Violência doméstica contra a mulher é qualquer ato ou omissão com base no
gênero que causou morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou de propriedade, conforme definido no Artigo 5 Lei Maria da Penha nº. 11.340 / 2006. Essa violência geralmente não deixa testemunhas, acontece geralmente por muitos anos, em silêncio e na presença de crianças, causando danos corporais. A partir desse cenário caótico que encontramos no país vemos a importância de termos medidas que ajam no combate desse mal. Nesse ponto, entra a justiça restaurativa que tem o intuito de possibilitar o diálogo e aproximação entre as partes afetadas tanto diretamente ou indiretamente em decorrência da violência empregada no ambiente doméstico contra a mulher. É visado a reintegração da vivência perdida. Ao mesmo tempo, a justiça restaurativa utiliza a escuta não violenta e os seminários de diálogo para propor caminhos para a resolução dos conflitos, criando um espaço psicológico, reflexivo e afetivo, que produzirá naturalmente uma mediação entre as partes sem pressão. Com o apoio da Lei Maria da Penha, o tribunal de violência doméstica contra a mulher é, sem dúvida, um avanço incrível em nossa história porque representa um avanço positivo nos direitos das mulheres. No entanto, ainda enfrenta alguns desafios, porque a violência doméstica ainda é um assunto delicado na solução de conflito. Um ponto importante a ser destacado, é que muitas vezes as mulheres são intimidadas pela sociedade com questionamentos do tipo “por que ela permanece em uma relação violenta?”. E sabemos que em vários casos, a mulher é coagida pelo agressor para que não tome nenhuma atitude, não reaja, geralmente essa coação é por ameaças de morte, ameaças a retirada dos filhos, chantagens emocionais, e o mais comum, agressões físicas. Sendo assim, a justiça restaurativa serve pra suprir a valha do sistema penal na reparação psicológica da mulher. Já que o sistema atual prioriza prender o agressor e esquece da saúde mental da mulher e todo transtorno que foi lhe causado. Por tanto, através da JR é possível reverter a violência contra a mulher. Por outro lado, a justiça restaurativa também leva o agressor a pensar em seus atos e pensar no mal que fez a vítima. E a terceira pessoa que participará dessa “conversa” será imparcial e ajudará as partes a encontrarem uma solução para o caso. Levando em conta tudo o que já foi exposto, a justiça restaurativa é um meio extrajudicial, que tem como objetivo principal alcançar a estabilidade social. E trata-se de outra forma de resolver disputas entre o agressor e a vítima. É um método complementar por se tratar de uma medida preventiva, eficaz em muitas situações, em comparação com um procedimento penal com sistema de punição. A justiça restaurativa traz a possibilidade de colocar o agressor e a vítima frente a frente, dialogar e encontrar soluções que satisfaçam os interesses de ambas as partes. BIBLIOGRAFIA
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