar de fumar pode se tornar um de-
safio, que muitas vezes envolve aspectos biológicos, comportamentais e psicológicos,
por isso, torna-se de total importância o acompanhamento psicológico seja de maneira
individual ou ainda concomitante com as sessões de auriculoterapia.

É esperado pela equipe, que a auriculoterapia associada as técnicas existentes,


consigam impactar positivamente na saúde do idoso tabagista, trazendo ainda outras
melhorias e contribuindo para que esse projeto piloto no município estimule outros
locais e faixas etárias, no sentido de que diminuam ou até mesmo cessem o uso do
cigarro. Parar de fumar continua sendo um desafio complexo, pois envolve aspectos
biológicos, psicológicos e comportamentais, porém, alternativas de tratamento ofer-
tadas em consonância ao tradicional medicamento, junto a equipe profissional enga-
jada e qualificada, e a vontade do usuário, fazem com que a utilização da técnica de
auriculoterapia traga importantes contribuições como uma terapia complementar no
controle do tabagismo.

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tratamento da dependência da nicotina. Rev. Bras. Otorrinolaringologia, v. 71, n. 6,
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Único de Saúde, 2006.

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Capítulo 6
AURICULOTERAPIA COMO TERAPIA COMPLEMENTAR NO TRATAMENTO DO TABAGISMO EM IDOSOS NO MUNICÍ-
PIO DE LAGOA DE VELHOS/RN
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

74

taria de Consolidação nº 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para incluir novas


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2018.

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PAULA, Tatiana Pimentel


MACHADO, Ana Karina da Cruz
CAPÍTULO 7

SAÚDE E ENVELHECIMENTO DE TRAVESTIS


E TRANSEXUAIS NO SISTEMA PRISIONAL:
UMA REFLEXÃO FRENTE A ADPF 527 DA
ABGLT

TOMAZ, Jufran Alves1

DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.7

1  Pedagogo. Graduado em História. Especialista em Psicopedagogia institucional e clínica. Especialista em Saúde


Coletiva e Saúde Mental. Especialista em História e Cultura Africana. Especialista em Saúde e Ciência Política.
Email: jufranalves@gmail.com l ORCID: 0000-0002-6218-578X
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

76

RESUMO

E ste artigo tem como objetivo principal a investigação a Arguição de Descum-


primento de Preceito Fundamental – ADPF 527 defendida pela Associação
Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – ABGLT, que tem
por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental decorrente da Constituição,
resultante de qualquer ato (ou omissão) do Poder Público. Enfoca a metodologia histó-
rica, que consiste em investigar os fatos, fenômenos, instituições ou acontecimentos no
passado, a fim de verificar sua influência na sociedade de hoje e fenomenológica, con-
sistindo em isolar num fenômeno influências para estuda-lo e usálo. Utiliza a relação
entre três variáveis: envelhecimento, prisão e saúde para compreender o processo de
discriminação sofrida pelos travestis e transexuais na sociedade brasileira sob as obras
dos pensadores Foucault (2010), Goffman (1961), Jodelet (2001) entre outros. Ao longo
do trabalho, busca-se compreender como Travestis e transexuais idosos no sistema
prisional precisam serem (re)vistos sob a ideia de que a prisão enquanto um ambiente
insalubre, sobretudo pela existência de condições agravantes inerentes ao encarcera-
mento, tais como: desvalorização social, diminuição no convívio familiar, dificuldade
no exercício de atividade laboral, conflitos que permeiam a convivência intergeracio-
nal, sendo necessária sim a efetivação de leis e políticas sociais que lhes assegurem
uma velhice digna.

Palavras Chave: Prisão. Travesti. Transexual. Envelhecimento. Saúde.

INTRODUÇÃO

Em um contexto social marcado pela invisibilidade e preconceito, onde o que


realmente importa é o cumprimento da pena/Lei, a ausência de políticas públicas para
essa realidade de centenas de “Joãos e Marias”, seres abstratos, vivenciada no país há
décadas e que traz nessas linhas o reverberar ou o denunciar a realidade prisional pela
qual passa centenas de travestis e transexuais na terceira idade (terceira idade é a fase
da vida que começa aos 60 anos nos países em desenvolvimento e aos 65 anos nos paí-
ses desenvolvidos de acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS).

Esse texto provoca ou busca causar grande polêmica entre os críticos do assun-
to e o público/egressos envolvidos no sistema prisional, trazendo a temática para o
centro do debate nesse evento científico e levantando ainda a discussão sobre a falta
de dados de pessoas cumprindo pena, falta de acesso a questão de saúde previstas no
processo transexualizador instituído pela Portaria nº 859 de 30 de julho de 2013, sob
a “lógica do cuidado” pelo Sistema Único de Saúde - SUS, de ações de prevenção e
garantias de cuidado ao HIV/AIDS e hepatites virais.

TOMAZ, Jufran Alves


PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

77

A discussão aqui empreendida sobre envelhecimento, cárcere e saúde toma como


referência a pesquisa bibliográfica, bem como a observação sistemática, ou seja, consis-
te basicamente em testar hipóteses a respeito do grupo em análise, sob os pensamen-
tos de autores como: FOUCAULT (2010), GOFFMAN (1961), JODELET (2001) entre
outros com larga experiência no assunto. Este trabalho objetiva levantar questões que
consideramos relevantes em Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
– ADPF 527, da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Tran-
sexuais – ABGLT, que tem por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental
decorrente da Constituição, resultante de qualquer ato (ou omissão) do Poder Público.
Impactante, essa ADPF 527 visa garantir a travestis e transexuais do sistema prisional
que possam escolher para qual unidade (masculina ou feminina) serão enviadas a fim
de cumprir suas penas.

METODOLOGIA

A metodologia é histórica, consiste em investigar os fatos, fenômenos, institui-


ções ou acontecimentos no passado, a fim de verificar sua influência na sociedade de
hoje e fenomenológica, consistindo em isolar num fenômeno influências para estuda-
-lo e usá-lo, embora suas ligações abandonadas possam mais tarde, ser levadas em
consideração. Foram analisados três (03) artigos válidos encontrados na revista Scielo
– Scientific Eletronic Library Online, anos 2015-2016, sob os títulos: Envelhecer em con-
texto prisional, Envelhecimento: significado para idosos encarcerados, Envelhecimen-
to populacional brasileiro: desafios e consequências sociais atuais e futuras; bem como
a leitura pormenorizada da ADPF 527. A pesquisa procurou encontrar uma relação
entre três variáveis: envelhecimento, prisão e saúde para compreender o processo de
discriminação sofrida pelos travestis e transexuais na sociedade brasileira, observando
já resultados em Foulcaut (2010), ao afirmar que “... a análise do perpétuo desejo do
crime permite estabelecer o que poderíamos chamar de posição radical de ilegalidade
na lógica ou no movimento do desejo”.

Logo, esse momento histórico torna possível uma reflexão e quebra de paradig-
mas sociais ao revelar os desejos que todas as pessoas, homossexuais ou não, sentem
ao ficarem em extrema vulnerabilidade frente o contexto prisional, caraterizado pela
presença de sentimento de frustração, ócio, desacreditação no futuro próximo, violên-
cia, ruptura de laços familiares e sociais, desenvolvimento de perturbações mentais,
entre outros, que quando conjugados à sexualidade desses indivíduos ou entre si, po-
derão prejudicar a qualidade de vida desse público e, de certo modo, acelerar no seu
processo de envelhecimento o adoecimento.

A fenomenologia surge aqui como método/estudo dos fatores causadores da


violência, ausência de cuidados a saúde dessa parcela da população no sistema pri-
Capítulo 7
SAÚDE E ENVELHECIMENTO DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS NO SISTEMA PRISIONAL: UMA REFLEXÃO FRENTE A
ADPF 527 DA ABGLT
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

78

sional e ou em isolamento um a um, por parte das autoridades brasileiras e para uma
análise sobre ADPF 527, tratando do acolhimento aos princípios sobre a aplicação da
legislação internacional de direitos humanos em relação à orientação sexual e identi-
dade de gênero, já explícita na Resolução Conjunta nº 1, de 15 de abril de 2014, bem
como em seu Art. 5º - À pessoa travesti ou transexual em privação de liberdade serão
facultados o uso de roupas femininas ou masculinas, conforme o gênero, e a manuten-
ção de cabelos compridos, se o tiver, garantindo seus caracteres secundários de acordo
com sua identidade de gênero.

Compreender essa relação tripartite entre idosos, prisão e saúde é possível se en-
fatizarmos o terror por que passam esses seres humanos; bem como fatores da cultura
de encarceramento brasileira, fazendo com que o travestis e transexuais vislumbrem o
que deduz Goffman (1961): “A institucionalização do indivíduo irá implicar uma des-
personalização do mesmo, despojandoo da sua personalidade anterior, modificando a
imagem que esse possui de si próprio e dos outros, transmitindo-lhe um novo estatuto
social, conformando-o assim, com seu novo papel.”

Em linhas gerais, a discussão aqui apresentada foram analisadas sob observação


sistemática, onde podemos inicialmente ter um conhecimento prévio da ADPF 527
na qual a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
afirma que há decisões judiciais conflitantes em relação à interpretação dos dispositi-
vos, o que prejudica os direitos constitucionais de integrantes do grupo LGBT, que são
submetidos a condições de desrespeito em estabelecimentos prisionais incompatíveis
com o gênero feminino, sofrendo toda sorte de influências psicológicas e físicas. Ter
conhecimento prévio a respeito dos fatos ou fenômenos que, dentro da população car-
cerária acima de 60 anos de idade, com sexualidade ou identidade de gênero definidas,
tornam-se informações relevantes nesse trabalho.

De posse dos artigos supracitados, podemos planejar cuidadosamente, uma co-


leta de dados, estabelecendo categorias de análise em relação ao envelhecer na prisão
e sob cômputo dos escores de doenças que assolam essas pessoas. Assim, Medeiros
(1961), sustenta que esse envelhecer na prisão é receber o rótulo que emerge do “cariz
estigmatizantes que a sociedade lhes apõe e/ou os internados assumem”, próprio de
todas as instituições de caráter totalitário. Considera-se, ainda, a existência de uma
característica inerente a todas as instituições totais – mais concretamente, o caráter
excludente. Esse tipo de instituição possui caráter vexatório, não só por a sociedade
diferenciar os internados rotulando-os negativamente, mas também devido ao próprio
internado assumir (negativamente, ou em casos de hiperconformismo, de forma posi-
tiva) sua diferença.

TOMAZ, Jufran Alves


PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

79

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Verifica-se, entretanto, que por vezes a preocupação com os idosos travestis e


transexuais se detém na prevenção das doenças como tuberculose ou na administra-
ção de vacinas em campanhas periódicas realizadas por parte do governo federal, mas
o que usualmente os acometem, é algo superior, terrível em detrimento da qualidade
plena da vida, a qual só pode ser alcançada por meio do conhecimento acerca das reais
necessidades que os idosos gays apresentam. Acredita-se que um caminho para com-
preender tais idiossincrasias é buscar apreender o significado do envelhecimento para
esses indivíduos. Conforme Jodelet, “há representações que cabem em nós como uma
luva ou que atravessam os indivíduos: as impostas pela ideologia dominante ou as que
estão ligadas a uma condição definida no seio da estrutura social (JODELET, 2001, P.
32). Dessa forma, Travestis e transexuais idosos no sistema prisional precisam serem
(re)vistos sob a ideia de que a prisão enquanto um ambiente insalubre, sobretudo pela
existência de condições agravantes inerentes ao encarceramento, tais como: desvalo-
rização social, diminuição no convívio familiar, dificuldade no exercício de atividade
laboral, conflitos que permeiam a convivência intergeracional, necessitam sim de “leis
e políticas sociais” – como ADPF 527 da ABGLT, da luta em defesa dos direitos pela
CNCD/LGBT – Conselho Nacional de Combate à Discriminação de Lésbicas, Gays,
Bissexuais e Transexuais.

Dessa forma, com seus direitos garantidos na prática, já que na teoria isso lhes é
negado por meio dos instrumentos legais em contexto prisional, o indivíduo conside-
rado idoso, travesti ou transexual poderá sujeita-se a uma nova aprendizagem de con-
vívio com indivíduos na mesma condição de definição de sexualidade/gênero que lhe
são totalmente desconhecidos na realidade que ora se encontram; após um percurso
de vida marcado pelo convívio com quem mantinha dessabores, sob violência ou ten-
do também que descuidar de seu estilo de vida pessoal e quotidiano para se adaptar a
uma continuidade estigmatizadora antes e durante no sistema prisional, poderão em
breve, vislumbrar nova realidade. Por isso, nesse contexto, o recluso irá reconstituir
seu quotidiano, empenhando todos seus sentidos, capacidades intelectuais, sentimen-
tos, ideias e estratégias adaptativas na busca por um “depois” da ratificação da ADPF
527, fortalecendo de vez a transferência de travestis e transexuais a estabelecimentos
prisionais compatíveis com o gênero feminino, algo que têm sido negados sistemati-
camente em nosso país.

CONCLUSÃO

Mediante ao exposto, propomo-nos discutir a relevância da ADPF 527 a partir da


motivação do grupo LGBT diante do Supremo Tribunal Federal – STF, defenderem e

Capítulo 7
SAÚDE E ENVELHECIMENTO DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS NO SISTEMA PRISIONAL: UMA REFLEXÃO FRENTE A
ADPF 527 DA ABGLT
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

80

representarem com extremo esforço a voz das travestis e ou transexuais encarceradas,


levantando os seguintes aspectos, primeiro os desafios e resistências que as travestis,
assim como os transexuais trazem em relação aos debates de gênero, o direito de cum-
prirem suas penas em presídio compatível com sua condição, já garantidos em respei-
to aos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (artigo 1º, inciso III),
da proibição ao tratamento degradante ou desumano (artigo 5º, inciso III) e da garantia
à saúde (artigo 196), na Constituição Federal 1988.

A época contemporânea reflete-se numa imagem: O tema da travestilidade e en-


velhecimento, como apontado, é ainda pouco explorado em pesquisa, sendo um tema
marginal também nas ciências humanas. Para o desenvolvimento de pesquisas na tra-
vestilidade, transexualidade e envelhecimento, é fundamental considerar categorias
sociais em intersecção e o entendimento dessas como socialmente construídas. Falar
de respeito, saúde ou humanismo devem ser o cenário de origem nessa nossa reflexão,
assim, uma referência substantiva para o reconhecimento de que esses seres humanos
possam enquanto sujeitos históricos, superarem a marginalização que insiste em si
eternizar em meio a essa categoria, onde esperamos até mesmo a superação de concei-
tos pejorativos disseminados por parte da sociedade estigmatizadora que afirmam por
vezes o jargão/ditado que se tornou popular no Brasil de que a “maioria das travestis
são marginais a vida inteira e quando envelhecem elas viram velhas marginais”.

Assim, até quando conviveremos com essa realidade de descaso para com essa
parcela da população brasileira? De que travestis e transexuais envelhecidos nos presí-
dios são sujeitos de direitos? Será um erro imaginar que a mudança da atual condição
de nossas “idosas” virá de uma ação isolada – a ADPF 527? É fundamental que nos
articulemos enquanto cidadãos e busquemos estratégias como a discutida aqui nesse
artigo, que assegure a universalização do Direito e o acesso a justiça, apoiada a uma
nova ordem democrática, cuja expressão maior é a participação cidadã do conjunto de
seus autores sociais. Somente a partir de uma articulação dessa natureza, num proces-
so de radicalização da democracia, decorrerão ações planejadas e intencionalmente
dirigidas à transformação da sociedade travesti e ou transexual nas prisões brasileiras.

REFERÊNCIAS
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GOFFMAN, E. Manicômios, prisões e conventos. São Paulo: Perspectiva; 1961. p.11-


59.

TOMAZ, Jufran Alves


PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

81

JODELET, Denise. Representações Sociais: um domínio em expansão. Rio de Janeiro:


Ed. UERJ, 2001.

MEDEIROS C, COELHO M, Gersão E, Moreira J, Cunha M. Do desvio à instituição


total: subcultura, estigma, trajetos. Lisboa: Gabinete de Estudos Jurídico-Sociais do
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Capítulo 7
SAÚDE E ENVELHECIMENTO DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS NO SISTEMA PRISIONAL: UMA REFLEXÃO FRENTE A
ADPF 527 DA ABGLT
82
CAPÍTULO 8

CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA
PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE DA
DOENÇA DE ALZHEIMER: UMA REFLEXÃO
TEÓRICA

NOBRE, Maria Jeovaneide Ferreira1


ALVES, Roberta Machado2

DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.8

1  Psicóloga. Especialista em Neuropsicologia Clínica. Especialista em Avaliação Psicológica. Especialista em Análise


do Comportamento (ABA).Terapia Cognitivo-Comportamental. Mestranda em Psicologia Organizacional e do
Trabalho – Universidade Potiguar (UNP). Email: jeovaneideneuro@outlook.com l ORCID: 0000-0003-3296-8270
2  Psicóloga. Especialista em Saúde Coletiva e Saúde Mental. Especialista em Avaliação Psicológica. Especialista em
Psicologia Hospitalar e da Saúde. Especialista em UTI Geral e Assistência Intensiva ao Paciente Crítico. Mestranda em
Saúde Coletiva – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Email: psirobertaalves@gmail.com l ORCID:
0000-0003-1697-1015
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

84

RESUMO

D e acordo com a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz) a doença de


Alzheimer (DA), é conhecida como um dos maiores tipos de demências re-
sultando em diversas alterações cognitivas. No Brasil, há cerca de 1,2 milhões de casos,
em que a maioria não foram sequer diagnosticados. Este artigo tem como objetivo dis-
cutir as contribuições da neuropsicologia na saúde do idoso, com enfoque na Doença
de Alzheimer. Buscou-se como metodologia a pesquisa de artigos já publicados em
base de dados e documentos do Ministério da Saúde e da Organização Mundial de
Saúde, bem como recomendações da Associação Brasileira de Alzheimer, entre outras
publicações. Espera-se com isso, contribuir para a discussão da abordagem do Alzhei-
mer e da saúde do idoso através de um olhar neuropsicológico e suas contribuições.
Conclui-se que torna-se necessário estimular a pesquisa com fins de criação de novos
instrumentos de testagem para que o Alzheimer seja detectado com maior facilidade,
pra que se torne possível reduzir a exaustiva bateria aplicada para uma maior eficiên-
cia e menor trabalho ao idoso, a fim de possibilitar intervenções terapêuticas e, conse-
quentemente melhorar a qualidade de vida para o paciente, sua família e seu cuidador.

Palavras-chaves: Alzheimer, Avaliação Neuropsicológica, Memória, Demência, Saúde


do Idoso.

INTRODUÇÃO

O Estatuto do Idoso (Lei n° 10.741/03) dispõe que aquelas pessoas com idade
igual ou superior a sessenta anos, considerados idosos, passam a ter seus direitos ga-
rantidos de modo que são considerados prioridade em meio as condições físicas que
lhes são inerentes. Ser idoso é uma etapa da vida que necessita de uma maior atenção
quando diz respeito as condições físicas e mentais que o passar do tempo e a idade
proporcionam. Assim, é fundamental que esse grupo em questão, viva de forma plena,
saudável, desfrutem do lazer, da família, para que possam ter uma vida digna e viven-
ciem momentos que lhes proporcionem condições de bem-estar enquanto ser humano.

Porém, é nessa etapa da vida que a saúde se torna mais vulnerável, surgindo o
aparecimento de uma série de complicações com relação a saúde, que causam ao idoso
limitações, como por exemplo, problemas com a memória, faz com que a medicina
atribua a esse grupo condições peculiares referentes às doenças adquiridas com maior
probabilidade (CORRÊA, 2009). Essas condições caracterizam o processo da velhice,
que está infelizmente ligada ao aparecimento de doenças.

Nesse sentido, podemos perceber que a perda da memória é um traço corres-


pondente ao processo de envelhecimento e isso vem gerando preocupação quando

NOBRE, Maria Jeovaneide Ferreira


ALVES, Roberta Machado
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

85

ficamos a par do número da população idosa que vem crescendo ao longo dos anos
em nosso país. Com esse crescimento temos também um maior índice com relação as
doenças a eles acometidas.

Segundo os dados da organização das Nações Unidas (ONU), a população mun-


dial de idosos representam, em torno de 10%, e segundo projeções para 2050, esse va-
lor será superior a 20%, no Brasil segundo o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE),
a população idosa tende a aumentar e a de jovens a diminuir conforme projeções da
ONU, em 2025 o Brasil ocupará o 6º lugar no mundo referente à população idosa,
com aproximadamente 32 milhões de idosos. E uma das doenças que tem se mostrado
como desafio para a terceira idade é o Alzheimer, o que nos leva a refletir sobre a qua-
lidade de vida dessas pessoas e como estas se encaixam nessa realidade cada dia mais
crescente (BRASIL, 2015).

A Demência de Alzheimer (DA) é considerada como uma afecção degenerativa


do sistema nervoso, ou seja, suas causas não são realmente conhecidas e manifestam-
-se por perda sistematizada anormalmente importante de certo grupo de neurônios,
um grupo de degenerescência do córtex cerebral que se manifestam pela perda pro-
gressiva e inelutável das funções intelectuais: perda da capacidade de raciocínio, per-
turbações das grandes funções neuropsicológicas, tais como a memória, a orientação,
a linguagem, as alterações do gesto e da percepção, alterações dos comportamentos
afetivos e inadequação comportamental ao contexto social (CAMÕES et al 2015).

Nesse intuito, será abordado o que é a doença de Alzheimer, seus impactos na


vida do idoso, como também, na própria família. A família também é fato crucial nesse
processo de adoecimento, pois é nela que o idoso irá encontrar, primeiramente, supor-
te para lidar com a situação apresentada. Assim, tanto o idoso quanto a família irão
vivenciar uma outra realidade mediante aos sintomas da doença, o acompanhamento
e as mudanças dentro do ambiente familiar (SANTOS, 2003).

A doença de Alzheimer ainda é de causa pouco conhecida, portanto, a elaboração


deste trabalho será pautada em artigos já publicados e trabalhos já realizados nessa
temática para maior embasamento nessa discussão. Para Rodrigues (2006), a neurop-
sicologia é considerada uma disciplina científica ocupando-se das relações cérebro e
funções cognitivas e suas bases biológica. Seu crescimento no Brasil tem sido evidente
nos últimos anos, porém não há ainda um consenso com relação à abrangência da área
e principalmente quanto à utilização dos instrumentos de avaliação neuropsicológica
(Resolução do Conselho Federal de Psicologia - CFP, Brasil, 02/2003).

Capítulo 8
CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE DA DOENÇA DE ALZHEIMER: UMA REFLE-
XÃO TEÓRICA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

86

Neste intuito, o presente artigo visa discutir a contribuição da neuropsicologia


na saúde do idoso, com enfoque na Doença de Alzheimer (DA) apresentando uma
revisão bibliográfica qualitativa e descritiva acerca do tema proposto.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo qualitativo e descritivo, em que para a coleta de informa-


ções foi utilizada a pesquisa de artigos já publicados na base de dados Scientific Eletro-
nic Library Online (SCIELO) e documentos do Ministério da Saúde e da Organização
Mundial de Saúde (OMS), bem como recomendações da Associação Brasileira de Al-
zheimer, tais publicações que enfatizassem a DA e seus comprometimentos cognitivos,
a fim de apontar a contribuição da Neuropsicologia. Os descritores utilizados foram:
Dêmencia em idosos, Alzheimer e Neuropsicologia e Instrumentos Neuropsicológicos
pra Alzheimer. O ano de publicação não foi um critério relevante nesta pesquisa. A
busca foi realizada durante o mês de Maio de 2019, e foram selecionadas 25 referências
em língua portuguesa e inglesa que enfatizam a temática em questão para que assim
fossem incluídos nesse estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A redução da memória e a fragilidade ao qual o idoso sofre nas etapas da doença


acometido pelo Alzheimer, assim como a necessidade de maior atenção e os graus de
dependência, foram estudados por Brandão (2001). Sobre a nova realidade vivenciada
pelo idoso e seus familiares Coelho. et al (2004) afirma que os membros da família en-
frentarão uma nova dinâmica no que diz respeito a situações relacionadas ao emocio-
nal, questão financeira e cuidados.

A questão ou condição financeira e de gastos foi descrita por Alvim (2004), apon-
tando que o diagnóstico de Alzheimer além de ser temido devido aos impactos cau-
sados de maneira física e mentalmente chega a ser um grande desafio no quesito eco-
nômico, pois os gastos com uma doença degenerativa acompanham a progressão da
doença, destacando os medicamentos utilizados, o processo de cuidados, higiene à
alimentação, exames e etc.

O surgimento de uma doença como a caracterizada por Alzheimer na família


ocasiona um certo desequilíbrio no sentido de lidar com esse processo degenerativo,
se trata de uma complexidade em todos os sentidos, sejam eles físicos ou mentais tan-
to dos membros como do próprio idoso. Assim, a família acaba que se reorganizando
para que possa atender as características do quadro da doença (SEKINE; SALOMÃO;
GERALDO; DIAS, 2006).

NOBRE, Maria Jeovaneide Ferreira


ALVES, Roberta Machado
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

87

O primeiro estágio tem como principal característica a perda de memória para


fatos recentes, com preservação dos fatos remotos. A linguagem também pode estar
alterada, sobretudo nos casos pré-senis. O paciente apresenta discurso vazio, com po-
breza de substantivos e de ideias, além de dificuldade de nomeação e diminuição da
fluência verbal (TEIXEIRA & CARAMELLI, 2008).

No segundo estágio, a linguagem é caracterizada por discurso fluente e para-


frásico (deformações de palavras existentes, por exemplo: caneira no lugar de cadei-
ra), acompanhada de compreensão alterada e repetição relativamente preservada. A
memória remota passa a ficar comprometida, assim como a recente. As habilidades
visuoespaciais são progressivamente danificadas e os pacientes perdem-se dentro da
própria casa (TEIXEIRA & CARAMELLI, 2008). No estágio final, todas as funções cog-
nitivas estão gravemente prejudicadas. A fluência verbal se reduz à ecolalia (repetição
da última ou últimas palavras que alguém dirigiu ao enfermo), palilalia (repetição
automática e estereotipada pelo enfermo da última ou última palavra que ele mesmo
emitiu) ou mutismo (ausência de resposta verbal oral). Ocorre incontinência esfinc-
teriana e o paciente desenvolve rigidez muscular generalizada (TEIXEIRA & CARA-
MELLI, 2008).

O diagnóstico de demência depende da avaliação do estado mental. Diversos


testes, desde os de aplicação rápida até extensas baterias neuropsicológicas podem ser
utilizados para essa avaliação. Todavia, não existe teste padrão-ouro para o diagnósti-
co. Testes de aplicação rápida e interpretação simples são de interesse no exame indi-
vidual de pacientes, mas são ainda mais importantes para estudos epidemiológicos de
prevalência de demência em populações (NITRINI, 1994).

Acerca da Avaliação Neuropsicológica, um dos seus objetivos é explorar as


razões do desempenho comprometido, para tanto, o Mini-exame do Estado Mental
(MEM) tem sido o teste mais empregado, dividido em questões de: orientação (ex: dia,
mês, ano atuais), memória imediata (o terapeuta fala palavras como “caneca”, “tijolo”
e “tapete”, e o indivíduo deve repetir tais palavras logo em seguida), cálculo (subtra-
ções de sete, começando por 100), evocação (repetir as palavras enunciadas na parte de
memória imediata), linguagem e nomeação (nomear o que o terapeuta está indicando
para o sujeito), repetição (repetir uma determinada frase), comando em três estágios
(solicitar para que o paciente faça uma ação em três estágios), leitura, escrita e cópia do
desenho. Contudo, ele não é um teste específico para o rastreio de DA. Por esta razão,
é sempre acompanhado de outros testes que medem qualidade de vida, depressão,
praxias, etc.

Capítulo 8
CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE DA DOENÇA DE ALZHEIMER: UMA REFLE-
XÃO TEÓRICA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

88

A Bateria de Memória Semântica (Bateria de Avaliação da Memória Semântica


- BAMS) objetiva avaliar processos de memória declarativa semântica e de catego-
rização, tem algumas tarefas semelhantes de outras baterias de memória semântica,
incluindo a nomeação em resposta à descrição verbal, nomeação de imagens, fluência
verbal semântica e categorização visual com base na associação semântica. Este ins-
trumento também inclui tarefas não presentes em outras baterias, como questões de
conhecimento geral e semelhanças verbais (BERTOLA, 2018).

Tanto o teste de Atividades da Vida Diária (AVKATZ), desenvolvido por Katz


et. al. (1963) e traduzido por Scazufca (2002), quanto o Inventário das Atividades da
Vida Diária (AIVDLAWTON), desenvolvido por Lawton & Brody (1969), têm a fina-
lidade de avaliar a autonomia e qualidade de vida do indivíduo em questão, ajudam
a mostrar em qual dos três estágios de Alzheimer o indivíduo se encontra, sendo am-
plamente aplicados por serem testes de fácil aplicação e interpretação, de baixo custo e
por consumir pouco tempo de preenchimento, abordando questões como banho, capa-
cidade para vestir-se, capacidade de usar o banheiro, locomoção, continência e alimen-
tação - AVD, , como atender o telefone, cuidados com a casa, cozinhar e lavar roupas,
até atividades que possuem um grau maior de dificuldade, como fazer compras, tomar
medicamento sozinho, cuidar das próprias finanças e usar o transporte – IAVD.

Uma das escalas mais utilizadas para avaliar a gravidade do quadro demencial
é o Escore Clínico de Demência (CDR), que tem como objetivo avaliar o nível de com-
prometimento em seis categorias funcionais: memória; orientação; juízo e resolução de
problemas; assuntos comunitários; atividades domésticas e hobbies; e cuidado pessoal
(BERG, 1984).

Outra importante contribuição é o questionário de Queixas Mnésicas para Fatos


Recentes (MacNair-Pc; MacNairAc), desenvolvido por McNair e Khan (1983), é dire-
cionado ao indivíduo em questão e ao cuidador. O potencial portador de demência
realiza o teste que possui 16 questões como “Você tem dificuldades para lembrar de
acontecimentos recentes da atualidade?” e “Você normalmente precisa anotar tudo?”.
O acompanhante responde à mesma avaliação, contudo, ao invés de “você”, substitui-
-se por “ele”.

CONCLUSÃO

Há mais de trinta anos, os idosos com quadro degenerativo normalmente eram


diagnosticados em estágios moderados ou graves da sua evolução, quando o eram,
pois muitos familiares passivamente aceitavam os sintomas e os encaravam como par-
te integrante do processo de envelhecimento. Os critérios mais definidos de demência
e atualmente os estudos de comprometimento cognitivo leve, propiciaram não somen-

NOBRE, Maria Jeovaneide Ferreira


ALVES, Roberta Machado
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

89

te a diferenciação dos quadros nosológicos, mas também o diagnóstico preciso; a fim


de possibilitar intervenções terapêuticas e, consequentemente melhorar a qualidade
de vida para o paciente, sua família e seu cuidador.

Com a escrita deste trabalho, pode-se compreender que a Avaliação Neuropsi-


cológica é o exame de grande valia como parte desta investigação nos quadros de de-
mência, especificamente de Alzheimer, já que pode caracterizar alterações cognitivas,
comportamentais e funcionais e pode auxiliar no curso da avaliação diagnóstica, pla-
nejamento de reabilitação e manejo. Através dos estudos realizados acerca da bateria
de testes comumente utilizada no diagnóstico, espera-se que estudos dessa natureza
sejam estimulados em nosso país e desenvolvidos com suporte das agências fomenta-
doras de pesquisa para que.o Alzheimer seja detectado com maior facilidade, pra que
se torne possível reduzir a enorme bateria aplicada para uma maior eficiência e menor
trabalho ao idoso.

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Capítulo 8
CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE DA DOENÇA DE ALZHEIMER: UMA REFLE-
XÃO TEÓRICA
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Capítulo 8
CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA PARA O DIAGNÓSTICO PRECOCE DA DOENÇA DE ALZHEIMER: UMA REFLE-
XÃO TEÓRICA
92
CAPÍTULO 9

SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D EM
IDOSOS COM ARTRITE REUMATOIDE:
RELAÇÃO COM A MELHORIA DA
QUALIDADE DE VIDA

MACHADO, Aída Cruz1


MACHADO, Ana Karina da Cruz2
ALVES, Roberta Machado3

DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.9

1  1 Farmacêutica. Especialista em Bioquímica Clínica. Especialista em Gerontologia e política de atenção a pessoa


idosa. Email: aidamachado@yahoo.com.br l ORCID: 0000-0002-7473-7764. 2 Assistente Social. Gerontóloga. Professora.
Especialista em Gerontologia e Saúde Mental. Mestranda em Psicologia Organizacional e do Trabalho – Universidade
Potiguar (UNP). Email: karinacruz_rn@yahoo.com.br l ORCID: 0000- 0001-5898-1807. 3 Psicóloga. Especialista em
Saúde Coletiva e Saúde Mental. Especialista em Avaliação Psicológica. Especialista em Psicologia Hospitalar e da Saúde.
Especialista em UTI Geral e Assistência Intensiva ao Paciente Crítico. Mestranda em Saúde Coletiva – Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Email: psirobertaalves@gmail.com l ORCID: 0000-0003-1697-1015
2  Assistente Social. Gerontóloga. Professora. Especialista em Gerontologia e Saúde Mental. Mestranda em Psicologia
Organizacional e do Trabalho – Universidade Potiguar (UNP). Email: karinacruz_rn@yahoo.com.br l ORCID: 0000-
0001-5898-1807
3  Psicóloga. Especialista em Saúde Coletiva e Saúde Mental. Especialista em Avaliação Psicológica. Especialista em
Psicologia Hospitalar e da Saúde. Especialista em UTI Geral e Assistência Intensiva ao Paciente Crítico. Mestranda em
Saúde Coletiva – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Email: psirobertaalves@gmail.com l ORCID:
0000-0003-1697-1015
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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RESUMO

S egundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2016), as doenças crônicas


são responsáveis por 70% de todas as mortes no mundo acarretando um pro-
blema de ordem global de saúde, gerando perda da qualidade de vida. Algumas des-
sas doenças podem ser evitadas, sobretudo quando são ocasionadas pela carência em
vitaminas, como é o caso da Artrite Reumatoide, onde, a ausência de vitamina D no
organismo dos idosos causa um grande impacto. O presente trabalho tem o objetivo
de destacar a importância da suplementação da vitamina D em idosos com artrite reu-
matoide para a melhoria da sua qualidade de vida. Como metodologia, foi realizada
uma revisão sistemática de literatura, no intuito de demonstrar a eficácia da vitamina
D nos processos inflamatórios reumáticos em idosos com carências vitamínicas. Espe-
ra-se com isso, demonstrar a relevância dos suplementos vitamínicos nos processos
de saúde / doença do organismo humano idoso e as formas de combate, contribuindo
assim com uma vida mais saudável na velhice. Os resultados apontam que idosos
desnutridos adoecem com maior facilidade, tem maior risco para infecções e maior
probabilidade de fraqueza muscular. Além disso, a carência da vitamina D é relacio-
nada constantemente com doenças autoimunes como a artrite reumatoide, esclerose
múltipla doença inflamatória intestinal, lúpus eritematoso, entre outras, e nesse senti-
do falar sobre a suplementação de vitamina é falar também sobre qualidade de vida.

Palavras chave: Vitamina D. Idoso. Artrite Reumatoide.

INTRODUÇÃO

De acordo com Silva (2011), o número de idosos tende a aumentar consideravel-


mente nos próximos anos, em consonância com esses dados, surgem novas doenças,
deficiências e preocupações com a saúde da pessoa idosa. Considerando que o enve-
lhecimento humano é um processo natural e progressivo, no qual ocorrem alterações
morfológicas, fisiológicas, psicológicas entre outras, e que ocorre a perda progressiva
da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, existe cada vez mais a
necessidade em se estudar a vulnerabilidade e incidência de doenças que podem levar
o indivíduo idoso ao adoecimento constante ou a morte precoce e as formas de preven-
ção e promoção da saúde desse segmento humano (MALTA, 2014).

O processo de envelhecimento também está intimamente ligado à manutenção


ou não da autonomia em relação ao desempenho das atividades diárias, como, por
exemplo, a rotina do trabalho e atividades físicas (GUIMARÃES, 2004). Segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS, 2016), as doenças crônicas são responsáveis por
70% de todas as mortes no mundo acarretando um problema de ordem global de saú-
de, gerando perda da qualidade de vida, mortes prematuras e grandes impactos eco-

MACHADO, Aída Cruz


MACHADO, Ana Karina da Cruz
ALVES, Roberta Machado
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

95

nômicos e sociais em vários países. Com a idade, o organismo humano fica fragilizado,
sendo comum a ausência de muitas vitaminas, entre elas A vitamina D. A principal
fonte da vitamina D é representada pela formação endógena nos tecidos cutâneos após
a exposição à radiação ultravioleta B. Uma fonte alternativa e menos eficaz de vitami-
na D é a alimentação, responsável por apenas 20% das necessidades corporais, porém
no sujeito idoso, ela assume um papel importantíssimo, principalmente se tratarmos
de idosos que não saem muito de casa, como os institucionalizadas, acamados ou que
residem em climas frios (LIMA, 2002).

A motivação em realizar este estudo se justifica pela temática da carência em vi-


taminas representar um sério problema de saúde pública, haja vista que a ausência de
vitamina D no organismo dos idosos levam a inúmeras doenças e dentre elas a artrite
reumatoide (AR). Por conseguinte, acredita-se também que esta pesquisa se justifica
por revestir de grande relevância científica, dada a possibilidade de criar subsídios
que tenderão a aperfeiçoar atividades e ações voltadas e melhorar esses indicadores
relacionados a suplementação dessa importante vitamina.
Artrite reumatoide (AR) pode ser definida como a doença inflamatória crônica sis-
têmica mais frequente. Sua etiologia ainda é desconhecida, mas sabe-se que possui
influência genética e hormonal, caráter autoimune, modulada por fatores ambien-
tai e caracterizada pelo acometimento simétrico de pequenas e grandes articulações
periféricas, com evolução frequente para deformidade e incapacidade funcional.
Essa doença compromete fundamentalmente a membrana sinovial das articulações
diartrodiais, estendendo-se para as demais estruturas articulares, cartilagem e osso
(LAURINDO, 2008, p.158).

Até bem pouco tempo só se ouvia falar em carência da vitamina D e impacto na


saúde do idoso quando se falava em osteoporose, outra doença associada ao sistema
ósseo, hoje em dia, a OMS pede atenção especial para a AR, doença que tem pedido
medidas preventivas com recomendação do uso de cálcio e vitamina D para preven-
ção de complicações e deformidades ósseas. A história clínica e o exame físico que são
a base do diagnóstico para a AR pode ser mais difícil no idoso, pois se confunde com
as dores tidas como “normais da idade”.

Nesse sentido, a literatura chama a atenção para uma doença que evolui progres-
sivamente e causa deformações e que o diagnóstico precisa ser eficaz e preciso (LAU-
RINDO, 2008). O autor chama a atenção para a ideia de que dores nas articulações
fazem parte do envelhecimento e que são normais pode causar pouca valorização dos
sintomas. “Por outro lado, a presença de comorbidades pode dificultar a identificação
da causa da dor neurológica, vascular ou articular “(p. 131).

Dessa forma, este capítulo tem o objetivo de destacar a importância da suplemen-


tação da vitamina D em idosos com artrite reumatoide para a melhoria da sua qualida-
de de vida. Foi realizada uma revisão sistemática de literatura, no intuito de demons-
Capítulo 9
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D EM IDOSOS COM ARTRITE REUMATOIDE: RELAÇÃO COM A MELHORIA DA QUA-
LIDADE DE VIDA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

96

trar a eficácia da vitamina D nos processos inflamatórios reumáticos em idosos com


carências vitamínicas. Espera-se com isso, demonstrar a relevância dos suplementos
vitamínicos nos processos de saúde/doença do organismo humano idoso e as formas
de combate, contribuindo assim com uma vida mais saudável na velhice.

METODOLOGIA

Os caminhos metodológicos escolhidos consistem em uma revisão sistemática de


literatura na qual é caracterizada pela análise da literatura que possibilita discussões
acerca de metodologias, resultados e conclusões de forma geral e específica sobre o
tema sugerido (SANTAELLA, 2001). A revisão sistemática de literatura resultará do
processo de levantamento e análise do que já foi publicado sobre o tema e o problema
de pesquisa escolhidos. Permitirá um mapeamento de quem já escreveu e o que já foi
escrito sobre o tema e /ou problema da pesquisa (SILVA; MENEZES,2001, p.37).

Para a seleção dos artigos foi utilizada a bases de dados MEDLINE (Medical Lite-
rature Analysis and Retrieval System Online) e a biblioteca virtual SCIELO (Scientific
Electronic Library Online). Dessa forma, procurou-se ampliar o âmbito da pesquisa,
minimizando possíveis vieses nessa etapa do processo de elaboração da revisão de
literatura.

Afim de estabelecer a amostra dos estudos, forma selecionados 16 trabalhos, para


a presente revisão, onde foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: arti-
gos científicos que retratem a importância da vitamina D (25OH) e suas relevâncias e
associações clínicas, uso das palavras chaves: “vitamina D”, “deficiência de vitamina
D”, “terceira idade” e “artrite reumatoide”. O ano de publicação não foi um critério,
entretanto se deu preferência a publicações realizadas entre o período de 2002 a 2018,
nos idiomas: português, inglês e espanhol.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A população mundial está envelhecendo, com isso as doenças ficam mais evi-
dentes. De acordo com a Organização das Nações Unidades (ONU, 2015), até 2050, a
quantidade de idosos vai duplicar no mundo. No Brasil, a expectativa é que o número
de pessoas com mais de 60 anos aumente mais do que a média mundial, passando
dos atuais 12,5% para 30%, até a metade do século. Entre as consequências do enve-
lhecimento da população, está o aumento de doenças degenerativas do corpo, como a
artrose (osteoartrose) e a artrite reumatoide (BAPEN, 2017). Estudos de Bapen (2017),
revelam ainda que, idosos desnutridos adoecem com maior facilidade, em média, 35%
quando tem idade acima de 80 anos, e entre 5 a 35% entre os 60 a 80 anos de idade. Para

MACHADO, Aída Cruz


MACHADO, Ana Karina da Cruz
ALVES, Roberta Machado
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

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o autor, as causas da desnutrição são variadas, ocasionando subnutrição, maior risco


para infecções, maior probabilidade de depressão e fraqueza muscular.

Para a OMS (2018), cerca de 9,6% dos homens e 18% das mulheres com idade
superior a 60 anos sofrem com a falta de suplementos vitamínicos. Sendo que 80%
das pessoas com osteoartrose ou osteoartrite têm limitações de movimento e 25% não
podem executar as principais atividades da vida diária, como abrir uma caixa de ali-
mento, dirigir, caminhar, subir escadas, levantar e segurar objetos. Das doenças da
categoria das osteoartrites, a Artrite Reumatoide (AR), é a que mais acometem o ido-
so, e, de acordo com Laurindo (2008), é uma doença crônica, complexa, de etiologia
ainda desconhecida, com influências genética e hormonal, possui influência genética
e hormonal, caráter autoimune, modulada por fatores ambientais e caracterizada pelo
acometimento simétrico de pequenas e grandes articulações periféricas, com evolução
frequente para deformidade e incapacidade funcional.

De acordo com Barros et. al (2004), AR é a doença mais característica das Poliar-
trites subagudas e crônicas, é mais comum em mulheres, onde a rigidez matinal pode
ser o sintoma inicial e é um marco da doença ativa. A mão é o cartão de visitas sendo
progressiva sem tratamento, determinando 90% das deformidades decorrentes da las-
sidão ou ruptura dos tendões e das erosões articulares, posteriormente as estruturas
afetadas são as dos pés, porém não significa, que a enfermidade não possa atingir
outras áreas do corpo: joelhos, ombros, cotovelos, fêmur e os diversos ossos e arti-
culações do organismo podem sofrer da condição, assim como alguns órgãos, como
o pulmão, olhos e o coração, que correm o risco de apresentar inflamação reflexo da
inflamação articular.

Corroborando com esse estudo, Bultink (2012), em sua pesquisa, sugere que há-
bitos de vida e características individuais podem aumentar a probabilidade de ocor-
rência da AR em um sujeito. Inicialmente, pode-se citar o gênero: mulheres são muito
mais propensas a doenças, teoricamente devido às constantes variações hormonais a
que o corpo feminino está sujeito, ocorre três vezes mais no público feminino do que no
masculino. Estudos de Alamanos (2006) indicam que a Artrite Reumatoide é a doença
mais frequente no idoso, com prevalência de 4,5% na faixa etária de 55 a 75 anos. Com
o crescimento da população acima dos 60 anos o impacto da AR se torna cada vez mais
evidente nas incapacidades físicas na terceira idade. Malta (2014); Silva (2011) et. at.,
mostram que a vitamina D afeta o crescimento e diferenciação celular de várias classes,
como macrófagos, células dendríticas e linfócitos T e B. Essas carências estão ligadas a
doenças autoimunes, como artrite reumatoide, lúpus sistêmicos, diabetes mellitus tipo
1, doença inflamatória do intestino e esclerose múltipla na terceira idade.

Capítulo 9
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D EM IDOSOS COM ARTRITE REUMATOIDE: RELAÇÃO COM A MELHORIA DA QUA-
LIDADE DE VIDA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

98

Estudos recentes de Sainaghi (2011), descreveu uma insuficiência no metabolis-


mo da vitamina D em pacientes com doenças reumáticas inflamatórias, presença de
inchaço e desgastes das articulações e ossos, surgindo lesões irreversíveis nas articula-
ções com deformações e diminuição da qualidade de vida do paciente. Foi notado, em
38% dos pacientes, nos dedos das mãos, tornaram-se tortos, dificultando ao paciente o
movimento destes membros e a capacidade de segurar um objeto. A vitamina D tem
sido alvo de um número crescente de pesquisas nos últimos anos, demonstrando sua
função além do metabolismo do cálcio e da formação óssea, incluindo sua interação
com o sistema imunológico, onde a sua deficiência é relacionada constantemente com
doenças autoimunes como a esclerose múltipla (EM), doença inflamatória intestinal
(DII), lúpus eritematoso sistêmico (LES) e artrite reumatoide (AR).

Dessa forma, estudos de CANTORNA MT; MAHON (2004), sugerem que a vita-
mina D seja um fator extrínseco capaz de afetar a prevalência de doenças autoimunes,
melhorando em 47,32% a vida de pessoas com artrite reumatoide quando acompanha-
das em constância relativa após 3 meses. Estudos Schauber (2008), realizados em mo-
delos experimentais com pacientes de artrite demonstram o efeito benéfico em 71% da
reposição da vitamina D na modulação dos componentes do sistema imunológico res-
ponsáveis pelo processo inflamatório de pés e mãos. Em consonância com esse estudo,
estudos realizados por Giulietti et. al (2004), apontam efeitos benéficos da suplemen-
tação da vitamina D na prevenção do desenvolvimento de doenças autoimunes, bem
como na redução da gravidade da doença preexistente osteomuscular em idosos, com-
provando redução de 29,74% de inchaços nodulares em membros inferiores (MMII).

Cranney et. al (2007), destacam em seus estudos que os impactos da hipovita-


minose D estão correlacionados ao risco de quedas em idosos. A suplementação de
vitamina D tem-se mostrado terapeuticamente efetiva em vários modelos animais
experimentais, como encefalomielite alérgica, artrite induzida por colágeno, diabetes
melito tipo 1, doença inflamatória intestinal, tireoidite autoimune e LES (LIPSS, 2004).
Pacientes com AR apresentam múltiplos fatores de risco de deficiência de 25(OH)D,
em estudos de Gomez (2007), classificando pacientes idosos em 69%, com deficiência
de vitamina D, que ao responder questionário quanto a hábitos alimentares e de vida,
responderam a não exposição ao sol (41%), e a não ingestão de leites, peixes entre ou-
tros (29%).

Vários autores têm demonstrado maior prevalência de deficiência de vitamina D


em pacientes com AR em comparação com indivíduos com outras doenças reumatoló-
gicas, uma revisão integrativa de Muller et al (2005); Huisman et. al (2001), evidenciou
níveis significativamente menores de vitamina D em pacientes AR em comparação
com pacientes osteoartrite.

MACHADO, Aída Cruz


MACHADO, Ana Karina da Cruz
ALVES, Roberta Machado
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

99

Em todos os estudos realizados são evidentes os efeitos benéficos da suplemen-


tação da vitamina D na prevenção do desenvolvimento ou agravamento de doenças
autoimunes e da artrite reumatoide em idosos, no sentido da melhoria de sua quali-
dade de vida. É relevante destacar que se faz necessário ampliar o debate em torno
da suplementação para que o sujeito idoso tenha ciência de uma forma mais simples,
porém eficaz, e consiga estabilizar dores e minimizar os impactos ou deformidades ós-
seas que são capazes de evoluir para doenças mais graves que impactam diretamente
em sua saúde física e mental.

CONCLUSÃO

Com a temática em evidência pode ser percebido que os efeitos que a vitamina
D causam no organismo do indivíduo idoso podem se traduzir em melhorias desde o
sistema imunológico com o aumento da imunidade até a garantia da longevidade de
maneira mais saudável. Foi evidenciado através dos estudos apresentados que existe
uma relação entre a deficiência de vitamina D e a prevalência de doenças autoimunes
como a artrite reumatoide.

Por ser uma doença que causa limitações nos membros inferiores e superiores,
trazendo inclusive impossibilidade de segurar objetos mais simples como uma esco-
va de dentes, impedindo de realizar atividades simples da vida diária, a artrite reu-
matoide necessita de maior atenção e prevenção, necessitando de politicas públicas e
incentivos para que a pessoa idosa esteja possa estar envolta a programas e ações que
estimulem sua participação em grupos, e com equipes multiprofissionais que estimu-
lem atividades físicas e suplementação de vitamina D.

Foi percebido também que a suplementação da vitamina D tem-se mostrado te-


rapeuticamente efetiva em vários modelos animais experimentais, porém em huma-
nos ainda se está em constante estudos, buscando sempre a melhoria de estudos que
evidencie doses e suplementações que consigam minimizar os efeitos que as compli-
cações da artrite reumatoide no organismo humano, sobretudo em idosos, onde o or-
ganismo já está mais fragilizado.

Como enfatizado anteriormente, a deficiência de vitamina D está associada tam-


bém com a carência no organismo por fatores como, a diminuição da capacidade física,
menor exposição ao sol, medicamentos ingeridos ao longo do tempo, e fatores nutri-
cionais, e neste sentido, fazse necessário a suplementação para que o organismo idoso
possa absorver a quantidade necessária para suprir a carência necessária destacando o
preparo do idoso para contribuir com a mudança de hábitos de vida e alimentares em
concomitância com a suplementação na busca da qualidade de vida, para além da dor
e das complicações nos casos de artrite reumatoide.

Capítulo 9
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D EM IDOSOS COM ARTRITE REUMATOIDE: RELAÇÃO COM A MELHORIA DA QUA-
LIDADE DE VIDA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

100

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Capítulo 9
SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D EM IDOSOS COM ARTRITE REUMATOIDE: RELAÇÃO COM A MELHORIA DA QUA-
LIDADE DE VIDA
102
CAPÍTULO 10

FATORES BIOPSICOSSOCIAIS DA
APOSENTADORIA PARA A PESSOA IDOSA

MORENO, Lauranery de Deus1


ALVES, Roberta Machado2

DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.10

1  Psicóloga. Especialista em Saúde Coletiva e Saúde Mental. Especialista em Avaliação Psicológica. Especialista em
Neuropsicologia Clínica. Email: lauranerymoreno@gmail.com l ORCID: 0000-0003-1372-2216
2  2Psicóloga. Especialista em Saúde Coletiva e Saúde Mental. Especialista em Avaliação Psicológica. Especialista em
Psicologia Hospitalar e da Saúde. Especialista em UTI Geral e Assistência Intensiva ao Paciente Crítico. Mestranda em
Saúde Coletiva – Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Email: psirobertaalves@gmail.com l ORCID:
0000-0003-1697-1015
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

104

RESUMO

O estudo do tema aposentadoria propõe uma discussão em sua totalidade, a


fim de entender toda a trajetória do sujeito até a chegada desse momento,
bem como as implicações sociais e emocionais relevantes a esse período. Objetiva-se
nesse artigo uma compreensão ampla acerca da aposentadoria, para isso será utilizado
o olhar de diversos autores, sob diferentes perspectivas, nos âmbitos: biológico, social
e psicológico. Tal artigo trata-se de uma pesquisa qualitativa, de caráter descritivo
para qual foi utilizado como método a Pesquisa bibliográfica, apoiada na literatura
especializada. Sabe-se sociedade supervaloriza o trabalho, o que além dos fatores que
dificultam a aceitação da aposentadoria, é também um aspecto negativo, já que tra-
ta-se da saída do local de trabalho onde já se existia um vínculo antigo, o que pode
afetar a sua identidade, contribuindo para a baixa autoestima além de sentimentos de
incapacidade, para tanto, tentaremos através da escrita desse artigo proporcionar uma
compreensão ampla acerca da aposentadoria, para isso será utilizado o olhar de diver-
sos autores, sob diferentes perspectivas, nos âmbitos: biológico, social e psicológico.

INTRODUÇÃO

Os índices estatísticos mostram que o envelhecimento populacional é um fenô-


meno mundial, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contí-
nua (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a população bra-
sileira manteve a tendência de envelhecimento nos últimos anos e ganhou 4,8 milhões
de idosos desde 2012, superando a marca dos 30,2 milhões em 2017. Acredita-se ainda
que em 2025 existirão 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, sendo o sexto país
com mais pessoas idosas no mundo. Diante dessa demanda, se faz necessário estudar
as diferentes particularidades encontradas nesse período, entre elas, a aposentadoria e
seus impactos na vida do sujeito idoso.

O estudo do tema aposentadoria propõe uma discussão em sua totalidade, a fim


de entender toda a trajetória do sujeito até a chegada desse momento, bem como as
implicações sociais e emocionais relevantes a esse período. A aposentadoria pode ser
um fator desencadeante de ansiedade, trata-se de um momento carregado de dúvidas,
como a incerteza do futuro, bem como o enfrentamento de uma outra questão: ser
considerado “velho”. Diante disso, sua identidade, como pessoa e ser social pode ficar
ameaçada, tendo em vista a mudança em sua rotina, a dificuldade em realizar tarefas
antes realizadas, o comprometimento de sua aparência física, queda da renda mensal,
entre outros fatores que podem impactar diretamente na autoestima e motivação para
dali em diante.

MORENO, Lauranery de Deus


ALVES, Roberta Machado
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

105

Cabe também que sejam estudadas e discutidas as diferenças no sentido para o


sujeito e enfrentamento dessa etapa da vida, tendo em vista a subjetividade com que
é vivenciada, especialmente quando leva-se em consideração fatores pessoais, como
estilo de vida, contexto familiar, fatores culturais, sociais e econômicos. Dessa forma,
objetiva-se nesse artigo uma compreensão ampla acerca da aposentadoria, para isso
será utilizado o olhar de diversos autores, sob diferentes perspectivas, nos âmbitos:
biológico, social e psicológico.

METODOLOGIA

O presente artigo buscou compreender por meio de um viés biopsicossocial o


contexto da aposentadoria e seus impactos no sujeito idoso, se trata de uma Pesquisa
qualitativa, de caráter descritivo para qual foi utilizado como método a Pesquisa bi-
bliográfica, apoiada na literatura especializada por meio de artigos científicos extraí-
dos da base de dados Scielo, livros que abarcassem o tema, além de bibliotecas digitais
onde foram vistas monografias e teses que dissertam sobre a temática.

De acordo com Gil “a principal vantagem da Pesquisa bibliográfica reside no fato


de permitir ao instigador a cobertura de uma gama de fenômeno muito mais ampla do
que aquela que poderia pesquisar diretamente” (2009, p. 69).

A respeito dos autores, podemos citar Celso Barroso Leite, Simone Beauvoir e
Guite I. Zimerman como principais norteadores desse trabalho.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A aposentadoria é inerente a pessoa idosa, no entanto, as formas de enfrentamen-


to a essa conjuntura são vivenciadas de forma particular, são considerados diversos fa-
tores para que seja visto como aspecto positivo ou negativo influenciando diretamente
a qualidade de vida nessa etapa, a julgar, dinâmica familiar, preparação para a aposen-
tadoria, se o trabalho era prazeroso ou desagradável, bem como o aspecto financeiro
após aposentadoria, que de acordo com Duarte (2009) torna-se a maior preocupação
nessa fase da vida, acompanhado da força física para que possa sentir-se útil e capaz
de permanecer realizando suas tarefas rotineiras.
A aposentadoria é um marco de alteração na dinâmica familiar e social do indiví-
duo, trazendo como consequências a mudança dos hábitos de quem se aposenta
e daqueles que com ele convive, sendo então uma etapa da vida que necessita de
preparação e organização.” (AGUIAR, 2014, p.18)

No tocante ao biológico, sabe-se que com as transformações do corpo surgem


algumas debilitações na saúde, o que está diretamente atrelado a mudança de hábi-
tos já que não mais se consegue realizar as atividades de costume. A respeito dessas
mudanças, Zimerman (2007) cita como impactos na aparência: manchas escuras na
Capítulo 10
FATORES BIOPSICOSSOCIAIS DA APOSENTADORIA PARA A PESSOA IDOSA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

106

pele, bochechas enrugadas, flacidez da pele, ombros arredondados e encurvamento da


postura e diminuição da produção de novas células e impactos na fisiologia: a perda
de neurônios do cérebro, metabolismo mais lento, digestão mais complicada, aumento
da fadiga e insônia, olfato e paladar reduzido, diminuição da visão e audição e maior
fragilidade óssea, o que pode aumentar inclusive o risco de quedas. Perracini (2005)
pontua como principais fatores de risco para as quedas: danos no equilíbrio, marcha,
cognição, visão e força muscular; A World Health Organization – WHO (2004) com-
plementa essas condições levando também em consideração: o histórico de quedas,
o fato de morar sozinho, uso de medicamentos, condições de saúde (doenças circu-
latórias, pulmonares, artrite, depressão, incontinência), sedentarismo, medo de cair,
nutrição inadequada, entre outros.

Para Beauvoir, “é uma surpresa, um assombro, perceber- se velho. O espelho


mostra o que os outros percebem, mas a pessoa reluta em aceitar a mudança em si
própria. Dessa forma, velho é sempre o outro […]” (1990, p. 35).

Além do biológico, outros importantes fatores a serem estudados e compreen-


didos são o psicológico e o social do sujeito idoso diante desse período, inicialmente
pela visão estigmatizada que liga a aposentadoria a invalidez, já que ao se aposentar o
sujeito passa pelo confronto ao vazio que advém das horas que antes eram dedicadas
ao trabalho, o que contribui para baixa autoconfiança, além da perda das relações so-
ciais com colegas de trabalho, preocupações acerca de seu futuro e das suas finanças e
recusa em se colocar como aposentado.
O trabalho determinava os compromissos, horários e rotina. O afastamento do tra-
balho faz com que o tempo livre não esteja mais relacionado com o conjunto de
atividades diárias que faziam parte da sua vida. Há necessidade de mudança de há-
bitos cotidianos. Haverá diminuição no círculo de amizades ligadas ao trabalho,
mas, por outro lado, uma convivência mais intensa com a família, que poderá
ser harmônica ou conflituosa (KUNZLER, 2009, p.69).

Zimerman (2007) traz que o envelhecimento pode acarretar ao idoso dificuldade


em se adaptar a novos papéis e as mudanças rápidas, falta de motivação para viver e
planejar o futuro, alterações psíquicas, necessidade e trabalhar perdas orgânicas, afeti-
vas e sociais, distorção e baixa autoestima. Diante disso, a autora pontua cinco fatores
que alteram o novo status de ser velho, sendo eles: crises de identidade, mudança de
papéis, aposentadoria, perdas diversas e diminuição dos contatos sociais.

De acordo com um estudo realizado em 2013 pelo Institute of Economic Affairs


(IEA) há uma melhora na saúde logo depois da aposentadoria, mas a médio e lon-
go prazo ocorre um declínio significativo no organismo desses indivíduos. Ainda de
acordo com o estudo, a aposentadoria pode elevar em 40% as chances de desenvolver
depressão, bem como 60% no aparecimento de algum problema físico.

MORENO, Lauranery de Deus


ALVES, Roberta Machado
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

107

Segundo Marques e Euzeby (2005) o trabalho é assim como o nome, um dos as-
pectos mais importantes da identidade individual, sendo que o sucesso e a satisfação
no trabalho reafirmam quem o sujeito é, além de propiciar o reconhecimento social.
Segundo estes mesmos autores, “em nossa cultura, o papel profissional é um dos pila-
res fundamentais da autoestima, identidade e senso de utilidade (p.2)”.

Para Duarte (2009), esperar pela aposentadoria diz respeito a esperar por um fu-
turo financeiro incerto que, se soma as instabilidades trazidas pela pré-aposentadoria.
Para o idoso, ficam as dúvidas já que não se sabe se terá a opção de permanecer no
trabalho, por outro lado, não se sabe se terá condições físicas de manter-se em ativida-
de e, dessa forma, a aposentadoria é encarada como uma esfera de desconfiança com
relação aos seus direitos de cidadão.
O afastamento do trabalho pode causar efeitos desastrosos aos idosos. Efeitos es-
tes, psicológicos, pois muitas pessoas se sentem perdidas, não sabendo o que fazer;
domésticos, devido à presença permanente do aposentado em casa, podendo per-
turbar a rotina da mesma; e familiares, pois o contato maior com os familiares pode
provocar ou agravar conflitos. Estudos revelaram que somente 5% dos aposentados
se adaptam às novas condições de vida, exercendo alguma atividade, praticando
passatempos ou desfrutando o lazer do tempo livre (LEITE, 1993, p. 98).

Papalia (2006, p. 584) alerta que “pelo fato de a depressão poder acelerar os de-
clínios físicos do envelhecimento, um diagnóstico preciso, a prevenção e o tratamento
adequado podem ajudar pessoas idosas a viverem mais tempo e a permanecerem mais
ativa”.

Leite (1993) afirma ainda que a melhor forma de preparar-se para a aposentadoria
é se afastando gradualmente do ambiente de trabalho, dessa forma, o idoso cria con-
dições para se adaptar mental e psicologicamente, construindo novos hábitos, acostu-
mando-se à estar mais e casa, ao mesmo tempo em que a família assimila a presença
do idoso aposentado em casa em dias e horários não habituais.

CONCLUSÕES

A partir da escrita desse artigo, torna-se possível inferir que a sociedade superva-
loriza o trabalho, o que além dos fatores que dificultam a aceitação da aposentadoria,
é também um aspecto negativo, já que trata-se da saída do local de trabalho onde já
se existia um vínculo antigo, o que pode afetar a sua identidade, contribuindo para a
baixa autoestima além de sentimentos de incapacidade. O trabalho é considerado um
dos maiores marcadores na construção da identidade individual, uma vez que propi-
cia o engajamento com o mundo externo e a definição de si próprio a partir dos papéis
sociais que desempenha.

Capítulo 10
FATORES BIOPSICOSSOCIAIS DA APOSENTADORIA PARA A PESSOA IDOSA
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

108

A reinserção no mercado seja de forma autônoma ou com novo contrato de tra-


balho pode ser tido como meio de ressignificação, desde que essa seja a vontade do
idoso, tendo em vista que, com a aposentadoria a renda mensal é prejudicada e pode
fazer com que o idoso passe a depender financeiramente da família, o que acaba sendo
uma das maiores preocupações e um fator que contribui para o despertar da crença de
que o idoso passa a ser um “peso” para os parentes já que a partir desse marcador o
idoso passa a ter um convívio mais extenso com a família.

Diante do exposto, sabe-se que para que esse período não seja vivenciado de
forma negativa, o idoso precisaria dispor de um planejamento para a chegada desse
momento, podendo ser alguma realização pessoal que fora adiada até essa etapa até
um maior tempo para dedicar-se a atividades que desempenha com prazer.

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MORENO, Lauranery de Deus


ALVES, Roberta Machado
CAPÍTULO 11

EXAME CITOPATOLÓGICO EM IDOSAS: A


CORRESPONSABILIZAÇÃO NO CUIDADO
A SAÚDE CONTRA O CÂNCER CERVICO-
UTERINO

NOGUEIRA, Maria Izabel dos Santos1

DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.11

1  Enfermeira. Professora. Especialista em Saúde da Pessoa Idosa. Especialista em Gestão do Trabalho. Especialista
em Epidemiologia. Especialista em Saúde da Família. Mestranda em Saúde da Família no Nordeste – Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Email: izabelsnogueira@hotmail.com l ORCID: 0000-0003-0954-2503
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

110

RESUMO

O câncer cérvico-uterino é considerado um agravo de saúde pública, embora


existam recursos disponíveis para a sua prevenção e controle. Sendo a ida-
de recomendada pelo Ministério da Saúde entre 25 e 60 anos, é importante ressaltar
que muitas mulheres com idade superior devem realizar a coleta de citopatológico.
Publicações trazem informações com relação a não realização do exame preventivo,
mas também outras ações de autocuidado que podem prejudicar a saúde e principal-
mente a qualidade de vida. Objetiva analisar a corresponsabilidade das idosas com os
cuidados relacionados ao exame citopatológico e assim a prevenção do câncer cérvi-
co-uterino. Trata-se de uma revisão integrativa utilizando as bases de dados: LILACS,
SCIELO e BDENF, no período 2009 a 2019, nos idiomas: português e espanhol. A busca
foi realizada de janeiro a março de 2020. Enquanto resultados, evidencia-se que mes-
mo numa população com acesso a saúde suplementar, é necessário a intensificação de
mobilizações dos usuários para incentivo da prática de exames preventivos e sua cor-
responsabilidade com relação ao seu processo saúde-doença. Verificou-se na avaliação
dos artigos que a vergonha, idade avançada, dificuldades de locomoção e vida sexual
inativa foram os fatores para a não realização do exame citopatológico. Foi demons-
trado, apesar das mulheres estarem cientes das suas responsabilidades é necessário a
criação de um trabalho voltado para elas, com uma linguagem clara e específica, visan-
do o bem estar e o entendimento com relação a sua própria saúde.

Palavras-chaves: Saúde da Mulher, Idoso, Câncer de Colo Uterino, Papanicolaou

INTRODUÇÃO

O crescente aumento da longevidade feminina faz com que grande número de


idosas vivencie progressiva fragilidade biológica do organismo, situações de agravos
à saúde e ocorrência de doenças crônico-degenerativas, tais como o câncer cérvico-u-
terino.

Segundo Kuchemann (2012), no mundo todo se observa o aumento da população


idosa. No Brasil, atualmente, os idosos representam, aproximadamente, 15 milhões de
pessoas, com projeções para 32 milhões em 2025 e com predominância do sexo femini-
no, já que as mulheres constituem mais de 50% dessa população.

Quando se refere a fase reprodutiva feminina pode-se observar que a mesma


tem o início com a menarca e o termino com a menopausa, sendo ambos importantes
para a fisiologia feminina. Pode-se destacar que a vida reprodutiva da mulher possui
um limite de tempo, mas não a sua vida sexual, por isso a mulher em climatério ou a
menopausa devem possuir os mesmo cuidados destinados às mulheres mais jovens do

NOGUEIRA, Maria Izabel dos Santos


PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

111

que se diz a respeito à prevenção de doenças que possam atingir o aparelho genital.
(COSTA et al, 2010)

O câncer cérvico-uterino é considerado um agravo de saúde pública, median-


te sua elevada prevalência e morbimortalidade, embora existam recursos disponíveis
para a sua prevenção e controle. Portanto, torna-se necessário o conhecimento, não
apenas de sua magnitude, expressa nas estatísticas, mas também da singularidade da
clientela, que constitui seu alvo, para que se possa ter embasamento frente a seu me-
lhor controle, seja por meio de programas de prevenção precoce ou pela organização
da rede de tratamento e reabilitação (SANTOS et al, 2011).

Para um diagnóstico precoce basta que a mulher procure uma unidade de saúde
no intuito de ser atendida pelo médico ou enfermeiro da unidade que farão a coleta do
exame citopatológico que permitirá a identificação de lesões ou alterações cervicais. O
exame é rápido e indolor. Após dois anos sem nenhuma alteração nos resultados a mu-
lher pode esperar três anos para realizar um novo exame. Este intervalo deve ocorrer
porque as células causadoras do câncer demoram se desenvolver e são facilmente des-
cobertas. Desse modo, encontram a possibilidade de um método eficaz na descoberta
precoce e de combate ao câncer de colo de útero (BRASIL, 2015).

Embora a faixa etária recomendada pelo Ministério da Saúde esteja entre 25 e


60 anos, é de extrema importância ressaltar que muitas mulheres com idade superior
devem realizar a coleta de citologia oncótica. Esse fato é explicado pela existência de
mulheres idosas que podem ter um perfil gerador de risco para a doença. Desse modo,
o profissional deve levar em conta a frequência de realização dos exames e também
dos exames anteriores (BRASIL, 2015).

Contudo publicações e relatos trazem informações importantes com relação a


não realização do exame preventivo por essas mulheres, mas também outras ações
de autocuidado que podem realmente prejudicar a saúde e principalmente a qualida-
de de vida. Algumas sugeriram que o exame preventivo só seria importante para as
mulheres de vida promíscua, as sem cônjuges ou que nunca tiveram relações sexuais
e histerectomizadas não seria necessário realizar o exame. Esse fato sugere não só a
falta de informação como também a não corresponsabilização com a saúde do próprio
corpo (COSTA et al,2010).

A motivação em realizar este estudo se justifica pela temática representar um


sério problema de saúde pública, haja vista que mulheres acima de 60 anos estão dei-
xando de realizar os exames citológicos e com isso aumentando os índices de câncer
cérvico uterino. Por conseguinte, acredita-se também que esta pesquisa justifica-se por

Capítulo 11
EXAME CITOPATOLÓGICO EM IDOSAS: A CORRESPONSABILIZAÇÃO NO CUIDADO A SAÚDE CONTRA O CÂNCER DE
CERVICO-UTERINO
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

112

revestir de grande relevância científica, dada a possibilidade de criar subsídios que


tenderão a aperfeiçoar atividades e ações voltadas e melhorar esses indicadores.

Dessa forma, este trabalho tem o intuito de analisar a corresponsabilidade das


idosas com os cuidados relacionados ao exame citopatológico e assim a prevenção do
câncer cérvico-uterino.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão da literatura na qual é caracterizada pela análise da lite-


ratura que possibilita discussões a cerca de metodologias, resultados e conclusões de
forma geral e específica sobre o tema sugerido.

Para a seleção dos artigos foram utilizadas as seguintes bases de dados, a saber:
LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), SCIELO
(Scientific Electronic Library Online) e BDENF (Banco de dados em enfermagem). Des-
sa forma, procurou-se ampliar o âmbito da pesquisa, minimizando possíveis vieses
nessa etapa do processo de elaboração da revisão de literatura.

A fim de estabelecer a amostra dos estudos selecionados para a presente revisão


foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: artigos científicos que retratem
a corresponsabilização da mulher idosa com relação ao exame citopatológico e a pre-
venção do câncer de cérvico uterino, uso das palavras chaves: “saúde da mulher”,
“idoso”, “câncer de colo uterino”, “Papanicolaou”, artigos científicos completos publi-
cados entre o período de 2009 a 2019, nos idiomas: português e espanhol.

Em virtude das características específicas para o acesso às bases de dados sele-


cionadas, as estratégias utilizadas para localizar os artigos foram adaptadas para cada
uma, tendo como eixo norteador o objetivo do estudo e os critérios de inclusão da
revisão da literatura, previamente estabelecidos para manter a coerência na busca dos
artigos e evitar possíveis vieses. A busca foi realizada pelo acesso on-line no período
de Janeiro a Março de 2020 e, utilizando os critérios de inclusão, a amostra final desta
revisão foi constituída de artigos.

A apresentação dos resultados e discussão dos dados obtidos foi feita de forma
descritiva, possibilitando ao leitor a avaliação da importância da revisão elaborada,
de forma a atingir o objetivo desse trabalho que é analisar a corresponsabilidade das
idosas com os cuidados relacionados ao exame citopatológico e assim a prevenção do
câncer cérvico-uterino.

NOGUEIRA, Maria Izabel dos Santos


PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

113

RESULTADOS E DISCUSSÕES

No levantamento na base de dados foram encontrados 984 no LILACS, 334 na


SCIELO e 65 no BDENF, sendo que destes vinte e dois (22) foram analisados, revisados
e lidos, pois satisfazem os objetivos propostos.

De acordo com Costa et al (2010) a mulher em menopausa deve ter os mesmos


cuidados que as mulheres mais jovens em relação à prevenção de doenças que possam
acometer a sua parte genital, uma vez que a vida reprodutiva da mulher tem um limite
de tempo, não sendo associada a sua vida sexual.

Neste sentindo, acredita-se que, quando nos referimos aos cuidados em relação
à mulher, a limitação da idade ainda é constante, pois o auto cuidado ficou delimitado
somente para algumas idades, principalmente dos 35 as 49 anos onde apresentam um
pico maior de incidência para o câncer de colo uterino (SOARES et al, 2010) excluindo
as mulheres de idade avançada, aumentando assim o índice de mortalidade por câncer
entre as mulheres.

Sabe-se que o exame Papanicolaou, além de permitir a detecção de lesões no colo


uterino, é útil para verificar alterações compatíveis com a infecção pelo papilomavírus
humano - HPV, reconhecido como um grande fator de risco para o desenvolvimento
do câncer cervical (SILVEIRA et al, 2011).

O exame citopatológico de Papanicolaou é um método simples que permite de-


tectar alterações da cérvice uterina, a partir de células descamadas do epitélio e se
constitui até hoje, o método mais indicado para o rastreamento do CCU (Câncer do
Colo Uterino) por ser um exame rápido e indolor, de fácil execução, realizado em nível
ambulatorial, que tem se mostrado efetivo e eficiente para aplicação coletiva, além de
ser de baixo custo (CIRINO et al, 2010).

Costa et al (2010) destaca que as mulheres idosas que vivenciam a velhice na au-
sência de um companheiro, podem ter este fator como um dos determinantes para a
sua qualidade de vida ou não.

Dentre os motivos relatados para a não realização do exame preventivo, encon-


tra-se entre os principais o fato de muitas destas mulheres não serem ativas sexual-
mente, em seus estudos relata que, por não estarem mais em idade fértil, tendem a dei-
xar de realizar consultas ginecológicas se afastando das práticas de prevenção para o
câncer de colo uterino no exato momento em que ela pode aparecer (OLHÊ et al, 2013).

Foi observada certa resistência no que se diz respeito à importância da realização


do exame por parte das idosas em relação a hábitos antigos, o que dificulta a mudança
Capítulo 11
EXAME CITOPATOLÓGICO EM IDOSAS: A CORRESPONSABILIZAÇÃO NO CUIDADO A SAÚDE CONTRA O CÂNCER DE
CERVICO-UTERINO
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

114

de pensamento em relação ao seu autocuidado. A sociedade na qual estas mulheres


vivenciaram o seu período de juventude as mantinham totalmente sem acesso aos es-
tudos, visando somente o serviço doméstico (COSTA et al, 2010).

Corroborando com o citado acima, Lobo et al (2018) em seu artigo aborda que
a deficiência do conhecimento do exame de Papanicolaou também é componente
frequente em mulheres com baixa escolaridade, em países em desenvolvimento. Em
países desenvolvidos, as mulheres em geral sabem para que serve o exame de Pa-
panicolaou e a deficiência de conhecimento é detectada apenas quando se pesquisam
aspectos mais específicos sobre o câncer.

Outro resultado que é importante salientar, afirma Lobo (2018) é que muitas mu-
lheres relataram dificuldades pessoais para procurar os serviços de saúde. A maioria
das mulheres não têm motivação, ou sentem vergonha, para procurar atendimento
médico. Entretanto, problemas como distância, dificuldades para deixar filhos ou pa-
rentes, não poder deixar o trabalho ou ainda ter dificuldades financeiras e com trans-
portes também são dificuldades apontadas.

De acordo com INCA (2008) dentre as mulheres de idade mais avançada nota-
-se um desconhecimento das doenças sexualmente transmissíveis e a relação do HPV
com o desenvolvimento da doença. Porém tal fato contraria os resultados de estudos
segundo Fonseca et al (2010) e Olhê et al (2013), pois a classe estudada apresentou em
grande parte um conhecimento básico em relação às consequências da não realização
do mesmo.

Esse fato do conhecimento e a não realização do exame é fator preponderante


para a corresponsabilização dessas mulheres nos cuidados para prevenção e detecção
precoce do câncer de colo uterino. É sabido que a idade, a cirurgia de retirada dos
ovários e útero (histerectomia total) e a atividade sexual são fatores que levam muitas
mulheres a não realizarem os exames, mas a responsabilidade pela saúde do corpo
vem do paciente e depende dele seu processo, que seja da saúde ou da doença.

A Política Nacional de Humanização (2006) e a Política Nacional de Promoção


a Saúde (2006) tem como um de seus princípios a corresponsabilização do sujeito no
cuidado a saúde. A importância do indivíduo na prevenção de doenças é uma das
premissas dessas duas políticas e o que se observa com as mulheres acima de 60 anos
é que mesmo sabendo dos perigos em não se fazer os exames, continuam com os estig-
mas e dando pouca relevância a situação.

Segundo Costa et al (2010), o exame preventivo na rede básica de saúde no Bra-


sil é realizado em sua maior parte durante a consulta de enfermagem para a atenção a

NOGUEIRA, Maria Izabel dos Santos


PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

115

saúde da mulher. A partir daí, é necessário discutir a forma pela qual essas consultas
estão sendo realizadas e também a qualidade das informações passadas por elas.

Desta forma fica evidente que mesmo numa população com acesso a saúde su-
plementar, que teoricamente ofereceria melhores condições e facilidade à prevenção
em saúde, é necessário a intensificação de campanhas e mobilização dos usuários para
incentivo da prática de exames preventivos. Faz-se necessário também que os profis-
sionais atuantes nesta área estimulem o envolvimento das usuárias no autocuidado e
a propagação de informações tão importantes para a saúde da mulher.

Em contrapartida, em alguns casos, determinadas mulheres tinham total cons-


ciência dos riscos em relação ao atraso e da não realização do exame, já outras de-
monstraram certa resistência em relação ao assunto sendo caracterizadas por perfil de
costumes mais antigos. Verificou-se na avaliação dos artigos que a vergonha, idade
avançada, dificuldades de locomoção e vida sexual inativa foram os principais fatores
alegados para a não realização do exame citopatológico (AMORIM et al, 2006).

CONCLUSÃO

Neste estudo ficou claro que em alguns artigos, apesar das mulheres estarem
cientes das suas responsabilidades, ainda é necessário a criação de um trabalho vol-
tado especificamente para elas, com uma linguagem clara e específica, visando o bem
estar das mesmas e o entendimento com relação a sua própria saúde.

Cabe ressaltar ainda a importância de treinar, reciclar e capacitar de forma contí-


nua e permanente toda a equipe de saúde para que todos estejam conscientes e infor-
mados sobre as reais indicações e necessidades da coleta de papanicolaou, oferecendo
assim uma assistência humanizada e qualificada.

Nesse contexto, torna-se primordial que os profissionais da saúde, principalmen-


te o enfermeiro, desenvolva constantemente ações de promoção da saúde, valorizando
a educação em saúde, voltadas para orientação e o esclarecimento das possíveis dúvi-
das referentes ao estado de saúde das usuárias, no intuito de reduzir as desigualdades
e estimular o protagonismo da mulher frente à prevenção dos agravos no colo uterino.

Ainda há muito o que trabalhar com a população idosa no que se refere à contri-
buição da realização periódica do exame Papanicolau, principalmente em razão dos
novos padrões de sexualidade vividos pelas idosas. São necessárias mudanças, tanto
no nível micro da unidade de saúde, já que representam multiplicadores de informa-
ções em sua comunidade, tanto, no nível macro, das políticas públicas voltadas à saú-
de da mulher idosa, a fim de se poder permitir, verdadeiramente, uma longevidade
feminina com qualidade.
Capítulo 11
EXAME CITOPATOLÓGICO EM IDOSAS: A CORRESPONSABILIZAÇÃO NO CUIDADO A SAÚDE CONTRA O CÂNCER DE
CERVICO-UTERINO
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

116

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NOGUEIRA, Maria Izabel dos Santos


PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

117

SOARES, Marilu Correa; MISHIMA, Silvana Martins; MEINCKE, Sonia Maria Kön-


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Capítulo 11
EXAME CITOPATOLÓGICO EM IDOSAS: A CORRESPONSABILIZAÇÃO NO CUIDADO A SAÚDE CONTRA O CÂNCER DE
CERVICO-UTERINO
118
CAPÍTULO 12

IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS E
SINTOMAS DEPRESSIVOS: A IMPORTÂNCIA
DO SUPORTE FAMILIAR

SILVA, Ricardo Lourenço da Silva1


NOGUEIRA, Maria Izabel dos Santos2

DOI: 10.46898/rfb.9786558890614.12

1  Psicólogo. Especialista em Saúde Coletiva e Saúde Mental. Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental.


Email: ricardolourenconassau@gmail.com l ORCID: 0000-0002-5583-1245
2  Enfermeira. Professora. Especialista em Saúde da Pessoa Idosa. Especialista em Gestão do Trabalho. Especialista
em Epidemiologia. Especialista em Saúde da Família. Mestranda em Saúde da Família no Nordeste – Universidade
Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Email: izabelsnogueira@hotmail.com l ORCID: 0000-0003-0954-2503
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

120

INTRODUÇÃO

Os dados atuais apontam para uma mudança significativa em relação ao índice


demográfico, desse modo o país receberá num futuro não muito distante um grande
contingente de idosos. Apesar dessa informação já estar sendo divulgada por meio de
pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, jornais, mídia, entre
outros, observa-se que as políticas que contemplam essa população parecem estar ca-
minhando em passos lentos (IBGE, 2010).

Com isso, o país está diante de um grande desafio em decorrência do aumento na


proporção no número de idosos, o Brasil vai precisar de algumas mudanças significati-
vas na saúde, na educação e na acessibilidade das cidades para receber essa demanda.
Neste caso se faz necessário que haja políticas públicas de modo a proporcionar quali-
dade de vida a esse segmento para que a velhice não venha a se tornar um grande pro-
blema. O índice de uma vida mais longa tem aumentado durante os anos, como uma
resposta às evoluções nos campos da saúde, da tecnologia e do social, tendo grandes
contribuições para o crescimento na expectativa de vida da pessoa idosa.

Assim sendo, o processo de envelhecimento é contínuo na vida do ser humano,


pois o ciclo vital se inicia com a geração do bebê e toda construção seguinte é o caminho
para a fase idosa e para a morte. No decorrer da vida o indivíduo passa por momentos
que servem tanto de aprendizado e experiência, como também, vivencia situações de
perdas e limitações, que servirá de reflexo para a velhice (OLIVEIRA et al., 2012).

Ao atingir essa faixa etária surgem algumas dificuldades físicas, como também o
aparecimento de doenças orgânicas, cognitivas e psicológicas, que dependendo do seu
grau varia, pois cada pessoa é única e tem um modo particular de enfrentar diferentes
situações (OLIVEIRA et al., 2012). É visto que transtornos no idoso podem trazer con-
sequências, principalmente a depressão, no qual em situações de longa duração pode
afetar algumas capacidades do sujeito, a do autocuidado e os contatos sociais podendo
levar a cometer o suicídio. Alguns familiares optam por colocar seus idosos em insti-
tuições de longa permanência quando os mesmos apresentam alguma dificuldade. O
idoso institucionalizado tem que se adaptar a uma rotina da instituição, bem como a
conviver com pessoas desconhecidas e a se conformar com o afastamento da família.

A individualidade e o poder de escolha são modificados com o passar do tem-


po pelo sentimento de ser apenas mais um dentro daquele universo. São observados
frequentemente que os idosos que moram em abrigos têm uma piora em seu quadro
depressivo e uma diminuição em sua qualidade de vida (LEAL et al, 2014). Assim,
escolha desse tema se justifica no fato de que atualmente, percebe-se no contexto aca-
dêmico brasileiro um baixo número de publicações sobre a depressão e o apoio fami-
SILVA, Ricardo Lourenço da Silv
NOGUEIRA, Maria Izabel dos Santos
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

121

liar que os idosos institucionalizados recebem, assim trazendo vários questionamentos


diante da falta de interesse em pesquisar sobre essa área.

Esse desencadeamento de questões é válido, pois como não há interesse no âm-


bito de atuação que pode proporcionar benefícios inigualáveis para a vida do sujeito,
sendo esse apoio desde o início da vida até a terceira idade. Diante do exposto, esse
estudo tem como finalidade despertar o interesse do leitor quanto à importância da
participação da família para contribuir com o desenvolvimento da autonomia dos ido-
sos institucionalizados, proporcionando um maior convívio social, pois a interação
com outras pessoas é essencial para diminuir as sequelas da depressão.

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão da literatura que se caracterizada pela análise das pu-
blicações que possibilita reflexões a cerca de metodologias, resultados e conclusões
de forma geral e específica sobre o tema sugerido. A seleção dos artigos foi realizada
na basede dados LILACS - Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em
Ciências da Saúde. Dessa forma, procurou-se ampliar o âmbito da pesquisa, minimi-
zando possíveis vieses nessa etapa do processo de elaboração da revisão de literatura,
utilizando como palavras-chaves: “Idosos”, “Depressão”, “Institucionalização” e “Fa-
mília”.

Enquanto critérios de inclusão foram selecionados artigos científicos completos


publicados entre o período de 2008 a 2018, nos idiomas: português e espanhol. Dessa
forma, excluiu-se da pesquisa estudos na forma de resumo, outros idiomas, que não
atendessem os objetivos propostos e periódicos que não estiverem entre os anos se-
lecionados. A apresentação dos resultados e discussão dos dados obtidos foi feita de
forma descritiva, utilizando como categoria de análise as palavras-chaves conforme a
seguir: “idosos, depressão e institucionalização” e “idosos, depressão e família”. As
palavras-chaves foram assim utilizadas para filtrar a pesquisa e dessa forma possi-
bilitar ao leitor a avaliação da importância da revisão elaborada, de forma a atingir o
objetivo desse trabalho que é mostrar a importância da participação da família para
contribuir com o desenvolvimento da autonomia dos idosos institucionalizados, pro-
porcionando um maior convívio social, pois a interação com outras pessoas é essencial
para diminuir as sequelas da depressão.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

No levantamento na base de dados LILACS, após utilização das categorias de


análise, foram encontrados 56 artigos, sendo que destes onze (11) foram analisados,
revisados e lidos, pois satisfazem os objetivos propostos. Ressalta-se que foram ex-

Capítulo 12
IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS E SINTOMAS DEPRESSIVOS: A IMPORTÂNCIA DO SUPORTE FAMILIAR
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

122

cluídos os que não satisfaziam os critérios de inclusão. O processo de envelhecimento


populacional é conhecido como transição epidemiológica ou demográfica. O Brasil já
passou pelas etapas iniciais do processo de transição epidemiológica, e em alguns ca-
sos de áreas localizada nas regiões metropolitanas mais desenvolvidas está atingindo
seu estágio final, e vive agora um intenso processo de envelhecimento (CAMARANO,
2004).

A sociedade muitas vezes, associa a velhice às doenças, uma característica muito


presente nessa fase da vida, pois começam a aparecer enfermidades características do
próprio processo de envelhecimento. Podemos citar algumas dessas doenças: cardio-
vasculares, derrame ou Acidente vascular cerebral (AVC), osteoporose, parkinson, al-
zheimer, entre outras. As mais comuns são diabetes, hipertensão arterial, osteoporose,
artrite, artrose e depressão (CAMARANO, 2004).

Estatísticas do IBGE (2013), diz que a expectativa de vida chegará, tanto para o
sexo masculino como para o feminino, 80 anos de idade em 2041. No ano de 2013 che-
gou em 71 anos para homem e 78 anos para mulher, já em 2060 deverá atingir 78 anos
e 84 anos de idade. Esses dados especificam a tendência ao crescimento quantitativo
de idosos no país, visto que os avanços da medicina e a melhoria das condições de vida
da população vêm repercutindo no aumento da expectativa de vida da pessoa idosa.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil será considera-


do o sexto maior país do mundo no que se refere ao quantitativo de idosos até o ano
de 2025, podendo chegar ao ano de 2050 com aproximadamente 80% da população
idosa nos países em desenvolvimento (BRASIL, 2002). O crescimento da população
brasileira traz uma série de desafios para os quais o país não está preparado, mas que
necessitam e devem ser enfrentados para que esse segmento tenha um futuro melhor
e com mais dignidade.

O principal deles é criação de políticas públicas mais eficazes, que não sejam só
criadas, mas que saiam do papel e sejam aplicadas, divulgadas e incentivadas, com o
intuito que os idosos não só possam viver mais, mas tenham também mais qualidade
de vida como diz o estatuto do idoso. (BRASIL, 2011, p. 9). Direitos esses que muitas
vezes são negados e terminam ocasionando a população idosa em seu convívio em
sociedade e na família, diversas doenças como a depressão.

A depressão é uma doença psiquiátrica recorrente que pode causar vários sin-
tomas físicos e psíquicos, quem já teve algum caso tem chances consideráveis de ter
novamente ao ponto de se tornar um quadro patológico. Uma pessoa depressiva ge-
ralmente apresenta alguns desses sintomas: tristeza, desinteresse, irritabilidade, iso-
lamento social, dores, desânimo, fadiga ou perda de energia, sentimento de fracasso,
SILVA, Ricardo Lourenço da Silv
NOGUEIRA, Maria Izabel dos Santos
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

123

pessimismo, alteração do apetite, distúrbio do sono, agitação ou lentidão, capacidade


diminuída de pensar, alucinações e pensamento frequente de morte (BORN, 2008).

Portanto, a depressão é uma doença que está sendo cada vez mais frequente na
vida do ser humano, mas que existe tratamento: como medicamentos que ajudam a
acalmar e esquecer os pensamentos depreciativos, como também o uso de técnicas de
meditação, potencializado assim a qualidade da terapia comportamental. Esse tipo de
tratamento faz com que a pessoa fique mais calma e perceba que teve alguns hábitos
que foram impróprios e causaram a doença e o aumento dos sintomas da patologia
(RIBEIRO, 2013).

Muitos convivem silenciosamente com a depressão, precisando da ajuda de pro-


fissionais como médicos e psicólogos para realizar o tratamento e consequentemente
melhorar ou se curar definitivamente dessa patologia, tendo assim uma melhor qua-
lidade de vida. Doença essa que atinge todas as idades e principalmente os idosos,
sendo ainda mais prevalente em pessoas idosas que vivem em Instituições de Longa
Permanência, levando-os na maioria das vezes a morte. É sabido que os idosos institu-
cionalizados são mais propensos a ter depressão.

Segundo Borges et al (2013, p. 1077) “a depressão constitui enfermidade mental


frequente no idoso, comprometendo intensamente sua qualidade de vida”. Os sinto-
mas podem surgir, por exemplo, em decorrência de frustrações sofridas durante a in-
fância, conflitos familiares, traumas, perdas, idade, pobreza, isolamento, dentre várias
situações que podem desencadear um quadro depressivo. Segundo Galhardo (2009), a
depressão é de suma importância na avaliação da saúde do idoso.

Além de ser um dos transtornos de humor mais frequente entre os idosos, é uma
das causas de agravamentos patológicos existentes e da perda da autonomia. Os qua-
dros depressivos atribuídos ao envelhecimento são consequentes de situações que
questionam valores existenciais como: doenças, perdas materiais, conflitos familiares,
morte de entes queridos, aposentadoria, mudança de ambientes, traumas psicológicos,
dependência e a própria dificuldade de aceitação do envelhecimento (GALHARDO,
2009).

Existem alguns riscos mais frequentes que os idosos institucionalizados podem


está se expondo como: a idade avançando; diminuição do raciocínio, ocasionando di-
versos tipos de demências; diminuição e dificuldades nas atividades diárias; dimi-
nuição do metabolismo, ocasionando perdas na capacidade física; ser mulher, sendo
considerada mais frágil; falta de cuidador próprio, ou seja, que cuide só de um idoso e
por ter um maior número de lesões e doenças (VAZ, 2009).

Capítulo 12
IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS E SINTOMAS DEPRESSIVOS: A IMPORTÂNCIA DO SUPORTE FAMILIAR
PESQUISAS MULTIDISCIPLINARES EM GERONTOLOGIA

124

O idoso institucionalizado tem que se adaptar a uma rotina da instituição, bem


como a conviver com pessoas desconhecidas e a se conformar com o afastamento da
família. A individualidade e o poder de escolha são modificados com o passar do tem-
po pelo sentimento de ser apenas mais um dentro daquele universo. São observados
frequentemente que os idosos que moram em abrigos têm uma piora em seu quadro
depressivo e uma diminuição em sua qualidade de vida (SIQUEIRA, 2009). Quando
não tratada a depressão, pode trazer ao idoso sérias consequências: diminuição de
sua capacidade e independência, comprometimento cognitivo (distúrbio da memória,
concentração e indecisão), marco inicial do quadro demencial, má qualidade de vida,
ou até suicídio, porém, esses agravantes são maiores em pacientes que são institucio-
nalizados (BRASIL, 2007).

A população idosa ainda é vista como um empecilho, ou seja, um problema que


os familiares têm que enfrentar em suas vidas. Devido à correria do dia a dia ou não
quererem mais cuidar dos idosos, muitos familiares estão contratando os serviços de
pousadas para idosos ou tentando uma vaga em uma instituição de Longa Perma-
nência (ILP), por se tratar de uma Organização Não-Governamental (ONG), em que o
custeio é proveniente da aposentadoria do idoso, já que muitos parentes não têm con-
dições de arcar com todas as despesas. Essa realidade é muito preocupante, visto que a
família é considerada a base do ser humano. Portanto, o idoso ao ser desvinculado do
espaço familiar, tende a perder sua autonomia, sentindo-se rejeitado.

Entretanto, os filhos mais velhos precisam dar a devida atenção, proteção e cui-
dado aos pais na velhice, ou seja, uma troca “mútua”, pois, criaram e cuidaram deles
enquanto eram crianças e agora é a vez de retribuir tudo o que eles fizeram no passa-
do (OSORIO, 1996, p. 22). Isso acontece em virtude das diversas mudanças que estão
acompanhando a evolução da sociedade, em que as famílias que antes eram tradicio-
nais, agora estão sendo consideradas famílias modernas, ou seja, com diferentes con-
cepções e estruturas, sendo ausentes e individualistas em diversos momentos, dando
mais valor ao seu próprio problema e esquecendo que o outro familiar, muitas vezes,
pode está passando por situações mais graves, precisando de ajuda e naquele momen-
to não tem, ocasionando assim vários conflitos familiares.

Os conflitos recorrentes podem levar o rompimento do laço afetivo, principal-


mente com os idosos, por se tratar de uma pessoa mais frágil, que não tem mais a
mesma vitalidade de antes para servi, ou seja, para ser útil e termina sendo rejeitado e
abandonado muitas vezes pela família, que preferi viver só em virtude dos objetivos
pessoas e por não ter tempo em decorrência da correria do dia a dia, ocasionando o
distanciamento, desentendimento e o rompimento da composição familiar. Em alguns
casos, a família não tem o desejo de cuidar do idoso preferindo coloca-lo em um abri-

SILVA, Ricardo Lourenço da Silv


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go, pelo fato do idoso no decorrer da vida não manter um bom relacionamento com
sua família, vivendo em conflito, desrespeitando a esposa e os filhos, preferindo se
manter isolando sem ter um mínimo de carinho para com sua família, chegam à ve-
lhice e sendo abandonados. Por essa razão, devemos considerar a instituição de longa
permanência uma medida extraordinária para proteção do idoso.

Sendo assim, os idosos que vivem em ILPs tem o seu convívio com familiares fra-
cionados, a frequência das visitas que antes eram diárias, hoje já não existe mais, tra-
zendo para o idoso sentimento de reflexão, de solidão e de tristezas, transformando-os
em depressão e ocasionando muitas vezes o suicídio. É indispensável e indiscutível
a presença da família na vida do idoso, principalmente dos idosos asilados que estão
mais propícios a terem doenças, doenças essas como depressão, sendo muitas vezes
causadas pelo afastamento ou abandono dos familiares.

O convívio social, as relações sociais, a proximidade com a família são de extre-


ma relevância para o idoso institucionalizado. Isso faz com que ele tenha um apoio
social e mesmo residindo em instituições para idosos não perca suas referências, se
sinta acolhido pela família, proporcionando uma melhora na sua autoestima e conse-
quentemente no seu bem estar. Segundo Carneiro et al (2007), a concepção de que as
relações sociais proporcionam uma melhor qualidade de vida está sendo reforçado em
várias pesquisas. Da mesma forma, a falta de convívio social pode acarretar problemas
à saúde, causando efeitos negativos a capacidade cognitiva do indivíduo. Isso significa
que o contato com outras pessoas e principalmente com a família faz com que a pessoa
idosa possa viver com mais saúde.

CONCLUSÕES

A depressão é uma patologia que está cada vez mais frequente na vida do ser
humano. Entretanto, no Brasil os serviços ofertados pela área da saúde não correspon-
dem às expectativas desejadas para o diagnóstico e o tratamento dessa doença que
muitas vezes não é tratada devido à falta de investimentos por parte do poder público.
A grande preocupação está relacionada aos idosos institucionalizados em que a de-
pressão é cada vez mais comum, sendo motivada na maioria das vezes pela ausência
ou abandono por parte dos familiares, levando o idoso a uma profunda tristeza que
pode trazer sérias consequências.

Desse modo, quem deveria proteger os idosos são aqueles que os desrespeitam
e os abandonam, por serem muitas vezes consideradas pessoas frágeis, debilitadas e
sem condições de gerir a sua própria vida. Sendo assim, o convívio do idoso com fa-
mília e na sociedade, é extremamente importante, enfatizando ainda que são sujeitos
de autonomia, deveres e direitos como qualquer outro ser humano, devendo ser bem

Capítulo 12
IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS E SINTOMAS DEPRESSIVOS: A IMPORTÂNCIA DO SUPORTE FAMILIAR
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cuidado e tratado com dignidade e respeito para que tenha um envelhecimento mais
tranquilo, longe dos conflitos com as famílias e passando a viver com mais qualidade
de vida.

Diante do exposto, se propõe que haja mais participação da família na vida dos
idosos institucionalizados, além disso, se faz necessário que as ILPIs priorizem a in-
teração e estimulem o convívio com seus familiares e a sociedade em geral, não só
dentro da instituição, como também em outros espaços de convivência e lazer (Igrejas,
teatros, shopping e etc). Atitudes como essas podem influenciar positivamente na vida
dos idosos, principalmente nos fatores determinantes que levam ao quadro depressi-
vo.

Dessa forma pode-se concluir que existem fatores externos que podem auxiliar
no tratamento da depressão. Assim, consideramos que o envolvimento dos profissio-
nais que atuam diretamente com idosos, da família e da sociedade podem promover
ações com o intuito de resgatar a autonomia do idoso e reconstruir uma nova vida
social, mesmo vivendo em uma instituição de longa permanência.

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Capítulo 12
IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS E SINTOMAS DEPRESSIVOS: A IMPORTÂNCIA DO SUPORTE FAMILIAR
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ÍNDICE REMISSIVO Pandemia 6, 21, 23, 25, 27, 29, 31, 33, 35, 59, 61,
63, 65
A Pessoa 12, 16, 17, 18, 23, 24, 32, 33, 48, 49, 50, 51,
53, 54, 55, 56, 60, 61, 62, 63, 64, 65, 68, 69, 78,
Alimentar 38, 39, 40, 43, 44, 45, 46 80, 93, 94, 99, 104, 105, 106, 120, 122, 123,
124, 125, 126
Alzheimer 90, 122
População 9, 12, 13, 16, 17, 18, 22, 23, 24, 29, 30,
Ansiedade 22, 23, 30, 31, 32, 33, 60, 71, 72, 73, 104 32, 38, 39, 45, 57, 63, 69, 71, 77, 78, 80, 85, 96,
Aposentadoria 7, 103, 105, 107 97, 104, 110, 115, 120, 122, 124
Prevenção 12, 16, 17, 60, 61, 76, 79, 94, 95, 98, 99,
C 107, 108, 110, 111, 112, 113, 114, 115, 116
Câncer 68, 110, 113, 116, 117 Proteção 22, 30, 32, 45, 50, 52, 55, 60, 61, 63, 64,
124, 125
Covid-19 6, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19, 21, 22, 23,
24, 25, 27, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 35, 37, 38, 39,
40, 41, 43, 45, 46, 59, 60, 61, 63, 64, 65
Q
Qualidade 22, 24, 33, 45, 48, 50, 55, 60, 62, 68, 72,
D 73, 77, 79, 84, 85, 87, 88, 89, 94, 95, 98, 99,
105, 110, 111, 113, 115, 120, 122, 123, 124,
Depressão 12, 14, 17, 18, 22, 23, 30, 31, 33, 60, 87, 125, 126
97, 106, 107, 120, 121, 122, 123, 124, 125, 126,
127
R
Doença 12, 17, 18, 22, 33, 38, 44, 60, 62, 84, 85, 86,
89, 90, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 100, 101, 110, Respeito 52, 64, 77, 78, 80, 84, 86, 105, 107, 111,
111, 114, 122, 123, 125 113, 126

E S
Envelhecimento 7, 75, 77, 79, 81 Saúde 11, 12, 13, 17, 18, 21, 22, 24, 33, 34, 37, 38,
39, 45, 46, 47, 50, 57, 59, 60, 61, 64, 65, 67, 68,
F 69, 72, 73, 74, 75, 76, 83, 84, 86, 93, 94, 100,
103, 108, 109, 110, 111, 112, 114, 116, 119,
Família 12, 22, 29, 33, 52, 55, 57, 62, 63, 69, 84, 85, 121, 122, 126, 127
86, 89, 90, 106, 107, 108, 120, 121, 122, 124, Social 35, 47, 51, 52, 53, 59, 67, 93, 126
125, 126
T
G
Tabagismo 6, 67, 69, 71, 73
Gerontologia 4, 9, 47, 67, 93
Tratamento 17, 68, 69, 70, 71, 72, 73, 74, 80, 97,
I 107, 111, 123, 125, 126

Indivíduo 64, 68, 69, 72, 78, 79, 87, 88, 94, 99, 105, V
108, 114, 120, 125
Vida 16, 22, 24, 29, 32, 33, 44, 45, 48, 50, 54, 55, 60,
Insegurança 31, 38, 44, 45 62, 63, 68, 71, 72, 73, 76, 77, 79, 80, 84, 85, 87,
Isolamento 12, 16, 17, 19, 23, 30, 38, 44, 60, 61, 62, 88, 89, 94, 95, 96, 97, 98, 99, 104, 105, 106,
64, 78, 122, 123 107, 108, 110, 111, 113, 115, 120, 121, 122,
123, 124, 125, 126
M Violência 56, 60, 64, 65, 126
Memória 84, 88 Vulnerabilidade 30, 32, 48, 49, 50, 54, 62, 63, 77,
94
Mulheres 71, 97, 110, 111, 113, 114, 115, 116, 117

N
Nutricional 38, 39, 43, 44, 45, 46

P
Pacientes 32, 68, 70, 72, 87, 89, 98, 124

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