BEM-VINDO AO CURSO
Nas últimas décadas, a indústria química desenvolveu-se a ritmo acelerado e em muitos países
representa um dos principais fatores de progresso econômico. Por outro lado, além dos benefícios
potenciais desta situação, os acidentes incrementaram-se significativamente durante a produção,
manipulação, utilização, transporte, armazenagem e disposição dse substâncias químicas, com o
subseqüente dano à saúde da população, ao meio ambiente e às propriedades.
Com freqüência acontecem acidentes nos países da Região da América Latina e Caribe com
produtos perigosos, os quais requerem precauções e cuidados específicos para controlar e diminuir
seu impacto. Por tal motivo, torna-se necessária a intervenção de pessoas devidamente treinadas.
Neste curso, você como usuário, começará uma experiência de Auto-instrução que lhe permitirá
conhecer os temas relacionados com a prevenção, preparação e resposta aos acidentes
envolvendo produtos perigosos.
Fornecer os elementos teóricos e práticos, bem como a metodologia para implementar as ações no
âmbito nacional e regional referentes aos preparativos para emergências e desastres químicos nos
países da Região de América Latina e Caribe.
Objetivos específicos
Este curso é o resultado de um trabalho conjunto entre o Centro Colaborador OPAS/OMS visando
o atendimento de emergências em casos de desastres, com sede na CETESB, São Paulo, Brasil e
a Organização Pan-Americana da Saúde através do Programa de Preparativos para Casos de
O conteúdo técnico do material apresentado foi desenvolvido por uma equipe de profissionais da
Região vinculados com este tópico. A tradução ao português foi feita pelo CEPIS/OPAS com o
apoio de FUNASA/Brasil e da Representação de OPAS/OMS em Brasil. O desenho das páginas do
curso foi um trabalho desenvolvido pela equipe de informática do CEPIS/OPAS.
O curso está direcionado a pessoas como você que tem interesse na prevenção, preparação e
resposta aos acidentes quimicos.
O nosso propósito é que o material deste curso lhe ajude a melhorar o seu desempenho como
participante nos programas que o seu país esteja fazendo sobre este tema. Esperamos os seus
comentários e sugestões para melhorar este trabalho.
Seus comentários e sugestões por favor envia-los a: Dr. Diego González Machín
GERAIS
Acidentes ambientais - conceitos básicos
Edson Haddad, CETESB - Brasil
Os acidentes químicos na América Latina
Lilia A. Albert - México
Responsabilidades na prevenção, preparação e resposta às emergências
químicas
Diego González Machín, CEPIS/OPAS
Organizações internacionais envolvidas em ações de prevenção, preparação
e resposta a emergências químicas
Diego González Machín, CEPIS/OPAS
Centro colaborador OPAS/OMS para emergências químicas
Edson Haddad, Nilda Fernícola & Ricardo Rodrigues Serpa CETESB-Brasil
Os Centros de Informação Toxicológica nas emergências químicas
Diego González Machín, CEPIS/OPAS
1. Introdução
Os Acidentes Ambientais podem ser definidos como sendo eventos inesperados que afetam, direta
ou indiretamente, a segurança e a saúde da comunidade envolvida, causando impactos ao meio
ambiente como um todo.
a. Desastres Naturais:
Ocorrências causadas por fenômenos da natureza, cuja maioria dos casos independe
das intervenções do homem. Incluem-se nesta categoria os terremotos, os
maremotos, os furacões, etc.
b. Desastres Tecnológicos:
Embora estes dois tipos de ocorrências sejam independentes quanto às suas origens (causas), em
determinadas situações pode haver uma certa relação entre as mesmas, como por exemplo uma
forte tormenta que acarrete danos numa instalação industrial. Neste caso, além dos danos diretos
causados pelo fenômeno natural, pode-se ter outras implicações decorrentes dos impactos
causados nas instalações da empresa atingida.
Da mesma forma, as intervenções do homem na natureza podem contribuir para a ocorrência dos
acidentes naturais, como por exemplo o uso e ocupação do solo de forma desordenada pode vir a
acelerar processos de deslizamentos de terra.
No entanto, os acidentes naturais, em sua grande maioria são de difícil prevenção, razão pela qual
diversos países do mundo, principalmente aqueles onde tais fenômenos são mais constantes, têm
investido em sistemas para o atendimento à estas situações.
Já, no caso dos acidentes de origem tecnológica, podemos dizer que a grande maioria dos casos é
previsível, razão pela qual há que se trabalhar principalmente na prevenção destes episódios, sem
esquecer obviamente da preparação e intervenção quando da ocorrência dos mesmos.
Assim, pode-se observar que para os acidentes de origem tecnológica, aplica-se perfeitamente o
conceito básico de gerenciamento de riscos, ou seja, um risco pode ser diminuído atuando-se tanto
na "probabilidade" da ocorrência de um evento indesejado, como nas "conseqüências" geradas por
este evento.
Entre os diversos tipos de acidentes, pode ser destacado como de especial interesse o acidente
químico, que pode ser definido como um acontecimento ou situação que resulta da liberação de uma
ou várias substâncias perigosas para a saúde humana e/ou o meio ambiente, a curto ou longo
prazo.
As conseqüências dos acidentes químicos estão associadas a diferentes tipos de impactos no meio
ambiente, as pessoas ou o património (público e privado). Desta forma, a seguir, resumem-se os
danos causados por eventos:
Na década de 80, a preocupação com os acidentes industriais ganhou grande ênfase, no tocante à
prevenção destas ocorrências, principalmente após os casos de Chernobyl, Cidade do México e
Bhopal, quando diferentes programas passaram a ser desenvolvidos, contemplando não só os
aspectos preventivos, mas também os de intervenção nas emergências. Dentre estes programas
pode-se destacar The Emergency Planning and Community Right-to-Know Act; CAER-Community
Awareness and Emergency Response; APELL - Awareness and Preparedness for Emergency at
Local Level e International Metropolis Committee or Major Hazards, entre outros.
No transcorrer deste trabalho serão apresentadas algumas linhas básicas para a identificação e
avaliação de riscos e para prevenção de acidentes ambientais de origem tecnológica, bem como
para a adoção de medidas, rápidas e eficientes, quando da ocorrência destes episódios.
O primeiro passo, tanto para a prevenção, como para uma intervenção eficiente, deve ser a
identificação e avaliação dos riscos a que uma região está exposta, de modo que ações possam ser
desenvolvidas para a redução destes riscos, seu gerenciamento e planejamento de intervenções
emergenciais.
● indústria;
● comércio;
● terminais; e
● sistemas de transportes: rodoviário, ferroviário, marítimo, fluvial e por dutos.
d.Identificação dos riscos e das possíveis conseqüências causadas por eventuais acidentes
envolvendo as atividades e produtos identificados;
Dependendo da região a ser estudada, esta etapa pode ser bastante demorada e complexa, razão
pela qual é importante a criação de um Grupo de Trabalho, envolvendo todos os segmentos da
sociedade envolvidos com o assunto, de forma que os trabalhos possam ser agilizados e
contemplem, de forma detalhada, os itens anteriormente mencionados.
origem tecnológica
Antes do início dos trabalhos para a elaboração de um sistema para o atendimento aos acidentes
deverão ser identificados os diferentes sistemas de emergência existentes na região, ou seja:
● Corpo de Bombeiros;
● Polícia;
a. Recursos Humanos
Especialistas nas diferentes áreas envolvidas (defesa civil, médicos, meio ambiente,
etc) e disponibilidade de materiais e equipamentos em quantidades suficientes para
atender aos possíveis acidentes previamente estudados.
b. Sistema de Comunicação
Definido o sistema para acionamento dos órgãos, de acordo com o tipo e porte do
acidente, deve-se implantar, ou mesmo adaptar os sistemas existentes, de modo
que, quando do acionamento, também durante o atendimento aos acidentes, possam
ser estabelecidas as comunicações necessárias de forma rápida e com a
confiabilidade necessária.
c.Rotinas Operacionais
Para cada um dos possíveis acidentes estudados deverão ser definidas rotinas de
procedimentos para o combate aos sinistros prevendo sempre a organização
hierárquica durante a emergência, bem como as funções a serem desempenhadas
pelos diferentes órgãos participantes e os recursos a serem mobilizados.
d. Treinamentos
● treinamento de coordenadores;
● treinamento de jornalistas;
● treinamento da comunidade.
e. Manutenção do Sistema
4. Considerações gerais
Com base no anteriormente exposto, pode-se dizer que o gerenciamento de acidentes ambientais
passa por duas etapas distintas, para cada qual cabem ações diferenciadas, conforme mostrado no
quadro da Figura 2.
P
R IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS
E
V AVALIAÇÃO DOS RISCOS E DE SUAS CONSEQÜÊNCIAS
E
REDUÇÃO DOS RISCOS
N
Ç PLANO DE EMERGÊNCIA
Ã
O TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO
I
N AVALIAÇÃO DO ACIDENTE
T
E ACIONAMENTO
R
V MOBILIZAÇÃO
E
N
ASSISTÊNCIA EMERGENCIAL
Ç
Ã
RECUPERAÇÃO
O
A prevenção de acidentes ambientais, bem como a minimização dos seus impactos, só poderá ser
realizada de forma eficaz através da elaboração de um sistema adequado, que deverá ser
permanentemente atualizado e aperfeiçoado, tendo sempre como objetivos:
Nas situações emergenciais deve-se procurar agir de forma coordenada com a participação de
todos os envolvidos, razão pela qual o estabelecimento de planos específicos, associados a
treinamentos regulares, são importantes para o sucesso destas operações.
● Defesa civil
● Ministério/Secretaria da Saúde
● Instituições relacionadas com o ambiente
● Polícia militar
● Corpo dos bombeiros
● Indústrias
● Representantes da comunidade
Essa forma de ação integrada normalmente contempla a coordenação por parte da Defesa Civil, à
qual compete-lhe atuar como órgão facilitador para a movilização dos recursos de materiais e
especialistas, deste modo, a resposta à situação de emergência poderá ser rápida e eficaz,
diminuindo assim os impactos resultantes do acidente.
Vazamento de 200 m3
25/5/84 São Paulo Duto Nafta Rompimento
2 mortes
Evacuação de 6.500
25/1/85 Cubatão Duto Amônia Rompimento
pessoas
Vazamento de 2.500 ton.
São
18/3/85 Navio Petróleo Colisão
Sebatião Contaminação de
praias/ilhas
Explosão
10/10/91 Santos Estocagem Acrilonitrila Poluição do ar e do mar
Incêndio
300 kg
25/2/92 Cubatão Indústria Cloro Vazamento
37 intoxicados
Explosão Contaminação/Fogo no
3/9/98 Santos Armazenamento DCPD
Incêndio Estuário de Santos
Gasolina/ Explosão
8/9/98 Araras Caminhão tanque 55 mortes
Óleo diesel Incêndio
Perdas de US$ 68
milhões
13/7/73 Potchefstroom, Estocagem Amônia Vazamento 18 mortes
África do Sul
65 intoxicados
1/6/74 Flixborough, UK Planta de Ciclohexano Explosão 28 mortes, 104
Caprolactama feridos
Incêndio
Perdas de US$ 412
milhões
10/7/76 Seveso, Itália Planta de TCDD Explosão Contaminação de
processo grande área, devido
a emissão de dioxina
6/3/78 Portsall, UK Navio Petróleo Encalhe 230.000 ton.
500 feridos
24/3/89 Alasca, USA Navio Petróleo Encalhe 40.000 ton.
100.000 aves
11/3/91 Catzacoala Planta de Cloro Vazamento Perdas de
processo
Explosão US$ 150 milhões
22/4/91 Guadalajara, Duto Gasolina Explosão 300 mortes
México
15/2/96 Mill Bay, UK Navio Petróleo Falha 70.000 ton.
operacional
2300 pássaros
mortos
5. Bibliografia consultada
● OPS. Manual sobre Preparacion de Los Servicios de Agua Potable y Alcantarillado para
Afrontar Situaciones de Emergencia, 1990.
● UNEP. Awareness and Preparedness for Emergencies at Local Level (APELL), Paris, 1988.
Introdução| Quem se prejudica com os acidentes químicos? | Quais são os custos para os
governos? | Alguns dados específicos |Panorama Geral | Alguns fatores comuns | Algumas
deficiências do registro de acidentes químicos na América Latina | Situação atual
1. Introdução
As substâncias químicas podem ser perigosas por diversas razões. Podem, por exemplo, ser tóxicas
a curto e longo prazo; podem ser explosivas, inflamáveis, corrosivas, radiotivas ou reativas. Porém,
a presença simultânea de várias substâncias em um mesmo local acresce de maneira considerável
o risco de acidentes, com conseqüências graves.
Os acidentes químicos são o resultado de emissões não controladas, ao ambiente, de uma ou várias
substâncias nocivas para a saúde, para o ambiente ou bens materiais.
Ainda que estes acidentes tenham se iniciado com o desenvolvimento tecnológico da humanidade, o
seu número aumentou na Europa e nos Estados Unidos a partir da Revolução Industrial. Também
aumentaram no mundo todo, após a Segunda Guerra Mundial, com o impressionante
desenvolvimento industrial que se seguiu, com o incremento em número e quantidade de
substâncias químicas, e com o consumo de energia, e portanto de combustíveis de diversos tipos.
Tudo isso contribuiu para elevar o número de acidentes químicos no mundo e aumentar também a
sua gravidade.
Os riscos de que aconteçam estes acidentes e de que as suas conseqüências sejam graves ou
mesmo irreparáveis, dependem das características e quantidades da substância ou substâncias
envolvidas, as condições de manipulação, a natureza dos processos associados, a vulnerabilidade
do entorno e as condições das populações potencialmente expostas.
1. Agudos: Estão associados com a explosão, fuga, derramamento ou incêndio de uma ou mais
substâncias químicas dentro de uma instalação, tal como uma fábrica ou um armazém, ou
durante o transporte. Os seus efeitos são imediatos. Geralmente estes acidentes são motivo
de uma ampla cobertura nos meios de comunicação porque causam um dano considerável e
às vezes afetam um número significativo de pessoas.
Entre os acidentes deste tipo em outras regiões do mundo estão os muito conhecidos
da Baía de Minamata no Japão e as doenças conhecidas como Itai-Itai e Yusho
também no Japão, bem como a síndrome de óleo tóxico na Espanha.
Outro caso de tipo crônico foi o causado pela ingestão de sementes tratadas com
fungicidas constituídos por mercúrio na Guatemala, similar aos casos prévios, do
Iraque e Paquistão. Este último demorou em ser corretamente diagnosticado por falta
de conhecimento por parte dos responsáveis pela solução do problema.
Por exemplo, ainda que em Minamata tenha-se reconhecido oficialmente 439 mortes e 1.044
afetados irreversivelmente pela ingestão de peixe contaminado por mercúrio ou pela exposição
indireta na etapa pré-natal devido a que as mães ingeriram peixe contaminado com mercúrio,
diversos autores calculam que o número de pessoas afetadas na área ao redor da baía foram pelo
menos 10.000. Outros afirmam que o coeficiente intelectual (QI) das crianças da região que
nasceram durante o episódio é aproximadamente vinte pontos menor que o QI das crianças da
mesma idade nascidas nas regiões do Japão afastadas de Minamata.
A partir dos dados disponíveis sobre os custos da reparação nos acidentes de Seveso, Bhopal,
Basiléia e Guadalajara, pode-se concluir que seria uma economia considerável para os governos e
inclusive um magnífico investimento, começar a tomar precauções básicas para evitar os acidentes
químicos nos seus respectivos países ou, pelo menos, reduzí-los, bem como para minimizar os
danos imediatos e a longo prazo que afetarão a população por um tempo considerável.
No caso dos acidentes químicos isto significa que, sem importar onde nem como aconteçam,
PREVENIR É MELHOR QUE REMEDIAR.
Ainda que muito poucas, as informações que se dispõem indicam que, atualmente, os acidentes
químicos são um problema de grande magnitude na América Latina. Assim, entre 1978 e 1985, só
no estado de São Paulo, Brasil, registraram-se 90 episódios, dos quais 72% foram causados por
petróleo e seus derivados. No México, entre novembro de 1984 e outubro de 1985 (um ano depois
do acidente de San Juanico) apareceram nos jornais nacionais informação sobre 34 episódios, a
maioria deles, associados com praguicidas e metais pesados; 28 destes eventos causaram 2.321
casos de intoxicação e 271 mortes, o que dá uma taxa de mortandade de 12%.
Também no México, entre fevereiro de 1991 e dezembro de 1992, de acordo com os jornais
nacionais, aconteceram 113 acidentes químicos, nos quais predominaram os vazamentos e os
derramamentos de substâncias químicas, com uma freqüência total de 72%. Porém neste, como no
caso de São Paulo, segundo os registros disponíveis, é impossível obter o número de pessoas
afetadas assim como as taxas de mortandade e mortalidade associadas com o acidente.
Segundo dados colhidos pelo Centro de Informação Química para Emergências (CIQUIME) na
Argentina – sem contar os acidentes causados pela contaminação de vinho com álcool metílico que,
formalmente, deveriam ser considerados como acidentes químicos – durante 1992 houve 15
acidentes com um total de 89 lesionados e 6 mortes. Em um deles, inclusive, houve risco de
exposição de 700.000 pessoas. Nestes acidentes, assim como nos do México, também
predominaram fugas e derramamentos, com uma proporção total de 60,0%.
Na Argentina, a maior porcentagem destes acidentes (73,33%) aconteceu nas instalações fixas, o
que coincide com o informado pela Agency for Toxic Substances and Disease Registry (ATSDR) dos
Estados Unidos, segundo a qual a proporção de acidentes nas instalações fixas nesse país foi
calculada em 71,3%. É importante dizer que, segundo dados do CIQUIME, 40% dos acidentes antes
citados foram causados por substâncias consideradas como tóxicos agudos (classificação 6.1 das
Nações Unidas).
5. Panorama Geral
Em 1987 foi realizada uma oficina no Rio de Janeiro, sob o patrocínio da Organização Pan-
Americana da Saúde (OPAS) e do seu Centro Pan-Americano de Ecologia Humana e Saúde (ECO-
OPAS/OMS), no qual os especialistas da Região analisaram algumas das características que podem
influir sobre a freqüência dos acidentes químicos.
Se analisarmos os acidentes químicos que aconteceram na América Latina até o presente, conclui-
se que há vários fatores comuns.
a. Na maioria dos casos houve, pelo menos, uma manipulação pouco cuidadosa – ou pouco
informada – sobre as substâncias cujo potencial de dano é extremamente alto. Predomina o
desconhecimento geral sobre os riscos que cada tecnologia específica pode representar
para a saúde e o ambiente. Isto faz com que as autoridades não estejam conscientes dos
riscos em sua zona de influência ou que não se encontrem preparadas para enfrentar os
acidentes ou as conseqüências.
b. Estes acidentes começam a reduzir-se, em número e gravidade, nos países desenvolvidos;
especialmente depois do que aconteceu em Seveso, Itália, que motivou a Comunidade
Européia a emitir o chamado Diretivo de Seveso. Não obstante, chama a atenção que estes
acidentes estejam aumentando em vez de diminuir nos países em desenvolvimento, e
particularmente em alguns dos conhecidos como recentemente industrializados (newly
industrialized countries ou NIC, pelas suas siglas em inglês). Estes são principalmente
Argentina, Brasil, México e Venezuela. Além disso, como se comprovou no caso de
Guadalajara, México, cada vez mais vem aumentando o número de vítimas e a magnitude
dos danos materiais que os acidentes causam.
c. Além disso, na América Latina os problemas associados com a industrialização acelerada
são relativamente novos, e ainda não houve tempo de estabelecer medidas realmente
eficientes para a prevenção e controle destas emergências.
d. Também é possível que a falta de um registro correto dos dados disponíveis sobre estes
acidentes impeça que seja feito um acompanhamento correto, que permita identificar
tendências e causas, e avaliar corretamente os dados.
e. Em termos gerais, sem contar com as atividades imediatas para o controle do acidente, é
muito pouco o que se faz na Região para conhecer e reduzir as suas conseqüências a longo
prazo.
a. Não existe um critério homogêneo nos diferentes países sobre o que considera-se um
acidente químico. Por isso, as discrepâncias entre os países impedem realizar uma
avaliação sistemática integral e chegar a conclusões úteis. Por exemplo, dependendo dos
países, pode-se integrar sob este item os acidentes individuais, intoxicações ocupacionais e
catástrofes.
b. É notória a falta de um registro organizado e computadorizado dos acidentes químicos que
cubra pelo menos os acidentes mais importantes que aconteçam na Região, incluindo a
perda de vidas humanas, danos materiais ou magnitude da contaminação ambiental
resultante do acidente.
c. Um problema adicional é a falta de um sistema uniforme para o registro destes acidentes.
Assim, em alguns países existe algum sistema, enquanto que em outros não há nada;
d. Os registros de morbidade e mortandade relacionados com estes casos variam, geralmente
de deficientes a inexistentes, além disso, a maioria dos que existem não são sistemáticos.
e. Os dados sobre produção, transporte e uso de substâncias químicas nos países não são
completos nem atuais, ou estão dispersos, o que faz difícil o seu recolhimento, integração e
análise.
f. Com freqüência, os melhores dados sobre acidentes químicos na Região são obtidos na
imprensa cotidiana, ainda que, como é de se esperar, a maioria destas notícias refiram-se a
casos críticos, nos quais a mortandade ou os outros danos materiais imediatos são elevados.
g. Praticamente não se realizam pesquisas sistemáticas depois dos acidentes. Isto impede que
os dados disponíveis sejam analisados em conjunto, dificultando a avaliação dos casos e
freqüentemente interferindo no diagnóstico da causa dos acidentes originando qundo muito,
resultados de baixa qualidade.
h. Em qualquer caso, e indepente da qualidade dos registros, a participação do setor saúde é
mínima ou inexistente. Quando existe, reflete um grau importante da falta de informação das
autoridades respectivas sobre este tipo de problemas e as suas repercussões no setor
saúde.
Sobre isto, é interessante ressaltar que nos Estados Unidos a Agência de Substâncias
Este segundo achado permite supôr que, muito freqüentemente, as empresas não informam sobre
seus acidentes quando os controlam antes de que causem um dano ao exterior.
8. Situação atual
Com estes antecedentes é possível imaginar qual é o panorama atual na América Latina quanto à
prevenção de acidentes químicos e a sua atenção eficiente –imediata, e a longo prazo. Além disso,
pode-se vislumbrar o panorama quanto ao controle do próprio acidente, o atendimento de feridos e
evacuados, a reabilitação do local (se ficou contaminado) sem colocar em risco excessivo os
empregados, o pessoal de primeira resposta, e a população próxima.
O panorama da Região sobre os acidentes químicos não mudou de maneira importante desde a
Oficina que se realizou em 1987. Portanto, pode-se afirmar que continua sendo práticamente o
mesmo e que, nestes casos, o mais freqüente é que ocorram juntamente a ignorância, a
irresponsabilidade e o risco.
Pelo exposto, considera-se que a previsão da citada Oficina ainda é válida em afirmar que o próximo
acidente químico de importância na Região acontecerá no México, no Brasil ou na Argentina.
1. Introdução
As atribuições variam de acordo com o alcance geográfico, internacional nacional, regional e local, e
de acordo com o tipo de atividade que desempenhe a instituição, a qual pode ser, reguladora,
assistencial, preventiva, acadêmica, etc.
2. Responsabilidades e funções
Para cumprir estas responsabilidades as autoridades públicas no nível nacional e local, devem
possuir uma equipe técnica devidamente capacitada, além de recursos adequados.
Promover a administração segura de qualquer substância perigosa que for produzida por eles
através do ciclo de vida total da substância, consistente com o princípio de "acompanhamento do
produto".
● Função principal: projetar, construir e operar uma instalação perigosa de forma segura.
Desenvolver os meios para realizá-los e incorporar a proteção à saúde e ao meio-ambiente
como parte integral das atividades economicas da empresa.
● Tentar atingir o objetivo: "zero acidentes".
● Garantir que os perigos sejam identificados e classificados, e que os meios para reduzi-los e
eliminá-los estejam estabelecidos.
● Garantir que os procedimentos de segurança de operações estejam documentados.
● Garantir que todos os empregados, incluindo os temporários, recebam o treinamento
adequado para desempenhar suas tarefas.
● Executar as medidas de segurança, tais como: evitar ou minimizar o uso de substâncias
potencialmente perigosas, substituir substâncias mais tóxicas por outras menos tóxicas,
simplificar os processos, reduzir ao mínimo as exposições , etc.
● Assegurar a qualidade durante a construção da instalação perigosa.
● Garantir a transferência de informação.
● Garantir a disponibilidade dos equipamentos de proteção individual.
● Supervisar e garantir a conveniência dos armazéns de substâncias perigosas.
● Monitorar regularmente a segurança das instalações.
● Fornecer, em cooperação com as autoridades públicas, informações adequadas sobre ações
que serão tomadas em caso de acidentes.
● Desenvolver, executar, implantar e atualizar os planos de emergência.
● Identificar e avaliar os acidentes que possam ocorrer nas instalações e suas possíveis
conseqüências.
● Implantar no local sistemas de detecção de acidente ou ameaça de acidente de forma que a
equipe de resposta a emergências tome ciência imediata do ocorrido.
● Pesquisar todos os incidentes significativos para identificar as causas e implantar ações para
corrigir qualquer deficiência na tecnologia ou procedimentos.
Muitas das responsabilidades, embora recaiam com maior força sobre uma entidade específica,
precisam do trabalho coordenado de várias instituições. Alguns exemplos que justificam esta
informação podem ser:
A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD), no Rio
de Janeiro, Brasil, em junho de 1992, adotou a Agenda 21. No capítulo 19, dedicado somente às
substâncias químicas reconheceu-se a necessidade de fomentar a cooperação internacional
eficiente com relação à prevenção, preparação e resposta às emergências químicas. Além disso,
ressaltou-se a necessidade que os organismos internacionais, incluída a Organização Mundial da
Saúde / Organização Pan-Americana da Saúde, Organização de Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (PNUMA) Organização
Internacional do Trabalho (OIT) e outros, juntem os seus esforços a fim de melhorar a preparação
dos países para enfrentar os acidentes químicos. Para fazê-lo, estes esforços deverão estar
dirigidos a:
● Fornecer uma base científica avaliada internacionalmente para que os países desenvolvidos
possam realizar suas próprias medidas de segurança química e fortalecer a capacidade
nacional para prever, controlar os efeitos danosos, dos produtos químicos e operar os
aspectos de saúde frente as emergências químicas;
● Desenvolver princípios, procedimentos e guias para enfrentar às emergências químicas.
● Criar bancos de dados, publicações e bibliotecas virtuais que facilitem o acesso rápido à
informações sobre substâncias químicas e operações de emergências.
● Estabelecer programas de capacitação e instrumentos que facilitem ações de prevenção,
preparação e resposta em todos os níveis.
● Elaborar listas de centros de resposta a emergências e de profissionais com experiência na
área.
● Incentivar a padronização para a apresentação de informes e pesquisa de acidentes.
● Estimular o intercâmbio de informação entre os países.
3. Conclusão
A maioria dos acidentes que envolvem substâncias químicas podem ser previstos e o êxito
obtido na prevenção destes acidentes depende da cooperação que há entre os atores
envolvidos. Por isso, é importante que cada participante conheça suas funções e saiba agir
em cada uma das etapas de prevenção e resposta.
4. Bibliografia
● OCDE. Guidance concerning health aspects of chemical accidents. Paris: OCDE; 1996. 62 p.
● OCDE. Guiding principles for chemical accident prevention, preparedness and response.
● OCDE. Workshop on the provision of information to the public and the role of workers in
accident prevention and response. Environment Monographs Nº 29. Paris: OCDE; 1990. 81
p.
● PNUMA. Un proceso para responder a los accidentes tecnológicos. París: PNUMA; 1989. 70
p.
1. Introdução
Nessa apresentação mencionamos algumas organizações envolvidas, bem como as suas principais
atribuições e a forma de acessá-las. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e a Organização
Mundial da Saúde (OMS) definiram em diversos documentos as responsabilidades das
organizações nacionais e internacionais.
● Fornecer uma base científica avaliada internacionalmente para que os países desenvolvam
as suas próprias medidas de segurança química, com o objetivo de fortalecer a capacitação
nacional, a fim de prever, bem como operacionalizar os efeitos danosos dos produtos
químicos, além dos aspectos de saúde frente as emergências químicas.
● Desenvolver princípios, procedimentos e guias para enfrentar as emergências químicas.
● Criar bancos de dados, publicações e bibliotecas virtuais que facilitem o acesso rápido à
informação sobre substâncias químicas e operações de emergências.
● Estabelecer programas de capacitação e instrumentos que facilitem ações de prevenção,
preparação e resposta em todos os níveis.
● Criar centros de resposta a emergências, bem como, base de dados com informações sobre
profissionais com experiência no tema.
● Incentivar a normatização para a apresentação de informes e pesquisas sobre acidentes.
● Estimular o intercâmbio de informação entre os países.
http://www.disaster.info.desastres.net
❍ Centro Regional de Informações sobre Desastres na América Latina e Caribe (CRID)
(http://www.crid.desastres.net/crid/index.htm)
❍ A Divisão de Saúde e Ambiente através do Centro Pan-Americano de Engenharia
http://www.who.int/pcs/index.htm
Principais atividades:
http://www.ilo.org/public/spanish/index.htm
http://www.unep.org
● APELL. Awareness and Preparedness for Emergencies at Local Level: Process for
responding to technological accidents. http://www.unepie.org/apell
● O PNUMA tem um Escritório Regional para América Latina, sua sede está localizada no
México DF http://www.rolac.unep.mx/ cuja missão é: fornecer a liderança e promover os
esforços conjuntos para a proteção do meio ambiente, além de estimular, capacitar e
informar às nações e os povos, com o objetivo de melhorar a sua qualidade de vida, sem
comprometer aquela das gerações futuras.
● UNEP/Chemicals http://www.chem.unep.ch/irptc/
Existem outras organizações nacionais que têm papéis importantes nas emergências
químicas tais como:
Concluindo, há muitas organizações às quais se pode buscar auxílio, tanto nas etapas de
prevenção, quanto nas de preparação e resposta às emergências químicas. Estas organizações
podem colaborar no fortalecimento das capacidades de nossos países, a fim de enfrentar as
catástrofes que incidem de maneira importante na saúde e no ambiente.
Resumo | Introdução | Acidentes ambientais no estado de São Paulo, Brasil | Prevenção dos
acidentes ambientais | Atendimento a acidentes ambientais | Centro colaborador da OPAS/OMS |
Integração da área ambiental com área de saúde | Conclusões | Bibliografia
1. Resumo
Os acidentes ambientais, causados por vazamentos de produtos químicos, são objeto de preocupação,
tanto para indústria quanto para os órgãos de governo e para as comunidades, como um todo.
Este trabalho tem por finalidade apresentar as atividades da CETESB para a prevenção e o atendimento
a acidentes com produtos químicos, bem como suas ações como Centro Colaborador OPAS/OMS,
ressaltando-se a importância da integração das áreas de Meio Ambiente e Saúde para gerenciar os
riscos associados a esses episódios.
2. Introdução
Os acidentes químicos podem ser definidos como eventos inesperados e indesejáveis que afetam, direta
ou indiretamente, a seguridade e a saúde da comunidade envolvida, causando impactos no meio
ambiente.
a. Naturais
São causados por fenômenos naturais que são independentes da intervenção humana. Incluem-
se nesta categoria: terremotos, maremotos, furacões e erupções de vulcões.
b. Tecnológicos
São produzidos pela atividade desenvolvida pelo homem, tais como acidentes nucleares
e vazamentos de produtos químicos, entre outros.
Mesmo que estes dois tipos de acidentes sejam praticamente independentes, em relação com as suas
causas, em determinadas situações pode haver alguma relação entre as mesmas; por exemplo, uma
tormenta forte que produz danos numa instalação industrial. Neste caso, além dos danos diretos
causados pelo fenômeno natural, pode haver outras complicações como conseqüência do impacto
causado na instalação afetada.
Da mesma forma, as intervenções do homem na natureza podem contribuir para que aconteçam os
acidentes naturais; por exemplo, o uso e a ocupação do solo, de forma desordenada, podem acelerar os
processos de deslizamento da terra.
Apesar disso, os acidentes naturais, em sua grande maioria, são de difícil prevenção; motivo pelo qual
diversos países do mundo, principalmente aqueles onde tais fenômenos são mais constantes, já
investiram em sistemas para o atendimento a estas situações.
Em casos de acidentes de origem tecnológica, é possível prevenir grande quantidade deles; por essa
razão, deve-se trabalhar principalmente na prevenção destes episódios, sem esquecer-se da
preparação necessária para intervir quando estes aconteçam.
Na década de 80, a preocupação com a prevenção de acidentes foi muito maior, sobretudo depois dos
casos de Chernobil, Cidade do México e Bhopal, oportunidade em que aconteceram diferentes
programas para cuidar dos aspectos preventivos e de intervenção nas emergências. Entre estes
programas, pode-se ressaltar: The Emergency Planning and Community Right-to-Know Act (USEPA);
CAER-Community Awareness and Emergency Response (Canadá) e APELL - Awareness and
Preparedness for Emergency at Local Level (UNEP), entre outros.
A Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (CETESB), desde o final da década de 70, atua
na prevenção e no atendimento a acidentes ambientais de origem tecnológica, causados por
substâncias químicas e, até o momento, já atendeu mais de 3.000 casos.
Este trabalho visa apresentar as atividades desenvolvidas por este Centro Colaborador e também as
formas de integração entre as área de ambiente e saúde, para a prevenção e resposta aos acidentes
ambientais que envolvem substâncias químicas.
No Estado de São Paulo, a CETESB contribui, desde 1978, nos aspectos preventivos e corretivos para
evitar que aconteçam acidentes maiores nas atividades que compreendem a manipulação de
substâncias químicas e também para diminuir os impactos ambientais, quando estes eventos
acontecem.
No periodo comprendido entre 1978 e 1999, a CETESB, junto com outras entidades envolvidas na
resposta a acidentes, atendeu um total de 3.360 casos, de acordo com o demosntrado na figura 1.
A figura 1 apresenta a distribuição percentual dos casos, de acordo com as atividades que causaram os
acidentes, e a figura 2 apresenta a distribuição percentual das classes de risco dos produtos envolvidos.
Figura 2. Acidentes ambientais no Estado de São Paulo, classificados pelas classes de risco dos
produtos
Nas figuras, pode-se ver que a participação da CETESB no atendimento aos acidentes ambientais com
substâncias químicas foi crescendo a cada ano. Este fato não somente pode ser justificado em função
das solicitações da comunidade como também porque, atualmente, existe uma maior conscientização
em relação aos assuntos ambientais, e também, como resultado das atividades desenvolvidas por
CETESB junto às outras áreas envolvidas no tema.
Com relação a algumas das atividades que causam acidentes, se observa que o transporte terrestre de
produtos químicos é o responsável pela grande maioria dos acidentes e que a principal classe de risco é
a dos líquidos inflamáveis.
A prevenção dos acidentes ambientais com produtos químicos está íntimamente associada às ações
inerentes às atribuições das entidades públicas que outorgam as licenças. Desta maneira é importante
que, antes que seja autorizada a operação de uma empresa, cujas atividades representam um risco
para a saúde da população e para o ambiente, se façam estudos de análise de riscos para garantir a
segurança das instalações.
Em geral, um estudo de análise de risco pode ser dividido em quatro grandes etapas, que são:
a. Caraterização da empresa
Esta etapa tem por finalidade obter dados e informações relativas à empresa e à sua localização
para auxiliar o desenvolvimento do estudo, além de permitir a familiarização dos técnicos com a
empresa e com as características ambientais do local onde a mesma está ou será localizada.
Esta etapa contempla a aplicação de técnicas para a identificação das possíveis causas e
conseqüências dos acidentes, de forma que possam ser identificados e devidamente analisados
os cenários ambientais mais significativos.
Nesta terceira etapa do trabalho, devem ser estimadas as possíveis conseqüências geradas
pelos cenários acidentais identificados na etapa anterior. Por tanto, devem ser utilizados modelos
matemáticos para a representação dos possíveis fenômenos, tais como: explosões, incêndios e
vazamentos de gases tóxicos.
As ações de resposta, para as situações de emergência que envolvam produtos químicos, devem
contemplar os procedimentos gerais de ação e avaliação, bem como as rotinas específicas de controle,
de acordo com os tipos dos possíveis cenários de acidentes.
Desta maneira, a resposta a uma situação de emergência que envolva produtos químicos deve
contemplar, de forma geral, as seguintes etapas:
● Acionamento
● Avaliação
● Ações de combate
● Medidas posteriores à emergência
Para atender a estes acionamentos, a CETESB mantém um sistema de plantões permanentes, durante
as 24 horas do dia, para permitir a movimentação rápida do seu corpo de técnicos especializados, na
resposta às emergências.
● Orientação a outros órgãos, tais como Defesa Civil, Vigilância Sanitária, Vigilância
Epidemiológica, Corpo de Bombeiros e Órgãos de Trânsito, entre outros, com relação aos riscos
existentes no local onde aconteceu o acidente, a fim de que se tomem as ações pertinentes para
isolar e evacuar as áreas que apresentam risco e, desta maneira, controlar a situação;
● Monitorar o ar, a água e o solo das áreas afetadas ou onde exista risco potencial;
● Coordenar, em conjunto com as outras entidades, as ações para a contenção, neutralização e
remoção dos produtos envolvidos, bem como dos resíduos gerados no evento;
● Aprovar e supervisionar os trabalhos de campo, a serem realizados pela fonte responsável pela
poluição, para a recuperação das áreas impactadas;
● Aplicar as punições cabíveis, de acordo com a legislação vigente (Lei N0 997 do Estado de São
Paulo, de 1997, regulamentada pelo Decreto Estadual N0 8.468, de 1976).
Desde a sua designação como Centro Colaborador, em 1992, a CETESB realiza uma série de
atividades, em conjunto com o Programa de Preparativos para Casos de Desastres (PED) da
OPAS/OMS, com a finalidade de transmitir a experiência a outras instituições dos países da América
Latina.
Dentre as diversas atividades realizadas pelo Centro Colaborador, dirigidas à prevenção e à gerência
dos acidentes ambientais que envolvam produtos químicos, podem-se destacar as seguintes:
● Manutenção do sistema de plantões permanentes para responder aos acidentes ambientais que
Pelo fato de que a população pode vir a ser exposta, na ocorrência de acidentes que envolvam produtos
químicos potencialmente tóxicos, é imprescindível a integração das áreas de ambiente e saúde,
especialmente com os centros de toxicologia. Isto é sumamente importante porque permitirá o
diagnóstico das intoxicações e, além disso, porque será dado o apóio necessário aos grupos técnicos de
resposta no campo.
Dentro deste contexto deve-se destacar a realização do "Curso sobre Prevenção, Preparação e
Resposta para Desastres por Produtos Químicos Perigosos", pelo Centro Colaborador, cujo principal
objetivo é proporcionar os conhecimentos teóricos e práticos para a implementação das ações nacionais
e regionais, referentes aos preparativos para o atendimento aos casos de emergências e de desastres
nos países das Américas.
No curso acima mencionado, conta-se também com a cooperação de profissionais das áreas de
ambiente e saúde e, capacitam-se agentes multiplicadores de diversos países para a implementação de
planos integrados de prevenção e de resposta a acidentes químicos.
8. Conclusões
A responsabilidade sobre a ocorrência de acidentes químicos é de quem causa esses acidentes; se bem
que os responsáveis devam implementar programas para o gerenciamento dos riscos, na prevenção e
na resposta, que satisfaçam às necessidades no caso de ocorrência desses acidentes para que os
impactos possíveis sejam menores.
Por outro lado, é de responsabilidade dos organismos de governo, como representantes da comunidade,
o controle, a fiscalização e o desenvolvimento de mecanismos técnicos e legais, compatíveis com os
riscos relacionados das atividades que possam ser uma ameaça para a segurança e o ambiente.
Quando acontece um acidente ambiental, este pode ter uma repercussão significativa, tanto para a
empresa quanto para o governo, e ambos serão culpados pela sociedade pelos impactos resultantes.
Cada vez, é mais evidente a conscientização da comunidade com relação a assuntos ambientais e, em
um mundo globalizado como o atual, dentro de curto prazo não haverá mais espaço para empresas e
atividades que não procurarem soluções para os seus problemas ambientais e de segurança. Desta
forma, a "ferramenta" Análise de Risco deve ser cada vez mais difundida como um instrumento
fundamental para a prevenção de acidentes ambientais e para o planejamento da resposta para
situações de emergência.
9. Bibliografia
● CETESB. Manual de Orientação para a Elaboração de Estudos de Análise de Riscos. São Paulo,
2000.
1. Introdução
O problema atual da grande quantidade de produtos químicos que são manipulados, transportados,
armazenados e utilizados pelo homem, não deixa nenhum país do mundo sem receber o impacto
que estes produtos têm sobre o ambiente e a saúde, especialmente quando estes estão envolvidas
em acidentes que põem em perigo uma grande quantidade de vidas humanas e que afetam o
ambiente e as propriedades.
Um dos elementos que marca o êxito das atividades de resposta a uma emergência e que reduz o
seu impacto, consiste em contar com meios adequados que garantam uma informação rápida,
eficiente e de qualidade. Dois tipos de Centros realizam esta função: os Centros de Resposta
Química e os Centros de Informação Toxicológica.
A América Latina é um dos alvos principais da ação dos produtos químicos, pela grande diversidade
e quantidade com que são utilizados e devido aos limitados recursos que têm os países. Nem todos
podem desenvolver os dois tipos de Centros acima citados. Portanto, é muito importante que
somente um tipo possa desenvolver várias funções. Os Centros de Informação Toxicológica são os
mais comuns na Região. Por isso, a função de oferecer apoio nas emergências químicas são
atribuídas a eles, cada vez mais.
Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Paraguai, Peru, Suriname e
Uruguai.
Na América Latina e no Caribe, os Centros têm diferentes graus de desenvolvimento, tanto em infra-
estrutura como em recursos materiais e humanos. Os profissionais dos Centros pertencem a
diferentes disciplinas mas, na maioria, são médicos com formação toxicológica e farmacêuticos.
Além disso, para formar grupos multidisciplinares, também foram incorporados químicos,
bioquímicos, biólogos e farmacologistas.
A localização dos Centros também varia. Na maioria dos casos, eles estão situados nos hospitais e
nas universidades, mas também temos Centros instalados nos Ministérios da Saúde e nos
Ministérios da Indústria.
3. Quais são as características necessárias para que um Centro seja útil nas
emergências químicas?
Que o serviço de informação toxicológica tenha bibliotecas básicas e trabalhe as 24 horas do dia e
os 365 dias do ano.
Que o mesmo possa alertar as autoridades, pois, em muitas ocasiões, a consulta sobre a
emergência é feita diretamente ao Centro.
Que tenha um Bancos de Antídotos : O alto custo dos antídotos faz com que seja impossível que os
mesmos estejam disponíveis em todos os hospitais de um país. Porém, os Centros Toxicológicos
normalmente têm um banco de antídotos e, pelo menos, um estoque de emergência que pode estar
disponível quando ocorrer um acidente.
Que tenha um Laboratório Toxicológico : Nem todos os Centros têm Laboratórios de Toxicologia.
Porém, quando tiver um Laboratório Toxilógico, em caso de emergências, este poderá ajudar na
identificação do material perigoso envolvido, o que facilitará o manejo das vítimas de intoxicação e
das ações que serão tomadas nos locais afetados.
Que possa promover o Ensino e Capacitação : Essas são atividade nas quais os Centros podem
ajudar, segundo sua experiência em substâncias químicas, durante as etapas de preparação e
manuseio dos equipamentos que serão usados durante uma emergência, tanto pelos primeiros
envolvidos na resposta (policiais, bombeiros, paramédicos) como pelos profissionais da saúde.
Além das ações de assessoramento e assistência toxicológica, que são inerentes ao trabalho feito
diariamente por um Centro de Informação, há outras atividades nas quais o Centro pode participar
como membro dos grupos multidisciplinares, por exemplo:
A participação em simulações, como meio para provar planos e capacitar a todos os que intervêm
na emergência.
A criação e a manutenção de bancos de dados, dos registros nacionais e regionais relativos aos
relatórios das emergências.
4. Conclusão
PREVENÇÃO
Introdução | Sistema padrão para a identificação de risco de incêndio de produtos perigosos (NFPA 704) |
Sistema de identificação dos produtos perigosos UN/DOT/CANUTEC | Sistema de identificação de
produtos perigosos | Simbolos e cores. Características de identificação dos produtos perigosos |
Bibliografia
1. Introdução
As atividades que são necessárias para controlar uma emergência com produtos perigosos baseiam-se na
identificação dos produtos ou substâncias perigosas envolvidas. A facilidade e rapidez para fazê-la varia
extremamente em contraste com não ter sistema nenhum de identificação.
Em alguns casos, os painéis de segurança (placas) e os rótulos de risco (etiquetas), papéis de embarque (nota
fiscal e ficha de emergência) e o conhecimento sobre as substâncias armazenadas na instalação ou o relatório
de uma testemunha ocular, podem facilitar o processo de identificação. Em outros casos, pode-se perder muito
de tempo para identificar um ou vários produtos envolvidos em um acidente.
Quando não se conhece quais são os produtos envolvidos, deve-se supôr que uma situação grave existe e
devem ser tomadas as medidas de segurança e precauções máximas para prevenir qualquer efeito indesejável
no pessoal de emergência ou em qualquer outra pessoa na área. Uma vez que o produto foi identificado, pode-se
determinar os riscos associados a este, e pode-se fazer uma avaliação do seu potencial impacto. As medidas de
controle mais adequadas para este tipo de produto e o seus riscos podem ser estabelecidas, bem como as
medidas de segurança tanto para o pessoal que participa da emergência como para o resto das pessoas, com
respeito aos riscos que estão expostos.
Os produtos perigosos são transportados e armazenados freqüentemente em grandes quantidades. Uma fuga
acidental desses produtos representa um risco potencial para as pessoas e o meio ambiente. O acidente pode
ser tratado mais rapidamente quando o produto perigoso é identificado e caracterizado específicamente.
Infelizmente, o conteúdo dos tanques ou caminhões de armazenamento talvez não tenha sido especificado nem
adequadamente identificado. Provavelmente os papéis de embarque ou registros não estejam disponíveis. Até
mesmo com essa informação, uma pessoa com conhecimento técnico e experiência é necessária para indicar os
riscos e a gravidade.
Devido à necessidade imediata da informação ligado ao produto perigoso, vários sistemas de identificação
destes produtos têm sido desenvolvidos. Todos ajudam para que aqueles que participam no acidente enfrentem
com rapidez e segurança um problema que pode gerar riscos à saúde e/ou ao meio ambiente.
O primeiro sistema que será apresentado é aquele proposto pela Associação Nacional de Proteção ao Fogo
"National Fire Protection Association" (NFPA) e de maneira específica o Sistema de Normas para a identificação
de Riscos de Incêndio de Produtos, NFPA 704, o qual é utilizado para tanques de armazenamento e recipientes
pequenos (instalações permanentes). O segundo sistema é utilizado exclusivamente para depósitos e tanques
transportados para a comercialização dos produtos perigosos. O Departamento de Transporte (DOT) dos
Estados Unidos da América é o responsável deste sistema, apoiado nas recomendações do sistema de
classificação proposto pelas Nações Unidas. A aplicação deste sistema baseia-se no uso de plainéis de
segurnaça e rótulo de risco.
O sistema de informação baseia-se no "capítulo da 704", que representa visualmente a informação sobre três
categorias de risco: para a saúde, inflamabilidade e reação, além do nível de gravidade de cada um. Também
indica dois riscos especiais: a reação com a água e o seu poder oxidante. O capítulo oferece uma informação
imediata, até mesmo às custas de certa precisão e não se deve ver nele só o que indica estritamente. O sistema
padronizado usa números e cores como aviso para definir os riscos básicos de um produto perigoso. A saúde, a
inflamabilidade e a radioatividade estão identificadas e classificadas em uma escala de 0 a 4, dependendo do
grau de risco que apresentem.
As classificações de produtos químicos individuais podem ser encontrados no "guia para produtos perigosos" da
NFPA.
Essa informação pode ser útil, não só em emergências mas também durante as atividades de assistência a longo
prazo, quando é necessário caracterizar a avaliação.
Nº DESCRIÇÃO EXEMPLOS
4 Produtos que em pouco tempo podem causar a morte ou danos ● Acrilonitrila
permanentes, mesmo que a pessoa afetada tenha recebido ● Bromo
assistência médica rapidamente. ● Paration
Nº DESCRIÇÃO EXEMPLOS
Nº DESCRIÇÃO EXEMPLOS
4 Produtos que podem detonar facilmente ou que se decompõem de ● Peróxido de Benzoila
maneira explosiva ou reagem a temperaturas e pressões normais. ● Ácido pícrico
O fundo branco foi feito para oferecer informação especial sobre o produto químico. Por exemplo, pode indicar
que o material é radioativo, neste caso o símbolo correspondente e internacionalmente aceito é utilizado. Se o
material é reativo utiliza-se um W atravessado por um traço indicando que um material pode ter uma reação
perigosa quando entra en contato com a água. Não quer dizer "não utilize a água", visto que algumas formas de
água, névoa ou água finamente espalhada podem ser utilizados em muitos casos. O que realmente significa este
sinal é: A água pode gerar certos riscos, então deverá utilizá-la com muito cuidado até estar devidamente
informado. As letras OX indicam a existência de um oxidante, ALC indica materiais alcalinos e ACID ácido,
CORR indica corrosivos e o símbolo internacional para os materiais radioativos.
recipientes pequenos e painéis de segurnaça em tanques e reboques. Os rótulos e painéis indicam a natureza do
risco que o produto possui. A classificação utilizada nestes sinais baseiam-se em diferentes tipos de riscos
definidos pelos especialistas das Nações Unidas.
O número de risco dos produtos se encontram na parte superior dos painéis de segurança no vértice inferior dos
rótulos.
Para facilitar a intervenção em acidentes que envolvem produtos perigosos, utilizam-se painéis de segurança
para a identificação com o uso de quatro dígitos. Este número consta da tabela de produtos perigosos das
regulações do DOT, 49 CFR 172.101. Este número de identificação (ID/UN) deve ser escrito também nos
documentos de embarque ou declarações de carga. No caso de um acidente, será muito mais fácil obter o
número de identificação do painel de segurança do que aqueles contidos nos documentos de embarque. Uma
vez obtido o número, pode-se examinar a "guia de resposta inicial à emergência" do DOT dos Estados Unidos ou
do CANUTEC, Canadá. Estes guias descrevem os procedimentos adequados e as precauções a serem
requeridas em um atendimento envolvendo produto perigoso com um número de ID/UN. O sistema de
DOT/CANUTEC está mais atualizado, colaborando com as equipes nas respostas ao acidente, em contraste com
o NFPA. Porém, utilizar os dois sistemas quando se responde a um acidente com produtos perigosos, auxiliará a
identificar e caracterizar corretamente as substâncias envolvidas.
Nro. Classe de
Perigo
Nações Unidas DESCRIÇAO
1 Explosivos
2 Gases inflamáveis, não inflamáveis e não tóxicos
3 Líquidos inflamáveis
4 Sólidos inflamáveis, substâncias sujeitas a combustão espontânea e substâncias, em
contato com a água emitem gases inflamáveis
5 Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos
6 Substâncias tóxicas (venenosas) e substâncias infectantes
7 Materiais radioativos
8 Corrosivos
9 Substâncias perigosas diversas
Dos mais de 1.400 produtos perigosos regulamentados pela administração de transporte do DOT e segundo os
regulamentos da mesma administração no Título 49, código de regulamentos federais, parte 172, sub-parte f,
utilizam-se de símbolos e cores específicas nos rótulos de riscos que devem ser colocados nos tanques e
reboques, bem como nos recipientes e embalagens que transportam produtos perigosos. Os regulamentos do
DOT são aplicados ao transporte de produtos perigosos tanto dentro como entre os estados da União Americana.
A partir dos útlimos anos da década de 80 e início dos anos 90, muitos países da Região têm executado esta
regulamentação no transporte e armazenagem dos produtos perigosos.
Os painéis de segurança e os rótulos de risco indicam a natureza do risco que representa a carga. A
classificação utilizada para os rótulos e painéis se baseiam nos riscos naturais que apresentam os produtos
segundo as características físicas, químicas e toxicológicas. O número de risco das Nações Unidas se encontra
na parte superior do painel de segurança e no vértice inferior do rótulo de risco.
Cada produto perigoso possui um número de identificação. Os números precedidos pelas letras "UN"
(classificação das Nações Unidas) estão associados às descrições consideradas adequadas tanto para a carga
internacional como para dentro do país. Os produtos perigosos precedidos pelas letras "NA" estão associados às
descrições que não estão reconhecidas como carga internacional, exceto para ou desde o Canadá. Cada painel
de segurança, rótulo de risco ou nota fiscal e ficha de emergência devem conter o número de risco UN e IMO
(Organização Marítima Internacional) e quando seja adequado, o número da subclasse. O número deverá ser
preto ou de alguma outra cor autorizada e localizada no ângulo inferior do rótulo, ou na especificação do produto
perigoso nas notas fiscais. O número deve medir meia polegada (12.7 mm) ou menos de altura. Em certos casos,
o número de classe ou subclasse pode substituir o nome escrito da classe de risco na inscrição do documento de
envio. Os números das classes e subclasses das Nações Unidas têm os seguintes significados.
Tabela 1
Classe 1 Explosivos
Subclasse 1.1 Explosivos com perigo de explosão e massa
Subclasse 1.2 Explosivos com perigo de projeção
Subclasse 1.3 Explosivos com perigo predominante de incêndio
Subclasse 1.4 Explosivos com perigo de explosão não significativa
Subclasse 1.5 Explosivos muito sensíveis
Subclasse 1.6 Explosivos extremamente insensíveis, sem risco de explosão em massa
Classe 1 Explosivos
Símbolo Bomba preta explodindo; fundo alaranjado e texto preto.
Subclasse 1.1 Materiais que têm um risco de explosão de toda a massa (se estende de maneira
praticamente instantânea à totalidade da carga).
Subclasse 1.2 Materiais que têm o risco de projeção mas não um risco de explosão de toda a
massa.
Subclasse 1.3 Materiais que tem risco de incêndio e o risco que pequenos efeitos de onda sejam
produzidos, choque ou projeção ou os dois efeitos, mas não o risco de explosão de
toda a massa.
Materiais que ao contato com a água ou com o ar, desprendem gases inflamáveis.
Símbolo Chama preta com fundo azul e texto preto.
Classe 8 Corrosivos
Materiais sólidos ou líquidos que em estado natural têm em comum a propriedade de causar lesões mais ou
menos graves nos tecidos vivos. Se uma fuga de um destes materiais é produzida, o seu recipiente e/ou
embalagem, também podem deteriorar outras mercadorias ou causar danos no sistema de transporte.
Símbolo Líquido que escoa de dois tubos de ensaio sobre uma mão e uma lâmina de metal
preta, fundo branco (metade superior) e fundo preto (metade inferior) e texto branco.
6. Bibliografia
● Dirección General de Puertos y Costas. Curso sobre manejo, transporte y almacenamiento de mercancías
peligrosas en zonas portuarias. 1986
● Organización de Aviación Civil Internacional. Instrucciones técnicas para el transporte sin riesgo de
mercancías peligrosas por vía área. 1989-1990.
● EPA. Agencia de Protección Ambiental de los Estados Unidos. Curso de adiestramento de reacción a los
accidentes con materiales peligrosos. 1990.
● Norma Oficial Mexicana. Envase y embalaje de materiales peligrosos. Sistema de señalización en casos
de fuego para materiales peligrosos. 1987.
● National Fire Protection Association. Sistema estandarizado para la identificación en casos de fuego para
materiales peligrosos. 1987.
1. Introdução
Incidentes envolvendo produtos químicos requerem sempre cuidados e medidas específicas a serem desencadeadas
para o controle das diferentes situações que podem ocorrer, razão pela qual a intervenção de pessoas devidamente
capacitadas e equipadas é fundamental para o sucesso destas operações.
Outro fator de suma importância é o conhecimento dos riscos e das características específicas dos produtos
envolvidos, razão pela qual a ONU - Organização das Nações Unidas agrupou os mesmos em nove classes distintas.
A seguir, serão abordados os principais aspectos a serem observados nos acidentes de acordo com as classes de
risco dos produtos envolvidos.
2. Riscos químicos
2.1 Explosivos
O explosivo é uma substância que é submetida a uma transformação química extremamente rápida, produzindo
simultaneamente grandes quantidades de gases e calor. Devido ao calor, os gases liberados, por exemplo nitrogênio,
oxigênio, monóxido de carbono, dióxido de carbono e vapor d'água, expandem-se a altíssimas velocidades
provocando o deslocamento do ar circunvizinho, gerando um aumento de pressão acima da pressão atmosférica
normal (sobrepressão).
Muitas das substâncias pertencentes a esta classe são sensíveis ao calor, choque e fricção, como por exemplo azida
de chumbo e o fulminato de mercúrio. Já outros produtos desta mesma classe, necessitam de um intensificador para
explodirem.
De acordo com a rapidez e a sensibilidade dos explosivos, podem ocorrer dois tipos de explosões: detonação e
deflagração.
A detonação é um tipo de explosão onde a transformação química ocorre muito rapidamente, sendo que a velocidade
de expansão dos gases é muito superior à velocidade do som naquele ambiente (da ordem de Km/s). Já a
deflagração é um tipo de explosão onde a transformação química é bem mais lenta, sendo que a velocidade de
expansão dos gases é, no máximo, a velocidade do som naquele ambiente. Neste caso pode surgir a combustão.
A detonação é caracterizada por apresentar picos de pressão elevada num período extremamente pequeno de tempo,
enquanto que a deflagração comporta-se de maneira oposta.
A sobrepressão gerada a partir de uma explosão pode atingir valores elevados, provocando danos destrutivos a
edificações e pessoas. A sobrepressão é normalmente expressa em bar e a tabela abaixo apresenta alguns valores
característicos de danos às estruturas:
Entende-se por danos catastróficos às estruturas aqueles onde ocorre o seu colapso, deixando o local sem condições
de uso. Danos graves não comprometem a estrutura como um todo, ou seja, é a ocorrência de uma rachadura, queda
de telhado, porta danificada (arrancada) etc.
É importante notar que o valor de 0,3 bar representa 3 metros de coluna d'água, que é um valor que normalmente não
provoca "danos" às pessoas. Isto significa que as pessoas são mais resistentes à sobrepressão do que as estruturas,
uma vez que o homem não é uma estrutura rígida permitindo dessa forma que o impacto seja absorvido pelo
organismo.
O dano mais comum provocado por uma explosão ao homem é a ruptura de tímpano que ocorre a valores acima de
0,4 bar de sobrepressão.
Por ser a explosão um fenômeno extremamente rápido e incontrolável, as medidas a serem desencadeadas durante o
atendimento a acidentes com produtos deste tipo deverão ser de caráter preventivo. Tais medidas incluem o controle
dos fatores que podem gerar um aumento de temperatura (calor), choque e fricção.
Em casos de incêndio, além do risco iminente de explosão, pode-se ter a emanação de gases tóxicos e/ou
venenosos. Nestes casos, a proteção respiratória adequada é o equipamento autônomo de respiração a ar
comprimido, além de roupas especiais.
Nos incêndios envolvendo substâncias explosivas, estes equipamentos oferecem proteção limitada devido à natureza
do produto, ou seja, são eficientes apenas para a proteção contra gases gerados pelo incêndio, e não para os efeitos
decorrentes de uma eventual explosão.
Outro aspecto importante, diz respeito ao atendimento onde a explosão já tenha ocorrido. De acordo com as
características do produto envolvido, nem toda carga envolvida pode ter sido consumida pela explosão, podendo,
portanto, existirem nas imediações do local da ocorrência produtos intactos, razão pela qual a operação de remoção
dos explosivos deve ser realizada sempre manualmente e com todo o cuidado requerido.
2.2 Gases
Gás é um dos estados da matéria. No estado gasoso a matéria tem forma e volume variáveis. A força de repulsão
entre as moléculas é maior que a de coesão. Os gases são caracterizados por apresentarem baixa densidade e
capacidade de se moverem livremente.
Diferentemente dos líquidos e sólidos, os gases expandem-se e contraem-se facilmente quando alteradas a pressão
e/ou temperatura.
Independente do risco apresentado pelo produto, seu estado físico representa por si só uma grande preocupação,
uma vez que os gases expandem-se indefinidamente até ocuparem todo o recipiente que os contém. Em caso de
vazamento, os gases tendem a ocupar todo o ambiente mesmo quando possuem densidade diferentes à do ar.
Além do risco inerente ao estado físico, os gases podem apresentar riscos adicionais, como por exemplo
inflamabilidade, toxicidade, poder de oxidação e corrosividade, entre outros.
Alguns gases, como por exemplo o cloro, apresentam odor e cor característicos, enquanto que outros, como é o caso
do monóxido de carbono, não apresentam odor ou coloração, o que pode dificultar a sua identificação na atmosfera,
bem como as ações de controle quando de um eventual vazamento.
Como foi visto no início deste item, os gases sofrem grande influência quando expostos a variações de pressão e/ou
temperatura. A maioria dos gases podem ser liquefeitos com o aumento da pressão e/ou diminuição da temperatura.
A amônia, por exemplo, pode ser liquefeita quando submetida a uma pressão de aproximadamente 8 kgf/cm2 ou
quando submetida a uma temperatura de aproximadamente -33,4 oC.
Quando liberados, os gases mantidos liquefeitos por ação da pressão e/ou temperatura, tenderão a passar para seu
estado natural nas condições ambientais, ou seja, estado gasoso. Durante a mudança do estado líquido para o estado
gasoso, ocorre uma alta expansão do produto gerando volumes gasosos muito maiores do que o volume ocupado
pelo líquido. A isto se denomina taxa de expansão. O cloro por exemplo, tem uma taxa de expansão de 457 vezes, ou
seja, um volume de cloro líquido gera 457 volumes de cloro gasoso.
Com a finalidade de reduzir a taxa de evaporação do produto, poderá ser aplicada uma camada de espuma sobre a
poça formada, desde que este material seja compatível com o produto vazado.
Em função do acima exposto, nos vazamentos de produtos liquefeitos deverá ser adotada a preferência ao vazamento
na fase gasosa ao invés do vazamento na fase líquida.
Uma propriedade físico-química relevante a ser considerada no atendimento a vazamentos dos gases é a densidade
do produto em relação à densidade do ar. Gases mais densos que o ar tendem a se acumular ao nível do solo e,
conseqüentemente, terão sua dispersão dificultada quando comparada à dos gases com densidade próxima ou
inferior à do ar.
Um outro fator que também dificulta a dispersão dos gases é a presença de grandes obstáculos, como por exemplo
as edificações nas áreas urbanas.
Alguns gases considerados biologicamente inertes, ou seja, que não são metabolizados pelo organismo humano, sob
certas condições podem representar riscos ao homem. Todos os gases exceto o oxigênio, são asfixiantes. Grandes
vazamentos mesmo de gases inertes, reduzem o teor de oxigênio dos ambientes fechados, causando danos que
podem culminar na morte das pessoas expostas.
Assim, em ambientes confinados deve-se monitorar constantemente a concentração de oxigênio. Nas situações onde
a concentração de oxigênio estiver abaixo de 19,5 % em volume, deverão ser adotadas medidas no sentido de
restabelecer o nível normal de oxigênio, ou seja, em torno de 21 % em volume. Estas medidas consistem
basicamente em ventilação, natural ou forçada, do ambiente em questão.
Em função das características apresentadas pelo ambiente envolvido, a proteção respiratória utilizada deverá
obrigatoriamente ser do tipo autônoma. Nessas situações é de fundamental importância o monitoramento freqüente
do nível de oxigênio e dos possíveis gases presentes na atmosfera.
Especial atenção deve ser dada, quando o gás envolvido for inflamável, principalmente se este estiver confinado.
Medições constantes dos índices de explosividade no ambiente, através da utilização de equipamentos
intrinsecamente seguros, e a eliminação das possíveis fontes de ignição, constituem ações prioritárias a serem
adotadas.
De acordo com as características do produto envolvido, e em função do cenário da ocorrência, pode ser necessária a
aplicação de neblina d'água para abater os gases ou vapores emanados pelo produto.
A operação de abatimento dos gases será tanto mais eficiente, quanto maior for a solubilidade do produto em água,
como é o caso da amônia e do ácido clorídrico.
Vale lembrar que a água utilizada para o abatimento dos gases deverá ser contida, e recolhida posteriormente, para
que a mesma não cause poluição dos recursos hídricos existentes na região da ocorrência.
Já para os produtos com baixa solubilidade em água, o abatimento através de neblina d'água também poderá ser
utilizado, sendo que neste caso a mesma atuará com um bloqueio físico ao deslocamento da nuvem.
Deve-se ressaltar que a neblina d'água deverá ser aplicada somente sobre a nuvem, e não sobre as eventuais poças
formadas pelo gás liquefeito, uma vez que a adição de água sobre as mesmas, provocará uma intensa evaporação do
produto, gerando um aumento dos vapores na atmosfera.
Após o vazamento de um gás liquefeito, a fase líquida do produto estará a uma temperatura próxima à temperatura de
ebulição do produto, ou seja, a um valor baixo suficiente para que, em caso de contato com a pele, provoque
queimaduras.
Outro aspecto relevante nos acidentes envolvendo produtos gasosos é a possibilidade da ocorrência de incêndios ou
explosões. Mesmo os recipientes contendo gases não inflamáveis podem explodir em casos de incêndio. A radiação
térmica proveniente das chamas é, muitas vezes, suficientemente alta para provocar um aumento da pressão interna
do recipiente, podendo causar sua ruptura catastrófica e, conseqüentemente, o seu lançamento a longas distâncias,
causando danos às pessoas, estruturas e equipamentos próximos.
Em muitos casos, dependendo da análise da situação, a alternativa mais segura pode ser a não extinção do fogo,
mas apenas seu controle, principalmente se não houver a possibilidade de eliminar a fonte do vazamento.
Certas ocorrências envolvendo produtos gasosos de elevada toxicidade ou inflamabilidade, exigem que seja efetuada
a evacuação da população próxima ao local do acidente. A necessidade ou não da evacuação da população
dependerá de algumas variáveis, como por exemplo:
Esse tipo de gás para ser liquefeito deve ser refrigerado a temperatura inferior a -150oC. Alguns exemplos destes
gases encontram-se abaixo:
Devido a sua natureza "fria", os gases criogênicos apresentam quatro riscos principais :
Riscos à Saúde
Os gases criogênicos, devido a baixa temperatura, poderão provocar severas queimaduras ao tecido, conhecidas por
enregelamento, quando do contato com líquido ou mesmo com o vapor.
A formação de uma nuvem a partir de um gás criogênico sempre representará uma situação de risco, visto que a
densidade do vapor será maior que a do ar, uma vez que a temperatura é muito baixa, o que provocará o
deslocamento do ar atmosférico e, conseqüentemente, redução na concentração de oxigênio no ambiente.
A baixa temperatura destes gases acarretará em situações de risco, uma vez que o simples contato do produto com
outros materiais poderá danificá-los. Por exemplo, se houver contato do produto com tanques de armazenamento de
produtos químicos, estes se tornarão quebradiços acarretando no vazamento do produto estocado.
Outro efeito significativo é a capacidade que os gases criogênicos têm para solidificar ou condensar outros gases.
Não devemos esquecer que a temperatura de solidificação da água é de 0oC à pressão atmosférica. Isso quer dizer
que a água presente na umidade atmosférica poderá congelar, e se isso ocorrer próximo a, por exemplo, uma válvula
(que pode ser a do próprio tanque com vazamento), esta apresentará dificuldade para a realização de manobras.
Assim sendo, não se deve jamais, jogar água diretamente sobre um sistema de alívio ou válvulas de um tanque
criogênico. Também não se deve jogar água no interior de um tanque criogênico pois a água atuará como um objeto
superaquecido (ela está a 15 ou 20oC) acarretando na formação de vapores e portanto aumento da pressão interna
do tanque.
Além dos riscos inerentes ao próprio estado gasoso, já contemplado anteriormente, o vazamento de um gás
criogênico poderá intensificar tais riscos.
Por exemplo, o vazamento de oxigênio liquefeito acarretará no aumento da concentração deste produto no ambiente o
que poderá causar a ignição espontânea de certos materiais orgânicos. Por tal razão, não devem ser utilizadas roupas
de material sintético (náilon) e sim roupas de algodão. Um aumento de 3% na concentração de oxigênio provocará um
aumento de 100% na taxa de combustão de um produto.
O hidrogênio, por sua vez, pode impregnar-se em materiais porosos, tornando-os mais inflamáveis que nas condições
normais.
Os gases criogênicos quando expostos à temperatura ambiente tendem a se expandir gerando volumes gasosos
muito superiores ao volume de líquido inicial.
Para o nitrogênio, um litro de produto líquido gera 697 litros de gás, enquanto que para o oxigênio a proporção é de
863 vezes. Desta forma, fica claro que os recipientes contendo gases criogênicos jamais poderão ser aquecidos ou
terem seu sistema de refrigeração danificados sob pena de ocorrer a superpressurização do tanque, sendo que os
sistemas de alívio poderão não suportar a demanda de vapores acarretando na ruptura do tanque.
A nuvem gerada pelo vazamento de um gás criogênico será fria, invisível (a parte visível não indica a extensão total
da nuvem), dificultará a visibilidade e tenderá a se acumular sobre o solo pois a densidade do produto será maior que
a do ar devido a baixa temperatura. Desta forma, algumas regras básicas deverão ser seguidas rigorosamente
quando do atendimento a um acidente envolvendo um gás criogênico, entre as quais destacamos:
Os assuntos abordados neste capítulo levaram em consideração apenas os riscos inerentes ao estado físico do
produto, ou seja, não foram considerados de maneira detalhada os riscos intrínsecos dos produtos, como por exemplo
a inflamabilidade, toxicidade ou corrosividade.
As ações específicas a serem desencadeadas de acordo com o risco apresentado pelo produto, serão descritas nos
respectivos capítulos.
Para uma resposta mais segura às ocorrências envolvendo líquidos inflamáveis faz-se necessário o pleno
conhecimento de algumas propriedades físico-químicas dos mesmos, antes da adoção de quaisquer ações. Essas
propriedades, assim como suas respectivas aplicações, estão descritas a seguir :
É a menor temperatura na qual uma substância libera vapores em quantidades suficientes para que a mistura de
vapor e ar logo acima de sua superfície propague uma chama, a partir do contato com uma fonte de ignição.
Considerando a temperatura ambiente numa região de 25oC e ocorrendo um vazamento de um produto com ponto de
fulgor de 15oC, significa que o produto nessas condições está liberando vapores inflamáveis, bastando apenas uma
fonte de ignição para que haja a ocorrência de um incêndio ou de uma explosão.
Por outro lado, se o ponto de fulgor do produto for de 30oC, significa que este não estará liberando vapores
inflamáveis. Portanto, o conceito de ponto de fulgor está diretamente associado à temperatura ambiente.
Limites de Inflamabilidade
Para um gás ou vapor inflamável queimar é necessária que exista, além da fonte de ignição, uma mistura chamada
"ideal" entre o ar atmosférico (oxigênio) e o gás combustível. A quantidade de oxigênio no ar é praticamente
constante, em torno de 21 % em volume.
Já a quantidade de gás combustível necessário para a queima, varia para cada produto e está dimensionada através
de duas constantes : o Limite Inferior de Explosividade (LIE) e o Limite Superior de Explosividade (LSE).
O LIE é a mínima concentração de gás que, misturada ao ar atmosférico, é capaz de provocar a combustão do
produto, a partir do contato com uma fonte de ignição. Concentrações de gás abaixo do LIE não são combustíveis
pois, nesta condição, tem-se excesso de oxigênio e pequena quantidade do produto para a queima. Esta condição é
chamada de "mistura pobre".
Já o LSE é a máxima concentração de gás que misturada ao ar atmosférico é capaz de provocar a combustão do
produto, a partir de uma fonte de ignição. Concentrações de gás acima do LSE não são combustíveis pois, nesta
condição, tem-se excesso de produto e pequena quantidade de oxigênio para que a combustão ocorra, é a chamada
"mistura rica".
Os valores do LIE e LSE são geralmente fornecidos em porcentagens de volume tomadas a aproximadamente 20oC e
1 atm. Para qualquer gás, 1% em volume representa 10000 ppm (partes por milhão).
Pode-se então concluir que os gases ou vapores combustíveis só queimam quando sua percentagem em volume
estiver entre os limites (inferior e superior) de inflamabilidade, que é a mistura "ideal" para a combustão.
Esquematizando, temos :
Conforme já mencionado, os valores de LII e LSI variam de produto para produto, alguns exemplos podem ser
observados na tabela abaixo :
Quando a mistura de gás combustível/ar penetra no sensor do aparelho, a mesma entra em contato com um resistor
aquecido, provocando sua imediata combustão. O calor gerado nesta queima modifica o valor do resistor
desequilibrando a Ponte de Wheatstone. Um circuito eletrônico encarrega-se de acusar uma deflexão no ponteiro de
medição proporcional ao calor gerado pela queima.
Estes equipamentos são blindados e, portanto, à prova de explosões, o que vale dizer que, tanto a combustão que
ocorre em seu interior, quanto qualquer eventual curto-circuito em suas partes eletrônicas não provocam explosões,
mesmo que o LII do gás esteja ultrapassado.
Nas operações de emergência envolvendo gases ou vapores combustíveis e que exijam a utilização de explosímetro,
é importante que o operador tome algumas precauções básicas quanto ao seu uso adequado, tais como :
Além do ponto de fulgor e do limite de inflamabilidade, outro fator relevante a ser considerado é a presença de
possíveis fontes de ignição. Nas situações emergenciais estão presentes, na maioria das vezes, diversos tipos de
fontes que podem ocasionar a ignição de substâncias inflamáveis. Entre elas merecem destaque :
● chamas vivas;
● superfícies quentes;
● automóveis;
● cigarros;
● faíscas por atrito;
● eletricidade estática.
Especial atenção deve ser dada à eletricidade estática, uma vez que esta é uma fonte de ignição de difícil percepção.
Trata-se na realidade do acúmulo de cargas eletrostáticas que, por exemplo, um caminhão-tanque adquire durante o
transporte.
Se por algum motivo, o produto inflamável que esteja sendo transportado, seja líquido ou gás, tiver que ser transferido
para outro veículo ou recipiente, será necessário que os mesmos sejam aterrados e conectados entre si, de modo a
evitar a ocorrência de uma diferença de potencial, o que poderá gerar uma faísca elétrica, representando assim uma
situação de alto potencial de risco.
É importante lembrar que, assim como os equipamentos de medição, todos os demais, como lanternas e bombas,
deverão ser intrinsecamente seguros.
Por questões de segurança muitas vezes não é recomendável a contenção de um produto inflamável próximo ao local
do vazamento, de modo a se evitar concentrações altas de vapores em locais com grande movimentação de pessoas
ou equipamentos.
Esta classe abrange todas as substâncias sólidas que podem se inflamar na presença de uma fonte de ignição, em
contato com o ar ou com a água, e que não estão classificadas como explosivos.
De acordo com o estado físico dos produtos desta classe, a área atingida em decorrência de um acidente é,
normalmente, bastante restrita, uma vez que sua mobilidade no meio é muito pequena quando comparada à dos
gases ou líquidos, facilitando assim as operações a serem desencadeadas para o controle da emergência.
Em função da variedade das características dos produtos desta classe, os mesmos estão agrupados em três
subclasses distintas, conforme segue.
Os sólidos inflamáveis quando expostos ao calor, choque ou atrito, além é claro, de chamas vivas. A facilidade de
combustão será tanto maior, quanto mais "finamente" dividido o material estiver.
Os conceitos de ponto de fulgor e limites de inflamabilidade apresentados no capítulo anterior, também são aplicáveis
aos produtos desta classe. Como exemplos destes produtos podemos citar o nitrato de uréia e o enxofre.
Existem também os produtos sólidos que podem se inflamar em contato com o ar, mesmo sem a presença de uma
fonte de ignição. Devido a esta característica estes produtos são transportados, na sua maioria, em recipientes com
atmosferas inertes ou submersos em querosene ou água.
Quando da ocorrência de um acidente envolvendo estes produtos, a perda da fase líquida poderá propiciar o contato
dos mesmos com o ar, motivo pelo qual a estanqueidade do vazamento deverá ser adotada imediatamente.
Outra ação a ser desencadeada em caso de acidente é o lançamento de água sobre o produto, de forma a mantê-lo
constantemente úmido, desde que o mesmo seja compatível com água, evitando assim sua ignição espontânea.
O fósforo branco ou amarelo, e o sulfeto de sódio são exemplos de produtos que se ignizam espontaneamente,
quando em contato com o ar.
Outras substâncias sólidas podem, por interação com a água, podem tornar-se espontaneamente inflamáveis ou
produzir gases inflamáveis em quantidades perigosas.
O sódio metálico, por exemplo, reage de maneira vigorosa quando em contato como a água, liberando o gás
hidrogênio que é altamente inflamável. Outro exemplo é o carbureto de cálcio, que por interação com a água libera
acetileno.
De uma maneira geral, os produtos desta classe, liberam gases tóxicos ou irritantes quando entram em combustão.
Pelo exposto, e associado à natureza dos eventos, as ações preventivas são de suma importância, pois quando as
reações decorrentes destes produtos se iniciam, ocorrem de maneira rápida e praticamente incontrolável.
Um oxidante é um material que libera oxigênio rapidamente para sustentar a combustão dos materiais orgânicos.
Outra definição semelhante afirma que o oxidante é um material que gera oxigênio à temperatura ambiente, ou
quando levemente aquecido.
Assim, pode-se verificar que ambas as definições afirmam que o oxigênio é sempre liberado por um agente oxidante.
Devido a facilidade de liberação do oxigênio, estas substâncias são relativamente instáveis e reagem quimicamente
com uma grande variedade de produtos.
Apesar da grande maioria das substâncias oxidantes não serem inflamáveis, o simples contato delas com produtos
combustíveis pode gerar um incêndio, mesmo sem a presença de fontes de ignição.
Outro aspecto a considerar é a grande reatividade dos oxidantes com compostos orgânicos. Geralmente essas
reações são vigorosas, ocorrendo grandes liberações de calor, podendo acarretar fogo ou explosão. Mesmo
pequenos traços de um oxidante podem causar a ignição de alguns materiais, tais como o enxofre, a terebentina, o
carvão vegetal, etc.
Com o aumento da concentração de oxigênio, além do aumento na taxa de combustão de um produto, a quantidade
necessária para a queima será menor, ou seja, o LIE, Limite Inferior de Explosividade é reduzido, podendo ocorrer a
ignição espontânea do produto.
Quando aquecidos, alguns produtos dessa subclasse, como por exemplo nitratos e percloratos entre outros, liberam
gases tóxicos que se dissolvem na mucosa do trato respiratório, produzindo líquidos corrosivos.
Como exemplo de produto oxidante, podemos citar o peróxido de hidrogênio, comercialmente chamada água
oxigenada. Este produto é um poderoso agente oxidante e, em altas concentrações, reage com a maioria dos metais,
como Cu, Co, Mg, Fe, Pb entre outros, o que acarretará sua decomposição com risco de incêndio/explosão.
Mesmo sem a presença de uma fonte de ignição, soluções de peróxido de hidrogênio em concentrações acima de
50% em peso (200 volumes) em contato com materiais combustíveis podem causar a ignição desses produtos.
Já os peróxidos orgânicos são agentes de alto poder oxidante, sendo que destes, a maioria é irritante para os olhos,
pele, mucosas e garganta.
Os produtos dessa subclasse, apresentam a estrutura - O - O - e podem ser considerados derivados do peróxido de
hidrogênio (H2O2), onde um ou ambos os átomos de hidrogênio foram substituídos por radicais orgânicos.
Assim como os oxidantes, os peróxidos orgânicos são termicamente instáveis e podem sofrer decomposição
exotérmica e auto-acelerável, criando o risco de explosão. Esses produtos são também sensíveis a choque e atrito.
Nos Estados Unidos, antes de um peróxido orgânico ser aceito para carregamento, seja em caminhão ou trem, o DOT
- Departamento de Transporte, exige uma série de testes de sensibilidade, ou seja, ponto de fulgor, taxa de queima,
decomposição térmica, teste de impacto, entre outros. Somente após estes testes e a diluição do produto, o DOT
permite o seu carregamento.
Alguns produtos poderão formar peróxidos durante a estocagem, se os mesmos estiverem expostos a hidrogênio ou a
oxidantes, e formarão com maior facilidade caso estejam no estado líquido.
Devido ao risco de formação de peróxidos, para alguns compostos é sugerido um período máximo de estocagem de 3
meses, como por exemplo, éter isopropílico, divinil acetileno, cloreto de vinilideno, potássio metálico e amideto de
sódio entre outros.
Já para outros produtos é sugerido um período máximo de estocagem de 12 meses, como por exemplo: éter etílico,
tetrahidrofurano, dioxano, acetal, metilisobutilcetona, éter dimetílico de etilenoglicol, éteres vinílicos, diciclopentadieno,
metilacetileno, cumeno, tetrahidronaftaleno, ciclohexeno, metilciclopentano,
Outros compostos possuem risco de formação de peróxidos caso haja polimerização, e para esses produtos o período
de estocagem máximo sugerido é de 12 meses. Entre elas podemos citar o estireno, butadieno, tetrafluoretileno, vinil
acetileno, acetato de vinila, cloreto de vinila, vinilpiridina e clorobutadieno.
Porém, quando estocados no estado líquido, o potencial para formação de peróxidos aumenta para alguns produtos,
principalmente butadieno, clorobutadieno e tetrafluoretileno, podendo para esses casos ser considerado 3 meses o
período máximo de estocagem.
Caso haja suspeita da formação de peróxido, alguns procedimentos básicos deverão ser adotados:
● isole a área;
● inspecione visualmente os recipientes;
● não tente movê-los;
● verifique se há corrosão, ferrugens ou ondulações na embalagem ou na tampa. Se houver assuma a
existência de peróxidos;
● verifique se há formação de cristais brancos ou pó ;
● se o selo da tampa estiver rompido, considere o material potencialmente explosivo;
● se houver suspeita de formação de peróxidos, não abra a embalagem. Acione o fabricante;
● se for necessário abrir a embalagem, gire a tampa vagarosamente no sentido anti-horário, atentando para
minimizar o atrito;
● se a tampa resistir em abrir, pare. Assuma que o material é explosivo.
A tabela 5 demonstra a distância e os danos provocados por peróxidos, de acordo com o volume envolvido.
0,5 75 11 5 3
1 96 14 6 4
3,6 150 21 9 6
18 250 37 15 10
200 - 82 33 21
1800 - 175 71 45
9900 - 300 120 76
Quando houver necessidade de conter ou absorver produtos oxidantes ou peróxidos orgânicos, deverá ser
considerado que a maioria deles poderá reagir com matéria orgânica e que, portanto, nas ações de
contenção/absorção não poderá ser utilizada terra, serragem ou qualquer outro material incompatível. Nestes casos
recomenda-se a utilização de materiais inertes e umedecidos, como por exemplo a areia.
Muitos dos produtos aqui classificados necessitam de equipamentos "cativos" para as operações de transbordo. Isto
se deve à alta instabilidade química de certas substâncias dessa classe.
Um dos métodos mais utilizados e eficientes para a redução dos riscos oferecidos pelos produtos da classe 5 é a
diluição em água, desde que o produto seja compatível com a mesma. A diluição tem por objetivo reduzir o poder
oxidante e sua instabilidade. Porém, devido a solubilidade de alguns desses produtos, a água de diluição deverá ser
armazenada de modo a se evitar poluição.
Também nos casos de fogo, a água é o agente de extinção mais eficiente, uma vez que retira o calor do material em
questão.
Já a espuma e o CO2 serão ineficazes pois atuam com base no princípio da exclusão do oxigênio atmosférico, o que
não é necessário num incêndio envolvendo substâncias oxidantes.
São substâncias capazes de provocar a morte ou danos à saúde humana se ingeridas, inaladas ou por contato com a
pele, mesmo em pequenas quantidades.
As vias pelas quais os produtos químicos podem entrar em contato com o nosso organismo são três:
● inalação;
● absorção cutânea;
● ingestão.
A inalação é a via mais rápida de entrada de substâncias para o interior do nosso corpo. A grande superfície dos
alvéolos pulmonares, que representam num homem adulto 80 a 90m2, facilita a absorção de gases e vapores, os
quais podem passar à corrente sanguínea e serem distribuídos a outras regiões do organismo.
Já com relação a absorção cutânea, podemos dizer que existem duas formas das substâncias tóxicas agirem. A
primeira é como tóxico localizado, onde o produto em contato com a pele, age na sua superfície provocando uma
irritação primária e localizada. E a segunda forma, é como tóxico generalizado, quando a substância tóxica reage com
as proteínas da pele ou mesmo penetra através dela, atinge o sangue e é ditribuídos para o nosso organismo,
podendo atingir vários órgãos.
Apesar da pele e a gordura atuarem como uma barreira protetora do corpo, algumas substâncias como ácido
cianídrico, mercúrio e alguns defensívos agrícolas, têm a capacidade de penetrar através da pele.
Quanto à ingestão, esta é considerada uma via de ingresso secundário, uma vez que tal fato somente ocorrerá de
forma acidental.
Os efeitos gerados a partir de contatos com substâncias tóxicas estão relacionados com o grau de toxicidade destas e
o tempo de exposição ou dose.
Em função do alto risco apresentado pelos produtos desta classe, durante as operações de atendimento a
emergências é necessária a utilização de equipamentos de proteção respiratória.
Dentre esses equipamentos pode-se citar as máscaras faciais com filtros químicos e os conjuntos autônomos de
respiração a ar comprimido.
Deve-se sempre ter em mente que os filtros químicos apenas retêm os poluentes atmosféricos não fornecendo
oxigênio e, dependendo das concentrações, podem saturar-se rapidamente. Quanto à escolha do filtro adequado, é
indispensável que o produto presente na atmosfera seja previamente identificado.
Comumente, associa-se a existência de um produto num ambiente com a presença de um odor. No entanto, como já
foi mencionado anteriormente, nem sempre isso ocorre. Algumas substâncias são inodoras, enquanto outras têm a
capacidade de inibir o sentido olfativo, podendo conduzir o indivíduo a situações de risco.
O gás sulfídrico, por exemplo, apresenta um odor característico em baixas concentrações, porém em altas
concentrações pode inibir a capacidade olfativa.
Assim sendo, é fundamental que nas operações de emergência onde produtos desta natureza estejam presentes,
sejam realizados constantes monitoramentos da concentração dos produtos na atmosfera.
Os resultados obtidos nestes monitoramentos poderão ser comparados com valores de referência conhecidos, como
por exemplo o LT - Limite de Tolerância, que é a concentração na qual um trabalhador pode ficar exposto durante oito
horas diárias ou quarenta e oito horas semanais sem sofrer efeitos adversos à sua saúde e, também, o IDLH que é o
valor imediatamente perigoso à vida, ao qual uma pessoa pode ficar exposta durante trinta minutos sem sofrer danos
à sua saúde.
Dado o alto grau de toxicidade dos produtos da Classe 6, faz-se necessário lembrar que a operação de contenção dos
mesmos é de fundamental importância, já que, normalmente, são também muito tóxicos para a vida aquática,
representando portanto alto potencial de risco para a contaminação dos corpos d'água, devendo ser dada atenção
especial àqueles utilizados à recreação, irrigação, dessedentação de animais e abastecimento público.
2.7 Corrosivos
São substâncias que apresentam uma severa taxa de corrosão ao aço. Evidentemente, tais materiais são capazes de
provocar danos também aos tecidos humanos. Basicamente, existem dois principais grupos de materiais que
apresentam essas propriedades, e são conhecidos por ácidos e bases.
Acidos são substâncias que em contato com a água liberam íons H+, provocando alterações de pH para a faixa de 0
(zero) a 7 (sete). As bases são substâncias que em contato com a água, liberam íons OH-, provocando alterações de
pH para a faixa de 7 (sete) a 14 (quatorze).
Como exemplo de produtos desta classe pode-se citar o ácido sulfúrico, ácido clorídrico, ácido nítrico, hidróxido de
sódio e hidróxido de potássio, entre outros.
Muitos dos produtos pertencentes a esta classe reagem com a maioria dos metais gerando hidrogênio que é um gás
inflamável, acarretando assim um risco adicional.
Certos produtos apresentam como risco subsidiário um alto poder oxidante, enquanto outros podem reagir
vigorosamente com a água ou com outros materiais, como por exemplo compostos orgânicos.
O contato desses produtos com a pele e os olhos pode causar severas queimaduras, motivo pelo qual deverão ser
utilizados equipamentos de proteção individual compatíveis com o produto envolvido. Via de regra, as roupas de PVC,
são as normalmente recomendadas para o manuseio dos corrosivos.
O monitoramento ambiental durante as operações envolvendo esses materiais pode ser realizado através de diversos
parâmetros, de acordo com o produto envolvido, entre os quais vale destacar e medições de pH e condutividade.
Nas ocorrências envolvendo ácidos ou bases que atinjam corpos d'água, uma maior ou menor variação do pH natural
poderá ocorrer, dependendo de diversos fatores, como por exemplo a concentração e quantidade do produto vazado,
além das características do corpo d'água atingido.
Um dos métodos que pode ser aplicado em campo para a redução dos riscos é a neutralização do produto
derramado. Esta técnica consiste na adição de um produto químico, de modo a levar o pH próximo ao natural.
No caso de substâncias ácidas, os produtos comumente utilizados para a neutralização são a barrilha e a cal
hidratada, ambas com característica alcalina. A utilização da cal virgem não é recomendada, uma vez que sua reação
com os ácidos é extremamente vigorosa.
Antes que a neutralização seja efetuada deverá ser recolhida a maior quantidade possível do produto derramado, de
modo a se evitar o execessivo consumo de produto neutralizante e, conseqüentemente, a geração de grande
quantidade de resíduos.
Os resíduos provenientes da neutralização deverão ser totalmente removidos e dispostos de forma,e em locais
adequados.
No final deste capítulo é apresentada a Tabela 6 - Neutralização de Produtos Químicos - , onde estão relacionadas as
quantidades de agentes neutralizantes necessários para os produtos mais comuns desta classe.
Como já foi dito anteriormente, a neutralização é apenas uma das técnicas que podem ser utilizadas para a redução
dos riscos nas ocorrências com corrosivos. Outras técnicas como a absorção, remoção e diluição deverão também
ser contempladas, de acordo com o cenário apresentado.
A seleção do método mais adequado a ser utilizado deve sempre levar em consideração os aspectos de segurança e
proteção ambiental.
No caso de se optar pela neutralização do produto, deve-se considerar que a mesma consiste basicamente no
lançamento de outro produto químico no ambiente contaminado, e que portanto poderão ocorrer reações químicas
paralelas àquela necessária para a neutralização.
Outro aspecto a ser ponderado é a característica do corpo d'água, o que às vezes direciona os trabalhos de campo
para o monitoramento do mesmo, de forma a se aguardar uma diluição natural do produto. Esses casos normalmente
ocorrem em águas correntes, onde o controle da situação é mais difícil devido à mobilidade do produto no meio.
Se ocorrer um descontrole durante a neutralização, poder-se-á ter uma inversão brusca na escala do pH, o que
ocasionará efeitos muito mais danosos aos ecossistemas que resistiram à primeira variação do pH. De modo geral,
nos corpos d'água onde há a presença de vida, não é aconselhável o lançamento de produto químico sem o
acompanhamento de especialistas.
Durante as reações de neutralização, quanto mais concentrado estiver o produto derramado, maior será a liberação
de energia em forma de calor, além da possibilidade de ocorrência de respingos, motivo pelo qual cabe reforçar a
necessidade dos técnicos envolvidos nas ações utilizarem roupas de proteção adequadas durante a realização destas
atividades.
A técnica de diluição somente deverá ser utilizada nos casos em que não houver possibilidade de contenção do
produto derramado, e seu volume for bastante reduzido. Isto se deve ao fato de que para se obter concentrações
seguras utilizando este método, o volume de água necessário será sempre muito grande, ou seja, na ordem de 1000
a 10000 vezes o volume do produto vazado.
Vale ressaltar que se o volume de água adicionado ao produto não for suficiente para diluí-lo a níveis seguros,
ocorrerá o agravamento da situação, devido ao aumento do volume da mistura.
Como pôde-se observar nos comentários anteriores, a absorção e o recolhimento são as técnicas mais
recomendadas quando comparadas com a neutralização e a diluição.
Utilizando a Tabela 6 que segue, para neutralizar uma quantidade Q de um produto, usar uma quantidade K.Q do
neutralizante escolhido.
Exemplo: Para neutralizar 1000 kg de ácido sulfúrico 98%, utilizar 1000 x 1.60 = 1600 kg de soda 50%.
NEUTRALIZANTE HCl HCl HCl H2SO4 H2SO4 Cal Carbonato NaOH NaOH Sulfito de
(FATOR K) hidratada de sódio sódio
100% 100%
30% 33% 36% 70 % 98 % 50 % 98%
Na2SO3
(soda ASH)
Ca(OH)2
PRODUTO - - - - - - - - - -
Ácido clorídrico 30% N N N N N 0.31 0.44 0.66 0.33 N
Ácido clorídrico 33% N N N N N 0.36 0.50 0.73 0.36 N
Ácido clorídrico 36% N N N N N 0.40 0.55 0.80 0.40 N
Ácido nítrico 98% N N N N N 0.60 0.80 1.25 0.65 N
Ácido sulfúrico 70% N N N N N 0.42 0.76 1.44 0.57 N
Ácido sulfúrico 98% N N N N N 0.80 1.10 1.60 0.80 N
Esta classe engloba os produtos que apresentam riscos não abrangidos pelas demais classes.
3. Bibliografia consultada
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● Meyer, E. Chemistry of Hazardous Materials. Prentice - Hall Inc., New Jersey, 1977.
● National Fire Academy. The Chemistry Hazardous Materials. National Emergency Training Center. Student
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● Stutz, D. R.; Ricks, R. C.; Olsen, M. F. Hazardous Materials Injuries : a Handbook for Pre-Hospital Care.
Bradford Communications Corporation, Maryland, 1982.
1. Acidentes químicos
A Organização Mundial da Saúde - OMS, utiliza os termos acidente químico e emergência química
para se referir a um acontecimento ou situação perigosa que resulta da liberação de uma substância
ou substâncias que representam um risco para a saúde humana e/ou o meio ambiente, a curto ou
longo prazo. Estes acontecimentos ou situações incluem incêndios, explosões, fugas ou liberações
de substâncias tóxicas que podem provocar doenças, lesões, invalidez ou a morte, freqüentemente
de grande quantidade de seres humanos.
Embora a contaminação da água ou da cadeia alimentar por causa de um acidente químico possa
afetar populações dispersas, freqüentemente a população exposta está dentro ou muito próxima de
uma zona industrial. Em uma área urbana, a população exposta pode estar próxima a um veículo
acidentado que transportava substâncias perigosas. Com menos freqüência, a população exposta
está a uma certa distância do lugar do acidente, incluindo zonas do outro lado das fronteiras
nacionais.
Esta definição deve ser proposta junto com o conceito de "incidente químico", na qual uma
exposição originada por liberações de uma substância ou substâncias químicas podem se tornar em
doença ou possibilidade desta. A quantidade de pessoas afetadas por um acidente químico pode
ser mínima (mesmo uma só), a doença, incapacidade ou morte pode se manifestar em um lapso de
tempo longo, por exemplo anos depois do acidente.
Além dos efeitos para a saúde humana, os acidentes químicos podem provocar um dano
considerável ao meio ambiente a longo prazo, com numerosos custos humanos e econômicos
(IPCS/ OECD/ UNEP/ WHO 1994).
Sob o ponto de vista da saúde, existem várias maneiras de classificar os acidentes químicos, das
quais nenhuma é completa ou mutuamente excluente. Por exemplo, a classificação poderia estar
baseada nas substâncias químicas envolvidas, na quantidade, na forma física, onde e como
aconteceu a fuga; nas fontes de liberação; na extensão da área contaminada; na quantidade de
pessoas expostas; nas vias de exposição; e nas conseqüências à saúde ligadas à exposição.
Algumas considerações são necessárias para esclarecer esta classificação e são apresentadas a
seguir:
● Substâncias envolvidas
● Fontes de liberação
● Vias de exposição
Sob este ponto de vista, considera-se importante que os participantes tenham conhecimentos
básicos de toxicologia para a assistência de uma emergência química. Estes conhecimentos
facilitarão as atividades dos profissionais que participam na assistência da emergência bem como a
proteção adequada para evitar os efeitos tóxicos.
Em 1988, em um artigo publicado por Gajraj, na revista UNEP Industry and Environment, sobre as
necessidades de capacitação na mitigação e contenção para acidentes, já se consideravam os
aspectos toxicológicos entre as atividades desse tipo de capacitação.
4. Toxicologia
A toxicologia é a ciência que estuda os efeitos nocivos produzidos pelas substâncias químicas sobre
os organismos vivos. Assim, o indivíduo humano, os animais e as plantas podem estar expostos a
uma grande variedade de substâncias químicas. Estas podem ser desde metais e substâncias
inorgânicas até moléculas orgânicas muito complexas.
Segundo o Programa Nacional de toxicologia do Serviço de Saúde Pública dos EUA (EUA, 1999),
existem nesse país 80.000 substâncias químicas às quais os habitantes podem estar expostos
através de produtos industriais e de consumo, como também quando estão presentes nos alimentos,
na água encanada e no ar que é respirado. Geralmente, supõe-se que relativamente poucas destas
representam um risco significativo para a saúde humana, nas concentrações de exposição
existentes, e que os efeitos na saúde produzidos pela maioria delas são geralmente desconhecidos.
Em 1998, segundo outra publicação, o inventário das substâncias químicas comerciais na Europa
registrou 100.000 comercializadas para vários propósitos. Segundo a Associação das Indústrias
Químicas da República Federal da Alemanha somente ao redor de 4.600 substâncias são
produzidas em quantidades superiores a 10.000 ton anuais. O resto das substâncias são uitizadas
no laboratório ou em produtos manufaturados.
Alguns termos de uso freqüente em toxicologia são importantes e devem ser conhecidos. Por
4.1.2 Risco
O risco é a probabilidade que apareça um efeito nocivo devido à exposição a uma substância
química.
4.1.3 Toxicidade
A toxicidade de uma substância química refere-se à sua capacidade de causar dano em um órgão
determinado, alterar os processos bioquímicos ou alterar um sistema enzimático.
Todas as substâncias, naturais ou sintéticas são tóxicas; em outras palavras, produzem efeitos
adversos para a saúde em alguma condição de exposição. É incorreto denominar algumas
substâncias químicas como tóxicas e outras como não tóxicas. As substâncias diferem muito na
toxicidade. As condições de exposição e a dose são fatores que determinam os efeitos tóxicos
(Ottoboni, 1991).
4.1.4 Dose
Paracelso, no século XVI afirmou: "Todas as substâncias são tóxicas. Não há nenhuma que não
seja tóxica. A dose estabelece a diferença entre um tóxico e um medicamento". Esta afirmação
ainda é muito importante para a toxicologia e envolve a idéia de dose.
Uma informação muito utilizada é aquela denominada Dose Letal 50 – DL50 que é a quantidade de
uma substância química que quando é administrada em uma única dose por via oral, expressa em
massa da substância por massa de animal, produz a morte de 50% dos animais expostos dentro de
um período de observação de 14 dias (Swanson, 1997). Na tabela 1 temos a classificação das
substâncias baseadas no valor da DL50.
Tabela 1
DL50 aguda para algumas substâncias químicas (IPCS, 1997)
Substância química DL50 rato macho, via oral; mg/kg de peso corporal
Etanol 7000
DDT 100
Nicotina 60
Tetradotoxina 0,01
Outro valor é a Concentração Ltal 50-CL50, que é a concentração no ar de uma substância química
que quando é inalada constantemente por 8 horas produz a morte de 50% dos animais expostos.
Se a dose de uma substância for suficientemente alta poderá ser perigosa para qualquer ser vivo,
assim como também se a dose de uma substância tóxica for muito baixa não produzirá efeito
adverso nenhum. A água (um elemento essencial para a vida) quando é ingerida em grandes
quantidades pode ter um efeito tóxico. A causa é que um volume superior àquele considerado como
ingestão diária normal para um adulto, entre 2 L e 2,5 L, pode causar a eliminação pela urina de
substâncias que são essenciais para o organismo.
O período de tempo no qual uma dose é administrada e a freqüência são informações muito
importantes.
Outro dado importante é aquele denominado concentração de interesse (em inglês: levels of
concern-LOCs), que é a concentração no ar de uma substância extremamente perigosa acima da
qual poderá produzir efeitos graves à saúde ou a morte como resultado de uma única exposição
durante um período relativamente curto. Algumas publicações (USEPA, 1987) consideram o LOC
como a décima parte da concentração denominada de perigo imediato para a vida ou à saúde (cuja
sigla em inglês é IDLH), segundo o publicado pelo National Institute of Occupational Safety and
Health – NIOSH ou de um valor aproximado do IDLH para animais.
4.1.5 Exposição
Para que uma substância química possa produzir um efeito deve estar em contato com o organismo.
As substâncias químicas podem ingressar no organismo por três vias principais: digestiva,
respiratória e cutânea. Depois do ingresso, por qualquer destas vias, as substâncias químicas
podem ser absorvidas e passar para o sangue, seem distribuídas pelo organismo todo, chegar a
determinados órgãos onde são biotransformados, produzir efeitos tóxicos e posteriormente ser
eliminadas do organismo.
Também uma substância química pode entrar no organismo por outras vias, por exemplo, por
injeção venosa ou intramuscular, mas estas vias não são de grande interesse desde o ponto de vista
toxicológico e especialmente quando se trata de acidentes que envolvem substâncias químicas.
Uma forma muito utilizada para classificar as substâncias químicas segundo a toxicidade, está
baseado na duração da exposição. Geralmente, os toxicologistas procuram os efeitos da exposição
aguda, subcrônica e crônica, e também tentam entender o tipo de efeito adverso para cada uma
destas três exposições.
4. 1. 6 Absorção
A absorção implica que a substância química atravesse as membranas biológicas, ou seja alcance a
correnta sangüínea. No caso da ingetão de uma substância, esta pode ser absorvida em qualquer
parte do trato gastrintestinal. A maior absorção ocorre no intestino delgado passando ao sistema
circulatório pela veia porta do fígado, sendo portanto transportada diretamente ao fígado.
A inalação é a via mais rápida pela qual uma substância química ingressa no organismo. Por
exemplo, a inalação do éter etílico, um gás anestésico, que quando chega ao pulmão é absorvido,
passa para o sangue e logo o efeito é observado. Também substâncias como o material particulado
ou gases podem ingressar pela via respiratória.
A via cutânea é outra via de ingresso importante. A espessura da pele nas distintas regiões do
organismo influi na absorção. Assi, na região do abdómen e do escroto, onde a pele é mais fina, a
absorção é mais rápida que em outras onde a pele é mais gross, como a planta dos pés ou a palma
da mão. O paration é facilmente absorvido pela via cutânea. Quando uma área grande de pele
estiver em contato com uma substância química, a quantidade absorvida será maior do que aquela
de uma superfície pequena. O tempo de contato também é importante, sendo maior a absorção
quanto maior for o tempo de contato.
4.1.7 Biodisponibilidade
Alguns fatores físicos ou químicos podem afetar a absorção de uma substância em relação à
quantidade que deverá ser absorvida e ao tempo de absorção. Por exemplo, não todas as formas
químicas de um metal são bem absorvidas no intestino; assim no caso de ingerir mercúrio metálico,
pouco será absorvido. Porém, não acontece o mesmo com um composto orgânico como o
metilmercúrio.
Outra situação é a seguinte: os compostos de bário são tóxicos, mas o sulfato de bário é utilizado,
na forma segura, como meio de contraste nas radiografias do cólon devido este sal ser insolúvel em
água e em gordura. Não poderia ser utilizado cloreto de bário porque a sua solubilidade em água
seria suficiente para que uma quantidade que produz efeitos tóxicos fosse absorvida.
4.1.8 Distribuição
Depois que a substância química é absorvida ela passa através do sangue por todo o organismo,
causando os efeitos nocivos especialmente no órgão alvo.
Entende-se por órgão alvo o local onde primeiro se evidencia um efeito nocivo. Para produzir esse
efeito a substância química deve atingir uma determinada concentração no órgão, por isso, é
importante a dose. A existência de um órgão alvo não significa que nos outros órgãos não sejam
verificados os efeitos e à medida que aumenta a dose e o tempo de exposição, outros órgãos
poderão ser afetados.
4.1.9 Acumulação
Uma parte da substância química, que é distribuída no organismo, pode ser acumulada. Isto pode
acontecer também no sangue já que algumas substâncias podem se unir às proteínas sanguíneas.
O flúor e o chumbo podem ser acumulados nos ossos, as bifenilenospolicloradas (segundo a sigla
em inglês, PCBs) podem ser acumuladas na gordura; outro exemplo é o cádmio que une-se à outras
proteínas e é acumulado no rim.
4.1.10 Biotransformação
4.1.11 Eliminação
As substâncias solúveis em água são eliminadas pela urina. As substâncias que são voláteis, como
o etanol e a acetona, e os gases como o monóxido de carbono eliminam-se parcialmente pelo ar
expirado. Algumas também são eliminadas pelo leite e suor.
Os efeitos tóxicos observados podem ser: dano aos tecidos e outras modificações patológicas,
lesões bioquímicas, efeitos teratogênicos, efeitos na reprodução, mutagenicidade, teratogenicidade,
efeitos irritantes e reações alérgicas. Os três primeiros pontos de contato entre substâncias químicas
presentes no ambiente e o organismo são o trato gastrintestinal, o sistema respiratório e a pele.
Deve-se lembrar que, as substâncias químicas são absorvidas e passam para o sangue, logo
seguem para o fígado, rins, sistema nervoso e o sistema reprodutor, entre outros.
Não é possível descrever todos os efeitos que podem ser produzidos pela grande quantidade de
substâncias tóxicas; portanto, em seguida será apresentada uma breve explicação.
● Sistema respiratório
Uma segunda categoria dos efeitos no sistema respiratório é o dano causado nas
células do trato respiratório. Esse dano pode produzir a liberação de líquido para os
espaços internos e pode resultar em acúmulo denominado edema. Este edema pode
acontecer como um efeito retardado, que aparece depois da exposição crônica ou
subcrônica.
As reações alérgicas podem ser produzidas pelo mesmo mecanismo que foi
mencionado anteriormente.
● Sistema circulatório
● Fígado
As substâncias químicas que ingressam pela via digestiva são absorvidas e através
da veia porta chegam ao fígado. As células hepáticas têm uma capacidade muito
grande para biotransformar agentes xenobióticos, sendo convertidos geralmente em
substâncias mais hidrossolúveis que são eliminadas pela via renal.
● Rim
Várias substâncias químicas podem produzir efeitos nocivos nos rins por diferentes
mecanismos de ação. Os metais pesados como o mercúrio, cádmio, crômio e
chumbo têm efeitos sobre o túbulo renal. Concentrações altas de metais presentes
no filtrado glomerular podem danificar as funções dos túbulos e produzir a perda de
grandes quantidades de moléculas essenciais para o organismo como a glicose e
aminoácidos. Se a concentração de metais for suficientemente alta poderá acontecer
a morte das células e alterar a função renal como um todo. O tetracloreto de carbono
e o clorofórmio são hepatotóxicos e nefrotóxicos.
● Sistema nervoso
● Sistema reprodutor
O sistema reprodutor dos homens e das mulheres pode ser danificado por
determinadas substâncias químicas. Nos homens, algumas substâncias como DBCP
e cádmio, podem reduzir ou impedir a produção de esperma. Podem acontecer
alterações no processo reprodutor, como a indução de modificações fisiológicas e
bioquímicas que reduzem a fertilidade, e impedem totalmente o desenvolvimento do
feto ou do nascimento normal.
● Teratogenicidade
Depois da fertilização do óvulo, começa a proliferação das células que dão origem ao
feto. Nos seres humanos, entorno do nono dia começa o processo de diferenciação
celular e os distintos tipos de células específicas que constituem o organismo
começam a se formar e migram para a sua posição adequada. Isto acontece até o
desenvolvimento completo do feto. Algumas substâncias químicas podem causar
efeitos na descendência, estes não são hereditários e são denominadas substâncias
teratogênicas.
● Carinogenicidade
Considera-se que entre o 70% e 90% do casos de câncer em seres humanos são de
origem ambiental. Este termo é utilizado em um sentido amplo, o qual atinge
substâncias químicas industriais e contaminantes, dieta, hábitos pessoais, fumar,
comportamento e radiações.
Os efeitos referidos são um breve resumo daqueles indicados por Rodrick (1994) e
estas informações têm somente o objetivo de alterar os diferentes efeitos nocivos das
substâncias químicas no organismo humano.
5. Conclusões
Possivelmente, o público espera muito mais dos cientistas em geral e dos toxicologistas
particularmente. Os toxicologistas não podem fornecer todas as respostas às perguntas que o
público freqüentemente faz, mais ainda quando exige a segurança absoluta em relação aos
compostos químicos.
6. Bibliografia
● Gajraj, A.M. Training needs in accident mitigation and containment. UNEP Industry and
Environment. 11(3), 28-30, 1988.
● Hill, M.K. Understanding environmental pollution. Cambridge University Press. USA, 1997.
p.317
● IPCS. Training Module No. 1 Chemical Safety. World Health Organization. 1997.
● National Toxicology Program. Fiscal Year 1998 Annual Plan. U.S. Department of Health and
Human Services. USA, 1999.
● Rodrich, J.V. Calculated risks. The toxicity and human health risks of chemicals in our
environment. Cambridge University Press, 1994. p. 256
● Swanson, M.B.; Davis, G.A.; Kincaid, L.E. e col. Environmental Toxicology and Chemistry 16,
2, 372-383; 1997
● Timbrell, J.A. Introduction to toxicology. Taylor and Francis Ltda. London, U.K. 1989. p. 155
Introdução | Que requisitos deve ter a informação para a prevenção, preparação e resposta a
um acidente químico? | Quem são os principais usuários? | Quem dá a informação? | Que
recursos de informação existem, quais estão disponíveis e para que tipo de usuário? |
Conclusão
1. Introdução
a. Com respeito à fonte, esta deve estar enriquecida com as últimas experiências
ocorridas.
b. Com respeito ao relatório das atividades realizadas antes, durante e depois da
ocorrência de um acidente.
● Deve ser seletiva. A disseminação da informação deve considerar o tipo do receptor ao qual
está dirigida e o nível de ação.
● Deve ser oportuna. A informação deve ser fornecida no momento em que é necessária.
Deve-se ter em conta que os acidentes não avisam, por isso deve ser possível ter acesso à
● Autoridades públicas.
● Meios de comunicação.
4. Quem dá a informação?
a. A indústria
São centros que recolhem, processam e disseminam informação relacionada aos produtos
químicos. O ideal seria que os países tivessem duas modalidades: os centros de resposta
química e os centros de informação toxicológica. Em países com maior desenvolvimento
industrial e portanto mais vulneráveis à ocorrência de acidentes, seria benéfico ter uma rede
destes centros, que funcionassem as 24 horas do dia e os 365 dias do ano. Além disso,
devem estar interligados a nível nacional e manter comunicação com centros e organizações
internacionais. Estes centros devem ter pessoal capacitado para fornecer a informação
contida em suas base de dados e publicações, e também para a interpretação e adaptação
da informação às diferentes circunstâncias que podem apresentar-se em um acidente
químico.
c. Os organismos internacionais
5. Que recursos de informação existem, quais estão disponíveis e para que tipo
de usuário?
São múltiplos os recursos informativos que podem ser utilizados nas atividades de prevenção,
preparação e resposta às emergências que envolvem substâncias químicas. Em seguida são
descritos alguns das mais recomendados fontes de informação segundo o tipo de usuário.
Diferentes tipos de ajuda à informação têm sido considerados: textos impressos e bases de dados
em disco laser ou acessíveis a través de Internet.
O tipo de informação que é necessária se encontra em guias e diretrizes que orientam sobre como
organizar as ações de prevenção, preparação e resposta aos acidentes químicos. Além disso, é
preciso utilizar recursos que permitam:
Para responder a esta demanda de informação várias fontes podem ser utilizadas:
Este centro gera muita informação ligada aos desastres naturais e tecnológicos de
utilidade para aqueles que tomam decisões; tem uma Biblioteca Virtual de Desastres.
● Programa de Nações Unidas para o Meio Ambiente http://www.unep.org tem vários sites de
interesse:
● Outras organizações internacionais também geram muita informação que pode ser útil para
aqueles que tomam decisões e outros usuários da informação, como:
● As Agências Nacionais também produzem boa informação que pode ser utilizada na
prevenção, preparação e na resposta aos acidentes químicos. Como o caso da Agência de
Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA): http://www.epa.gov/swecepp/ Este site está
dedicado somente a emergências químicas e oferece aos usuários que tomam decisões,
muitas diretrizes que podem ser adaptadas à realidade nacional.
Este site oferece a possibilidade de copiar a base de dados e softwares que têm
informação específica de resposta para grande quantidade de produtos e uma série
de base de dados para a armazenagem de informação local sobre instalações
● CDC e NIOSH têm posto a disposição via Internete as fichas Internacionais de Segurança de
Substâncias Químicas em texto completo: http://www.cdc.gov/niosh/ipcs/icstart.html
Estes precisam de informação rápida que lhes permita agir no local do acidente com o menor risco
possível, bem como de informação sobre as propriedades físico e químicas e toxicológicas dos
produtos envolvidos no acidente, os efeitos clínicos agudos e a longo prazo por diferentes vias de
exposição, métodos para atendimento a um derramamento, uma vazamento, um incêndio, etc.
primeiros auxílios para as vítimas de um acidente químico, equipamento de proteção individual e
temas semelhantes.
● ERG 2000 Guía Norte - Americana de Resposta em Caso de Emergência (GRENA 96)
http://www.tc.gc.ca/canutec.erg_gmu/erg2000_menu.htm
http://www.ilpi.com/msds/index.html
http://152.121.2.2/hq/g-m/mor/Articles/CHRIS.htm
A apresentação destas fontes facilita a procura rápida quando a rapidez é um fator que reduz a
perda de vidas humanas e os efeitos deletérios no ambiente. As substâncias químicas podem ser
encontradas pelo nome ou número de identificação que remete a uma guía que agrupa os produtos
segundo a sua classe química.
● Descontaminação de pacientes.
● Tratamento médico (incluído o uso de antídotos) segundo as circunstâncias, gravidade das
vítimas, vias de exposição e disponibilidade de meios, durante a corrente de assistência aos
afetados (inclui assistência pré-hospitalar e hospitalar).
● Medidas de proteção que deve ter o pessoal de resgate responsável pela assistência às
vítimas para evitar contaminação.
● Sullivan J.B. & Krieger G.R. Hazardous materials toxicology. Clinical Principles of
environmental health. Williams & Wilkins; 1992. ISBN 0-683-08025-3
● IPCS-INTROX
Este disco laser contém informação sobre substâncias químicas, com dados
organizados de maneira que o usuário possa procurar uma substância específica e
obter facilmente acesso à informação que sobre essa substância aparece em todas
as bases de dados contidas no disco, as quais são:
Tem desenvolvido vários instrumentos de informação que podem ser utilizados nas
etapas de prevenção, preparação e resposta a um acidente químico:
6. Conclusão
PREPARAÇÃO
1. Introdução
A evolução da indústria química no mundo, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial é muito importante
para o desenvolvimento econômico e para a vida moderna, já que diariamente utilizam-se diversos tipos de produtos
e materiais, nos quais estão presentes grande variedade de substâncias químicas.
A grande diversidade de produtos no mercado, bem como a existência de processos cada vez mais complexos, e a
armazenagem e transporte das substâncias químicas, faz com que o organismo humano esteja exposto a uma série
de substâncias químicas que podem representar um risco para a saúde.
Através do tempo, especialmente as indústrias química e petroquímica, no seu avanço tecnológico, e tendo o objetivo
de cuidar dos interesses, evitou discutir os problemas ligados às suas atividades, como por exemplo as doenças
ocupacionais, os assuntos de segurança industrial e os problemas ambientais.
Os casos de algumas catástrofes que afetaram o ambiente, principalmente nas décadas de setenta e oitenta, como
aquelas que aconteceram em Flixborough (1974), Seveso (1976) e Bhopal (1984), contribuíram para que as
indústrias do mundo todo procurassem mecanismos para melhorar a imagem perante a comunidade mundial.
Neste contexto os estudos de análise de riscos (EAR) e os programas de gerenciamento de riscos (PGR)
converteram-se em ferramentas de grande importância para a prevenção de acidentes industriais que poderiam
afetar o ambiente e em outras atividades nas quais eram manipuladas substâncias perigosas. Os estudos
propiciaram os subsídios necessários para o conhecimento detalhado das falhas que poderiam conduzir a um
acidente, bem como suas conseqüências, possibilitando a implantação de medidas para a redução de riscos e a
elaboração de planos de emergência para a resposta aos acidentes.
2. Conceitos básicos
Um estudo de análise de riscos deve ter como objetivo principal responder às seguintes perguntas:
Para entender melhor o assunto "Análise de riscos" faz-se necessária a introdução de alguns conceitos básicos.
Perigo
Uma ou mais condições físicas ou químicas com possibilidade de causar danos às pessoas, à propriedade, ao
ambiente ou uma combinação de todos.
Risco
Medida da perda econômica e/ou de danos para a vida humana, resultante da combinação entre a freqüência da
ocorrência e a magnitude das perdas ou danos (conseqüências).
O risco está sempre ligado à factibilidade da ocorrência de um evento não desejado, sendo função da freqüência da
ocorrência das hipóteses acidentais e das suas conseqüências. Desta maneira, o risco pode ser expressado como
uma função desses fatores, segundo o apresentado na equação 1.
R = f (c, f, C) (1)
Sendo:
R = risco;
c = cenário acidental
f = freqüência de ocorrência
A experiência demonstra que geralmente os grandes acidentes são causados por eventos pouco freqüentes, mas que
causam danos importantes.
● Análise de riscos
É a atividade dirigida à elaboração de uma estimativa (qualitativa ou quantitativa) dos riscos, baseada na engenharia
de avaliação e técnicas estruturadas para promover a combinação das freqüências e conseqüências de cenários
acidentais.
● Avaliação de riscos
É o processo que utiliza os resultados da análise de riscos e os compara com os critérios de tolerabilidade
previamente estabelecidos.
● Gerenciamento de riscos
É a formulação e a execução de medidas e procedimentos técnicos e administrativos que têm o objetivo de prever,
controlar ou reduzir os riscos existentes na instalação industrial, objetivando mantê-la operando dentro dos
requerimentos de segurança considerados toleráveis.
Geralmente um estudo de análise de riscos pode ser dividido nas seguintes etapas:
● obtenção de um diagnóstico das interfaces existentes entre a empresa, objeto de análise e o local da
instalação;
● caracterização dos aspectos importantes que sustentarão o estudo de análise de riscos, por meio da definição
de métodos, normas ou necessidades específicas;
● ajuda para determinar a amplitude do estudo.
Observação
Quando se trata de um empreendimento, por exemplo, um sistema de transporte de produtos químicos por dutos,
deverá ser feita uma análise detalhada do local, com a identificação e caracterização das diferentes áreas sob
influência da empresa.
● Localização da empresa
● Corpos d’ água
● consumo humano;
● fornecimento industrial;
● utilização de gado;
● geração de energia;
● piscicultura;
● recreação;
● sem utilização específica.
● Áreas costeiras:
● pântanos;
● praias (abertas ou protegidas);
● costas rochosas;
● estuários;
● portos e áreas de navegação.
● Áreas de residências
● áreas urbanas;
● áreas de expansão urbana;
● áreas rurais.
● Sistemas viários
● aquedutos;
● galerias;
● eletrodutos;
● gasodutos;
● oleodutos;
● linhas de transmissão de energia elétrica;
● áreas geotécnicas instáveis;
● regiões inundáveis;
● áreas de preservação ou de proteção ambiental;
● áreas ecologicamente sensíveis.
● temperatura;
● índices pluvimétricos;
● umidade relativa do ar;
● velocidade e direção dos ventos.
● pressão;
● vazão.
● sistemas de segurança
Esta etapa tem o objetivo de identificar os possíveis eventos não desejados que possam levar a acidentes,
possibilitando definir hipóteses acidentais que poderão produzir conseqüências significativas.
Portanto, técnicas específicas para a identificação dos perigos devem ser empregadas, entre as quais podemos
mencionar:
Tendo por base as hipóteses acidentais formuladas na etapa anterior, estuda-se as suas possíveis conseqüências,
medindo os impactos e danos causados por elas.
Deverão ser utilizados modelos de cálculos que representem os possíveis efeitos resultantes dos tipos de acidentes,
como:
Em seguida deverão ser estimadas as possíveis conseqüências dos cenários produzidos pelas hipóteses de
acidentes. Os resultados desta estimativa deverão servir de base para a análise de vulnerabilidade nas instalações
estudadas. Normalmente essa análise é feita considerando danos às pessoas expostas a esses impactos.
Para fazer estudos quantitativos de análise de riscos é necessária a estimativa das freqüências das hipóteses
acidentais decorrentes das falhas nos equipamentos ligados às instalações ou atividades da análise. Da mesma
maneira, a estimativa de probabilidade de erros do homem deve ser quantificada nesta etapa. Esses dados
normalmente são difíceis de serem estimados já que há poucos estudos abordando confiabilidade humana.
As seguintes técnicas podem ser utilizadas para o cálculo das freqüências dos cenários de acidentes,:
● análise histórica dos acidentes, através da pesquisa bibliográfica ou nos bancos de dados de acidentes
(tabela 2);
● análise por árvore de falhas (AAF);
● análise por árvores de eventos (AAE).
Em determinados estudos, os fatores externos da empresa podem contribuir para o risco de uma instalação. Nesses
casos, também deve ser considerada a probabilidade ou a freqüência do acontecimento de eventos não desejáveis
causados por terceiros ou por agentes externos ao sistema em estudo, como terremotos, enchentes, deslizamentos
de solos e queda de aeronaves entre outros.
Loss Prevention in the Process Frank P. Lees O Volume 3 possui alguns estudos de
Industries caso de grandes acidentes industriais.
Diversas instituições mantêm bancos de dados ou publicações relativas à confiabilidade de equipamentos para
instalações perigosas. A seguir serão apresentadas algumas referências:
Quanto ao tema "confiabilidade humana", os dados de falhas devem ser utilizados com muito cuidado porque existem
muitos fatores que interferem nas taxas de falhas, tais como:
● tipos de falhas;
● condições ambientais;
● características dos sistemas envolvidos;
● tipos de atividades ou operações feitas;
● capacitação das pessoas envolvidas;
● motivação;
● disponibilidade de normas de qualidade e procedimentos operacionais;
● tempo disponível para a execução de tarefas.
Um fator que deve ser considerado na análise é o erro humano durante a realização de uma determinada operação,
principalmente erros de manutenção, devido aos quais acontecem cerca de 60% a 80% dos acidentes maiores em
que o erro humano está envolvido (AICHE, 1989).
A estimação de riscos é feita através da combinação das freqüências de ocorrência das hipóteses de acidentes e as
suas respectivas conseqüências. Pode-se expressar o risco de diferentes formas segundo o objetivo do estudo em
questão. Geralmente os riscos são expressos da seguinte maneira:
● Índices de risco;
● Risco social;
● Risco individual.
Nesta etapa os riscos estimados deverão ser avaliados, de maneira a definir medidas e procedimentos que serão
executados com o objetivo de reduzi-los ou gerenciá-los, tendo-se por base critérios de aceitabilidade de riscos
previamente definidos.
O fluxograma da figura 1 mostra os resultados das etapas que compõem um estudo de análise de riscos.
4. Considerações gerais
A utilização de técnicas e de métodos específicos para a análise de riscos ocupam cada vez mais o espaço nos
programas sobre segurança e gerenciamento ambiental das indústrias, como evidência da preocupação destas, dos
governos e de toda a sociedade com respeito aos temas relacionados com o meio ambiente.
Além disso, deve-se esclarecer que essas técnicas podem ser amplamente empregadas para lidar com outros tipos
de riscos, como os riscos de mercado, de imagem, financeiros, de produção e até políticos.
Os estudos de análise de riscos, que podem ser feitos com diferentes finalidades, devem ser considerados como
instrumentos importantes de gerenciamento e planejamento. Provalvemente, sem eles, muitas empresas não
saberiam a importância dos problemas resultantes de acidentes e deste modo também não saberiam enfrentar riscos
muito altos que poderiam provocar danos algumas vezes irreparáveis para a comunidade ou o meio ambiente e
prejudicar a imagem e sobrevivência de maneira significativa e irreversível.
Desta maneira, é necessário dar ao tema a adequada importância e fazer estudos e programas específicos que
contemplem adequadamente o gerenciamento dos riscos existentes decorrentes do desenvolvimento de atividades
perigosas.
5. Bibliografia
● CCPS/AICHE. Guidelines for chemical process quantitative risk analysis; New York, 1989.
● CETESB. Manual de orientação para a elaboração de estudos de análise de riscos; São Paulo, 1994.
● Lees, Frank P. Loss prevention in the process industries 2nd Ed.; Vol 3, Butterworth Heinemann; London,
1996.
PLANOS DE EMERGÊNCIA
Ricardo Rodrigues Serpa
1. Introdução
O gerenciamento de riscos em instalações ou atividades perigosas deve contemplar medidas, tanto para
prevenir a ocorrência de acidentes maiores, o que requer a atuação sobre as frequências de ocorrência de
falhas que possam acarretar acidentes, bem como sobre as possíveis consequências desses acidentes, caso
os mesmos venham a ocorrer, minimizando assim os impactos causados às pessoas e ao meio ambiente.
O Plano de Emergência é parte integrante de um Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR), de modo que
danos causados por acidentes possam ser minimizados ao máximo. Um pré-requisito para a elaboração de um
plano de emergência adequado, para fazer frente aos possíveis danos causados por acidentes numa
instalação industrial, é um detalhado estudo de análise de riscos, de modo que as tipologias acidentais, os
recursos e as ações necessárias para minimizar os impactos possam ser adequadamente dimensionadas.
Assim, o estudo de análise de riscos deve ser considerado como um pressuposto básico para a elaboração de
um plano de emergência. A limitação dos danos causados por um acidente maior é proporcional ao nível de
planejamento; logo, um plano de emergência adequadamente elaborado e implantado, certamente tem maior
chance de evitar que um acidente se transforme num desastre.
2. Objetivo e características
Um plano de emergência tem por objetivo fornecer um conjunto de diretrizes e informações, visando a adoção
de procedimentos lógicos, técnicos e administrativos, estruturados, de forma a propiciar respostas rápidas e
eficientes em situações emergenciais.
● deve possibilitar que os possíveis danos restrinjam-se a uma determinada área, previamente
dimensionada, evitando que os impactos extrapolem os limites de segurança pré-estabelecidos;
● deve contemplar todas as ações necessárias para evitar que situações, internas ou externas, às
instalações envolvidas no acidente, contribuam para o seu agravamento;
● deve ser um instrumento prático, que propicie respostas rápidas e eficazes em situações de
emergência;
● deve ser o mais sucinto possível, contemplando, de forma clara e objetiva, as atribuições e
responsabilidades dos envolvidos.
3. Estrutura
Conforme mencionado anteriormente, o estudo de análise de riscos deve ser um pressuposto para a
elaboração de um plano de emergência, uma vez que dele devem ser extraídas, entre outras, as seguintes
informações:
● cenários acidentais;
● consequências esperadas em cada uma das hipóteses acidentais consideradas;
● possíveis impactos e áreas afetadas.
Com essas informações é possível planejar a elaboração do plano de emergência, uma vez que passa ser
mais fácil o dimensionamento adequado das seguintes ações:
● isolamento;
● sinalização;
● definição de pontos de encontro e rotas de fuga;
● dimensionamento e localização estratégica de equipamentos de combate e proteção individual;
● definição de procedimentos de combate a vazamentos e incêndios.
De modo geral, um plano de emergência para o atendimento a acidentes ambientais, causados envolvendo
produtos ou atividades perigosas deve conter a seguinte estrutura:
a. Introdução;
b. Características das instalações e atividades;
c. Objetivo
d. Área de abrangência;
e. Estrutura organizacional;
f. Acionamento;
g. Procedimentos de combate:
● Avaliação;
● Isolamento e evacuação;
● Combate a incêndios;
● Controle de vazamentos;
● Reparos de emergência;
● Ações de rescaldo (pós-emergenciais).
h. Anexos:
A Figura 1 apresenta um exemplo de estrutura organizacional para um plano de emergência, a qual deve,
obviamente, ser adaptada para diferentes casos; no entanto, as funções apresentadas devem ser
contempladas em qualquer plano.
Embora possam ser definidos procedimentos padronizados, é importante que cada uma das hipóteses
acidentais previamente estudadas e seus respectivos cenários de acidentes sejam definidas ações de
combate, compatíveis com os possíveis danos esperados. Os resultados dos estudos de consequências,
obtidos através de modelos de simulação podem fornecer importantes dados para a definição de ações
específicas, por exemplo, em relação a isolamento e evacuação de áreas, com base nas distâncias atingidas
pelos vazamentos ou outros fenômenos previamente estudados.
A Tabela 1 apresenta um exemplo genérico de ações baseadas nos possíveis impactos decorrentes de
diferentes cenários de acidentes.
4. Implantação e manutenção
O sucesso de uma operação de atendimento a acidentes maiores está intimamente relacionado com as ações
de resposta previstas e desencadeadas por um plano de emergência. Assim, para que as ações previstas num
plano resultem efetivamente nos resultados esperados, quando da ocorrência de situações emergenciais; após
a sua elaboração, o plano deve ser devidamente divulgado, internamente à instituição, além de ser integrado
com outros planos locais e regionais, junto a outras entidades que certamente deverão atuar conjuntamente na
resposta aos acidentes.
A implantação do plano, além da devida divulgação, está associada ao suprimento dos recursos, humanos e
materiais, necessários e compatíveis com o porte das possíveis ocorrências a serem atendidas.
● treinamentos teóricos;
● treinamentos individuais;
● exercícios de campo;
● operações simuladas de coordenação.
5. Referências bibliográficas
● CETESB. Manual de Orientação para a Elaboração de Estudos de Análise de Riscos; São Paulo, 1994.
Introdução | Elementos que devem ser considerados nos preparativos do setor de saúde para
a resposta a acidentes envolvendo substâncias químicas | Bibliografia
1. Introdução
Para que a preparação do setor de saúde seja efetiva, precisa-se considerar as particularidades que
apresentam os acidentes químicos, que elementos os diferencia de outros tipos de desastres e por
que as ações de resposta médica possuem características especiais.
Quando se fala de preparação do setor de saúde, deve-se referir ao conjunto de ações que devem
ser adotadas antes que os acidentes envolvendo substâncias químicas ocorram e com o qual se
estabelecem as condições para que o setor de saúde responda adequadamente. Por isso, entre
essas ações incluem-se: capacitação e treinamento; identificação de recursos incluindo o pessoal,
equipamentos, subministração e fundos que estarão disponíveis e o nome da pessoa que autoriza a
distribuição; a necessidade de informação e quem a oferece; bem como as necessidades de
comunicação, entre outras.
2.1 Um dos elementos que devem ser considerados são as características dos acidentes
envolvendo substâncias químicas que os diferencia de outros tipos de desastres
específico até aqueles que se expandem ao ponto que é provável que a comunidade toda
esteja em perigo.
● Pode existir uma "zona tóxica" que somente poderá ser penetrada utilizando equipamento de
proteção individual de maneira apropriada. As ambulâncias e outro pessoal médico nunca
devem entrar em tais zonas.
● Os hospitais (e outras instalações para o tratamento) e as vias de acesso a eles podem estar
situadas dentro da "zona tóxica"; isto faz com que o acesso seja bloqueado e não possam
ser recebidos novos pacientes em um período longo. Portanto, os planos devem contemplar
instalações médicas temporárias em escolas, centros esportivos, barracas, etc.
2.2.1 Pessoal
Os primeiros na resposta (do setor de saúde inclui aos paramédicos que junto com os
policiais e os bombeiros são os primeiros na cena de um acidente).
Fornecedores de informação.
Pessoal de laboratórios
Veterinários, etc.
2.2.2. Equipamentos
Inclui:
● Equipamentos de transporte.
● Equipamentos de descontaminação para o uso no lugar e em hospitais.
● Equipamentos para o tratamento de emergências (para a manutenção da
função respiratória e cardiovascular, para o tratamento sintomático e
específico).
● Equipamentos de proteção individual (roupa de proteção e equipamento de
proteção respiratória).
● Outros (recipientes para amostras, material para vendagens, etc.).
2.2.4 Instalações
Inclui:
acidente.
As atividades anteriormente descritas devem ser baseadas nos planos que o setor de saúde faz na
etapa preparatória, os quais devem estar sujeitos a provas periódicas e devem ser conhecidas por
todos aqueles envolvidos na resposta.
3. Bibliografia
● OPS/OMS. Memorias del Seminario sobre Desastres Tecnológicos Asociados con Agentes
Químicos, 1987
● Young, L. Hospital preparedness for chemical accidents. Plant Technology and Safety
Management Series No. 3, 1990.
● OECD. Guiding principles for chemical accident. Prevention, preparedness and response.
Paris, 1992.
● IPCS/PNUMA, OIT, OMS, OCDE. Accidentes químicos: aspectos relativos a la salud. Guía
para la preparación y respuesta. 1998.
● US. Department of Health & Human Services. Medical management guidelines for acute
chemical exposures, Volume III. San Rafael, ATSDR, 1992.
Introdução | Objetivo | Considerações gerais | Classificação dos EPIs acordo com tipo de proteção |
Considerações finais | Bibliografias consultadas
1. Introdução
Um país não pode crescer se não possuir grandes parques e instalações de pólos petroquímicos que subsidiem
matérias primas para a composição dos produtos necessários a manutenção da vida diária.
O vazamento destes produtos para o meio ambiente tem sido ocasionado por aspectos humanos e materiais,
envolvendo os vários segmentos que manipulam estes produtos, tais:
● Laboratórios;
● Áreas de estocagem (almoxarifados, depósitos, parques de estocagem entre outros)
● Processos de fabricação;
● Atividades de transportes (rodoviário, ferroviário, aéreo, marítimo e dutovias).
Os produtos perigosos tem gerado diversos riscos ao homem e ao meio ambiente, causando danos corporais,
materiais e interrompendo a vida dos seres vivos. Neste sentido, o crescente número de acidentes envolvendo de
produtos perigosos, vem preocupando consideravelmente as autoridades e segmentos envolvidos em todo o
mundo.
As ocorrências envolvendo produtos perigosos requerem cuidados especiais, bem como pessoal habilitado para o
seu atendimento, tendo em vista riscos de inflamabilidade, toxidez e corrosividade que envolvem estes produtos,
quando do vazamento e derrames acidentais, gerando atmosferas contaminadas por vapores e/ou gases.
O atendimento de tais episódios geram diversos riscos a integridade física dos profissionais que desenvolve
atividades nestes cenários . Neste sentido, nas emergências que envolvem produtos químicos, é de suma
importância que os envolvidos utilizem Equipamentos de Proteção Individual – EPIs, de acordo com os riscos
apresentados pelos produtos envolvidos, tamanho do vazamento, locais atingidos e atividades a serrem realizadas.
2. Objetivo
O objetivo deste trabalho é apresentar, de forma sucinta, os principais Equipamentos de Proteção Individual – EPIs
utilizados no atendimentos de emergências com produtos perigosos.
3. Considerações gerais
Equipamento de Proteção Individual é todo dispositivo de uso individual, de fabricação nacional ou estrangeira,
destinado a proteger a saúde e a integridade física do trabalhador.
Os EPIs não reduzem o "risco e ou perigo", apenas adequam o indivíduo ao meio e ao grau de exposição.
Quando usar?
Como escolher?
De acordo com as necessidades, riscos intrínsecos das atividades e parte do corpo a ser protegida.
Observações:
● Após a avaliação da situação, deverá ser adequado o uso dos EPI's às reais situações.
1. Proteção cutânea
2. Proteção respiratória
No que se refere ao atendimento de acidentes envolvendo substâncias químicas ,as roupas de proteção tem como
finalidade proteger o corpo de produtos, o qual pode provocar danos a pele ou mesmo ser absorvido pela mesma
ser absorvido pela mesma e afetar outros órgãos.
Uma vez adequadamente selecionada e utilizada em conjunto com a proteção respiratória, a roupa protege os
técnicos em ambientes hostis.
Proteger os técnicos contra a exposição à pele requer o uso da mais efetiva roupa de proteção. É fundamental
selecionar uma roupa confeccionada em material que apresente a maior resistência possível ao ataque de
produtos químicos. O estilo da roupa é também importante e depende se o produto envolvido estiver presente no
ar ou se a exposição à pele (contato com o produto) for direta ou através de respingos. Outros critérios para
seleção devem ser considerados, incluindo a probabilidade da exposição, facilidade de descontaminação,
mobilidade com a roupa, durabilidade da roupa e, em menor escala, o seu custo.
Uma variedade de materiais de confecção está disponível para a fabricação das roupas de proteção. Cada um
desses materiais fornece um grau de proteção à pele contra uma gama de produtos, mas nenhum material fornece
a máxima proteção contra todos os produtos químicos. A roupa de proteção selecionada deve ser confeccionada
em material que forneça a maior resistência contra o produto conhecido ou que possa estar presente.
A seleção adequada da roupa de proteção pode minimizar o risco de exposição a produtos químicos, mas não
protege contra riscos físicos tais como fogo, radiação e eletricidade. O uso de outros equipamentos de proteção
também é importante para fornecer completa proteção aos técnicos. Proteção à cabeça é fornecida por capacetes
rígidos; proteção para os olhos e face por óculos resistentes a impactos; proteção aos ouvidos é dada por
protetores auriculares; e proteção aos pés e mãos é fornecida pelas botas e luvas resistentes a produtos químicos.
Desta forma, este trabalho tem por finalidade auxiliar as equipes de atendimento a emergências no processo de
seleção da roupa de proteção (modelo e tecido) mais adequada a ser utilizada quando da ocorrência de acidentes
envolvendo substâncias químicas. Assim sendo, este trabalho foi dividido em duas partes, sendo que a primeira
aborda as roupas de proteção química, enquanto que a segunda contempla luvas e botas.
Estilo
Roupa de encapsulamento completo: totalmente encapsulada, essa roupa é confeccionada em peça única que
envolve (encapsula) totalmente o usuário. Botas, luvas e o visor estão integrados à roupa, mas podem ser
removíveis. Se assim forem, essas partes são conectadas à roupa por dispositivos que a tornam à prova de gases
e vapores. Até o ziper (fecho eclair) fornece perfeita vedação contra gases/vapores. Esta roupa é à prova de gases
e deve, obrigatoriamente, ser submetida a testes de pressão para assegurar sua integridade.
A proteção respiratória e o ar respirável são fornecidos por um conjunto autônomo de respiração com pressão
positiva interno à roupa, ou por uma linha de ar mandado que mantém pressão positiva dentro da mesma.
A roupa de encapsulamento é utilizada para, principalmente, proteger o usuário contra gases, vapores e partículas
tóxicas no ar. Além disso, protege contra respingos de líquidos. A proteção que a roupa fornece contra uma
substância química depende do material utilizado para a sua confecção. Uma vez que não existe ventilação, há
sempre o perigo de acúmulo de calor, podendo resultar numa situação de risco para o usuário.
Há uma grande variedade de acessórios que podem ser utilizados em conjunto com esta roupa, visando dar
conforto e praticidade operacional, como por exemplo colete para refrigeração, sistema de rádio e botas com
tamanho dois números acima do usual.
Roupa não encapsulada: a roupa de proteção a substâncias químicas não encapsulada, normalmente chamada
de roupa contra respingos químicos, não apresenta a proteção facial como parte integrante. Um conjunto
autônomo de respiração ou linha de ar pode ser utilizado externamente à roupa, assim como máscara com filtro
químico. A roupa contra respingos pode ser de dois tipos: uma peça única, do tipo macacão, ou conjunto de calça
e jaqueta. Qualquer um dos tipos acima pode incluir um capuz e outros acessórios.
A roupa não encapsulada não foi projetada para fornecer a máxima proteção contra gases, vapores e partículas
mas apenas para proteção contra respingos. Na verdade, a roupa contra respingos pode ser completamente
vedada com a utilização de fitas de vedação nos pulsos, tornozelos e pescoço não permitindo a exposição de
qualquer parte do corpo; no entanto, tal roupa não é considerada à prova de gás, mas pode ser um bom substituto
da roupa de encapsulamento completo se a concentração do produto envolvido estiver baixa e o material não for
extremamente tóxico por via dérmica.
Uso
Uma terceira classificação é a roupa de uso único ou descartável. Esta classificação é relativa e baseia-se no
custo, facilidade de descontaminação e qualidade da confecção. É normalmente considerada roupa de proteção
química descartável aquela que custa menos de US$ 25,00 por peça. Em situações onde a descontaminação é um
ários requisitos de desempenho devem, obrigatoriamente, ser considerados na seleção do material de proteção
adequado. Sua importância relativa é determinada pela atividade a ser executada e condições específicas do local.
Os requisitos de desempenho são:
● Flexibilidade: é a capacidade para curvar ou dobrar. É extremamente importante para luvas e roupas de
proteção, pois influencia diretamente na mobilidade, agilidade e restrição de movimentos do usuário;
● Vida útil: é a capacidade de um material em resistir ao envelhecimento e deterioração. Os fatores como tipo
de produto, temperaturas extremas, umidade, luz ultravioleta, agentes oxidantes e outros, causam a
redução da vida útil do material. Estocagem e cuidados adequados contra tais fatores podem ajudar na
prevenção do envelhecimento. Os fabricantes devem ser consultados com relação às recomendações
sobre o armazenamento da roupa.
● Projeto: é a forma Como uma roupa é confeccionada e inclui o tipo e outras características. Atualmente
uma variedade de modelos de roupas e com características diversas são fabricadas, tais como:
● Tamanho: é a dimensão física ou proporção da roupa. O tamanho está diretamente relacionado ao conforto
e influencia na ocorrência de acidentes físicos desnecessários. Roupas apertadas limitam a mobilidade do
usuário, destreza e concentração.
● Cor: roupas mais brilhantes facilitam o contato visual entre as equipes. Roupas de cores escuras (preto,
verde) absorvem calor radiante de fontes externas e o transfere para o usuário aumentando os problemas
relacionados ao calor.
Resistência química
A eficácia dos materiais na proteção contra produtos químicos está baseada na sua resistência a penetração,
degradação e permeação. Cada uma destas propriedades deve ser avaliada quando da seleção do estilo da roupa
de proteção e do material que é feita.
Penetração
Penetração é o transporte do produto através de aberturas na roupa. Uma substância pode penetrar devido ao
projeto ou imperfeições na roupa. Pontos de costura, orifícios de botões, zipers e o próprio tecido podem permitir a
penetração do produto.
Uma roupa bem projetada e confeccionada previne a penetração através da existência de zipers selados, juntas
vedadas com fita colante e não utilização de tecidos. Rasgos, furos, fissuras ou abrasão à roupa também permitem
a penetração.
Degradação
Degradação é uma ação química envolvendo uma ruptura molecular do material devido ao contato com uma
substância. A degradação é evidenciada por alterações físicas do material. A ação do produto pode causar ao
material a sua contração ou expansão, torná-lo quebradiço ou macio ou ainda alterar completamente suas
propriedades químicas. Outras alterações incluem uma leve descoloração, superfície áspera ou pegajosa ou
rachaduras no material. Tais alterações podem aumentar a permeação ou permitir a penetração do contaminante.
Informações sobre os testes de degradação para substâncias específicas em classes de produtos estão
disponíveis nos fabricantes e fornecedores de roupas de proteção. Tais dados fornecem ao usuário uma taxa de
resistência à degradação, a qual é subjetivamente expressa como excelente, boa, fraca e pobre conforme mostra a
tabela 1.
Os dados de degradação podem ajudar na determinação da capacidade de proteção de um material mas não
devem substituir os dados do teste de permeação. A razão para tal é que um material com excelente resistência à
degradação pode ser classificado como fraco em permeação. Portanto, degradação e permeação não estão
diretamente relacionadas e não podem ser intercambiadas.
Permeação
Permeação é uma ação química envolvendo a movimentação de uma substância, a nível molecular, através de um
material. É um processo que envolve a sorção (adsorsão e absorção) de uma substância na superfície externa,
difusão e desabsorção da substância da superfície interna do material de proteção.
Dessa forma, é estabelecido um gradiente de concentração: alto no lado externo e baixo no interno. Uma vez que
a tendência é atingir a concentração de equilíbrio, forças moleculares conduzem a substância ao interior do
material em direção a áreas sem ou com baixa concentração. Finalmente o maior fluxo de permeação química
ocorre e torna-se constante.
A permeação é medida como uma taxa. Taxa de permeação é a quantidade de substância que se moverá através
de uma área do material de proteção num dado tempo. É normalmente expressa em microgramas de produto
permeado por centímetro quadrado por minuto de exposição (µg/cm2/min). Muitos são os fatores que influenciam a
taxa de permeação, incluindo o tipo do material e a sua espessura. Uma regra geral é que a taxa de permeação é
inversamente proporcional a espessura. Outros fatores importantes são a concentração da substância, tempo de
contato, temperatura, umidade e solubilidade do material nas substâncias químicas.
Materiais
Álcoois E E E E
Ácidos orgânicos E E E E
E - Excelente
B - Bom
R - Regular
F - Fraco
Outra medida da permeação é feita através do tempo de passagem, expresso em minutos. Tempo de passagem
através da roupa é o tempo decorrido entre o contato inicial de uma substância com a superfície externa de um
material e a sua detecção na superfície interna. Assim como a taxa de permeação, o tempo de passagem é
específico para cada substância e material e é influenciado pelos mesmos fatores. Como regra geral, o tempo de
passagem é diretamente proporcional ao quadrado da espessura.
Os dados referentes a taxa de permeação e tempo de passagem são fornecidos pelos fabricantes. Embora exista
metodologia padrão da ASTM - American Standard for Testing Materials para testes de permeação, existem
diversas e consideráveis variações nos dados fornecidos pelos fabricantes, quanto a espessura e qualidade do
material, processo de fabricação, temperatura, concentração das substâncias e método analítico.
O melhor material de proteção a uma substância específica é aquele que apresenta nenhuma ou baixa taxa de
permeação e longo tempo de passagem através da roupa. No entanto, estas propriedades não devem ser
correlacionadas, ou seja, um longo tempo de passagem não significa, necessariamente, uma baixa taxa de
permeação e vice-versa. O valor desejado é, normalmente, um longo tempo de passagem através da roupa.
Material de confecção
As roupas de proteção contra produtos químicos também são classificadas de acordo com o material utilizado para
a confecção. Todos os materiais podem ser agrupados em duas categorias: elastômeros e não elastômeros.
Elastômeros: são materiais poliméricos (como plásticos), que após serem esticados, retornam praticamente à
forma original. A maioria dos materiais de proteção pertence a esta categoria, que inclui: cloreto de polivinila
(PVC), Neoprene, polietileno, borracha nitrílica, álcool polivinílico (PVA), viton, teflon, borracha butílica e outros. Os
elastômeros podem ser colocados ou não em camadas sobre um material semelhante a pano.
Não elastômeros: são materiais que não apresentam a característica da elasticidade. Esta classe inclui o tyvek e
outros materiais.
Materiais de proteção
Há uma grande variedade de materiais de proteção. A relação abaixo apresenta os materiais mais comuns
utilizados em roupas de proteção divididos em elastômeros e não elastômeros.
Os termos "bom para" e "fraco para" representam dados para taxa de permeação e tempo de passagem através
da roupa. Estes são normalmente recomendados; no entanto, existem muitas exceções dentro de cada classe de
substâncias químicas.
● Elastômeros
● Borracha butílica
● Borracha natural
● Neoprene (cloroprene)
● Borracha nitrílica
Bom para: fenóis, PCB, óleos e combustíveis, álcoois, aminas, bases, peróxidos,
abrasão e resistência ao corte
Nota: Quanto maior for a concentração de acrilonitrila melhor será a resistência química, embora
haja aumento na rigidez do material.
● Poliuretano
● Viton
● Teflon
Teflon tem sido utilizado em roupas de proteção, mas há pouca informação sobre permeação.
Assim como o viton, acredita-se que o teflon forneça excelente resistência química contra a maioria
das substâncias.
● Misturas de materiais
● Não elastômeros
Nota: utilizado contra material particulado tóxico, mas não fornece proteção química; utilizado sobre
outra roupa de proteção para prevenir a contaminação de itens não descartáveis.
Nota: fornece limitada proteção química contra líquidos concentrados e vapores. Útil contra baixas
concentrações e para atividades que não apresentam risco de respingos; também pode ser utilizado
sobre a roupa de proteção para evitar contaminação de itens não descartáveis.
Bom para: ácidos e bases, aminas, alguns orgânicos, PCB, descontaminação, baixo
peso, durabilidade
Fraco para:
hidrocarbonetos halogenados e aromáticos penetração (pontos do zíper)
Nota: fornece melhor resistência química que o polietileno revestido com tyvek; utilizado para
prevenir a contaminação de roupas não descartáveis.
· para certos contaminantes e misturas de substâncias não há material disponível que forneça
proteção por mais de uma hora após o contato inicial.
Níveis de proteção
As equipes de atendimento às emergências devem utilizar os equipamentos de proteção individual sempre que
houver a possibilidade de contato com substâncias perigosas que possam afetar a sua saúde ou segurança . Isso
inclui vapores, gases ou partículas que podem ser gerados em virtude das atividades no local do acidente
promovendo, desta forma, o seu contato com os componentes da equipe. A máscara facial dos equipamentos
autônomos de respiração protege as vias respiratórias, aparelho gastrintestinal e os olhos do contato com tais
substâncias. A roupa de proteção protege a pele do contato com substâncias que podem destruir ou ser
absorvidas pela pele.
Os equipamentos destinados a proteger o corpo humano do contato com produtos químicos foram divididos, pelos
americanos (NFPA 471), em quatro níveis de acordo com o grau de proteção necessário, conforme segue.
● Nível A de proteção
Deve ser utilizado quando for necessário o maior índice de proteção respiratória, a pele e aos olhos. É composto
de:
● Nível B de proteção
Deve ser utilizado quando for necessário o maior índice de proteção respiratória, porém a proteção para a pele
encontra-se num grau inferior. É composto de:
● Nível C de proteção
Deve ser utilizado quando se deseja um grau de proteção respiratória inferior ao Nível B, porém com proteção para
a pele nas mesmas condições. É composto de:
· aparelho autônomo de respiração sem pressão positiva ou máscara facial com filtro químico;
· roupa de proteção contra respingos químicos confeccionada em 1 ou 2 peças;
· luvas internas, externas e botas resistentes a produtos químicos;
· capacete;
· rádio.
● Nível D de proteção
Deve ser utilizado somente como uniforme ou roupa de trabalho e em locais não sujeitos a riscos ao sistema
respiratório ou a pele. Este nível não prevê qualquer proteção contra riscos químicos. É composto de:
A seleção da roupa de proteção mais adequada é uma tarefa mais fácil quando o produto químico é conhecido. A
seleção torna-se mais difícil quando não se conhece o produto envolvido ou quando se trata de uma mistura de
produtos, conhecidos ou não.
Outra séria dificuldade no processo de seleção da roupa de proteção é o fato de não haver informação disponível
sobre a qualidade da proteção oferecida pelos materiais utilizados na confecção da roupa contra a grande
variedade de produtos químicos existentes.
Apesar das diversas variáveis existentes, em muitas situações será possível selecionar a roupa de proteção mais
adequada baseado no cenário e na experiência da equipe.
Como exemplo encontram-se listadas abaixo algumas condições para a seleção do nível de proteção mais
apropriado.
Nível A de proteção
● a substância química for identificada e for necessário o mais alto nível de proteção para o sistema
respiratório, pele e olhos;
● houver suspeita da presença de substâncias com alto potencial de danos à pele e o contato for possível,
dependendo da atividade a ser realizada;
● forem realizados atendimentos em locais confinados e sem ventilação;
Nível B de proteção
● o produto envolvido e sua concentração forem identificados e requererem um alto grau de proteção
respiratória sem, no entanto, exigir esse nível de proteção para a pele; por exemplo, atmosferas contendo
concentração de produto ao nível do IDLH sem oferecer riscos à pele ou ainda quando não for possível
utilizar máscaras com filtro químico para aquela concentração e pelo tempo necessário para a atividade a
ser exercida;
● concentração de oxigênio no ambiente for inferior a 19,5% em volume;
● for pouco provável a formação de gases ou vapores em altas concentrações de forma que possam ser
danosas à pele.
Nível C de proteção
Nível D de proteção
Conforme pode ser observado o nível de proteção utilizado pode variar de acordo com o trabalho a ser realizado.
No entanto, para a primeira avaliação do cenário acidental o nível mínimo de proteção recomendado é o B.
Cada nível de proteção apresenta suas vantagens e desvantagens para utilização. Geralmente, quanto maior o
nível de proteção maior é o desconforto da roupa.
A determinação do nível de proteção deve estar fundamentada, primeiramente, na segurança do técnico sendo o
objetivo principal fornecer-lhe a proteção mais adequada com a máxima mobilidade e conforto.
Outros fatores devem ainda ser considerados na escolha do nível de proteção mais adequado, entre eles:
O monitoramento da concentração de gás ou vapor presente na atmosfera também pode auxiliar na seleção do
nível de proteção mais adequado. A tabela 2 fornece o nível de proteção de acordo com a concentração de gás ou
vapor desconhecido no ambiente.
Roupa anichada Nomex Altas temperaturas Não pode ser utilizada Médio
durante incêndios para fogo
Roupa anichada Amianto Adentrar em áreas Pouca mobilidade Máximo
aluminizado com chamas e altas desgaste do usuário
temperaturas
Capa PVC Umidade e alguns Pouco resistente não Baixo
Materiais particulados deve ser utilizada com
produtos químicos
Conjunto calça, jaqueta e PVC Respingos de Ácidos, Baixa resistência Médio
capuz bases e solventes química, dependendo
do tecido sem
confinamento
Macacão hermético com PVC Respingos e Vapores Grande período de Alto
capuz ácidos, bases e exposição a produtos
solventes ácidos e alcalinos
Macacão de PVC ou BUTIL Atmosfera altamente Máximo
encapsulamento Forçado com saturada de gases e -
poliamida e viton vapores
Observação:
Todos os trajes de proteção anteriormente apresentados, não devem "nunca" ser utilizados diretamente sobre a
pele.
Para situações onde não se conhece o contaminante, porém através de equipamentos de monitoramento tal como
um fotoionizador, pode ser estimar a concentração de vapores na atmosfera, é possível selecionar um nível de
proteção mais apropriado, conforme tabela abaixo:
Nos acidentes onde não se conhece o produto envolvido, ou este não foi ainda identificado, a seleção do estilo da
roupa a ser utilizada deverá ser baseada nas condições do cenário envolvido. As condições abaixo indicam a
necessidade de utilização da roupa de encapsulamento completo:
Situações desconhecidas requerem bom planejamento quanto a necessidade de utilização da máxima proteção
(encapsulamento completo) ou de um conjunto calça/jaqueta, ou do tipo macacão.
Após determinar o tipo de roupa a ser utilizada, a próxima etapa é selecionar o material de proteção. Os
fabricantes dos materiais utilizados na confecção das roupas podem, algumas vezes, fornecer dados sobre a
resistência química do material. No entanto, sempre haverá limitações nessas informações, visto que não é
possível testar o material para o grande número de substâncias químicas existentes.
A permeação é o principal critério de seleção. O melhor material de proteção contra uma substância específica é
aquele que apresenta nenhuma ou pequena taxa de permeação e um longo tempo de passagem através da roupa
e que tenha sido confeccionado sem imperfeições de projeto.
A degradação, por sua vez, é uma informação menos útil. É uma determinação qualitativa da capacidade do
material suportar o ataque de uma substância, sendo normalmente expressa em unidades subjetivas como
excelente, bom, fraco, ou termos similares. Os dados de degradação só devem ser utilizados para auxiliar na
seleção do material se nenhum outro dado estiver disponível.
Nas situações onde o material de proteção não puder ser escolhido devido às incertezas quanto a sua resistência
química, as considerações abaixo devem ser observadas:
● selecione o material de proteção que forneça a proteção contra o maior número de substâncias.
Normalmente tais roupas são confeccionadas em borracha butílica, viton ou teflon. Substâncias químicas
não cobertas por estes materiais podem, possivelmente ser consideradas ausentes.
● roupas feitas de diversos materiais de proteção podem ser utilizadas. Roupas de borracha butílica-viton,
neoprene-viton e neoprene-borracha butílica são confeccionadas atualmente. Se não estiverem
comercialmente disponíveis, podem ser sobrepostas duas peças confeccionadas de materiais diferentes,
sendo que a externa pode (ou deve) ser do tipo descartável.
Decidir se a roupa de encapsulamento completo deve ou não ser utilizada pode não ser tão evidente. Se, de
acordo com a situação, qualquer estilo da roupa puder ser utilizado, outros fatores devem ser considerados:
● facilidade no uso: roupas não encapsuladas são mais fáceis de usar. Os usuários estarão menos
propensos a acidentes visto que estas fornecerão melhor visibilidade e são menos desconfortáveis e
incômodas;
● comunicação: é mais difícil se comunicar em roupas de encapsulamento completo;
● descontaminação: roupas de encapsulamento completo protegem a máscara autônoma de respiração, a
qual é de difícil descontaminação;
● estresse por calor: roupas não encapsuladas normalmente causam menos estresse por calor; no entanto,
como pequena parte do corpo fica exposta quando do uso de tais roupas, há pequena diferença no
acúmulo de calor para os dois estilos.
● inspecionar a roupa quanto a degradação química, abrasão, fissuras, trincas e falhas nas costuras.
Normalmente uma inspeção visual é suficiente. Se houver dúvida quanto a integridade da roupa, esta
deverá ser submetida a testes de pressão de acordo com a orientação do fabricante;
● certificar-se que a roupa é capaz de suportar a exposição às substâncias envolvidas. Se não existirem
dados sobre a taxa de permeação e o tempo de passagem do produto através da roupa, esta não deverá
ser utilizada;
● determinar o grau de mobilidade necessário ao trabalho a ser realizado. Roupas de proteção Nível A
podem limitar os movimentos além de não fornecerem boa visibilidade. Em alguns casos, uma roupa e seu
material de confecção podem ser tão restritivos à mobilidade tornando uma atividade insegura. O problema
normalmente é mais severo com roupas mais pesadas, as quais são projetadas para fornecer um período
maior de uso. Uma alternativa pode ser sacrificar parte do período de uso para ganhar em mobilidade
selecionando uma roupa mais leve e confeccionada em material mais maleável;
● certificar-se que o usuário remova todos os objetos de uso pessoal, objetos pontiagudos, isqueiros e outros
itens semelhantes antes de vestir a roupa. Qualquer objeto rígido no interior da roupa poderá aumentar a
probabilidade de danos. Isqueiros são preocupantes pois podem gerar o acúmulo de gases no interior da
● considerar, no caso de uso de máscara autônoma, o tempo necessário para vestir a roupa, aproximar e
deixar o local, descontaminar e remover a roupa de proteção. Se o tempo total disponível para o trabalho
for impraticável devido aos parâmetros acima, então deverá ser utilizada uma linha de ar ao invés da
máscara autônoma ou o trabalho com a roupa Nível A deverá ser dividido em diversas etapas;
● remover, o quanto antes, as substâncias líquidas se houver contato direto com a roupa. A degradação e a
permeação são significativamente aceleradas quando da exposição do material da roupa a líquidos;
● paralisar as atividades se o usuário sentir qualquer desconforto ou irritação. Em muitos casos esta
sensação pode ser em conseqüência da transpiração ou meramente psicológica. No entanto, pode ser a
primeira indicação de defeito na roupa;
● deixar o local quando da ocorrência de qualquer desconforto, dificuldade respiratória, fadiga, náusea,
aumento da pulsação e dor no peito; passar pela descontaminação e retirar todos os equipamentos de
proteção. Muitas destas condições estão associadas ao calor e são indicadores do estresse por calor.
Outros cuidados devem ainda ser adotados com relação à roupa interna, a ser utilizada sob a roupa de
encapsulamento, tais como:
● proteção do usuário do contato com a roupa. O contato prolongado da roupa com a pele pode provocar
incômodos que vão desde um desconforto até a sua irritação;
● a temperatura ambiente e a radiação solar também devem ser consideradas na seleção da roupa interna.
Na maioria dos casos uma roupa de algodão é o mais recomendado visto que este material tem a
capacidade de absorver a transpiração. A temperatura no interior da roupa está, geralmente, bem acima da
temperatura ambiente;
● se o produto a ser manuseado apresentar riscos devido a sua baixa temperatura de ebulição, então deve-
se utilizar sobre a roupa de encapsulamento uma roupa de proteção térmica. Por exemplo, a amônia ferve
a -33ºC e qualquer contato com o líquido, mesmo que utilizando a roupa de encapsulamento, poderá
causar queimaduras por enregelamento (excesso de frio).
Luva é a forma mais comum de roupa de proteção. Atualmente há uma grande variedade de produtos e materiais
de muitos fabricantes e importadores no mercado brasileiro.
Nem sempre é fácil decidir quanto a luva mais adequada a ser utilizada para uma determinada atividade.
Antes da correta seleção da luva deve-se compreender algumas diferenças básicas entre elas. Os materiais mais
utilizados na confecção de luvas de proteção, encontram-se listados abaixo:
● poliuretano (PV)
● viton
A espessura do material de confecção da luva é um fator importante a ser considerado no processo de seleção.
Para uma dada espessura, o material (polímero) selecionado tem uma grande influência no nível de proteção
fornecida pela luva. Para um polímero, uma maior espessura fornecerá uma proteção melhor, se a subsequente
perda de destreza (devido a espessura da luva) puder ser tolerada de forma segura, para aquela atividade.
Aditivos são normalmente utilizados como matéria-prima de modo a atingir as características desejadas do
material. Devido a tal fato, há certa variação na resistência química e no desempenho físico de luvas
confeccionadas com o mesmo polímero, mas de fabricantes distintos.
Outros fatores de desempenho devem ser considerados quando da seleção de luvas de proteção, tais como a
resistência à permeação, flexibilidade, resistência a danos mecânicos e a temperatura.
Da mesma forma que nas roupas de proteção, a seleção da luva deve levar em consideração tanto a permeação
como a degradação do material.
A permeação química pode ser compreendida de forma simples, através da comparação do que ocorre com um
balão (bexiga) após algumas horas. Embora não existam furos ou defeitos e o balão esteja bem selado, o ar
contido no seu interior passa (permeia) através de suas paredes e escapa. Neste simples exemplo foi abordada a
permeação de um gás, sendo que o princípio é o mesmo para os líquidos, pois com estes a permeação também
ocorre.
Os testes de permeação são importantes pois fornecem uma informação segura para o manuseio de substâncias
químicas. Por muitos anos, a seleção de luvas baseou-se somente nos dados de degradação, mas algumas
substâncias permeiam rapidamente através de certos materiais os quais apresentam boa resistência a
degradação. Isto significa que os usuários podem ficar expostos mesmo quando acreditam que estão
adequadamente protegidos. Os materiais de confecção da luva de proteção podem enrijecer, endurecer e tornarem-
se quebradiços, ou podem amolecer, enfraquecer e inchar muito além do seu tamanho original. Embora os testes
de resistência à degradação não devam ser considerados como suficientes para a escolha da luva é um dado
essencial para a segurança do usuário.
Os testes de resistência a degradação e a permeação foram padronizados pela ASTM e são, basicamente,
conforme segue:
● Teste de permeação
Uma amostra do material de confecção de uma luva ou roupa de proteção é fixada numa célula de teste como se
fosse uma membrana, conforme a figura 2 . O lado externo da amostra é exposto à substância química. Em
intervalos pré-determinados, o lado interno da célula de teste é verificado no sentido de identificar se houve a
permeação química e em que intensidade.
A metodologia de teste permite uma variedade de opções nas técnicas analíticas de coleta e análise do produto
permeado. A cromatografia gasosa com detecção por ionização de chama, como método de análise e nitrogênio
seco como meio de coleta são as técnicas normalmente utilizadas. Quando da realização de teste para ácidos e
bases inorgânicos, detectados pelo processo acima mencionado, é utilizado neste caso um método colorimétrico
padronizado pela ISO - International Standard Organizacional. O meio de coleta é a água e a detecção é feita pela
troca de cor de um papel indicador de pH.
● Teste de degradação
Para execução deste teste são obtidos filmes (películas) do material a ser testado. Estes filmes são pesados,
medidos e completamente submersos na substância química por 30 minutos. Em seguida, determina-se a
alteração do tamanho, expressa em porcentagem, sendo que, posteriormente, os filmes são secados de modo a
calcular a porcentagem da alteração do tamanho e do peso. As alterações físicas também são observadas e
registradas. A avaliação é baseada na combinação desses dados.
É importante lembrar que a permeação e a degradação são afetadas com a variação da temperatura,
principalmente com o seu aumento. Uma vez que os dados obtidos dos testes são válidos para temperaturas entre
20 e 25ºC, devem ser adotados cuidados quando da utilização de luvas em líquidos aquecidos, pois haverá uma
brusca redução na resistência do material.
Misturas de substâncias químicas também alteram significativamente a resistência dos materiais. Por exemplo, o
tempo de passagem da acetona através de laminado viton/clorobutil é de 53 - 61 minutos, enquanto que o hexano
não permeia este material em 3 horas. No entanto, a combinação de acetona e hexano resulta numa redução do
tempo de passagem para 10 minutos. O sinergismo dessas substâncias não pode ser explicado em termos de
efeitos individuais sobre o material.
As tabelas apresentam dados de testes de permeação para as seis principais luvas de proteção química: álcool
polivinílico, látex, viton, borracha nitrílica (NBR), borracha butílica e neoprene. Estas tabelas fornecem a família
química com diversos tempos de passagem para as principais luvas citadas acima. Estes dados devem ser
utilizados no processo de seleção da luva apenas como um guia inicial. Quando nenhum dado de desempenho
estiver disponível, a saúde e segurança dos técnicos dependerá do julgamento profissional do usuário. A maneira
mais segura e recomendada para a seleção da luva (e roupa), principalmente para substâncias tóxicas ou
altamente tóxicas, é a realização de testes em laboratórios.
Família química com tempo de passagem através da luva de 0 - 10 minutos para diversos materiais
Alcoolaminas
Aldeídos, éteres, epóxidos e Viton
Isocianatos
Carbonos halogenados Nitrila
Alifáticos
Enxofre alifático, éteres e carbonos Borracha butílica
Halogenados
Isocianatos alifáticos,
Hidrocarbonetos e carbonos
Halogenados não saturados
Neoprene
Família química com tempo de passagem através da luva de 300 - 480 minutos para diversos materiais
O comprimento de uma luva de proteção também é outro aspecto a ser considerado no processo de seleção. O
comprimento adequado depende do serviço a ser realizado e do grau de proteção desejado. O comprimento é
medido a partir da extremidade do dedo do meio até a outra extremidade da luva, enquanto que o seu tamanho é
medido pelo perímetro da palma da mão. A tabela abaixo, apresenta alguns comprimentos típicos de luvas e a
proteção oferecida.
Inicialmente, muitos fabricantes de roupas herméticas (encapsuladas) incorporaram as luvas como parte
permanente da roupa de proteção. No entanto, esta não foi uma boa prática visto que a forma da luva, o tempo
necessário para o seu reparo e reposição quando da troca e os procedimentos para a descontaminação eram
afetados, reduzindo desta forma a disponibilidade da roupa.
Atualmente, a maioria dos fabricantes fornece roupas de proteção de encapsulamento completo com luvas
removíveis. As luvas são conectadas à roupa através da utilização de anéis de vedação, os quais também não
permitem a passagem de gás e vapor para o interior da roupa.
Em muitas situações é aconselhável a utilização de um par de luvas adicional, a ser colocado sobre a luva de
proteção de modo a fornecer a segurança necessária de acordo com o serviço a ser realizado. Também é uma boa
prática de trabalho utilizar luvas descartáveis (tipo cirúrgicas) sob a luva de proteção visando aumentar o tato e a
sensibilidade.
Alguns tipos de roupas apresentam uma proteção especial contra respingos nas luvas e botas. Trata-se, na
realidade, de uma segunda manga, a qual é sobreposta à luva ou bota de proteção.
Este tempo indica o menor tempo observado desde o início do teste até a primeira detecção da substância no
outro lado da amostra do material. Representa o tempo esperado para que o material ofereça a mais efetiva
Até recentemente as botas de proteção comercialmente disponíveis eram confeccionadas somente em PVC ou
borracha. Devido as necessidades do mercado, os fabricantes desses materiais vêm desenvolvendo um elevado
número de misturas de polímeros que são mais resistentes às substâncias químicas. Muitos problemas estão
relacionados com a utilização de novas misturas de polímeros devido ao complicado processo de moldagem por
injeção para a fabricação das botas. Cuidados devem ser ainda observados quando as botas entram em contato
com substâncias químicas, uma vez que estas podem agir como uma "esponja química" (absorção da substância),
resultando na exposição do usuário.
As botas mais simples são produzidas através do processo de moldagem por injeção de único estágio. O aspecto
da bota é semelhante às botas de borracha contra chuvas, e são fabricadas em neoprene e borracha butílica.
Devido ao processo de único estágio, o solado da bota é feito com o mesmo material, sendo, no entanto, mais
espesso. Isso significa que as características de tração e desgaste da sola não são as mais adequadas.
De modo a fornecer um produto mais funcional e durável, foi desenvolvido um processo de moldagem por injeção
de dois estágios. Isso permite a fabricação de um produto de baixo peso na sua parte superior com um solado com
alta resistência ao desgaste e boa tração. Este processo também resulta numa bota mais apropriada e com uma
maior resistência química. Estas botas estão disponíveis em PVC e PVC/borracha nitrílica.
Botas confeccionadas à mão estão disponíveis em vários tamanhos de modo a fornecer uma melhor adaptação e
conforto. Estas botas são confeccionadas em estágios com um grande número de componentes, o que as tornam
propensas a atuar como "esponja química". Outros estilos de botas estão disponíveis, confeccionadas em
neoprene e diversas formulações de borracha.
Todos os conceitos já apresentados em roupas e luvas (permeação, degradação, penetração e outros) podem ser
aplicados às botas, ressaltando-se apenas que a proteção oferecida por estas não é somente devido ao material
de confecção, mas também pela espessura do solado, o qual permite, para a maioria dos casos, um tempo de
contato mais prolongado quando comparado a luvas e roupas confeccionadas com o mesmo material.
Introdução
Proteger o homem contra os riscos representados por elementos respiráveis nocivos à saúde presentes no ar
atmosférico, é fonte de preocupação há muitos séculos em nossa sociedade.
A utilização de bexiga animal como filtro protetor contra poeiras em minas romanas no século I; posteriormente o
grande avanço durante a primeira guerra mundial, quando desenvolveram-se equipamentos de proteção
respiratória para fazer frente aos gases tóxicos utilizados com fins bélicos, e finalmente nos dias atuais onde
dispomos de equipamentos eficazes e totalmente independentes do ar atmosférico, são indicativos da importância
dos dispositivos que propiciam proteção respiratória em ambientes adversos.
O sistema respiratório é a principal via de contato com substâncias nocivas. Apesar de possuir defesas naturais, o
grau de tolerância do homem para exposição a gases tóxicos, vapores, partículas ou ainda a deficiência de
oxigênio, é limitado. Algumas substâncias podem prejudicar ou mesmo destruir partes do trato respiratório, outras
podem ser absorvidas pela corrente sangüínea gerando danos aos demais órgãos do corpo humano.
Nos acidentes envolvendo produtos químicos perigosos, onde a liberação de materiais tóxicos para a atmosfera
pode gerar altas concentrações, é fundamental a proteção das equipes de atendimento, pois muitas vezes os
índices de contaminantes no ar podem ser imediatamente letais.
O conhecimento apurado dos riscos oferecidos por um determinado produto químico, as condições específicas do
local e as limitações do operador e dos equipamentos nortearão a seleção do sistema de proteção respiratória
mais adequado para propiciar a segurança necessária às equipes de atendimento nas situações emergenciais.
Na descrição dos equipamentos de proteção optou-se por citar os recursos básicos encontrados nos vários
modelos existentes no mercado. Detalhamento de dispositivos ou recursos adicionais de cada fabricante, não
foram contemplados.
Inicialmente será abordado os riscos mais comuns nos episódios emergenciais, numa segunda etapa serão
descritos os tipos de aparelhos de proteção respiratória, diretrizes para seleção e uso, as limitações e as
recomendações práticas para a utilização.
Objetivo
Este trabalho tem por finalidade propiciar a equipes de atendimento emergencial o conhecimento básico sobre a
proteção respiratória nas situações de emergência envolvendo produtos químicos perigosos.
Riscos respiratórios
Risco respiratório é toda alteração das condições normais do ar atmosférico que interfere no processo da
respiração, gerando consequentemente danos ao organismo humano.
Os efeitos gerados pela exposição humana a tais condições vão desde a simples irritação das vias aéreas até o
comprometimento das funções vitais ocasionando a morte.
Para efeito deste trabalho serão abordados os riscos respiratórios, dividindo-os em dois grupos: a deficiência de
oxigênio e os contaminantes do ar atmosférico. Antes de serem abordados os tópicos acima, uma breve
explanação sobre a composição do ar e o consumo humano de oxigênio, torna-se necessária.
Composição do ar atmosférico
O ar atmosférico, em condições normais, é composto por gases para os quais o organismo humano está
devidamente adaptado.
A tabela abaixo apresenta o percentual em volume desses gases no ar, considerando-o isento de umidade.
Composição do ar atmosférico
Observação: A rigor não existe ar atmosférico que não contenha umidade. Na presença de 1% de vapor d'água,
correspondente a 50% de umidade relativa do ar a 20º, permanecem apenas 99% de ar seco. Já, para 3% de
vapor d'água, correspondente a 100% de umidade relativa no ar a 24º, tem-se uma parcela de 97% de ar seco.
A temperatura do ar é outro fator que o torna respirável, pois alterações extremas ocasionarão queimaduras ou
congelamento das vias respiratórias e pulmões.
Consumo de ar
O consumo de ar pelo homem é mensurado através do volume respiratório por minuto, representado pelo volume
corrente normal (500 ml), multiplicado pela freqüência respiratória normal (cerca de 12 por minuto). Tem-se então
que o volume respirado num minuto eqüivale a 6 litros de ar.
Esse consumo pode variar em função da demanda de ar disponível, do estado psicológico e do esforço físico
desempenhado. Em qualquer uma dessas situações são promovidas alterações na profundidade da respiração,
com aumento do volume respirado, e na freqüência respiratória com aumento dos ciclos (inspiração/expiração) por
minuto, visando suprir a necessidade de oxigênio do organismo.
A tabela abaixo compara o incremento no consumo de ar com o oxigênio, em função da intensidade de esforço
físico desempenhado.
De forma geral, pode-se concluir que a capacidade pulmonar e as variações no consumo de oxigênio determinam
a ventilação alveolar e por conseguinte o nível de oxigenação sangüínea, refletindo no desempenho funcional do
organismo como um todo.
Consumo de ar
Deitado 0,25 6
Em pé 0,40 8
Deficiência de oxigênio
O volume parcial de oxigênio em relação à composição total do ar é sempre constante (20,93%), porém em
circunstâncias específicas esse percentual pode sofrer redução.
Os efeitos dessa redução sobre o organismo estão diretamente ligados à pressão exercida pelo oxigênio sobre os
alvéolos pulmonares.
Em termos gerais, pode-se dizer que o oxigênio exerce uma pressão sobre os alvéolos, possibilitando a troca
gasosa entre estes e as hemácias da corrente sangüínea. Isto significa dizer que ao diminuir a quantidade de
oxigênio presente no ar tem-se menor pressão alveolar. Com, isso o teor de oxigênio nas hemácias é menor,
comprometendo a oxigenação dos demais tecidos e órgãos, sendo que, paralelamente, há um incremento da taxa
de CO2 na corrente sangüínea e nas células dos tecidos.
A pressão parcial do oxigênio (PPO2) também é afetada pela pressão atmosférica total. Esta é de 760 mmHg ao
nível do mar, sendo a PPO2 de 159 mmHg, condição esta considerada ideal para a respiração. Há uma diminuição
progressiva da pressão total com o aumento da altitude. Altitudes superiores a 4240 metros são consideradas
imediatamente perigosas à vida e à saúde, já que neste nível tem-se uma pressão atmosférica de 450 mmHg
implicando numa PPO2 de 95 mmHg. Saliente-se que pessoas aclimatizadas às grandes altitudes não sofrem
esses efeitos, pois o organismo realiza mudanças compensadoras nos sistemas cardiovascular, respiratório e
formador do sangue.
A tabela abaixo que segue compara a redução do volume de oxigênio com a redução da PPO2, ao nível do mar, e
seus efeitos sobre o homem.
(% volume) (mmHg)
16,0 a 12,0 121,6 a 95,2 Perda da visão periférica; aumento do volume respiratório; aceleração do
batimento cardíaco, perda de atenção; perda de raciocínio e perda de
coordenação.
12, 0 a 10,0 91,2 a 76,0 Perda da capacidade de julgamento; coordenação muscular muito baixa; a ação
muscular causará fadiga com danos permanentes ao coração; respiração
intermitente
10,0 a 6,0 76,0 a 45,6 Náusea e vômito; incapacidade de executar movimentos vigorosos;
inconsciência seguida de morte.
< 6,0 < 45,6 Respiração espasmódica; movimentos convul-sivos; morte em minutos
Por outro lado, em condições de pressão atmosférica elevada haverá maior absorção sangüínea dos gases que
compõem o ar e concomitantemente pelas células dos tecidos. Com a redução da pressão esses gases tendem a
ser liberados, daí os problemas de embolia gasosa e morte gerados pelo nitrogênio quando da redução brusca da
pressão.
O aumento da pressão atmosférica por si só, pode gerar danos como os descritos a seguir:
Neste item estão abordados os casos normalmente encontrados nos atendimentos emergenciais que podem
ocasionar a redução na concentração de oxigênio contida no ar.
Embora cada cenário tenha suas características particulares que deverão ser observadas, podem-se adotar como
causas básicas da deficiência de oxigênio, as descritas a seguir:
● A liberação acidental de gases, cuja densidade é maior que a do ar atmosférico, resulta em deslocamento
do ar e por conseguinte do oxigênio nele contido. A tendência para deposição desses gases ao nível do
solo expulsa o ar para os níveis mais altos, formando uma zona irrespirável. São exemplos desses gases o
GLP - gás liqüefeito de petróleo e o cloro.
Esse efeito é potencializado quando ocorre em ambientes confinados, onde não há fontes de
ventilação para promover a renovação de ar respirável, criando-se uma atmosfera saturada e
deficiente de oxigênio.
As características toxicológicas do gás envolvido, embora relevantes, não são consideradas nesses
casos, já que até mesmo os gases inertes podem gerar o deslocamento do ar.
● Gases liqüefeitos sob pressão, quando da mudança do estado líquido para o gasoso, têm normalmente
altas taxas de expansão podendo deslocar o ar. É o caso da amônia e do butadieno.
● Alguns gases podem concorrer para o decréscimo do volume de oxigênio, especificamente por sua
capacidade de reação com o mesmo, como é o caso do monóxido de carbono, monóxido de nitrogênio,
dióxido de nitrogênio e o dióxido de enxofre.
Os materiais orgânicos destes ambientes também estão sujeitos à oxidação natural, contribuindo para a diminuição
da concentração de oxigênio. Os despejos industriais podem conter gases que por si só deslocam o ar.
● A combustão de qualquer material provoca consumo de oxigênio e emanação de gases que deslocarão o
ar, sobretudo em ambientes confinados.
● Qualquer substância sujeita à oxidação num ambiente confinado, após certo período de tempo, provoca a
redução de oxigênio se não houver renovação do ar.
Considerações gerais
Nos atendimentos às emergências com produtos perigosos, utiliza-se como valor limite de segurança a
concentração, internacionalmente aceita de 19,5% em volume de oxigênio, pois fica implícito que qualquer redução
na concentração normal de oxigênio, implica no aumento da concentração de outro gás.
A avaliação quantitativa da concentração de oxigênio no ar é fator preponderante na seleção dos métodos eficazes
de proteção respiratória. Aparelhos específicos fornecem o percentual em volume de oxigênio em determinado
ambiente. A análise dos dados obtidos permite a identificação de condições prejudiciais ou mesmo letais ao
homem.
Contaminantes
São todas substâncias alheias à composição normal do ar atmosférico, que podem gerar irritações ou danos ao
organismo humano. Embora em muitos casos não sejam perceptíveis à visão e olfação, podem estar presentes
nos vários cenários com que se deparam as equipes de emergência.
Os contaminantes são comumente divididos em dois grupos: os gasosos e os particulados, também conhecidos
como aerodispersóides.
Contaminantes gasosos
Os gases são substâncias químicas que se encontram no estado gasoso em pressão e temperatura ambiente.
Possuem grande mobilidade e misturam-se facilmente ao ar atmosférico.
Vapor é o estado gasoso de substâncias que em condições de pressão e temperatura ambiente, são líquidas ou
sólidas. A emanação de vapor ocorre pelo aumento da temperatura ou pela redução da pressão.
As defesas naturais das vias respiratórias oferecem certa proteção contra os riscos gerados pela inalação dessas
substâncias, quer seja através da filtragem de parte dos gases e vapores, como pela atuação do revestimento
mucoso, onde serão absorvidos.
Devido à grande mobilidade das moléculas gasosas, a penetração no trato respiratório é facilitada, atingindo
diretamente os alvéolos onde são absorvidas pela corrente sangüínea.
Aerodispersóides
Aerodispersóide é um termo usado para descrever os contaminantes na forma particulada (sólida ou líquida). São
pequenas partículas em suspensão no ar, muito maiores que uma molécula. Os danos que causam ao organismo
quando inalados dependem de suas características, tais como: tamanho, forma, densidade e propriedades físicas
e químicas.
Apesar das defesas naturais do sistema respiratório abordadas anteriormente, muitas partículas podem atingir as
porções mais internas dos pulmões.
Critérios de avaliação
A avaliação dos riscos representados pelos contaminantes é feita com base nas aferições de concentração obtidas
por aparelhos de medição.
Em algumas circunstâncias, além dos gases e vapores pode haver o risco associado a aerodispersóides, quando
deverão ser adotadas medidas de segurança adicionais.
Genericamente, pode-se dizer que os principais tópicos a serem observados quanto ao risco dos contaminantes,
são:
● tempo de exposição;
● concentração do contaminante;
● toxicidade;
● frequência respiratória e capacidade pulmonar;
● sensibilidade individual.
São equipamentos destinados a proteger o usuário dos riscos representados pela presença de contaminantes no
ar ambiente. O método pelo qual eliminam ou diminuem o risco respiratório baseia-se fundamentalmente na
utilização de uma peça facial que isola o usuário do ar contaminado e de um sistema de purificação ou de
suprimento de ar respirável.
O sistema de purificação consiste basicamente de um elemento filtrante que retém o contaminante e permite a
passagem do ar purificado. Já o sistema de suprimento de ar, fornece ar respirável ou oxigênio a partir de uma
fonte independente da atmosfera contaminada.
Dependentes:
São máscaras faciais ou semi faciais que atuam com elementos filtrantes, removendo do ambiente contaminado o
ar necessário para respiração.
Esses equipamentos possuem algumas restrições quanto ao uso, dentre as quais pode-se destacar:
Independentes
Normalmente, são conjuntos autônomos portáteis ou linhas que fornecem o ar necessário ao usuário,
independentemente das condições do ambiente de trabalho (grau de contaminação). Propiciam o isolamento do
trato respiratório do usuário da atmosfera contaminada.
Elemento filtrante
Os elementos filtrantes (filtros) são confeccionados de materiais apropriados para a remoção de contaminantes
específicos. De acordo com o contaminante a ser removido, os filtros podem ser do tipo químico, mecânico ou
combinado (mecânico e químico).
a) Filtro mecânico
É utilizado para a proteção contra materiais particulados, sendo normalmente confeccionado em material fibroso,
cujo entrelaçamento microscópico das fibras retém as partículas e permite a penetração do ar respirável.
Segundo o Projeto de Norma 2:11-03-006 ABNT, os filtros mecânicos podem ser classificados em função de sua
capacidade de filtração, conforme descrito a seguir:
Classe P1 Para uso contra aerodispersóides gerados mecanicamente. As partículas podem ser sólidas ou
líquidas geradas de soluções ou suspensões aquosas. São indicados entre outros, contra poeiras
vegetais: algodão, bagaço de cana, madeira, celulose e carvão vegetal, grãos e sementes, poeiras
minerais como sílica, cimento, amianto, carvão mineral, negro de fumo, bauxita, calcário, coque,
fibra de vidro, ferro, alumínio, chumbo, cobre, zinco, manganês e outros materiais, e ainda névoas
aquosas de inorgânicos: névoas de ácido sulfúrico e soda cáustica. Possuem pequena capacidade
de retenção.
Classe P2 Para uso contra aerodispersóides gerados mecanicamente (poeiras e névoas) e termicamente
(fumos). Além dos contaminantes indicados para o filtro P1, os filtros P2 são eficientes na retenção
de fumos metálicos, como solda ou provenientes dos processos de fusão de metais que contenham
ferro, manganês, cobre, níquel e zinco. São ainda indicados contra névoas de pesticidas com baixa
pressão de vapor, que não contenham vapores associados.
Esses filtros são ainda classificados em categorias "S" ou "SL", de acordo com a sua capacidade
para reter partículas líquidas oleosas ou não. Os da categoria "S" são indicados para os
contaminantes anteriormente citados e os da categoria "SL" podem ser utilizados para proteção
contra névoas oleosas e para os contaminantes da categoria anterior. Possuem capacidade média
de retenção.
Classe P3 Para uso contra aerodispersóides gerados mecanicamente e termicamente, incluindo os tóxicos.
Pertencem a esta categoria de contaminantes tóxicos, entre outros, as poeiras, névoas e fumos de
arsênico, berílio, sais solúveis de platina, cádmio, rádio, prata, urânio e seus compostos e os
radionúclideos. Os filtros P3 da mesma forma que os filtros P2, também são divididos nas
catergorias "S" ou "SL". Possuem grande capacidade de retenção.
Obs: A proteção propiciada por uma determinada classe de filtros compreende também a proteção fornecida pelo
filtro da classe anterior.
Aparelhos Purificadores
Características:
• Oferecem proteção contra material particulado (pó), dispersos no ambiente, e fumos com retenção
mínima de aproximadamente 95% ;
• São Confeccionados de máscara semi facial (meia máscara) que permite perfeita hermeticidade;
tirantes, válvulas de inspiração e expiração, e um ou dois alojamentos para os filtros;
• Os filtros variam em eficiência de filtração, segundo o material particulado que se deseja reter.
Observações:
• São dispositivos para situações de não emergência, entretanto mais para exposições de média
duração, do que para exposição continuada;
Limitações:
b) Filtro químico
É o filtro utilizado para a proteção contra gases e vapores. O processo de funcionamento baseia-se na adsorsão
dos contaminantes gasosos por meio de um elemento filtrante, normalmente o carvão ativo. Alguns filtros químicos
utilizam adicionalmente elementos químicos (sais minerais, catalisadores ou alguns alcalinos) que melhoram o
processo de adsorsão.
A quantidade (concentração) do contaminante que o filtro pode reter, depende da qualidade do elemento filtrante,
granulometria, massa filtrante (quantidade) e do tipo do contaminante, influindo também a temperatura e umidade.
O Projeto de Norma 2:11-03-006 - ABNT estabelece os tipos de filtros de acordo com o contaminante gasoso
contra o qual se deseja proteção, como descrito a seguir:
− filtros para vapores orgânicos: são indicados contra certos vapores orgânicos, conforme
especificação do fabricante;
− filtros para gases ácidos: são indicados contra certos gases ou vapores ácidos inorgânicos,
conforme especificação do fabricante (excluindo o monóxido de carbono);
− filtros para amônia: indicados contra amônia e compostos orgânicos de amônia, conforme
especificação do fabricante;
− filtros especiais: indicados contra contaminantes específicos não incluídos nos tipos anteriores,
como por exemplo mercúrio, cloreto de vinila, fosfina, gás sulfídrico, ácido cianídrico, óxido de
etileno, monóxido de carbono e defensivos agrícolas.
Os filtros acima mencionados podem se apresentar de forma combinada, oferecendo proteção contra mais de um
tipo de contaminante gasoso.
Concentração de uso
(A)Não usar contra vapores orgânicos ou gases ácidos com fracas propriedades de alerta (ver definição no anexo
I), ou que gerem alto calor de reação com o conteúdo do cartucho.
(B)A concentração máxima de uso não pode ser superior ao I.P.V.S. (imediatamente perigoso à vida ou à saúde)
(C)Para alguns gases ácidos e vapores orgânicos, essa concentração máxima de uso é mais baixa
Adota-se também um código de cores para os filtros químicos, em função do tipo de contaminante gasoso para o
qual foi projetado. As Tabelas abaixos apresentam os códigos de cores adotados pela NIOSH - National Institute
for Occupational Safety and Health e pelo CEN - Comitê Europeu de Normalização.
3) Filtros combinados
São utilizados para proteção contra contaminantes gasosos e particulados simultaneamente. São constituídos
portanto, pela combinação de um filtro mecânico sobreposto a um filtro químico.
Dependendo da peça facial utilizada, podem estar dispostos em cartuchos separados; porém, o detalhe construtivo
da peça deve permitir que o ar contaminado passe primeiro pelo filtro mecânico e posteriormente pelo filtro
químico. A disposição do filtro em cartuchos distintos é preferível, pois geralmente o filtro mecânico satura primeiro.
Os elementos filtrantes têm capacidade finita para remover contaminantes e quando seu limite é atingido, os filtros
começam a saturar. No caso dos filtros químicos, atingindo o ponto de saturação, o elemento filtrante permitirá
progressivamente a passagem do contaminante até o interior da peça facial. Nos filtros mecânicos a impregnação
de partículas imporá resistência à respiração.
O período de tempo que um filtro efetivamente retém o contaminante é conhecido como vida útil. De acordo com o
Projeto de Norma 2:11.03-006/1990 (ABNT), os filtros quando ensaiados devem apresentar a vida útil mínima
conforme os dados da Tabela abaixo. Para maiores detalhes sobre as condições em que são efetuados os ensaios
(concentração de teste, concentração limitante, vazão, etc), o Projeto de Norma citado deve ser consultado.
Classe 1
Vapor orgânico 80
Gás ácido 20
Amônia 50
Classe 2
Vapor orgânico 40
Gás ácido 20
Amônia 40
Classe 3
Vapor orgânico 60
Gás ácido 30
Amônia 60
Filtros Especiais
NO (P3) 20
Hg (P3) 6000
Defensivos agrícolas
Classe/Tipo
1-P2 50
1-Hg 300
2-P3 9
3-P3 12
3–CO
60
Nota: Se um filtro é uma combinação de dois ou mais tipos, a vida útil mínima exigida fica dividida pela metade
A vida útil de um determinado tipo de filtro depende de vários fatores, como os descritos a seguir:
a) Frequência respiratória
Influi na vida útil do filtro, pois quanto maior for a frequência respiratória do usuário, tanto maior será a quantidade
de contaminante em contato com o elemento filtrante num dado período de tempo, com isto aumenta-se a taxa de
saturação.
b) Concentração do contaminante
A expectativa de vida útil de um filtro diminui conforme aumenta a concentração do contaminante no ambiente, já
que há maior quantidade desse em contato com o elemento filtrante.
c) Eficiência do filtro
A capacidade do filtro químico em remover o contaminante do ar pode variar numa mesma família química. A
tabela abaixo compara a eficiência dos filtros para vapores orgânicos com certos solventes, em função do tempo
necessário para se atingir a penetração de 1% do contaminante no ar filtrado. A concentração inicial de teste é
1.000 ppm de vapor de solvente, enquanto que a concentração de penetração é 10 ppm.
Convém ressaltar que as propriedades de alerta de um determinado filtro, ou seja, a forma como se dará a
percepção humana, quanto ao fim de sua vida útil, nem sempre são completamente seguras.
Normalmente, o usuário percebe o aumento da resistência imposta à respiração, ou sentirá o odor, ou ainda
irritação das vias respiratórias. Porém, em alguns casos, principalmente nos contaminantes gasosos, isso pode
não ocorrer, conforme mencionado no item 5.3.1.3 - L.P.O.
Para estes casos em que as propriedades de alerta do contaminante não são confiáveis é necessário que o filtro
possua indicador visual ou sonoro que indique o término de sua vida útil.
Características:
Observações:
● Filtros comuns, pequenos, protegem até concentrações de 0,1% (1000 ppm); os filtros portados podem
oferecer proteção até 2% (20.000 ppm);
● No caso de ação do contaminante sobre a pele e olhos, prover proteção complementar (vestimentas e
máscara facial total);
A autonomia dos equipamentos pode variar de frações de hora até uma hora, de maneira geral.
Limitações:
Equipamentos com Filtros Combinados - Máscaras para associações de partículas e formas gasosas:
Características:
● Permitem a proteção para os casos onde se têm suspensões particuladas aliadas a gases ou vapores
nocivos;
● O filtro de particulados é colocado em posição anterior ao filtro químico, de maneira a impedir sua
obstrução pela poeira aspirada;
● Pode-se contar com as mesmas alternativas de estruturas facial e disposição dos elementos filtrantes, que
as descritas nos equipamentos individuais;
● São válidas para o elemento filtrante químico, as mesmas considerações sobre sua especificidade, não
podendo ser feito uso indiscriminado em relação à proteção oferecida.
Observações:
● No caso de ação dos contaminantes sobre a pele e mucosas, prover proteção complementar (vestimentas
e proteção ocular);
● São aplicações típicas: na pintura à pistola e no uso (pulverizações) de inseticidas;
● A autonomia é restrita ao elemento que ficar saturado antes, que deverá ser substituído.
Limitações:
Aparelhos de Isolamento
Características:
Observações:
● Seu emprego se adapta mais às situações de emergência, como resgates e manutenções especiais, dado
o tempo limitado de operação;
● São equipamentos mais pesados que os autônomos e oxigênio puro, que trabalham em circuito fechado;
● No caso de absorção de contaminante pela pele, prover proteção complementar.
Limitações:
● Considerar a limitação de mobilidade e capacidade de carregar pesos que afetam o usuário em sua
utilização;
● O tempo de operação é, em si, uma limitação que deve ser adequadamente levada em conta; o usuário
deve estar bem ciente da construção, uso, controle e limitações do equipamento, e maneira de atingir
rapidamente atmosferas seguras.
Estes equipamentos suprem o oxigênio ou ar necessários ao homem, independente do meio onde esteja
trabalhando, ou seja, isolam o usuário da atmosfera circundante.
Comparados aos purificadores de ar, oferecem maior proteção ao usuário, pois operam com suprimento de ar
respirável, não dependendo de sistemas de filtragem para a remoção dos contaminantes.
O suprimento é feito através de uma linha ou tubulação onde o ar provém de uma fonte externa ao ambiente
contaminado. Essa fonte pode ser uma bateria de cilindros, compressores, ventoinha manual ou elétrica, ou ainda
pela simples ação respiratória do usuário.
O ar respirável também pode ser fornecido a partir de cilindros de ar comprimido ou sistemas que o liberem
quimicamente, ambos portados pelo usuário.
Características:
● Constam de peça facial à qual se conecta uma traquéia, ligada a altura da cintura do usuário a uma
mangueira ou tubulação de diâmetro relativamente grande (20 a 25 mm);
● O ar é trazido de uma atmosfera segura através da ação respiratória do usuário, limitando-se o
comprimento da tubulação para assegurar-se uma respiração adequada. (Esse limite varia conforme o
autor, desde 7,5 até 22 metros);
● Não exigem muita manutenção e apresentam-se sempre prontos para uso (não necessitam de fontes de ar
ou oxigênio comprimidos, que podem não ser disponíveis imediatamente);
Observações:
● Cuidados devem ser tomados na captação (extremidade da mangueira), quanto à sua obstrução, contato
com o solo e devida sinalização;
● As mangueiras devem ser resistentes a derivados de petróleo e ao impacto por queda de objetos
(construção reforçada).
Limitações:
● Não devem ser utilizados em atmosferas imediatamente perigosas à vida (contaminantes altamente tóxicos
mesmo em baixas concentrações/ deficiência de oxigênio), pois, uma vez que existe dependência do
usuário ao suprimento externo, este deve poder abandonar o local sem a máscara;
● Movimentação e raio de ação limitados pela tubulação.
Características:
As Máscaras Linha de Ar Fluxo Contínuo e Pressão de Demanda são alimentadas por um fluxo de ar comprimido
interligado ao compressor e/ou através de provedor de ar. Os equipamentos trabalham com uma pressão variadas,
sendo a de Fluxo Contínuo de 2,0 a 2,5 Kgf/cm2 e a Pressão de Demanda de 5,0 a 7,05 Kgf/c, com uma vazão
constante de 60 litros por minuto. As mangueiras são fabricadas com produtos atóxicos, em comprimentos que
variam de 5, 10 e 20 m.
Estas mascaras podem ser mascaras Semi Facial e/ou Facial, podem trabalhar com pressão positiva, que previne
uma eventual infiltração de ar contaminado no seu interior.
As mascara facial, pode ser dotada de um regulador de demanda (pressão positiva), com acionamento automático
(após a primeira inalação do usuário) e bloqueador semi-automático, sendo conectado à peça facial através de um
sistema de Engate Rápido.
Observações:
● Cuidados devem ser tomados na captação (extremidade da mangueira), quanto à sua obstrução, contato
com o solo e devida sinalização;
● As mangueiras devem ser resistentes a derivados de petróleo e ao impactos de objetos (construção
reforçada).
Limitações:
Mascara Semi Facial conectada a linha de ar com fluxo de ar contínuo e/ou pressão de demanda:
● Não devem ser usadas em atmosferas altamente saturadas por gases e ou vapores;
● Não devem ser usadas em locais com material particulado em suspensão no ar, bem como riscos de
respingos de produtos químicos;
● Não devem ser usadas em locais onde os riscos do contaminante existente na atmosfera sejam
desconhecidos;
● Movimentação e raio de ação limitados pela tubulação;
Mascara Facial conectada a linha de ar com fluxo de ar contínuo e/ou pressão de demanda:
Seleção de Respiradores
A escolha do equipamento de proteção respiratória adequado para a proteção das equipes de emergência,
depende basicamente da avaliação prévia das variáveis presentes no ambiente onde se desenrolarão as
atividades.
A atividade do usuário é fator de extrema importância na seleção do melhor equipamento, quer seja autônomo,
com filtro químico, com filtro mecânico ou com mangueira de ar.
Deve-se levar em conta se a atividade física a ser desenvolvida é considerada um trabalho leve, médio ou pesado,
pois o esforço exigido do usuário e do respirador podem reduzir drasticamente a vida útil do equipamento. Por
exemplo, o volume de ar respirado por um homem andando a uma velocidade de 6,5 km/h é três vezes maior do
que o respirado por um homem parado. Nesta situação, o consumo de ar nas máscaras autônomas é maior, os
filtros químicos são exauridos em tempo menor e os filtros mecânicos são obstruídos com maior facilidade e
rapidez. Isto se aplica a todos os tipos de equipamento de proteção respiratória, exceto para os com linha de ar.
Nos casos onde é necessário o uso de roupas de encapsulamento, o desgaste físico está potencializado pela
perda de líquido do organismo. O uso do equipamento em condições adversas, tais como ruído, calor, umidade,
entre outras, as quais tendem a aumentar o desgaste físico, podem provocar efeitos adversos à saúde do usuário,
comprometendo o desenvolvimento da atividade, bem como o tempo de permanência no local.
● Monitoramento periódico
Dada a imprevisibilidade dos cenários encontrados nos atendimentos a emergências, torna-se necessário
monitorar as concentrações do contaminante e de oxigênio periodicamente, durante o tempo em que as equipes
estejam na área de risco.
Outro fator a ser considerado quando da seleção do EPR, é sua aprovação por meio de ensaios; ou seja, os
equipamentos de proteção respiratória devem ter sido aprovados em ensaios para determinado tipo e
concentração de contaminante, além dos testes de resistência dos vários componentes. Tanto a capacidade de
retenção dos filtros, como a qualidade do ar ou do oxigênio dos aparelhos com suprimento, devem estar de acordo
com as normas vigentes. Igualmente, os respiradores devem ter sido submetidos aos ensaios de vedação
pertinentes.
Manutenção de Equipamentos
A manutenção de equipamentos de proteção respiratória deve ser programada de acordo com o tipo de uso. Os
equipamentos empregados para uso individual e rotineiro devem possuir um programa de manutenção diferente
dos equipamentos destinados ao atendimento de emergências. Embora os programas sejam diferenciados,
possuem o mesmo nível de importância, tendo em vista os fins a que se destinam.
Há que se ressaltar que todo e qualquer programa de manutenção deve ser feito por pessoas treinadas e
devidamente conscientizadas da importância do trabalho. Um programa de manutenção de proteção respiratória
consiste basicamente de três itens:
● manutenção e inspeção;
● limpeza e higienização;
● armazenamento.
Inspeção
As inspeções, quando bem processadas, minimizam a probabilidade da ocorrência de falhas dos equipamentos e
ajudam a fixar no usuário a mentalidade da importância da segurança. A frequência para a sua realização (diária,
semanal, mensal, etc) depende do tipo de equipamento utilizado, atividade e risco.
Os respiradores usados rotineiramente devem ser cuidadosamente inspecionados. Uma boa vistoria realizada pelo
usuário diariamente antes de usá-lo, para certificar-se que tudo está em boas condições, é de vital importância
para sua proteção. Essa inspeção visual deve indicar as condições de válvulas e membranas, de modo a permitir a
remoção de sujeiras ou quaisquer outras impurezas que possam causar vazamentos.
Os equipamentos, como por exemplo máscaras autônomas, devem ser rigorosamente controlados quanto as datas
de inspeções, manutenções preventivas e os defeitos encontrados, e anotados em fichas de registro individuais.
Cuidados redobrados são necessários no que tange ao controle da reutilização de filtros.
A manutenção de máscaras autônomas deve receber um tratamento diferenciado com relação aos demais
respiradores, em virtude da complexidade dos seus componentes. Os fabricantes em geral recomendam testar
este equipamento antes do seu uso quanto ao funcionamento dos reguladores, válvulas, alarme e outros
dispositivos de alerta, peça facial, traquéia e válvula de exalação
5. Considerações finais
Os Equipamentos de Proteção Individual, usualmente identificados pela sigla ‘EPI’, formam um conjunto de
recursos amplamente empregado para proteger a integridade física do trabalhador no exercício de suas atividades.
Neste sentido, é de suma importância que nas operações de emergência que envolvam produtos químicos, os
EPIs sejam definidos a partir de critérios técnicos, de acordo com os riscos apresentados pelos produtos
envolvidos, tamanho do vazamento, locais atingidos e serviços a serem realizados, após a avaliação de campo
especialistas.
Os EPIs devem ser utilizados por pessoas devidamente treinadas e familiarizadas com eles, uma vez que a
escolha ou a utilização errada pode acarretar conseqüências indesejáveis.
O ingresso em áreas onde existam riscos de explosão, ocasionado por substâncias perigosas deve ser realizado
sempre por, no mínimo, duas pessoas devidamente protegidas, tendo suas atividades acompanhadas
permanentemente por uma equipe de retaguarda.
Em caso de dúvida quanto às características dos produtos envolvidos e aos riscos que oferecem, deve-se evitar
adentrar as áreas consideradas perigosas. No entanto, se a gravidade da situação exigir a adoção de uma medida
imediata, sempre se deverá optar pela proteção máxima, ou seja proteção do crânio, roupas herméticas (incluindo
luvas e botas soldadas) e conjunto autônomo de respiração a ar comprimido.
O uso dos EPIs poderá levar a desgastes físicos, principalmente as roupas que poderão ocasionar a desidratação
do usuário. Quando destas situações, os técnicos devem ser orientados para adotarem ações prévias para evitar
problemas físicos que podem interferir na segurança da atividade desenvolvida.
Todos os equipamentos de proteção devem ser higienizados e rotineiramente inspecionados, de foram minuciosa,
para detecção desgastes e possíveis avarias. Um equipamento de proteção mal selecionado e/ou avariado, pode
aumentar o risco de acidentes e não evitá-los.
Convém destacar, que no desenvolvimento de atividades emergenciais, além dos riscos inerentes
à respectiva atividade, outros fatores devem ser considerados para a utilização dos EPIs, tais como:
Outro aspecto que deve ser levado em consideração diz respeito às roupas contaminadas durante o atendimento a
situações emergenciais com produtos químicos, as quais devem ser descontaminadas ainda no local do
atendimento, o que pode ser feito com o uso de mangueiras ou nebulizadores de água antes que o usuário as
retire. Este procedimento assegurará uma maior vida útil e evitará que ocorra a contaminação das próximas
pessoas que utilizarem estes equipamentos.
6. Bibliografias
● FILHO, L. F. R., Curso de Engenharia de Segurança do Trabalho, FUNDACENTRO, São Paulo, 1981, V. II,
p. 399.
● Haddad, Edson & Minnitti, Vivienne, Roupas, Luvas e Botas de Proteção Química, Trabalho Técnico da
CETESB, São Paulo, 1995.
● Silva, Ronaldo de Oliveira & Teixeira, Mauro de Souza, Proteção Respiratória, Trabalho técnico da
CETESB, São Paulo, 1996
Catálogos :
RESPOSTA
Ações de resposta aos acidentes com
produtos perigosos
Rubens Cesar, Consultor en Emergências
Químicas, Colaborador de CETESB-Brasil
Monitoramento ambiental
Jorge Luis Nobre Gouveia, CETESB-Brasil
Descontaminação dos equipamentos em
acidentes químicos
Edson Haddad, CETESB-Brasil
Resposta médica nas emergências químicas
Diego González Machín, CEPIS/OPAS
Assistência pré-hospitalar a víctimas em acidentes químicos
Carlos Eid, Secretaria Municipal de São Paulo-Brasil
Acidentes químicos - Ações Pós-emergenciais
Lilia A. Albert - México
1. Introdução
Durante milhões de anos de vida na terra, o homem enfrentou inúmeros problemas para garantir sua
sobrevivência. Primeiramente defendíamos dos animais que nos perseguiam, procuramos lugares
mais tranqüilos e seguros para viver em sociedade, durante essa busca encontramos lugares sem
água (desertos), com inundações, terremotos, maremotos, furacões, ciclones, pragas, epidemias,
vulcões, enfim inúmeras foram as adversidades encontradas pelo homem no transcorrer de sua
evolução.
Obviamente que durante sua história o homem encontrou lugares seguros e adequados para
desenvolver-se de forma harmoniosa e em sociedade.
Nos dias atuais, não são poucas as notícias de que várias cidades, estados ou mesmo países
inteiros sofrem em decorrência dos chamados acidentes naturais ( furacões, terremotos, ciclones,
vulcões, etc.). Inúmeras são as estatísticas de ocorrências que possibilitam inclusive desenvolver
análises de quando, onde e com qual intensidade um evento de origens naturais vai ocorrer.
Como o homem convive com esses "eventos" desde o princípio de sua vida na terra, possui
considerável conhecimento a cerca deles e já desenvolveu inúmeras formas de planejar-se a fim de
minimizar as conseqüências quando de sua ocorrência.
Apesar de ser uma modalidade emergencial um tanto quanto recente quando comparamos a história
do homem sobre a face da terra, inúmeras são as ferramentas atuais que podem ser utilizadas para
minimizar seus efeitos para a humanidade, propriedades e para o meio ambiente.
Existem atualmente modelos matemáticos informatizados que podem auxiliar nas etapas de
preparação e planificação de resposta às emergências tecnológicas. Apesar de ser um tanto quanto
antagônico, as últimas guerras ( ex. Golfo ) proporcionaram um grande desenvolvimento de
equipamentos de proteção pessoal, principalmente na área química e de operações contra incêndios;
os terremotos do México e o atentado a bomba nos Estados Unidos desenvolveram métodos e
equipamentos para resgates. Outro aspecto positivo é que muitos esportes radicais, dos dias de
hoje, tais como: alpinismo, espeleologia, rafting, entre outros também têm auxiliado no
desenvolvimento de equipamentos de proteção, além de proporcionar uma considerável gama de
equipamentos utilizados atualmente nas indústrias.
A quantidade de informação disponível sobre esta modalidade emergencial, bem como a facilidade
de sua pesquisa e velocidade de sua divulgação ( ex. internet ) fazem com que essas ferramentas
sejam cada vez mais acessíveis e utilizadas.
Através de uma análise desenvolvida no diagrama, pode-se evidenciar eventos potenciais que
podem desenvolver-se em nossas empresas ou sob a responsabilidade de resposta de nossas
organizações. Diante disso, pode-se priorizar treinamentos, endereçando-os para os possíveis
cenários, e investir em equipamentos de forma específica aos eventos emergenciais mais possíveis.
Outros aspecto positivo e desenvolver essa análise sempre tomando em conta que essas
modalidades emergenciais, de forma isolada ou conjunta afetam o meio que as envolvem.
Existem atividades básicas para o sistema de resposta ao incidente que podem dividir-se em cinco
amplos segmentos que interagem-se entre si :
Estes segmentos compõem um sistema, uma disposição ordenada de componentes que interagem
para cumprir uma tarefa. No desenvolvimento do atendimento ao incidente, a tarefa é prevenir,
reduzir o impacto do incidente à pessoas, propriedades e ao meio ambiente, restaurando o mais
breve possível as condições normais. Para alcançar este objetivo, o pessoal deve realizar uma série
de atividades, por exemplo: combater incêndios, obter amostras, desenvolver planos de intervenção,
instalar sistemas de controle físico, manter comunicações, avaliações , etc. Estas atividades estão
todas relacionadas, o quê ocorre numa, afetará as outras.
A informação e a segurança são classificados como elementos de apoio. São suportes e/ou
resultados de reconhecer, avaliar e controlar.
4.1 Reconhecimento
O reconhecimento do tipo e grau de risco presente num incidente é , de forma geral, um dos
primeiros passos a serem tomados ao atender uma emergência com produtos perigosos. Deve-se
identificar as substâncias envolvidas. Depois deve-se determinar as propriedades químicas e físicas.
Como base preliminar, pode-se adotar estas propriedades para analisar o comportamento ou antever
O reconhecimento pode ser fácil, por exemplo, pode-se utilizar uma placa (sinalização) de um carro
tanque para identificar rapidamente seu conteúdo. De outro modo, um depósito de resíduos químicos
pode apresentar uma dificuldade para seu detalhado reconhecimento e identificação. O elemento
reconhecimento envolve a utilização de toda a informação disponível, resultados de amostras, dados
históricos, observação visual, análise instrumental, rótulos, documentos de embarque e outras fontes
para identificar as substâncias envolvidas.
Os problemas causados pelo vazamento de um certo produto químico ao meio ambiente podem ser
previstos baseando-se a análise em suas propriedades químicas e físicas. No entanto, o dano que
esse produto produzirá ao vazar, depende das condições específicas do lugar de ocorrência.
Uma vez que as substâncias tenham sido identificadas, suas propriedades podem ser determinadas
utilizando-se material de referência.
4.2 Avaliação
O risco é a probabilidade de que produzam-se danos, uma medida do potencial de impacto ou efeito.
A presença de uma substância perigosa constitui um risco, porém se o material está controlado, o
risco é baixo; no entanto, se o material está fora de controle, o risco aumenta. Para sofrer danos, o
receptor crítico deve estar exposto ao material. Por exemplo, o gás cloro é muito tóxico e representa
um risco. Se o gás cloro vazar numa área densamente povoada, o risco às pessoas é muito grande,
no entanto, o risco do vazamento de cloro às pessoas numa área desabitada é muito menor.
A avaliação dos riscos deste exemplo é relativamente simples. Muito mais complexos são os
episódios onde estão envolvidos muitos compostos e existe um alto grau de incerteza a respeito de
seus comportamentos no meio ambiente e efeitos nos receptores. Por exemplo : "Qual o efeito se
milhares de pessoas bebem água fornecida por um lençol freático contaminado com alguns ppm de
estireno ?".
Para avaliar completamente os efeitos de uma emergência com produtos perigosos, deve-se
identificar todas as substâncias, estabelecer seus padrões de dispersões e para produtos tóxicos,
determinar as concentrações. O risco é avaliado baseado na exposição do público e outros
receptores críticos.
4.3 Controle
O controle é exercido por métodos que visam prevenir e/ou reduzir o impacto do incidente.
Geralmente instituem-se ações preliminares de controle tão rápido quanto possível. Ao obter-se
informações adicionais através do reconhecimento e avaliação, as ações iniciais de controle
modificam-se ou instituem-se outras. Os vazamentos que não requerem uma ação imediata
permitem mais tempo para planejar e implantar as medidas corretivas. As medidas de controle
4.4 Informação
Uma amostra de um determinado produto pode oferecer informações para determinar opções de
tratamento do incidente. A informação provêm de três fontes:
A aquisição de informações, a análise e a tomada de decisões são processos interativos que definem
a extensão do problema e a seleção de possíveis ações de resposta ao incidente. Para que o
atendimento ao incidente seja efetivo, deve estabelecer-se uma base de informação precisa, válida e
a tempo. Através do tempo de desenvolvimento do incidente, reúne-se, processa-se e aplica-se um
fluxo intenso de informações.
4.5 Segurança
Todas as ações de intervenção num atendimento envolvendo produtos perigosos oferecem riscos
diversos para aqueles que respondem a eles. Para estabelecer um programa de proteção a estes
riscos, deve-se analisar as características físico-químicas dos produtos e relacioná-las com cada
operação de resposta. As considerações de segurança são contribuições a cada atividade que se
inicia e são um resultado de cada atividade de intervenção que se executa. Cada organização de
atendimento emergencial químico deve possuir um efetivo programa de segurança, incluindo exames
médicos, equipamentos de segurança apropriados, procedimentos operacionais padronizados e um
ativo programa de treinamento.
Cada elemento e atividade está relacionado. Desenvolve-se um dique (controle) para conter a água
residual de combate a incêndios de um depósito com suspeita da existência de pesticidas. Uma vez
determinada que a água residual não contém produtos químicos perigosos (reconhecimento), e que
as concentrações nessa água estão abaixo dos limites aceitáveis (avaliação), desta forma não é
necessário o tratamento e pode-se eliminar o dique. Este conhecimento (informação) altera os
requisitos de segurança para todos aqueles que atendem ao incidente.
O SCI dispõem de uma considerável flexibilidade, podendo expandir ou contrair de acordo com as
diferentes necessidades, tornando-o um eficiente sistema de gerenciamento.
O sistema foi testado e validado em resposta a todos os tipos de incidentes e situações de não
emergência, como por exemplo: emergências com produtos perigosos, acidentes com grande
número de vítimas, eventos planejados ( celebrações, paradas militares, concertos, etc.), catástrofes,
incêndios, missões de busca e salvamento, programa de vacinação em massa, etc.
O SCI foi desenvolvido na década de setenta em resposta a uma série de grandes incêndios
florestais ao sul da Califórnia – USA. Neste período as autoridades envolvidas em combate a
incêndio do município, organismos estaduais e federais, reuniram-se para formar o Firefighting
Resources of California Organized for Potential Emergencies (FIRESCOPE). Esta unidade identificou
muitos problemas quando vários grupos distintos são envolvidos em uma mesma missão, tais como:
Todo incidente ou evento tem certas atividades e ações de administração que deverão ser
executadas. Até mesmo se o incidente for de pequeno porte, tendo apenas duas ou três pessoas
envolvidas na operação, atividades administrativas serão sempre realizadas até certo ponto, mesmo
que inconscientemente.
● Comando
● Operações
● Planejamento
● Logística
● Finanças
Estes cinco componentes principais são a base na qual a organização do SCI se desenvolve. Eles se
aplicam durante uma pequena emergência ou quando na existência de um incidente de grande porte.
Em incidentes de pequena escala, todos os componentes podem ser administrados por uma só
pessoa, o Comandante do Incidente (CI). Em caso de grandes incidentes, normalmente, requerem
que cada componente, ou setor, tenha um responsável na administração respondendo ao CI. Porém,
cada um destes setores primários do SCI, com exceção do Comando do Incidente, podem ser
divididos em funções secundárias de acordo com a necessidade.
A função de comando é dirigida pelo Comando do Incidente (CI), ele é a pessoa tecnicamente
qualificada para assumir a responsabilidade e o gerenciamento global do incidente. As principais
responsabilidades do CI incluem:
Um CI eficaz deve ser confiante, decisivo, afirmativo, objetivo, tranqüilo e Ter raciocínio rápido. Para
dirigir todas as responsabilidades decorrentes desta função, o CI precisa ser ainda flexível, adaptável
e realista com reação às próprias limitações. O CI também precisa saber quando e a quem delegar
funções caso haja necessidade durante o desenvolvimento das atividades no incidente.
Inicialmente, a primeira pessoa qualificada a chegar no local do incidente, deverá assumir o papel de
Para um incidente de grande porte ou complexo, existem algumas posições de assessoria que são
estabelecidas para auxiliar o Comandante do incidente à cumprir as responsabilidades associadas
diretamente à administração do Incidente. Os assessores dirigem funções chaves, permitindo que o
CI tenha maior liberdade para se concentrar na administração global do incidente. O pessoal de
assessoria não faz parte da organização em linha, ou seja, são parte integrante da função de
comando.
Segurança
Objetivo : Garantir a segurança geral das operações, desenvolvendo o monitoramento das medidas
de segurança que envolvem as equipes, vítimas e publico em geral.
Atribuições :
Porta Voz
Objetivo : Gerenciar a divulgação das informações sobre o andamento das operações para
autoridades e a imprensa, seguindo rigorosamente a coordenação do CI.
Atribuições :
Contatos
Objetivo : Efetuar, quando necessário, contatos com órgãos oficiais, outras equipes de atendimento
e profissionais especializados.
Atribuições :
O tamanho e complexidade da estrutura do SCI que o CI desenvolve deve estar de acordo com a
complexidade do incidente ( nível de dificuldade na resposta ), não no tamanho ( que está baseado
em área geográfica ou quantidade de recursos ).
6. Bibliografía
● EPA. Standard Operating Safety Guides, Office of Emergency and Remedial Response,
United States. USEPA Publication 9285.1-03, USA, 1992.
● Lesak, D.M. Hazardous materials: Strategies and tactics., Prentice-Hall, USA, 1999.
● Smeby Jr., C. Hazardous materials response handbook. Third Edition, NFPA, USA, 1997.
● Varela, J. Hazardous materials handbook for emergency responders. Van Nostrand Reinhold,
USA, 1996.
MONITORAMENTO AMBIENTAL
Jorge Luiz Nobre Gouveia & Marcos Tadeu Seriacopi
Introdução| Leitura Direta de Gases e Vapores | Indicador de Oxigênio | Indicador de Gás combustível
(explosímetro)| Fotoionizador | Monitores químicos específicos | Medidores de pH (pH-metros) |
Cromatografia a gàs | Medidor de interface | Considerações finais | Referências bibliográficas
1. Introdução
Em meados do século XIX, nos Estados Unidos, surgiu a necessidade de se determinar gases tóxicos ou
asfixiantes nas minas de carvão. O gás metano gerado pela decomposição da matéria orgânica, bem como o
enxofre que origina o gás sulfídrico foram causadores de sérios danos à saúde daqueles que ali trabalhavam
chegando em alguns casos à morte.
Os trabalhadores passaram então a portar pequenos animais aprisionados, tais como pássaros, roedores e até
mesmo cães. Estes ficavam agitados ao mínimo sinal da presença de gases, indicando assim uma provável
contaminação do local.
Devido ao rápido desenvolvimento industrial e a utilização e manuseio cada vez mais freqüente de produtos
químicos tóxicos e inflamáveis pela indústria de transformação, bem como a crescente preocupação com a
segurança industrial e saúde ocupacional, por parte dos órgãos governamentais, fez surgir no mercado uma
série de instrumentos que fazem o trabalho da detecção de gases e vapores, bem como aparelhos para
monitoramento em corpos hídricos, alertando-nos imediatamente quando sua concentração ultrapassa
parâmetros aceitáveis.
Na determinação de gases ou vapores utilizam-se os analisadores fixos e os portáteis de leitura direta. O uso de
analisadores fixos é restrito ao interior de instalações industriais onde o monitoramento contínuo se faz
necessário.
Já a utilização dos analisadores portáteis de leitura direta surgiu com a necessidade de realização de análises
rápidas obtidas no campo por ocasião de acidentes ambientais ou quando da necessidade de levantamento de
valores relativos a saúde ocupacional e sua segurança industrial.
Cabe ressaltar que neste trabalho apenas serão abordadas considerações relativas ao uso de instrumentos
portáteis.
2.1 Aplicação
A concentração de gases e vapores no ar pode ser rapidamente determinada pela leitura direta dos
instrumentos. Essa leitura pode ser definida em aparelhos nos quais as amostras e análises são tomadas
diretamente pelo instrumento, e as informações necessárias podem ser lidas diretamente em um mostrador ou
indicador.
Um instrumento de leitura direta ideal, deverá ser capaz de amostrar o ar no local de trabalho ou da ocorrência
do acidente e deverá dar a concentração da(s) substância(s) que estão sendo amostrada(s).
0s aparelhos colorimétricos de leitura direta usam propriedades químicas de um contaminante para reação da
substância com um agente químico que produz coloração. Uma técnica de detecção amplamente utilizada nas
indústrias, em áreas de segurança, em estudos para saúde ocupacional e em atendimento a acidentes
ambientais têm sido o indicador colorimétrico ou o tubo detector cuja aplicação principal é indicar a concentração
dos gases ou vapores através da mudança de coloração. A simplicidade da operação, o baixo custo inicial e a
versatilidade referente a detecção de inúmeros
contaminantes, tornou popular este instrumento. Todavia como todos os instrumentos este aparelho tem
limitações com referência a aplicação, especificação e precisão. Assim o usuário deve estar familiarizado com
estas limitações para evitar eventuais erros de interpretação.
Basicamente o sistema de tubo detector colorimétrico é composto de dois elementos: a bomba detectora de
gases e os tubos colorimétricos indicadores (tubos reagentes).
As bombas detectoras de fole ou de pistão são projetadas para succionar um volume fixo de ar (geralmente 100
cm3) com apenas uma bombada. O tubo detector é de vidro hermeticamente selado, contendo materiais sólidos
granulados como sílica gel, alumina ou pedra-pome, que são impregnadas com uma substância química que
reage quando o ar contém um contaminante específico ou um grupo de contaminantes que passa através do
tubo.
Antes de iniciar uma medição é necessário testar a hermeticidade da bomba detectora de gases. Para tanto
deverá ser observada a seguinte seqüência de operações:
A leitura nos tubos reagentes é relativamente simples podendo ser observada diretamente através da mudança
de coloração indicada na escala graduada impressa no corpo do tubo. De maneira geral a unidade de medida é
dada em ppm (parte por milhão).
Alguns tubos reagentes não possuem escala, nesses casos deve-se aspirar um volume tal de amostra, conforme
a indicação no guia de instruções de uso, para que a cor da camada reagente atinja a coloração padrão indicada
no tubo e o valor da concentração será nesse caso inversamente proporcional ao número de aspirações.
Algumas vezes a mudança de cor não é homogênea. Nestes casos considera-se o valor de leitura como sendo o
da maior extensão obtida no tubo.
Antes da realização da medição é de suma importância a leitura da folha de instruções do tubo reagente que
será utilizado na medição para conhecer a coloração final obtida no tubo após a leitura, bem como as possíveis
interferências com outras substâncias, temperatura e umidade.
Os tubos detectores tem a desvantagem de apresentar baixa exatidão e precisão. No passado, o Instituto
Americano de Saúde e Segurança Ocupacional (NIOSH) testou e certificou tubos detectores submetidos aos
seus ensaios. Os valores relativos à precisão encontrados foram de 35% a 50% do limite de exposição .
A reação química que ocorre no interior do tubo é afetada por baixas e/ou altas temperaturas, retardando e/ou
acelerando a reação e consequentemente o tempo de resposta, influindo assim diretamente na veracidade dos
resultados. Para reduzir este problema recomenda-se que os tubos sejam mantidos em locais ventilados.
Altas temperaturas aceleram a reação podendo causar um problema de descoloração da camada reagente sem
que o contaminante esteja presente. Isto também pode ocorrer para os tubos ainda não utilizados. Dessa forma
os tubos devem ser armazenados em temperaturas moderadas ou até mesmo refrigerados prolongando assim a
sua vida útil.
Alguns tubos reagentes possuem uma camada pré-filtrante que objetiva a eliminação de umidade ou outras
substâncias que possam interferir na medição. Assim, nas instruções dos fabricantes são fornecidos fatores de
correção que serão utilizados quando a umidade interferir nas medições realizadas.
As substâncias químicas utilizadas nos tubos deterioram-se com o tempo. Portanto se faz necessário observar o
período de validade indicado em suas embalagens (de 1 a 3 anos).
Cada tubo detector é designado para medir um gás específico como o gás sulfídrico, cloro, vapor de mercúrio,
entre outros.
Como nenhum tubo detector é específico para medir uma única substância, deve-se tomar cuidado para que
interferências de substâncias não invalidem os resultados das amostras. Muitos vapores e gases comuns
reagem com os mesmos produtos químicos ou apresentam propriedades físicas similares; assim o instrumento
pode dar falsas leituras, altas ou baixas, para a substância que está sendo amostrada.
Deve-se considerar que os resultados obtidos pelo sistema de tubos colorimétricos não deve sob qualquer
circunstância ser utilizado como única evidência da presença ou ausência de um determinado contaminante. Os
resultados devem ser utilizados juntamente com outros testes ou informações que confirmem a identidade de
uma substancia desconhecida na atmosfera.
Além das medições quantitativas, o detector também pode realizar medições de caráter qualitativo.
Existe um tubo reagente, denominado POLYTEST, que indica apenas a presença de certos gases na atmosfera,
sem no entanto, quantificá-los.
Nas operações de emergência onde o gás vazado for desconhecido pode-se, partindo do tubo POLYTEST,
programar um plano de amostragem que auxiliará na identificação do produto.
3. Indicador de Oxigênio
3.1 Aplicação
Os indicadores de oxigênio (O2), também conhecidos como oxímetros, são equipamentos utilizados para medir a
concentração de oxigênio na atmosfera normalmente na faixa de 0 - 25% ou de 0 – 100%.
oxigênio estiver abaixo de 19,5% no ar considera-se o local com deficiência de oxigênio. Dessa forma é
necessário a utilização de proteção respiratória especial (por ex. conjunto autônomo de respiração);
● um aumento da concentração de oxigênio pode causar risco de combustão: geralmente, concentrações acima
● outros equipamentos serão utilizados: alguns instrumentos requerem suficiência de oxigênio para sua
operação. Por exemplo, os indicadores de gás combustível não apresentam resultados quando a concentração
de oxigênio estiver abaixo de 14%. Também, a aprovação da segurança intrínseca para os instrumentos é para
atmosfera normal e não em atmosferas ricas em oxigênio;
● há presença de contaminantes: um decréscimo na concentração de oxigênio pode ser devido ao seu consumo
(pela reação de combustão ou oxidação) ou pelo deslocamento de ar por uma substância química.
O indicador de oxigênio possui 2 componentes principais para sua operação. O sensor de oxigênio e o
mostrador da medição.
Em algumas unidades o ar é aspirado para o detector de oxigênio com a utilização de uma bomba aspiradora,
em outras unidades o ar ambiente é aspirado por difusão até o sensor. O detector de oxigênio utiliza um sensor
eletroquímico para se determinar a concentração de oxigênio no ar. O sensor é uma célula galvânica composta
de dois eletrodos sendo o cátodo de ouro e o anodo de chumbo, ambos imersos em base eletrolítica.
As moléculas de oxigênio circulam através da membrana para a solução. Reações entre oxigênio, soluções e os
eletrodos produzem uma corrente elétrica proporcional à concentração de oxigênio.
A corrente passa através do circuito elétrico e o sinal resultante amplificado é mostrado como uma deflexão do
Este equipamento é de leitura direta, devendo apenas ser calibrado na altitude onde o mesmo será utilizado. O
resultado aparecerá diretamente no mostrador do instrumento.
Altas concentrações de dióxido de carbono (CO2) diminuem a vida útil do sensor de oxigênio. Como regra geral,
o equipamento pode ser utilizado em atmosferas maiores do que 0,5% de CO2 somente com substituição
freqüente do sensor. A vida útil em uma atmosfera normal (0,04% de CO2) pode variar de uma semana até um
ano dependendo do projeto do fabricante.
Agentes químicos oxidantes como ozônio e cloro, podem causar aumento na leitura e indicar alta concentração
de oxigênio, ou então, concentração normal, em situações em que a concentração real de oxigênio seja igual ou
menor.
Temperaturas altas podem afetar a resposta do indicador de oxigênio. A faixa normal para operação do
equipamento varia entre 0oC e 49oC. Entre -32oC e 0oC a resposta do equipamento é lenta. Abaixo de -32oC o
sensor pode ser danificado pelo congelamento da solução. O equipamento deverá ser calibrado na temperatura
na qual será utilizado.
A operação com os medidores de oxigênio depende da pressão atmosférica absoluta. A concentração natural de
oxigênio é uma função da pressão atmosférica em uma dada altitude. Considerando que a porcentagem de
oxigênio não varia com a altitude, ao nível do mar o pêso da atmosfera é maior, e portanto mais moléculas de
oxigênio e de outros componentes do ar são comprimidas dentro de um dado volume quando comparado com
altitudes maiores.
A medida que a altitude aumenta, esta compressão diminui, resultando em um número menor de moléculas de
ar que são comprimidas em um dado volume. Dessa forma um indicador de oxigênio calibrado ao nível do mar e
operado em uma altitude de alguns milhares de pés fornecerá medidas incorretas indicando deficiência de
oxigênio na atmosfera devido a uma menor quantidade dessas moléculas que são "empurradas" para o sensor.
Portanto se faz necessário a calibração do equipamento na altitude em que este esteja sendo utilizado.
3.5 Calibração
Normalmente a célula sensora é acondicionada em embalagem especial contendo uma atmosfera inerte. Assim
o sensor deverá ser removido dessa embalagem antes que o instrumento seja calibrado e utilizado.
A calibração deve ser realizada em local ventilado, não contaminado, com 20,8% de oxigênio, quando ao nível
do mar.
Portanto para a calibração do equipamento indicador de oxigênio - marca MSA modelo 245 deverão ser
seguidas as seguintes etapas:
Obs.:
2) caso o valor indicado for diferente de zero, a calibração será efetuada com a
utilização de chave-de-fenda, fornecida no conjunto, que deverá ser conectada na
fenda do parafuso localizado na parte superior do equipamento.
Erro de compensação devido a influência de temperatura: máximo ± 5% do fundo de escala na faixa de 0°C a
influência de temperatura de 0°C a 40°C quando calibrado a 20°C.
3.7 Acessórios
Cabos com 15 metros de extensão podem ser conectados com o sensor para medições em distâncias maiores.
4.1 Aplicação
Explosímetros são aparelhos especialmente fabricados para medir as concentrações de gases e vapores
inflamáveis.
Quando certas proporções de vapores combustíveis são misturadas com o ar e uma fonte de ignição está
presente, poderá ocorrer uma explosão. Os limites de concentrações sobre as quais isto ocorre, é chamado de
limite de explosividade, o que inclui todas as concentrações nas quais ocorre um flash ou fogo, se a mistura
entrar em ignição. A menor concentração é conhecida como limite inferior de inflamabilidade (L.I.I) e a maior
concentração é o limite superior de inflamabilidade (L.S.I).
As misturas abaixo do L.I.I são muito pobres para serem ignizadas, e misturas acima do L.S.I são muito ricas.
Nos tipos mais simples de instrumentos (explosímetro), somente uma escala é fornecida, geralmente com
leituras de 0 - 100% em volume do L.I.I.
Para gases combustíveis, ou para exprimirmos grandes concentrações de gases usamos o percentual em
volume ou seja 1% em volume corresponde a 10000 ppm.
Esses equipamentos não detectam a presença de neblinas explosivas, combustíveis ou atomizadas, tal como
óleos lubrificantes e poeiras explosivas, pois essas misturas são retidas em um filtro de algodão. Se essas
misturas entrassem no explosímetro poderiam contaminar o catalisador de Platina.
Através do uso dos explosímetros obtém-se resultados quantitativos e não qualitativos. Isso significa que é
possível detectar a presença e a concentração de um gás ou vapor combustível em uma composição de gases
presentes. Não é possível, porém diferenciar entre as várias substâncias presentes.
Os indicadores de gás combustível utilizam uma câmara interna contendo um filamento que sofre combustão na
presença de gás inflamável. Para facilitar a combustão, o filamento é aquecido ou revestido com um agente
catalítico (como Platina ou Paladio), ou ambos. O filamento é parte de um circuito resistor balanceado
denominado Ponte de Wheatstone (figura 1).
Em um dos lados da Ponte, o ar a ser amostrado passa sobre um filamento aquecido a uma alta temperatura. Se
o ar contém um gás ou vapor combustível, o filamento aquecido causa combustão, e um calor adicional é
liberado aumentando a resistência elétrica do filamento. O outro lado da Ponte contém filamento selado
semelhante, aquecido de forma idêntica, mas não corrente elétrica. Este filamento selado anula todas as
mudanças na corrente elétrica e a resistência devido às variações da temperatura ambiente. A mudança que
ocorre na variação da resistência da corrente elétrica nos filamentos, quando da passagem do fluxo de amostra,
é devido a presença de gases combustíveis. Estas mudanças na corrente elétrica são registradas como
porcentagens do L.I.I (Limite Inferior de Inflamabilidade) no mostrador do instrumento.
A sensibilidade e precisão dos indicadores de gás combustível são afetadas por vários fatores. Estes incluem a
presença de poeira, alta umidade e temperaturas extremas. Por essas razões a sonda de amostragem de muitos
modelos deve ser equipada com filtro de poeira e um agente secante. O equipamento não deve ser utilizado em
ambientes extremamente frios ou quentes sem o conhecimento de que tais temperaturas interferem na resposta
do instrumento.
A presença de silicones, silicatos e outros compostos contendo silicone, podem prejudicar seriamente a resposta
do instrumento. Alguns destes materiais contaminam rapidamente o filamento, fazendo com que o mesmo deixe
de funcionar corretamente.
O chumbo tetraetila, presente em alguns tipos de gasolina, produz um sólido de combustão, que irá depositar-se
sobre o filamento, causando perda de sensibilidade deste. Na suspeita de gasolina no local a ser monitorado, o
instrumento deverá ser aferido após cada uso.
Um método adicional para prevenir a contaminação pelo chumbo é o filtro inibidor que é colocado na cavidade
do filtro do instrumento padrão. Este filtro produz uma reação química com os vapores de chumbo tetraetila para
produzir um produto de chumbo mais volátil para combustão, prevenindo a contaminação do filamento catalítico
de platina.
O uso dos indicadores de gás combustível deve estar associado a atmosferas normais de oxigênio. A
concentração mínima de oxigênio para o perfeito funcionamento do explosímetro é da ordem de 14%.
Gases ácidos, como cloreto de hidrogênio e fluoreto de hidrogênio bem como o dióxido de enxofre, podem
corroer o filamento provocando baixas leituras no medidor mesmo na presença de altas concentrações de
combustíveis. Os vestígios destas interferências podem não afetar as leituras diretamente, mas podem destruir a
sensibilidade dos elementos detectores.
O usuário do indicador de gás combustível MSA modelo 100 poderá encontrar, como resultado de medições em
ambientes contaminados com vapores inflamáveis, as seguintes situações:
Vale ressaltar que os resultados obtidos acima, referem-se a uma dada substância igualmente utilizada para a
calibração do equipamento.
Entretanto, em muitas situações o ambiente a ser monitorado possui substâncias diferentes daquelas utilizadas
na calibração do equipamento. Assim sendo, faz-se necessário a utilização de curvas de conversão fornecidas
pelo fabricante do equipamento para encontrar o valor real da substância a ser monitorada, conforme o exemplo
apresentado abaixo.
Para a obtenção do valor real do índice de explosividade relativo ao gás metano, deverão ser seguidas as
seguintes etapas:
2. Encontrar na tabela abaixo, a curva de conversão referente ao produto a ser monitorado (Ex.
metano);
3. Entrar com o valor obtido item 1, no eixo indicado na tabela como "Leitura do Medidor" e a
partir desse ponto seguir até a curva do referido produto, onde obtém-se o valor real no eixo
equivalente a % do L.I.I.
LEITURA NO MEDIDOR
ERCENTUAL DO L.I.I
Exemplo: Para uma leitura obtida com este equipamento, em uma atmosfera
contendo vapores de estireno, obteve-se o valor no mostrador do aparelho
correspondente a 10% do L.I.I o que equivale a 30% do L.I.I do estireno, após
correção na curva relativa do estireno.
Obtém-se:
Normalmente os fabricantes aconselham que a calibração seja efetuada periodicamente. Esse período não deve
exceder a 1 mês. Esse procedimento consiste em submeter o instrumento a uma concentração de gás
conhecida fornecida pelo kit de calibração do fabricante.
5. Retirar a tampa lateral esquerda que é presa por quatro parafusos e puxe o circuito eletrônico
para fora o suficiente para permitir ajuste nos potenciômetros;
6. Ajustar o botão de zero no Painel do instrumento até que a indicação do ponteiro do mostrador
seja 50% do L.I.I.;
7. Ajustar o potenciômetro de controle de zero no circuito até que o ponteiro do medidor indique
0% do L.I.I.;
8. Aplicar o gás de calibração no sensor até que o ponteiro do medidor atinja a leitura correta.
Caso isto não ocorra ajuste o potenciômetro de Span até corrigir a indicação desejada.
Cabe ressaltar que existe atualmente no mercado, diversos modelos de indicadores de gás combustível, que
apresentam muitas modificações construtivas especialmente no que se refere a forma de captação da amostra a
ser analisada. Por exemplo o modelo 2A - MSA, utiliza-se de um bulbo aspirador para succionar a amostra,
diferentemente do que ocorre com outros equipamentos que operam através do processo de difusão para
conduzir a amostra até a
5. Fotoionizador
5.1 Aplicação
Em função de sua capacidade de detectar uma grande quantidade de produtos químicos, os instrumentos de
análise de vapores totais são utilizados na caracterização e reconhecimento das substâncias presentes na área
monitorada.
Embora esses instrumentos não identifiquem quais as substâncias químicas que estão presentes no local, eles
indicam quais áreas que apresentam concentrações mais elevadas em relação às demais, delineando dessa
forma, áreas de trabalho baseado nos níveis de concentração.
Se os contaminantes forem conhecidos, estes instrumentos podem ser utilizados na avaliação do nível de
exposição. Os resultados obtidos podem fornecer uma concentração aproximada, sendo esta informação
utilizada na escolha do nível de proteção.
Esses instrumentos detectam concentrações de gases e vapores através da utilização de uma fonte de luz
ultravioleta ionizando o contaminante no ar.
R + hv ® R+ + e- ® R
Quando um fóton de radiação ultravioleta atinge um composto químico, este ioniza sua molécula, se a energia
de radiação for igual ou maior do que o potencial de ionização do referido composto.
Em função dos íons serem partículas carregadas, estes podem ser coletados em uma placa carregada e
produzir corrente elétrica. A corrente medida será diretamente proporcional ao número de moléculas ionizadas.
A molécula química (R) mencionada na equação acima, indica que a fotoionização é um processo não
destrutível, isto é, a molécula é liberada do instrumento sem sofrer modificações na sua estrutura.
O fotoionizador utiliza uma bomba para captar a amostra para o interior do instrumento. Ali os contaminantes são
expostos a uma luz ultravioleta resultando partículas carregadas negativamente (íons) que são coletadas e
mensuradas.
A energia necessária para remover o elétron mais externo de uma molécula é denominada de potencial de
ionização (PI) e é específico para cada substância química.
A luz ultravioleta utilizada para ionizar as substâncias químicas é emitida por uma lâmpada de descarga gasosa.
As lâmpadas contém gás a baixa pressão que permitem a passagem de corrente de alta intensidade.
Uma grande variedade de lâmpadas com diferentes energias de ionização são produzidas modificando-se a
composição dos gases contidos em seu interior. Normalmente a energia de ionização das lâmpadas estão
disponíveis nos valores de 8,4; 9,5; 10,0; 10,2; 10,6 e 11,7 eV (elétron-Volt ).
Tricloroetileno 9.45
Trietilamina 8.0
Fonte: Apostila do curso " Air Monitoring for Hazardous Materials " da EPA .
Em alguns casos, concentrações elevadas de certos produtos apresentam distorções nos resultados (baixos
valores), devido a não linearidade a partir de certas concentrações,como exemplo pode ser observado na figura
3 abaixo que a partir de 900 ppm de benzeno, não se estabelece uma resposta linear.
A curva de calibração é linear até o valor de 500 ppm em volume. Para concentrações maiores, é interessante
utilizar amostras diluídas, a fim de se obter melhor precisão. Como os fotoionizadores são calibrados para um
produto químico específico, a leitura no instrumento para outros produtos que não seja o mesmo utilizado na
calibração, deverá ser corrigida através do uso de tabelas que apresentem respostas relativas, conforme
exemplificado na tabela a seguir.
Resposta relativa para substâncias químicas utilizando-se o modelo HNU P1 101 com uma lâmpada de 10,2 eV
calibrado para Benzeno
m-Xileno 1.12
Fonte: Apostila do curso " Air Monitoring For Hazardous Materials "
Gases com potencial de ionização menor ou igual do que o da lâmpada utilizada serão ionizados. O potencial de
ionização dos principais componentes do ar atmosférico (oxigênio, nitrogênio e gás carbônico) variam entre 12,0
eV a 15,6 eV, não sendo ionizados pelas lâmpadas disponíveis, pois não são de interesse durante o
monitoramento de contaminantes gasosos. Sendo assim, a lâmpada com maior potencial de ionização
normalmente utilizada é o de 11,7 eV.
O gás metano pode agir como interferente, devido a absorção de energia de ultra violeta, sem sofrer ionização.
Isso reduz a ionização de outras substâncias químicas, que eventualmente, estejam presentes no local da
medição.
A umidade pode causar alguns problemas, ou seja, quando o instrumento ainda não estiver aquecido e for
levado a uma atmosfera quente e úmida, essa umidade pode condensar-se na lâmpada, reduzindo assim a luz
emitida. A umidade do ar também reduz a ionização das substâncias a serem monitoradas provocando uma
redução na medição.
O fotoionizador não responde a determinados hidrocarbonetos de baixo peso molecular, tais como metano e
etano e para certos gases e vapores tóxicos como tetracloreto de carbono e gás cianídrico que também não
podem ser detectados por apresentarem alto potencial de ionização.
Alguns modelos de fotoionizador não são intrinsecamente seguros, portanto para serem utilizados em
atmosferas potencialmente inflamáveis ou combustíveis faz-se necessário que o seu uso esteja associado a um
indicador de gás combustível. Atualmente encontra-se disponível no mercado modelos intrinsecamente seguros.
Linhas de alta tensão, transformadores de força além de eletricidade estática podem interferir durante as
medições.
A rádio freqüência de rádios de comunicação pode interferir nas leituras obtidas no fotoionizador.
Com a utilização da lâmpada, a intensidade da luz diminuirá. Ela ainda terá a mesma energia de ionização mas a
resposta será mais lenta. Isto poderá ser detectado durante a calibração e ajustes do instrumento.
Alguns equipamentos possuem conexões para interface com um computador pessoal (PC). Apresenta também
um registrador de dados para armazenar leituras em diversos pontos de amostragem de modo que as leituras
possam ser transferidas para um computador.
5.5 Calibração
Os fotoionizadores são calibrados para um produto químico específico. A resposta do instrumento para outras
substâncias químicas poderá ser obtida a partir de informações fornecidas pelos fabricantes, através da
utilização de tabelas e curvas de correção.
6.1 Aplicação
Além da indicação contínua e monitoramento pessoal, esta linha de instrumentos foi idealizada para controle e
higiene do trabalho, bem como durante acidentes envolvendo a liberação de gases e vapores tóxicos.
Alguns modelos possuem uma interface e um "software" apropriado que dão acesso ao armazenamento de
dados em longos períodos e apresentação gráfica dos resultados em computador.
Os monitores mais comuns são usados para detectar monóxido de carbono e gás sulfídrico, mas estão também
disponíveis monitores para cianeto de hidrogênio, amônia e cloro.
Esses equipamentos são de alta precisão durante o monitoramento, graças a compensações controladas por
microprocessador interno. São também dotados de alarme sonoro e visual, sendo alimentados por baterias. Os
alarmes disparam sempre que a concentração do gás que estiver sob monitoramento na atmosfera, exceder o
nível pré-estabelecido.
As moléculas da amostra são adsorvidas em uma célula eletroquímica, contendo uma solução química e dois ou
mais eletrodos. A substância em análise reage com a solução ou os eletrodos. A reação que ocorre no interior da
célula pode gerar uma corrente elétrica ou uma mudança na condutividade da solução.
Essas alterações serão diretamente proporcionais à concentração do gás. A mudança no sinal é expressa
através de um movimento na agulha ou uma resposta digital no medidor. A seletividade do sensor depende da
escolha da solução química e dos eletrodos.
Esses equipamentos oferecem leituras diretas, a serem observadas em medidores digitais ou analógicos. Os
resultados obtidos a partir do uso desses instrumentos apresentam leituras expressas em partes por milhão
(ppm) ou porcentagem em volume ( % em volume ).
Assim como os sensores de oxigênio, esses sensores eletroquímicos se desgastam com o tempo,
principalmente, quando expostos a alta umidade e temperaturas extremas. Atualmente esses monitores
específicos estão limitados apenas a alguns gases. As células eletroquímicas sofrem algumas interferências. Por
exemplo os sensores de monóxido de carbono também respondem a gás sulfídrico.
6.5 Calibração
Duas verificações devem ser feitas antes da utilização destes instrumentos, ou seja, a verificação do zero e a
calibração do span ( valor de referência ).
É importante frisar que estas verificações devem ser feitas na mesma altitude em que será utilizado o
instrumento. Se isto não for feito poderá ocorrer erro na leitura.
Vale lembrar também que os instrumentos devem ser calibrados com a utilização de kits de calibração
fornecidos pelos fabricantes.
7. Medidores de pH (pH-metros)
7. 1 Aplicação
Para medir a acidez ou alcalinidade de uma solução, usamos uma escala denominada escala de pH. Essa
escala possui valores compreendidos entre 0 e 14. Soluções ácidas apresentam valores menores do que 7,
enquanto que as soluções alcalinas apresentam valores superiores a 7. O valor pH = 7, indica um meio neutro.
O carárter "ácido ou básico" é conferido a uma solução pela presença de íons H+ ou OH-.
As águas naturais em geral têm pH compreendido entre 4,0 e 9,0 e, na maioria das vezes, são ligeiramente
alcalinas, devido à presença de carbonatos e bicarbonatos. Valores diferentes podem ser atribuídos à presença
de despejos industriais ácidos ou alcalinos.
A membrana do eletrodo de vidro separa dois líquidos de diferentes concentrações de íons H+; desenvolve-se
entre os lados da membrana um potencial proporcional à diferença de pH entre os dois líquidos, que é medido
em relação a um potencial de referência (dado por um eletrodo de calomelano saturado). O eletrodo de vidro e o
eletrodo de referência podem ser combinados num só eletrodo. A figura 4 indica os componentes do eletrodo de
vidro.
Uma fina camada de vidro especial, sensível aos íons H+, está na extremidade do tubo de vidro. O tubo é
preenchido com uma solução de pH constante e é imerso um condutor na solução interna.
Se a atividade do íon hidrogênio for maior ou menor na solução processada do que dentro do eletrodo, uma
d.d.p. (diferencial de potencial) maior ou menor existirá na extremidade do vidro.
Os resultados são expressos diretamente no aparelho, com uma ou duas casas decimais de forma analógica ou
digital.
O método eletrométrico é praticamente isento de interferentes, tais como cor, turbidez, materiais coloidais, cloro
livre, oxidantes, redutores ou alto conteúdo de gás. Óleos e graxas podem interferir, causando resposta lenta. A
influência da temperatura da amostra no potencial do eletrodo é compensada no próprio aparelho. O "erro
alcalino" que é o erro negativo de determinação de pH que aparece quando a concentração de íons H+é muito
pequena em relação às concentrações dos outros cátions da amostra, principalmente do cátion sódio. Esses
cátions se difundem através da membrana do eletrodo, dificultando a migração dos ânions. Resultando assim um
acúmulo de um potencial mais elevado, indicando pH mais baixo. O erro alcalino também é conhecido como erro
do sódio. Esse erro que ocorre em pH superiores a 10 pode ser corrigido, consultando tabela ou curva fornecida
pelo fabricante para o dado tipo de eletrodo, ou pode ser um eletrodo chamado "de baixo erro alcalino".
7.5 Calibração
Repetir essa operação com outra solução-tampão apropriada (pH 4,01), para que o pH da amostra a ser
analisada seja intermediário entre os pH dos tampões.
Quando são feitas determinações de pH ocasionalmente, calibrar o aparelho antes de cada medida. Recomenda-
se efetuar a calibração a cada duas horas, quando são feitas várias medidas continuamente.
Para o perfeito funcionamento dos medidores de pH portáteis, é fundamental que sejam observadas algumas
recomendações:
- verificar sempre se há alguma trinca ou problema mecânico na parte inferior do tubo de vidro (eletrodo). Se for
constatado, o eletrodo não terá mais recuperação, devendo-se efetuar a sua troca imediata.
- observar se há possíveis bolhas de ar na solução padrão de cloreto de potássio contido no interior do eletrodo,
eliminando-as com a agitação em sentido vertical.
Para limpeza de depósitos de contaminantes formados nas membranas, mergulhar o eletrodo por 20 segundos
em ácido clorídrico a 50% com água destilada e deixar em repouso por 24 horas em solução de 3,5 M ( Molar )
de cloreto de potássio.
Contaminação de óleos e graxas que se aderem a superfície do eletrodo serão removidas através do uso de
solventes próprios fornecido pelo fabricante ou com acetona.
8. Cromatografia a gàs
8.1 Aplicação
Os Cromatógrafos a Gás Portáteis permitem uma análise qualitativa e quantitativa em determinadas situações
no campo. Embora os resultados obtidos em campo possam não ser tão precisos como aqueles obtidos em
análises de cromatografia a gás em laboratório, eles podem ser úteis para o processo de seleção de áreas
contaminadas, reduzindo assim o número de amostras necessárias para uma análise a ser realizado em
laboratório.
Alguns cromatógrafos portáteis podem ser programados para realizar amostragens periódicas e armazenar os
cromatogramas e recuperá-los posteriormente. Algumas unidades mais recentes podem ser programadas para
desenvolver amostragens periódicas da concentração de vapores orgânicos totais, e caso a concentração
ultrapassar determinados limites (pré fixados), o equipamento identifica o contaminante no modo cromatógrafo.
A Cromatografia a Gás é uma técnica analítica, utilizada para promover a separação de substâncias voláteis de
uma amostra (mistura), através de seu arraste por meio de um gás (fase móvel) sobre uma coluna
cromatográfica (fase estacionária).
Após a separação dos componentes da mistura na coluna, e após a sua eluição estes são conduzidos para o
detector onde são identificados e quantificados. O sinal transmitido pelo detector é enviado para um integrador,
O método de separação cromatográfica em fase gasosa consiste no seguinte: a amostra é injetada num bloco de
aquecimento, onde imediatamente se vaporiza e é arrastada pela corrente do gás de transporte para a coluna. O
gás de arraste deve apresentar alto grau de pureza e não interferir na amostra. Os componentes da amostra são
adsorvidos ao nível da cabeça da coluna, pela fase estacionária, e, depois, dessorvidos por nova porção do gás
de arraste. Este processo repete-se sucessivas vezes, à medida que a amostra vai sendo deslocada, pelo gás
de arraste, para a saída da coluna, a uma velocidade própria, pelo que se forma, consequentemente, uma banda
correspondente a cada uma dessas substâncias. Os componentes são eluídos um após outro, por ordem
crescente dos respectivos coeficientes de partilha e penetram num detector.
Basicamente o cromatógrafo de gás é constituído por 5 elementos: (1) a fonte do gás de transporte, num cilindro
a alta pressão, munido de reguladores da pressão, (2) os sistema de injeção da amostra, (3) a coluna de
separação, (4) o detector, e o (5) registrador.
1. Os gases (contidos em cilindros) são distribuídos ao sistema via " manifolds" , passam pelo filtro instalado
na linha e em seguida entra no cromatógrafo a gás.
2. A amostra tem de ser introduzida sob a forma de vapor, no menor volume possível e no tempo mínimo,
sem qualquer decomposição ou fracionamento e sem alteração das condições de equilíbrio da coluna. As
amostras líquidas são, geralmente, injetadas com uma micro-seringa, através de um septo de borracha
auto-vedável, para um bloco metálico que é aquecido por um resistor controlado. A amostra é então
vaporizada e levada para a coluna pela corrente do gás de arraste.
As colunas empacotadas são constituídas por tubos (aço inox, Cu, Ni ou vidro) de 1/8" a ¼" de diâmetro
interno e comprimento que variam de 1 a 5 metros. As colunas de vidro são usadas para análises de
produtos farmacêuticos ou biológicos e as de aço para fins genéricos. As colunas são preenchidas por
uma fase líquida, não volátil, para a cromatografia gás-líquido; no caso da cromatografia gás-sólido, o
material de enchimento é um adsorvente (sólido) como a sílica, alumina, carvão ativo, zeólitos sintéticos
(Chromosorb), etc.
As colunas capilares são constituídas de tubos finíssimos de sílica fundida, com comprimento que varia
de 10 a 100 metros e diâmetro interno variando de 0,05 e 0,32 mm (narrow bore) a 0,45 a 0,53 mm (wide
bore). São revestidas internamente por uma camada rugosa (celite), impregnadas de uma fase líquida
oleosa (orgânica) de alto ponto de ebulição.
As colunas capilares fornecem resultados com melhor resolução em comparação com as colunas
capilares. Entretanto o volume de amostra utilizado em colunas capilares é menor do que quando se
utiliza colunas empacotadas.
4. Localizado na saída da coluna separadora, o detector reage à chegada dos componentes separados, à
medida que estes saem da coluna, fornecendo um sinal elétrico correspondente. A temperatura do
compartimento do detector deve ser suficientemente elevada para evitar a condensação dos vapores da
amostra, sem provocar a decomposição desta. Existem diversos tipos, para as diferentes análises e
compostos pesquisados. Os principais detectores utilizados em cromatógrafos a Gás portátil estão abaixo
relacionados:
❍ FID – Detector de Ionização de Chama. Constitui um dos tipos mais utilizados de detector, devido
a sua alta sensibilidade, larga banda linear. Neste dispositivo, existe uma pequena chama de
hidrogênio em presença de um excesso de ar e rodeada por um campo eletrostático. Os
compostos orgânicos eluídos da coluna são submetidos à combustão, durante a qual se formam
fragmentos iônicos e elétrões livres. Estes são recolhidos e produzem uma corrente elétrica
proporcional à velocidade com que os componentes da amostra penetram na chama. O FID
responde muito bem aos compostos orgânicos (níveis de ppm). O FID não responde aos
compostos inorgânicos, com exceção dos que sejam facilmente ionizáveis. A insensibilidade à
água, gases permanentes, monóxido e dióxido de carbono constitui uma vantagem na análise de
extratos aquosos e em estudos sobre poluição atmosférica.
❍ PID – Detector de Fotoionização. Os eluentes da coluna são fotoionizados por uma luz ultavioleta
emitida pela lâmpada de UV (Ultravioleta) de 10,6 eV. A corrente é produzida pelos íons é medida
pelo detector e é proporcional a concentração e resposta do material ionizado. É utilizado
principalmente para análises de compostos orgânicos (Hidrocarbonetos aromáticos, insaturados,
etc).
5. Em geral, o cromatograma é traçado pelo registrador de tira de papel, ligado ao sinal de saída do sistema
detector-amplificador. O sinal de saída do sistema detector-registrador tem de ser linear com a
concentração. Esta condição define a banda utilizável do detector, e associada à sensibilidade, fornece
os limites de concentração.
Se a temperatura da coluna e a taxa de fluxo do gás de arraste forem constantes, os compostos serão eluídos
da coluna num tempo característico (Tempo de Retenção). O tempo de retenção é característico do composto e
o tipo de coluna utilizada. O tempo de retenção é a distância, sobre os eixos dos tempos, desde o ponto de
injeção da amostra até ao pico de um componente eluído.
Análises qualitativas podem ser feitas por comparação com os tempos de retenção de compostos de uma
amostra desconhecida com os tempos de retenção de compostos conhecidos sobre condições analíticas padrão
idênticas.
● Triangulação. A triangulação (figura 8) transforma o pico em um triângulo utilizando os lados do pico para
formar o triângulo e linha base para formar a base do triângulo. A área do pico é calculada utilizando-se a
fórmula Area = ½ Base ´ Altura.
Quando um microprocessador é utilizado, os tempos de retenção dos compostos em uma amostra são
comparados aos compostos utilizados como padrão e a leitura identifica os compostos na amostra. Se um
composto é identificado, a área equivalente ao pico deste é comparado com a área do pico de um padrão e a
concentração da amostra é fornecida. Portanto, a amostra é avaliada tanto qualitativamente como
quantitativamente.
Os Cromatógrafos a Gás Portáteis permitem uma análise qualitativa e quantitativa em determinadas situações
no campo. Embora os resultados obtidos em campo possam não ser tão precisos como aqueles obtidos em
análises de cromatografia a gás em laboratório, eles podem ser úteis para o processo de seleção de áreas
contaminadas, reduzindo assim o número de amostras necessárias para uma análise a ser realizado em
laboratório.
Alguns cromatógrafos portáteis podem ser programados para realizar amostragens periódicas e armazenar os
cromatogramas e recuperá-los posteriormente. Algumas unidades mais recentes podem ser programadas para
desenvolver amostragens periódicas da concentração de vapores orgânicos totais, e caso a concentração
ultrapassar determinados limites (pré fixados), o equipamento identifica o contaminante no modo cromatógrafo.
Amostras de solo e água podem ser analisadas por meio de uma amostragem utilizando a técnica " Headspace".
O Headspace é um equipamento apropriado para a determinação de compostos voláteis em amostras líquidas
ou sólidas, que em geral não teria condições analíticas. Uma porção da amostra é colocada num frasco e em
seguida recrava-se a tampa. O frasco é aquecido (normalmente 80° num período de 30 min), por um
determinado período. Em seguida ocorre a partição das moléculas, ou seja, parte dessas atingem a parte
superior do frasco. O próprio frasco é adaptado diretamente no cromatógrafo, e o gás de arraste penetra no
frasco para o transporte da massa gasosa da amostra, ocorrendo normalmente a cromatografia.
A sensibilidade obtida nos cromatógrafos portáteis dependerá dos compostos a serem determinados, do método
de amostragem e do detector escolhido para a análise.
9. Medidor de interface
9.1 Aplicação
Os medidores de interface são empregados para determinação do nível d´água ou de lâmina de produto
imiscível em fase livre, menos/mais denso do que a água.
O medidor de interface possui amplo emprego em área ambiental, em estudos hidrogeológicos em especial na
determinação de poluentes orgânicos em poços de monitoramento, poços freáticos, caixas de rebaixamento de
lençol freático de prédios multifamiliares, etc.
A figura 9 ilustra o equipamento medidor eletrônico de interface, marca HS Hidrosuprimentos. modelo HSIF-30
Para medir a espessura de um produto em fase livre, desça lentamente a sonda dentro do local a ser monitorado
até que os sinais sejam ativados. Se houver produto em fase livre sobrenadante, o sinal será contínuo, indicando
uma interface ar/produto. Nesse caso faz-se a anotação da leitura da fita (profundidade do cabo). Continue
descendo a sonda dentro do local de monitoramento e quando o sinal mudar para intermitente faça a leitura da
profundidade da interface produto/água.
Para determinar a presença ou não de fase livre densa a sonda do medidor interface deve ser descida até o
fundo do local a ser monitorado. Se o sinal mudar de intermitente para contínuo durante a descida é indicação da
presença de produto. Faça a leitura da profundidade no cabo e continue descendo a sonda até atingir o fundo do
poço, a espessura da fase livre densa é obtida subtraindo-se a segunda leitura da primeira.
Uma vez que as medições realizadas envolvem produtos inflamáveis como gasolina, diesel e outros solventes é
conveniente por questões de segurança aterrar o equipamento antes de seu uso.
A utilização do interface deverá ser feita sempre com aterramento, ou seja, a presilha ligada a um cabo
espiralado deverá ser fixado preferencialmente em ponto metálico ligado ao solo, para que ocorra a transferência
de elétrons, equalizando assim uma eventual diferença de potencial.
O equipamento deve ser mantido sempre limpo e protegido. O prisma óptico da sonda deve ser limpo após cada
leitura bem como a parte do cabo que for submersa. Não deve ser utilizado solventes para limpeza, apenas água
limpa, sabão neutro e uma escova macia.
A concentração de gases e vapores no ar, bem como a presença de contaminantes em corpos hídricos ou no
solo, podem afetar significativamente a composição desses meios. A leitura direta através de instrumentos,
realizados em campo, podem fornecer na maioria dos casos, resultados que estarão identificando e
quantificando substâncias químicas que serão objeto para:
Os instrumentos de leitura direta foram inicialmente desenvolvidos para serem dispositivos de alarmes em
instalações industriais onde houvesse vazamentos ou quando em casos de acidentes pudessem liberar uma alta
concentração de uma substância química conhecida. Atualmente esses instrumentos podem detectar baixas
concentrações de algumas classes específicas de produtos químicos, fornecendo informações no momento da
amostragem, permitindo assim uma tomada rápida de decisão para as ações subsequentes ao acidente.
Entretanto cabe ressaltar que as análises realizadas em laboratório fornecem resultados mais precisos do que
aqueles realizados no campo. Quando se realiza análise em laboratório, faz-se necessário a coleta e
preservação adequada, evitando assim qualquer alteração nas características originais da amostra, gerando,
portanto um custo adicional.
Devido ao grande número de substâncias químicas sempre presentes nas mais diversas situações envolvendo
acidentes ambientais, é comum haver a necessidade de se coletar uma substância química desconhecida para
analisá-la em laboratório, em função das limitações relativas aos equipamentos de monitoramento ou da
impossibilidade de se identificar exatamente o produto envolvido.
Na escolha dos equipamentos de monitoramento alguns pontos devem ser considerados, dentre os quais:
● resistência do material;
● facilidade na operação;
● serem portáteis;
● intrinsecamente seguros;
Assim como os equipamentos de monitoramento de leitura direta, existe no mercado testes semi-quantitativos de
análise rápida, utilizados para aplicações de monitoramento ambiental, em corpos hídricos, com destaque a
parâmetros físicos e químicos (cloro, cianeto, amônia, etc.), metais pesados e espécies orgânicas. A grande
vantagem desses testes rápidos, é a simplicidade em sua execução, não requerendo treinamento específico
para o seu uso assim como elimina a coleta e envio de amostra para laboratório. Entretanto as condições da
amostra, ou seja, a presença de cor e turbidez interferem consideravelmente na análise, uma vez que estes
testes baseiam-se no desenvolvimento de uma coloração quando adiciona-se um reagente específico a uma
porção da amostra.
É importante destacar que, durante o atendimento a acidentes ambientais com produtos perigosos, faz-se
necessário o monitoramento constante, a fim de se avaliar os possíveis danos ao meio ambiente como também
fornecer a concentração dos contaminantes presentes permitindo assim que as equipes de atendimento possam
desempenhar suas atividades com segurança.
● MSA.. Equipamentos de proteção e instrumentos de detecção de gases. São Paulo - Brasil: MSA.1992. (
Catálogo de equipamentos )
● MSA.. Products For Hazmat Protection Pittsburg USA: MSA.1988. ( Catálogo de equipamentos )
● Possebom,José. Apostila: Curso de gases e vapores orgânicos. São Paulo: Fundação. Armando Alves
Penteado, 1984.
● Filho, Nécio de Souza et alli. Apostila do seminário de instrumentação e leitura da monitoração de gases,
vapores e contaminantes tóxicos. MSA. São Paulo.1989.
● AIHA. Manual of recomend practice of combustible gas indicators and portable, direct reading hidrocarbon
detectors - First edition American Industrial Association.1980.
1. Introdução
Basicamente existem três procedimentos distintos de descontaminação que podem ser realizados:
O procedimento de descontaminação mais comum é aquele utilizado para produtos com baixa
toxicidade, sendo que este poderá ser realizado quando do retorno dos trabalhos de campo.
Para os demais produtos, a descontaminação deverá ser iniciada ainda no local da ocorrência,
podendo ou não, ser dada a continuidade quando do retorno da operação.
O procedimento de descontaminação para produtos com alta toxicidade pode requerer até a
destruição total das roupas e equipamentos utilizados.
1. Lavar toda a roupa com uma solução fraca (1 a 2%) de fosfato trissódico e
enxaguar com água.
Se a descontaminação não puder ser realizada em campo, as roupas e equipamentos deverão ser
transportados em invólucros plásticos, para posterior descontaminação em local apropriado. As
seguintes substâncias químicas são exemplos de produtos para as quais é normalmente adequado
este procedimento:
No local da ocorrência:
Em local próprio:
No local de ocorrência:
Em local próprio:
8. Banhar-se esfregando todo o corpo com água e sabão, com especial cuidado, nas
áreas ao redor da boca, fossas nasais e debaixo das unhas.
9. Não fumar, beber, comer, tocar o rosto, nem urinar antes de haver completado as
atividades previstas no item anterior.
Observação
Ao chegar no local de trabalho os invólucros plásticos contendo material contaminado deverão ser
colocados ao ar livre e em área isolada para impedir o contato de outras pessoas com os mesmos.
Acrilonitrila adiponitrila
Aldrin alilamina
Arsina cianeto de hidrogênio
Cianogênio cloropicrina
Dibrometo de etileno 2,4 - diisocianato de tolueno
Dioxina fósforo
Fosgênio metilhidrazina
nitrato de urânio pentaborano
pentassulfeto de antimônio tetraetileno de chumbo
tetrametileno de chumbo tetróxido de nitrogênio
3. Recomendações
Em casos onde houver a necessidade de troca de cilindro de ar durante a operação deverão ser
seguidas as etapas abaixo:
Outro aspecto importante diz respeito a descontaminação de equipamentos. Sempre que possível
deverão ser adotadas ações, de modo a prevenir a contaminação de equipamentos de medição e de
coleta. Os equipamentos de medição não são normalmente contaminados, a menos que tenham
recebido respingos dos produtos. Uma vez contaminados, torna-se muito difícl limpá-los sem
danificá-los. Qualquer instrumento delicado, que não pode ser facilmente descontaminado, deve ser
protegido durante o seu uso. O equipamento pode ser envolvido num saco plástico com algumas
aberturas para facilitar a realização das medições e ventilação do mesmo.
Equipamentos de madeira são difíceis de descontaminar, uma vez que o material absorve produtos
químicos. Eles deverão ser mantidos no local e manuseados por técnicos portando EPI's. Ao final do
atendimento esses materiais deverão ser descartados.
Especial cuidado deverá ser dado aos pneus, esteiras e pás. As pessoas encarregadas da
descontaminação deverão estar adequadamente protegidas, pois o método pode gerar misturas e
aerossóis contaminantes.
As soluções de lavagem e limpeza deverão ser armazenadas, por exemplo numa bacia grande ou
numa pequena piscina. Posteriormente, estas soluções deverão ser transferidas para tambores, os
quais deverão ser rotulados adequadamente e enviados para tratamento ou disposição.
Para os produtos que não se encontram listados nos procedimentos apresentados, estes poderão
ser classificados quanto à sua toxicidade através do seu valor de DL50 - Dose Letal 50, que
representa a dose capaz de matar 50% da espécie testada.
A tabela abaixo apresenta as faixas de DL50 oral para ratos, bem como, a dose letal provável para o
homem.
Faixas de DL50 oral para ratos e dose letal provável para o homem
Os produtos com DL50 oral menor que 50 mg/kg podem ser considerados como de alta toxicidade.
Já os produtos com DL50 oral entre 50 mg/kg a 5 g/kg podem ser considerados como de média
toxicidade. E os produtos com DL50 maior que 5 g/kg podem ser considerados como de baixa
toxicidade.
4. Descontaminação de campo
O plano de descontaminação inicial assume que todas as pessoas e equipamentos que deixaram o
local do acidente encontram-se extremamente contaminados. O sistema é então estabelecido para a
descontaminação, através de lavagem e limpeza, pelo menos uma vez, de todas as roupas de
proteção utilizadas.
Para tal é estabelecido um corredor de redução de contaminação (CRC), cuja extensão dependerá
do número de estações necessárias para a completa descontaminação (o que ira variar de acordo
com o tipo de roupa de proteção que estará sendo utilizada) e do espaço disponível do local.
O trabalho inicia-se na primeira estação com o item mais contaminado (geralmente luvas e botas) e
avança para a última estação com o item menos contaminado. Desta forma a contaminação diminui
a medida em que a pessoa se move de uma estação a outra mais a frente. Cada procedimento
requer uma estação própria.
Dentro do corredor, áreas distintas são demarcadas com placas para a descontaminação dos
técnicos, equipamentos portáteis, roupas removidas etc, de modo a orientar a equipe a ser
descontaminada. O espaçamento entre as estações da descontaminação deve ser de no mínimo um
metro.
O nível de proteção a ser utilizado pela equipe de descontaminação é determinado por alguns
fatores:
A equipe designada para o trabalho deverá estar adequadamente protegida de modo a evitar a sua
contaminação.
local do acidente. Estas condições podem requerer mais ou menos descontaminação do que
planejado, dependendo de uma série de fatores.
a. Tipo de Contaminante
b. Intensidade da Contaminação
c. Nível de Proteção
O nível de proteção e o tipo de roupa utilizada determinam num primeiro momento, o "layout" da
linha de descontaminação. Cada nível de proteção apresenta diferentes problemas na
descontaminação do equipamento.
d. Atividade
O trabalho que cada técnico executa, determina o potencial de exposição aos materiais perigosos.
Dessa forma, a atividade fornece o "layout" da linha de descontaminação. Por exemplo, fotógrafos,
coletores ou outros na zona de exclusão, executando tarefas que não os coloquem em contato com
os materiais. podem não necessitar de lavagem e limpeza em suas roupas.
Diferentes linhas de descontaminação podem ser estabelecidas para diferentes funções ou certas
estações podem ser omitidas na descontaminação.
e. Local da Contaminação
Contaminação nas áreas superiores das roupas de proteção representam um maior risco, uma vez
que compostos voláteis podem provocar a inalação de concentrações perigosas tanto para o
técnico, quanto para a equipe que realiza a descontaminação.
Um técnico que sai para pegar um novo cilindro de ar ou para trocar uma máscara ou filtro, pode
requerer algum grau de descontaminação. Idas individuais ao CRC para uma pausa, refeições ou ao
final do dia, necessitam obrigatoriamente de uma minuciosa descontaminação.
4.5 Equipamentos
Por exemplo, longas escovas de mão ou escovas de cerdas maciais são utilizadas para remover os
contaminantes. Água em baldes ou regadores de jardim podem ser utilizados para enxaguar.
Piscinas infantis podem ser utilizadas para receber a água de lavagem. Sacos de lixo grandes
podem receber roupas e equipamentos contaminados.
Uma vez que os procedimentos de descontaminação tenham sido estabelecidos, todas as pessoas
que necessitarem ser decontaminadas deverão receber instruções precisas de como proceder em
cada estação. É recomendável que sejam colocados painéis em cada estação, informando as
atividades que deverão ser realizadas. O tempo para a descontaminação deve ser verificado com
antecedência. Pessoas, utilizando máscaras autônomas, devem deixar a área de trabalho com ar
suficiente para chegar no CRC e realizar a descontaminação.
5. Descontaminação em campo
5.1 Procedimentos
Esta roupa deve ser removida o quanto antes, uma vez que há a possibilidade de que
uma pequena quantidade do contaminante tenha contaminado as roupas internas
durante a remoção da roupa contra respingos químicos.
6. Bibliografia consultada
ANEXO
DESCONTAMINAÇÃO - "LAYOUT"
1. Introdução
O setor médico pode ser subdividido em várias áreas de responsabilidade. Estas incluem:
É um processo constante e deve ser feito em intervalos regulares, considerando que a condição dos
pacientes pode variar drasticamente nos diferentes pontos da corrente de tratamento, por exemplo,
quando recebe uma terapia específica ou dependendo da disponibilidade de recursos.
O objetivo principal da triagem é oferecer a melhor assistência possível a uma grande quantidade de
pacientes, com os recursos disponíveis. Durante acidentes com produtos químicos há uma grande
quantidade de pacientes, o que pode exceder a capacidade de assistência imediata do pessoal
médico. Onde há uma boa disponibilidade de recursos (pessoal, materiais, medicamentos,
transporte, etc.) todos aqueles atingidos deverão receber ótimos cuidados . Porém, em situações
onde os recursos não são suficientes, pode-se precisar retardar o tratamento de pessoas
gravemente lesionadas e oferecer somente o tratamento de ajuda (considerando que serão
necessários muitos recursos) e dirigir a assistência principal aos menos lesionados e com maior
possibilidade de sobreviver.
A classificação das pessoas lesionadas depois de uma exposição a químicos segue os mesmos
princípios que qualquer outro tipo de acidente. Os fundamentos para a classificação por
sintomatologia são as mesmas que são utilizadas normalmente. Porém, um grupo especial que pode
ser identificado como "grupo químico" é aquele exposto a alguns tipos de substâncias cuja
sintomatologia não é imediata. Esta pode demorar horas para aparecer, como por exemplo, a
exposição a gases irritantes como óxidos de nitrogênio ou a exposição a produtos químicos que são
absorvidos através da pele.
Numerosos sistemas estão disponíveis para priorizar pacientes para o tratamento e transporte a um
hospital. Os mais utilizados são os códigos de cor e "/" ou numéricos que categorizam o estado do
paciente e a prioridade de tratamento. Estes sistemas estão baseados em cinco níveis de prioridade:
Prioridade II: Pacientes com lesões moderadas e graves. Precisa-se de transporte de emergência,
mas pode-se esperar até que os pacientes da prioridade I tenham sido transportados.
Prioridade III: Pacientes com lesões ligeiras ou sem lesões. Não há necessidade de transporte de
Prioridade IV: Pacientes não viáveis. Não há necessidade de transporte, só o tratamento de ajuda.
Uma boa classificação dos pacientes por prioridades é necessária em uma emergência, visto que
uma operação de transporte em massa só dificultaria as atividades básicas do hospital e interferiria
com o seu objetivo principal que é a assistência de pacientes gravemente lesionados.
A zona de tratamento deve estar situada onde os pacientes e o pessoal médico estejam a salvo de
exposições tóxicas. A área deve também fornecer um bom acesso para os veículos de transporte.
Em acidentes com uma grande quantidade de pacientes, a área de tratamento deve ser subdividida
em zonas, correspondentes aos níveis de prioridade estabelecidos na "triagem".
● Para o tratamento das funções vitais: Inclui reanimação cardio-respiratória, tratamento das
convulsões, correção de desequilíbrio hidroeletrolíticos, etc.
● Para eliminar a substância tóxica na via de entrada e diminuir a absorção, são utilizados os
chamados procedimentos de descontaminação.
● Para eliminar a substância tóxica absorvida é utilizada a chamada terapia de eliminação
ativa.
Tratamento específico
● Antídoto-terapia
Deve-se tirar toda a roupa do paciente contaminado, antes de entrar à seção de tratamento para
evitar a contaminação desnecessária do pessoal médico. O simples fato de tirar a roupa do paciente
reduz o potencial de contaminação do pessoal de resgate e o pessoal hospitalar em 85%. Toda a
roupa deve ser adequadamente empacotada em bolsas de segurança.
Se a condição dos pacientes indica perigo para a vida, as medidas de ajuda cardíaca e de traumas
devem ser priorizadas com respeito aos procedimentos de redução da contaminação. Se a
descontaminação não foi completada, estes procedimentos devem ser feitos com o adequado
O transporte de pessoal em um acidente químico constitui um verdadeiro risco, tanto para o pessoal
que transporta como para o equipamento utilizado. Por isso, devem-se tomar as medidas para
diminuir ao máximo as conseqüências que esta ação pode trazer, por exemplo, o uso de roupa de
proteção pessoal.
Durante o transporte, deve-se oferecer assistência às funções vitais dos pacientes transportados e
utilizar medidas apropriadas para este fim (oxigênio, fluidos parenterales, reanimação
cardiovascular, etc.). Em alguns casos, pode-se utilizar antídotos durante o transporte, como
atropina em caso de intoxicação por substâncias organofosforadas.
Os hospitais que receberão as pessoas intoxicadas devem ser avisados para estar preparados e
possam assim entrar em contato com os Centros de Informação Toxicológica, caso existam, para
receber informação sobre a assistência médica especializada segundo o tipo de tóxico.
3. Conclusão
O trabalho que seja feito na etapa preparatória e na resposta a um acidente, bem como a maneira
na qual estas atividades sejam organizadas, pode garantir o êxito e o cumprimento da meta
principal: proteger a saúde e o ambiente, e minimizar as conseqüências.
Anexo 1
● Fornecimento de oxigênio
● Laringoscópios
● Sondas endotraqueais
● Máscaras (oxigênio)
● Sistema de absorção
● Bolsa autoinflável
● Equipamento para a traqueostomia (incluindo sondas)
● Ventilador mecânico portátil.
● Monitor cardíaco
● Desfibrilador
● Marca-passo externo
Para a descontaminação:
● Regadores portáteis.
● Fornecimento de água, sabão e soluções para enxagües específicos.
● Equipamento para lavar os olhos (incluindo anestésicos locais).
Anexo 2
Anexo 3
Conhecimentos que devem ser adquiridos segundo o papel que tem o profissional de saúde
no fluxograma de assistência à emergência (alguns exemplos).
Os primeiros na resposta
5. Bibliografia
● OPS/OMS. Memorias del Seminario sobre Desastres Tecnológicos Asociados con Agentes
Químicos, 1987.
● Young, L. Hospital preparedness for chemical accidents. Plant Technology and Safety
Mangement Series No. 3, 1990.
● OECD. Guiding principles for chemical accident. Prevention, preparedness and response.
Paris 1992.
● U.S. Department of Health & Human Services. Medical management guidelines for acute
chemical exposures, Volume III. San Rafael, ATSDR, 1992.
1. Introdução
A forma mais eficiente que se conhece para o atendimento inicial a uma vítima em situação de
emergência e portanto com risco de vida ou sofrimento, é o Atendimento Pré-Hospitalar (APH).
Prestado ainda no local da ocorrência, é realizado por equipes treinadas e equipadas que buscam
interromper o agravo a saúde, estabilizar as condições do paciente, no que for possível e transportá-
lo de forma segura para um hospital adequadamente preparado.
Conhecido mundialmente por diversas denominações, como Sistema (ou Serviço) de Emergência
Médica, Serviço de Atendimento Médico às Urgências, Sistema de Atendimento Pré-Hospitalar, este
procedimento revolucionou, nas últimas três décadas, todo o processo inicial de socorro. Criou-se
um contingente com milhares de novos profissionais em uma atividade até então inexistente e uma
indústria competente que a cada dia oferece novos produtos e equipamentos, aumentando
progressivamente o número de vidas salvas.
Com esta evolução os países foram, um a um, criando leis para regulamentar tal atividade,
conferindo responsabilidade e definindo com precisão o que se esperava de cada sistema e de seus
profissionais. O que era antes realizado apenas pelo espírito de solidariedade e altruísmo, passou a
ser mais uma atividade com profissionais diplomados e preparados para tal.
No Brasil, apenas em agosto de 1998, o Conselho Federal de Medicina regulamenta tal área,
considerando-a uma atividade médica, cabendo a este profissional a responsabilidade de coordenar
tal sistema. Reconhece também que o médico não sai dos bancos escolares preparado para tal e
determina que, para esta atividade, devem realizar uma qualificação adicional. Reconhece
igualmente que muitos outros profissionais podem atuar no socorro direto às vítimas, devendo
serem treinados e atuarem sempre sobre supervisão médica, mesmo que a distância. Em Junho de
1999, o Ministério da Saúde edita, nos mesmos termos, as normas a serem seguidas pelos serviços
de saúde do Brasil.
No seu início, os serviços de APH foram preparados para emergências como acidentes de trânsito,
emergências clínicas e partos. Mas, a medida que o sistema evoluiu, outras situações existentes em
menor frequência, passaram a necessitar um atendimento pré-hospitalar mais adequado. Dentre
estas certamente estavam as emergências com produtos perigosos.
Emergências com produtos perigosos, sempre foram atendidas por órgãos específicos, preparados
para tal, ou pelas próprias empresas que manuseiam os produtos. No entanto, o dia a dia de um
serviço de emergência, coloca a equipe de socorro frente a situações com estes produtos,
demonstrando a necessidade de maior preparo tanto nos processos de treinamento, como nos
equipamentos para sua atuação.
Muitos serviços, de fato a maioria, determinam à seus profissionais, que não tentem atuar em um
acidente envolvendo produtos perigosos, a menos que estejam qualificados para fazê-lo, que
estejam portando equipamentos adequados e que tenham pessoal suficiente para garantir a
segurança da cena.
Um profissional altamente especializado no socorro a uma parada cardíaca, pode não saber avaliar
o risco de explosão de um caminhão-tanque tombado.
Profissionais qualificados, antes de entrarem no local onde ocorreu o acidente, saberão avaliar os
perigos e tomar as providências para eliminá-lo.
De uma forma sistemática, as equipes de socorro geral, antes de atenderem a vítima, devem avaliar
a situação segundo três etapas distintas e bem definidas:
3.1 Qual é a situação – onde se busca identificar com precisão o que está ocorrendo e quais os
detalhes que a cena oferece. Um socorrista com pouca experiência poderá centrar sua ação nas
vítimas, não avaliando adequadamente o ambiente como um todo.
3.2 Para onde a situação pode evoluir – onde se busca prever as possibilidades de evolução da
situação. Uma análise inadequada no item anterior, fatalmente induzirá a um erro neste momento
3.3 Que recursos deve-se acionar ou solicitar – com esta análise, completa-se uma primeira
etapa, fundamental, antes que se inicie o manuseio das vítimas.
Naturalmente a rapidez e precisão com que alguns profissionais realizam estes três passos, são
frutos de treinamento, experiência e constante avaliação dos resultados obtidos nas ocorrências
passadas.
Para tanto, os serviços de APH devem desenvolver programas para a capacitação dos profissionais
em geral e que podem ser os primeiros a chegar em uma área de emergência, reservando-se
programas mais aprofundados e equipamentos específicos, para equipes selecionadas que atuarão
como grupo especializado.
Um alerta constante às equipes de APH geral, é a ocorrência de mais de uma vítima em emergência
não traumática, em um mesmo ambiente. Antes mesmo de iniciar o socorro destas vítimas, dentro
de um processo de socorro sistematizado, o ambiente deve ser analisado na busca de fatores
externos como gases, que possam estar causando o problema e que vão requerer proteção da
equipe de socorro.
A temida "visão em túnel" do socorrista, situação onde ele só vê a vítima a ser socorrida e não se
preocupa com o ambiente, demonstra baixo treinamento e pouco profissionalismo. Os profissionais
devem estar amadurecidos suficientemente para suportarem emocionalmente a existência de uma
ou mais vítimas em um ambiente onde não podem entrar sem estarem preparados.
Base para um socorro eficiente, a identificação do produto permite atuação mais precisa na busca
das melhores medidas médicas para socorro às vítimas. Igualmente, permite o estabelecimento de
áreas seguras para atuação, bem como as áreas consideradas de risco, onde só se pode atuar
devidamente protegido.
6. O socorro às vítimas
Inicialmente as vítimas devem ser removidas para um lugar seguro. Os socorristas devem estar
preparados contra contaminações. A segurança deverá ser sempre a primeira regra a ser seguida.
Podem ser necessárias técnicas de descontaminação das vítimas e dos socorristas, bem como
manutenção das vias aéreas, antídotos específicos, além dos cuidados de lesões gerais.
Um grave problema ainda vivido no Brasil, é a definição do hospital para onde as vítimas serão
levadas. A pouca participação dos hospitais aos sistemas de APH, tem causado enormes
dificuldades que retardam o atendimento hospitalar definitivo, com graves prejuízos para os
pacientes.
Algumas cidades possuem hospitais com áreas especializadas em intoxicações, porém o são em
número pequeno.
Em outros pontos do país, a simples ausência de serviços pré-hospitalares, tem colocado as vítimas
a mercê da própria sorte. Felizmente, a cada dia, estes serviços vão crescendo e ampliando sua
cobertura.
7. Conclusão
A capacitação das equipes de APH geral, sempre constitui-se no ponto fundamental. Cada vez mais
deve-se qualificar os profissionais para atuarem em situações que, se para eles não constituem-se
na rotina, certamente de tempos em tempos poderão estar diante do desconhecido ou do inusitado.
Mais ainda, poderão estar diante do "perigo".
A qualificação na identificação dos produtos perigosos, nos seus efeitos, nos cuidados e técnicas de
socorro, devem nortear os programas de APH geral.
Apesar de existirem serviços de APH especializados em Produtos Perigosos, todos que atuam nesta
área devem receber informações e treinamento. Assim, as vítimas serão atendidas corretamente e
as equipes de socorro poderão atuar de forma segura.
Como último elo da cadeia, os hospitais devem participar do sistema geral de APH e daí em
programas específicos.
1. Introdução
Tecnicamente, faz-se a distinção entre: a) acidentes que são aqueles que causam danos materiais,
lesões aos seres humanos, incluindo a morte, ou também a contaminação ambiental em diversos
graus; b) incidentes nos quais as conseqüências adversas não são graves; c) ameaças, que são os
casos nos quais um acidente não chega a ocorrer, mas que faltou pouco para ocorrer.
Os incidentes e as ameaças são muito importantes, já que na prática podem ser advertências
oportunas da existência das condições para um acidente acontecer. Portanto, a sua pesquisa e
análise é muito importante, visto que permitem adotar as medidas adequadas para evitar ou reduzir
os acidentes ou a gravidade.
Quando as ações posteriores ao acidente são feitas de maneira correta, permitem determinar as
suas causas e sugerir a tempo as medidas adequadas para reduzí-las ou eliminá-las; e portanto,
contribuir para evitar acidentes futuros. Uma pesquisa profunda pode identificar as áreas-problema
em uma organização ou setores vulneráveis em uma comunidade e contribuir para a redução dos
respectivos riscos. Quando isto ocorre, o resultado é uma comunidade muito mais protegida ou um
ambiente de trabalho mais seguro.
Este tipo de pesquisa, ainda que menos espetacular que aquela posterior a um acidente importante,
talvez seja muito mais valiosa, já que permite identificar oportunamente as causas menores que,
geralmente, passarão desapercebidas mas que, em conjunto, podem causar um acidente grave.
2. Objetivos
3. Informação necessária
O objetivo da pesquisa do acidente é identificar os fatos e as condições nas quais este aconteceu,
bem como cada um dos danos provocados, além de registrar estes dados e avaliá-los.
O registro dos danos é um indicador sobre as áreas, condições e circunstâncias onde devem estar
dirigidos os esforços de prevenção.
Os sete grupos de dados que reúnem o mínimo que se deve conhecer sobre um acidente são:
Neste grupo também devem anotar as ações que deveriam ter sido adotadas e que
não foram, bem como as recomendações sobre o equipamento individual de
proteção, treinamento, revisões e modificações dos procedimentos operacionais e
qualquer outra ação corretiva que possa contribuir para evitar que acidentes
semelhantes ocorram.
4. Pesquisa do acidente
Portanto, a pesquisa dos acidentes deve ser objetiva e estar dedicada à obtenção de dados, não à
procura de culpados, verdadeiros ou falsos. Se isto não for entendido claramente desde o princípio,
corre-se o risco que a pesquisa cause mais danos do que benefícios. Ao mesmo tempo, a
credibilidade do pesquisador fica muito reduzida entre as pessoas que devem lhe ajudar, bem como
o apoio e a informação destas pessoas e que pode ser muito importante.
Isto não significa que o pesquisador deve passar por alto os atos errôneos ou irresponsáveis que ele
conheça, nem encobrir os causantes de qualquer ação perigosa que tinha contribuído ao acidente,
se os identificar. Porém, o seu principal objetivo é recolher dados sobre os fatos e analisá-los de
maneira objetiva, para que a pesquisa e o relatótio que surja dela possam contribuir realmente a
evitar acidentes futuros.
É muito importante que a pesquisa seja realizada por uma pessoa com experiência que possa
identificar todos os pontos críticos antes e durante o acidente. Além disso, esta pessoa deve estar
capacitada para dar-lhes o devido ênfase, de modo que as conclusões reflitam a realidade, tanto
aparente como oculta e que as recomendações sejam verdadeiramente úteis e as causas do
acidentes sejam corregidas.
5.1 Tempos
A pesquisa deve ser realizada com a maior brevidade, uma vez que o acidente tenha sido
controlado. Qualquer atraso, só de poucas horas, pode provocar a perda de informação essencial
porque foi esquecida, destruída ou eliminada de qualquer outra forma, intencional ou não.
É evidente que uma pesquisa rápida e cuidadosa no lugar do acidente é importante demais para
responder as perguntas clássicas: quem?, onde?, quando?, como? quê?, por quê? Por exemplo, as
testemunhas lembrarão mais detalhes, possivelmente os restos estarão ainda no lugar, existirão
resíduos das substâncias da perda ou derramamento e poderão ser analisadas, etc.
Em conseqüência, quanto mais rápido chegar o pesquisador ao lugar dos fatos, menor será o risco
de perder detalhes essenciais.
5.2 Evidências
Guardar as evidências de um acidente facilita a pesquisa e contribui com sua objetividade. Observar
e registrar as evidências que podem ser pouco duráveis –como as leituras de instrumentos, estados
dos painéis de controle, detalhes do clima, etc.- pode melhorar enormemente os resultados,
conclusões e recomendações da pesquisa.
As evidências podem ser conservadas em fotos, videos, desenhos, diagramas, gráficos, bem como
podem ser gravadas ou recolhidas de qualquer outra maneira prática. Cada foto, desenho,
diagrama, etc., deve estar acompanhado de anotações detalhadas.
Muitas causas e fatores contribuem para a ocorrência de acidentes, freqüentemente por uma
combinação ao acaso desses fatores, os quais não são necessariamente os mesmos embora
aparentemente o acidente seja semelhante.
No caso de acidentes que afetam a população em geral, existem muitos fatores que os agravam,
entre estes, a falta de organização e conhecimento nos níveis de decisão, o que leva as autoridades
a adotarem decisões errôneas ou não adotarem decisão nenhuma. Outro fator é que não tenha sido
definido previamente quem é o responsável de cada ação em particular, etc. Em um caso extremo,
este conjunto de deficiências pode levar a paralisar as ações ou a expôr a comunidade a riscos que
não tinham sido apresentados.
5.4 Testemunhas
Normalmente, estas são as melhores fontes de informação sobre um acidente. As testemunhas não
são somente aquelas pessoas que viram como aconteceu o acidente, mas qualquer pessoa que
saiba algo sobre o assunto e possa fornecer informação útil. Deve-se perguntar a todas as
testemunhas os nomes e outros dados de todas as pessoas que possam contribuir com dados
adicionais de interesse sobre o acidente.
Por isso, no princípio de qualquer pesquisa de um acidente químico é essencial dedicar o tempo
necessário para entrevistar a maior quantidade de testemunhas. Na medida do possível, as
entrevistas devem ser feitas no lugar do acidente; deste modo a memória das testemunhas é
reforçada e podem ser feitas perguntas concretas para que descrevam o que aconteceu.
Para que as entrevistas sejam mais produtivas, é essencial obter a cooperação das testemunhas,
saber escutar pacientemente e explicar-lhes com clareza que a pesquisa está dedicada à procura de
dados, NÃO À PROCURA DE CULPADOS. Desta maneira, elas saberão desde o início que as suas
declarações não lhes incriminarão nem a outras pessoas que podem ser os seus amigos, chefes,
sendo isto talvez um fator de preocupação e portanto, como resultado a colaboração poderia ser
menor do que era desejada.
É recomendável solicitar aos indivíduos que estiveram diretamente relacionados ao acidente, que
forneçam idéias sobre como evitar que aconteçam novamente acidentes similares, pois, suas
sugestões freqüentemente serão as melhores.
No final de cada entrevista, o responsável deve agradecer a cada testemunha que tenha dado seu
tempo e os dados que pode oferecer à pesquisa do acidente, bem o fato de ter compartilhado as
suas idéias sobre o assunto com o pesquisador.
6. Relatório do acidente
Deve-se preparar sempre um relatório formal com os resultados da pesquisa do acidente, este é
essencial para qualquer avaliação futura do caso, imediatamente depois do acidente ou muito tempo
depois dele. As partes básicas deste relatório são:
a. Título
b. Índice
c. Resumo executivo
d. Antecedentes
e. Resultados
f. Conclusões
g. Recomendações
h. Anexos
Uma vez terminado, o conteúdo deve ser analisado criticamente para garantir que todos os pontos
importantes foram incluídos e enfatizados, e que as conclusões e recomendações estão adequadas
para o caso.
Em alguns países, têm sido estabelecidos formatos específicos para prestar auxílio aos
Em qualquer caso, é essencial lembrar que alguns dos requisitos que favorecem a repetição de um
acidente é não fazer uma pesquisa adequada e não preparar um relatório completo, claro, objetivo e
com resultados; ao contrário, é necessário ter um documento que permita avaliar a eficiência das
medidas preventivas e corretivas que estabeleçam a raiz do acidente. Outra maneira que favorece a
repetição do acidente é fazer a pesquisa e preparar o relatório, mas arquivá-lo sem executar as
medidas que são recomendadas nele.
ESTUDO DE CASOS
Caso 1: Acidente rodoviário com caminhão transportando produtos
perigosos em carga fracionada
ESTUDO DE CASOS
ACIDENTE RODOVIÁRIO COM CAMINHÃO TRANSPORTANDO
PRODUTOS PERIGOSOS EM CARGA FRACIONADA
Um caminhão transportando produtos químicos diversos, colidiu com o muro de proteção de uma
ponte, provocando o vazamento de parte da carga. Foto 1
Parte dos produtos transportados contaminaram o solo e um rio que passa sob a ponte. No
momento do acidente chovia intensamente.
ESTUDO DE CASOS
VAZAMENTO DE PRODUTOS QUÍMICOS DIVERSOS EM UMA
EMPRESA DESATIVADA
Uma empresa que produzia óxido de cromo foi desativada e deixou suas instalações abandonadas
com diversas embalagens que continham resíduos químicos diversos com vazamentos. Foto 1
e Foto 2
O Corpo de Bombeiros foi chamado para atender uma emergência química durante uma noite que
ocorria o vazamento de um tambor metálico em mal estado de conservação contendo ácido
clorosulfônico. No local foi constatado que a referida empresa estava localizada em área residencial
e que estava ocorrendo a formação de uma nuvem ácida que causava problemas na população
local.
ESTUDO DE CASOS
ACIDENTE AMBIENTAL NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE
CARGA LÍQUIDA A GRANEL
Veículo: carreta-tanque
Produto: Ácido sulfúrico 98%
Código ONU: 1830, classe 80
Quantidade transportada: 19.900 litros
Quantidade vazada: 14.000 litros
Quantidade remanescente no tanque: 5.900 litros
Local: margem de rodovia em área rural pouco habitada; região serrana onde o município mais
próximo dista 40 km do local do acidente.
Histórico:
O produto escoou pela canaleta de drenagem da pista até atingir uma caixa de captação de águas
pluviais, donde fluiu por uma canaleta natural de drenagem do terreno que conduz a um rio (Foto 2),
o qual possui um caudal significativo, contando com larguras variando entre 5 e 20 metros e
profundidade média de 1,50 metro (Foto 3). Ressalte-se que o produto não atingiu o corpo d’água,
ficando retido cerca de 10 metros antes do mesmo (Figura 1: Croqui de localização).
Houve acúmulo de ácido em vários empoçamentos ao longo do trajeto percorrido pelo produto
vazado(Foto 4), onde existe uma propriedade rural destinada à criação de gado bovino. Estimou-se
em 2.500 litros o volume de produto acumulado na poças.
Equipe de atendimento foi acionada 8 horas após o sinistro e, ao chegar ao local da ocorrência,
verificou que não tinham sido adotadas medidas para minimizar o impacto ambiental.
ESTUDO DE CASOS
ACIDENTE AMBIENTAL NO TRANSPORTE DE CARGA
LÍQUIDA A GRANEL
Veículo : caminhão tanque
Produto : óleo combustível – tipo C4
Código ONU : 3257 – Classe de risco ( 9 )
Quantidade transportada: 24.500 litros
Quantidade derramada: 22.000 litros
Quantidade restante no tanque: 2.500 litros
Local: às margens de uma rodovia, área não habitada
Histórico:
O tombamento de um caminhão tanque, provocou a abertura das tampas de visita dos tanques,
ocasionando o derrame da maior parte do produto transportado, imediatamente se iniciou um
incêndio (Foto 1). O Corpo de Bombeiros combateu o incêndio com água e espuma química.
A equipe de atendimento de emergência chegou ao local da ocorrência duas horas depois do fato,
sendo que, do momento do acidente até a chegada da equipe de emergência, nenhuma medida de
contenção, havia sido adotada.
Depois de percorrer uma canaleta do sistema de drenagem de águas pluviais, o produto atingiu uma
área de charco de aproximadamente, 150 m de comprimento, por 30 m de largura e 0,50 m de
profundidade (Foto 2).
Cerca de 60% da área do charco foi contaminada. Posteriormente o produto atingiu um córrego,
afluente de um rio importe, utilizado principalmente para o abastecimento de água de várias
industrias da região, e distante cerca de 1,5 Km do local do acidente. (Figura 1. Croqui de
localização)
No córrego foram construidas diversas barreiras de contenção, (Foto 4), (Foto 5), (Foto 6). O
produto contido nas barreiras foi recolhido por caminhões vacuo, (Foto 7).
ESTUDO DE CASOS
TOMBAMENTO DE CAMINHÃO-TANQUE QUE TRANPORTA
ÁCIDO SULFÚRICO
Um camión-tanque se volcó, lo que generó la fuga de 13.000 litros de ácido sulfúrico 98%. El
producto derramado llegó al sistema de drenaje de la pista que desagua en un barranco y,
posteriormente num córrego con baja vazão, que atravessa un pantano, dos lagos y charcos (Foto
1), os quais eram utilizados para recreação.
Después de quatro dias, un lago de una hacienda y un lago de un club de campo fuerón
contaminados, causando mortandad de peces (Foto 2).
No oitavo dia após a ocorrência foi aplicada 4 toneladas de cal nos dois lagos, os quais continham
vida aquática agonizando (Foto 3).
Quatorze dias após o acidente, todos os peixes estavam mortos e os lagos ainda estavam
contaminados (Foto 4).
Não ocorreu chuvas no período do atendimento emergencial. As ações relatadas foram as únicas
realizadas no atendimento.
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Autor: González, Diego; Pérez, Rafael
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Autor: Rohena, Santos
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Autor: Zagal, Jesús
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Autor: EUA. Departament of Transportation
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Título: Information about the anthrax vaccine and the anthrax vaccine
immunization program (AVIP)
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Autor: Anthrax Vaccine Immunization Program; Agency Office of the Army
Surgeon General
Título: Carbunco
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Autor: OPAS
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Autor: Military Medical Operations Office. Armed Forces Radiobiology
Research Institute
CRÉDITOS
Quem fez possivel este curso?
A execução deste material tem sido possível pelo apoio financeiro da Divisão de Ajuda
Humanitária Internacional da Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional
(IHA/CIDA), o Escritório de Assistência ao Exterior em Casos de Desastre da Agência
dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (OFDA/AID) e o
Departamento para o Desenvolvimento Internacional do Reino Unido (DFID).
Los Pinos 259, Urb. Camacho - La Molina, Lima 12 Casilla Postal: 4337, Lima 100.
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